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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE VIOLÊNCIA NA ESCOLA: BULLYING Por: Alice Cardoso Pereira Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

VIOLÊNCIA NA ESCOLA: BULLYING

Por: Alice Cardoso Pereira

Orientador

Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

VIOLÊNCIA NA ESCOLA: BULLYING

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Supervisão e

Administração Escolar.

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AGRADECIMENTOS

... a todos que com suas maneiras e

manias me ajudaram a concluir o

curso.

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Georgia e Geraldo: amores de minha vida.

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RESUMO

Há prática do bullying entre os alunos. Muitos deles se queixam de serem

vítimas do fenômeno, desencadeando a infrequência, evasão escolar e

essencialmente danos e traumas, sendo perceptível um profundo sofrimento

que pode desestruturar e impedir o desenvolvimento saudável desses alunos.

A escola e a família têm o papel de socialização, promoção da cidadania,

formação de atitudes e opiniões, podendo ser um espaço tanto de construção

positiva da criança e adolescente, quanto um espaço de reprodução de

dificuldades vivenciadas no seu dia-a-dia, seja na família, seja na sua

comunidade.

Como demonstram alguns estudos, o desempenho escolar e desenvolvimento

pessoal do aluno crescem quando a escola ultrapassa a ação conteudista e é

capaz de ensinar valores e criar um ambiente de respeito, propiciando o

aprendizado e desenvolvendo a autoconfiança.

Para muitos jovens, o processo de socialização parece ser particularmente

complexo, haja vista que no meio social, principalmente na escola, existem

outros jovens menos cordiais, menos responsáveis ou menos leais nas

relações com os outros, além de mais rebeldes ou impulsivos, capazes de

desconstruir a personalidade de qualquer um que não se encaixe no seu ponto

de vista de mundo.

Em se tratando do século XXI, século virtual, faz-se necessário acrescentar o

cyberbullying, que atrai anônimos para o desempenho de violências.

A busca pela prevenção inclui reunir todos: professores, alunos e comunidade

escolar para garantir que tomem consciência do bullying e cyberbullying.

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METODOLOGIA

O desenvolvimento da monografia se dará através de análise dos textos da

bibliografia, refletindo sempre sobre a intenção do autor e a intenção do que

será relatado.

Ao analisar o processo do bullying e cyberbullying, percebe-se a necessidade

de contribuir com o professor para que ele venha a conhecer , reconhecer ,

identificar e colaborar para minimizar tal fato tão cruel, que há tempos vem

intimidando pessoas de maneira tão negativa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O que é bullying? 10

CAPÍTULO II - O educador e o bullying 17

CAPITULO III – O supervisor frente ao bullying 21

CAPÍTULO IV – Cyberbullying: Um recorte oportuno 29

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 40

ÍNDICE 41

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INTRODUÇÃO

Quando se aborda o tema “violência na escola”, o que vem em mente são

formas explícitas de violência: vandalismo, pixação, rixas e agressões contra

professores, porém é esquecido ou desconhecido que a escola convive com

uma violência ainda mais cruel, muitas vezes ignorada ou não valorizada da

devida forma por pais, professores, alunos e a comunidade escolar de um

modo geral.

Trata-se do “fenômeno bullying” que será explorado nesta monografia.

Se houvesse a discussão da violência na escola nos tempos atuais, um tipo de

violência que tem afetado grande parte das instituições seria o bullying. Frente

a isso, duas questões se fazem importantes: Os alunos sabem o que é

bullying? O corpo discente sabe quando são vítimas, autores ou testemunhas

do bullying? E os professores sabem identificar casos de bullying?

Considerando-se que a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos

adultos, que grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão

sofrida, pode-se entender o porquê de professores e pais terem pouca

percepção do bullying, subestimando a sua prevalência e atuando de forma

insuficiente para a redução e interrupção dessas situações.

Apesar de a violência ser um assunto complexo e não ser um fenômeno

peculiar à sociedade brasileira, poucos são aqueles que se debruçam para

entender melhor este tema, mesmo a violência fazendo parte de um

significativo conjunto de questões que afetam os processos educativos e, em

especial, a escola, na sociedade contemporânea.

Segundo SPOSITO (1998), não é fácil a definição da violência, mas uma das

categorias explicativas seria a violência é todo ato que implica na ruptura de

um nexo social pelo uso da força. Com isso, percebe-se que há uma

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9impossibilidade da relação social que se estabeleça pela comunicação, pelo

uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito.

Quando se aborda a violência contra crianças e adolescentes e a vincula aos

ambientes onde ela ocorre, a escola surge como um espaço ainda pouco

explorado, principalmente com relação ao comportamento agressivo existente

entre os próprios estudantes. A violência nas escolas é um problema social

grave, complexo e, provavelmente, o tipo mais freqüente e visível da violência

juvenil.

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CAPÍTULO I

O QUE É BULLYING

Ao longo da nossa formação histórica, marcada pela colonização, pela

escravidão e pelo autoritarismo, o imaginário social construído sobre a

prepotência não foi o mais positivo. Esse imaginário possibilitou a entrada de

influências que atestaram a inferioridade das pessoas gordas ou muito magras,

pobres e negras; o ideal do branqueamento; a primitividade das culturas

nordestina, negra e indígena, entre outras.

“Acredito que a dificuldade existente entre a maioria

da população brasileira quanto à identificação racial é

fruto da construção histórica da negação, do desprezo e

do medo do diferente, sobretudo quando este se

relaciona diretamente à herança ancestral africana.”

(ELIANE CAVALLEIRO, p.88).

É de suma importância registrar que o Brasil não é caracterizado tão somente

pela desigualdade, mas pela existência de elites que reiteram a ausência de

direitos, aumentando a impunidade e produzindo assim o que chamamos de

uma sociedade que tem a cultura da violência.

“No âmbito do binômio – pobreza e violência – alguns

estudos indicam que não são as regiões mais miseráveis

do país aquelas que condensam maior índice de

violência. Mais do que a pobreza em termos absolutos,

seria certa exacerbação da desigualdade social, a

extremada distribuição desigual da renda ao lado da

convivência no mesmo espaço de dois mundos –

excluídos e incluídos – uma das molduras propícias às

relações de violência e suas conseqüências sobre a

escola”. (MARILIA PONTES SPOSITO, 1998, p4).

