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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” O NOVO E VELHO FENÔMENO SOCIAL: O BULLYING NA S ESCOLAS VIRGILIA AUGUSTA DA COSTA NUNES ORIENTADORA: PROFª. ANA PAULA LETTIERI FULCO RIO DE JANEIRO JANEIRO/2007

Virgilia augusta da costa nunes

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Page 1: Virgilia augusta da costa nunes

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”

O NOVO E VELHO FENÔMENO SOCIAL:

O BULLYING NAS ESCOLAS

VIRGILIA AUGUSTA DA COSTA NUNES

ORIENTADORA:

PROFª. ANA PAULA LETTIERI FULCO

RIO DE JANEIROJANEIRO/2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”

Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia Jurídica.

RIO DE JANEIROJANEIRO/2007

O NOVO E VELHO FENÔMENO SOCIAL:

O BULLYING NAS ESCOLAS

VIRGILIA AUGUSTA DA COSTA NUNES

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AGRADECIMENTOS

À todas as pessoas pelo apoio direto ou indireto que ofereceram à realização desta monografia.Em especial:À professora Dr.ª Denise de Souza Soares, pessoa imbuída de espírito de luta e incentivo, contribuindo, de alguma forma, para a elaboração deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Meu esposo, pela presença amiga e compreensão das horas solitárias deixadas para trás e a esta orientadora, pelo carinho que nos dedicou e paciência com que nos orientou.

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METODOLOGIA

A metodologia empregada constituir-se-á de levantamento da documentação existente

sobre o assunto, qual seja, o bibliográfico com destino à coleta de material e de dados, através da

leitura de livros, jornais, revistas e textos da Internet para o trabalho a ser desenvolvido. Esta busca

metódica contará, também, com outra valiosa fonte que são os fichários das bibliotecas para

elaboração de bibliografia especial referente ao tema ainda pouco conhecido entre os estudiosos.

Outrossim, conterá avaliação crítica do material a ser selecionado, montagem do projeto inicial e a

redação da monografia com relatos, publicações, pesquisa quantitativa dos envolvidos, realizada

pelos alunos da 6.ª série do Ensino Fundamental do Colégio Pedro II, nas aulas de Sociedade e

Cidadania durante o ano letivo de 2006 e os respectivos gráficos.

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RESUMO

Analisar o fenômeno universal de bullying entre os alunos como o resultado de

brincadeiras que machucam a alma, mediante a relação de causa e efeito da agressividade

apresentada no ambiente da instituição escolar, significa descobrir o que existe por trás da

manifestação considerada brincadeira própria da idade e que, na verdade, representa violência

moral velada cometida e sofrida por meninos e meninas nas escolas. A presença deste fenômeno já

restou comprovada nas escolas de todo mundo, bem como nas escolas brasileiras, tendo, somente,

agora, alcançado notório cuidado em face das tragédias ocorridas em escolas brasileiras, como

poderá ser constatado durante as leituras seguintes. Embora venha mascarado sob a forma de

brincadeira e ainda seja tratado como normal, natural por pais e educadores, com raras escolas a

conhecê-lo e combatê-lo, condignamente, como problema de forte carga emocional, ele prejudica a

vítima e a fere na área mais preciosa, íntima e inviolável do ser- a sua alma-, afetando-lhe a

memória, a mente, o desenvolvimento de sua inteligência, de sua capacidade de auto-expressão e

sua condição de primar por cidadania e qualidade de vida, em virtude dos traumas sofridos por

intimidação e humilhação com sérias conseqüências ao desenvolvimento psíquico dos alunos,

gerando desde queda na auto-estima até, em casos extremos, o suicídio e outras tragédias. Este

fenômeno não é praticado só contra crianças e adolescentes. Os professores e adultos, em geral,

também podem ser atingidos. Segundo o coordenador do programa de bullying da ABRAPIA

(Associação Brasileira Pais, Infância e Adolescência), a maioria dos casos ocorre no interior das

salas de aula, sem o conhecimento do professor. Ora, em uma aprendizagem apavorada não se pode

aprender. Sendo ele uma das causas mais importantes de fracasso escolar, as escolas devem,

portanto se preparar para pesquisa e divulgação deste fenômeno, que não é novo, mas começa a

receber a atenção dos especialistas diante da atual conjuntura de violência e agressividade nas

escolas por parte dos alunos. A observação em alunos com o perfil descrito acima como aqueles

implicados em situações de violência será de grande valia par ao estudo. A conscientização requer

um programa com estratégias e ações mobilizadoras, envolvendo escola, direção, corpo docente e

discente, além de pais e colaboradores para sua erradicação plena.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Fenômeno Bullying 10

CAPÍTULO II

Anti-bullying 29

CAPÍTULO III

Mídia e Cyberbullying 36

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 48

WEBGRAFIA 49

ÍNDICE 50

ANEXOS 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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INTRODUÇÃO

A fenomenologia bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa violento,

tirano. Como verbo, to bullying significa ameaçar, brutalizar, oprimir, intimidar e maltratar. A

palavra bullying não tem tradução para o português, mas comporta todas as formas de agressão

feitas na intenção de machucar as pessoas até a alma, conforme se constata no dia-a dia das

vítimas, dos agressores e dos espectadores.

“Os comportamentos bullying podem ocorrer de duas formas: direta e indireta, ambas aversivas e prejudiciais ao psiquismo da vítima. A direta inclui agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e discriminatória, insultar, constranger); a indireta talvez seja a que mais prejuízo provoque, uma vez que pode criar traumas irreversíveis. Esta última acontece através de disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social.” (Fante,2005,p.50).

Assim, bullying é toda atitude grosseira, hostil, repetitiva, disfarçada de brincadeira de

estudante. Esta forma de violência apresenta-se de forma velada, através da soma de

comportamentos maldosos, intimidadores e sempre repetitivos contra a mesma vítima, sendo seu

alcance destruidor, altamente, prejudicial à comunidade escolar e à sociedade em sua plenitude.

Justificar as causas e os efeitos do fenômeno desta violência moral, ou seja, do bullying

no ambiente da instituição escolar mediante a agressividade dos alunos utilizada em seu cotidiano

não é tarefa fácil. Pelo contrário, tal análise torna-se muito mais complexa, pois ela se reflete sobre

nós mesmos, nossos pensamentos, nossos sentimentos e atos.

Os profissionais da Educação não dominam ainda o tratamento a ser utilizado nem

distinguem os alunos agressivos dos indisciplinados e violentos porque as fronteiras da violência no

tempo e no espaço se tornam de difícil definição, se confundem, se interpenetram, se inter-

relacionam com agressão e indisciplina quando manifestadas na esfera escolar.

O bullying escolar entre pares é um fenômeno tão antigo quanto prejudicial e pode

deixar marcas profundas na vida de um estudante. Quem já sofreu com o bullying, sabe que não é

fácil esquecer a humilhação. Por isso é comum a vítima levar esse trauma para a vida adulta. Os

efeitos mais comuns dessa agressão traduzem depressão, insegurança, problemas na escola e

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síndrome de pânico. Em casos mais extremos, a vítima pode tornar-se violenta com os colegas ou

até mesmo pensar em suicídio.

Apesar de haver tanto tipo de violência, há maneiras de evitar ou inibir o bullying,

aplicando-se o anti-bullying para que os envolvidos curem suas feridas emocionais, tornem-se seres

humanos autoconfiantes e rumem à auto-superação na vida.

Ressalte-se que na vida familiar, escolar ou esportiva, nas associações de todo tipo e no

voluntariado, os adultos têm uma função precípua importantíssima, a do social. Eles detêm a

conexão e a mediação entre os jovens e a sociedade. Por isso, devem passar a imagem de um ser

humano com referência educativa natural para o adolescente que carece de crescimento, modelos e

inserção correta no mundo em busca de sua adultidade.

Os adultos devem se responsabilizar pela gestão do exercício da autoridade e do poder

compartilhados (empowerment), porquanto este discurso é o único a erradicar tais atitudes

agressivas. Desta forma, promove-se o empowerment como poder com e não como poder sobre,

baseando-se na valorização da relação, da comunicação como contato emocional e construção

contínua e na afetividade, esta enriquecida pela leitura dos sinais que vêm do outro com o qual se

relaciona.

No ambiente escolar, quando não há medidas contra este fenômeno, a tendência para

um ambiente contaminado é muito grande. Todos os alunos são afetados negativamente. Deste

modo, as medidas adotadas nas escolas para inibir tais condutas são necessárias e se bem aplicadas

em toda a comunidade, controlam o bullying de forma a trazer o envolvimento para a formação de

uma cultura de não violência na sociedade, ou seja, o anti-bullying.

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CAPÍTULO I

FENÔMENO BULLYING

1.1. Definição, origem e breve histórico

O que é o fenômeno do Bullying? Bullying, expressão inglesa que se traduz por

crueldade, representa uma das inúmeras formas de violência na escola. Tem origem na palavra

inglesa bully que significa valentão, brigão. Como verbo, possui uma gama de significados, a

exemplo, ameaçar, amedrontar, tiranizar, oprimir, intimidar, maltratar, excluir, implicar, humilhar,

não dar atenção, fazer pouco caso e perseguir os outros.

É um problema mundial. Não são conflitos normais ou brigas entre estudantes, são

verdadeiros atos de intimidação preconcebidos, através de ameaças, às vezes considerados

irrelevantes, mas que deveriam ter como peso decisivo a presença da intervenção de um adulto,

pois a condição de sujeição, o sofrimento psicológico, o isolamento e a marginalização a que são

submetidos os estudantes, na mais tenra idade, por atos de vandalismo, não sugerem inocência.

Trata-se de um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica e

independe de classe social. È um conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetidas, sem

motivações evidentes, que pode ser praticado por uma pessoa ou um grupo de jovens definidos

como intimidadores nos confrontos com uma vítima predestinada, dentro de uma relação desigual

de poder. Tais atitudes compreendem colocar apelidos do tipo gordo, orelhudo, quatro olhos,

baleia, botijão de gás, ou discriminar, excluir, intimidar, agredir, humilhar, tiranizar, entre outros.

Também, reforçam o preconceito contra negros, magras, feios, gays, repetentes, latinos...Onde vai

parar essa lista?

Na opinião de Fante (2001), as pesquisas indicam que metade das crianças sofre

bullying ao longo de sua estada na escola e somente 10% não apresentam males posteriores.

Portanto, os atos repetitivos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as

características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. Até os princípios dos anos

setenta, poucos esforços foram envidados para seu estudo sistemático, com exceção da

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Escandinávia e após a primeira década de setenta, surgiu na Suécia grande interesse pelos

problemas desencadeados por ele.

