67
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS - GEOQUÍMICA VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, MN, CU, ZN, PB E HG), EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO DE JUTURNAIBA, RIO DE JANEIRO, BRASIL NITERÓI 2013

VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE QUÍMICA

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS - GEOQUÍMICA

VINICIUS ANDRADE SOUZA

DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, MN, CU, ZN, PB E HG), EM

SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO DE JUTURNAIBA, RIO

DE JANEIRO, BRASIL

NITERÓI

2013

Page 2: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

VINICIUS ANDRADE SOUZA

DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, MN, CU, ZN, PB E HG), EMSEDIMENTOS SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO DE JUTURNAIBA,

RIO DE JANEIRO, BRASIL

Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Geociências da UniversidadeFederal Fluminense, como requisito parcialpara obtenção do Grau de Mestre - Área deConcentração: Geoquímica Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar F. A. Wasserman

Niterói2013

Page 3: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por
Page 4: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por
Page 5: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Dedico este trabalho À minha mãe Lenalda, minha luz, religião e vida. Por

estar sempre acreditando nos meus passos e me dando abrigo, depois de cada queda.

Page 6: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus Orixás, que nunca me desamparam nos momentos

mais difíceis da vida.

Agradeço aos profissionais da UFF que, de diferentes maneiras, ajudaram nessa minha

caminhada: Júlio Wasserman, pela orientação e amizade; Emannoel V. Silva Filho, Wilson

Machado e Ana Regina, por terem dividido comigo conhecimentos e, ajudado na construção

desse trabalho através do acesso aos seus laboratórios. Gostaria também de agradecer aos

amigos funcionários que tornaram mais fácil minha vida na UFF: Nivaldo Camacho, Derli e

Ciça Filgueiras.

À minha família e amigos, por estarem sempre prontos a tornar minha vida mais leve,

dividindo alegrias, desilusões, estresses, realizações e sonhos, entre eles meus pais, Lenalda

Santos e Anselmo Souza, minha irmã, Maria Ester, Karen Gonçalves e Victor Silveira.

Aos camaradas de várias comemorações, sempre dispostos a prestarem alguma forma

de ajuda: Renato Pereira, Thiago Figueiredo, Leonardo Frasão, Monique Souza, Giovana

Vignoli, Sarah Rodrigues, Cristiane Pereira, Marina Freire, Bruna Dias

Ao Conselho Nacional de Ensino e Pesquisa (CNPq), pelo apoio financeiro.

Sem essas pessoas e outras tantas que, mesmo não citadas, são aqui lembradas, este

trabalho não teria um final feliz.

Page 7: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

RESUMO

A poluição do meio ambiente por metais pesados é um problema global, porque esses metais

não são biodegradáveis, podem apresentar grande dispersão em compartimentos ambientais e

a maioria deles têm efeitos tóxicos sobre os organismos vivos. Como Juturnaíba é um

ambiente protegido, acaba funcionando como uma barreira geoquímica de metais que entram

no reservatório a partir da bacia de drenagem. Além disso, parte da paisagem foi inundada

após a construção da barragem, o que favoreceu o desenvolvimento de condições anóxicas,

com possível redução do potencial redox dentro dos sedimentos e consequente modificação

das condições geoquímicas. A diversidade de usos do sistema hídrico para abastecimento de

água, controle de inundações, irrigação agrícola, recreação e pesca, não só justifica o

conhecimento sobre a dinâmica como torna urgente a análise do comportamento de alguns

poluentes no Juturnaíba. Uma avaliação da distribuição dos metais Al, Pb, Cu, Mn, Fe e Zn e

Hg, nos sedimentos superficiais do Reservatório Juturnaíba, foi objeto do trabalho aqui

apresentado. Os mapas de distribuição das concentrações totais dos metais indicam que os

maiores valores de Pb, Zn, Mn e Hg estão associados com o rio Bacaxá. Os outros metais Al,

Fe e Cu tiveram maiores concentrações associadas com o aporte do Rio São João, próximo ao

vertedouro da barragem. É necessário também destacar que as maiores concentrações Pb, Zn,

Mn e Hg ocorrem em uma área de significativa produção de macrófitas, onde o processo de

metilação pode ser mais significativo, o que constitui ameaça à saúde humana e a do meio

ambiente. Mais estudos com foco na hidrodinâmica do reservatório são necessários para uma

melhor compreensão dos processos que controlam as concentrações.

Palavras-chave: Reservatório Tropical. Saúde Pública. Qualidade dos Sedimentos.

Page 8: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

ABSTRACT

The environmental pollution by heavy metals is a global problem because these metals are not

biodegradable, they can present a great dispersion in environmental compartments and most

of them have toxic effects on living organisms. Juturnaíba is a protected environment and

functioning as a geochemistry metal barrier that entering in the reservoir from the watershed.

Moreover, part of the landscape was flooded after the construction of the dam, which favored

the development of anoxic conditions, with possible reduction in redox potential of the

sediments and the consequent change in geochemical conditions. The variety of uses of the

water system for water supply, flood control, agricultural irrigation, recreation and fishing,

not only justifies the knowledge about the dynamics as it becomes urgent to analyze the

behavior of some pollutants in Juturnaíba. An assessment of the distribution of the metals Al,

Pb, Cu, Mn, Fe and Zn and Hg in surface sediments Juturnaíba Reservoir, was the object of

the work presented here. The distribution maps of total concentrations of metals indicate that

the highest values of Pb, Zn, Mn and Hg are associated with the river Bacaxá. The other

metals Al, Cu and Fe concentrations were associated with higher intake of Rio San Juan, near

the spillway of the dam. It is also necessary to highlight that the highest concentrations Pb,

Zn, Mn and Hg occur in an area of significant production of macrophytes, where the

methylation process can be more significant, which constitutes a threat to human health and

the environment. Further studies focusing on the hydrodynamics of the reservoir are needed

for a better understanding of the processes controlling concentrations.

Key-words: Tropical Reservoir. Public Health. Sediment Quality.

Page 9: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do Reservatório de Juturnaiba.............................................................19

Figura 2 - Localização das estações de amostragem de sedimentos........................................21

Figura 3 - Registro dos pontos de interseção das radiais com as isolinhas de

concentração..............................................................................................................................23

Figura 4 - Porcentagem da fração menor que 63 m..............................................................24

Figura 5 - Distribuição das concentrações de COT dadas em% (p/p) nos sedimentos do

reservatório de Juturnaíba........................................................................................................25

Figura 6 - Distribuição das concentrações de Hg....................................................................26

Figura 7 - Atenuação do Hg no Reservatório de Juturnaíba. Os valores de atenuação são adimensionais............................................................................................................................28

Figura 8 - Localização das estações de amostragem de sedimentos........................................33

Figura 9 - Porcentagem da fração menor que 63 m..............................................................37

Figura 10 - Distribuição das concentrações de COT...............................................................38

Figura 11 - Distribuição das concentrações de P.....................................................................40

Figura 12 - Distribuição das concentrações de N....................................................................40

Figura 13 - Distribuição das concentrações de Pb...................................................................42

Figura 14 - Distribuição das concentrações de Zn...................................................................42

Figura 15 - Distribuição das concentrações de Mn..................................................................43

Figura 16 - Distribuição das concentrações de Cu...................................................................43

Figura 17 - Distribuição das concentrações de Fe...................................................................44

Figura 18 - Distribuição das concentrações de Al...................................................................45

Figura 19 - Atenuação do Mn no reservatório de Juturnaiba...................................................47

Figura 20 - Atenuação de Pb no reservatório de Juturnaiba....................................................48

Page 10: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação dos resultados obtidos neste estudo com outros trabalhos.................27

Tabela 2 - Comparação das concentrações de metais obtidos neste estudo com os resultados

obtidos em outros ambientes de barragens...............................................................................46

Tabela 3 - Concentração total de Al, Pb, Cu, Mn, Fe, Zn, Hg (em mg/kg) e nutrientes COT, N e P (% p/p), em sedimentos superficiais do reservatório de Juturnaiba....................................62

Tabela 4 - Fator de Enriquecimento e Correção Granulométrica dos metais Cu, Zn, Mn, Pb e Fe...............................................................................................................................................63

Tabela 5 - Matriz de correlação de Pearson entre os metais....................................................63

Page 11: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

LISTA DE ABREVIAÇÕES

Al Alumínio

CO2 Gás Carbônico

COT Carbono Orgânico Total

Cu Cobre

DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra a Seca

Fe Ferro

Hg Mercúrio

Km Quilômetro

mm Milímetro

m Metro

NO Óxido de Nitrogênio

Mn Manganês

N Nitrogênio

P Fósforo

Zn Zinco

µ Micrômetro

Page 12: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

2 DISTRIBUIÇÃO DE MERCÚRIO EM SEDIMENTOS DE RESERVATÓRIO

TROPICAL NO BRASIL.......................................................................................................16

2.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................16

2.2 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................18

2.2.1 Área de estudo ................................................................................................................ 19

2.2.2 Amostragem e procedimentos analíticos ...................................................................... 21

2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................23

2.5 CONCLUSÃO....................................................................................................................28

3 DISTRIBUIÇÃO DE METAIS PESADOS EM SEDIMENTOS DO RESERVATÓRIO

DE JUTURNAÍBA, RIO DE JANEIRO, BRASIL..............................................................30

3.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................30

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................32

3.2.1 Área de estudo ................................................................................................................ 32

3.2.2 Amostragem e procedimentos analíticos......................................................................34

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................36

3.4 CONCLUSÃO...................................................................................................................48

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 50

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 52

6 ANEXOS............................................................................................................................61

Page 13: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

11

1 INTRODUÇÃO

Os metais estão amplamente distribuídos pela crosta terrestre e, juntamente com outros

elementos, fazem parte da estrutura cristalina das rochas. Introduzidos nos sistemas naturais

através de processos geoquímicos, a exemplo do intemperismo, o aumento das concentrações

dos metais no meio ambiente é na maior parte das vezes resultado das atividades humanas

como reflexo de sua larga utilização pelas indústrias (KJELLSTROM, 1984).

Desde a revolução industrial, a quantidade e os tipos de poluentes que são lançados no

meio ambiente têm aumentado rapidamente, levando à deterioração ambiental e rápida

depleção dos produtos naturais não renováveis (BOHRER, 1995). Até mesmo em regiões não

submetidas à contaminação industrial, como na Antártida e na Groenlândia, significativas

concentrações de Pb foram registradas em testemunhos de gelo. O nível de Pb no gelo da

Groelândia aumentou mais de 100 vezes a partir do início do século 20, enquanto na Antártida

as concentrações de Cu e Zn também aumentaram significativamente devido às emissões

industriais (PLANCHON, 2002).

Rodriguez et al. (2000); Zheng et al. (2008) consideram que os contaminantes podem

atingir os ecossistemas aquáticos por meio de fontes difusas e/ou fontes pontuais. Fontes

difusas podem incluir o escoamento superficial de áreas agrícolas, urbanas e industriais, águas

subterrâneas contaminadas, remobilização a partir do próprio sedimento, disposição de

material dragado e precipitação atmosférica, deposição via seca e úmida, enquanto a descarga

direta de efluentes industriais e urbanos são exemplos de fontes pontuais. Tais aportes

antrópicos trazem consigo consideráveis concentrações de espécies químicas tóxicas,

sobretudo os metais, que são acrescentadas às concentrações geogênicas naturalmente

encontradas no meio ambiente.

No meio ambiente, a remediação da contaminação por metais se torna difícil devido a

sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por isso, é importante destacar a

diferença entre contaminação e poluição, uma vez que a água de um rio pode estar

contaminada e não estar poluída, por estes elementos. Estará contaminada se tiver algum

contaminante químico a exemplo do mercúrio estiver presente, pois a contaminação é causada

pela presença, no ambiente, de substâncias ou microrganismos nocivos à saúde. Já o conceito

de poluição esta relacionado à promoção de desequilíbrio ecológico, ou seja, alterações

ecológicas causadas pela emissão de substâncias toxicas no ambiente, que ultrapassem a

capacidade do sistema de se auto-depurar quando é alvo de alguma perturbação.

Page 14: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Em lagoas situadas em áreas altamente urbanizadas o material particulado oriundo do

escoamento superficial pode ser a principal fonte de metais para o ambiente (STOICHEV et

al., 2006). Estudo desenvolvido por Zheng et al. (2008), indicam que mais de 90% dos metais

que são levados aos ecossistemas aquáticos estão relacionados a partículas em suspensão e a

sedimentos. No caso de contaminação por mercúrio, em sistemas aquáticos, o estudo de Kudo

et al. (1977), indicam que a quase totalidade do Hg, aproximadamente 98%, se encontra no

sedimento, enquanto que peixes, invertebrados e plantas acumulam somente 0,22% do

mercúrio total que contamina um ambiente aquático.

Uma vez nos reservatórios de água os metais podem se apresentar associados aos

sedimentos particulados em suspensão ou de fundo, nas formas solúveis ou podem estar

assimilados à biota. Essas diferentes fases estão associadas a uma série de processos

químicos, físico-químicos e geoquímicos, tais como: adsorção, complexação, precipitação e

assimilação biológica, que favorecem a retenção nos sedimentos superficiais, dos metais

associados a diversos substratos, a exemplo das superfícies de argilominerais, óxidos e

hidróxidos de ferro e manganês, carbonatos, sulfetos e matéria orgânica (PATCHINEELAM et

al., 1983).

Os sedimentos tendem a fornecer uma excelente prova do impacto antropogênico, pois

permite uma avaliação mais consistente da variabilidade espacial e temporal da contaminação,

em relação à água, isto porque podem concentrar contaminantes, mesmo que em baixos níveis

(GUEVARA, 2005). Esta é uma importante característica, já que alguns cátions de metais,

mesmo em concentrações reduzidas, ao atingirem as águas de um reservatório podem sofrer o

efeito denominado de bioacumulação e biomagnificação, ou seja, como não são essenciais ao

ciclo metabólico dos organismos vivos, a exemplo do Hg e Pb, são então armazenados e

ampliados nos tecidos dos seres vivos que integram a cadeia alimentar do ecossistema

(LOSKA, 2003).

Apesar de se concentrarem principalmente no sedimento superficial, os metais não

estão permanentemente fixados neste compartimento abiótico, e podem ser remobilizados

para coluna d´água, devido a alterações nas condições ambientais, tais como pH,

hidrodinâmica, salinidade e potencial redox ou presença de quelantes orgânicos (SOARES et

al., 1999), o que torna os sedimentos uma fonte difusa de contaminantes, mesmo após a

desativação da fonte primária de poluição (SALOMONS, 1994).

Análises químicas de perfis ou testemunhos de sedimentos podem representar a chave

para a interpretação dos eventos que ocorrem num reservatório de água ao longo do tempo. O

Page 15: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Al, por exemplo, pode responder pela maior abundancia na matriz dos sedimentos. Os

nutrientes, como carbono orgânico (CO), nitrogênio (N) e fósforo (P), contribuem com cerca

de 10% da composição dos sedimentos lacustres recentes. Elementos como manganês (Mn) e

ferro (Fe), estão presentes com cerca de 5% desta composição. Os elementos traço como o

mercúrio (Hg), cobre (Cu), zinco (Zn) e chumbo (Pb), representam apenas 0,1% da

composição sedimentar (REIMANN; CARITAT, 1998).