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11Incrível como a dinâmica do social nunca é atribuída ao confronto entre as

classes sociais, pois a organização capitalista está muito preocupada em

dinamizar a produção social, no intuito de minimizar o despertar nas classes

sociais,visando o próprio desenvolvimento, mas mesmo velada a dinâmica

social está despertando, não de modo consciente e revelador, mas através da

violência, que mesmo emudecida no que tange a sua reflexão, causa

transtornos .

O que fazer com essa violência que assola o país? Como perceber quem é a

vítima e quem é o vilão? Será que há vilão nessa história? Como denominá-lo?

Por não existir palavra em português, usa-se o termo bullying, originário da

palavra bully, termo inglês, que significa valentão, brigão, prepotente e foi o

professor, Dan Olweus, quem relacionou a palavra ao fenômeno quando

iniciou uma pesquisa, há quarenta anos, aproximadamente, sobre o que levaria

inúmeros adolescentes às tentativas de suicídio, descobrindo que tais

adolescentes sofreram de algum modo, ameaças, portanto o bullying precisava

ser combatido. No Brasil, tal estudo iniciou-se na década de 90.

Os estudos sobre a prepotência (bullying) já têm uma tradição consolidada

internacionalmente e percebe-se que tal fato ocorre em qualquer contexto em

que pessoas interajam: escola, clube, família, trabalho, universidade,

associação, etc.

Antes de tudo, faz-se necessário e importante entender o comportamento de

um prepotente.

É um tipo de ação que visa deliberadamente praticar o mal ou causar danos,

frequentemente é persistente, muitas vezes duram semanas seguidas, meses

e até anos, dependendo da vítima, pois quanto mais dificuldade em defender-

se, mais tempo dura o bullying.

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12“Estima-se que nunca, como hoje, o homem seja um

desconhecido de si mesmo; o velho lema dos gregos”

conhece-te a ti mesmo” parece ser o ponto de partida

adequado, que atualiza uma perene aspiração humana e

que, nas circunstâncias do homem contemporâneo,

constitui uma necessidade urgente. ”(ESTHER DE

ZAVALETA, 1999, p 98).

Intencionalmente, persistência e desequilíbrio são os elementos que

caracterizam o fenômeno do bullying.

A prepotência assume diferentes formas:

• Física - atacar com murros ou pontapés, apropriar-se dos

objetos pessoais de alguém ou destruí-los.

• Verbais – gracinhas, insultos, zombarias, xingamentos

repetidas vezes, emitir afirmações que denigram a cultura ou raça da

pessoa.

• Indiretas – difundir fofocas, excluir alguém de um grupo.

Um comportamento prepotente influencia negativamente os colegas de

inúmeras maneiras.

Aqueles que são vítimas do prepotente têm vida difícil, podem: sentir-se

diminuídos, inseguros; perder a vontade de sair de casa e/ou ir à escola;

influenciar a concentração e aprendizagem; apresentar sintomas de estresse

e/ou distúrbios psicossomáticos (dor de cabeça, dor no estômago ou na

barriga, febre, vômitos, pesadelos ou momentos de ansiedade); “matar” aula;

perder a auto-estima; em estado grave, levar à morte.

Os prepotentes abraçam um conjunto de preconceitos capazes de destruir

relações.

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13“Como se originam os preconceitos? Na sua gestação

entram em jogo muitos fatores: interesses orientados,

ignorância (falta de informação), complexo de

superioridade (de sexo, de doutrina política, de grupo

social, etc.), temor de ser suplantado pelo grupo que o vê

como adversário, horror pelas diferenças, tendência a

generalizar facilmente e sem controle objetivo da

realidade, fenômenos de frustração que geram uma

agressividade, que se descarrega sobre “bodes

expiatórios”. (ESTHER DE ZAVALETA, 1999, p.81).

Vale ressaltar que na prática do bullying não há tão somente vítima e agressor,

há também um terceiro personagem fundamental: o espectador, que se divide

em:

• nem sempre é atuante numa agressão, mas é uma testemunha

velada dos fatos, que não sai em defesa da vítima, nem se junta ao agressor.

Essa atitude passiva ocorre por medo de ser a próxima vítima ou por pura falta

de iniciativa. Ele pode até ter senso de justiça, mas não suficientemente para

assumir uma posição.

• ativo, que atua como torcida, reforçando a agressão, rindo ou

incentivando. É o co-responsável pela prática do bullying. Pena que nem

sempre sabe o que está fazendo ali: reforçando, prazer ou medo?

“Tem - se dito que uma ideia crítica da paz supõe a

presença constante dos mesmos; mas também se

sustenta que é possível sua regulação por meio do

manejo racional deles; a paz é precisamente, por um

processo pelo qual se irá conseguindo paulatinamente a

regularização e solução dos conflitos, diminuindo ao

mesmo tempo, quando possível, o uso da violência em

todas as suas formas. Uma educação nesse sentido é

factível e consiste em aprender a dialogar, discutir e

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14analisar os conflitos que se apresentam nas áreas

escolar, familiar, comunitária, nacional e internacional,

para entendê – los e dominá - los, num manejo racional e

crítico, ao qual se chegará através de um esforço do

homem por compreender-se a si mesmo, aos outros e ao

mundo.” (ESTHER DE ZAVALETA, 1999, p.106).

O que mais preocupa é que, se tais comportamentos não forem reconhecidos,

tratados e impedidos, a prepotência ou violência poderá propagar-se: outros

indivíduos poderão entender que comportar- se como o prepotente é maneira

fácil, rápida e eficaz para conseguir o que se deseja. A violência pode ser

aceita como normal.

Em se tratando de uma visão social ao fenômeno bullying, percebe-se que tal

fenômeno manifesta-se nas revoltas. São os oprimidos pela miséria, são os

frustrados, autoritários, desesperançosos. Com isso, a violência cresce, seja

por vingança, seja por defesa.

Não se pode negar que a influência dos meios de comunicação, especialmente

a TV, legitimam a ação do bullying, pois as crianças, que não têm um senso

crítico, escuta, vê e absorve situação apresentadas nos programas televisivos,

sem saber distinguir o que é verdadeiro ou falso, pois não existe ainda a

estruturação do espaço - tempo.

Sexo e violência estão de forma constante nos programas, atraindo a atenção

e a violência apresentada na telinha é alegre e simplificada, sem

consequências. É um tiro, uma morte, um acidente e já se passa para a outra

cena, exatamente como se nada tivesse acontecido. Há condições de

mudança de canais na TV, mas não há mudança de conceitos na

programação televisiva, causando uma espécie de anestesia ..