O primeiro a relacionar a palavra ao fenômeno foi Dan Olweus, na década de 70,

professor da Universidade de Bergen – Noruega (1978 a 1993) e com a Campanha Nacional Anti-

bullying nas escolas norueguesas em 1993. Na Noruega, o fenômeno foi preocupante por muitos

anos, porém as autoridades educativas não se comprometeram de forma oficial. Na década de 80,

três rapazes entre 10 e 14 anos cometeram suicídio e então, ao pesquisar o fato com base em

hipóteses de tendências suicidas entre adolescentes, Olweus descobriu que a maioria desses jovens

tinha sido objeto de algum tipo agressivo. Olweus pesquisou 84.000 estudantes, 300 a 400

professores e 1000 pais para avaliar a natureza e ocorrência do fenômeno através de questionário de

25 questões com respostas de múltipla escolha, onde se observava a freqüência, tipos de agressões,

locais de maior risco, tipos de agressores e percepções individuais quanto ao número de agressores.

Os primeiros resultados saíram em 1989, confirmando que 1 em cada 7 estudantes estava envolvido.

Em 1993, Olweus publicou o livro Bullying at School.

Durante a década de 90, ocorreram na Europa muitas pesquisas e campanhas em torno

do assunto para inibir a prática. Muitos pesquisadores denominam o termo de violência moral. Na

língua inglesa o termo usado é bullying, na França chamam de harcèlement quotidén, na Itália de

prepotenza ou mesmo bullismo, no Japão de yjime, na Alemanha de agressionen unter schülern, na

Noruega de mobbing, na Suécia e Finlândia de mobbning, na Espanha de acoso y amenaza entre

escolares e em Portugal de maus tratos entre os pares. No Brasil, ainda não há um termo específico

para nomear o problema. O próprio termo violência moral foi inspiração do francês assédio moral,

mas existem outras denominações defendidas. Para Monteiro (2003), presidente da Abrapia

(Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência), não há no Brasil

uma palavra que defina o bullying, o que soa estranho, sendo o vocabulário da Língua Portuguesa

tão farto.

1.2. Espaços sociais no tempo, no espaço, no Brasil e no mundo

É sabido que o presente estudo teve início no norte da Europa. As recentes pesquisas na

Itália identificaram a presença do bullying já no maternal indo até os primeiros anos da escola

superior, entre 15 a 20 anos.

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Waiselfsz (2002) salienta que as pesquisas realizadas pela unesco com jovens de

diferentes cidades do Brasil (Brasília, Fortaleza, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo) na faixa de

14 a 19 anos de idade, mostraram que 60% deles sofreram os efeitos do bullying nas escolas. Em

2002, a taxa de mortalidade na faixa de 15 a 24 anos de idade duplicou nas duas últimas décadas.

No contexto internacional, índices de homicídios entre jovens são extremamente elevados. No plano

nacional 40% das mortes entre jovens pertencem a homicídios. Nas capitais do país, esse número se

eleva a 47%.Vê-se, então, que diante das diferentes perspectivas, há uma infinidade de

compreensões de violência, onde suas fronteiras no tempo e no espaço se tornam maleáveis, frágeis

e difíceis de serem definidas.

A violência escolar no Brasil e em outros países pode decorrer da violência social que

atinge a vida escolar como também pode ter seu nascedouro no próprio ambiente escolar. A

violência da escola e a violência na escola abrigam uma série heterogênea e complexa de

fenômenos, não só o bullying. Na opinião de Nogueira (2003), o que se nota é a grande maioria dos

profissionais em Educação não saber tratar e distinguir os alunos agressivos dos indisciplinados e

violentos, arriscando pseudodiagnósticos.

Segundo Olweus (1998), o bullying escolar, termo usado no mundo anglo-saxão, é um

novo conceito que se dá a uma forma de violência não física - os insultos, os apelidos cruéis e as

gozações que magoam profundamente, as ameaças que ocorrem nos recreios e nas saídas das

escolas, que levam muitos estudantes à exclusão, trazendo danos físicos e materiais - junto a formas

de violência física. Um estudo, em escala nacional, calcula que 15% do total de alunos de educação

primária e secundária na Noruega alternavam como agressores ou vítimas.

Para Orte (1996) o bullying escolar se apresenta como um mal-estar que se observa

desde a face oculta, o desconhecimento, a indiferença, ou melhor, desde a ausência de valorização

de si mesmo, de sua própria existência e dos efeitos no desenvolvimento social, emocional e

intelectual daqueles que sofrem este novo e velho fenômeno. O bullying é fato novo por necessitar

de mais investigação no mau caráter projetado de forma oculta dentro de um mesmo contexto e é

fato velho, por já ser prática antiga nos centros educativos entre os valentões.

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Segundo Fante (2002) não se trata de episódio esporádico ou de brincadeiras próprias de

crianças. Essas brigas acontecem e acabam. O bullying é contínuo, metódico, persistente e não

precisa de razões para acontecer. A vítima, ao se dirigir para a escola, sabe o que a espera. Quer

fugir, mas não pode. Informar ao professor pode piorar. Misturado ao medo cresce o ódio, o desejo

de vingança e destruição aos agressores e isso pode um dia se tornar realidade.

Em Portugal, com 7.000 estudantes, um em cada cinco alunos (22%) entre 6 e 16 anos

já foi vítima. Almeida (2003) mostra que 78% dos maus tratos ocorrem nos pátios de recreio,

seguidos dos 31,5% nos corredores. Na Inglaterra, a pesquisa da ong Young Voice publicada no

livro Bullying in Britain mostrou que apesar da lei que garante o com bate contra o bullying, os

estudantes não estão satisfeitos com os resultados da prevenção das escolas.

De acordo com a pesquisadora Fuensanta Cerezo (2001), na Espanha o nível de

incidência se situa em torno de 15% a 20% dos estudantes o que se assemelha aos índices de

Portugal e a outros países da União Européia.

Nos Estados Unidos, Andrews (2001) sustenta que os índices são tão altos que podemos

dizer que se trata de conflito global e se persistir, será grande o número de adultos abusadores e

delinqüentes.

Em pesquisa realizada na Grã Bretanha, encontram-se 37% dos alunos do Ensino

Fundamental e 10% do Ensino Médico que admitem ter sofrido bullying, pelo menos, uma vez por

semana.

No Brasil, a ONG Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à

Infância e Adolescência), desenvolveu um projeto com 11 escolas públicas e particulares no Rio de

Janeiro, sob o patrocínio da Petrobrás e 40,5% dos 5.785 alunos de Ensino Fundamental admitiram

envolvimento em atos agressivos. No Brasil, ainda é pouco pesquisado. Somente há estudos

registrados em Santa Maria (Rio Grande do Sul), pela professora Marta Canfield e seus

colaboradores em 1997, em quatro escolas públicas; no Rio de Janeiro, pelos profs. Israel Figueira e

Carlos Neto (2000-2001) em duas escolas municipais e recentemente, no Colégio Pedro II,

Unidades Centro e São Cristóvão II, pelo chefe do Departamento de Sociologia, prof.ª Maria Lúcia

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Martins Pandolfo e sua equipe, em 2006. Em São José do Rio Preto e região (São Paulo 2000-

2002) pela prof.ª Cleodelice Aparecida Zonato Fante e seus colaboradores.

1.3. Os papéis sociais dos protagonistas e seus sinais e sintomas

Os tipos de papéis desempenhados são bem definidos entre os envolvidos. Se não

vejamos.

Vítima típica (alvos): serve de bode expiatório para o grupo e pode ser um indivíduo ou

um grupo. Sobre esta recaem as conseqüências dos comportamentos agressivos de outros.

Geralmente, pouco sociável, sem habilidade para reagir, mais frágil que os colegas, ineficaz nos

esportes e nas brigas, coordenação motora deficiente, no caso dos meninos. De aparência sensível,

tímida, passiva, submissa, insegura, com baixa auto-estima, dificuldade de aprendizado, ansiosa e

de aspecto depressivo com tendências ao suicídio e à síndrome do pânico, de melhor

relacionamento com adultos, com dificuldade de impor-se ao grupo, tanto física como verbalmente,

tornando-se, presa fácil para os abusos. Resiste ou recusa-se a ir para a escola, com simulação de

doenças. Tem perda de sono ou pesadelos. Troca de escola ou abandona os estudos.

Vítima provocadora (alvos/autores): a que provoca e atrai reações agressivas contra as

quais não consegue lidar com eficiência. Possui gênio ruim, tenta brigar ou responder quando é

atacada ou insultada, de maneira eficaz, hiperativa, inquieta, dispersiva e ofensora; de modo geral,

tola, imatura, de costumes irritantes e quase sempre, responsável pelas tensões no ambiente.

Vítima agressora (alvos/autores): na verdade, busca indivíduos mais frágeis para torná-

los bodes expiatórios, transferindo-lhes os maus-tratos já sofridos. Trata-se de uma dinâmica

expansiva que incide no aumento de vítimas.

Agressor (autor): vitimiza os mais fracos. De ambos os sexos, pouca empatia, de

família desestruturada com pouco relacionamento afetivo entre seus membros, supervisão

deficitária, comportamentos agressivos ou violentos para solução de conflitos. Normalmente, mais

forte, da mesma idade ou pouco mais velho que suas vítimas, fisicamente, superior nas brincadeiras,

esportes e brigas, no caso dos meninos. Necessidade imperiosa de dominar, de subjugar, de se

impor mediante poder, ameaça e vanglória. É mau-caráter, impulsivo, irrita-se facilmente e tem

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baixa resistência às frustrações. Custa a adaptar-se às normas, não aceita contrariedade, não tolera

atrasos e pode tentar artimanhas durante as avaliações. É malvado, duro, de pouca simpatia com

suas vítimas, adota condutas anti-sociais, incluindo o roubo, o vandalismo, pichação, discussões,

desentendimentos e o uso de álcool, além de se sentir atraído por más companhias. Seu rendimento

nas séries iniciais pode ser normal ou acima da média, mas nas seguintes, pode obter notas mais

baixas com atitudes negativas para com a escola. A probabilidade de se tornarem adultos com

comportamentos anti-sociais e/ou violentos com tendências a atitudes delinqüentes ou criminosas é

grande.

Espectador (testemunha): representa a grande maioria dos alunos que adota a lei do

silêncio por temer se transformar em novo alvo para o agressor, isto é, a próxima vítima.

Testemunha tudo, porém não sofre nem pratica. Muitos deles podem se sentir inseguros e

incomodados e por isso, reagem negativamente, uma vez que seu direito de aprender foi violado,

podendo influenciar sua capacidade e progresso acadêmico e social.

Segundo o pediatra e psiquiatra infantil Christian Gauderer(2002), professor da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, a maioria dos pais e dos professores não está atenta para as

situações de intimidação. Estas podem infernizar a vida do filho/aluno, afetar seu relacionamento

familiar e causar entraves ao seu aprendizado; além disso, ele pode passar por sérios problemas

emocionais por não conseguir fazer parte de um grupo.