Alguns destes elementos químicos já citados podem influenciar um desequilíbrio

natural e até mesmo causar a exposição de populações humanas a riscos de saúde, pela

ingestão de organismos contaminados (MARQUES et al., 1999). A manifestação dos efeitos

tóxicos está associada à forma química, a propriedade toxicológica do elemento, a

concentração, as vias de exposição e à dose incorporada, podendo afetar vários órgãos,

alterando os processos bioquímicos, organelas e membranas celulares. No entanto, existem

diversos metais que são essenciais para os sistemas biológicos, mas em concentrações tão

pequenas que estes elementos são designados como micronutrientes, como é o caso do zinco e

do ferro.

A ação química dos metais tem despertado grande interesse ambiental, sendo a

questão da contaminação do ambiente aquático um dos principais objetos de estudo na

atualidade. Nas últimas décadas, a difusão do conceito “saúde dos ecossistemas”, tem sido

usado com maior freqüência na literatura, e pelos gerentes ambientais que começaram a

considerar a proteção dos ecossistemas aquáticos como uma das prioridades do manejo

ambiental (TUNDISI, 2006).

A preocupação pela contaminação por metais se deve, em parte, ao fato dos metais não

possuírem caráter biodegradativo no meio ambiente, o que acaba determinando sua

permanência em ciclos biogeoquímicos globais nos quais as águas naturais são os principais

meio de transporte. Em alguns casos as concentrações de alguns metais nos ambientes

aquáticos podem acabar superando a capacidade de suporte do meio, sendo este, definido

como nível de utilização dos recursos naturais que um ecossistema ambiental pode suportar,

garantindo-se a sustentabilidade e a conservação de tais recursos e o respeito aos padrões de

qualidade ambiental (MMA, 2011).

Ainda são poucos os estudos nos países tropicais que têm centrado o foco em sistemas

fluviais construídos como barragens, onde os metais pesados nos sedimentos podem ser

afetados, entre tantos outros fatores, pelas mudanças físico-químicas da água e pelo seu tempo

de renovação prolongada (KUMMU, 2007).

Page 16: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Partindo desse pressuposto, optamos por estudar a concentração dos metais Fe, Mn,

Al, Cu, Pb, Zn e Hg, nos sedimentos superficiais do reservatório de Juturnaíba, que por ser

um ambiente lêntico, acaba funcionando como uma barreira geoquímica para metais, isto

porque, os metais que entram no reservatório pela via fluvial, acabam perdendo energia e se

sedimentam, em razão das baixas hidrodinâmicas. Como resultado, nos sedimentos anóxicos

destes ambientes podem ocorrer deposição e acumulação de metais, o que deixa estes

compartimentos vulneráveis à contaminação.

A bacia hidrográfica do rio São João foi considerada pelo Ministério do Meio

Ambiente como área de extrema importância para a conservação da biodiversidade aquática,

uma vez que a ictiofauna do Rio São João é composto por mais de 90 espécies de peixes

(MMA, 2002). Com isso, a atividade de pesca no reservatório de Juturnaiba é frequente.

No desenvolvimento do trabalho descrevemos a distribuição dos metais na área da

represa, a partir dos pontos de maiores concentrações, usando para isso o modelo de

atenuação, que indica a partir de dados de concentração de um poluente, seu comportamento

em um determinado ecossistema e a extensão de seu alcance, com intuito de poder estimar sua

mobilidade. Também comparamos as concentrações encontradas em Juturnaiba com padrões

registrados na literatura e levantamos informações que podem servir em futuros programas de

gestão do reservatório.

No presente estudo avaliamos a fixação preferencial de metais entre as frações

granulométricas estudadas utilizando o calculo do Índice Geoquímico de Distribuição

Granulométrica (IGDG). Santos et al. (2002) empregaram o teor do metal determinado na

fração <0,063 mm (fração argilosa), para o cálculo do IGDG, onde, majoritariamente, se

concentram os argilominerais e a matéria orgânica.

A avaliação quantitativa do grau de poluição por metais nos sedimentos do

reservatório foi feito através do cálculo do Índice de Geoacumulação (IGEO) (MÜLLER,

1979), utilizando como teores de background os valores obtidos dos folhelhos (REIMANN;

CARITAT, 1983). Essa metodologia de avaliação vem sendo, tradicionalmente, utilizada por

diversos outros autores (RODRIGUES-FILHO, 1995; RODRIGUES-FILHO et al., 1997; MI-

ZUSAKI et al., 2006; CESAR et al., 2011) e, dessa forma, os dados gerados constituem um

bom parâmetro de comparação.

O resultado do estudo está sendo apresentado na forma de artigos: um sobre a

distribuição de Hg em sedimentos superficiais do reservatório de Juturnaiba e outro sobre a

Page 17: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

distribuição de outros metais (Al, Cu, Zn, Mn, Pb e Fe) em sedimentos superficiais do mesmo

reservatório.

Page 18: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

2 DISTRIBUIÇÃO DE MERCÚRIO EM SEDIMENTOS DE RESERVATÓRIO

TROPICAL NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

2.1 INTRODUÇÃO

O mercúrio (Hg) é um poluente de preocupação global para a saúde humana, devido à

sua toxicidade e capacidade de longo alcance pelo transporte atmosférico (USEPA, 1997). O

lançamento deste poluente por atividades antropogênicas e sua capacidade de transporte

atmosférico, têm aumentado significativamente suas concentrações no ambiente aquático e,

consequentemente, na biota. Lindqvist (1994) estima que apenas 10-20% do Hg emitido a

partir de fontes pontuais é depositado nas proximidades, sendo o restante depositado

regionalmente ou globalmente.

A preocupação toxicológica sobre a bioacumulação do mercúrio nas cadeias

alimentares aquáticas, especialmente de metilmercúrio (MeHg), levou a extensas pesquisas,

principalmente nas regiões temperadas e na região amazônica, sobre as concentrações de Hg

em diferentes compartimentos ambientais, incluindo água, sedimentos e biota (MASON,

1998; STOICHEV et al., 2004; HACON et al., 2008).

O ciclo biogeoquímico do mercúrio no ambiente sedimentar desperta a atenção, isto

porque em tais condições a acumulação do mercúrio e suas transformações são favorecidas

pela baixa hidrodinâmica, o que gera condições para a sedimentação de grãos finos,

estratificação da coluna d´água e depleção de oxigênio (CRAIG et al., 1986). Os sedimentos

anóxicos também favorecem o desenvolvimento das bactérias redutoras de sulfato que são

descritas como importantes metiladoras do mercúrio (COMPEAU et al., 1985; DURAN et al.,

2008; ACHA, 2011). Além da metilação microbiana, outros processos químicos relacionados

à especiação do mercúrio podem ocorrer em condições anóxicas (NAGASE et al., 1982;

GILMOUR et al., 1991; MISKIMMIN, 1991) e o fracionamento geoquímico é fortemente

afetado (BARROCAS et al., 1998).

A preocupação com as condições nos reservatórios de água no tocante a

biogeoquímica do mercúrio, tem relação com o fato de a inundação poder influenciar em

alterações nas condições redox e com isso levar a um maior desencadeamento no processo de

metilação. Por exemplo, a construção de uma barragem na Guiana Francesa (lago Petit-Saut)

para produzir energia elétrica favoreceu uma maior retenção de peixes migratórios e

endêmicos na área do reservatório (RICHARD, 2002), sendo estes utilizados na dieta humana.

Este fato pode levar ao aumento do risco de contaminação humana por metil-mercúrio através

da cadeia trófica, pela ingestão de peixe e crustáceos contaminados (HACON et al., 2003).

Page 19: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

No lago Petit-Saut, um forte processo de desgaseificação do mercúrio metálico foi

objeto de estudo, de Amouroux et al. (1999), cuja conclusão indica que o mercúrio só poderia

ter sido gerado a partir das atividades de garimpagem artesanal a montante da barragem.

Embora este quadro já seja preocupante, as taxas de biomagnificação através da cadeia

alimentar podem ser ainda maiores, tal como mostrado no extenso trabalho realizado por Aula

et al. (1994) no reservatório de Tucuruí.

Embora existam bastantes estudos sobre a metilação do mercúrio em reservatórios fora

do Brasil, os processos são ainda pouco conhecidos. O papel das bactérias associadas à

macrófitas aquáticas em ambientes de água doce foi recriado em laboratório por rádio-ensaios

desenvolvidos in vitro, que indicam que as taxas de metilação podem atingir até 36% (ACHÁ

et al., 2011; CORREIA et al., 2012). Segundo Guimarães et al. (2000), esta associação entre

bactérias e raízes de macrofitas aquáticas pode ser o mais importante processo de metilação

no ambiente Amazônico e é, provavelmente, muito importante em reservatórios de água doce.

No início de 1970, o governo brasileiro estabeleceu uma política de ocupação do

território que, entre muitas ações, planejou a construção de barragens e reservatórios para

armazenamento de água e produção de energia. O reservatório de Tucuruí é uma dessas

construções que sozinha foi responsável pela inundação de mais de 2.400 km2

(ELETROBRÁS, 2010). Além do significativo desflorestamento provocado, a construção da

barragem modificou a configuração sedimentológica inteira e a composição química da região

(FEARNSIDE, 2001).

Seguindo a mesma filosofia, o DNOCS (extinta instituição governamental de

saneamento) propôs a construção de uma barragem na Bacia do São João (70 km a leste do

Município do Rio de Janeiro), com o objetivo de fornecer água abundante para um

assentamento agrícola à jusante da bacia (BINZSTOK, 1999). Além da barragem, a drenagem

de zonas úmidas permitiria ao agricultor instalar campos de arroz.

Todo o projeto da construção da barragem de Juturnaiba tem certas semelhanças com

o que foi feito em varias partes do mundo e um bom exemplo foi descrito por Aldhous (2004)

na Ilha de Bornéu, onde a acidificação do solo, devido à oxidação da matéria orgânica,

dificulta novos desenvolvimentos agrícolas na região e a turfa formada sob condições

anóxicas queima periodicamente.

Atualmente, a barragem de Juturnaíba (Bacia do São João) fornece água tratada para

uma população de mais de 600 mil pessoas e é o segundo mais importante reservatório de

Page 20: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

água potável no Estado do Rio de Janeiro. Devido à construção da barragem, o tempo de

renovação da água aumentou para quase 40 dias (BIDEGAIN et al., 2003), favorecendo a

concentração de nutrientes e estimulando a proliferação de macrófitas aquáticas, a exemplo de

Egeria densa, Ceratophyllum demersum, Salvinia auriculata e, menos freqüente, a

Eichhornia crassipes, que é indicadora de ambientes eutróficos.

Essas plantas aquáticas podem ser responsáveis por várias modificações químicas,

incluindo a geração de condições para a metilação de mercúrio, como descrito acima. As

costas sul e leste da barragem se apresentam cobertas por vegetação aquática, composta

principalmente por Typha domingensis, que são eficientes absorventes de metais pesados, o

que auxilia na purificação da água (VALITUTTO et al., 2007)

Neste ambiente, o sedimento superficial pode ser considerado o destino final de metais

pesados, pois como é um ambiente de baixa hidrodinâmica, os sedimentos trazidos pelos rios

perdem força e sedimentam, servindo assim como uma barreira geoquímica para metais

(FINDIK, 2012). O sedimento apresenta menor variação com o tempo e espaço em

comparação com a água, e pode proporcionar um excelente proxy do impacto antrópico

(GUEVARA, 2005).

Para construção da represa, a lagoa de Juturnaiba, além de parte das matas ribeirinhas,

brejos e trechos dos Rios São João, Bacaxá e Capivari, afluentes do reservatório, foram

inundadas após a construção da barragem sem a devida remoção da mata ciliar, favorecendo

assim o desenvolvimento de condições anóxicas, com redução do potencial redox dentro dos

sedimentos e modificação das condições geoquímicas. Houve também retificação dos rios

afluentes, com impacto direto sobre os parâmetros físicos, tais como a geometria do canal,

elevação do fundo, composição e estabilidade do substrato, velocidade, turvação, fluxo de

transporte de sedimentos e temperatura (BATALLA, 2003).

O objetivo do presente estudo foi o de avaliar a distribuição de mercúrio nos

sedimentos superficiais do reservatório de Juturnaíba, e utilizar o modelo de atenuação da

concentração proposto por Wasserman e Queiroz (2004), na avaliação da mobilidade do metal

com base na distribuição espacial em sedimentos superficiais.

Alguns objetivos específicos foram desenvolvidos no estudo, como: comparação com

outros estudos, descrição dos processos que podem estar influenciando na mobilidade do Hg e

corelação entre as concentrações de mercúrio total, carbono orgânico total e granulometria.

2.2 MATERIAIS E MÉTODOS

Page 21: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

7500000

7498000

7496000

7494000

7492000

7490000

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Rio São João

Rio Capivari

Rio Bacaxá

2.2.1 Área de estudo

A barragem de Juturnaíba (figura 1) foi construída no início da década de 1980, cerca

de 65 Km da nascente do Rio São João, entre Silva Jardim e Araruama, pouco acima da

confluência do canal Revolver com o rio principal, no estado do Rio de Janeiro. Segundo

dados da FEEMA (1986), o reservatório é classificado como mesotrófico e a precipitação

anual na região varia entre 1500 mm e 2500 mm.

A superfície da barragem é de 43 km2, com 85 km de perímetro, sendo uma largura

máxima de 4 km e um comprimento máximo de 15 km. A barragem possui uma capacidade

de armazenamento de água de 100 milhões de m3 e a quantidade de sólidos totais recebidos

pelo reservatório resulta em uma concentração média de aproximadamente 100 mg/l, dos

quais 35% são resíduos orgânicos (BARCELLOS, 2012). Por esta razão, a transparência da

água é baixa, cerca de 0,75 m, em média, como inferido por medidas de disco Secchi

(WASSERMAN, 2012).

A represa tem um formato irregular, podendo ser distinguidos três braços. O braço ao

norte corresponde ao brejo do vale do Rio São João que foi inundado. No meio da represa está

o braço do vale afogado do Rio Capivari e ao sul o do Bacaxá (figura 1). A represa é

abastecida pelas águas dos rios e sub-bacias do São João, Capivari e Bacaxá. A área da bacia

hidrográfica à montante da barragem é de 1370 Km2, que corresponde a pouco mais da

metade de toda a bacia, sendo, 650 Km2 correspondentes as sub-bacias do São João, 510 Km2

as do Rio Bacaxá e 210 Km2 as do Rio Capivari (WASSERMAN et al., 2008).

Figura 1 - Localização do Reservatório de Juturnaiba.

No Rio São João os caudais máximos absolutos anuais foram 133 m³/s e 119 m³/s. No

Rio Capivari, esses valores registraram 62,9 m³/s e 43,1 m³/s. Já no Rio Bacaxá, os valores

máximos foram de 99,4 m³/s e 52,9 m³/s. Já em situações de estiagem os caudais foram iguais

Page 22: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

20

ou inferiores a 7,3 m3/s para o Rio São João, 0,5 m3/s para o Rio Capivari e 1 m3/s para o Rio

Bacaxá (CUNHA, 1995). A vazão regularizada é variável, dependendo do volume acumulado

na represa. Quando cheia, o volume de água potencialmente descarregado no canal do São

João, à jusante da barragem, é da ordem de 20 m³/s, conforme estudo da FEEMA (1986).