Tal realidade “irreal” da TV transforma – se em uma verdadeira realidade na

mente da assistência, quando não há o bom – senso.

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15Além disso, indivíduos que, normalmente, subjugam os outros, têm chance de

ao se tornarem adultos, serem condenados por comportamentos anti – sociais.

Se não forem trabalhados de forma correta, podem continuar a empregar as

táticas da prepotência intimidando e agredindo pessoas, atrapalhando as

relações interpessoais.

Faz – se necessário à existência de uma abordagem sistemática que enfrente

o problema do bullying em diversos níveis:

*Escola – Deve proporcionar encontros, debates, grupos de estudo nos quais

os responsáveis, professores e comunidade escolar para que se tome

consciência do fenômeno bullying e da necessidade de desenvolvimento de

um saudável clima escolar, por meio da ação anti – bullying, que entende – se

como uma série de tentativas que indiquem a uma direção para ação e

organização da escola, que deverá por em prática a prevenção e tratamento

toda vez que se manifeste. Para tal, é fundamental que a escola facilite a

informação do que é bullying; quantifique os episódios de prepotência;

identifique os locais com alto risco de atuação do prepotente; identifique quem

assume o comportamento de prepotente; estimule palestras com especialistas

no assunto bullying.

*Sala de aula-professor deve preparar e divulgar um processo de

conscientização nos alunos, identificando o prepotente. Tais atividades devem

levar à discussão e elaboração consciente da problemática bullying:

estabelecer com a turma um sistema de regras e atitudes contra a prepotência

*Sociedade – promover ações capazes de dissolver a ação, no intuito de

reaver o cidadão, enquanto sujeito ativo, numa sociedade de valores pré –

estabelecidos.O esporte é um bom caminho para atrair adolescentes e

encaminhá-los a um norte referencial, com regras de conduta, ética e respeito.

Essa realidade revela a especificidade do bullying que assola a sociedade. O

bullying no Brasil é um caso complexo e singular, pois se afirma por meio de

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16sua própria negação, Ele é negado, mas sobrevive no sistema de valores da

nossa sociedade, Precisamos compreendê-lo e combatê-lo.

De acordo com tal afirmação, o bullying deixa de ser um problema do

discriminado para tornar-se um problema de todos nós.

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17

CAPÍTULO II

O EDUCADOR E O BULLYING

Não é exagero dizer que conseguir a entrada num grupo é um acontecimento

inevitável na passagem da infância para a adolescência. Faz parte do processo

de identidade de cada um.

Quando vem se aproximando a chamada puberdade, o adolescente não se

contenta com a família e busca novas relações. É a partir desse momento que

os amigos crescem em importância, pois é por intermédio deles que começa a

identificação com o comportamento, valores e a busca exacerbada contra a

solidão determinante da fase.

É na escola que se observa o entrosamento dos jovens nas diversas e distintas

aglomerações. Os grupos são chamados de acordo com o código em comum:

mesmo tipo de vestir, de se pentear, de falar, entre outros. Nessa hora

constroem-se os laços emocionais.

No sentido de afirmação entre seus pares, o adolescente é capaz de

transformar-se para sentir-se acolhido pelo grupo, sem pensar nas

conseqüências de suas atitudes e é justamente nesse momento que entra em

cena o educador.

É preciso estar atento quando o jovem apresenta qualquer tipo de distúrbio.

Pode-se e deve-se intervir positivamente, antes que o aluno se torne um

prepotente.

Faz-se necessário explorar que não se podem negar as causas socioculturais

e/ou socioeconômicas do aluno, mas muito mais importante enfatizar para

entender que muitos prepotentes ou sujeitos do bullying têm em seus

históricos o insucesso escolar causado por deficiências de aprendizagem, nas

primeiras séries escolares, levando à reprovação.

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18Não ter um bom desempenho na escola causa frustrações e o aluno frustrado

passa normalmente a agir de maneira anti-social na própria escola: falta às

aulas; tem notas baixas; pode ser indisciplinado e brigar, quando prepotente ou

apático, quando agredido é punido.

A auto-estima vai sendo destruída a cada momento e diante de tantos fatos o

aluno vai à procura de seu par.

A escola e o educador têm a sua frente à produção incompreensível e

inaceitável do bullying. O que fazer?

“O mundo está mudando rapidamente, e essas

mudanças trazem novas e inquietantes questões

educacionais. A educação necessária ao nosso século e

aos desafios com os quais lidamos precisa investir em um

processo de interação com a realidade social”. (CLEIDE

LEITÃO, 2010, p.4).

Nessa relação entre os gêneros, o educador tem um papel importante, que é o

de dissipar preconceitos e levantar questões a respeito do que é ser cidadão,

seja homem ou mulher, fornecendo ferramentas para que os próprios alunos

elaborem seus conceitos.

“... compreender os alunos como indivíduos pertencentes

a culturas coletivas. Sendo assim, um aluno não é igual

ao outro, nem mesmo entre os aparentemente iguais, ou

seja, mulheres, índios, negros... A diferença e, sobretudo

a compreensão e o respeito à diferença é a primeira

postura que se deve ter como educador.

A segunda atitude é de compreender que esta

individualidade faz parte de uma coletividade, ou seja, de

um grupo cultural, racial, étnico, econômico, regional, etc.

Neste aspecto é importante considerar que algumas

vezes percebemos alguns equívocos na tentativa de

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19trabalhar as diferenças em sala de aula.” (ELIANE

CAVALLEIRO, 2001, p.162).

Reuniões conjuntas com a família e um olhar atento no comportamento do

jovem dentro e fora da sala de aula precisam fazer parte do planejamento do

educador.

O educador precisa ter como seus objetivos: reconhecer os sinais de bullying,

identificar as mudanças de comportamento, verificar como a turma se

relaciona. Com base nas informações, começam as discussões sobre como

melhorar o quadro. Quando a turma compartilha histórias e refletem sobre

elas, fica mais comprometida e logo se identifica o prepotente.

Neste momento, o educador aproveita para interferir no processo e

recuperação de valores essenciais, como o respeito.

“A capacidade do homem de julgar criticamente a solução

dos problemas, escolhendo de forma antidogmática

métodos de análise, abre caminhos a novos processos de

busca e solução de outros problemas. Dessa maneira se

favorece a formação de personalidades “flexíveis” e

“disponíveis”. O método de análise crítica permite aos

homens elucidar os componentes das próprias

motivações em seu comportamento e analisar o dos

outros, constituindo-se numa contribuição indispensável

para que cada ser humano consiga uma “mentalidade

madura”. (ESTHER DE ZAVALETA, 1999, p.89).