Cacilda Paranhos, do Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo,

assegura que um dos sinais mais evidentes é a queda de rendimento escolar e a resistência em ir à

aula, explica a especialista em violência infantil. (Fante, 2005, p.74).

Sendo a característica principal do bullying a violência oculta e considerando o mutismo

da vítima, convém observar qualquer alteração no comportamento da criança, por mais

insignificante que seja. Para que o estudante possa ser identificado como vítima, os professores

devem fazer as seguintes observações com relação às suas atitudes na escola:

Durante o recreio está freqüentemente isolado, separado do grupo ou procura ficar

próximo do professor ou de algum adulto?

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Na sala de aula tem dificuldade em falar diante dos demais, mostrando-se inseguro

ou ansioso?

Nos jogos em equipe é o último a ser escolhido?

Apresenta-se comum ente com aspecto contrariado, triste, deprimido ou aflito?

Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares?

Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa rasgada,

de forma não-natural?

Falta às aulas com certa freqüência (absentismo)?

Perde constantemente os seus pertences?

Os mesmos procedimentos interrogativos devem ocorrer em relação ao aluno-agressor.

Entre seus comportamentos habituais, na escola:

Faz brincadeiras ou gozações, além de rir de modo desdenhoso e hostil?

Coloca apelidos ou chama pelo nome ou sobrenome dos colegas, de forma

malsoante; insulta, menospreza, ridiculariza, difama?

Faz ameaças, dá ordens, domina e subjuga?

Incomoda, intimida, empurra, picha, bate, dá socos, pontapés, beliscões, puxa os

cabelos, envolve-se em discussões e desentendimentos?

Pega dos outros colegas materiais escolares, dinheiro, lanches e outros pertences,

sem o seu consentimento?

1.4. As causas e os efeitos na prática do bullying

A violência urbana vem adquirindo mais importância e dramaticidade na sociedade

brasileira, especialmente, na década de oitenta, com o freqüente envolvimento da população infantil

e juvenil tomando as páginas da imprensa falada e escrita. Há quem diga que o aumento da

violência esteja relacionado com o número de jovens e crianças que vivem pelas ruas das grandes

cidades, porém considerar a pobreza e a miséria como as únicas causas da violência é, no mínimo,

uma análise reducionista e simplista da questão, porquanto temos filhos de famílias abastadas

cometendo crimes.

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O comportamento agressivo ou violento nas escolas é, hoje, o fenômeno mais complexo

e difícil de se compreender por afetar a sociedade, principalmente, as crianças de todas as idades,

em todas as escolas do país e do mundo. Este fenômeno resulta de fatores externos e internos à

escola.

Quanto aos fatores externos, no que diz respeito ao contexto social, depara-se com a

pobreza e o desemprego,ambos responsáveis pela desigualdade social que leva ao ambiente

agressivo, à delinqüência e a atitudes anti-sociais. Mahatma Gandhi dizia: “a pobreza é a pior forma

de violência”. Ela se encontra na má distribuição de renda, nos baixos salários, na exploração dos

trabalhadores, nas crianças de rua trabalhando indevidamente, prostituindo-se, drogando-se,

traficando, roubando e mendigando por falta de moradia, alimentação e saneamento básico e na

precária assistência em educação e saúde; também, nos meios de comunicação, os namoros e

relações sexuais virtuais, os videogames, os computadores e a televisão ensinam a ver na

agressividade e na violência os meios de resolução de problemas; e na família, os modelos de

identificação fixados em aspectos negativos como maus-tratos, práticas educativas inconsistentes,

desestruturação familiar e falta de tempo para os filhos só tendem a proliferar o problema. Quanto

aos fatores internos, o clima escolar deve ser baseado no princípio da eqüidade, onde todos têm os

mesmos direitos, porém a falta de perspectiva no mercado de trabalho e de uma vida melhor é o

que mais aflige e frustra o adolescente, criando repúdio ao sistema escolar. Nas relações

interpessoais, estas se fundam no tipo de relacionamento estabelecido com os professores e com

seus iguais. Se não houver esta adaptação, a escola se transforma em fonte de estresse e de conflitos

interpessoais. Quanto à relação professor – aluno, esta se baseia na disputa de poder. De um lado, o

docente luta pelo controle de sua classe; de outro, o aluno testa o professor para mostrar seu poder

ante seus iguais. A falta de afeto e atenção, desfavorecendo a empatia e dificultando a

aprendizagem, gera problema disciplinar exaustivo que leva ao desempenho negativo e ao estresse.

Segundo alguns estudos de Alessandro Costantini (2004), o bullying tem origem na

irrupção - invasão súbita, ato de irromper - e falta de controle do sentimento de intolerância nos

primeiros anos de vida, cujas conseqüências nas faixas etárias seguintes (estando ausentes reações

educativas duras) são atitudes de transgressão e de falta de respeito ao outro, as quais tendem a se

consolidar, transformando-se em esquemas mentais e ações de intimidação sistemática contra

aqueles que são mais fracos.

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Nos últimos anos, o intenso processo de urbanização, as migrações internas com suas

conseqüências de desenraizamento social, cultural, afetivo e religioso, a acelerada industrialização,

o impacto das políticas neoliberais, a expansão das telecomunicações, a cultura do consumo, a

enorme concentração de renda, a crise ética, o aumento da exclusão e do desemprego, tudo isso tem

desencadeado a ruptura do equilíbrio fundamental para a boa convivência e difunde a

agressividade entre os jovens.

A prática do bullying não seleciona classe social, grau de cultura, conta bancária, raça,

religião, tipo de carro...

Diversos trabalhos internacionais têm demonstrado que a prática de bullying pode

ocorrer a partir dos 3 anos de idade, quando a intencionalidade desses atos já pode ser observada,

afirma o coordenador da Abrapia.

Os meninos têm uma aparição muito maior, porque se envolvem mais, ora como autor

ora como alvo. As meninas, em grau menor, aparecem a exemplo da prática de exclusão ou

difamação.

De modo geral, entre os meninos é mais fácil identificar um possível autor de bullying,

pois suas ações são mais expansivas e agressivas. Eles chutam, gritam, empurram, batem. São os

fortões, os temíveis.

Já no universo feminino, o problema se apresenta de forma mais velada. As

manifestações entre elas podem ser fofoquinhas, boatos, olhares, sussurros, exclusão. Rachel

Simmons, pesquisadora norte-americana, especialista em bullying feminino explica.

"As garotas raramente dizem por que fazem isso. Quem sofre não sabe o motivo e se sente culpada",. As meninas agem dessa forma porque se espera que sejam boazinhas, dóceis e sempre passivas. Para demonstrar qualquer sentimento contrário, elas utilizam meios mais discretos, mas não menos prejudiciais. É preciso reconhecer que as garotas também sentem raiva. A agressividade é natural no ser humano, mas elas são forçadas a encontrar outros meios - além dos físicos -para se expressar." (R.Simmons, Bullying (Net. Disponível em: http://revistaescola.abril.com/edições/0178/aberto/bullying 2shtml>. Acesso em: 30/08/06.

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Muitas crianças vítimas de bullying desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios

psicossomáticos e, geralmente, não desejam ir à escola quando esta nada faz em defesa da vitima.

Esta fobia escolar, muitas vezes, tem como causa algum tipo de violência psicológica. Segundo

Aramis Lopes Neto (2003), pediatra e coordenador do programa de bullying da Abrapia

(Associação Brasileira Pais, Infância e Adolescência) a maioria dos casos de bullying ocorre no

interior das salas de aula, sem o conhecimento do professor e uma criança apavorada não pode

aprender.

Ainda, Lopes Neto (2003) alerta para os casos de suicídio de pessoas que não

suportaram a pressão psicológica oriunda do bullying. Por outro lado, existem casos em que a

vítima aprende a conviver com a situação se tomando uma serva incondicional do dominador.

Ora, por que algumas pessoas preferem a servidão voluntária em favor de outrem,

despojando-se de sua liberdade de escolha e de autonomia existencial? Como pode uma doutora,

por exemplo, se tornar servil diante de comportamento tirano? Por que há pessoas cegas à diferença

de significado entre os termos amigo e discípulo subserviente? Parece que nem todos os homens

anseiam pela liberdade. A violência e a tirania muitas vezes se sustentam em pessoas que se

regozijam em servir a uma outra, presumidamente, mais poderosa, carismática, de temor

reverencial.

É preciso cuidado para o risco de suicídio onde a vítima sem auto-estima pratica tal ato

como saída honrosa à sua dor. Esta é uma atitude muito usada no Japão.

A Escola e a Universidade devem se prevenir contra os casos de intolerância de

violência psicológica ou física, observando tais situações para iniciar a conscientização e a

preparação de professores, funcionários, pais e alunos. É mister que se faça um trabalho especial

com as crianças alvos e com as pessoas acostumadas a praticarem violência contra os colegas,

professores e funcionários. Há pais que classificam seus filhos com estas atitudes como espertos,

machões, bonzões, etc. É preciso atenção aos grupinhos informais de traços neofascistas, as gangs,

porque a afirmação da sua identidade narcísica é conseguida por meio da intolerância, da

discriminação e da violência.

Page 20: Virgilia augusta da costa nunes

20

O bullying não se apresenta como uma violência psicológica só contra crianças. Apesar

de ocorrer com mais freqüência em escola, onde uma criança pode ser considerada 'escrava' por

outras chefiadas por um aluno líder, e, um adolescente pode ser obrigado a dar dinheiro para

colegas mais velhos e fisicamente mais fortes, sob ameaça de algum tipo de violência, os

professores também não estão vacinados contra o bullying. Estes podem, além de sofrer uma grave

fobia escolar, impedindo-o de trabalhar, ainda podem ser obrigados a suportar discriminação,

humilhação e ameaças veladas de colegas insensíveis, invejosos e vingativos. O adulto que pratica o

bullying pode estar influenciado por uma organização perversa do trabalho burocrático, ou por um

grupo que usa a intolerância como meio de expressão política.

Acrescento mais um dado importante: “a linguagem usada pelo - indivíduo ou grupo do tipo perverso - não é visivelmente violenta, embora possa ser sentida a ’tonalidade glacial' da voz e a pretensão de passar objetividade, ao dizer “ Não é nada pessoal contra você". Obviamente que essa denegação mal disfarça o sentimento de raiva contra você. Também quando se tenta passar por "objetiva", dizendo "É que estou muito preocupada com o bom andamento do curso, ou da universidade pública, ou da nação...) pretende-se disfarçar a nudez forte da subjetividade.(LIMA, R. Fobia escolar gera aposentadoria precoce. Revista Espaço Acadêmico, n.º 27, Ano 3, Ago de 2003.)