Em estudo divulgado recentemente, Wasserman (2012) analisou a qualidade da água

do reservatório, mensalmente, durante dois anos e constatou o pH com um valor médio de

6,5, no entanto apresentou variações de pH entre 5,8 – 7,9. Este fato indica que a área não

deve ser muito afetada por processos químicos que podem alterar a acidez, como intensa

produção primária fitoplânctonica (aumentaria o pH) ou cargas significativas de ácidos

orgânicos ou outras substâncias que podem diminuir o pH.

O reservatório de Juturnaíba é caracterizado por profundidades menores de 6 metros

que ocorrem, principalmente, na área da lagoa de Juturnaíba (antes de inundação). Já nas

outras áreas, as profundidades não ultrapassam 3 metros. A lagoa possui uma estratificação

relativa, que permite distinção entre um epilímnio e hipolímnio, embora esta estratificação

não implique a ocorrência de uma termoclina. A temperatura média da água é 24,6 º C, com

variações entre 20 e 30 ºC.

Os solos da região são extremamente intemperizados, compostos principalmente por

oxi-hidróxidos de alumínio e ferro, com uma cor marrom a vermelha e caracterizada por uma

textura argilosa e siltosa. A baixa coesão do solo o torna suscetível à erosão. Além disso, a

retificação artificial dos rios afluentes da represa para melhorar os solos de drenagem,

acelerou o fluxo de água, aumentando a erosão das margens e o transporte de sedimentos,

causando assim alterações na qualidade da água (BIDEGAIN et al., 2003). Todos esses

processos podem promover alterações nas características sedimentares e química dos

sedimentos, podendo dessa forma afetar a mobilidade, especiação e disponibilidade de

mercúrio.

A forma de uso e ocupação do solo é caracterizada nos municípios que integram a

bacia hidrográfica constituinte da represa, por assentamentos humanos (cidades, vilas e

povoados), poluição urbana, lixões, mineração irregular, áreas agrícolas e de pastagens, além

de remanescentes de vegetação nativa como florestas ombrófilas densas, brejos, campos

inundados, pastagens e restingas. Poucas são as indústrias cadastradas, sendo todas de

pequeno e médio porte (BINZSTOK, 1999).

Page 23: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33 Vertedouro

31

0 1000 2000300030 Barragem

29

Peixe Vivo 26

25 2724

22 28

23

2021

1819

1417

15 1613

Silva Jardim12

Cabo Frio11

10

59

6

87

432 1

Estação Meteorológica

21

No reservatório são pescados, principalmente, os peixes traíra (Hoplias malabaricus),

sairú (Cyphocharax gilbert), lambari (Astyanax parahybae), piabanha (Brycon opalinus) e

tucunaré (Cichla monoculus).

2.2.2 Amostragem e procedimentos analíticos

32 amostras de sedimentos superficiais foram coletadas no reservatório de Juturnaíba

em março de 2011, nas estações representadas na Figura 2. Todos os locais de amostragem

foram determinados com sistema rastreador de posicionamento global (GPS). A coleta foi

feita com garra de aço do tipo Van Veen. As amostras coletadas foram postas em sacos

plásticos zip-lock e armazenadas em isopores com refrigeração até a chegada ao laboratório,

onde eram guardadas no congelador até o momento da análise. Além das amostras usadas

para análise do mercúrio, cerca de 300g de cada amostra foram embalados em sacos plásticos

e armazenados como amostras de segurança.

7498000

7496000

7494000

7492000

7490000

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 2 - Localização das estações de amostragem de sedimentos.

As amostras de sedimento foram analisadas observando-se o tamanho da partícula por

peneiração úmida numa peneira com abertura 63 µm, obtendo-se o percentual da fração de

argila e silte. As análises do carbono orgânico total e nitrogênio foram realizados pelo

Laboratório Bioagri, usando o analisador elementar CHN LECO-1000, que quantifica CO2 e

João

Page 24: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

NO gerados pela combustão das amostras de sólidos usando O2 como gás oxidante, em

temperaturas acima de 950 °C. Os produtos de combustão eram mantidos em colunas

específicas para a absorção do CO2 e NO, e o sistema de medição da massa ("scale") fazia a

leitura da quantidade de massa adsorvida e da sua percentagem de conversão (NELSON,

1996).

O mercúrio foi analisado no laboratório 404 de química analítica, localizado no prédio

da química na UFF. Para quantificação do mercúrio total o sedimento foi digerido com 50%

de água régia (3 HCl: 1 HNO3), utilizando o termo-reator cinético (dedo frio) com água

destilada, para evitar a perda de mercúrio por volatilização durante a digestão da amostras

(GONÇALVES et al., 1999). Em cada um dos 32 extratos foram usados 5 mL de amostra

com 5 ml de agente de redução SnCl2 2%. Usamos o detector de Hg Coleman Bacarach de

espectrometria de absorção atómica com vapor frio (MALM et al., 1989).

O material certificado utilizado foi PACS 2, com o valor de referência 3,04 ng/g. O

limite de detecção foi de 0,002 ng/g e o limite de quantificação foi de 0,003 ng/g. A exatidão

geral deste método foi determinada por análise da recuperação do mercúrio, sendo que 98%

de Hg introduzido foi recuperado. A relação entre as concentrações de mercúrio total, carbono

orgânico total e granulometria permitiu posteriores interpretações dos resultados.

Os resultados das concentrações na barragem de Juturnaíba foram plotados em um

mapa de contorno (iso-concentração) com o software Surfer. Este modelo aplica uma

interpolação espacial ponderada com base nas equações de regressão linear entre os pares de

pontos de dados. O resultado é uma distribuição espacial da concentração de mercúrio nos

sedimentos. A partir deste mapa de distribuição, o modelo de atenuação das concentrações foi

construído (WASSERMAN; QUEIROZ, 2004).

O principio do modelo de atenuação de concentração é baseado na distancia entre duas

isolinhas consecutivas de concentração (figura 3). Quanto menor a distancia entre as

isolinhas, mais rapidamente a concentração diminui (distribuição menos homogênea) e, em

tais condições a mobilidade do metal é baixa. Por outro lado, para maiores distâncias entre as

isolinhas de concentração, a distribuição do metal é homogênea, devido a maior mobilidade.

Page 25: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Radiais: X = LatitudeY = LongitudeZ = Concentração

Figura 3 - Registro dos pontos de interseção das radiais com as isolinhas de concentração.

Para a construção do modelo de atenuação é necessário determinar pares de posições,

uma em um contorno e a outra no contorno imediatamente posterior. Ambos os pares devem

seguir uma linha perpendicular que atravessa os dois contornos. A distância entre os dois

contornos é calculada e dividida pela diferença entre o contorno anterior e posterior. O

resultado é a atenuação da concentração (Chamada de A), que é plotada na mediana do par de

pontos e para cada intervalo de isolinhas, foi utilizada a seguinte equação:

A=Δ[Me]D-1

Onde Δ[Me] é a distância entre a concentração da primeira isolinha e a segunda

isolinha e D é a distância euclidiana entre duas isolinhas consecutivas.

Este procedimento é repetido até que todos os pontos de atenuação estejam presentes

no mapa. Em seguida, os valores de A, com as respectivas coordenadas, são representados em

um novo mapa de isolinhas, agora demonstrando a atenuação da concentração do elemento na

área de estudo.

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pouco se sabe sobre os processos sedimentares no reservatório de Juturnaíba, no

entanto, é possível considerar algumas fontes alóctones e autóctones de partículas

sedimentares. O primeiro grupo é a partir de fontes dos rios e consiste de material detrítico e

solos erodidos que fluem para dentro do reservatório. As fontes autóctones são frutos

principalmente da produção primaria, erosão das margens ou da ressuspensão dos sedimentos

de fundo, processos esses observados por Wasserman (2012).

Após análise granulométrica, o grão dominante no reservatório foi classificado como

argila e lodo (% <63um), com um teor médio de 93% do total. Estes finos grãos de

Page 26: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

sedimentos entram no sistema através dos rios São João, Bacaxá e Capivari, acabam perdendo

energia e acumulam-se especialmente em suas confluências (Figura 4). De acordo com

Förstner et al. (1983), este tamanho de grão favorece a acumulação de contaminantes através

dos processos químicos de superfície.

A apresentação de homogeneidade na Figura 4 é provavelmente influenciada pela

baixa hidrodinâmica em razão das baixas velocidades das correntes de vento

(WASSERMAN, 2012). Os dois pontos com sedimentos mais grosseiros estão associados

com as amostras 22 e 27, mas não podem ser explicados com os dados obtidos no presente

trabalho. Uma hipótese viável é o desabamento de altas falésias presentes nessas áreas,

gerando a mistura de diferentes granulometrias.

No estudo de Wasserman (2012) em Juturnaiba, foram observadas altas concentrações

de material particulado em suspensão, além de alta turbidez, o que podem estar relacionados à

ação das ondas nas margens. Desde que o reservatório foi formado no início de 1982, a

submersão de grandes áreas modificou o processo de erosão nas novas margens formadas,

agora submetidas às ondas geradas pela força do vento, o que aumentou significativamente a

erosão. Ele também observou que a presença de extensos bancos de macrófitas na foz dos rios

funciona como barreiras de contenção de sedimentos.

7500000

987498000

877496000

76

7494000

65

7492000

54

7490000

43

7488000 32770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 4 - Porcentagem da fração menor que 63 m.

A concentração média de carbono orgânico total em Juturnaíba foi de 7% (p/p) (Figura

5), variando de 0,8 a 27% (p/p). A amostra 2 apresenta uma alta concentração (27%), que

Page 27: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

pode estar associada com a hidrodinâmica baixa da região e também com uma significante

acumulação de matéria orgânica a partir da decomposição de plantas aquáticas, em um

ambiente efetivamente redutor. Uma das razões para o aparecimento de altos níveis de

carbono orgânico no reservatório Juturnaíba pode ser o fato de a inundação ter submergido a

vegetação, que pode ter ficado preservada no solo do fundo.

7500000

7498000 26

7496000 21

749400016

7492000

11

7490000

6

7488000 1770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 5 - Distribuição das concentrações de COT dadas em% (p/p) nos sedimentos do

reservatório de Juturnaíba.

A concentração média de mercúrio em Juturnaíba foi de 148 ng/g, mas em três pontos

de amostragem na barragem 18, 19 e 23, a concentração de mercúrio atingiu valores acima da

concentração média dos materiais de referência, tais como xisto e crosta continental superior,

com 180 e 56 ng/g, respectivamente (REIMANN; CARITAT, 1998), 170 ng/g segundo a

resolução CONAMA 454 (2012), que estabelece padrões de qualidade de sedimentos a serem

dragados e da concentração média mundial (73 ng/g), em sedimentos fluviais (JONASSON et

al., 1979).

As maiores concentrações de Hg (cerca de 200 ng/g, Figura 6) parecem estar

associadas com os ambientes abrigados do reservatório, onde reduzidas condições

hidrodinâmicas parecem favorecer o estabelecimento de bancos de plantas aquáticas, o que

constitui um ambiente adequado para a acumulação deste metal. As concentrações mais altas

não são influenciadas pelo tamanho da partícula (r = 0,31, p <0,1, n = 32), no entanto, a

entrada do rio Capivari, que drena a cidade de Silva Jardim (quatro quilômetros a montante),

pode conter algum resíduo de mercúrio nos esgotos domésticos.

Page 28: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

7500000

7498000 0.21

7496000 0.18

7494000 0.15

7492000

0.12

7490000 0.09

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000782000

0.06

Figura 6 - Distribuição das concentrações de Hg.

Na porção central do lago, alguns valores relativamente elevados também foram

observados nas estações 11 e 12, que não estão associados com a granulação de sedimentos

finos (Figura 4), nem com o enriquecimento de matéria orgânica (Figura 5). Além disso, esta

região não mostrou qualquer sinal da presença de bancos de macrófitas aquáticas, como foi

observado nas reentrâncias do reservatório. Esse enriquecimento das concentrações de

mercúrio só poderia ser explicado pela antiga condição de sedimentação, dos tempos em que a

barragem não havia ainda sido construída (início de 1980), e que não pudemos detalhar com

os dados apresentados neste trabalho. Os valores mais baixos (58 ng/g) foram observados na

porção Sul, associado com as entradas do Rio Bacaxá que drena uma bacia melhor

preservada, sem aglomeração humana ou indústrias (figura 6).

Em comparação com outras áreas estudadas no Brasil, a exemplo do Rio Grande do

Sul, Mirlean et al. (2005) encontraram concentrações que variaram entre 9,4 – 58,3 ng/g para

ambiente natural sem intervenção humana, 46,1 – 12,1 ng/g em áreas suburbanas da capital e

56,3 – 3,4 em áreas industrializadas da cidade. Já no estudo de Sousa et al. (2004) em lagoas

localizadas na região norte fluminense, foram encontradas significativas concentrações no

lago Campelo (71 - 358 ng/g), que esta localizado próximo a cidade de Campos do

Goytacazes, e cercado por plantações de cana-de-açúcar e pastagens, enquanto que na lagoa

de Iquipari as concentrações de Hg foram baixas, com valores variando entre 5 – 33 ng/g.

Page 29: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Tabela 1 - Comparação dos resultados obtidos neste estudo com outros trabalhos.

Área de EstudoConcentração

média de Hg em ng/kgRepresa La Zacatecana, Mexico a 79

Lago Manso, Brasil b 35,3Lagoa de Araruama, Brasil c 210

Lagoa de Saquarema, Brasil c 400

Lagoa de Guarapina, Brasil c 140

Lagoa de Itaipu, Brasil c 130

Lagoa de Jacarepagua, Brasil c 350

Lagoa Rodrigo de Freitas, Brasil c 440

Lagoa de Cima, Brasil d 158

Lagoa Feia, Brasil d 92Reservatório de Juturnaiba 148a - Iskander et al. (1994) b - Hylander et al. (2006)c - Lacerda e Gonçalves (2001) d - Sousa et al. (2004)

As concentrações de Hg nos sedimentos do reservatório de Juturnaíba variaram entre

211 ± 58 ng/g, a qual é menor que o reservatório de Wujiangdu na China (HONGMEI, 2007),

localizada em área urbanizada, com variações entre 257 ± 61 ng/g, e mais elevado que 4 e 9

ng/g, tais como encontrados no lago Gordon e o lago Pedder, na Austrália (BOWLES, 2003),

tidos como ambientes prístinos.

Os valores encontrados no presente estudo ultrapassam as concentrações de fundo

observadas na região, relatadas para a Baía de Guanabara (51 ng/g) por Wasserman et al.

(2000) e para a Baía de Sepetiba (30 ng/g) por Silva et al. (2003). Os valores observados

também foram maiores que a concentração sugerida por Souza (1994) como background para

a região estudada (40 ng/g) e para sedimentos de regiões tropicais (50 ng/kg) segundo

Lacerda et al. (1993) e Cavalcante (1990).