Sabe-se que na última década as agressões passaram de fora do horário letivo

para dentro da sala de aula, no horário de aula com o professor, que sensível,

entra em depressão e licencia-se, não solucionando o problema, apenas

adiando.

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20O educador não pode e não deve sentir-se solitário na trajetória de

reconhecimento do prepotente em sala de aula. É dever de a escola orientar o

educador e juntos planejarem meios para o enfrentamento.

“A violência seria apenas a condutas mais visível de

recusa ao conjunto de valores transmitidos pelo mundo

adulto, representados simbólica e materialmente na

instituição escolar, que não mais respondem ao universo

de necessidades”. (MARÍLIA PONTES SPOSITO, 1998,

p.16).

É importante acordar para o fato de que a prática do bullying, embora nem

sempre se inicie na escola, conta com esse ambiente para seu reforço. Muitas

vezes, nas relações diárias estabelecidas na escola, ocorre a interação.

A educação anti - bullying é pensada como recurso pela melhoria da qualidade

de ensino, no intuito de preparar os alunos para a prática da cidadania.

Esta preocupação deve estar presente desde a Educação Infantil, pois ou

educador realiza um trabalho que favoreça a disseminação dos preconceitos ou

apóia a realidade do trabalho pela escola. O que não dá é manter-se neutro

diante do fato evidente.

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21

CAPÍTULO III

O SUPERVISOR FRENTE AO BULLYING

O principal desafio da escola é a complexidade do processo ensino -

aprendizagem, que para o seu desenvolvimento depende da participação da

equipe técnico - pedagógica e comunidade que definirão as metas a serem

alcançadas, assim como os planos de ação.

No intuito de visar o crescimento individual de cada participante da ação, assim

como seu desenvolvimento com o grupo, a escola deve criar uma identidade; a

sua identidade, através de uma estratégia de relacionamento com a

comunidade, que melhora a participação da família; a frequência do aluno às

aulas; o ensino; o cidadão.

A questão é que, na sociedade contemporânea, vive-se em condições

complexas, como: violência, guerra, fome, pobreza, doenças, etc. Dessa

maneira, educar as pessoas nessa realidade exige pensamento crítico e

reflexivo sobre o contexto e a necessidade de se qualificar para modificar.

É importante destacar a dimensão ética na vida do cidadão e a prática da

moralidade. Mas qual moral deve – se praticar, no século XXI ? Está claro que

as noções de bem e de mal variam em diferentes níveis de observação, logo,

qual é o código moral que o cidadão deve seguir para viver em

segurança?Como código que merece destaque está a Declaração dos Direitos

Humanos, onde encontram – se os preceitos morais das diferentes

concepções e civilizações, porque está vinculada a uma filosofia humanista,

que valida a moralidade, entretanto o cidadão , no seu cotidiano é envolto por

situação que descrevem exatamente o oposto de tudo que se apresenta. Ele

está inserido numa sociedade capitalista, que vincula a riqueza como meio de

sucesso, desprestigiando o oprimido, que mal consegue sobreviver diante de

tanta injustiça social e garantindo sucesso ao opressor.

Há necessidade urgente de reverter esse quadro e só a escola, nos seus

processos, pode ajudar a sociedade a sair dessa situação caótica.

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22Embora os processos educativos não ocorram apenas na escola é dela que se

levam as marcas para a história de cada cidadão.

“Se é certo que em todo tipo de educação se constata

uma dimensão ética, também é certo que a determinação

dos fins leva o selo das necessidades sentidas pelo povo

ao largo de sua história. Já desde os gregos, Sócrates

enfatizou a necessidade da formação da personalidade

livre diante dos preconceitos e das exigências sociais. Por

sua parte Platão, o grande teórico do Estado e dos

deveres do cidadão, sublinhou a importância das tarefas

objetivas que o homem realiza e mostrou que era

necessário prepará – lo para tanto.”(ESTHER DE

ZAVALETA,1999p.41) .

Quando a escola observa que abriga a prática do bullying, é chegada a hora de

realizar encontros no intuito da interação entre gestor, coordenador

pedagógico, professores, funcionários, alunos, responsáveis e comunidade. E

quem será o elo dessa unidade? O supervisor, que envolve-se e desenvolve

processos propiciando um trabalho de equipe e conhecimento de diferentes

pontos de vista do assunto bullying, mas para tal, é preciso traçar objetivos e

estratégias que repercutam no desempenho pedagógico.

Faz – se necessário identificar as parcerias que a escola tem e / ou pode

conquistar, sem esquecer – se que no seu entorno há parceiros

importantíssimos: Conselho Tutelar;Conselho dos Direitos da Criança e

Adolescente; Conselho Escolar, Associação de Moradores,entre outros, que

ajudarão a escola no processo anti – bullying.

Uma prática pedagógica que promova a auto-estima precisa estar

comprometida com o respeito ao cidadão e suas relações com a comunidade.

Não é tarefa fácil, pois é preciso estar bem atento, afinal, o cotidiano escolar

requer desenvolvimento do bem – estar.

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23Dessa maneira, acontecimentos como o bullying podem parecer um detalhe

no cotidiano escolar, mas sua prática prejudica severamente o processo

ensino – aprendizagem, contribuindo para um processo de exclusão.

Quando se trata de violência na escola sabe-se bem que sequelas serão

deixadas, assim como contribuições para o desgaste entre a comunidade e a

escola, uma vez que a escola é um lugar de socialização ; construção de

conhecimento e formação do cidadão, logo, escola é antônimo de violência e

sinônimo de paz.

Quando educar para a paz? Sempre e em todos as circunstâncias. A educação

pela paz deverá ajudar o cidadão à tornar-se o que ele realmente é,

amadurecendo a sua personalidade no exercício da razão e do diálogo, tirando

de cena os preconceitos e desenvolvendo o espírito crítico.

A educação para a paz deverá ajudar o aluno a tornar-se o que ele é na sua

essência. A ação dessa educação aponta para o desenvolvimento do aluno

em sua totalidade, conduzindo-o para o exercício de suas virtudes, banindo o

uso de preconceitos, isto é, formando um ser crítico em busca de

comportamentos solidários, ou seja, uma convivência harmônica, com: justiça,

liberdade, honestidade e o exercício de cidadania.

Os meios de comunicação exercem uma influência decisiva sobre o cidadão,

podendo chegar a ser causa de violência, por efeito do meio.