A psiquiatra Hirigoyen observa que "o tom [da voz do agressor intelectual] não se

altera, deixando o outro se enervar sozinho, o que pode levá-lo a desestabilizar-se", para dizer

depois "Estão vendo como ele é agressivo!?", ou "Ele/ela não passa de um(a) histérico(a) que

sempre grita!". (Hirigoyen , 2000 p.121)

Deste modo, vemos que tanto as crianças como os adultos, sozinhos, não têm como se

defender. Os que assistem a tudo, repudiam e têm pena, mas alegam não poder fazer nada por

medo de serem a próxima vitima.

No âmbito universitário, não são raros os casos de mestrandos e doutorandos, no

decorrer de sua pesquisa serem vítimas de várias formas de pressão psicológica, ditas normais,

como os prazos de entrega dos trabalhos, falta de dinheiro para continuar a pesquisa, falta de apoio

do orientador, de familiares, colegas e amigos. E, anormais como o assédio moral, bullying, etc. O

bullying tem o poder levar o adulto pesquisador ao travamento de sua produção intelectual, além de

causar danos à sua existência cotidiana.

Page 21: Virgilia augusta da costa nunes

21

Conforme estudos realizados, Lopes Neto (2003) lembra que existe um vínculo

contínuo entre a criança e a estrutura psíquica perversa que cometia atitudes anti-sociais e o adulto

que comete atos delinqüentes ou criminosos. A estrutura psíquica é a mesma. São casos em que a

educação falha, embora o sujeito possa obter algum sucesso na sua vida escolar e profissional.

Adquirir conhecimento ou um título de doutor nada tem a ver com adquirir sabedoria. Quantas

vezes, encontramos pessoas cujo conhecimento fez aumentar sua arrogância e insensibilidade ao

próximo.

O leigo costuma confundir perversão com psicose ou loucura.

"A perversidade não provém de uma perturbação psiquiátrica [tal como os loucos] e

sim de uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres

humanos" (Vignoles, 1991, p. 13).

A psiquiatra Hirigoyen (2000) observa que o perverso tem consciência que faz maldade

para com uma vítima escolhida para tal finalidade. Portanto, o modo de ser-agir perverso é diferente

do modo de ser-agir psicótico (louco), que alucina, delira, como se vivesse noutro mundo. O

perverso, pelo contrário, está plenamente ligado ao mundo exterior para atuar nele, impor seu

desejo narcísico e lucrar com ele.

A formação escolar e universitária não tem o poder de melhorar a estrutura psíquica do

tipo perversa, mas hão de trabalhar com cálculo e empatia para formar bons cidadãos. Se estivesse

ao nosso alcance uma educação (familiar) pari passu a um ensino (escolar), voltados mais para a

sabedoria do que para o conhecimento e a informação, teríamos uma trilha melhor para a prevenção

a favor da saúde psicológica e social.

Trata-se, pois, de um problema de saúde pública, reconhecido pelos profissionais de

saúde em razão dos danos físico-emocionais sofridos por seus protagonistas.

Segundo Christian Gauderer (2002), professor da UFRJ - "A criança que não consegue

fazer parte de um grupo pode passar por sérios problemas emocionais. "

Page 22: Virgilia augusta da costa nunes

22

As conseqüências da conduta bullying afetam, especialmente, a vítima, que pode vir a

sofrer seus efeitos negativos em data posterior ao período escolar. Haverá prejuízos em suas

relações de trabalho, em sua futura constituição familiar e na criação de seus filhos, além de

acarretar prejuízos para a sua saúde física e mental.

A superação destes traumas poderá ou não ocorrer, dependendo da personalidade de

cada vítima, bem como da sua habilidade de relacionamento consigo mesma, com o meio social e,

sobretudo, com a sua família. A não-superação do trauma trará prejuízos ao seu desenvolvimento

psíquico, uma vez que o trauma vivido orientará inconscientemente o seu comportamento, mais

para evitar novos traumas do que para buscar sua auto-superação.

Isso afetará a sua conduta e a elaboração dos seus pensamentos e de sua inteligência,

gerando sentimentos negativos e pensamentos de vingança, baixa auto-estima, dificuldades de

aprendizagem, queda do rendimento escolar, podendo desenvolver transtornos mentais e

psicopatologias graves, além de sintomatologia e doenças de fundo psicossomático, tornando-a um

adulto com dificuldades de relacionamentos e outros graves problemas. Contará com o

desenvolvimento de comportamentos agressivos ou depressivos e, ainda, poderá sofrer ou praticar

bullying no seu local de trabalho, posteriormente.

Constata-se, ainda, a probabilidade do aparecimento de depressão por conseqüência da

perda da auto-estima e alguns experimentam um sofrimento real que pode interferir no seu

rendimento escolar, no desenvolvimento social e emocional. Infelizmente, algumas vítimas optam

pelo suicídio para se livrarem da perseguição e castigo, como também podem apresentar transtornos

intrapsíquicos, com sintomatologias de natureza psicossomática: enurese, taquicardia, sudorese,

insônia, cefaléia, dor epigástrica, bloqueio dos pensamentos e do raciocínio, ansiedade, estresse e

depressão, pensamentos de vingança e de suicídio, bem como reações extrapsíquicas, expressas por

agressividade, impulsividade, hiperatividade e abuso de substâncias químicas.

Segundo a pesquisa de Figueira (2002), na infância, o bullying pode trazer à vítima

uma condição psiquiátrica caracterizada por explosões de cólera e episódios transitórios de paranóia

ou psicose, conhecida como Borderline Personality Disorder [transtorno de personalidade

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23

limítrofe], cujas explosões alteram a sintonia da emoção e da memória, com distúrbios irreversíveis

no desenvolvimento da criança.

Enquanto isso, o agressor reforça o distanciamento e a falta de adaptação aos objetivos

escolares, a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder, o desenvolvimento de

habilidades para futuras condutas delituosas - caminho que pode conduzi-lo ao mundo do crime,

ratifica condutas violentas na vida adulta, de difícil convivência nas mais diversas áreas da vida

pessoal, profissional e social.

O agressor (de ambos os sexos) está fadado a percorrer comportamentos delinqüentes,

tais como agregação a grupos delinqüentes, agressão sem motivo aparente no seio família (violência

doméstica) e no ambiente de trabalho, uso de drogas, porte ilegal de armas, furtos, indiferença à

realidade que o cerca, crença de que deve levar vantagem em tudo, crença de que é impondo-se com

violência que conseguirá obter o que quer na vida...afinal foi assim nos anos escolares.

As testemunhas são atingidas pelo ambiente de tensão e se tornam inseguras e

temerosas.

Segundo estudos realizados pelo professor 0lweus (1998), é grande a relação entre o

bullying e a criminalidade. O pesquisador constatou que a 60% dos jovens, entre 12 e 16 anos,

identificados como agressores havia sido imputada uma condenação legal antes que completassem

24 anos de idade. Os demais alunos que escaparam ao mundo da criminalidade tiveram suas

relações interpessoais deterioradas e os prejuízos ao seu desenvolvimento sócio-educacional foram

insuperáveis.

1.5. Relatos de casos de violência trágicos

É preciso analisar as vítimas do bullying e seus agressores. É preciso refletir sobre os

sintomas das vítimas e agressores em suas escolas e em suas casas. É importante que se mentalize a

educação para a paz, ou seja, ferramentas significativas para lidar com o bullying. Fante (2005)

relata alguns casos divulgados nos meios de comunicação que causaram tristeza, nacional e

internacionalmente.

Page 24: Virgilia augusta da costa nunes

24

O fato mais conhecido de todos e que despertou a comunidade internacional foi a da

escola de Columbine High School, Colorado, Estados Unidos. Com explosivos e armas de fogo,

dois adolescentes (17 e 18 anos) assassinaram 12 colegas, um professor e deixaram os demais

feridos. Em seguida, suicidaram-se.

Em setembro de 2004, na pequena cidade de Carmem da Patagones na Argentina,

Rafael, um adolescente de 15 anos dirigiu-se para a sala de aula, dizendo: "Hoje vai ser um lindo

dia". De repente, após a execução do Hino Nacional, com uma pistola 9mm, começou a atirar

contra as paredes, provocando pânico. Em seguida, disparou contra pessoas e matou quatro colegas

da escola: três meninas e um menino, ferindo gravemente outros cinco. Em estado de choque,

entregou-se à polícia. Tímido, com dificuldades de relacionamento e considerado esquisito pelos

colegas, foi apelidado de bobão. Diziam que ele era de um outro mundo.

Edimar era um jovem humilde e tímido de 18 anos, que vivia na pacata cidade de

Taiúva, interior do estado de São Paulo. Os seus colegas fizeram-no motivos de chacota porque ele

era muito gordo. Puseram-lhe os apelidos de gordo, mongolóide, elefante-cor-de-rosa e vinagrão,

por tomar vinagre de maçã todos os dias, no seu esforço para emagrecer. No dia 27 de janeiro de

2003, ele entrou na ex-escola armado e atirou contra seis alunos, a vice-diretora e o zelador,

matando-se a seguir. Foi o caminho que encontrou para vingar-se das humilhações sofridas.

Em Remanso, Bahia, em fevereiro deste ano, Denilton, um adolescente de 17 anos,

tímido e introvertido, foi excluído do círculo de colegas da escola. Revoltado com os anos de

humilhações a que fora submetido, resolveu pôr um fim a essa situação. Movido por sentimentos de

vingança foi à escola armado com mu revólver, matou um colega e a secretária da escola de

Informática onde estudou. O adolescente foi preso. O delegado que investigou o caso disse que o

menino sofria algumas brincadeiras que ocasionavam certo rebaixamento de sua personalidade.

Luis Antônio, um garoto de 11 anos. Sempre gostou de estudar. Mas ao mudar de Natal

para Recife algo aconteceu. Não mais queria ir à escola. Por causa do seu sotaque diferente passou a

ser objeto da violência de colegas que não iam com a sua cara. Batiam-lhe, empurravam-no, davam-

lhe murros e chutes. Fato que sua professora confirmou. Na manhã do dia fatídico, antes do início

Page 25: Virgilia augusta da costa nunes

25

das aulas, apanhou de alguns meninos que o ameaçaram com a hora da saída - essa é a hora

preferida para as violências. Aterrorizado pelas agressões que o esperavam, por volta das dez e

meia, saiu correndo da escola e nunca mais foi visto. Um corpo com características semelhantes ao

dele, em estado de putrefação, foi conduzido ao IML para perícia. Os resultados da perícia ainda

não eram conhecidos por ocasião desta divulgação.

No dia 19 de novembro de 2004, em Atlanta, Estados Unidos, duas meninas de 13 anos

foram presas por terem feito um bolo com remédio vencido, água sanitária. barro e molho de

pimenta, que depois, serviram aos colegas da escola. Doze adolescentes foram parar no hospital por

causa da maldade das garotas.

