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BENTO GONÇALVES | 26 JUNHO 2020 | EDIÇÃO 230 | ANO 18 Foto: Reprodução Web VINHO “O companheiro na pandemia”

VINHO “O companheiro na pandemia” › wp-content › ...cartilha com protocolos de segurança sugeridos pela OMS, encaminhada aos associados. Segundo o presi-dente Deunir Luis

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  • BENTO GONÇALVES | 26 JUNHO 2020 | EDIÇÃO 230 | ANO 18

    Foto: Reprodução Web

    VINHO“O companheiro

    na pandemia”

  • CONSUMO DE VINHOS JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020

    Por: Rodrigo De [email protected]

    Edição: Kátia [email protected]

    Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

    Periodicidade: Bimensal | Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 | Jornalista e Social Media: Rodrigo De Marco - MTB 18973 | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. |

    Diagramação: Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André Pellizzari | Colaboradores e Colunistas: Ancilla Dall´Onder Zat, Cesar Anderle, Graziela Dalpian, Letícia Simioni Schossler, Rogério Gava

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    Em meio à pandemia, cresce consumo de vinho e disparam vendas online

    Foto: Reprodução Web

    pandemia de coronavírus definitivamente mudou os hábitos de consumo do brasileiro. A necessida-

    de da reclusão impulsionou um novo modelo de negócio e de compra, positivo para alguns setores da economia, como o vitivinícola. Os apreciadores de bons vinhos estão consumindo a bebida em casa, em substituição às degus-tações antes feitas em restaurantes e vinícolas, entre ou-tros espaços.

    De acordo com a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), as vendas de vinhos brasileiros aumentaram 39% nos quatro primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período em 2019. A comercialização somou 4,4 milhões de litros entre janeiro e abril de 2020, ante 3,2 mi-lhões de litros do primeiro quadrimestre do ano passado. Segundo a ABS, foram vendidos 35 milhões de litros de vinhos finos nacionais e importados nos quatro primeiros meses de 2020, um incremento de 10% em relação a ja-neiro e abril de 2019, quando foram comercializados 31,9 milhões de litros. O cenário positivo é também comparti-lhado com pequenas e grandes vinícolas da Serra Gaúcha, que se adaptaram ao novo momento, expandindo o leque de opções e apostando na venda online de seus produtos.

    A Uvibra, em função da pandemia, elaborou uma cartilha com protocolos de segurança sugeridos pela OMS, encaminhada aos associados. Segundo o presi-dente Deunir Luis Argenta, continua com apresentando as demandas setoriais aos órgãos públicos, contribuin-do para melhorar o posicionamento do vinho brasileiro no mercado nacional e para reativar ações de promoção no mercado externo.

    A tradicional Vinícola Aurora teve um aumento de mais de 60% nas vendas online, quando comparado ao mesmo período de 2019. A Cooperativa Garibaldi, que também ocupa um lugar de destaque entre as princi-pais vinícolas da Serra Gaúcha, registrou um aumento de mais de 15% nas vendas online, entre março e maio deste ano, em relação ao mesmo período do ano pas-sado. O empresário Felipe Toledo, apreciador do bom vinho e proprietário da Outlet Vinhos e Espumantes, também destaca a importância das vendas online nos últimos meses.

    Através da reportagem, conheça um pouco mais sobre esse vasto mercado, que envolve uvas, vinhos, re-quinte, bem-estar e estilo de vida.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 CONSUMO DE VINHOS 3

    Cooperativa Aurora tem aumentode mais de 60% nas vendas online

    Foto: André Majola

    Mercado chinês tem feito a diferença na comercialização de produtos da Vinícola Aurora, afirma o diretor superintendente Hermínio Ficagna

    A Vinícola Aurora, provida de enorme prestígio internacional, ao longo dos anos coleciona distinções no Brasil e em outros países. Quais são os principais países compradores?

    Hermínio Ficagna: Com relação ao mercado internacional, o desta-que neste ano tem sido as exporta-ções para os países asiáticos. Tive-mos um aumento de mais de 70% nas vendas de janeiro a maio, em comparação ao mesmo período do ano passado, com a comercialização de quase 115 mil garrafas. O princi-pal mercado foi a China, que por ter sido o primeiro país a ser atingido pela pandemia, também foi um dos primeiros a começar a retomada. Aos poucos, estamos recebendo pe-didos de compradores da Holanda, Reino Unido e de países da América do Sul.

    Como foi a comercialização de produtos da vinícola nos primeiros meses deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2019?

    Ficagna: Muito embora o pe-ríodo da pandemia tenha iniciado na segunda quinzena de março, o reflexo mais significativo na queda das vendas ocorreu no mês de abril, o que pode ser entendido como fator natural. O consumidor foi to-mado de surpresa pelo cenário ne-gativo, em face do coronavírus. Se olharmos especificamente a ques-tão vinho e espumantes em todas as famílias da Aurora, nos primeiros cinco meses, as vendas cresceram 59% nos vinhos finos, 23% nos vi-nhos de mesa, 53% no espumante

    moscatel, porém com queda de 11% nos espumantes brut. As vendas no mês de junho, embora ainda não fi-nalizado, se mantém muito forte, o que é muito positivo. Isso nos cre-dencia a fecharmos o semestre com alta de 25% nas vendas, comparado com os primeiros seis meses do ano anterior.

    Houve um aumento nas vendas online?

    Ficagna: Podemos observar um crescimento importante no e-com-merce. Um dos nossos diferenciais é a parceria mantida com inúmeras lojas virtuais. Nesse sentido, nosso trabalho é estar ao lado do cliente para desenvolver estratégias em conjunto e fortalecer ainda mais es-ses canais. Entre os meses de março e maio, estimamos um crescimento de mais de 60% nas vendas de pro-dutos da Aurora nessas plataformas, em relação ao mesmo período do ano passado.

    De que forma avalias esse novo cenário de consumo?

    Ficagna: Acreditamos os consu-midores estão mais conscientes de suas aquisições, comprando apenas o necessário e que, provavelmente, estarão mais desapegados aos bens materiais num futuro breve. Talvez,

    quando tudo voltar à normalidade, estarão valorizando mais os produ-tos locais/nacionais. As empresas precisam estar atentas às mudanças na forma de consumo, dar atenção para questões de higienização de forma ainda mais incisiva e também valorizar o consumidor, ter empatia com as pessoas, com os funcioná-rios. É um momento difícil para to-dos e somente juntos vamos supe-rar este período.

    Quais foram os impactos da pandemia na vinícola?

    Ficagna: A empresa, diante des-te cenário, afastou os colaboradores dos grupos de risco, com licença remunerada, optou por liberar seus funcionários da administração e de vendas para exercerem, na medida do possível, suas atividades em tra-balho remoto, em home office, já que grande parte dos clientes só atende por meio digital. Também, por conta dessas restrições, a empresa parali-sou a produção industrial por quase 20 dias e fechou o roteiro turístico nas duas vezes em que os decretos estadual e municipal determinaram restrição de atividades desta nature-za. Apesar de continuarmos com o trabalho de logística, mesmo que de forma parcial, nos deparamos com algumas dificuldades de transporte,

    na medida em que não havia alter-nativas aos motoristas para as refei-ções, o que tem sido retomado aos poucos. Outra dificuldade foi o fato de que muitos clientes passaram a trabalhar com estoque zero, o que trouxe uma redução significativa na comercialização no segundo mês da pandemia, mas que também come-ça a retornar a níveis satisfatórios.

    Quais são as projeções da Vinícola ainda para 2020 e o que vocês esperam para 2021?

    Ficagna: Por nunca termos vi-venciado algo similar, com certeza, pensar num planejamento de fatu-ramento para 2021 é algo que me-rece muita reflexão e estudo, pois o cenário vai depender basicamente do grau de risco e tempo de dura-ção da pandemia. Hoje, temos difi-culdade de projetar o consumo do mês subsequente. Diversos fatores devem ser analisados, como clien-tes trabalhando com estoque zero, fechamento de muitas empresas, mesmo as enquadradas no Simples, a paralisação do trabalho na catego-ria dos autônomos e o contingente de pessoas que foram e ainda serão demitidas. Enfim, tudo isso terá im-pacto direto no consumo, principal-mente de bebidas, razão da dificul-dade de se fazer projeções.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020CONSUMO DE VINHOS4

    Foto: Augusto Tomasi

    Os grandes diferenciais da Cooperativa Vinícola Garibaldi são a relação próxima com o associado e a confiança mútua entre a vinícola e seu público consumidor. O presidente Oscar Ló destaca o trabalho realizado nos últimos meses

    Vendas online crescem mais de 15% na Vinícola Garibaldi

    A Cooperativa Vinícola Garibaldi se destaca pelo trabalho conjunto com seus associados. De que forma vocês têm avaliado a produção nos últimos meses?

    Oscar Ló: Temos uma relação muito próxima com nosso associado e, acima de tudo, muito transparen-te. Há alguns anos já trabalhamos de maneira estratégica, de modo a con-templar um aumento nas uvas que dão origem aos nossos espumantes,

    pensando nos investimentos ne-cessários para abastecer o merca-do com nossa habitual qualidade. Nesta última safra, que por sinal foi de qualidade histórica, tivemos um acréscimo nas variedades brancas fi-nas, destinadas aos espumantes, em mais de 25%. A maior parte das uvas recebidas, no entanto, segue sendo para a produção de suco e de vinho de mesa, com cerca de 70% do to-tal. Uma parte é destinada para os vinhos finos, caso das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat e Caber-net Franc.

    Em tempos de pandemia, tem crescido o consumo de vinho. Quais são os números de vendas realizadas pela Vinícola Garibaldi nos primeiros meses deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2019?

    Ló: Realmente, com a pandemia observamos uma inversão na prefe-rência do consumidor, que passou a consumir mais vinho do que espu-mante. Uma parte é decorrente do fato de as pessoas não se sentirem aptas a comemorar. Sobretudo, a proibição da realização de eventos acabou freando a comercialização de espumantes. Outra questão é que, com as pessoas em casa, cozi-nhando mais, o vinho harmoniza fa-cilmente com almoços e jantares. Se incluirmos os meses de janeiro e fe-

    vereiro, ou seja, antes da pandemia, até maio, as vendas de vinho supe-ram os 21% em relação ao mesmo período do ano passado.

    Houve um aumento nas vendas online? De que forma avalias esse novo cenário de consumo?

    Ló: Nós percebemos uma procu-ra grande nesses canais, mas é difí-cil precisar exatamente quanto, já que as vendas são concentradas nos nossos parceiros, principalmente nas grandes redes varejistas, e não temos acesso a esses números. Esti-mamos cerca de 15%, mas é um ín-dice que possivelmente seja maior. Nós entendemos a relevância desse canal, tanto que o disponibilizamos aos nossos consumidores há mais de 10 anos. Sem dúvida, é uma tendên-cia e, certamente, será impulsionada ainda mais nos próximos anos. Deve ser um dos legados da pandemia, já que muitos negócios se concretiza-ram nessa área, com uma aceleração nessa forma de comercialização.

    Quais foram os impactos da pandemia na vinícola?

    Ló: Tivemos muitos reflexos, desde questões administrativas, de gestão, de fluxo de visitantes, até de comercialização. Mas precisamos ter em mente que é um momento de exceção e que precisamos tirar lições positivas disso, para nosso aprendi-

    zado como gestores. Num primeiro mo-mento, cuidamos de todos na Coope-rativa, para dar res-guardo às pessoas, afinal saúde é o que nos move e precisa-mos estar saudáveis para esse desafio. Atendemos a todos os protocolos de se-gurança, afastamos o grupo de risco, di-vidimos a Coopera-tiva em dois turnos para evitar aglome-ração, promovemos distanciamento em todos os ambientes, assim como dispo-nibilizamos álcool

    gel, máscaras e EPIs, além da saniti-zação de calçados na entrada da vi-nícola. No nosso Complexo Turístico, reduzimos o número de atendimen-tos. Os grupos não passam de 15 pessoas e todos têm a temperatura corporal medida. Criamos formas de oferecer nossas experiências como o Taça & Trufa em casa. Também isen-tamos nosso cliente em compras acima de determinado valor, para que ele recebesse em casa a enco-menda, sem precisar se arriscar. Em meio a tudo isso, assistimos nosso consumidor comprar mais vinho do que espumante, nosso carro-chefe. Mas também, seguindo uma políti-ca de planejamento, abrimos novos mercados externos, caso do Japão e de Taiwan, em plena pandemia.

    Quais são as projeções da vinícola ainda para 2020 e o que vocês esperam para 2021?

    Ló: A pandemia nos trouxe mui-tos desafios e precisamos adequar alguns alinhamentos. Havíamos projetado investimentos que preci-saram ser temporariamente suspen-sos, para serem retomados no próxi-mo ano. De qualquer maneira, 2020 não é um ano perdido, muito pelo contrário. Estamos confiantes numa recuperação e já podemos observar que, desde o último mês de maio, o mercado está mais otimista. Abril foi muito melhor que março, e isso nos dá confiança para seguir até o res-tante do ano. Mantemos nossa meta de crescimento. Queremos aumen-tar nosso faturamento na casa de 8,5%, chegando nos R$ 190 milhões.

    Como é hoje o cenário vitivinícola brasileiro, fora da Serra Gaúcha?

    Ló: Tradicionalmente, a produ-ção da Serra Gaúcha sempre foi vis-ta como referência na produção de vinhos e espumantes para o Brasil. Hoje, temos várias outras regiões se destacando no cenário nacional. Cada uma com seus apelos especí-ficos. Essa diversificação fortalece e aumenta a cultura do consumo de vinho e de outras bebidas derivadas da uva, consequentemente, aumen-tando o consumo, que é o grande desafio para todos que trabalham nesse setor.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 CONSUMO DE VINHOS 5

    O presidente da ABS-RS, Orestes de Andrade Jr., ressalta que a entidade tem investido no online, além de confirmar um aumento de quase 40% na comercialização de vinhos no primeiro quadrimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2019

    Foto: Marcos Nagelstein / Agência Preview

    Orestes de Andrade Jr., presidente da ABS-RS

    ABS-RS expandiu fronteirascom cursos e aulas online

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    A pandemia do coronavírus impulsionou a comunicação virtual. Como a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) se adaptou à nova forma de repasse de conteúdo?

    Orestes de Andrade Jr.: Nós fomos a primeira ABS do Brasil a reagir à pandemia do coronavírus, oferecendo conteúdo online. Logo na metade de março, quando ti-vemos que cancelar nossos cursos presenciais, lançamos o #Movimen-toBellaCiao, uma série de palestras e aulas gratuitas feita no modo online. Tivemos a adesão imediata dos nos-sos alunos e, mais do que isso, am-pliamos o nosso público para além do Rio Grande do Sul. Alcançamos, inclusive, muitas pessoas de fora do

    país. Logo em seguida, colocamos no mercado um inédito curso sobre Comunicação e Mercado do Vinho. Fechamos rapidamente a turma.

    Conte sobre os Workshops online que a ABS está realizando?

    Orestes de Andrade Jr.: Lança-mos nosso primeiro workshop sobre terroir porque sentimos a necessi-dade de aprofundar este assunto e preparar nossa audiência para o segundo curso online da ABS-RS, “Uvas viníferas sem segredo: tudo que você precisa saber sobre as va-riedades internacionais e autócto-nes”. Este é o mais completo curso sobre uvas existente no mercado nacional. Como temos vários alunos iniciantes, que nunca fizeram um curso de vinhos, decidimos realizar três aulas gratuitas. Na primeira aula do workshop, tivemos mais de 500 alunos assistindo ao conteúdo dos professores Júlio César Kunz e Mar-celos Vargas, ambos com mestrado internacional de vinhos.

    A entidade acompanha a comercialização de vinhos nacionais e estrangeiros no Brasil. Quais foram os números do primeiro quadrimestre?

    Orestes de Andrade Jr.: As ven-das de vinhos brasileiros aumenta-ram 39% nos quatro primeiros me-ses deste ano, em relação ao mesmo período em 2019. A comercialização somou 4,4 milhões de litros entre janeiro e abril de 2020, ante 3,2 mi-lhões de litros do primeiro quadri-mestre do ano passado. Foram ven-didos 35 milhões de litros de vinhos finos nacionais e importados nos quatro primeiros meses de 2020, um incremento de 10% em relação a ja-neiro e abril de 2019, quando foram comercializados 31,9 milhões de li-tros. Os números comprovam o que a nossa percepção apontava: o vi-nho é a bebida da pandemia do co-ronavírus. Mais do que isso: o vinho brasileiro é a bebida da pandemia, já que os rótulos importados cresce-ram só 7%. As pessoas ficaram mais

    em casa e escolheram, como com-panhia, uma bebida essencialmente sociável e que faz bem para a saúde, se consumida com moderação. Ain-da não saíram os números oficiais de maio, mas estimo que o aumento nas vendas dos vinhos nacionais foi ainda maior: próxima de 50%.

    De que forma observa esse novo modelo de negócios?

    Orestes de Andrade Jr.: Tenho dito que estamos atravessando um deserto com essa pandemia. O que importa é sobrevivermos. Mas o mundo será diferente depois disso. Nada será totalmente igual ao que é agora. O que tivemos foi uma acele-ração gigante dos negócios digitais. Era algo que já vinha ocorrendo. Agora não tivemos mais saída, todos tiveram de migrar para o online. O principal benefício é o alcance, que deixa de ser local ou regional e pas-sa a ser nacional e até internacional. Não existem fronteiras no mundo online. As empresas têm de ter isso em mente e ajustar sua atuação a partir desta perspectiva maior, o al-cance ilimitado. Mas a concorrência, nesse mundo, é ainda maior.

    Quais são as próximas ações que a ABS deve realizar neste ano?

    Orestes de Andrade Jr.: Esta-mos transformando nossa operação para o mundo digital. Acreditamos que temos de ser responsáveis com os alunos, as vinícolas e nossa equi-pe. Por isso, provavelmente vamos retomar os cursos presenciais so-mente em 2021. No segundo semes-tre, vamos lançar um curso sobre enogastronomia, além de um curso intensivo de vinhos com envio de amostras em um kit exclusivo.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020CONSUMO DE VINHOS6

    Foto: Divulgação

    Quando vocês começaram a produzir vinho de forma artesanal?

    William Vaccaro: A Vinícola Vaccaro é uma empresa familiar. Foi fundada em 1954 pelo meu bisavô, Francisco Vaccaro. Foram imigrantes italianos que começaram com o cul-tivo de videiras. Ao longo dos anos surgiu a necessidade de abrir uma pequena vinícola para processar a uva que era produzida nos vinhe-dos próprios, e quando o vinho já estava pronto e produzido era feito o comercio a granel para outras vi-nícolas. Até 1992 essa era forma de venda, sendo que naquela época produzíamos em torno de 150 mil litros por ano e comercializávamos a granel. Desde então começamos a comercializar engarrafado com a própria marca, sendo que no início foram vinhos de mesa e a partir dos anos 2000 começamos a implemen-tar uvas finas. Trocamos os vinhedos

    Vinícola Vaccaro: encontrandosoluções em tempos de pandemia

    Localizada em Santo Alexandre, interior de Garibaldi, a Vaccaro é uma pequena e singular vinícola artesanal. De acordo com o enólogo da vinícola, William Vaccaro, as vendas online aumentaram em torno de 80%. Além de William, o sommelier Diego Vaccaro também conduz os trabalhos na administração e nos negócios da família

    de uvas americanas, uvas comuns, para uvas finas. Começamos com o Cabernet Franc, posteriormente também o Sauvignon e Merlot. Por volta de 2004 começamos a elabo-rar também espumantes, mas es-tamos falamos de uma quantidade pequena de produtos, com uma produção de em torno de 20 mil li-tros por ano desses vinhos. Hoje ain-da mantemos a produção de vinhos de mesa, numa quantidade um pouco maior, de 100 mil litros para alguns supermercados. A de vinhos finos e espumantes é uma produ-ção diferenciada, bem limitada, em torno de 20 mil litros. É uma venda mais direcionada, um produto mais artesanal, enviado diretamente ao consumidor final e para algumas lo-jas especializadas.

    Quais foram os investimentos aplicados na vinícola a partir dos anos 2000?

    William: A vinícola passou por uma série de adaptações. Inves-timos em tecnologia para vinhos finos, como tanques de aço inox, barricas de carvalho, caves com uma temperatura mais amena e um ambiente favorável para poder maturar e envelhecer os produtos. Estamos bem estruturados quanto a isso. E também já fazem uns nove anos que começamos a receber tu-ristas na empresa. Nos últimos dois anos, ampliamos a estrutura. Agora contamos com um varejo, onde re-cebemos turistas de todo o país. Pra-ticamente todos os dias recebíamos visitantes. Em virtude da pandemia, o turismo reduziu a praticamente

    zero. As vendas no varejo diminuí-ram em torno de 90%. Então, come-çamos a trabalhar na venda online, que está dando um bom resultado.

    De que forma vocês trabalham o online e como estão as vendas nesse segmento?

    William: Já trabalhávamos com uma plataforma de e-commerce. Mas as vendas aumentaram em tor-no de 70 a 80% no período da pan-demia. Outras formas que deram resultado foi o envio de e-mail ma-rketing para endereços cadastrados na empresa e a lista de transmissão por WhatsApp, o que também deu um resultado bem bacana. No início achávamos que, em virtude da pan-demia, as vendas cairiam bastante, mas posso dizer que estão muito interessantes. Eu diria até que um pouco acima do que é normalmen-te comercializado nessa época do ano. O pessoal está mais em casa e consome mais. O mais interessante é que estão comprando de vinícolas brasileiras.

    Vocês acreditam que esse modelo de venda online fará a diferença a partir de agora?

    William: Eu penso que essa nova forma de compra online vai predominar. Já está dando muito certo e, com certeza, vai aumentar ainda mais as vendas. É uma facilida-de para o cliente que, ao adquirir o produto, já sabe sua origem, porque comprava direto da vinícola. Nós embalamos o produto e enviamos para a casa do cliente. Trabalhamos com diversas formas de pagamen-

    to. Posso garantir que, depois da primeira compra, o cliente sempre volta para adquirir mais produtos, porque gosta dessa forma de co-mercialização.

    Quais os diferenciais da vinícola?William: A vinícola tem como

    diferenciais nos seus produtos algu-mas castas que não são comuns no Brasil. Temos uma linha de vinhos Collina D’oro, que possui casta Mal-bec e Sandiovese. Tudo é cultivado aqui mesmo, em Garibaldi. O grande diferencial é a produção de uva em nossos próprios vinhedos, no entor-no da vinícola. Temos uma produção limitada, que é de 1 mil a no máxi-mo 4 mil litros de cada variedade. O cliente sabe que está adquirindo algo especial e ele se sente fazendo parte disso. Temos um portfólio com mais de 20 produtos, entre vinhos clássicos, Cabernet Franc, Sauvig-non, Merlot, espumantes mais leves, mais encorpados. Recebemos vários prêmios, em concursos regionais e também nacionais. Só no ano passa-do foram 11 medalhas de ouro.

    Qual a projeção para 2021?William: Esperamos que haja

    uma retomada do turismo já no final deste ano. Provavelmente volte for-te porque as pessoas vão visitar re-giões do território nacional. Acredito que não vai ter tanta viagem para o exterior, tem muita coisa bacana para conhecer no Brasil. As vendas no sistema online e e-commerce também vão continuar bem forte e 2021 pode ser um ano bem promis-sor para o setor vinícola.

    Ampliação da estrutura da vinícola, incluindo varejo com degustação

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 7CONSUMO DE VINHOS

    Felipe Toledo, da Outlet Vinhos e Espumantes

    Oulet: no inverno, os tintos são ocarro-chefe da loja e do consumo

    Empreender não é tarefa fácil e exige estratégia, paixão e dedicação integral ao negócio. O empresário Felipe Toledo, um apaixonado pelo mundo dos vinhos, relata o desafio de impulsionar as vendas em tempos de pandemia

    Foto: Divulgação

    Quais foram os impactos da pandemia na loja?

    Felipe Toledo: A pandemia do Covid-19 pegou a todos de surpre-sa. Fechamos a loja por uma sema-na para entender o momento e nos adaptarmos à nova realidade. A loja passou por sanitização e higieniza-ção em todos os seus ambientes e produtos. Os clientes precisam estar de máscara e não podem tocar nas garrafas, somente os colaboradores. Os produtos que são para tele entre-ga são higienizados e colocados em sacolas de papel. A cada três horas, ou dependendo do fluxo presencial, é feita a limpeza com álcool no chão e na entrada, há um tapete saniti-zante. O início de vendas online es-tava previsto para o próximo mês de julho, auge do inverno, com delivery

    especial, antecipamos para não pa-rarmos totalmente.

    Como ocorreu essa antecipação?Toledo: Com a aceitação da

    mudança do processo por parte da clientela e com novos clientes de grupos de WhatsApp, houve au-mento nas vendas, mas abaixo da expectativa para os meses de mar-ço e abril, comparados aos do ano anterior. Em maio, houve um acrés-cimo e neste mês de junho, com o Dia dos Namorados e o retorno do turismo presencial na cidade, será o melhor do ano, mesmo não tendo terminado ainda. As vendas onli-ne tendem a aumentar de quinta a sábado, principalmente em dias de chuva ou frio excessivo.

    Como avalias a atual qualidade do vinho brasileiro?

    Toledo: O vinho brasileiro vem numa crescente há muito tempo. A safra 2020 está aí para confirmar, com uvas em graduação máxima, importantes na elaboração de ex-celentes vinhos. Também destaco o aumento gradual de venda e con-sumo de espumantes, que seguem ganhando mercado e premiações mundo afora. No mercado interno, ocupam um espaço cada vez maior.

    Há quanto tempo existe o Outlet Vinhos e Espumantes e como surgiu a ideia de iniciar o empreendimento?

    Toledo: O Outlet de Vinhos e Es-pumantes, localizada na Av. Dr. Ca-sagrande, em Bento Gonçalves, está

    no mercado local há pouco mais de 20 meses. A ideia surgiu num jantar entre amigos que possuíam um es-paço ocioso. Após algumas suges-tões, surgiu a possibilidade de uma loja de vinhos e derivados nos 45 dias antes do Ano Novo para ocupar e dar visibilidade ao espaço e, quem sabe, conseguir um locatário após esse tempo. O resultado final foi além da expectativa e o Outlet, que duraria 45 dias apenas, viraria uma loja de vinhos, espumantes, suco de uva, cachaça e azeite de oliva.

    Quais as projeções que vocês fazem ainda para 2020?

    Toledo: Estamos com uma boa expectativa para o inverno. Mesmo sem a retomada do turismo, vamos focar nas plataformas digitais para oferecer nossos produtos. Também vamos tentar retomar o projeto de degustações harmonizadas em re-sidências ou em condomínios, para pequenos públicos, como forma de atendimento personalizado. Para o Dia dos Pais também se espera um aumento nas vendas. Na sequência, com a retomada das feiras, a expec-tativa é de um segundo semestre melhor. Para 2021 teremos as novas opções da safra 2020, que virá com tudo, bem como a retomada do tu-rismo, é a nossa expectativa.

    Quais os três principais produtos de sua loja e que indicaria?

    Toledo: Como estamos entran-do no inverno, os tintos acabam virando o carro-chefe da loja e do consumo. As variedades que serão destaque em 2020 são Touriga Na-cional, Malbec e Cabernet Franc. Há inúmeras vinícolas com excelentes produtos nessas variedades.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020SAÚDE8

    Acréscimo de 100% na estrutura da saúde pública do município, em função do combate à Covid-19

    Qual foi o percentual de aumento na estrutura da saúde pública em Bento Gonçalves, ocasionado pela oferta de mais leitos de UTI pelo SUS no Tacchini e pela conclusão do primeiro andar de internação do hospital público, com oito mini utis, para o atendimento da demanda local de vítimas da Covid-19?

    Pasin - Podemos afirmar que a saúde de Bento Gonçalves teve um acréscimo de 100% em sua estrutu-ra. Desde o início da pandemia nos preparamos para o enfrentamento do vírus, achatamos a curva epide-miológica para criar estrutura, com-prar equipamentos e reorganizar a equipe. Aumentamos uma estrutura de décadas nas UTIs, passando para

    Saiba como, nesta entrevista com o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, que agora responde também pela Secretaria Municipal da Saúde

    50 leitos no Hospital Tacchini, sendo 23 SUS. Temos 75 respiradores dis-poníveis, entre aquisições próprias e doados por empresas do município, dado muito maior do que a média do país para cidades com 100 mil habi-tantes. Com apoio do CIC, da Ascon Vinhedos, empresários e voluntários foi construído, junto ao Complexo Hospitalar, uma área de isolamento para 40 leitos de internação e oito mini UTIs. Espaço que agora tam-bém conta com três profissionais da fisioterapia para atender os pacien-tes com a Covid-19 e uma assistente social para fazer a interlocução da equipe médica com os familiares dos pacientes internados nos leitos de isolamento.

    Tanto a comunidade como entidades, associações e empresas responderam prontamente ao chamamento do poder público para se engajar em várias ações de combate a pandemia. Qual foi o aprendizado moral da situação?

    Pasin - Ficou e ainda fica eviden-ciada uma característica singular de nossa sociedade, que está no DNA do bento-gonçalvense: a solidarie-dade. Em trinta dias, com os esforços de empresários, entidades, voluntá-rios e poder público, erguemos uma estrutura que será o diferencial no combate à pandemia. A partir disso, foi criada uma rede de auxílio, que envolveu toda comunidade com a confecção de máscaras, distribuição

    de alimentos, doação de EPIS e álco-ol gel, entre tantas ações.

    De que forma a equipe de saúde do município se organizou para enfrentar a “batalha”?

    Pasin - Ainda em janeiro, quan-do iniciamos o trabalho de monito-ramento do vírus, nossas equipes passaram a ser capacitadas para enfrentamento da doença. Além disso, reorganizamos a estrutura e compramos equipamentos de pro-teção individual, também trabalha-mos em processos que garantissem o aumento de nossas equipes. Nesse período foram criados protocolos es-pecíficos, que agilizaram o trabalho e garantiram a segurança dos nossos profissionais.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 9SAÚDE

    l Fisioterapia Convencional

    l Fisioterapia Domiciliar

    l Fisioterapia do Trabalho

    l Pilates Contemporâneo

    (solo e aparelhos)

    l Traumato Ortopédica

    l Pré e Pós Operatório

    l Geriátrica

    l Neurológica

    l Respiratória

    l Dry NeedLing

    (agulhamento a seco)

    l Ventosaterapia

    l Treino Funcional

    54 99930.6579

    /reforcefisio Reforce Pilates e Fisioterapia

    Av. Osvaldo Aranha, 381, térreo, em frente ao IFRS

    Estacionamento próprio

    BEm-EStAR tRANSCENdE NãO SENtIR dORES

    l Bandagem Terapêutica

    Funcional

    O município teve que fazer contratações de emergência de profissionais da área da saúde para atender a demanda da pandemia?

    Pasin - Sim, foi necessária a con-tratação de novos profissionais. Nes-te período de pandemia tivemos muitos afastamentos em decorrên-cia de doenças, de sintomas, ou por ser de grupo de risco. Também pre-cisamos ampliar o quadro, porque o atendimento à doença exige uma equipe multidisciplinar maior. Em ra-zão da nova estrutura construída, foi realizado o remanejo de servidores das unidades de saúde dos bairros para o Complexo Hospitalar.

    Há um cronograma de obras para o término do hospital público?

    Pasin - Foi realizado o reves-timento externo e a instalação de esquadrias na torre de internação. Estão em andamento as obras do bloco cirúrgico. A próxima etapa consiste na instalação de elevador,

    projeto que está andamento para ser encaminhado à licitação.

    O que o hospital público vai representar no atendimento pelo SUS de Bento Gonçalves e de outros municípios da região?

    Pasin - Estamos falando de uma das maiores obras da história de Bento Gonçalves, não somente pela função, mas pelo simbolismo que carrega. Nesse primeiro momento, já utilizamos parte da ala para o co-ronavírus, que possui 40 leitos para atendimento. Quando terminar esse período, a ala será utilizada para atendimentos clínicos. A comunida-de não ficará mais quatro, cinco dias, aguardando por um leito. O Comple-xo ainda agrega Laboratório de Pa-tologia e Análises Clínicas, Centro de Especialidades Odontológicas, UPA, entre outros serviços. Podemos dizer que não faz mais sentido tratar aque-le espaço como simplesmente UPA, mas como um Complexo Municipal de Saúde.

    Existe uma explicação lógica para o fato de, em Bento Gonçalves, estar sendo registrado mais casos em relação ao município vizinho de Caxias do Sul, também cosmopolita e com mais de 500 mil habitantes?

    Pasin - Nossos registros demons-tram que Bento Gonçalves teve um contato mais cedo com o vírus do que outras cidades. Com isso, nossas ações também iniciaram mais cedo. Sobre a quantidade de casos, a evi-dente resposta é a nossa política de macro testagem. Em recente estu-do realizado pela prefeitura de Pas-so Fundo, Bento Gonçalves aparece como o município que mais testes re-alizou no Estado, com cerca de 3.400 testes a cada 100 mil habitantes. Adotamos na cidade uma política de testagem, pois acreditamos que quanto mais testarmos mais reais serão os dados, melhor saberemos o comportamento do vírus. Só assim, podemos adotar estratégias de pla-

    nejamento. Paralelo a isso, estrutura-mos nossos leitos de isolamento, de UTI e adquirimos respiradores, que é o que realmente importa.

    Qual foi o montante do valor de verbas do Governo Federal repassadas ao município para ações contra o coronavírus. De que forma essa verba está sendo aplicada?

    Pasin - Foram recebidos R$ 8.743.388,69 em recursos exclusi-vos para ações de enfrentamento ao coronavírus. Deste montante, R$ 5.099.120,64 serão repassados ao Hospital Tacchini (verba de emenda parlamentar e de portarias do Minis-tério da Saúde). O restante do valor está sendo utilizado para aquisição de Equipamentos de Proteção In-dividual, materiais de higienização hospitalar, medicamentos e locação de estruturas, entre outros custos. Todas as despesas estão no portal de transparência do município em ses-são específica Covid-19.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020PESQUISA10

    Diante do momento de exceção causado pela pandemia do coronaví-rus, muitos hábitos de consumo e de comportamento sofreram grandes modificações. Para sair desse cenário com os melhores prognósticos pos-síveis, é fundamental entender como os consumidores se adaptaram a essa nova realidade e como isso afe-tará o mercado quando a pandemia estiver controlada.

    Uma pesquisa aplicada em maio pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC BG), cujos resultados começam ago-ra a ser tabulados, coletou dados para traçar o perfil desse novo con-sumidor e pretende servir de base para empresas criarem suas estraté-gias de negócios.

    Ao todo, 764 pessoas responde-ram a um questionário de cerca de 20 perguntas a respeito dos impac-tos da pandemia na rotina, nos seto-res produtivos e nas perspectivas de futuro.

    CIC-BGPesquisa investiga mudanças de hábitos de consumo

    A pesquisa revelou que 76% dos participantes alteraram seus hábitos de consumo devido à pandemia e que 66% deles manterão esses hábi-tos no futuro. No quesito tendências, 61% dos entrevistados disseram ter descoberto uma nova forma de fazer compras, principalmente pessoas entre 46 anos e 60 anos.

    Outro dado apontado pelo estu-do mostra que o número de partici-pantes dispostos a se qualificar por meio online cresceu de 14%, antes da pandemia, para 28%. Além disso, 64% dos entrevistados disseram ter realizado alguma atividade do tipo “faça você mesmo”, ou seja, fazen-do pequenos serviços para os quais, normalmente, contratam-se tercei-ros, enquanto 71% concordaram em ter comprado localmente. Desses últimos, 68% pretendem continuar consumindo produtos locais.

    Também, 65% das pessoas que responderam à pesquisa trabalha-ram em home office durante a pan-

    com 48%. A grande maioria das res-postas (70%) teve origem em Bento Gonçalves, mas a pesquisa registrou participantes de outros 38 municí-pios dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Pau-lo. Dos entrevistados, 64% tinham curso superior ou pós-graduação, 46,3% eram empregados da iniciati-va privada e 34% tinham renda men-sal entre R$ 3,9 mil e R$ 7,8 mil.

    demia. Desses, apenas 18% haviam experimentado tal situação ante-riormente. 49% disseram que fariam home office novamente só em caso de necessidade.

    A pesquisa foi realizada pela in-ternet entre os dias 14 e 24 de maio. As mulheres foram as que mais parti-ciparam, com 67% do total, e a faixa etária mais presente foi a compreen-dida entre os 31 anos e os 45 anos,

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 11COMPOrTAMENTO

    GrazielaDalpian

    Coach Integral Sistêmico@grazidalpiancoach

    Esperar ou agir?

    uem imaginou passar por tudo isso que estamos vi-

    vendo nesse momento? Com cer-teza, essa situação será lembrada na história da humanidade. Nesse cenário, o autoconhecimento nun-ca foi tão valioso. Estamos passando muito mais tempo conosco. Eventos sociais são nulos, uma volta para interagir é praticamente inexisten-te, até para se tomar um café existe uma série de cuidados. O isolamento passou a fazer parte do ser humano. Antes passávamos horas com ami-gos e familiares, ou íamos a lugares para conversar, nos divertir ou até conhecer pessoas diferentes. Hoje, precisamos manter convívio com nosso próprio eu, o que, em muitos casos, se agravam a ansiedade, a de-pressão, a tristeza e até o pânico.

    O quero dizer é que, com essa situação atual, ficou mais evidente que precisamos conhecer a si pró-prio, conhecer nossas emoções. Quanto mais nos conhecemos, mais sabemos lidar com as situações que ocorrem na nossa vida.

    Então, reflita nesse momento, sinceramente, o quanto você tem olhado para dentro de si próprio, o quanto você tem olhado para suas emoções, o quanto você tem olhado para a sua vida? A sua vida está da maneira que você gostaria? O que tem lhe impedido de ter a vida que

    realmente almeja?Aproveite esse momento para

    fazer essas reflexões e para buscar o que precisa. Você pode ficar se lamentando pela situação atual ou tentar olhar o que você pode apren-der com ela.

    Eu sei, você pode estar dizendo ou pensando: falar parece fácil. Mas lhe pergunto: e ficar na situação que você está, é fácil?

    Qualquer que seja o seu sonho, você deve preparar o terreno, deve mudar as circunstâncias necessá-rias para alcançar os seus objetivos e o seu sucesso. Porém, para termos

    essa percepção, precisamos traba-lhar nossos pensamentos e nossas atitudes. O que faz eu gostar ainda mais dessa frase: quando eu mudo, tudo muda ao meu redor.

    E sim, não é fácil. Mas ficar na mesma situação, ou se lamentando pela situação atual e esperando que ela simplesmente passe, também não irá facilitar. Busque então olhar para dentro de você, analise seus sentimentos, analise ao seu redor, olhe a sua vida.

    Seja sincero com você e diga: qual ação você irá fazer a partir de agora?

    Quando eu

    mudo, tudo

    muda ao

    meu redor.

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020COMPOrTAMENTO12

    LetíciaSimioni

    Psicóloga - CRP 07/23986

    Especialista em Psicologia Clínica - Ênfase em Psicanálise

    Especialização em Constelações Familiares - Hellinger Schule (em

    andamento)

    Contato: (54) 99121.3633

    @psicologaleticiass

    Schossler

    Ser em tempos detransitoriedade...

    companhar a constância e a rapidez das mudanças em diversos cenários da vida

    cotidiana, para além do que alguns nomes já teo-rizavam, como Zygmunt Bauman sobre o conceito líquido na sociedade, nas relações, no amor, não é tarefa fácil. O que era há poucos minutos, talvez já deixe de ser, e assim, pouco a pouco, a transitorie-dade ganha espaço. Cada vez mais creio que se há vida, há mudança e transformação. A estagnação pertence ao mundo dos mortos, seja de mente e/ou de corpo.

    Mudanças envolvem, em maior ou menor grau, algum tipo de resistência; para nos defendermos perante o novo, nossa tendência é manter à todo custo os velhos pensamentos, crenças, hábitos, tradições e até mesmo alguns destinos familiares. E como é difícil mudar... mudar de rota quando o que nos foi ensinado, somado aquilo que nos foi possível e que nós próprios nos possibilitamos ou não conhecer até o momento, parecia tão mais confortável, sob controle, seguro e estável... e tal-

    “Meu jardim tem-me ensinado constantemente uma lição: os restos escuros e putrefatos da planta deste

    ano serão o adubo do qual poderão ser encontrados os brotos do ano seguinte”.

    Carl Rogers

    vez fosse mesmo... mas esses não são adjetivos que combinam com crescimento e evolução.

    Brinco, às vezes, com alguns pacientes que se está, não se é... às vezes você está mais nervoso, mas isso não faz de você alguém que necessaria-mente é nervoso. Como humana e apaixonada pelas mudanças possíveis em cada um de nós, pertencentes a essa espécie humana, acredito que a mudança, a integração do novo e um olhar para o horizonte é para todos aqueles que, em essên-cia, desejam! O desejo é o primeiro passo para a mudança... se lhe damos atenção, ele baila através dos pensamentos e reforça que “O pensamento é o ensaio da ação” (Freud). Até podemos desejar, em partes, pelos outros, mas não podemos agir, por-tanto, só você pode agir rumo à metamorfose que deseja ser!

    E hoje o que desejo é: “...eu prefiro ser essa meta-morfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, sobre o que é o amor, sobre que eu nem sei quem sou...”.

    O desejo

    é o primeiro passo

    para a mudança...

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 13rEFLEXÃO

    CésarAnderle

    Diretor da Anderle Transportes

    Foto

    : Hél

    io A

    lexa

    ndre

    Fot

    ogra

    fia

    Felicidade é gostar de viver

    A felicidade é

    completa, desde que

    compreendamos

    os nossos limites,

    bem como os limites

    de cada um. Não

    podemos basear

    nossa felicidade pela

    aceitação de quem

    está próximo de nós.

    á diziam que a felicidade é um estado de

    espírito, é gostar de viver, é estar de bem

    com a vida.

    Cuidar da vida, dos relacionamentos e da

    saúde também nos ajuda para estarmos bem. Al-

    gumas vezes nos deparamos com problemas e,

    nesta descoberta, pensamos que a infelicidade se

    apoderou de nosso ser. Dificuldades nos ajudam

    a ter coragem para fazer diferente, para buscar

    alternativas. Digo que são oportunidades para

    nos tornar pessoas melhores; melhores para a fa-

    mília; melhores para a sociedade; melhores para

    nós mesmos. É justamente a oportunidade para

    nos encontrarmos com o nosso “eu” e nos darmos

    conta que, dentro da gente, existe alguém que

    precisa ser escutado, cobrado, corrigido, melho-

    rado, ou seja, crescer em maturidade.

    Podemos pensar que é necessário equilíbrio

    para entender e reconhecer os defeitos que te-

    mos, mas devemos ter sempre em mente que

    também fazemos muitas coisas certas. Nessa li-

    nha, atitudes diárias nos fazem sermos humanos,

    entender o outro, pensar no outro, se preocupar

    com o outro, amar o outro.

    A felicidade é completa, desde que compre-

    endamos os nossos limites, bem como os limites

    de cada um. Não podemos basear nossa felicida-

    de pela aceitação de quem está próximo de nós.

    Devemos sim, nos aceitar, inclusive em nossos

    próprios erros, aceitar a individualidade de cada

    um que nos cerca, os gostos, a crença, a fé.

    Gostar de viver é parar de reclamar da vida.

    Nem tudo dará certo como planejamos. O gosto

    pelo viver é agradecer também o que dá errado,

    agradecer ao final do dia pela desilusão que tive-

    mos em nosso trabalho, pela discussão em nossa

    família, para assim, ao deitar em nosso travessei-

    ro, deixarmos a consciência falar e compreender o

    outro lado daquela situação. O tempo é o melhor

    remédio para tudo, nada como um dia após o ou-

    tro, um mês após o outro, um ano após o outro.

    Tudo será resolvido, tudo encaixará como um

    belo jogo de quebra-cabeça, não pense que a

    vida não lhe dará respostas, ela sempre dá... cabe

    a você estar aberto para o aprendizado, aberto

    para enxergar a situação vivida, o erro cometido.

    A maturidade nos alcançará quando aceitar-

    mos e enfrentarmos os nossos próprios desafios,

    quando aprendermos com os erros, quando supe-

    rarmos as dificuldades impostas pela vida. Talvez

    hoje o fardo seja pesado, mas amanhã será um

    pouco mais leve, semana que vem suportaremos

    de uma forma mais amena, no mês seguinte se

    abrandará, mas se faz necessário atitude positiva

    para avançarmos, conhecer o problema, admiti-

    -lo, refletir, planejar ações a serem desenvolvidas

    e atitudes assertivas para a solução do mesmo.

    Olhar, pensar e agir.

    A vida é complexa, ela nos traz desafios, mas

    também nos traz paz de espírito, através da Felici-

    dade, que poderá ser plena se tivermos uma alma

    aberta para o amor. Assim nos ensinou o Criador,

    passa pelo nosso sim para encontrá-la.

    Sucesso e Felicidade!

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 202014 CULTUrA

    Lei de Emergência Cultural

    “Se sancionada, será uma vitória de todos, da Cultura de Bento, do nosso Estado e do Brasil”, destaca o secretário de Cultura de Bento Gonçalves, Evandro Soares, sobre a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc

    Por Rodrigo De [email protected]@sr_demarco

    No dia 4 de junho, a comunida-de cultural comemorou a aprova-ção da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, pelo Senado federal. A notícia foi um alento para uma das categorias que mais tem sido im-pactada pelos reflexos ocasionados pela pandemia do coronavírus. O projeto prevê a destinação de R$ 3 bilhões da União para Estados, Distrito Federal e municípios, na aplicação de ações emergenciais de apoio ao setor cultural durante o período de isolamento. A classe ar-tística de Bento Gonçalves também comemorou a notícia, já que a Ca-pital Brasileira do Vinho deve rece-ber a quantia de R$ 821.359,61. No entanto, ainda falta a sanção presi-dencial, que, ao que tudo indica, de-verá acontecer nos próximos dias. O Secretário de Cultura de Bento e presidente do Conselho de Dirigen-tes Municipais de Cultura (Codic), Evandro Soares, tem acompanha-do a realidade vivida pelos artistas locais, demonstrando preocupação com o atual momento econômico e os anseios da classe. Em entrevis-ta exclusiva para o Integração da Serra, Soares destaca a importância da aprovação da lei, salientando o valor que chegaria para Bento Gon-çalves.

    Foto: Arquivo Pessoal

    Evandro Soares, secretário municipal de Cultura

    A Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc foi aprovada no Congresso Nacional e deve ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Secretário, de que forma atuaste para que Bento Gonçalves recebesse a quantia de R$ 821.359,61 Reais?

    Evandro Soares: Atualmente, estou na presidência do Conselho de Dirigentes Municipais de Cul-tura (Codic), instância de assesso-ramento para a área da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande Sul, portanto, esta atu-ação é por Bento Gonçalves e pelos demais municípios do nosso Esta-do. Em abril, iniciamos o diálogo com a Confederação Nacional dos Municípios, que é a nossa entida-de “mãe” no país, para tratar de as-suntos ligados à Cultura durante a pandemia do Covid-19, assim como participamos de todos os debates da PL 1075/2020. Através de diver-sos encontros com gestores muni-cipais de todo o País é que a CNM apresentou contribuições ao texto do projeto, com maior participação dos municípios, e definindo crité-rios para distribuição dos recursos, sendo R$ 1,5 bilhão para os Estados e R$ 1,5 bilhão para os municípios. O montante estimado para Bento Gonçalves é condicionado a dois fatores definidos na própria Lei de

    Emergência Cultural, que é 20%, de acordo com critérios de rateio do Fundo de Participação dos Municí-pios e 80% de acordo a população. É com base nestes critérios que se tem a estimativa de recebimento de recursos pelos municípios em todo o País. Está na Lei Aldir Blanc. Atu-almente, mantemos contato diário com a CNM, buscando as soluções jurídicas da implementação da Lei.

    Sendo aprovada pelo presidente, a expectativa é que a verba chegue em quanto tempo para o município?

    Soares: Consta no texto do pró-prio projeto de lei que a União terá o prazo máximo de 15 dias para realizar o repasse do recurso, após a publicação no Diário Oficial. E há uma grande expectativa que o tex-to seja aprovado de forma integral, pois foi uma construção conjunta, liderada pelas deputadas federais Jandira Feghalli e Benedita da Sil-va, que souberam ouvir com muita sabedoria todas as instâncias re-presentativas da Cultura no Brasil, do poder público e da sociedade civil. Estão presentes nesta constru-ção instituições culturais de todo país, representantes de Conselhos Municipais de Cultura, Secretários de Estado, Dirigentes Municipais, partidos políticos e outros. A PL

    1075/2020 teve aprovação quase unânime na Câmara dos Deputa-dos, apenas um partido foi contrá-rio. E no Senado esse apoio se repe-tiu. Se sancionada, será uma vitória de todos, da cultura de Bento, do nosso Estado e do Brasil. E estamos muito felizes por estar participando desse processo.

    O município tem trabalhado em outras frentes para atenuar o impacto da crise no setor cultural da cidade? Quais?

    Soares: Desde o início da pan-demia, temos tratado do assunto com muita atenção. Estabelecemos um contato direto e mantemos um monitoramento de artistas que se encontram em situação de neces-sidade de alimentação e cuidados básicos, encaminhando-os junto à Assistência Social. Outra preocu-pação foi a de manter os contratos em vigor, e também as atividades, mesmo que de forma on-line, com artistas que possuem vínculo com o município. A Secretaria Municipal de Cultura também publicou duas resoluções para que os proponen-tes contemplados em editais do Fundo Municipal de Cultura não fossem prejudicados, tanto na exe-cução como na prestação de contas de seus projetos. No Edital 01/2020 - Cultura Geral Desenvolvimento - ampliamos os prazos de inscrição e flexibilizamos a formalidade do re-cebimento das cartas de anuência, em uma época em que tínhamos o “lockdown” na cidade. Também temos colaborado em parcerias de divulgação e orientação em diver-sas “lives independentes” de vá-rios artistas. Encaminhamos para análise do Comitê de Atenção ao Coronavírus de Bento Gonçalves al-gumas propostas de protocolos de segurança para o retorno de ativi-dades artísticas, muito embora, ain-da temos que respeitar aquilo que é definido por decreto. No início da pandemia, também realizamos o Festival Cultura Bento em Casa e diversas outras ações online.

    A Secretaria de Cultura estuda a realização de outras ações em prol da classe artística?

    Soares: Com o estabelecimento da bandeira laranja em nossa região

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 15CULTUrA

    e a flexibilização de algumas regras, vinhamos estudando a utilização do teatro da Casa das Artes para a reali-zação de lives e a retomada de algu-mas atividades culturais na Biblio-teca e no Museu. Neste momento, estamos focados na elaboração de normas jurídicas para regulamentar a utilização de recursos financeiros, especialmente os que poderão ser recebidos por intermédio da Lei Aldir Blanc, assim como na elabo-ração de propostas de editais que, por ventura, possamos lançar de forma emergencial dentro de um planejamento de atender a todos os segmentos culturais. Também man-temos um diálogo constante com o Conselho Municipal de Política Cultural para legitimação de todas essas ações.

    Na função de Secretário de Cultura, como tem observado o atual momento vivido pelos artistas?

    Soares: Entendo que estamos vivendo um momento de muita aflição em nossa sociedade e, mais ainda, no setor cultural, por conta da suspensão de suas atividades. Da mesma forma, é unânime o en-tendimento de que foi o primeiro setor a parar e, possivelmente, será o último a retomar as suas ações em um cenário de certa normalidade. O setor cultural, por essência, requer o contato humano e, na grande maio-ria das vezes, acontece por meio da realização de eventos que en-volvem a aglomeração de pessoas. Em uma pesquisa recente no nosso Estado, foi apontado que há pelo menos 130 mil empregos formais e cerca de 45 mil MEI’s, o que já apon-ta a dimensão e a importância des-sa cadeia produtiva. Mas sabemos também que a grande maioria das pessoas que trabalham ou estão envolvidas com a Cultura se encon-tram na informalidade e, portanto, sem qualquer garantia de renda, uma vez que as atividades estão pa-ralisadas. Muitas dessas pessoas es-tão sendo obrigadas a migrar para outros setores em busca de empre-go e isso é preocupante.

    Como tem sido as reuniões e conversas com o Estado?

    Soares: A aproximação de Ben-to Gonçalves com o Governo do Estado é muito positiva. Temos um bom relacionamento em todos os setores e na área da Cultura não é diferente. A secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araújo, é uma guer-

    reira e tem provocado avanços pro-fundos na Cultura do Estado, com o incremento de recursos através de editais do FAC e com a altera-ção recente da LIC RS, diminuindo a contrapartida de 25% para 10% das empresas em projetos que buscam incentivos através de renúncia fis-cal. Por conta da Famurs e do Codic, nosso relacionamento é diário em diversas frentes, até porque o Codic faz parte da Comissão Intergestores Bipartite e compomos o Sistema Estadual de Cultura. Somos gratos a secretária Beatriz por ter recen-temente atendido a um pleito dos municípios, aumentando de 50% para 70% a garantia de vagas para proponentes de municípios do inte-rior no Edital FAC Emergencial Digi-tal, que encerrou as inscrições neste 18 de junho. Agora Sedac, Famurs e Codic estão firmando um Pacto Cul-tural para garantir o diálogo com a sociedade e, sobretudo, garantir a aplicação dos recursos para auxílio ao setor cultural, de forma a atender quem mais precisa, caso a Lei Aldir Blanc venha a ser sancionada.

    Na tua visão, em tempos de pandemia, o que mais poderia ser feito pelos artistas de Bento Gonçalves?

    Soares: Quero destacar aqui um brilhante trabalho que vem sendo liderado pelo Bento Convention Bu-

    reau, numa parceria com a Semtur, em tomar a frente na elaboração de protocolos de segurança em nossa cidade e, em breve, deverá ser lan-çado o selo “Evento Seguro”. Esta é mais uma ação de protagonismo de Bento Gonçalves, que irá benefi-ciar a todos aqueles que trabalham com eventos e também os próprios eventos culturais. Isso é muito posi-tivo, pois com a retomada do mer-cado de eventos, também retornam as oportunidades de trabalho dos nossos artistas. É importante notar que, mesmo que um evento não seja de caráter cultural, ele pode ter também apresentações artísti-cas. Nossos artistas têm muito de sua renda atrelada a esses eventos, para os quais prestam serviços, dos eventos de negócios a casamentos.

    Quais são as projeções de ações que a Secretaria de Cultura deve realizar até o final de 2020 e o que espera para 2021?

    Soares: Temos duas importan-tes entregas para fazer até o fim de 2020, que é a reforma do subsolo da Casa das Artes, programada para iniciar no dia 1 de julho, e a reabili-tação do antigo prédio da Subpre-feitura de Tuiuty, culminando assim no Centro Cultural Tuiuty, ou seja, teremos mais um equipamento pú-blico destinado a Cultura em nossa cidade, valorizando um importante

    distrito. Também temos importan-tes projetos culturais a implemen-tar, mas que estão parados por conta da pandemia. Um deles é o “Bibliotecas Digitais”, com aplicação de recursos na ordem de R$ 100 mil, que obtivemos na aprovação do projeto em edital do extinto Minis-tério da Cultura. Vamos iniciar par-cialmente este projeto, disponibi-lizando o catálogo de livros online, mas só poderemos inaugurar o es-paço junto à biblioteca quando isso for permitido pelas autoridades de segurança sanitária. Outro é o “La-ços Patrimoniais”, projeto aprovado pela Secretaria Estadual da Cultura, através do Edital Sedac nº 01/2019 FAC Educação Patrimonial, que, en-tre suas atividades, prevê o mapea-mento das edificações históricas do interior do nosso município. Para este projeto captamos o valor de R$ 50 mil. E, ainda, o “Museu dos Sen-tidos: Construindo novos sentidos para o Museu do Imigrante”, que é o resultado do convênio com a Vara de Execuções Criminais (VEC), cujo objetivo é criar atividades que ofe-reçam condições de igualdade aos diversos públicos da cidade, tendo como foco o aprimoramento da visita mediada ao Museu do Imi-grante através de audiodescrição para pessoas cegas e a produção de textos e imagens adaptados para o público surdo.

    Foto: Reprodução Web

    Compositor e cronista brasileiro, Aldir Blanc, morto em 4 de maio deste ano, dá o nome à Lei de Emergência Cultural

  • O Banrisul lançou no dia 22 de junho, um edital público de se-leção de propostas para o patrocínio de atividades artísticas musi-cais de conteúdo virtual. Os projetos devem incluir apresentações de cantor, músico, grupo de cantores ou bandas de música e de baile, acompanhados ou não de instrumentistas; que promovam exibições musicais ou shows por meio de live, em tempo real, transmitida pelo Youtube, Instagram ou Facebook do proponente, com duração míni-ma de 60 minutos. A execução da live deve ser em local físico provi-denciado pelo proponente, em data e horário que os artistas consi-derarem com mais audiência junto ao seu público.

    O Banrisul patrocinará até 200 propostas, no valor fixo de R$ 3.500,00 por projeto selecionado, assegurando, no mínimo, 10 vagas para projetos inscritos em cada uma das seguintes regiões do Estado: Alto Uruguai, Centro, Fronteira, Leste, Noroeste, Serra, Sul e Capital (Porto Alegre). Será contemplada somente uma produção por propo-nente, a fim de atender o máximo de produções culturais e alcançar o maior número de artistas gaúchos.

    As inscrições são gratuitas e devem ser feitas exclusivamente pela internet, no site www.banrisul.com.br/patrocinios, até o dia 01 de julho. Podem participar do edital, bandas e artistas da área musical

    cadastrados como pessoa jurídica de direito privado, com ou sem fins lucrativos, cujo estatuto ou contrato social e Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) tenham como natureza o desenvolvimento de atividades relacionadas à produção musical (CNAE 9001-9/02). As lives deverão ser realizadas a partir do dia 14 de agos-to até 31 de outubro deste ano.

    Um show de talento, de solidariedade, de emo-ção, de belezas naturais e de público on-line. A Live da Solidariedade Sindiserp foi um sucesso, com a apresentação de Rodrigo Solton direto do Parque Gasper, com direito a pôr do sol e muita música. O evento aconteceu no final do último domingo, dia 21, com o objetivo de levar um pouco de alegria às pessoas que estão em casa nesse período de pan-demia e chamar a todos para serem solidários. A Live da Solidariedade Sindiserp está arrecadando recursos, através do site Vaquinha. As contribui-ções podem ser feitas até o dia 30 desse mês. Com o valor arrecadado serão compradas cestas básicas para as paróquias Cristo Rei e São Roque entrega-rem aos mais necessitados.

    “Meu especial agradecimento a todos que vi-sualizaram a live, que estão doando e aos que se engajaram para que o evento fosse um sucesso. Foram mais de 16.500 visualizações só da transmis-são pelo face do Sindiserp, e muitas outras pelas salas de vídeos que foram se propagando. Juntos venceremos o Covid-19, mas não esqueça de usar máscara e manter o distanciamento social”, ressalta Neilene Lunelli, Presidente do Sindiserp.

    JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 202016 LIVES

    milhares de visualizações garantemsucesso da Live da Solidariedade

    Foto: Divulgação

    Rodrigo Solton e a presidente do Sindiserp, Neilene Lunelli, durante a Live da Solidariedade no Parque Gasper

    Banrisul lança edital para patrocinara realização de lives musicaisReprodução

  • JOrNAL INTEGrAÇÃO DA SErrA | 26 de Junho 2020 17FEIrA

    Repaginada, feira passa a ser atemporal,voltada a conexões humanas para negócios

    54 2621.4868 | www.fluxocon.com.brRua Gomes Carneiro, 436 | Sala 21 | Edifício Marcello | Bento Gonçalves

    A diretriz da próxima edição do evento, promovido há 30 anos pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Mo-vergs), é a de ser um movimento de conexões humanas para negócios, com três grandes frentes: Fimma Inova, Fimma Conexões e Negócios e Fimma Summit. O empresário Eu-clides Rizzi, fundador e diretor co-mercial da Lidear Máquinas do Bra-sil, está à frente da feira, organizada para apoiar a retomada do mercado, estimular novos negócios e humani-zar relacionamentos. Em 2011, Rizzi recebeu o Mérito Empresarial de Bento Gonçalves, concedido pelo CIC-BG.

    O presidente da Movergs, Rogé-rio Francio, ressalta que o novo mo-mento exige colaboração “e nada melhor do que a FIMMA Brasil ser a inspiração para a retomada, promo-vendo conexões humanas para os negócios e, dessa forma, contribuin-

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    FImmA BRASIL 2021

    A próxima edição da Feira Internacional de Máquinas, Matérias Primas e Acessóriospara a Indústria Moveleira (FIMMA Brasil), que acontecerá de 26 a 29 de abril de 2021, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, está sendo reinventada

    do para que os empresários repen-sem o futuro”. Ele acrescenta que a essência da feira sempre foi ser “do setor para o setor”, com muita doa-ção, energia compartilhada e apro-ximação dos elos da cadeia produti-va. “E será com esse mesmo intuito, de unir fabricantes de móveis a seus fornecedores e parceiros, que a FIM-

    MA Brasil se reinventa para integrar e fortalecer o setor”, enfatiza.

    “Entregar mais para o setor”Já Rizzi pontua que a palavra

    ousadia sempre esteve muito pre-sente na gestão dos empresários que lideraram edições anteriores da FIMMA Brasil. “Sempre ficou claro o empenho em buscar as melhores soluções para a cadeia, com parce-ria e respeito aos empresários, mo-veleiros e fornecedores”, acrescenta. “Sou muito grato e feliz em fazer parte desse novo momento da FIM-MA Brasil, que novamente assume o pioneirismo de ir além, de ser mais do que uma feira, de entregar mais para o setor”, celebra Rizzi.

    O presidente ressalta que a pró-xima edição da FIMMA Brasil será atemporal, ainda mais presente no dia a dia dos fabricantes de móveis, fornecedores, parceiros e comuni-dade. Ele acentua que os projetos FIMMA Inova, FIMMA Conexões e Negócios e o FIMMA Summit pro-porcionarão vínculos importantes com a cadeia moveleira em tempo integral.

    O QUEM VEM POR Aí

    FIMMA Inova - mais do que nunca, a FIMMA Brasil estará pre-sente no dia a dia das empresas, in-centivando e embasando a gestão de inovação, proporcionando o su-porte do que há de melhor para que essas práticas sejam repensadas. Em breve detalhes da programação.

    FIMMA Conexões e Negócios - investimento em estratégias e ca-minhos que auxiliem os expositores a apresentarem, de maneira diferen-ciada, suas inovações. De 26 a 29 de abril de 2021, em Bento Gonçalves.

    FIMMA Summit - grande en-contro de compartilhamento de conteúdo sobre inovação, que apro-ximará a cadeia e surpreenderá com novos caminhos para o setor. De 27 a 29 de abril de 2021.

    Foto: Rosângela Longhi

    Euclides Rizzi e Rogério Francio durante anúncio, em live, da FIMMA Brasil 2021

    DIRETORIA FIMMA BRASIL 2021Presidente: Euclides RizziDiretoria de Marketing: Vinícius Geremia e Cinara ManfroiDiretoria Comercial: Tiago Grando e Deyvi SantarosaDiretoria Industrial: Romildo Rizzi e Maisson CanterleDiretoria de Serviços: Douglas Giordani e Gilberto Anceski FilhoDiretoria de Assuntos Internacionais: Marcelo Haefliger e Jair HoffelderDiretoria de Inovação: Giovanni C. Rodrigues e Renato BernardiDiretoria de Projetos/Eventos: Marcelo Scotton e Thiago Seger