Os alunos deveriam estar orientados por uma política educativa que assumisse

o sistema como ele está e carregasse a intenção de conseguir transformar

esse sistema tão desprezível numa sociedade justa e analítica.

Uma reflexão cuidadosa a respeito do assunto reforça a importância e a

necessidade da ação de toda comunidade escolar no combate às

desigualdades dentro e fora do ambiente escolar. Essa reflexão se faz

necessária no que tange o cidadão e sua relação com o mundo, percebendo

criticamente qual é a sua função, logo, a problematização proposta aos

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24alunos será capaz de levá – los a ações transformadoras nesse mundo

refletido.

É condição para a realização de uma educação anti – bullying, o

reconhecimento da diversidade tão presente no cotidiano escolar, somado ao

compromisso de todos os envolvidos no processo ensino – aprendizagem.

“Quem sabe, assim, a escola poderá desencadear um

processo de mudança de lógicas, de valores e de práticas

e a tradição oral, a corporeidade, a ecologia, a estética e

a diversidade dos vários grupos étnico – raciais sejam

incorporadas como constituintes do processo educativo,

como dimensões do currículo e da prática escolar?

Poderemos, então, desenvolver práticas pedagógicas que

entendam a educação escolar como um processo que vai

além do letramento e da consciência revolucionária.

Compreenderemos, então, o significado e a abrangência

da cultura de tradição africana na construção e na

constituição da nossa sociedade. Dessa maneira,

estaremos, sim, mais próximos da articulação entre

educação, cidadania e raça.” (ELIANE CAVALLEIRO,

2001, p.95).

Após o reconhecimento da situação, faz-se necessário prever e explorar o

futuro através do presente, pelo projeto político pedagógico.

Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. O

supervisor deve orientar a comunidade escolar que um projeto político

pedagógico pode ser desenvolvido frente a determinadas rupturas de ações

possíveis, comprometendo seus autores e colaboradores.

Ao se desejar uma escola reflexiva; uma escola contemporânea com portas

abertas para o futuro , onde se viva criando e recriando, sem perder a razão;

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25uma escola onde se realize a interação e integração entre o pessoal,

profissional e social está iniciado o projeto político pedagógico.

Ao incluir como proposta de trabalho do projeto político pedagógico o processo

anti – bullying, a escola, como esforço de toda comunidade escolar inicia a

busca pela sua identidade, pois na escola, todos os sujeitos (professores,

funcionários, coordenador pedagógico, gestor, supervisor, responsáveis,

alunos e comunidade) são agentes da cultura e da história, recendo e criando

condições para a construção da cidadania.

Na realidade, a questão do bullying na escola não consiste em criar grupos

produtores de projeto. A questão é saber como passar da iniciativa a um

consenso possível sobre a elaboração do projeto. Já é difícil, na escola,

interessar a um grande número de professores a simples ideia de que podem

envolver-se por um projeto estabelecido dentro da unidade. Mesmo que essa

barreira seja superada, outras dificuldades aparecerão, porque o mais difícil é

interpretar sentimentos da massa silenciosa e decodificar a sua expectativa,

logo, o importante é dar a partida com a minoria ativa. Os iniciadores sabem,

então, que a partida é um desafio.

Nesse sentido, uma das atitudes mais adequada para construir coletivamente

o sentido de mudança consiste em ajudar o grupo a considerar a grande

diversidade dos pontos de vista. A ação pedagógica só progride através das

discussões e as representações evoluem graças ao confronto e habilidades

existentes no processo de mudança, que o supervisor construirá com o grupo.

Os processos de mudança aumentam a incerteza. Para enfrentar essa

situação, faz- se necessário não ignorar os processos, mas enfrentá - los.

Neste sentido, uma atitude corajosa é construir coletivamente no sentido de

mudança, ajudando o grupo a conseguir as suas representações, aceitando a

enorme diversidade que aparecerá pela frente, no intuito de provocar debates

acerca do assunto proposto: bullying. O debate de idéias, estimulando a

controvérsia, estimula o grupo a envolver-se.

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26Com isso, o desenvolvimento profissional e a eficácia da ação pedagógica se

desenvolve, permitindo a cada um do grupo suportar a dúvida, a contradição e

a discussão, enfim, é a reunião pela união e nem sempre é o supervisor quem

desenvolve tal propósito, mas com certeza, ainda como espectador, deu,

sutilmente o pontapé inicial pela busca da solução.

Para que o projeto político pedagógico seja significativo para os alunos, é

importante conhecer o contexto real da vida deles, que favorecerá a

identificação das situações de violência observadas, assim como a prevenção.

A elaboração participativa do projeto político pedagógico propicia uma gestão

democrática e o perfil do supervisor deve conciliar com a técnica e a política.

Para tal, faz-se necessário entender que o projeto é político, porque tem

compromisso com a formação do cidadão e é pedagógico, pois possibilita a

formação do cidadão participativo, responsável e crítico dentro e fora da

escola, logo, projeto político pedagógico não é modismo ou documento de

gaveta, ele é o instrumento que indica a direção, o norte da escola.

“À medida que a sociedade humana foi sofrendo

transformações, a educação teve que ser revisada, e a

escola, agente educativo, como mero transmissor de

conhecimentos de geração para geração, também teve

de ser reestruturada. Nessa sociedade dinâmica, o

homem para sobreviver, necessita muito mais de ser

instrumentalizado com técnicas e habilidades para

resolver problemas, do que um vasto cabedal de

conhecimentos. Daí se depreende que a escola ao

organizar suas atividades, deverá preocupar-se com as

necessidades e expectativas que a sociedade tem em

relação ao indivíduo a ser formado por ela, bem como as

necessidades e expectativas dos educandos em torno

das contribuições que receberão na escola e que lhes

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27permitirão atuar eficientemente na sociedade.” (JOSÉ DE

PRADO MARTINS,1991, p.128).

É uma das funções do supervisor a de estreitar o leque das diferentes

percepções acerca da situação apresentada: bullying.

Transformar a agressão em situação de aprendizagem é dar oportunidade ao

aluno de construir um projeto participativo, valorizando a diversidade e o

respeito.

A recusa ou a acolhida favorável de uma mudança de comportamento da

Unidade Escolar dependerão dos componentes da comunidade escolar, afinal,

nesta unidade existem conhecimentos, valores, normas, modos de vida que

são essenciais à identidade, que precisarão ser reformulados.