Veja mais o exemplo retirado da internet:

- Jéssica cansou de ser chamada de Choquito, por causa de suas espinhas. Aline fica

triste sempre que tiram sarro dela, só porque gosta de um menino da classe. Jaqueline chora porque,

de uma hora para outra, suas amigas passaram a excluí-la das conversas. O que essas três meninas

têm em comum? Todas sofrem de um problema conhecido como bullying, que vem cada vez mais

chamando a atenção de pais e professores.

Depoimento anônimo, exibido no trabalho de Fante (2005): Eu fui vítima de bullying.

Quando me mudei para o Rio de Janeiro e meu pai me matriculou no Colégio Andrews, que era

freqüentado pela elite carioca, fui motivo de zombaria por causa do meu sotaque caipira e a forma

como me vestia. A zombaria me enfiou numa grande solidão. Nunca tive amigos. Nunca fui

convidado para as festas da turma. Sentia-me ridículo. Tinha medo de me aproximar das meninas. O

que eu mais desejava era estar longe dos meus colegas. Ir à escola era um sofrimento diário. Sofria

em silêncio. E era inútil que eu falasse com os meus pais. Eles nada poderiam fazer. A maioria das

vítimas sofre em silêncio.

Os jornalistas, Antônio Góis, de São Paulo e Armando Pereira Filho, do Rio, ambos da

folha de São Paulo relatam casos de jovens levados a reações extremadas. Vide anexos 1 e 2.

A Revista Nova Escola também traz seus depoimentos sobre o sofrimento de alguns

alunos de Escolas Municipais. Anexos 3 e 4.

Page 26: Virgilia augusta da costa nunes

26

O Bullying também marca presença em Marataízes e Itapemirim. No Brasil, o

percentual alcançou preocupantes 49% de acordo com pesquisadores. Diversos relatos de alunos

dos educandários público e particular dos dois municípios relataram o seu drama e garantem terem

sofrido todos os tipos de humilhações dos colegas. Professores confirmam esse fenômeno em suas

aulas e tentam coibir a prática. São confissões emocionadas de alunos que se dizem indefesos e

revoltados de serem constantemente humilhados. Seus nomes foram omitidos, assim como o nome

das suas escolas. Ao primeiro que vamos apresentar, daremos o nome de aluno 1 e assim por diante.

Aluno 1: De 13 anos e confessa que já pensou em parar de estudar. "Chamavam-me de

gordo, baleia, botijão de gás. Denunciava à coordenação e nada acontecia. Noutro dia, a gozação

vinha mais forte. "

Aluno 2: De 14 anos, se diz uma criança alegre. "Mas é só aparência, por dentro me

sentia destruído". Conta que os apelidos eram desde burro até de doente mental. Confessa que

chegou a chorar com uma amiga.

Aluno 3: A confissão deste aluno ainda é mais dramática. "Todo dia tinha era um novo

apelido, então mudei de colégio e de município". Mas não adiantou a mudança para fugir do

problema, na nova escola começou tudo de novo.”

Aluno 4: Chegou a recorrer a uma cirurgia. "Tinha orelha de abano. Era o suficiente

para me chamarem de orelhudo”. Realizou a cirurgia, mas de nada adiantou: o apelido continua.

“Não agüento mais, é humanamente impossível resistir a isso.” O pedagogo Vilmar Lugão Brito

que atualmente trabalha em Marataízes argumenta que em sua antiga escola localizado em Jerônimo

Monteiro, foram constatados muitos casos de bullying e a escola se mobilizou realizando um

trabalho de conscientização.” Notícia impressa através do site www.maratimba.com.br Acesso

em : 22/10/06.

1.6. Recomendações aos pais

Estes devem elevar a auto-estima dos seus filhos, elogiando suas qualidades e

capacidades, sem ocorrência de culpa e sem incentivos ao revide dos ataques, pois isso somente

aumentaria a violência.

Page 27: Virgilia augusta da costa nunes

27

Segundo o pesquisador holandês Rob Limper (2002), o que se deve fazer é afastar a

postura de culpar a vítima. Não será de bom alvitre aceitar que o destino da criança seja o de ser

maltratada.

Deve ser observado se não é o próprio comportamento da criança que motiva sua

rejeição, ou se não é ela mesma que, inconscientemente, provoca determinadas situações

insustentáveis de serem combatidas (vítima provocadora).

Neste caso, o estudante precisa de acompanhamento psicológico - ele e seus familiares

-, além de assistência psicopedagógica e outros profissionais necessários ao tratamento.

Alertas têm sido dados no sentido de a ausência de limites e o excesso de mimos

tornarem o estudante chato, egoísta, agressivo ou, ainda, causar falta de adaptação e aceitação às

regras básicas de convivência em grupo.

Os pais devem refletir sobre as suas próprias condutas em relação aos filhos e ao tipo de

interação entre os familiares, pois resultados inesperados acontecem nas melhores famílias e deve

existir o acompanhamento da vida escolar do filho, incentivando com entusiasmo e corrigindo com

brandura. Todo este processo corresponde às tarefas obrigatórias tanto das mães como dos pais.

Observando o próprio filho, os pais podem detectar sinais de vitimização. Em casa, seu filho:

Apresenta com freqüência dores de cabeça, pouco apetite, dor de estômago, tonturas,

sobretudo de manhã?

Muda o humor de maneira inesperada, apresentando explosões de irritação? Regressa

da escola com as roupas rasgadas ou sujas e com o material escolar danificado?

Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares?

Apresenta aspecto contrariado, triste, deprimido, aflito ou infeliz?

Apresenta contusões, feridas, cortes, arranhões ou estragos na roupa? Apresenta

desculpas para faltar às aulas?

Raramente possui amigos ou, ao menos, um amigo para compartilhar seu tempo

livre?

Pede dinheiro extra à família ou furta?

Page 28: Virgilia augusta da costa nunes

28

Apresenta gastos altos na cantina da escola?

Quanto ao agressor, os pais, em casa, devem observar nele os seguintes sinais:

Regressa da escola com as roupas amarrotadas e com ar de superioridade?

Apresenta atitude hostil, desafiante e agressiva com os pais e irmãos, chegando a

ponto de atemorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física?

É habilidoso para sair-se bem de situações difíceis?

Exterioriza ou tenta exteriorizar sua autoridade sobre alguém?

Porta objetos ou dinheiro sem justificar sua origem?

Os pais, que costumam estimular o filho a contar os fatos da escola, de maneira franca e

aberta sem tomar nenhuma iniciativa contra o agressor, pelo contrário, sugerir que ele evite o

agressor ou busque a ajuda do professor, inclusive, que comunicam o fato à direção escolar e

exigem que buscas às informações sobre os programas que estão sendo desenvolvidos em outras

escolas e comunidades para se combater o bullying, têm muito mais êxito.

Entretanto, se a escola não oferece o auxílio adequado, a solução está na busca ao

Conselho Tutelar, que, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 232,

prevê pena para quem “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a

vexame ou a constrangimento”.

No caso de o crime ser cometido por criança menor de 12 anos, o Conselho Tutelar tem

a função de chamar atenção dos pais e da criança.

Se o autor for maior de 12 anos, o caso poderá ser levado à Justiça, e o juiz determinará

se a punição consistirá em advertência ou em prestação de serviços à comunidade. Se, porém, o

crime for praticado por um adulto, a pena prevista é de seis meses a dois anos de detenção.

Page 29: Virgilia augusta da costa nunes

29

CAPÍTULO II

ANTI-BULLYING

2.1. Programas e medidas anti-bullying

Nas últimas décadas, o bullying vem preocupando e sendo objeto de pesquisa no meio

educacional e social do mundo inteiro, motivo pelo qual inúmeros estudos e publicações encontram-

se à disposição, além de páginas na web, chats e linhas telefônicas para esclarecer dúvidas e receber

denúncias.

Atualmente, diversas pesquisas e programas de intervenção anti-bullying vêm se

desenvolvendo na Europa e na América do Norte. Recentemente um projeto internacional europeu,

intitulado Training and Mobility of Research (TMR) Network Project: Nature and Prevention of

Bullying, mantido pela Comissão Européia, teve a sua conclusão em 2001. Este projeto, que

englobava Campanhas do Reino Unido, Portugal, Itália, Alemanha, Grécia e Espanha, teve os

seguintes objetivos:

Diagnosticar as causas e naturezas do Bullying e da exclusão social nas escolas;

Verificar as causas desses problemas em diferentes sociedades e culturas;

Verificar as conseqüências em longo prazo, até a vida adulta;

Avaliar os programas de intervenção prósperos;

Identificar modos de prevenção desses problemas, por meio da integração de

diferentes metodologias de estudo.

Ainda há outros programas em diversos países europeus e no Brasil, como se pode

constatar nas linhas que se seguem.

. Espanha: nos últimos dez anos, algumas universidades espanholas, com o incentivo

do Ministério de Educação e Ciência, vêm desenvolvendo investigações e iniciativas de prevenção

ao bullying por meio de campanhas e programas, dentre os quais destacamos o Sevilha contra a

Violência Escolar (SAVE),criado em 1996 pela Universidade de Sevilha e coordenado pela

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catedrática Rosario Ortega Ruiz. Ela tem como objetivo desenvolver a educação de sentimentos e

valores e a melhora da convivência e das relações interpessoais. A equipe da professora Ortega

elaborou um pacote didático denominado: "Convivência escolar: o que é e como abordá-la. Isto é

distribuído em todas as escolas públicas de Andaluzia, região do sul da Espanha.

· Inglaterra: na Inglaterra, inúmeros projetos estão sendo desenvolvidos. Entre eles, o

mais importante, inspirado na campanha de intervenção norueguesa realizada na década de 1980, é

o Projeto contra o Bullying, em Sheffield, coordenado por Peter Smith e sua equipe, no período de

1991 a 1993.

. Irlanda: em 1993, foi realizada a Primeira Conferência Nacional sobre o Bullying,

organizada por Vivette O'Donnell, quando foi lançado o Programa Educativo da Companhia de

Teatro Sticks and Stones, visando aumentar a conscientização do fenômeno por meio de

representações teatrais que encenam as mais típicas formas de condutas bullying na sala de aula, no

pátio ou no caminho para a escola. A representação mostra cenas com movimentos, mímicas,

músicas e danças, objetivando auxiliar as escolas a enfrentarem o problema de forma efetiva.

O Programa Estar a Salvo foi desenvolvido nas escolas de ensino primário, secundário e

superior, respectivamente, além de promover cursos de capacitação para professores, com um

componente educacional para os pais. O objetivo do programa é a prevenção de maus-tratos, por

meio de estratégias que preparam pais e professores para o desenvolvimento de atitudes necessárias,

visando à proteção das crianças. Além disso, o programa ensina às crianças técnicas de segurança

pessoal no contexto das aulas e, posteriormente, essas técnicas são reafirmadas em discussões com

seus pais.