É interessante notar que pequena acumulação de mercúrio foi observada nos pontos

próximos ao vertedouro da barragem e à saída do rio São João (porção norte do reservatório),

indicando que, por um lado, este rio não representa uma importante fonte de mercúrio para o

ecossistema (à semelhança do Rio Bacaxá). Por outro lado, o mercúrio que entra no

ecossistema não tende a se acumular em volta do vertedouro. Isto pode ser melhor observado

com o modelo de atenuação (Figura 7), mostrando que as áreas mais escuras constituem

barreiras ao deslocamento mercúrio.

Page 30: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

2021

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

No reservatório (Figura 7), quatro pontos de maior atenuação são responsáveis pela

retenção de mercúrio dentro do sistema. A associação destas manchas com os parâmetros

acessórios não foi demonstrada no presente trabalho (Figuras 4, finos grãos de sedimentos e

na Figura 5, o carbono orgânico total). Futuros estudos sobre a hidrodinâmica do reservatório

podem trazer significativa contribuição para o entendimento do comportamento do mercúrio.

7500000

7498000

7496000

7494000

7492000

7490000

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

2.121.91.81.71.61.51.41.31.21.110.90.80.70.60.50.40.30.20.10

Figura 7 - Atenuação do Hg no Reservatório de Juturnaíba. Os valores de atenuação são adimensionais.

A presença de substâncias húmicas provenientes da lixiviação de áreas vizinhas com

vegetação e dos bancos de macrofitas presentes no reservatório, sob condições ambientais

redutoras, podem promover uma ligeira acidificação da água (AIKEN et al., 1985). Ambas, a

acidificação e a presença de matéria orgânica dissolvida e a proliferação de algas

periodicamente nas condições ambientais do reservatório, podem afetar o comportamento do

mercúrio nos sedimentos (MANTOURA, 1978; WALLSCHLÄGER et al., 1996).

2.4 CONCLUSÃO

As concentrações de nutrientes e metais ainda estão abaixo dos valores de alerta de

saúde pública, com exceção de seis pontos de amostragem para o mercúrio que excedem

ligeiramente a concentração média encontrada no xisto e as concentrações médias

estabelecidas pela resolução CONAMA 454. As concentrações de mercúrio encontrados no

reservatório de Juturnaiba estão mais elevadas que as concentrações de background já

estudadas para região Fluminense.

Page 31: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

A via alimentar é um importante meio na qual o mercúrio, já agora em sua forma

orgânica, ingressa no organismo humano, através do consumo de peixe. É uma via de alcance

mais amplo, e envolvem as populações ribeirinhas a barragem e pescadores amadores, cuja

principal fonte de proteínas é o pescado. Por isso, faz-se necessário o periódico

monitoramento dos metais neste referido ambiente, em compartimentos abióticos e bióticos,

pois além da pesca, as águas do reservatório são usadas principalmente para abastecimento

público da população residente na região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro.

Acreditamos que as principais concentrações de mercúrio nos sedimentos do

reservatório estejam associadas com os esgotos domésticos e as poucas indústrias presentes na

região. Alguma contribuição da agricultura também pode estar presente. É necessário destacar

que as maiores concentrações ocorrem em área com grande banco de macrófitas, onde o

processo de metilação pode ser mais significativo, o que pode constituir uma ameaça ao meio

ambiente e aos seres humanos. Em Juturnaíba, a formação e dissolução de oxi-hidróxidos

combinadas com intensas atividades microbianas, altas temperaturas e concentração de

substrato orgânico, podem acelerar a metilação do mercúrio.

Uma medida importante de gestão do reservatório é a intensificação de replantio de

matas ciliares, cujas margens estão atualmente muito degradadas. Este programa deve ser

expandido para o reflorestamento das matas ciliares dos afluentes da barragem, o que

possivelmente diminuirá a quantidade de material em suspensão e ajudará na melhoria da

qualidade da água.

Page 32: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

30

3 DISTRIBUIÇÃO DE METAIS PESADOS E NUTRIENTES EM SEDIMENTOS DO

RESERVATÓRIO DE JUTURNAÍBA, RIO DE JANEIRO, BRASIL

3.1 INTRODUÇÃO

O ambiente natural sofre os efeitos da significativa pressão antropogênica que tem

aumentado rapidamente nos últimos 70 anos. O resultado é que até mesmo em regiões não

sujeitas à poluição industrial, como a lagoa costeira de Guarapina no estado do Rio de Janeiro,

registram altas concentrações de Pb na coluna sedimentar, que podem ser atribuídas à recente

contribuição atmosférica (PATCHINEELAM et al., 1988). Assim, a ocorrência natural de

metais nos ambientes aquáticos, sua mobilidade através do ciclo hidrológico e as entradas

provenientes de atividades antrópicas, refletem a onipresença e a complexidade desses

poluentes (IDRIS, 2008).

O uso descontrolado e a ocupação da paisagem sobre as bacias hidrográficas,

associados com o desenvolvimento explosivo das cidades, estão mudando drasticamente os

ecossistemas aquáticos, principalmente pela aceleração da contaminação de corpos d'água

com nutrientes (FÖRSTNER et al., 1983). Por exemplo, na Lagoa de Jacarepaguá, SE do

Brasil, as entradas antropogênicas podem chegar a 83%, 71% e 53% da entrada total de Cu,

Pb e Mn, respectivamente (BARCELLOS et al., 1998).

Como os metais não estão sujeitos ao processo de biodegradação (WASSERMAN et

al., 2008), podem influenciar na qualidade ambiental e acabar induzindo a sérios riscos à

saúde humana e significativos efeitos ecológicos ao longo das cadeias alimentares. Muitos

metais exibem bioacumulação passiva e podem ser potencialmente genotóxicos e

cancerígenos, especialmente em animais que ocupam o topo da cadeia alimentar, tais como os

seres humanos (LOSKA, 2003).

Em lagoas localizadas em regiões altamente urbanizadas, as partículas provenientes do

escoamento superficial podem servir como uma importante fonte de metais para o ambiente

(BIDONE et al., 1993). Assim, as principais vias de acesso de metais pesados para os

reservatórios são as entradas fluviais. A Baía de Sepetiba, no Sul do Rio de Janeiro, Brasil, é

exemplo de uma lagoa costeira onde indústrias metalúrgicas pesadas, localizadas na bacia de

drenagem, foram responsáveis pela contaminação significativa dos sedimentos, atingindo 80

vezes os níveis de background (WASSERMAN et al., 1991).

Em reservatórios, como o Juturnaíba, localizado no Rio de Janeiro, o sedimento pode

ser considerado o destino final de metais pesados, porque os materiais sólidos se acumulam

com o tempo e as formas solúveis na água podem se precipitar, adsorvendo-se as partículas e

Page 33: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

31

formas orgânicas, além de complexos inorgânicos, que são finalmente depositados

(WASSERMAN et al., 2008). Além disso, por ser um ambiente lêntico, o mesmo acaba

funcionando como uma barreira geoquímica para metais.

Para a construção da barragem em 1982, houve a necessidade de inundação da lagoa

de Juturnaiba e parte da paisagem ribeirinha, sem a devida remoção da mata ciliar, o que pode

favorecer o desenvolvimento de condições anóxicas. Em razão do represamento, o tempo de

renovação da água aumentou para cerca de 40 dias (BIDEGAIN et al., 2003), o que pôde

favorecer a concentração de nutrientes e estimular à proliferação de plantas aquáticas,

importantes na regulação do comportamento dos poluentes metálicos. Isto foi observado por

Lombardi (2007), o qual sugere que a matéria orgânica, por possuir sítios de troca, pode

complexar metais traço, especialmente os cátions divalentes. Da mesma forma, Soares et al.

(1999) demonstraram a tendência que têm os metais de se ligarem à matéria orgânica.

No caso em estudo, o do reservatório de Juturnaíba, as operações de lavra de areia nos

rios tributários, junto à retificação dos mesmos, tiveram impactos diretos sobre os parâmetros

físicos, tais como geometria do canal, elevação do leito, composição e estabilidade do

substrato, velocidade, turbidez, transporte de sedimentos e fluxo (BATALLA, 2003),

contribuindo para aumento da dinâmica de retenção dos sedimentos no reservatório.

Todos estes processos podem promover o enriquecimento de metais nos sedimentos e

uma abordagem amplamente utilizada na geoquímica para definir este enriquecimento em

relação aos níveis de background é a normalização das concentrações de metal (TUREKIAN

et al., 1961; SALOMONS et al., 1995; REIMANN et al., 1998), que é capaz de caracterizar a

contribuição das espécies antropogênicas e permitem compor a história destes influxos de

contaminantes (POWELL, 2003). Por conseguinte, Gresens (1967) estabeleceu a relação entre

o contaminante e os valores de background e Thomas (1996) propôs a normalização pelo Al,

considerando a importância da argila no sedimento total e por ser geoquimicamente menos

“móvel”, ou seja, mais estável.

Relativamente poucos estudos nos países tropicais têm sido realizados em barragens

de água doce, onde os metais pesados nos sedimentos podem ser afetados pela formação dos

reservatórios e pelo tempo prolongado de renovação da água. Assim, o entendimento do

comportamento de poluentes nos sedimentos do Reservatório de Juturnaíba é necessário,

porque o sistema é um ambiente multi-propósito, utilizado para abastecimento de água,

controle de inundações, a irrigação agrícola, lazer e pesca.

Page 34: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a distribuição dos metais Fe, Mn, Al, Cu, Pb e

Zn e os nutrientes P, N e COT em amostras de sedimentos de superfície no reservatório de

Juturnaíba. Enquanto os objetivos específicos foram: descrever resumidamente as possíveis

fontes dos metais para o reservatório, comparar os resultados obtidos neste estudo com

valores descritos para outras áreas, descrição dos prováveis processos geoquímicos que

controlam a mobilidade dos metais, confecção de mapas de atenuação e correlação entre os

parâmetros analisados.

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS

3.2.1 Área de estudo

A barragem de Juturnaíba (figura 8) foi construída em 1982, no município de Silva

Jardim, no estado do Rio de Janeiro. O reservatório formado recebe água dos rios Capivari

(sudoeste), Bacaxá (Sul) e São João (Norte). A barragem é o principal recurso de água na

região dos Lagos, responsável pelo fornecimento de água para cerca de 75% da população,

especialmente dos municípios da zona costeira, com cerca de 240.000 pessoas (BIDEGAIN et

al., 2003).

Durante a formação da barragem e em seus primeiros anos houve um aumento

considerável de plantas aquáticas que vieram a formar ilhas flutuantes, com uma diminuição

considerável de oxigênio, o que pode estar relacionado à degradação in situ da vegetação

marginal que não foi removida no momento da inundação. Depois de cerca de trinta anos após

o enchimento, o problema da proliferação de plantas aquáticas persiste, provavelmente

estimulado por nutrientes de esgotos que chegam através de rios.

Page 35: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33 Vertedouro

31

0 1000 2000300030 Barragem

29

Peixe Vivo 26

25 2724

22 28

23

2021

1819

1417

15 1613

Silva Jardim12

Cabo Frio11

10

59

6

87

432 1

Estação Meteorológica

João

7498000

7496000

7494000

7492000

7490000

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 8 - Localização das estações de amostragem de sedimentos.

No Reservatório de Juturnaíba, as espécies de macrofitas aquáticas Egeria densa,

Ceratophyllum demersum, Salvinia auriculata são abundantes e Eichhornia crassipes é

menos freqüente, embora seja indicativa de condição eutrófica. As costas sul e leste da

barragem são cobertas com a Typha domingensis, que podem atuar como sistemas de

purificação de águas poluídas, pois absorvem metais pesados (VALITUTTO et al., 2007).

Os dados obtidos a partir da FEEMA (1986) classificam o reservatório como

mesotrófico e com precipitação anual na região variando entre 1500 mm e 2500 mm. O clima

é tropical úmido, com temperaturas médias que variam de 18 a 24 °C. A região é influenciada

pela Massa de ar do Tropical Atlântico, que mantém a estabilidade do tempo ao longo do ano.

No entanto, essa estabilidade é quebrada por frentes de interferência ou linhas de instabilidade

polares e tropicais. Estes distúrbios são responsáveis por mais da metade da precipitação

anual total, concentrada nos meses de outubro a março (75% da precipitação anual). Junho e

julho são os meses mais secos (QUINTELA, 1990).

A superfície do reservatório é de 43 km2, 85 km de perímetro, com largura máxima de

4 km e um comprimento máximo de 15 km. O reservatório tem uma capacidade de

armazenamento de água de 100 milhões de m3 e a quantidade de sólidos totais recebidos

Page 36: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

resultam em uma concentração média de aproximadamente 100 mg/l, dos quais 35% são

resíduos orgânicos (BARCELLOS, 2012). Por esta razão, a transparência da água é baixa,

cerca de 0,75 m, em média, como inferido por medidas de disco Secchi (WASSERMAN,

2012).

Durante dois anos, Wasserman (2012) estudou a qualidade da água do reservatório,

mensalmente, e observou que o pH do meio apresenta um valor médio de 6,5, com variações

entre 5,8 – 7,9. Este valores de pH indicam que a área não deve ser muito afetada por

processos químicos que possam alterar a acidez, tais como a produção primária intensa de

fitoplâncton ou cargas significativas de ácidos orgânicos ou outras substâncias (tais como

ácidos húmicos) que diminuem o pH.

O reservatório de Juturnaíba é um sistema caracterizado por profundidades menores de

6 metros, estando as maiores profundidades localizadas principalmente na área da lagoa de

Juturnaíba (lagoa que existia antes da inundação). Em outras áreas, as profundidades não

ultrapassam os 3 metros. A Lagoa tem uma estratificação relativa, que permite a distinção do

epilímnio e do hipolímnio, no entanto, esta estratificação não implica a ocorrência de uma

termoclina. A temperatura média da água é 24,6 ºC (WASSERMAN, 2012).

Os solos da região são latossolos (oxisolos) extremamente intemperizados, compostos

principalmente por oxi-hidróxidos de alumínio e ferro, de cor marrom a vermelha,

caracterizados por uma textura argilosa e siltosa. Os sedimentos são geologicamente

caracterizados como aluviais-coluviais do período Quaternário (CPRM, 2001).

A baixa coesão do solo o torna suscetível à erosão. Além disso, a retificação artificial

dos rios para melhorar os solos de drenagem acelerou o fluxo de água, com o consequente

aumento da erosão das margens e transporte de sedimentos, causou alterações na qualidade da

água do reservatório (BIDEGAIN et al., 2003). Todos estes processos podem provocar

alteração nas características sedimentares e químicas dos sedimentos que afetam a mobilidade

e disponibilidade de metais pesados.

As rochas ortoderivadas são comuns no estado do Rio de Janeiro, sendo chamadas de

ortognaisses, pois têm uma composição semelhante ao granito, mas mostram uma estrutura

planar bem desenvolvida, que os geólogos chamam de foliação. Na bacia do reservatório de

Juturnaíba a formação geológica é caracterizada principalmente por rochas ortognaisses

calcio-alcalinas, que são ricas em minerais máficos como biotita e hornblenda (CPRM, 2001).