O esgotamento do modelo de escolaridade voltado para a mobilidade social

convive com o enfraquecimento da socialização da escola enquanto formadora

da identidade. Por essa razão, um dos desafios é o exame de alternativas que

possibilitem a escola a redefinir sua presença significativa no desenvolvimento

de cidadãos.

Nesse momento, o supervisor assume um papel fundamental ao

desenvolvimento do professor, sobretudo tornando viva a intenção da

qualificação, buscando o seu aprimoramento e desenvolvimento.

“O progresso na relação entre os homens pode dar-se

através da conversação. Conversar não é somente falar

escutar, mas tirar do silêncio e tornar realidade

pensamentos que o interlocutor transforma em respostas.

Não é mediante um pensamento unilateral e sua

expressão, o “solilóquio”, que se progride no

entendimento dos homens, mas sim através do diálogo.”

(ESTHER DE ZAVALETA, 1999, p.73).

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28O cidadão de hoje é educado para quê? Para a harmonia consigo mesmo,

para a honestidade, para o trabalho, para a criação, para a liberdade.

Liberdade essa que se traduz na convivência com outros em forma de

cooperação e compreensão.

O direito à educação foi garantido, principalmente na ampliação do acesso,

levando à escola grupos sociais que historicamente não conseguiam entrar. No

entanto, a qualidade social da educação persiste em não assegurar a

permanência do aluno na escola, levando a exclusão. Para que os alunos

encontrem sentido na aprendizagem, aceitem e convivam com as diferenças,

faz- se necessário que a escola respeite a cultura das diferenças.

Na realidade, os fins propostos para a educação devem ser de acordo com o

coro que a sociedade clama: PAZ!

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29

CAPÍTULO IV

CYBERBULLYING: UM RECORTE OPORTUNO

Como se já não bastasse a violência que nos assola do mundo real, agora

cresce a violência no mundo virtual. A popularidade da tecnologia permite se

esteja conectado todo o tempo. O assédio constante por esses meios

eletrônicos pode causar consequências terríveis.

Não se pode esquecer que crianças e adolescentes são capazes de praticar

grandes perversões que denomina - se bullying: debochar, criar apelidos,

reparar nas imperfeições alheias, etc. Na escola, isso é mais aparente:

implicância, discriminação, agressões verbais e físicas.

Mais recentemente, a tecnologia, que tem um espaço virtual ilimitado ( internet,

celular, entre outros) dá espaço ao cyberbullying.

O cyberbullying inclui ameaças de morte, envio de vírus, acesso a contas de e-

mail, interrupção da participação de uma pessoa em um jogo on line,

constrangimento intencional.

As atitudes do cyberbullying variam muito de acordo como se deseja, mas

podem ser traumáticas, especialmente em mundos bastante realistas que

misturam fantasia e realidade. E, se um jogador on line investiu horas no seu

avatar (representação própria na Internet), sinal ou posição on line no universo

do jogo, pode haver uma ligação emocional significativa em jogo.

No Brasil, o índice de casos de cyberbullying vem aumentando.

O que antes era visto só na escola, hoje é visto por todo o espaço virtual.

O constrangimento que a vítima passa é lamentável, pois sendo um espaço

virtual, inúmeras pessoas presenciam ao mesmo tempo.

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30O Orkut (rede social criada para compartilhar experiências ) é um exemplo do

cyberbullying, pois mostra como a tecnologia permite que a agressão se repita

indefinidamente. A mensagem maldosa pode ser para várias pessoas ao

mesmo tempo e, as vezes, quem lê, nem conhece a vítima. Com isso, o

prepotente passa a ter mais “ poder “ com essa ampliação de público.

Aliás, o Orkut é um dos ambientes que mais concentram casos de

cyberbullying. E os professores também são alvos.

Esse tipo de atitude que a tecnologia provoca, faz com que os humilhados não

se sintam seguros em nenhum lugar, nem mesmo em casa.

Comparando com o bullying, o cyberbullying invade a intimidade da pessoa,

logo o espaço do medo é ilimitado como o espaço virtual.

O cyberbullying pode ir de um e-mail ameaçador, um comentário ofensivo, um

boato maledicente publicado de forma aberta numa comunidade virtual até

uma perseguição que ultrapassa o mundo do teclado e vai para o universo

físico. As formas são variadas, assim como os conteúdos. A intenção é sempre

a mesma: desestabilizar a vítima.

O cyberbullying é um problema crescente, que surgiu no século XX, quando

cada vez mais pessoas começaram a usar a tecnologia, encontrando nela a

oportunidade de expressão no anonimato.É fácil encontrar nos sites de

relacionamento as expressões: “ nojenta “, “ gorda “ , “ pobre “ , “ gay “, “ sujo”,

“ nerd ", entre outras.Basta criar um perfil falso, uma conta fictícia de e- mail ou

“ roubar ‘ a senha de outra pessoa para agir livremente.

Essa situação nova, comparada ao bullying mostra que para agredir

virtualmente não é mais necessário ser o mais forte ou pertencer a um grupo

de corajosos. Basta ter acesso à rede, ao espaço virtual.

O interessante é que muitos agressores nem sabem o porquê de tal ação,

alegando que tudo não se passa de uma brincadeira

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31De acordo com Cléo Fante, especialista em bullying e consultora da pesquisa,

a internet favorece as agressões porque propicia a quem pratica o bullying uma

falsa sensação de impunidade e anonimato. Ela também acredita que os

números sejam maiores no caso de bullying virtual porque há quem comece a

agredir um colega na escola e continue quando chega em casa, pela internet.

“Também há aqueles que só têm coragem de fazê-lo virtualmente”,explica.

A grande diferença existente entre bullying e cyberbullying é que no bullying, o

prepotente vê a reação da vítima e na hora exata da humilhação, tendo o seu

grupo de espectadores para constatar o feito, fazendo com que a vítima sofra

em público, enquanto que no cyberbullying toda humilhação fica na

expectativa, no virtual e não no real O prepotente demora para satisfazer-se

com a celebração da agressão, pois tudo fica na dependência da reação da

vítima.

“A opinião que a criança tem de si mesma está

intimamente relacionada com sua capacidade para

aprendizagem e com seu rendimento. Podemos dizer que

a energia que ela utiliza para adquirir conhecimento é a

mesma para resolver seus conflitos.

Nesse sentido, como fica o desenvolvimento da criança

que sofre racismo, que passa por constrangimento,

ofensas verbais, rejeição? Como fica o desenvolvimento

da criança diante de um cotidiano que lhe é hostil?