O Programa Childline é um serviço da Sociedade Irlandesa para a Prevenção da

Crueldade nas Crianças (ISPCC), oferecido a qualquer criança que tenha problemas ou que se

encontre em perigo. Via telefone, a criança pode, anonimamente, comunicar-se com um conselheiro

voluntário para orientar-se ou denunciar os maus-tratos sofridos. O serviço não atua sem o

consentimento da criança.

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31

. Grécia: uma das organizações educacionais mais importantes da Grécia é o Colégio

Moraitis. Coordenado por Maria Doanidou y Fofini Xenakis, o Departamento de Orientação

Psicopedagógica desenvolveu um programa completo para fazer frente ao bullying após verificar

que as condutas incidiam repetidamente sobre os alunos durante os últimos trimestres, apresentando

um índice de 18,5% a 23% de envolvidos. Os tipos mais comuns eram os maus-tratos verbais

(insultos e provocações) e os maus-tratos indiretos (exclusão e rumores), coincidindo com o fato de

que as vítimas não haviam comentado seus problemas com ninguém, nem no colégio, nem em

casa.

Dessa forma, iniciaram o programa através de algumas estratégias específicas como:

conscientização; esforços para mudar as atitudes de todos os integrantes da comunidade escolar,

especialmente as dos agressores por meio de debates em classe; orientação psicopedagógica

individual e coletiva; reforços e sanções, quando necessário.

. Portugal: vários projetos de intervenção estão sendo desenvolvidos nas escolas

portuguesas por meio do programa europeu Training and Mobilit of Research (TMR).

Na cidade de Braga, os próprios alunos criaram a Liga dos Alunos Amigos (LAA),um

programa pioneiro objetivando evitar as agressões entre colegas e combater os conflitos entre

escolares. O programa de intervenção, baseado na premissa de agir no local do crime, atua em três

vertentes: na formação de diretores de turma que recebem treinamento para ajudar e prevenir

situações de agressão na criação de um grupo de mediadores de conflitos e de uma rede sócio-

emocional com o envolvimento dos próprios alunos. Para fazerem parte da LAA, os alunos são

escolhidos pelos próprios colegas, de acordo com alguns critérios: precisam ser bons amigos, saber

guardar segredos e escutar e respeitar as idéias dos outros. Esse grupo, constituído pela maioria

feminina, recebe formação prática para melhorar competências de comunicação e de ajuda aos

colegas.

Um outro programa que vem sendo desenvolvido é o Scan Bullying, ou seja, os maus-

tratos em cartoons. Segundo Ana Almeida, do Instituto da Criança de Minho, para ter bons

resultados é necessário atuar a partir da compreensão que as próprias crianças têm da problemática

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e identificar os estados emocionais das vítimas, dos agressores e dos colegas; dessa forma, é

possível desenvolver programas de intervenção com eficácia.

. Finlândia: nos últimos anos, a educação finlandesa vem sendo revisada na sua

totalidade. Segundo um novo projeto de lei sobre a educação, todo aluno tem o direito de aprender

em um local seguro. Isso significa que a escola tem a obrigação de intervir imediatamente quando

se produzem maus-tratos, assim como tomar medidas cabíveis para aliviar o problema.

O Ministério de Educação adotou o bullying nas escolas como tema prioritário do

Projeto Uma Confiança Sadia em Si Mesmo. O projeto visa fortalecer a imagem que os alunos têm

de si mesmos, além de oferecer seminários especializados em recursos pedagógicos na prevenção

do bullying, bem como na publicação de materiais educativos que tratem das relações humanas.

· Noruega: o Ministério de Educação da Noruega criou, em 1996, o Norwegian

Program of Preventing and Managing Bullying in Schools (Programa Norueguês de Prevenção e

controle do Bullying nas Escolas), desenvolvido pelo College Stavanger e coordenado por Erling

Roland.

· Holanda: estudos desenvolvidos nas escolas holandesas, em 1992, indicaram que um

a cada 4 alunos da escola primária e um a cada 12 alunos da escola secundária era vítima do

fenômeno. Diante desses resultados, a organização nacional de pais (composta de quatro

associações) desenvolveu uma campanha nacional estruturada sobre algumas estratégias, visando

garantir a segurança dos filhos na escola.

. Brasil: no Brasil, o tema violência tornou-se prioridade de todas as escolas, motivo

pelo qual inúmeros projetos e programas estão sendo desenvolvidos, visando à diminuição da

violência escolar, com ênfase específica na violência explícita. Nesse sentido, na cidade do Rio de

Janeiro, a Abrapia, entre 2002 e 2003, em parceria com a Petrobrás Social, desenvolveu em um

conjunto de 11 escolas o Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes.

Vide anexos 5 e 6.

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33

As medidas anti-bullying oferecem melhoria em todos os sentidos, mas para isso é

necessário tomar algumas precauções. Como inibir o bullying? Para um ambiente saudável na

escola, é fundamental:

Esclarecer o que é bullying. Geralmente as vítimas se retraem.

Avisar que a prática não é tolerada.

Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões.

Estimular os estudantes a informar os casos.

Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema.

Identificar possíveis agressores e vítimas.

Acompanhar o desenvolvimento de cada um.

Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o

regimento escolar.

Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos.

Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica de

bullying.

Prestar atenção nos mais tímidos e calados.

Sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar na luta pela redução deste

comportamento.

Criar uma linha direta com as crianças.dispor de um telefone para o disk-denúncia.

Programar encontros semanais para avaliação.

Planejar reunião de grupo com todos os envolvidos.

Aumentar a supervisão nos espaços comuns.

2.2. Estratégias de combate ao fenômeno do Bullying

Inicialmente, cabe a leitura das estratégias sugeridas pelo programa de redução do

bullying nas escolas desenvolvido pela Abrapia e os aconselhamentos a familiares e educadores.

Anexos 7-12.

Para família combater os efeitos do fenômeno, prefira:

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Manter um diálogo sereno e racional sobre limitações;

Estabelecer conjuntamente metas comuns de auto-superação;

Dar apoio nas dificuldades, exercendo flexibilidade e equilíbrio;

Valorizar pequenos, mas significantes resultados;

Valorizar os aspectos e dinâmica do processo em vez dos resultados;

Procurar novas formas de fazer a mesma coisa de um jeito diferente e criativo,

relacionando-as aos interesses, necessidades, desejos e expectativas da criança;

Apoiar seus filhos, abrindo espaço para que eles falem do sofrimento que estão

passando;

Quando a violência ocorre na escola, cabe aos pais tomar uma atitude conversando

com a Direção;

Se a instituição de ensino não tomar providências necessárias, os responsáveis devem

denunciar a violência ao Conselho Tutelar, podendo, inclusive, interpor ação junto à Justiça

(cobrando ao agressor a reparação por dano moral ou físico);

Tente ignorar o máximo que puder. Evite reforçar essa atitude. Saia de perto, para a

brincadeira não continuar e você não sofrer.

"A ausência de limite e o excesso de mimos em casa podem fazer com que a criança

fique egoísta, chata, agressiva, enfim, não siga as regras básicas de convivência em grupo.”( Ceres

Alves de Araújo, psicóloga da PUC-SP)

A escola promoverá:

Pesquisa, tendo a ampla participação dos alunos da escola;

Análise dos resultados;

Definição pela comunidade escolar, pais, professores, alunos das ações priorizadas e

as estratégias adotadas para a divulgação, sensibilização e prevenção do fenômeno Bullying;

Observação ampla e irrestrita aos sinais de violência, procurando neutralizar os

agressores, bem como assessorar as vítimas e transformar os espectadores em principais aliados;

Iniciativas preventivas como: aumentar a supervisão na hora do recreio e intervalos e

evitar em sala de aula menosprezo, apelidos, ou rejeição de alunos por qualquer que seja o motivo;

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35

Conscientização de que esse conflito relacional já é considerado um problema de

saúde pública;

Olhar mais observador tanto dos professores quanto dos demais profissionais ligados

ao espaço escolar;

Palestras sobre o tema;

Divulgação de reportagens a respeito das conseqüências geradas pelo bullying nas

mais diversas situações;

Incentivo aos estudantes para informar os casos;

Realização de campanhas educativas;

Reconhecimento e valorização das atitudes no combate ao problema;

Discussão sobre a temática do bullying através do texto teatral, promovendo assim

uma reflexão sobre as situações de violência e exclusão observadas no espaço escolar;

Pesquisa contendo:

Levantamento de dados através de uma pesquisa quantitativa;

Amostra proporcional por sexo e faixa etária;

Tamanho da amostra: 10% ;

Estrutura do questionário: levantamento do perfil sócio-econômico, identificação das

situações de violência e sentimentos envolvendo os diferentes atores sociais (agressor, vítima e

espectador), possíveis estratégias institucionais e interpessoais para resolver o problema;

Elaboração de tabelas e gráficos, com análise dos resultados; e

A Escola tem a obrigação de alertar os pais para os problemas enfrentados pelos

filhos.

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CAPÍTULO III

MÍDIA E CYBERBULLYING

3.1. Filmes, games e suas proibições

Atente para o diálogo abaixo:

“- Oi, Nick, Oi, Mark, vão ao clube de computadores mais tarde?

-Marcus, nós não queremos mais que ande conosco.

- Por quê?

- Por causa deles.

- Eles não têm nada a ver comigo.

- Têm, sim.

- Não tínhamos problemas antes de andarmos com você. Agora temos todo dia.

- Além do mais, todos acham você esquisito.

- Mas é só um pouco.

- Tudo bem... ".

O diálogo acima retirado do filme "Um grande garoto" (About a boy: 2000) mostra que

Marcus sofre um processo de vitimização do tipo de violência psicológica, o bullying.É o típico

exemplo do fenômeno. À guisa de ilustração, destacam-se, a seguir, alguns títulos de filmes sobre

o tema.

Meninas Malvadas: uma garota criada na selva africana só conhece uma escola aos

16 anos. Ela começa a andar com um grupo de patricinhas que adoram esnobar os outros. Para

vingar-se, a adolescente passa a agir da mesma forma.

Tiros em Columbine: o polêmico diretor e escritor Michael Moore levou ao cinema a

história dos jovens Eric Harris e Dylan Klebold, que estudavam na escola Columbine High School e

mataram seus colegas.

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Nunca fui beijada: a jornalista Josie Geller recebe a difícil missão de fazer uma

reportagem sobre o comportamento dos adolescentes na escola. Só que a moça nunca foi beijada e

não era das mais populares na época de colégio. O filme mostra como a protagonista vira motivo

de chacota para seus colegas.

O filme Bully, de Larry Clark, mostra as humilhações, intimidações e ameaças bem

fortes sobre o cotidiano do adolescente. [email protected] Anexos 13 e 14.

A rede inglesa de lojas também se manifestou a respeito com a recusa em vender o

game Bully-Terra-Playstation. Anexo 15.