4.1.1 Amostragem e procedimentos analíticos

Page 37: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

32 amostras de sedimentos superficiais foram coletadas no Reservatório de Juturnaíba

em Março de 2011, com as estações representadas na Figura 8. As estações foram escolhidas

aleatoriamente, mas sempre visando atingir uma boa malha amostral de todo o sistema. Todos

os locais de amostragem foram determinados com um sistema rastreador de posicionamento

global (GPS). A coleta foi realizada com garra Van Veen, sendo as amostras imediatamente

colocadas em sacos de plástico zip-lock e armazenadas sob refrigeração durante o transporte

até o laboratório, onde se mantiveram congeladas até a hora da análise.

As amostras de sedimento foram analisadas quanto ao tamanho das partículas através

de peneiração úmida com peneira de 63 µm, em seguida foram secas em estufa a 60 °C

durante três dias e depois pesadas em balança de precisão digital (dado em percentagem de

sedimento fração argila). As análises do carbono orgânico total, fósforo e nitrogênio, foram

realizados pelo Laboratório Bioagri, utilizando o analisador elementar CHN LECO-1000 para

o COT e N (NELSON, 1996) e fotocolorimetria após extração em autoclave com solução de

persulfato, para análise do P.

A quantificação dos metais totais em sedimento seco foi realizada pelo método USEPA

6010C, consistindo de uma extração total com soluções de ácido nítrico e ácido perclórico

(3:1) em microondas, seguida de análise por espectrometria de emissão óptica com plasma

indutivamente acoplado (ICP-OES) e os elementos analisados foram: Al, Cu, Fe, Mn, Pb e

Zn. A exatidão deste método foi determinada por análise da recuperação dos metais estudados.

A recuperação de Al foi de 106%, para Cu foi de 101%, para Fe foi de 101%, para o Pb foi de

98%, para Mn foi de 104% e para o Zn foi de 106%. O material de referência que foi

simultaneamente analisado foi um padrão de solo, o RTC - CRM 023.

As análises foram realizadas seguindo critérios ABNT (2005) de controle de qualidade

QA/QC. Ensaios de brancos, realizados a cada 10 amostras permitiram a determinação dos

limites de quantificação (5S) apresentados para o chumbo, cobre e zinco (em mg/kg)

apresentando dois como resultado. Não foram feitas duplicatas das análises, mas a amostra 10

foi analisada diversas vezes simultaneamente aos grupos de amostras, gerando valores de

recuperação entre 90 e 105% (em relação ao seu valor médio).

Com o objetivo de estabelecer um quadro para a contaminação dos sedimentos, foram

calculados os fatores de enriquecimento dos elementos de maior importância para a qualidade

ambiental. Os fatores de enriquecimento foram calculados segundo (THOMAS, 1996), tendo

o Al como elemento normalizador.

FE = (Ct / Cb) / (Alt / Alb)

Page 38: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

onde: Ct = concentração do elemento na amostra;

Cb = concentração de background do elemento considerado;

Alt = concentração de Al na amostra;

Alb = concentração de background do Al do folhelho médio.

Este método permite visualizar se a concentração do metal excede ou não o seu valor

de background conforme as seguintes interpretações: FE <3⇒ ausência de contaminação, FE=

(3-6) ⇒ contaminação moderada a considerável e FE> 6⇒ contaminação elevada (MULLER,

1979). Além do fator de enriquecimento, aplicamos a correção granulométrica (SANTOS et

al., 2002) nas concentrações dos metais em cada amostra.

GC = (Ct) x 100 / % do tamanho do sedimento < 63 µm

onde: Ct = concentração do elemento na amostra;

Os resultados das concentrações no reservatório de Juturnaíba foram plotados em

mapas de contorno (iso-concentrações) com o programa Surfer. Este modelo aplica uma

interpolação espacial ponderada com base nas equações de regressão linear entre os pares de

pontos de dados. O resultado é uma distribuição espacial das concentrações de metais pesados

nos sedimentos.

A partir deste mapa de distribuição, o modelo de atenuação das concentrações foi

construído com base no método definido por Wasserman e Queiroz (2004). A atenuação da

concentração baseia-se na distância entre os contornos. Quanto maior for à distância entre as

diferentes concentrações (contorno), mais móvel é o elemento nesta região. Para a construção

do modelo de atenuação é necessário determinar pares de posições, uma em um contorno e a

outra no contorno imediatamente posterior. A distância perpendicular entre os dois contornos

é calculada e dividida pela diferença entre o contorno anterior e posterior.

O resultado é a atenuação da concentração de A, que é plotada na mediana do par de

pontos. Este procedimento é repetido até que estejam presentes em todo o mapa os pontos de

atenuação. Em seguida, é construído outro mapa de distribuição (contorno), que indicará a

mobilidade do elemento na área de estudo.

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tamanho do grão dominante no sedimento da barragem é argila e lodo (% <63um),

com uma média de 93% do total (tabela 2, anexo). Estes grãos finos de sedimento trazidos

pelos rios São João, Bacaxá e Capivari, perdem energia quando chegam ao reservatório e

Page 39: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

acabam promovendo o assoreamento, especialmente nas regiões de confluência (Figura 9).

Apenas dois pontos apresentaram grãos grosseiros de sedimentos >63 µm, 27 e 22. A hipótese

mais viável para estes grãos maiores de sedimento são os deslizamentos de falésias marginais

que rendem uma mistura de diferentes granulometrias.

A granulometria é constituída basicamente pela fração silte dos sedimentos estudados

é em grande parte controlada pela intensidade do intemperismo nas rochas e solos da área de

drenagem, típicas de clima tropical, seguida pelo acúmulo preferencial de elementos estáveis

(Al, Fe e Mn) (FÖRSTNER et al., 1983).

As partículas de grãos finos (<63 µm) são eletricamente ativas devido à sua específica

grande área superficial para adsorção de metais. Nas frações >63 µm (fração areia), verifica-

se que as concentrações de metais diminuem drasticamente (FORSTNER et al., 1983; LIU,

2009). Portanto, Macknight (1994) propõe um procedimento de correção que tem por base a

proposta de que todos os metais são apenas associados com os sedimentos de grão fino (<63

µm).

7500000

987498000

877496000

76

7494000

65

7492000

54

7490000

43

7488000

32770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 9 - Porcentagem da fração inferior a 63 µm.

Page 40: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

7500000

7498000 26

7496000 21

7494000 16

7492000 11

74900006

7488000 1770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 10 - Distribuição das concentrações de COT.

No estudo de Wasserman (2012) no reservatório de Juturnaiba, foram identificadas

elevadas concentrações de material particulado em suspensão. A elevada turbidez registrada

pode estar associada a, pelo menos, três processos: colapso das margens do reservatório

devido às ondas, erosão das margens dos rios afluentes e correntes hidráulicas no reservatório

que causam a ressuspensão dos sedimentos. De acordo com o mesmo autor, as concentrações

de partículas de carbono orgânico são relativamente baixas na coluna de água, o que indica

que o material particulado em suspensão é principalmente mineral, suportando a hipótese de

que a erosão das margens do reservatório desempenha um importante papel na composição

deste material.

As concentrações de carbono orgânico total em Juturnaíba variaram entre 0,8 a 27%

p/p, conforme representado na Figura 10. A concentração mais elevada foi observada no

ponto 2, num ambiente notoriamente redutor, e que pode estar associada com as reentrâncias

do reservatório, onde baixas condições hidrodinâmicas favorecem o estabelecimento de

plantas aquáticas, constituindo assim ambiente adequado para acumulação de COT.

Uma das razões para os níveis mais elevados de C orgânico em Juturnaíba pode estar

associada ao enchimento do reservatório sem qualquer operação de limpeza da vegetação

marginal. A menor concentração foi encontrada no ponto 27, perto da estação de tratamento

de água, mas outros baixos valores também foram observados na região de confluência com o

Page 41: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

rio Capivari. O COT não mostra correlação com a granulometria, mas a concentração mais

baixa de COT foi observada na mesma área onde o tamanho de grão predominante é areia.

Os valores de nitrogênio (0,3 - <0,05% p/p) e fósforo (0,1 - 0,03% p/p) foram baixos

se comparados com os limites do critério de qualidade do sedimento do Brasil CONAMA

(2012), e esta baixa concentração pode ser explicada pela eficiente absorção por macrófitas ou

através da remineralização desses nutrientes para a coluna de água.

As maiores concentrações de fósforo foram registradas na confluência com o rio

Capivari (Figura 11), na parte ocidental do reservatório, o que pode estar provavelmente

ligada à pequena utilização nas atividades agrícolas desenvolvidas nas margens do rio a

montante do reservatório, já outra parte pode ser proveniente das entradas da cidade de Silva

Jardim (quatro quilômetros a montante), que podem contribuir com quantidades significativas

de P através dos esgotos domésticos, sobretudo o P encontrado no reservatório é

principalmente alóctone e de origem mineral detrítica.

O fósforo está correlacionado com diferentes frações, tais como a fração inorgânica de

alumínio, ferro, chumbo, e mostrou uma excelente correlação com finos grãos de sedimento

(% <63μm, r = 0.695, n = 32, p <0,01). Os sedimentos argilosos são dos principais fatores

associados com a capacidade de retenção do fósforo em sedimentos (FÖRSTNER et al.,

1983). Por esta razão, o ponto em que as concentrações de fósforo são mais baixas,

corresponde às regiões onde se encontram as frações mais grosseiras de sedimento (pontos 27

e 22).

As maiores concentrações de nitrogênio foram observados na amostra 4 (Figura 12),

na parte sul do reservatório, em uma área com baixa hidrodinâmica e um extenso banco de

macrófitas, que podem favorecer a retenção de grãos finos nos sedimentos superficiais. É

possível que esta concentração mais elevada de N possa estar associada com a retenção do

nitrogênio atmosférico por macrófitas aquáticas e taboas, presentes nessa região.

É importante destacar que nas áreas onde o nitrogênio apresentou as mais altas

concentrações, as de fósforo foram as mais baixas, o que pode ser explicada por significativa

correlação negativa (r = -350, n = 32, p <0,01) em função das diferentes origens. Além disso,

as maiores concentrações de COT e nitrogênio foram observadas na mesma região. A partir

do ponto 15 até o 32 (maior parte localizada na porção norte do reservatório), os valores das

concentrações de nitrogênio foram muito baixos, sendo inferiores ao limite de detecção.

Page 42: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

4 32 1

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

2021

1819

1417

15 1613

12

11

10

59

6

87

432 1

40

7500000

0.11

7498000 0.1

7496000 0.09

7494000

0.08

0.07

7492000 0.06

0.05

7490000 0.04

7488000 0.03

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 11 - Distribuição das concentrações de P.

7500000

7498000 0.27

7496000 0.23

7494000 0.19

74920000.15

7490000 0.11

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

0.07

Figura 12 - Distribuição das concentrações de N.

Apesar de metais como Cu, Pb, Al, Mn, Fe e Zn serem constituintes do esgoto

doméstico (FÖRSTNER et al., 1983) e dos rios afluentes do reservatório receberem a maior

parte dos efluentes das pequenas cidades e aldeias próximas, as concentrações de chumbo (7,9

- 30 mg/kg) e zinco (33 - 103 mg/kg) nos sedimentos estão baixas em comparação com outras

áreas estudadas, além disso, suas concentrações em apenas poucas amostras excedem aquelas

consideradas por Reimann et al. (1998), como normais para o folhelho médio (Tabela 2).

Page 43: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

41

Da mesma forma que a fração <63 µm, o Pb apresentou as maiores concentrações nos

pontos próximos aos afluentes do reservatório (Figura 13), e isto é confirmado pela correlação

significativa entre o chumbo e o tamanho do grão (r = 0,6, n = 32, p <0,01). O chumbo

também mostrou boas correlações com fósforo (r = 0.643, n = 32, p <0,01) e alumínio (r =

0.614, n = 32, p <0,01), podendo ser uma associação controlada pela granulometria. A maior

concentração de chumbo no sedimento superficial foi encontrada na amostra 10 e pode ser

causada pela perda de energia do rio Bacaxá, onde também é observada uma significativa

acumulação de grãos finos de sedimento. Altas concentrações também foram observadas na

porção norte do reservatório, na confluência com o rio São João, nos pontos 31 e 32.

As concentrações naturais de chumbo no solo ocorrem em um intervalo que varia de

<10 a 30 mg kg-1, com uma concentração global de fundo de 22 mg kg-1, refletindo a

mineralogia média do xisto (REIMANN et al., 1998). Cruz (2011) relata 5,4 mg kg-1 de

chumbo em sedimentos não contaminados de rios, enquanto níveis de 35-57 mg kg-1 foram

observados em sedimentos de lagos em áreas de agricultura, e altos níveis (2.228 mg kg-1) em

sedimentos de água corrente de rios perto de rodovias, provavelmente devido a deposição de

partículas de chumbo na gasolina. No Brasil, as entradas de chumbo pela gasolina são

diferentes, pois o etanol tem sido utilizado na gasolina desde o início dos anos 1970. Os

principais transportadores geoquímicos para este elemento são os sulfatos, carbonatos,

sulfuretos, e está frequentemente associada a óxidos de Fe-Mn e a matéria orgânica insolúvel

(REIMANN et al., 1998).

As concentrações mais elevadas de Zn foram observadas no mesmo ponto do Pb, em

uma região com baixa hidrodinâmica, na saída do rio Bacaxá (Figura 14). O comportamento

do Zn é semelhante ao Pb, o que pode ser demonstrado por um bom coeficiente de correlação

(r = 0,659, n = 32, p <0,01), dado que revela a possibilidade de influência humana sobre a

qualidade da água dos rios estudados. Foi observada também uma alta concentração de Zn na

confluência com o rio São João. De acordo com a CPRM (2001), a área apresenta níveis mais

elevados de Zn no sedimento corrente, com uma média de 90 mg/kg, enquanto outros metais

como Cu e Pb apresentaram níveis mais baixos.

Page 44: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

7500000

297498000

26

7496000

23

749400020

177492000

14

7490000

11

7488000 8770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 13 - Distribuição das concentrações de Pb.

7500000

7498000 105

7496000

90

7494000

75

7492000

60

7490000

45

7488000

30770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 14 - Distribuição das concentrações de Zn.

As variação das concentrações de manganês no sedimento superficial de Juturnaíba foi

entre 234-2107 mg/kg, observando-se uma concentração mais elevada no mesmo ponto do Pb

e Zn, perto do rio Bacaxa (Figura 15). O Mn mostrou também uma já esperada boa correlação

com ferro (r = 0.509, n = 32, p <0,01). Os níveis de Mn são considerados baixos em

comparação com o xisto médio, no entanto, a concentração mais elevada (2107 mg kg-1),

observada na amostra 10, ultrapassa em 250% o valor de referência (REIMANN et al., 1998)

Page 45: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

2021

1819

1417

15 1613

12

11

10

59

6

87

4 32 1

33

31

30

29

2627

24

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

4 32 1

e as concentrações observadas em outros estudos, tais como no reservatório Manwan na

China (Tabela 2), com uma concentração média de Mn de 564 mg/kg (WANG, 2012).

7500000

7498000

2100

7496000

1700

7494000

1300

7492000

900

7490000 500

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000782000

100

Figura 15 - Distribuição das concentrações de Mn

7500000

217498000

187496000

15

7494000

12

7492000

9

7490000

6

7488000 3770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 16 - Distribuição das concentrações de Cu.

As variações nas concentrações de ferro (16,750-46,091 mg/kg) e cobre (2,8 - 21,0

mg/kg) nos sedimentos superficiais são baixas quando comparadas, entre outros trabalhos,

com os valores descritos na literatura para latossolos brasileiros (FADIGAS, 2006). A

concentração de Fe e Cu no reservatório de Juturnaíba parece estar relacionada à formação

Page 46: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

4 32 1

geológica da região, sem muita interferência humana (média do fator de enriquecimento para

o Fe 1.6 e para o Cu 0.8).

A maior concentração de Cu (21 mg/kg) foi encontrada na amostra de 26, em um local

com baixa hidrodinâmica e uma extenso banco de macrófitas aquáticas (Figura 16), que pode

favorecer a sedimentação e uma menor mobilidade. A mobilidade do cobre no sedimento é

dependente do carbono orgânico, e particularmente estáveis a pH entre 5 e 6 (QUINTAL,

2012). Os principais carreadores geoquímicos para esses elementos são a presença de sulfetos

e partículas de grãos finos (REIMANN et al., 1998). O Cu apresentou uma fraca correlação

com a fração de grão fino, que não é estatisticamente significativa (r = 0,462, n = 32, p

<0,01). A concentração mais baixa foi observada no ponto 27, onde também se constatou

concentrações de Pb, P, COT e tamanho de grão grosseiro > 63 µm.

O ferro apresentou uma excelente correlação com alumínio (r = 0.627, n = 32, p

<0,01) o que pode refletir a origem litológica. O ferro também mostra uma excelente

correlação com fósforo (r = 0,685, r = 32, p <0,01) que associa estes dois elementos ao

processo redox, assim como foi observado para o manganês. A maior concentração de Fe

(46.091 mg / kg) foi observada na parte norte do reservatório, perto do rio São João, pode ser

atribuído a remobilização de sedimentos relacionados com a retificação e atividade de

mineração nos rios afluentes. As menores concentrações de Fe foram observadas na parte sul

do reservatório, em áreas mais abrigadas com extensos bancos de macrófitas (Figura 17).

7500000

749800046000

7496000

41000

7494000

36000

31000

7492000

26000

7490000 21000

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

16000

Figura 17 - Distribuição das concentrações de Fe.

Page 47: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

20 21

18 1914

1715 16

1312

11

10

59

6

87

432 1

7500000

7498000

60000

7496000

54000

7494000

48000

42000

7492000

36000

7490000 30000

7488000770000 772000 774000 776000 778000 780000

782000

24000

Figura 18 - Distribuição das concentrações de Al.

A concentração média do alumínio na crosta da Terra é de cerca de 8% (em peso)

sendo o terceiro elemento mais abundante da crosta (COTTON, 1999). A solubilidade do Al

no reservatório Juturnaíba (Figura 18) é relevante porque a água do reservatório é utilizada

para abastecimento de uma grande quantidade de municípios da região. Durante vinte anos

duas estações de tratamento de água têm despejado um lodo rico em alumínio no reservatório,

o que constitui sério perigo para a saúde das populações por ele abastecidas. Dessa forma, em

situações excepcionais, como na queda do pH, pode ocorrer um aumento na dissolução do Al

presente nos sedimentos para a coluna d´água.

As concentrações de Al variaram entre 23480-61720 mg/kg. Parte do Al presente no

sedimento superficial pode ser proveniente de fontes naturais, em razão da sua origem

litológica, assim como é possível que outra parte do Al esteja adsorvido no lodo da estação de

tratamento e vá sendo liberado junto ao material em suspensão, que se assenta na vizinhança

do vertedouro da barragem, já outra parte do Al pode ser oriundo da associação com o

material particulado em suspensão na foz dos rios São João e Capivari. Tanto Al como Fe

apresentaram as menores concentrações na parte sul do reservatório, em áreas com condições

reduzidas, uma vez que, nestas condições, esses elementos se tornam mais solúveis.

Em uma amostragem preliminar do ICMBio (2008), concentrações muito elevadas de

alumínio foram identificadas nos locais de descarga das estações de tratamento, o que levou à

proibição do lançamento do lodo de tratamento diretamente na Lagoa. No entanto, o local de

Page 48: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

despejo constitui uma área de ambientalmente vulnerável, pois parte do Al permanece no

sedimento, o que nos leva a questionar se essa suscetibilidade, a exemplo do que é relatado

por Lacerda e Salomons (1998), pode se constituir numa bomba-relógio química que acabaria

prejudicando a captação de água da barragem. As concentrações de alumínio na água já são

relativamente elevadas na região e um aumento da quantidade deste contaminante pode

ameaçar a utilização dos recursos de água para consumo humano (WASSERMAN, 2012).

A comparação entre as concentrações médias dos metais encontrados neste trabalho e

aqueles descritos na literatura mostram que, apesar das concentrações no reservatório

Juturnaíba serem baixas quando comparadas com os valores de background, são

consideravelmente altas em relação a outras áreas de estudo (Tabela 2).

Tabela 2 - Comparação das concentrações de metais obtidos neste estudo com os

resultados obtidos em outros ambientes lênticos.

Área de Estudo

Concentrações médias em mg/kg

Al Pb Zn Mn Fe CuRepresa Julian Adame-Alatorre,Mexico a 72650 88 500 24100Reservatório de Beyler, Turkia b 21056 6 40 346 20469 17Reservatório de Manwan, China c 46348 47 157 564 32445 39Represa Wadi Al-Arab, Jordania d 568 504 11765 104Lago Manso, Brasil e 39200 270 29100Lagoa Rodrigo de Freitas, Brasil f 26 98 40Lagoa de cima, Brasil g 31 62 210 27500 12Rio Capivari, Brasil h 33 84 200 40000 17Lagoa mirim, Brasil i

4 56 288 18900 13Background Latosolos j 13 53 522 72700 79Background xisto k 9100

022 100 850 55000 45

Reservatório de Juturnaiba 36117 22 66 623 34989 14

a - (MIRELES, 2011) g - (SILVA, 2002)b - (FINDIK, 2012) h - (DEPAULA; MOZETO, 2001)c - (WANG, 2012) i - (SANTOS, 2003)d - (GHREFAT, 2006) j - (FADIGAS, 2006)e - (HYLANDER, 2006) K - (REIMANN; CARITAT, 1998) f - (LOUREIRO, 2012)

Tomando como base de referência as concentrações encontradas, calculamos os

fatores de enriquecimento e a correção granulométrica. Os fatores de enriquecimento indicam

que o sedimento lagoa pode ser classificado como não poluído para o Zn, Fe e Cu, porque os

valores calculados não foram superiores a três para nenhuma das amostras (variaram entre

1,2-2,9, 0,9-2,1 e 0,2-1,6, respectivamente). Por outro lado, o manganês (figura 19)

Page 49: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

2021

1819

1417

15 1613

12

11

10

59

6

87

432 1

apresentou elevadas concentrações em algumas localidades, particularmente no ponto 10, com

valores de 7,1. O chumbo (figura 20) apresentou concentração moderada 3,9 no mesmo ponto

que o Mn. Fatores de enriquecimento moderados para o manganês também foram observados

nos pontos 19 e 26, com 3,6 e 3,9, respectivamente. Cinco pontos amostrais apresentaram

moderados fatores de enriquecimento para o chumbo, na região próxima a área da amostra 10,

na parte sul do reservatório.

7500000

7498000

7496000

7494000

7492000

7490000

7488000

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

100

Figura 19 - Atenuação do Mn no reservatório de Juturnaiba.

210020001900180017001600150014001300120011001000900800700600500400300200

Page 50: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

33

31

30

29

26

25 2724

22 28

23

2021

1819

1417

15 1613

12

11

10

59

6

87

432 1

7500000

7498000

7496000

7494000

7492000

7490000

7488000

3029282726252423222120191817161514131211109

770000 772000 774000 776000 778000 780000 782000

Figura 20 - Atenuação de Pb no reservatório de Juturnaiba.

A correção granulométrica não permitiu uma modificação consistente nos resultados,

porque a fração <63μm apresenta valores muito elevados e constantes (média de 93%).

Mudanças mais significativas nas concentrações foram observadas em apenas dois pontos, 27

e 22. No ponto 27, localizado na parte nordeste do reservatório, perto de uma das estações de

tratamento de água, a fração dos grãos de sedimento <63 μm foi apenas de 32%, o que gerou

aumento das concentrações de Zn (185 mg/kg) e Fe (84.285 mg/kg), além das concentrações

médias do xisto adotadas como background (REIMANN et al., 1998).

Assim, todos os elementos analisados apresentam-se em baixas concentrações, com

exceção do Mn e Pb, fato esse semelhante aos resultados obtidos por Külahcı (2008) no lago

Keban Dam, o que indica que as partículas de tamanho argila e silte em suspensão possuem

uma elevada capacidade para adsorver metais a partir de fontes naturais e antropogênicas,

podendo manter assim o nível de metais dissolvidos razoavelmente baixos.

3.4 CONCLUSÃO

Embora os processos de degradação e ocupação no entorno da barragem de Juturnaíba

estejam se intensificando, o sistema não excedeu a sua capacidade de suporte, uma vez que as

concentrações de nutrientes e metais estão em níveis baixos, quando comparados com outros

ambientes semelhantes e também quando comparado com o folhelho médio, utilizado no

presente trabalho como background. Constituem exceções os elementos Mn e Pb, que podem

ter origem tanto natural quanto nas atividades agropastoris e na disposição inadequada dos

esgotos domésticos.

Page 51: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

O Al, Fe e Cu apresentaram as maiores concentrações em área de baixa atenuação (alta

mobilidade), na porção norte do reservatório, o que indica a tendência destes metais ficarem

retidos nesta região. Por outro lado, os metais Zn, Pb e Mn apresentaram as maiores

concentrações na porção sul, onde a baixa hidrodinâmica, com consequentemente baixa

atenuação, esta favorecendo a retenção desses metais. Nesta área, os metais são menos

móveis, com um caminho preferencial de dispersão para o norte. A comparação entre os

valores de atenuação para diferentes metais indica diferença no seu comportamento com

respeito à mobilidade, isto porque os elementos químicos podem estar associados a diferentes

suportes ou podem ser mais ou menos estáveis em fases coloidais, complexados ou

dissolvidos.

As concentrações de alumínio e pH precisam ser tratadas com especial cuidado, pois

este metal é utilizado no processo de tratamento da água potável e é despejado diretamente na

barragem. Por este motivo o pH da água deve ser mantido em níveis superiores a 5 e inferior a

9, uma vez que a remobilização do alumínio para a coluna d´água pode constituir uma ameaça

para a população e pode, em última análise, influenciar as propriedades neurotóxicas.

Page 52: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção de reservatórios configura-se como um dos principais fatores

modificadores dos ecossistemas naturais, cujos maiores impactos são, algumas vezes, o rápido

processo de eutrofização a que estão sujeitos, principalmente nos primeiros anos de

construção, como reflexo da inundação de grandes áreas verdes adjacentes, elevado tempo de

renovação da água e por serem ambientes lênticos que acabam funcionando como barreira

geoquímica para muitos contaminantes.

O florescimento demasiado de plantas aquáticas acarreta vários problemas ambientais

nos reservatórios, tais como alteração de cor e de turbidez da água; redução do teor de

oxigênio dissolvido; modificação da biota, bem como das condições de proliferação da

mesma; assoreamento de canais e pode, até mesmo, levar a uma maior perda da qualidade de

água. Nas áreas onde há presença de macrófita, ocorre uma sedimentação mais intensa e o

material particulado permanece menos tempo em suspensão, o que também influencia a

sedimentação dos metais.

O aumento na concentração dos metais no reservatório favorece uma maior

acumulação e biomagnificação via cadeia alimentar, podendo produz elevados níveis de

metais, particularmente em peixes piscívoros. Estes são populares para o consumo humano,

como traíra e tucunaré, e podem representar uma ameaça para a saúde da população

dependente da pesca em Juturnaiba para seu sustento. É importante alertar para os efeitos à

saúde humana ligada ao consumo de diferentes espécies de peixes, melhorando sempre que

possível às informações para a população local.

No presente estudo utilizamos a abundância normal de um elemento encontrado no

folhelho médio sem influência antrópica como background, na tentativa de quantificar a

influencia antrópica através do calculo do fator de enriquecimento. Com isso, um elemento ou

substância que se apresentasse em concentrações acima dos valores de background, a

exemplo do Mn e Pb, pode ser considerado potencialmente nocivo à biota.

Como o reservatório de Juturnaiba serve de centro de distribuição de água para a

população costeira da região dos Lagos, com aproximadamente 240.000 pessoas, fazem-se

necessários programas de monitoramento das condições físico-quimicas das águas e

sedimentos, além da fauna e flora.

Através dos mapas de distribuição e atenuação verificamos as concentrações dos

metais e pudemos dividi-los em basicamente três grupos: um primeiro grupo apresentou as

maiores concentrações e menor atenuação (mobilidade) na parte norte do reservatório, na

região próxima a saída do rio São João (Al, Fe e Cu), um segundo apresenta as concentrações

Page 53: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

51

mais elevadas e menor atenuação ao sul do reservatório, na região próxima a saída do rio

Bacaxa (Pb, Zn e Mn) e, por último, o Hg, que apresentou as maiores concentrações na parte

oeste da represa, na região de confluência com o rio Capivari, no entanto sua atenuação foi

menor na parte sul, no ponto 10, semelhante ao encontrado para o Pb, Zn e Mn.

O mapa de atenuação nos indica que provavelmente o ponto 10 está funcionando

como uma barreira geoquímica para o movimento destes metais. A hidrodinâmica,

associações químicas de metais com a matéria orgânica ou outros compostos, exemplifica os

fatores que podem influenciar a mobilidade do metal na região estudada.

Tendo em vista que as macroalgas e macrófitas constituem a base da teia trófica dos

sistemas lacustres, faz-se importante a realização de mais estudos aprofundados sobre a

caracterização da assimilação de metais por produtores primários. A análise da fase química

dos metais também se torna importante, pois o sistema serve de abastecimento público de

água para a maior parte da população que reside ou frequenta a região dos Lagos.

Page 54: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR ISSO/IEC 17025. Requisitos técnicos e gerenciais para acreditação delaboratórios de ensaio e calibração. Brasilia, 2005.

ACHA, D.; HINTELMANN, H.; YEE, J. Importance of sulfate reducing bacteria in mercurymethylation and demethylation in periphyton from Bolivian Amazon region. Chemosphere,v. 82, p. 911-916, 2011.

ACHÁ, D.; IÑIGUEZ, V. Sulfate-reducing bacteria in floating macrophyte rhizospheres froman Amazonian floodplain lake in Bolivia and their association with Hg methylation. Appliedand Environmental Microbiology, v. 71, n. 11, p. 7531-7535, 2005.

AIKEN, G. R.; MCKNIGHT, D. M. Humic substances in soil, sediment, and water. NewYork: John Wiley & Sons, 1985.

ALDHOUS, P. "Borneo is burning." Nature, v. 432, p. 144-146, 2004.

AMOUROUX, D.; WASSERMAN, J. C. Elemental mercury in the atmosphere of a tropicalamazonian forest (French Guiana). Environmental Science & Technology, v. 33, p. 3044-3048, 1999.

AULA, I.; BRAUNSCHWEILER, H. Levels of mercury in the Tucuruí Reservoir and itssurrounding area in Pará, Brazil. In: WATRAS, C. J.; HUCKABEE, J. W. Mercury pollution:integration and synthesis. Boca Raton: Lewis Publishers, 1994. p. 21-40.

BARCELLOS, C.; LACERDA, L. D. Metal scavenging and cycling in a tropical coastalregion. In: WASSERMAN, J. C.; SILVA-FILHO, E. V.; VILLAS-BOAS, R. EnvironmentalGeochemistry in the Tropics. Heidelberg: Springer-Verlag, 1998. p. 157-169.

BARCELLOS, R. G.; BARROS, S. R. D. S. Availability of water resources from the SãoJoão River basin for a petrochemical complex of Rio de Janeiro, Brazil. Sustainable WaterManagement in the Tropics and Sub-tropics and Case Studies in Brazil, v. 3, p. 653-683,2012.

BARROCAS, P. R. G.; WASSERMAN, J. C. Mercury behaviour in sediments from a sub-tropical coastal environment in SE Brazil. In: WASSERMAN, J. C.; SILVA-FILHO, E. V.;VILLAS-BOAS, R. Environmental Geochemistry in the Tropics. Heidelberg: Springer-Verlag, 1998. p. 171-184.

BATALLA, R. J. Sediment deficit in rivers caused by dams and instream gravel mining. Areview with examples from NE Spain. Rev. Cuaternario y Geomorfología, v. 17, p. 79-91,2003.

BIDEGAIN, P.; VÖLKER, C. M. Bacia hidrográfica dos rios São João e Ostras - águas,terras e conservação ambiental. Rio de Janeiro: CILSJ, 2003. 177 p.

BIDONE, E. D.; FERNANDES, H. M. Statistical modeling of heavy metal partitioningamong their geochemical carriers in sediments of Ribeira Bay, Rio de Janeiro, Brazil. Acritical analysis. Environmental Technology, v. 14, p. 271-276, 1993.

Page 55: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

BINZSTOK, J. Vale do São João, um empreendimento "fracassado" da agriculturacomercial no Estado do Rio de Janeiro. Niterói: Instituto de Geociências, UniversidadeFederal Fluminense, 1999. 65 p.

BOHRER, M. B. C. Biomonitoramento das lagoas de tratamento terciário dos efluenteslíquidos industriais (SITEL) do pólo petroquímico do Sul, Triunfo, RS, através dacomunidade zooplanctônica. 470 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Carlos,São Carlos, 1995

BOWLES, K. C. et al. Mercury cycling in lake Gordon and lake Pedder, Tasmania(Australia). Water, Air, and Soil Pollution, v. 147, n. 1-4, p. 3-23, 2003.

CAVALCANTE, P. R. S.; COSTA, M. L.; TAROUCO, J. E. F. Avaliação preliminar dos níveisde mercúrio da porção interna do golfão maranhense. In: Riscos e conseqüência do uso domercúrio. Rio de Janeiro: FINEP/CNPq/MS/IBAMA, 1990. p. 46-49.

CESAR, R. G. et al. C. Mercury, copper and zinc contamination in soils and fluvial sedimentsfrom an abandoned gold mining area in southern Minas Gerais State, Brazil. EnvironmentalEarth Sciences, v. 64, p. 211-222, 2011.

COMPEAU, G. C.; BARTHA, R. Sulfate-reducing bacteria: principal methylators of mercuryin anoxic estuarine sediment. Applied and Environmental Microbiology, v. 50, n. 2, p. 498-502, 1985.

CONAMA. RESOLUÇÃO Nº 454. Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentosreferenciais para o gerenciamento do material a ser dragado em águas sob jurisdição nacional.CONAMA 2012.

CORREIA, R. R. S.; MIRANDA, M. R. Mercury methylation and the microbial consortiumin periphyton of tropical macrophytes: Effect of different inhibitors. EnvironmentalResearch, v. 112, p. 86-91, 2012.

COTTON, F. A. et al. Advanced inorganic chemistry. 6. ed. Weinheim: Ed. Wiley -Interscience, 1999.

CPRM. Geologia do Estado do Rio de Janeiro. Brasília: S. G. D. Brasil, 2001.

CRAIG, P. J.; MORETON, P. A. Total mercury, methyl mercury and sulphide levels in Britishestuarine sediments. Water Research, v. 20, n. 9, p. 1111-1118, 1986.

CRUZ, S. G. Remoção de chumbo, bário e zinco de um efluente aquoso via flotação porar disperso. Rio de Janeiro: Programa de pós-graduação em Engenharia Química Seropédica,UFRRJ, 2011. 70 p.

CUNHA, S. B. Impactos das obras de engenharia sobre o ambiente biofísico da bacia dorio São João (Rio de janeiro – Brasil). Rio de Janeiro: Instituto de Geociências, UFRJ,1995. 378 p.

Page 56: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

DE PAULA, F. C. F.; MOZETO, A. A. Biogeochemical evolution of trace elements in apristine watershed in the brazilian southeastern coastal region. Applied Geochemistry, v. 16,p. 1139-1151, 2001.

DURAN, R.; RANCHOU-PEYRUSE, M. Mercury methylation by a microbial communityfrom sediments of the Adour Estuary (Bay of Biscay, France). Environmental Pollution, v.156, n. 3, p. 951-958, 2008.

ELETROBRÁS. Relatório Geral. Plano Nacional de Energia Elétrica 1987/2010. Brasília:C. E. D. Brasil, Eletrobrás, 2010. 269 p.

FADIGAS, F. S. et al. Proposição de valores de referência para a concentração natural demetais pesados em solos brasileiros. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v. 10, n. 3, p. 699-705,2006.

FEARNSIDE, P. M. Environmental impacts of Brazil's Tucuruí dam: unlearned lessons forhydroelectric development in Amazonia. Environmental Management, v. 27, n. 3, p. 377-396, 2001.

FEEMA. Levantamento de Metais Pesados no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, 1986.

FINDIK, O.; TURAN, M. A. Metal concentrations in surface sediments of Beyler Reservoir(Turkey). Bull Environ Contam Toxicological, v. 88, p. 193-197, 2012.

FÖRSTNER, U.; WITTMANN, G. T. W. Metal pollution in the aquatic environment.Heidelberg: Springer-Verlag, 1983.

GHREFAT, H.; YUSUF, N. Assesing Mn, Fe, Cu, Zn and Cd pollution in bottom sediments ofWadi Al-Arab dam, Jordan. Chemosphere, v. 65, p. 2114-2121, 2006.

GILMOUR, C. C.; HENRY, E. A. Mercury methylation in aquatic systems affected by aciddeposition. Environmental Pollution, v. 71, p. 131-169, 1991

GONÇALVES, C.; FÁVARO, D. I. T. Aplicação da análise por ativação neutrônica àinvestigação da composição de solos e sedimentos da bacia do Rio Vila Nova e vale do rioAmapari, Amapá - Brasil. Geochimica Brasiliensis, v. 13, n. 1, p. 27-39, 1999.

GRESENS, P. L. Composition-volume relationships of metasomatism. Chem. Geol., v. 2, p.47-65, 1967.

GUEVARA, R. et al. Heavy metal inputs in northern Patagonia lakes from short sedimentcore analysis. Radioanal. Nucl. Chem., v. 265, p. 481-493, 2005.

GUIMARÃES, J. R.; MEILI, M. Mercury net methylation in five tropical flood plain regionsof Brazil: high in the root zone of floating macrophyte mats but low in the surface sedimentsand flooded soils. The Science of the Total Environment, v. 261, n. 1-3, p. 99-107, 2000.

HACON, S. et al. Current scenarios of human exposure to mercury in the Northern region ofMato Grosso, Amazon Basin. Environ. Sci., v. 10, p. 121-134, 2003.

Page 57: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

HACON, S.; BARROCAS, P. R. G. An overview of mercury contamination research in theAmazon basin with an emphasis on Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 7, p. 1479-1492, 2008.

HONGMEI, J. et al. Seasonal distribution of total mercury and methylmercury in sedimentsof the Wujiangdu Reservoir, Guizhou, China. Chinese Journal of Geochemistry, v. 26, p.414-417, 2007.

HYLANDER, L. D. et al. Fish mercury increase in lago Manso, a new hydroelectric reservoirin tropical Brazil. Journal of Environmental Economics and Management, v. 81, p. 155-166, 2006.

ICMBio. Plano de manejo da área de proteção ambiental da bacia do rio São João /mico-leão-dourado. Brasilia, 2008. 353 p.

IDRIS, A. M. Combining multivariate analysis and geochemical approaches for assessingheavy metal level in sediments from Sudanese harbors along the Red Sea coast.Microchemical Journal, v. 90, n. 2, p. 159-163, 2008.

ISKANDER, F. Y.; VEGA-CARRILLO, H. R.; ACUNA, E. M. Determination of mercury andother elements in La Zacatecana Dam sediment in Mexico. The Science of the TotalEnvironment, v. 148, p. 45-48, 1994.

JONASSON, I.; BOYLE, R. W. The Biogeochemistry of Mercury. In: Effects of mercury inthe canadian environment. Ottawa, Canada: National Research Council of Canada, 1979. p.28-49.

KJELLSTROM, T. E. Perspectives and prospectives on health effects of metals. In:NIRIAGU, J. O. Changing metal cycles and human health. Berlin: Springer-Verlag, 1984.p. 407-423.

KUDO, A.; AKAGI, H. Equilibrium concentrations of methylmercury in Ottawa Riversediments. Nature, v. 270, p. 419-420, 1977.

KÜLAHCI, F.; SEN, Z. Multivariate statistical analyses of artificial radionuclides and heavymetals contaminations in deep mud of Keban Dam Lake, Turkey. Applied Radiation andIsotopes, v. 66, n. 2, p. 236-246, 2008.

KUMMU, M.; VARIS, O. Sediment - related impacts due to upstream reservoir trapping, theLower Mekong River. Geomorphology, v. 85, p. 275-293, 2007.

LACERDA, L. D. et al. Mercury in sediments of the Paraíba do Sul River Continental Shelf,S. E. Brazil. Marine Pollution Bulletin, v. 26, n. 4, p. 220-222, 1993.

LACERDA, L. D.; SALOMONS, W. Mercury from gold and silver mining: a chemicaltime bomb. Heidelberg: Springer-Verlag, 1998.

LACERDA, L. D.; GONÇALVES, G. O. Mercury distribution and speciation in waters of thecoastal lagoons of Rio de Janeiro, SE Brazil. Marine Chemistry, v. 76, p. 47-58, 2001.

Page 58: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

LINDQVIST, O. Atmospheric cycling of mercury: an overview. In: WATRAS, C. J.;HUCKABEE, J. W. Mercury Pollution: integration and synthesis. Boca Raton: LewisPublishers, 1994. p. 181-185.

LIU, W. J. et al. Characterization of bioflocculants from biologically aerated filterbackwashed sludge and its application in dying wastewater treatment. Bioresour. Technol., v.100, p. 2629-2632, 2009.

LOMBARDI, A. T.; HIDALGO, T. R. M.; VIEIRA, A. A. H. Toxicity of ionic copper to thefreshwater microalgae Scenedesmus acuminatus (Chlorophyceae, Chlorococcales).Phycologia, v. 46, p. 74-78, 2007.

LOSKA, K.; WIECHULA, D. Application of principal component analysis for the estimationof source heavy metal contamination in surface sediments from Rybnik Reservoir.Chemosphere, v. 51, p. 723-733, 2003.

LOUREIRO, D. et al. Distribuição dos metais pesados em sedimentos da lagoa Rodrigo deFreitas. Oecologia Australis, v. 16, n. 3, p. 353-364, 2012.

MACKNIGHT, S. D. Selection of bottom sediment sampling stations. In: MUDROCH, A.Handbook of techniques for aquatic sediments sampling. Boca Raton: Lewis Publish,1994. p. 17-28.

MALM, O.; PFEIFFER, W. C. Utilização do acessório de geração de vapor a frio para análisede mercúrio em investigações ambientais por espectrofotometria de absorção atômica.Journal of the Brazilian Association for the Advancement of Science, v. 41, n. 1, p. 88-92,1989.

MANTOURA, R. F. C.; DIXON, A.; RILEY, J. P. The speciation of trace metals with humiccompounds in natural waters. Thalassia Jugoslavia, v. 14, n. 1-2, p. 127, 1978.

MARQUES JR., A. N.; COUTO, E. C. Ecological role of emergent macrophytes of twolagoons of the East Fluminense Coast, State of Rio de Janeiro. In: KNOPPERS, B. A.;BIDONE, E. D.; ABRÃO, J. J. Environmental Geochemistry of Coastal Lagoon Systemsof Rio de Janeiro, Brazil. Niterói: UFF/FINEP, 1999. p. 155-167.

MASON, R. P.; SULLIVAN, K. A. Mercury and methylmercury transport through an urbanwatershed. Water Res., v. 32, p. 321-330, 1998.

MIRELES, F. et al. Assessing sediment pollution from the Julian Adame-Alatorre dam byinstrumental neutron activation analysis. Microchemical Journal, v. 99, p. 20-25, 2011.

MIRLEAN, N. et al. Mercury in lakes and lake fishes on a conservation-industry gradient inBrazil. Chemosphere, v. 60, p. 226–236, 2005.

MISKIMMIN, B. M. Effect of natural levels of dissolved organic carbon (DOC) on methylmercury formation and sediment-water partitioning. Bulletin of EnvironmentalContamination and Toxicology, v. 47, p. 743-750, 1991.

Page 59: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

MIZUSAKI, A. M. P.; LELARGE, M. L. V.; GUERRA, T. Impacto antropogênico no ArroioSapucaia (RS): aplicação de balanço de massas aos fluxos hidrogeoquímicos e índices decontaminação nos sedimentos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 11, n. 1, p. 15-24, 2006.

MMA. Biodiversidade Brasileira: avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias paraconservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomasbrasileiros. Brasilia: MMA/SBF, 2002. 404 p.

MMA. Relatório nacional para a convenção sobre diversidade biológica. 4. ed. Brasília:MMA/SBF, 2011. 248 p.

MÜLLER, G. Schwermetalle in den sediments des Rheins. Veranderungen Seit 1971,Umschau, v. 79, p. 778-783, 1979.

NAGASE, H.; OSE, Y. Methylation of mercury by humic substances in an aquaticenvironment. The Science of the Total Environment, v. 32, p. 147-156, 1982.

NELSON, D. W.; SOMMERS, L. E. Total carbon, organic carbon, and organic matter. In:BLACK, C. A. Methods of soil analysis. Chemical methods. Madison: Soil Science ofAmerica and American Society of Agronomy, 1996. p. 961-1010.

PATCHINEELAM, S. R.; FORSTNER, U. Sequencial chemical extractions on pollutedsediments from the Subaé River, Brazil. In: Conference of the Heavy Metals of theEnvironment, 1983. Heidelberg: Alemanha. p. 860-863.

PATCHINEELAM, S. R. et al. Atmospheric lead deposition into Guarapina lagoon, Rio deJaneiro State, Brazil. In: SEELINGER, U.; LACERDA, L. D.; PATCHINEELAM, S. R.Metals of the Coastal Environment of Latin America. Berlin: Srpinger Verlag, 1988. p. 67-77.

PLANCHON, F. A. M. et al. Changes in heavy metals in Antarctic snow from coats landsince mid-19th to the late-20th century. Earth and Planetary Science Letters, v. 200, p. 207-222, 2002.

POWELL, R. T.; ALEXANDER, M. R. Trace metal contamination in sediments of BarataBay, Louisiana. Bull Environ Contam Toxicological and Environmental Chemistry, v. 71,p. 308-314, 2003.

QUINTAL, I. D. B. et al. Determination of distributions of Cd, Cu, and Pb concentrations insediments of a Mexican reservoir to infer their environmental risk. Biol. Trace. Elem. Res.,v. 148, p. 122-132, 2012.

QUINTELA, M. A. C. O Regime pluviométrico e o diagnostico ambiental na área deinfluencia do reservatório de Juturnaíba, RJ. Anuário 1987-1988. Rio de Janeiro:IGEO/UFRJ, 1990. p. 167-182.

REIMANN, C.; CARITAT, P. Chemical elements in the environment: factsheets for thegeochemist and environmental scientist. Heidelberg, Germany: Springer-Verlag, 1998.

Page 60: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

RICHARD, S.; ARNOUX, A. Influence of the setting up of a man-made lake on mercurylevels in the flesh of fish in a neotropical habitat: The Sinnamary River (French Guiana).Revue D Ecologie-La Terre Et La Vie, v. 8, p. 59-76, 2002.

RODRIGUES-FILHO, S. Metais pesados nas sub-bacias hidrográficas de Poconé e AltaFloresta (MT). Rio de Janeiro: Centro de Tecnologia Mineral, CETEM/MCT, 1995. p. 54.(Série Tecnologia Ambiental).

RODRIGUES-FILHO, S.; MADDOCK, J. E. L. Mercury pollution in two gold mining areasof the Brazilian Amazon. Journal of Geochemical Exploration, v. 58, p. 231-240, 1997.

RODRÍGUEZ-MARTÍN-DOIMEADIOS, R. C.; WASSERMAN, J. C. Chemical availabilityof mercury in stream sediments from the Almadén area, Spain. Journal of EnvironmentalMonitoring, v. 2, n. 4, p. 360-366, 2000.

SALOMONS, W.; FORSTNER, U. Metals in the hydrocycle. Berlin: Spring Verlag, 1994.349 p.

SALOMONS, W.; STIGLIANI, W. M. Biogeodynamics of pollutants in soils andsediments. Risk assesment of delayed and non-linear responses. Heidelberg: Springer-Verlag, 1995.

SANTOS, I. R. et al. Metais pesados em sedimentos superficiais da Lagoa Mirim, fronteiraBrasil-Uruguai. Geochim. Brasil, v. 17, n. 1, p. 37-47, 2003.

SANTOS, A. R. L.; MELO-JUNIOR, G.; SEGUNDO, J. E. A. G. Concentração de metaispesados em frações granulométricas de sedimentos de fundo do rio Pitimbu, região sul daGrande Natal (RN): implicações para levantamentos ambientais. Revista de Geologia, v. 15,p. 01-08, 2002.

SILVA, L. F. F. et al. Mercury accumulation in sediments of a mangrove ecosystem in SEBrazil. Water Air and Soil Pollution, v. 145, n. 1, p. 67-77, 2003.

SILVA, M. A. L.; REZENDE, C. E. Behavior selected micro and trace elements and organicmatter in sediments of a freshwater system in south-east Brazil. The Science of totalEnvironment, v. 292, p. 121-128, 2002.

SOARES, H. M. V. M.; BOAVENTURA, R. A. Sediments as monitors of heavy metalcontamination in the Ave River basin (Portugal): multivariate analysis of data.Environmental Pollution Atmospherique, v. 105, n. 3, p. 311-323, 1999.

SOUZA, C. M. M. Avaliação ambiental dos riscos do mercúrio em áreas de garimpo deBrasil. PhD. Thesis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1994.

SOUSA, W. P. et al. Mercury and organic carbon distribution in six lakes from the north ofRio de Janeiro state. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 47, n. 1, p. 139-145,2004.

STOICHEV, T.; AMOUROUX, D. Speciation analysis of mercury in aquatic environment.Applied Spectroscopy Reviews, v. 41, n. 6, p. 591-619, 2006.

Page 61: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

STOICHEV, T.; AMOUROUX, D. Dynamics of mercury species in surface sediments of amacrotidal estuarine coastal system (Adour River, Bay of Biscay). Estuarine, Coastal andShelf Science, v. 59, p. 511-521, 2004.

THOMAS, R.; MEYBECK, M. The use of particulate material. In: CHAPMAN, D. WaterQuality Assessments - A guide to use of biota, sediments and water in environmentalmonitoring. London (UK): UNESCO/WHO/UNEP, 1996. Cap. 4.

TUNDISI, J. E. M. Indicadores da qualidade da bacia hidrográfica para gestão integradados recursos hídricos. Estudo de caso: bacia hidrográfica do médio Tocantins (TO). Tese(Doutorado) - UFSCar, São Carlos, 2006.

TUREKIAN, K. K.; WEDEPOHL, K. H. Distribution of the elements in some major units ofthe earth's crust. Bulletin of the Geological Society of America, v. 72, p. 175-192, 1961.

USEPA. Fate and transport of mercury in the environment. Mercury Study Report toCongress vol. III (Report number EPA-452 y): R-97-005. 1997.

VALITUTTO, R. et al. Accumulation of metals in macrophytes from water reservoirs of apower supply plant, Rio de Janeiro State, Brazil. Water, Air and Soil Pollution, v. 178, p.089-102, 2007.

WALLSCHLÄGER, D.; DESAI, M. V. M. The role of humic substances in the aqueousmobilization of mercury from contaminated floodplain soils. Water, Air and Soil Pollution,v. 90, p. 507-520, 1996.

WANG, C. et al. Spatial variation and contamination assessment of heavy metals in sedimentsin the Manwan Reservoir, Lancang River. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 82,n. 1, p. 32-39, 2012.

WASSERMAN, J. C. Programa de monitoramento físico-químico, bacteriológico e desedimentos no reservatório de Juturnaíba e em seus contribuintes (Rios Bacaxá,Capivari e São João). Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2012. 169 p.

WASSERMAN, J. C.; BARROS, S. R. Viabilidade de utilização dos recursos hídricos dabacia do Rio São João para o complexo petroquímico do Rio de Janeiro. Niterói, RJ:Núcleo de Estudos de Risco e Processos Industriais - Universidade Federal Fluminense/FEC,2008. 62 p.

WASSERMAN, J. C.; FREITAS-PINTO, A. A. P. Mercury concentrations in sedimentprofiles of a degraded tropical coastal environment. Environmental Technology, v. 21, n. 3,p. 297-305, 2000.

WASSERMAN, J. C.; QUEIROZ, E. L. The attenuation of concentrations model: A newmethod for assessing mercury mobility in sediments. Química Nova, v. 27, n. 1, p. 17-21,2004.

WASSERMAN, J. C.; SILVA-FILHO, E. V. Carreadores geoquímicos de Cu, Fe, Mn e Zn naBaía de Sepetiba (RJ): trocas entre o material em suspensão e o sedimento. In: CONGRESSO

Page 62: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

60

BRASILEIRO DE GEOQUÍMICA, 3., 1991, São Paulo. Anais Sociedade Brasileira deGeoquímica, 1991.

WASSERMAN, J. C., WASSERMAN, M. A. Comportamento de Metais em Sedimentos. In:BATISTA-NETO, J. A.; WALLNER, M.; PATCHINEELAM, S. Poluição marinha. Rio deJaneiro: Editora Interciência, 2008. p. 197-236.

YUAN, C. et al. Speciation of heavy metals in marine sediments from the east China sea byICP-MS with sequential extraction. Environmental International, v. 30, p. 769-783, 2003.

ZHENG, N. et al. Characterization of heavy metal concentrations in the sediments of threefreshwater rivers in Huludao City, Northeast China. Environmental Pollution, v. 154, p. 135-142, 2008.

Page 63: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

61

6 ANEXOS

Page 64: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Tabela 3 - Concentração total de Al, Pb, Cu, Mn, Fe, Zn, Hg, N, P (em mg/kg) e COT (% p/p), nos sedimentos superficiais do reservatório de Juturnaiba.

Samples % <63 um Al Pb Zn Mn Fe Hg Cu P N COT1 97.66 24753 13 33 270 25103 0.087 19 651 2300 7.2

2 96.75 24991 10 46 327 27498 0.085 15 635 1100 27

3 93.38 24584 14 60 511 29879 0.060 15 705 1100 2.5

4 96.41 29562 14 56 326 24636 0.058 16 622 3000 9.9

5 98.95 37226 25 95 443 29300 0.107 18 626 2000 9.8

6 80.6 30763 23 69 256 16750 0.150 18 485 1300 7.5

7 98.58 34915 27 91 339 34180 0.171 16 830 1900 8.2

8 94.76 32890 24 80 826 42193 0.199 13 973 1300 6.1

9 96.54 29753 22 70 414 28494 0.133 13 776 1500 8.8

10 98.09 31854 30 103 2107 41378 0.159 15 831 1300 7

11 95.49 36604 23 79 520 41394 0.199 14 876 1100 6.2

12 98.66 36282 21 67 520 34397 0.197 16 870 1200 9.1

13 98.15 34793 25 75 702 32733 0.150 19 778 1500 2.3

14 92.19 29583 18 53 720 33601 0.153 11 909 900 6.8

15 99.12 41439 26 79 234 32300 0.173 7.3 1002 <500 2.1

16 99.83 41344 27 66 247 34183 0.182 7.7 1018 <500 3.4

17 99.86 40226 27 62 540 35438 0.195 7.8 1064 <500 4.4

18 99.47 39660 26 63 406 36906 0.211 9.8 1025 <500 5.7

19 98.7 36514 23 61 1221 41821 0.203 13 944 <500 6.7

20 99.68 40592 24 64 820 41104 0.171 13 870 <500 6.7

21 99.45 38279 23 63 916 44103 0.176 15 964 <500 6.6

22 52.07 23480 15 44 653 29170 0.112 8 581 <500 3.6

23 99.4 36825 20 54 544 40727 0.209 13 884 <500 6.7

24 99.14 39583 22 61 1014 37284 0.130 17 829 <500 2.3

25 75.01 38455 22 58 415 31494 0.146 18 796 <500 2.8

26 97.28 35130 22 60 1278 40627 0.082 21 1038 <500 9.2

27 32.46 26227 7.9 60 283 27359 0.087 2.8 305 <500 0.8

28 82.48 38898 19 51 269 34523 0.193 13 798 <500 8.6

29 96.52 41177 22 61 886 35473 0.148 18 794 <500 3.1

30 98.79 46261 23 62 381 44848 0.148 18 988 <500 4.9

31 99.39 51369 26 67 1249 46091 0.148 18 891 <500 8.8

32 96.86 61720 26 92 304 44658 0.101 17 777 <500 4.7

Page 65: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Tabela 4 - Correção Granulometrica e Fator de Enriquecimentodos metais Cu, Zn, Mn, Pb, Al e Fe.

Correção Granulometrica Fator de Enriquecimento

Al Pb Zn Mn Fe Cu Pb Zn Mn Fe Cu25346 13 34 276 25704 19 2.2 1.2 1.2 1.7 1.6

25830 10 48 338 28422 16 1.7 1.7 1.4 1.8 1.226327 15 64 547 31997 16 2.4 2.2 2.2 2.0 1.230663 15 58 338 25553 17 2.0 1.7 1.2 1.4 1.1

37621 25 96 448 29611 18 2.8 2.3 1.3 1.3 1.038167 29 86 318 20782 22 3.1 2.0 0.9 0.9 1.235418 27 92 344 34672 16 3.2 2.4 1.0 1.6 0.9

34709 25 84 872 44526 14 3.0 2.2 2.7 2.1 0.830819 23 73 429 29515 13 3.1 2.1 1.5 1.6 0.932474 31 105 2148 42184 15 3.9 2.9 7.1 2.1 1.0

38333 24 83 545 43349 15 2.6 2.0 1.5 1.9 0.836775 21 68 527 34864 16 2.4 1.7 1.5 1.6 0.935449 25 76 715 33350 19 3.0 2.0 2.2 1.6 1.1

32089 20 57 781 36448 12 2.5 1.6 2.6 1.9 0.841807 26 80 236 32587 7 2.6 1.7 0.6 1.3 0.441414 27 66 247 34241 8 2.7 1.5 0.6 1.4 0.4

40282 27 62 541 35488 8 2.8 1.4 1.4 1.5 0.439871 26 63 408 37103 10 2.7 1.4 1.1 1.5 0.536995 23 62 1237 42372 13 2.6 1.5 3.6 1.9 0.7

40722 24 64 823 41236 13 2.4 1.4 2.2 1.7 0.638491 23 63 921 44347 15 2.5 1.5 2.6 1.9 0.845093 29 85 1254 56021 15 2.6 1.7 3.0 2.1 0.7

37047 20 54 547 40973 13 2.2 1.3 1.6 1.8 0.739926 22 62 1023 37607 17 2.3 1.4 2.7 1.6 0.951266 29 77 553 41986 24 2.4 1.4 1.2 1.4 0.9

36112 23 62 1314 41763 22 2.6 1.6 3.9 1.9 1.280798 24 185 872 84285 9 1.2 2.1 1.2 1.7 0.247161 23 62 326 41856 16 2.0 1.2 0.7 1.5 0.7

42662 23 63 918 36752 19 2.2 1.3 2.3 1.4 0.946828 23 63 386 45397 18 2.1 1.2 0.9 1.6 0.851684 26 67 1257 46374 18 2.1 1.2 2.6 1.5 0.7

63721 27 95 314 46106 18 1.7 1.4 0.5 1.2 0.6

Tabela 5 - Matriz de Correlação de Pearson entre os Metais

% < 63µm Al Pb Zn Mn Fe Cu COT N P

% < 63µm

1 ,417*

,600**

,314 ,219 ,425*

,461**

-,064 ,170 ,695**

Al 1 ,614**

,326 ,011 ,627**

,250 -,282 -,401*

,470**

Pb 1 ,659**

,318 ,479**

,235 -,193 -,092 ,643**

Zn 1 ,218 ,217 ,212 ,242 ,346 ,086Mn 1 ,509

**,274 ,027 -,125 ,271

Fe 1 ,160 -,203 -,462**

,685**

Cu 1 ,093 ,286 ,055COT 1 ,191 -,365

*

N 1 -,350P 1*. Correlação é significante no nível 0.05 (2-tailed).

**. Correlação é significante no nível 0.01 (2-tailed).

Page 66: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por

Registros Fotográficos

Foto 1 - Vertedouro da Barragem Foto 2 - Reentrância do reservatório, com

demonstração de taboas, aguapés e carrapatinhos

Foto 3 - Disco de Sechi Foto 4 - Falésia

Foto 5 - Perfil do solo Foto 6 - Presença de macrofitas

Fotos por: WASSERMAN, J. C., 2011.

Page 67: VINICIUS ANDRADE SOUZA DISTRIBUIÇÃO DE METAIS (AL, FE, …app.uff.br/riuff/bitstream/1/1650/3/Dissertação... · sua alta persistência e baixa degradabilidade (YUAN, 2003). Por