Sabemos que o autoconhecimento dos seres humanos

vai se formar desde muito cedo, por meio de seu

relacionamento com o mundo e com outras pessoas. As

opiniões dirigidas a partir de uma perspectiva negativa

serão uma forte contribuição para a formação de uma

imagem distorcida de seu valor.”(ELIANE CAVALLEIRO,

2001, p.154)

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32Num ambiente em que tal situação ocorre, percebe - se claramente que as

relações sócio –afetivas não estão construídas com base em valores sólidos.

É dever da escola propiciar encontros, debates, grupos de estudo nos quais os

responsáveis, professores, funcionários, alunos e comunidade tomem

consciência do fenômeno e da necessidade emergencial de desenvolvimento

de um clima saudável, por meio de ação anti- cyberbullying.

Por ação anti - cyberbullying entende-se uma série de tentativas que guiem a

ação e organização interna da escola, a explicação de uma série de objetivos

em concordância, que representem à comunidade escolar uma indicação e

demonstração do esforço da escola em tomar algumas atitudes para

desestimular os comportamento do prepotente, pondo em prática

procedimentos voltados a prevenção e o possível tratamento de tais

comportamentos, toda vez que se manifestem.

Tanto a definição de bullying, quanto a de cyberbullying devem facilitar uma

abordagem coerente em relação aos episódios de prepotência na escola.

Ao tratar de cyberbullying, deve-se ter a clareza de que há muitos envolvidos:

* Agressor – atinge o outro com repetidas humilhações, porque quer ser o mais

popular, sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo, sentindo -

se satisfeito com a reação da vítima. O anonimato possibilitado pela rede

virtual favorece a sua ação. Faz uso dos meios tecnológicos sem ser

submetido a julgamentos, pois não está exposto. Normalmente mantém esse

tipo de comportamento por um longo tempo e, por vezes, continua mesmo

chegando à fase adulta. Tem muita dificuldade de sair de seu papel e retomar

os valores sociais.

* Vítima – costuma ser tímida, insegura e quando agredida fica retraída.

Algumas doenças são identificadas como resultado de conflito tipo

cyberbullying: angústia, ataques de ansiedade, pânico, depressão, estresse,

anorexia, bulimia, além do medo e problemas de socialização, podendo

chegar à morte.

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33 *Espectador - nem sempre reconhecido como atuante em uma agressão, mas

é fundamental para o fortalecimento e continuidade do conflito. O espectador

é uma testemunha dos fatos: não sai em defesa da vítima nem se junta aos

agressores. Quando recebe uma mensagem, não repassa. Essa atitude

passiva ocorre por medo de também ser alvo de ataques ou por falta de

iniciativa, mas há os que atuam como uma plateia ativa, reforçando a

agressão. Pode até retransmitir imagens ou fofocas, tornando-se co - autores

ou co - responsáveis da ação.

Os agredidos correm riscos de se tornarem adultos ansiosos, deprimidos,

estressados, nervosos ou violentos, reproduzindo nos seus relacionamentos

sócio-afetivos aqueles vividos no ambiente escolar ou se tornam incapazes de

se livrar do cyberbullying.

Aqueles que conseguem reagir alternam momentos de ansiedade e

agressividade e para mostrar que não são covardes, passam de vítima a

agressor, tornando-se vítima e agressor ao mesmo tempo.

È urgente que se retome o eixo familiar, logo, faz-se necessário algumas dicas

importantes para uma ação familiar anti – cyberbullying:

• Acompanhar a relação da criança ou adolescente com a internet

é uma medida importantíssima, procurando sempre saber quais sites se

navega e com quem se relaciona nas redes sociais.

• Estabelecer limites quanto às horas de utilização da web.

• Não instalar o computador no quarto e sim num local que todos

tenham acesso constante.

• Demonstrar interesse sobre a internet, conversando sobre redes

sociais, internet.

• Orientar quanto aos riscos existentes no mundo virtual e o

contato com pessoas estranhas que podem estar mal intencionadas.

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34• Alertar quanto aos cuidados que se deve tomar: postar fotos,

dados pessoais ou lugares frequentados.

• Todo o cuidado é pouco na web. Muitos adolescentes se expõem

em demasia na frente da câmera do computador, colocando-se em

poses sensuais ou até mesmo nuas. O detalhe é que essas imagens

podem ser remontadas de modo a humilhar a pessoa.

• Outra medida importante é notificar o provedor do serviço de

internet para que o conteúdo ofensivo seja removido.

Segundo Morais, é possível detectar nas crianças/ adolescentes a ocorrência

de cyberbullying através de alterações no comportamento, como:

* Tornam-se afastados, agitados, ansiosos, tristes ou deprimidos;

*Expressam raiva, gritando com as pessoas ao redor;

*Queixam-se fisicamente de dificuldade em dormir, dores de cabeça ou de

barriga, inapetência ou compulsão em comer, ânsia de vômito;

*Perdem interesse em eventos sociais;

*Relutância em freqüentar a escola;

*Revelam alterações na utilização da Internet.

Ética e solidariedade são palavras desconhecidas e perdidas no século XXI,

que as substituiu pelo desrespeito e pela afronta ao direito individual do

cidadão que deseja e vencer na vida honestamente, pelo seu próprio valor.

Diariamente alguém que teve sua intimidade exposta na internet, seja em

blogs, em comunidades do Orkut, via email, demonstra insegurança. E

geralmente acontece entre adolescentes, uma fase onde o conceito de

intimidade ainda é muito confuso e muitos ainda não sabem separar o que é

público do que é privado, não vendo o menor constrangimento em colocar no

Orkut sua intimidade.

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35É preciso dar um basta ao cyberbullying. O adolescente necessita acima de

tudo de limites. Precisa entender os seus direitos e os seus deveres. Precisa

de disciplina e autoridade. Precisa entender que todos são cidadãos, logo,

para que se consiga chegar a uma geração de politizados, só com uma boa

educação familiar e escolar é possível para alcançar tal objetivo.

Não há como deixar de concluir que estamos diante de um sério problema nas

áreas educacional e social, pelo desenvolvimento do cidadão.