Na opinião de Fante (2005), dentre os meios de comunicação, a televisão, manipuladora

ímpar da vida das pessoas, vem sendo, nos útimos tempos, muito questionada nas mais diversas

sociedades. O veículo telelixo ou telessujeira, assim denominada pela referida autora, oferece

programações de condutas indignas de qualquer ser humano, assumindo função predadora, já que só

se ocupa da conquista de audiência e faturamento, afastando-se do compromisso moral com a

construção de uma sociedade melhor.

Para Mariz de Oliveira, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em São

Paulo, "a televisão enfraquece os freios inibitórios e com isso colabora para o aumento da

criminalidade". (Fante, 2005, p.172).

Segundo o pesquisador em comunicação Walderes Lima de Brito, “a causa principal

para tanta hostilidade com a mídia reside no fato de que ela se constitui num poderoso adversário

ao trabalho educador dos pais”. (Fante, 2005, p.172).

3.2. Cyberbullying: Orkut e Blogs

Uma outra forma de agressão tem crescido, silenciosa, no meio dos adolescentes: é o

cyberbullying. Pouco se fala sobre o assunto no Brasil, mas acontece com muita freqüência na

internet. Quer exemplos? Os sites de ódio, as comunidades preconceituosas do Orkut, os blogs com

mensagens negativas sobre uma pessoa ou um grupo. Fugir disso é fácil. Basta não fazer parte dessa

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galera de jeito nenhum.

Uma pesquisa conduzida pela MSN e YouGov revelou que mais de 10% dos jovens já

sofreram Bullying pela internet, e 24% conheciam a vítima. Porém mais da metade dos pais está

alheia ao problema. Dos 518 entrevistados, entre pais e filhos, 44% conhecem alguém que foi

ameaçado por e-mail, mensagens na rede ou no celular, enquanto 62% conhecem casos de fofocas e

rumores maldosos espalhados pela web. Segundo o relatório, os jovens demoram em denunciar o

problema por medo de serem proibidos de usar a internet. Cartilha

Conclui-se que o bullying também pode ser praticado por meios eletrônicos. Mensagens

difamatórias ou ameaçadoras circulam por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), pagers e

celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante da vítima

não ficar cara a cara com o agressor, o que aumenta a crueldade dos comentários e das ameaças.

Quando a agressão está num mundo virtual, o melhor remédio é, mais uma vez, a conversa. Não

bastasse a dificuldade que os colégios enfrentam para contornar esses casos, a crescente

popularização da internet pode muitas vezes agravar a situação. Estes blogs, mensagens

instantâneas, e-mail e celulares já são usados com freqüência por crianças que querem humilhar

um colega.

Leia o que dizem os textos acerca dos temas..

Cybervalentões difamam colegas pela intemet. Com o e-mail, os blogs e as mensagens

no celular, a humilhação circula para um público maior. Amy Harmon-The New York Times.

Anexos 16 e 17.

Coluna Cyberpsicologia - Informações para lidar de forma saudável com a Internet e a

informática: O perigo de fofocas na Web, por Luciana Ruffo - Psicóloga componente da equipe do

NPPI. Anexos 18 e 19.

O caderno Vida & do Estado trouxe uma reportagem sobre o assunto. Embora associado

à propagação dessas provocações, o mundo virtual também revela vários sites que coíbem e

diminuem os danos causados pelo bullying. Aprenda a evitar os seus riscos com a ajuda da própria

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39

intemet.

Pais buscam enfrentamento para o problema num site em português exclusivo para a

redução do comportamento agressivo entre estudantes. O www.bullying.com.br explica o que é a

prática e traz conselhos a pais e educadores. Para quem entende inglês, há centenas de sites sobre o

assunto. Alguns deles exclusivamente voltados para o cyberbullying, como é o caso do

www.cyberbullying.ca. Internet.Conheça outras fontes de consulta:

www.bullying.co.uk-/ Site britânico que traz dicas para pais,crianças,educadores, etc.

Um dos mais completos. Há uma sessão exclusiva sobre cyberbullying.

http://www.wikipedia.com.br

http://www.bul1ying.org

http://www.joy.com.br/releases

http://www.bullying.pro.com.br

http://www.abrapia.org.br

www.bullying.com - Traz artigos e dicas sobre a prática.

www.wiredsafety.org - A Wired Safety.org é uma ong que atua em várias frentes de

proteção aos usuários de internet (principalmente crianças). O site encabeça uma campanha contra o

cyberbullying

Em www.bullying.com.br, você conhece as ações contra o bullying da Abrapia.

Confira no site www.bullying.org, materiais de apoio no combate ao bullying (em

inglês).

Exclusivo on-line: Entrevista com Rachel Simmons, autora de Garota Fora do Jogo.

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Endereços úteis:

Escola Municipal de Ensino Fundamental Thomas Mann, R. Ferreira de Andrade,

195, 20780-200, Rio de Janeiro, RJ, tel. (21) 2501-9430

Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência

(Abrapia), R. Fonseca Teles, 121, 20 andar, 20940-200, Rio de Janeiro, RJ, te!. (21) 2589-5656

Bibliografia sugerida:

Garota Fora do Jogo: A Cultura Oculta da Agressão nas Meninas, Rachel Simmons,

336 págs., Ed. Rocco, tel. 0800-216789, 40 reais

Um mundo num grão de areia (Rubem Alves)

Nesta coletânea de crônicas poéticas, de intenso lirismo, é possível encontrar todas as

facetas que compõem o universo do ser humano e descobrir a riqueza de vida existente num

minúsculo grão de areia, que nada mais é do que nosso mundo não revelado. Esta é uma obra

essencial para quem se sente amante da poesia, da arte, do sonho... amante do ser humano e de seu

universo.

Transparências da eternidade (Rubem Alves)

Como um mestre da palavra, Rubem Alves relata, nesta coletânea de crônicas,

passagens e experiências vividas, nas quais Deus, a religiosidade, o amor, a beleza e o sentido da

vida estão sempre presentes. Seu texto flui com uma simplicidade de rara beleza, inspirado por uma

memória poética e reflexões cotidianas, apresentando a espiritual idade sob uma nova ótica e

tomando a sua leitura obrigatória àqueles que buscam ampliar seus horizontes.

Me dá o teu contente que eu te dou o meu (Cristina Mattoso)

Este é um livro diferente de qualquer outro. Nele você encontrará falas infantis

preciosas, trazendo uma parte do espetáculo de crianças descobrindo o mundo. Ele contém visões,

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verdades, humor, sofrimentos, sabedoria, através de falas infantis cheias de honestidade, de

percepções surpreendentes, de intuições filosóficas, de questões teológicas, de verdades

existenciais, de críticas à vida adulta, de sentimentos, de poesia. Você provavelmente vai se

surpreender, re1embrar e sorrir.

Para que minha vida se transforme (vol. 1 e 2) (Maria Salette / Wilma Ruggeri)

Histórias que devem ser lidas ou contadas no dia-a-dia e que se destinam a todos os que

estão à sua volta: crianças, jovens e adultos, parentes e amigos... São histórias simples e populares,

'escritas de maneira leve e de fácil compreensão, que mostram que a vida é simples e leve; que a

felicidade está dentro de cada um de nós; que podemos ser agentes de nossa vida e não reagentes;

que não somos os donos da verdade; que devemos ver as pessoas além das aparências e cultivar

valores... cultivar tudo o que é nobre e contribui para que o mundo esteja em paz.

Filmografia:

Bang Bang! Você Morreu (Bang Bang! You're Dead), EUA, 2001, 93 min, direção

Guy Ferland, Paramount Home Entertainment, tel. 0800-169300

Elefante (Elephant), EUA,2003,81 min., direção Gus van Sant, Warner Bros., tel.

(11) 3016-2900

Tiros em Columbine (Bowlingfor Columbine), EUA, 2002, 123 min, direção

Michael Moore, Alpha Filmes, tel. (11) 4191-6898

A preocupação também é grande nas escolas, conforme se depreende da circular abaixo.

CIRCULAR

CL - 165/CAp/2005 23110/2006 1-1

De: Direção do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira - CAp/UERJ

Para: Pais I Responsáveis CA à 6a série do Ensino Fundamental Assunto: Debate

Dando prosseguimento às atividades desenvolvidas pelo NUPEC e atendendo às demandas

apontadas pelos pais e responsáveis do CA até a sexta série, será promovido debate sobre os temas

"Bullying" - ações de agressão repetidas, desmotivadas, adotadas por um ou mais estudantes

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42

contra outro(s) - e preconceito.

Na ocasião, contaremos com a presença do Dr. Aramis Antonio Lopes Neto, pediatra,

sócio fundador da ABRAPIA (Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência) e

Coordenador do Programa de Redução de Violência na Escola e da professora Dr.ª Azoilda Loretto

Trindade, supervisora da Rede Municipal de Educação, mestranda em Educação e Doutora em

comunicação. O evento acontecerá em 24/10105, às 7h 30min, no auditório do Cap.

Contamos com a presença de todos.

Atenciosamente,

Prof. Lincoln Tavares Silva

Diretor Matrícula : 31940-0

Finalmente, vale ressaltar os gráficos de pizza obtidos dos resultados das entrevistas

apuradas entre os alunos envolvidos e as equipes de pesquisadores todos imbuídos do espírito de

anti-bullying do Colégio Pedro II, sob a supervisão do Departamento de Sociologia. Anexos 20 e

21.

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CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi exposto, infere-se que a prática do fenômeno Bullying se deve à

geração de jovens e adolescentes de hoje aparecer sem referência de limites e regras, sem projetos

para o futuro e sem valores positivos e significativos para enfrentar a complexidade da sociedade

atual. Felizmente, estas características só atingem alguns jovens, como no caso do abuso e da

dependência de drogas; da anorexia, bulimia, comportamentos violentos e anti-sociais,fortes

dificuldades relacionais e familiares e outras.

Por se tratar da atenção voltada, para as situações de bullying, não se podem considerar

a eliminação da violência social e o estabelecimento da paz global tarefas impossíveis. O combate

ao bullying para reduzi-lo a níveis toleráveis, parece ser de cunho quase que bélico, pois este é um

fenômeno complexo com inúmeras causas que a determinam e diversos tipos de manifestações,

trazendo, consciente ou inconscientemente, sofrimentos generalizados.

Entretanto, será mister que haja, para o seu combate, conscientização, planejamento,

investimentos, atitudes de compromisso e de responsabilidade, cooperação e, sobretudo, tempo para

que se alcance êxito. Nada disso acontecerá repentinamente, mas a contribuição para uma nova

mentalidade dará às próximas gerações oportunidade de usufruí-la.

No âmbito familiar, o bullying se revela nas expressões fisionômicas, gestos, postura

corporal, tom vocal, diversos tipos de maus-tratos verbais, físicos e psicológicos, cujos danos ao

desenvolvimento do indivíduo são, muitas vezes, irreversíveis. No âmbito profissional, expressa-se

pela facilitação ao ilícito, à corrupção, ao domínio e abuso de poder, ao assédio sexual ou moral. No

âmbito social, representa as mais diversas e perversas formas de abuso e subjugação, como as

atrocidades cometidas contra os judeus, bem como a perseguição e a dizimação de povos indígenas,

e, atualmente, as guerras religiosas e políticas, a discriminação étnica, as chacinas de grupos de

excluídos, os atentados, as disputas entre gangues e traficantes, os seqüestros, os assaltos... Na

realidade, vivemos rodeados de violência por todos os lados.

No âmbito escolar, a pesquisa sobre o bullying revela que o abuso e a intimidação

usados tornam alguns dos alunos, emocionalmente, doentes, o que prejudica suas relações

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interpessoais e interfere de forma igual e negativa nas emoções dos espectadores que testemunham

cenas constrangedoras do dia-a-dia na esfera escolar. Também, esse alto índice de comportamentos

indesejáveis, próprios do bullying representa problema social sério que passa in albis pela

maioria das escolas.

Todavia, as soluções de propostas precisam ter na educação o seu principal veículo,

iniciando pela escola desde os primeiros anos escolares e se expandindo para toda a sociedade.

Excetuando-se o reflexo do modelo educativo familiar, é na escola que os primeiros

sinais da violência do bullying se manifestam entre os alunos. Para lograr êxito, é preciso que se

conquiste, primeiramente, na escola, em face de seu poder propagador e multiplicador, o interesse

pela redução da violência. A escola deve ensinar os alunos a lidar com suas emoções de modo que

evitem seu envolvimento, e afaste-os do convívio violento, tornando-os agentes da paz.

Inúmeras ações devem ser desenvolvidas no intuito de interiorizar valores como a

solidariedade e a tolerância nas práticas cotidianas, pelo exemplo da prática dos alunos solidários

como anjos da guarda dos alunos com dificuldades de relacionamentos, como também a

cooperação de cada grupo-classe e o respeito às diferenças individuais. Tudo isso, promove a

ajuda mútua em busca de um ser humano melhor e de resultado de uma interação sócio-

educacional saudável como eficácia do anti-bullying.

Através da teoria da inteligência multifocal sobre a capacidade da memória e da

construção inconsciente das cadeias de pensamentos, as escolas devem empreender um modelo

educacional mais humanista, ensinando as crianças, nos primeiros anos iniciais a tomarem ciência

sobre a existência e as causas da violência, por meio da reflexão e da solução de seus conflitos

para a convivência adequada.

Segundo Fante (2005), para que se atinja bons resultados na prática do combate ao

bullying, os alunos devem ser trabalhados, desde a mais tenra idade escolar, nas habilidades de

gerenciamento do "eu", nas técnicas de interiorização e na reedição do filme do inconsciente,

transformando-se em agentes mudanças de sua história atual, e da sua própria personalidade,

desenvolvendo, assim, a habilidade de se amoldar, conforme suas dificuldades pessoais e da sua

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45

comunidade para a construção de uma sociedade mais humana.

Deve-se estimular a afetividade nas relações interpessoais e na transmissão do

conhecimento, já que ela privilegia o registro daquilo que foi vivido, para futuro resgate.

“Isso favorece a mente na edificação da sua história intrapsíquica, no desenvolvimento

da sua inteligência, na sua capacidade de auto-expressão e na sua atitude de primar por cidadania

e qualidade de vida.” (Cleo Fante, 2005, p.212).

Desta feita, conclui-se que para a construção de uma sociedade de repúdio à violência é

importante o olhar das autoridades voltado à educação. O processo de pacificação deve começar

com os educadores sendo preparados para lidar com as suas próprias emoções e educar as emoções

dos alunos, fazendo brotar, em suas aulas, a expressão de afeto, e com isso a aprendizagem sobre os

próprios conflitos e os mais diversos tipos de violência, em especial, o bullying. Os alunos se

tornam cada vez mais sensíveis aos seus problemas e aos problemas dos outros, bem como mais

empáticos.

Os jovens, em parte, hoje, nada mais são do que produto dessa sociedade em

transformação, com alto grau de complexidade, de incertezas de futuro sem estabilidade. O mal-

estar juvenil não é e não pode ser confundido com o mal-estar natural do desenvolvimento da

adolescência. O juvenil freqüentemente inicia e se fortalece no natural e demonstra o estado difícil e

problemático de alguns jovens.O natural se prende ao processo psicodinâmico da própria idade, por

que passam os jovens em crise de transição psicológica, emocional e social, cujo sofrimento, ao

mesmo tempo em que faz padecer, leva-os, também, a uma dimensão de adultidade.

Na opinião de Costantini (2004), a necessidade de uma reviravolta educacional está

latente, porquanto alguns estudiosos identificam a origem dos problemas na educação branda

demais, permissiva, de efeitos negativos nos adolescentes tanto no plano do isolamento relacional

como no da transgressão. Ademais, fora a incapacidade dos jovens para administrar seus próprios

conflitos, existe a par disso a incapacidade dos adultos, enquanto carentes das habilidades

fundamentais na vida de qualquer pessoa (na sociedade, na escola, na família) em transmitir essas

competências evolutivas, como o enfrentamento das próprias inquietações, a contenção de seus

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impulsos, a negociação dos conflitos, a responsabilidade pelos seus atos. Carências, igualmente,

encontradas nas dificuldades que têm os educadores de se comunicarem, de se fazerem presentes,

de dizerem não, de proporem modelos positivos, de assumirem um papel de guia e de referência

fortes.

Esta condição de tudo ser permitido, de não se delimitar mais o sim e o não dá ao

jovem uma sensação de liberdade sem fim, resultado de uma cultura adulta divulgada em larga

escala. Então, o essencial é reequilibrar a balança educacional e a comunicativa em favor de uma

maior sensibilização no que tange aos processos evolutivos de maior consciência e responsabilidade

quanto à função adulta do desenvolvimento nas relações entre os jovens.

Para o crescimento de uma nova sociedade anti-bullying, é necessário que se produzam

regras e carícias. Além disso, a questão das regras não deve ser enfrentada de maneira ideológica.

Segundo Costantini (2004), deve, ao contrário, haver reconhecimento da necessidade evolutiva e

existencial para o crescimento e desenvolvimento pleno: as crianças e os adolescentes carecem de

limites, de regras, de ética, de valores, porque estes representam um ponto de referência mental, um

ponto de partida para se dar um sentido e uma interpretação do mundo que vão descobrindo e que

os circunda. Intelectualmente, crianças e adolescentes precisam de expressão criativa, de liberdade,

porém em um contexto que norteie de onde partir.

Por outro lado, o campo afetivo-relacional se prende a todos os comportamentos e

atitudes que tragam gratificação e reforço psicológico como estímulo afetivo indispensável, já que a

afetividade e os gestos que acompanham a carícia são a base da motivação para a perfeita

comunicação e produzem o estímulo para a troca interpessoal e agem, psicologicamente, como

ponte entre o mundo interior do adolescente e o mundo externo, sendo a ausência de carinho

impedimento à vontade natural de se expressar, de se deixar conhecer, de se dar afetivamente, de

liberar as próprias potencialidades.

O educador deve ser o primeiro a assumir o modelo daqueles comportamentos que

deseja ver adotados. Todavia essa conduta deve revestir-se de certa flexibilidade para que o

diálogo seja construtivo no momento em que se estabelece um entendimento. Discussão e

concessão às regras fazem parte do jogo educativo, sendo, algumas vezes, necessário manter suas

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47

próprias posições e outras vezes revê-las, talvez. Saber negociar tarefas e regras a serem

compartilhadas é uma forte mensagem do adulto de atenção e firmeza, que faz valer o princípio de

reciprocidade, condensado na frase: Tanto eu quanto você estamos empenhados em levar até o fim

os compromissos assumidos. Esta é uma mensagem vigorosa de responsabilidade e de

compartilhamento das coisas a serem feitas entre pessoas que querem confiar uma na outra.

Segundo Costantini (2004), o educador arrisca-se quando, havendo extrema

necessidade, não dobra, com sua autoridade, a vontade do adolescente ou, ao contrário, quando

confia nele incondicionalmente, causando-lhe a sensação de ser capaz de resolver seus problemas

sozinho. Arrisca-se quando deixa de buscar a perfeição educativa, ou quando afasta a possibilidade

de atuar, significativamente, por se sentir aquém do papel de educador.

Na pesquisa científica do psicólogo americano Daniel Goleman, citada no seu livro A

inteligência emocional, afirma que a geração hodierna possui muito mais problemas emocionais do

que a de outrora; os jovens são mais sozinhos e deprimidos, mais raivosos e rebeldes, mais nervosos

e preocupados, mais impulsivos e agressivos.

O desinteresse dos professores pela educação emocional dos jovens é a razão primeira da indisciplina da qual eles mesmos se lamentam. A dimensão emocional precisa envolver a instituição. Mas em vez disso é desprezada. E vaga pelas danceterias, se transforma em energia rebelde, antitética ao ensino [...]. A competência de quem ensina não é o saber mas a transmissão do saber. Deve, portanto, conhecer a emotividade dos alunos, condição para a recepção do próprio saber. Umberto Galimberti , Entrevista ao L’Espress, n.41, 14 de outubro de 1999, como parte de pesquisa: “Obedecer cansa: jovens que querem indisciplina,” apud Costantini,2004,p.208-209

Segundo Fante (2005) “A educação, portanto, é o caminho que conduz à paz. A

solidariedade, a tolerância e o amor são os ingredientes que compõem o antídoto contra a violência

e que deve ser aplicado no coração de cada criança, de cada adolescente, de cada jovem, enfim, no

coração de todos os seres humanos, em especial no coração daqueles que se dedicam à arte de

educar.”

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48

BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02AGRADECIMENTOS 03DEDICATÓRIA 04METODOLOGIA 05RESUMO 06INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO IFenômeno Bullying 101.1. Definição, origem e breve histórico 101.2. Espaços sociais no tempo, no espaço, no Brasil e no mundo 111.3. Os papéis sociais dos protagonistas: seus sinais e sintomas 141.4. As causas e os efeitos na prática do bullying 161.5. Relatos de casos de violência trágicos 231.6. Recomendações aos pais 26

CAPÍTULO IIAnti-bullying 292.1. Programas e medidas anti-bullying 292.2. Estratégias de combate ao fenômeno do Bullying 33

CAPÍTULO IIIMídia e Cyberbullying 363.1. Filmes, games e suas proibições 363.2. Cyberbullying: Orkut e Blogs 37

CONCLUSÃO 43BIBLIOGRAFIA 48WEBGRAFIA 49ANEXOS 50FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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ANEXOS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia

O NOVO E VELHO FENÔMENO SOCIAL: O BULLYING NAS ESCOLAS

Data da Entrega: ___________________________

Avaliado por: ______________________________Grau: ________________

Rio de Janeiro, ______ de ______________________ de ________

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Coordenação do Curso