“Esse desenvolvimento deve dar-se, além disso, num

mundo de mudança, que o homem não acaba por

entender inteiramente. Deverão acontecer mudanças em

seu espírito e em suas atitudes perante a vida, para que

possa chegar a ver o mundo como algo positivo, portador

de ricas experiências humanas e de progresso; somente

dessa maneira conseguirá uma autêntica segurança,

aquela que se funda na aceitação da mobilidade e que se

opõe a toda atitude reacionária de resistências às

mudanças, que se adapta e não se refugia numa falsa

segurança de imobilismo. O homem deverá” saber”

adaptar-se. Em nossa sociedade tecnicizada essa

segurança se opõe também a toda concepção desmedida

dos poderes do homem; a sociedade de “consumo” não

descobre o sentido ou os ideais da vida humana; antes

faz nascer no homem um sentimento chamado de solidão

e de futilidade ao qual se passou chamar de” alienação”.

O homem deverá reencontrar o caminho dos valores

essenciais... ” (ESTHER DE ZAVALETA, 1999, p.94 e

95).

Cada vez mais e mais pessoas inserem o uso da rede em seu dia – a – dia

aumentando sua produtividade ao estar em contato com colaboradores,

conhecendo pessoas de todo mundo com interesses similares.

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36 A vítima de cyberbullying deve reunir todas as provas possíveis dos ataques

sofridos, como cópias de e-mails, mensagens SMS, de telas de blogs ou perfis

de redes sociais. É importante salvar e imprimir o conteúdo, inclusive bate-

papos em comunicadores instantâneos. Para ter validade jurídica, as provas

devem ser registradas em cartório e deve-se fazer uma declaração de fé

pública, para provar que o crime foi cometido. O passo seguinte é procurar

uma delegacia comum ou especializada em crimes cibernéticos e fazer uma

queixa-crime.

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37

CONCLUSÃO

Ao entender que bullying é a ação realizada pelo indivíduo no intuito de

agredir, humilhar, amedrontar, discriminar, manipular e inibir o outro, percebe -

se que a escola, um dos meio sociais importantes para a formação do cidadão,

está aquém das expectativas.

É na escola que crianças e adolescentes ingressam cheios de sonhos e de

esperanças em construírem um futuro digno para si e para sua família através

do conhecimento; outros voltam cheios de feridas interiores, causadas por

insucessos escolares e pessoais, palavras negativas internalizadas, falta de

apoio emocional e material por parte do meio que os cerca, deixando que o

desânimo impere em suas vidas. Esses motivos, entre outros, fazem com que

o aluno sinta- se um ser inferior diante do mundo, incapaz de aprender e de

construir sua própria história, bem como de contribuir com melhorias para a

história da humanidade.

Família e escola são responsáveis pela construção da auto - estima do aluno.

Ambos têm a incumbência de transmitir confiança e de despertar os

sentimentos do mesmo, fortalecendo, assim, as suas estruturas emocionais.

Família e escola, quando caminham juntas, colaboram no processo de ensino -

aprendizagem, inicialmente, através da afetividade. Devem ser vistas como

“portos seguros” do indivíduo, como pontos de busca de apoio para o mesmo

em todas as horas.

Educação não é tarefa exclusiva do professor e a escola não é o único espaço

físico para aprender. Toda sociedade deve ter um olhar mais atento para a

educação, proporcionando os mais diversos espaços físicos para o alcance da

aprendizagem.

Ensinar é muito mais do que transmissão de conteúdo: requer afetividade entre

professor e aluno, sempre na busca de soluções das dificuldades na

aprendizagem.

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38As realizações na vida do indivíduo se dão conforme o seu modo de pensar e

agir

O indivíduo que intencionalmente persiste em desequilibrar o ambiente que

ocupa está cometendo bullying e quando o ambiente é virtual, chama-se

cyberbullying. A única diferença existente ente bullying e cyberbullying é que

no primeiro, sabe-se quem é o prepotente, enquanto que no segundo o

prepotente pode tornar-se oculto para não ser reconhecido.

Ao mesmo tempo, família, escola e sociedade têm a inteira obrigação exercer

a sua responsabilidade de amar, de educar e de cuidar. Só assim as gerações

futuras serão formadas por pessoas sensíveis, honestas e responsáveis.

O tema bullying é inesgotável de propósitos, que alinhavados contribuirão na

melhoria da qualidade de vida do cidadão.

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39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSIS.S.G. de, AVANCI.J.Q.,PESCE.R.P. Agressividade em crianças: um olhar sobre comportamentos externalizantes e violências na infância. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPQ. 2008.

ASSIS.S.G. de, AVANCI.J.Q., PESCE.R.P., NJAINE,K. Resistência na Adolescência: refletindo com educadores sobre a superação de atividades. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPQ.2008.

ASSIS.S.G. de, AVANCI.J.Q., PESCE.R.P., CONSTANTINO,P. Impactos da Violência na Escola;refletindo com professores sobre o enfrentamento da violência. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPQ,2010.

LOPES NETO, A.A. Bullying . Jornal de Pediatria- Vol.81, n.5 (Supl),2005.

REVISTA NOVA ESCOLA n.233. junho /julho 2010,p.67 a 73.

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40

BIBLIOGRAFIA CITADA

ASSIS.S.G. de, AVANCI.J.Q.,PESCE.R.P. Agressividade em crianças: um olhar sobre comportamentos externalizantes e violências na infância. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPQ. 2008.

CAVALLEIRO,Eliane.Racismo e anti – racismo na educação. Repensando nossa escola.São Paulo:Selo Negro,2001.

FANTE,Cleo. Fenômeno Bullying: Como previnir a violência na escola e educar para a paz. São Paulo:Versus,2005.

LEITÃO Cleide. Curso Nacional de Qualificação dos Gestores do SUS.Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPQ.2010

MARTINS, José do Prado. Administração Escolar.Uma abordagem crítica do Processo Administrativo em Educação.São Paulo:Editora Atlas,1991.

MORAIS, Tito de. Bullying e cyberbullying. As diferenças. Disponível em http://www.mundosegurosna.net/artigos/2007-09-11.html.

SPOSITO,Marília Pontes. A Instituição escolar e a violência. Cadernos de Pesquisa,n.104,p.58,jul,1998.

ZAVALETA, Esther de. Educação para a convivência. São Paulo: Editora Ave – Maria,1999.

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41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O que é bullying? 10

CAPÍTULO – O educador e o bullying 17

CAPITULO III – O supervisor frente ao bullying 21

CAPÍTULO – Cyberbullying: Um recorte oportuno 29

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 40

ÍNDICE 41

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42

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: VIOLÊNCIA NA ESCOLA: BULLYING

Autor: ALICE CARDOSO PEREIRA

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: