Visão espiritual - T. Austin Sparks

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  • 7/28/2019 Viso espiritual - T. Austin Sparks

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    Captulo 1O Homem Cujos Olhos So Abertos

    "Ento, o Senhor abriu os olhos a Balao, ele viu o Anjo do Senhor, queestava no caminho, com a sua espada desembainhada na mo; pelo que inclinoua cabea e prostrou-se com o rosto em terra" (Nm 22:31).

    "Proferiu a sua palavra e disse: Palavra de Balao, filho de Beor, palavra dohomem de olhos abertos; palavra daquele que ouve os ditos de Deus, o que tema viso do Todo-Poderoso e prostra-se, porm de olhos abertos..." (Nm 24:3, 4).

    "E foram para Jerico. Quando ele saa de Jerico, juntamente com osdiscpulos e numerosa multido, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estavaassentado beira do caminho... Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faa?Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver. Ento, Jesus lhe disse: Vai, a tuaf te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia Jesus estrada afora" (Mc10:46, 51, 52).

    "Jesus, tomando o cego pela mo, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mos, perguntou-lhe: Vs alguma coisa?

    Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como rvores osvejo, andando. Ento, novamente lhe ps as mos nos olhos, e ele, passando aver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito" (Mc 8:23-25).

    "Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascena... dizendo-lhe: Vai,lava-te no tanque de Silo (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltouvendo... Ele retrucou: Se pecador, no sei; uma coisa sei: eu era cego e agoravejo" (Jo 9:1, 7, 25).

    "...para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glria, vosconceda esprito de sabedoria e de revelao no pleno conhecimento dele,iluminados os olhos do vosso corao, para saberdes qual a esperana do seu

    chamamento, qual a riqueza da glria da sua herana nos santos..." (Ef 1:17, 18)."Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te

    enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que no sejamanifesta a vergonha da tua nudez, e colrio para ungires os olhos, a fim de quevejas" (Ap 3:18).

    ".. .para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e dapotestade de Satans para Deus, a fim de que recebam eles remisso de pecadose herana entre os que so santificados pela f em mim" (At 26:18).

    Creio que a frase usada por Balao se encaixa muito bem no incio da nossapresente meditao: "O homem cujos olhos so abertos".

    A CAUSA DA DOENA DO NOSSO TEMPO

    Quando contemplamos o estado de coisas no mundo hoje, ficamosprofundamente impressionados e oprimidos com a prevalecente doena dacegueira espiritual. Ela a causa da doena do nosso tempo. No estaramosmuito errados se dissssemos que a maior parte dos problemas, se no todos,que o mundo est sofrendo tem sua origem naquela raiz: a cegueira1. As

    1Escrito em 1942, Segunda Guerra Mundial.

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    multides esto cegas; no h dvida sobre isso. Num dia em que se imagina serum dia de inigualvel iluminao, as multides esto cegas. Os lderes estocegos; guias cegos guiando outros cegos. Mas numa grande escala, o mesmo verdadeiro com respeito ao povo de Deus. Falando de modo geral, os cristoshoje so muito cegos.

    UM EXAME GERAL DO TERRENO DA CEGUEIRA ESPIRITUAL

    As passagens que lemos cobrem de modo geral uma grande parte, se nofor o todo, do terreno da cegueira espiritual. Elas comeam com aqueles quenunca viram, que nasceram cegos.

    Depois h aqueles que receberam viso, mas no esto vendo muito, isto ,no claramente "homens andando como rvores" , mas chegam a ver maisperfeitamente mediante uma posterior obra da graa.

    Depois h aqueles que tm viso real e ntida, mas para quem uma esfera

    ampla do pensamento e propsito divino ainda aguarda uma obra mais completado Esprito Santo.

    ".. .para .. .que vos conceda esprito de sabedoria e de revelao no plenoconhecimento dele, iluminados os olhos do vosso corao, para saberdes qual aesperana do seu chamamento, qual a riqueza da glria da sua herana nossantos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos..." (Ef1:17-19).

    Estas palavras so dirigidas a pessoas que tm viso, mas para as quaisesta ampla esfera de significado divino aguarda que conheam uma obra mais

    plena do Esprito Santo, na questo da viso espiritual.Em seguida esto aqueles que viram e seguiram, mas perderam a visoespiritual que uma vez possuram e agora esto cegos, mas com um fatoradicional: eles pensam que vem e esto cegos para sua prpria cegueira. Estafoi a tragdia de Laodicia.

    Depois vm aquelas duas classes representadas por Balao e Saulo deTarso. Balao, cegado pelo lucro, ou pela possibilidade de lucro. Esse, creio eu, o significado no Novo Testamento para a expresso "seguir o caminho de Balao".E ficar to tomado com a questo do ganho e da perda, a ponto de ficar cegopara os grandes projetos e propsitos de Deus, no vendo o prprio Senhor nocaminho e, por meio dessa cegueira, chegando perto de ser ferido no trajeto. A

    declarao aqui muito definida. Balao no viu o Senhor at o Senhor lhe abriros olhos; ento ele viu o Senhor. "O Anjo do Senhor", como est no texto. Eu notenho muita dvida de que seja o prprio Senhor. Ento ele viu.

    Mais tarde ele fez aquela dupla declarao sobre o assunto: "O homem deolhos abertos" e "prostra-se, porm de olhos abertos". Tal Balao, um homemcegado por consideraes de um carter pessoal, de uma natureza pessoal, decomo as coisas o afetariam. E como tais consideraes cegam onde as questesespirituais esto envolvidas!

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    Se voc ou eu estacionarmos nesta questo, estaremos em mui grandeperigo. Se apenas por um momento permitirmos ser influenciados por taisquestes como: De que modo isso me afetar? Quanto isso me custar? O quevou ganhar ou perder com isso?, este o momento em que as trevas podemtomar posse dos nossos coraes e a seguimos no caminho de Balao.

    Bem, por outro lado temos Saulo de Tarso. No h dvidas quanto sua

    cegueira. Sua cegueira era seu zelo religioso, seu zelo por Deus, seu zelo pelatradio, seu zelo por sua religio histrica, seu zelo pelo estabelecido e aceito nomundo religioso. Era um zelo cego, sobre o qual mais tarde precisou falar: "Naverdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome deJesus, o Nazareno..." (At 26:9). "A mim me parecia" que "eu devia". Quereviravolta tremenda aconteceu quando ele descobriu que as coisas que elepensava e apaixonadamente pensava que devia fazer, a fim de agradar a Deus esatisfazer sua prpria conscincia, eram totalmente opostas a Deus e ao caminhodo bem e da verdade. Certamente Saulo permanece como uma advertnciaconstante para todos ns de que o zelo por alguma coisa no provanecessariamente que certa coisa correta e que estamos no caminho certo.

    Nosso prprio zelo em si mesmo pode ser algo que cega e nossa devoo pelatradio a nossa cegueira.Creio que os olhos tm um lugar muito amplo na vida de Paulo. Quando

    seus olhos foram abertos espiritualmente, seus olhos foram cegadosnaturalmente, e podemos usar isso como uma metfora. A utilizao dos olhosreligiosos naturais extremamente fortes pode ser apenas uma indicao de quocegos somos, e pode ser que, quando tais olhos naturais religiosos foremcegados, veremos algo, e s quando isso acontecer que veremos algo.

    Para muitas pessoas o que as impede de ver o fato de verem demais nadireo errada. Elas esto vendo com sentidos naturais, faculdades naturais darazo, intelecto e . do conhecimento; tudo isso est no caminho.

    Paulo se levanta para nos dizer que, algumas vezes, para vermos emrealidade, necessrio ficarmos cegos. evidente que isso deixou sua marcanele, assim como o dedo do Senhor deixou Sua marca em Jac, para o resto desua vida. Paulo esteve na Galcia e mais tarde escreveu sua carta a eles: "Poisvos dou testemunho de que, se possvel fora, tereis arrancado os prprios olhospara mos dar" (4:15). Ele est dizendo que eles notaram sua aflio, estavamconscientes daquela marca que se estendeu desde o caminho de Damasco esentiram por ele tanto que, se fosse possvel, teriam arrancado os olhos para dara ele.

    Mas maravilhoso que a comisso que Paulo recebeu quando foinaturalmente cegado no caminho de Damasco foi toda sobre os olhos. Ele ficou

    cego e outros o levaram pela mo para Damasco. Mas o Senhor nesta hora lhedisse: ".. .para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteresdas trevas para a luz e da potestade de Satans para Deus..." (At 26:17, 18).

    Estas passagens trazem suas prprias mensagens a ns, mas elas cobrem oterreno de forma bem geral em relao viso espiritual. Existem, naturalmente,muitos detalhes, mas no procuraremos examin-los no momento.Prosseguiremos com esta considerao geral.

    A VISO ESPIRITUAL SEMPRE UM MILAGRE

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    Depois de cobrirmos todo o terreno de modo geral, voltamos para observaruma caracterstica particular e peculiar em cada caso, que : a viso espiritual sempre um milagre. Este fato leva com ele todo o significado da vinda do Filho deDeus a este mundo. A prpria justificativa para a vinda do Senhor Jesus Cristo aeste mundo encontrada naquilo que est estabelecido na Palavra de Deus, pois

    uma questo resolvida para o prprio Deus que o homem agora nasce cego: "Euvim como luz para o mundo" (Jo 12:46); "Eu sou a luz do mundo" (9:5). Essadeclarao, como voc sabe, foi feita exatamente naquela parte do Evangelho deJoo onde o Senhor Jesus est lidando com a cegueira. "Enquanto estou nomundo, sou a luz do mundo" (9:5) e Ele ilustrou isso lidando com o homem quenasceu cego.

    De modo que a viso espiritual sempre um milagre do cu. Isso significaque aquele que v espiritualmente tem um milagre logo no fundamento da suavida. Toda a sua vida espiritual brota de um milagre, e o milagre de receber aviso nos olhos que nunca viram. E exatamente aqui que a vida espiritualcomea, onde a vida crist tem seu incio: no ver.

    E qualquer que prega deve ter este milagre em sua histria. O que pregadepende totalmente desse milagre se repetir no caso de todos aqueles que oouvem. Nesse aspecto ele totalmente impotente e tolo. Talvez seja aqui que,num sentido, descobrimos "a loucura da pregao".

    Um homem pode ter visto e pode estar pregando o que ele viu, masnenhum dos que o ouvem viu ou v o que ele viu. Assim ele est dizendo aoscegos: "Vejam!". E eles no vem. Ele depende inteiramente do Esprito de Deusvir e realizar um milagre nesse momento e nesse lugar. A menos que este milagreseja realizado, sua pregao v no tocante ao resultado desejado.

    No sei o que voc diz quando chega a uma reunio e curva sua cabeapara orar, mas fao uma sugesto. Ali pode estar sendo apresentado aquilo que

    veio de um milagre naquele que est pregando ou ensinando e voc pode perdertudo. A sugesto que voc pea sempre ao Esprito Santo para operar aquelemilagre em voc novamente nesta hora, para que possa ver.

    Vamos prosseguir um pouco mais. Cada parte de uma nova viso umaobra do cu. No algo feito plenamente de uma vez por todas. E possvelprosseguirmos vendo e vendo, e vendo ainda mais plenamente, mas com cadanovo fragmento da verdade, esta obra que no est em nosso poder deve serrealizada. A vida espiritual no um milagre apenas em seu comeo; ummilagre contnuo nesse sentido at o final. E isso que brota das passagens quelemos.

    Um homem pode ter tido um toque, e, embora fosse cego antes, sem nada

    ver, agora ele v. Entretanto ele v apenas um pouco, tanto na medida quanto naextenso, e, por isso, v imperfeitamente. Ainda existe certa quantidade dedistoro a respeito da sua viso. Outro toque do cu necessrio, a fim de queele possa ver todas as coisas correta e perfeitamente. Mas mesmo assim no ofim, pois aqueles que esto vendo as coisas correta e perfeitamente, dentrodaquela medida, ainda tm possibilidades de Deus de ver tais vastas extenses.Mas ainda se necessita de um esprito de sabedoria e de revelao para realiz-lo.Por todo o caminho isso algo do cu. E quem o conseguiria de outro modo?

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    Porque no a permanncia constante desse elemento milagroso que d verdadeira vida espiritual seu real valor?

    O RESULTADO DA PERDA DA VISO ESPIRITUAL

    Agora chegamos quela palavra final. Perder a viso espiritual perder a

    caracterstica sobrenatural da vida espiritual, e isso produz a situao deLaodicia. Se voc buscar entrar no mago dessa questo, esse estado de coisasrepresentado por Laodicia, nem quente nem frio, o estado que leva o Senhor adizer: "Vomitar-te-ei da minha boca", e se voc disser: "Por que assim? O queest por trs disso?", s uma coisa responde: a caracterstica sobrenatural foiperdida e desceu para a terra; algo religioso, mas saiu do seu lugar celestial. Eento, podemos ver, vem a reao correspondente aos vencedores em Laodicia:"Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono". Voc desceu bastanteem seu caminho para a terra e perdeu sua caracterstica celestial. Todavia, paraos vencedores no meio de tais condies h um lugar acima, mostrando opensamento do Senhor contra esta condio. Perder a viso espiritual perder a

    caracterstica sobrenatural da vida espiritual. Quando isso termina, no importaquo religioso voc seja, o Senhor tem apenas uma palavra a dizer: comprecolrio; essa a sua necessidade.

    A NECESSIDADE DO NOSSO TEMPO

    Isso nos traz necessidade do nosso tempo, a necessidade quenaturalmente de toda hora, de todo dia, de toda era.

    Mas estamos mais e mais conscientes dessa necessidade em nossa poca.Num sentido, podemos dizer que nunca houve um tempo em que houvesse umanecessidade maior de pessoas que pudessem e possam dizer: "Eu vejo!". Essa a

    necessidade desse momento. Grande e terrvel essa necessidade, e antes queela seja satisfeita no haver qualquer esperana. A esperana se prende nisto:que pessoas sejam levantadas neste mundo, neste mundo negro de confuso,caos, tragdia e contradio, pessoas que possam dizer: "Eu vejo!". Se hoje selevantasse um homem que tivesse posio para exercer influncia e ser levadoem considerao, um homem que viu, que nova esperana surgiria com ele! Quenova perspectiva! Essa a necessidade; se ela ser satisfeita de forma pblica,nacional ou internacional, eu no sei. Mas ela precisa ser satisfeita de formaespiritual por pessoas desta terra que estejam nesta posio e possam dizer: "Euvejo!".

    O cristianismo se tornou amplamente uma tradio. A verdade foi dividida

    em verdades e colocada num Livro Dourado, o Livro Dourado da DoutrinaEvanglica, uma coisa fixa e cercada. Estas so as doutrinas evanglicas. Elasestabelecem os limites do cristianismo evanglico em pregao e ensino. Sim,so apresentadas em muitas e variadas formas. So servidas com piadas eilustraes interessantes e atrativas e com originalidade e singularidadeestudadas, de tal forma que as antigas verdades no sejam to patentes. Tmalguma chance de serem entendidas por causa das roupagens com que sovestidas. Depende tambm da habilidade e personalidade do pregador ou mestre.As pessoas dizem: "Gosto do seu estilo, da sua maneira, do seu modo de dizer as

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    coisas!" e depende muito disso. Todavia, quando todos esses farrapos sodespidos, junto com as histrias, as piadas, as ilustraes, a personalidade ehabilidade do pregador ou mestre, quando tudo tirado voc simplesmenteganha de novo as velhas coisas. Alguns de ns tambm viemos e superamos oltimo pregador na maneira de apresent-las para que estas coisas ganhemalguma aceitao e causem alguma impresso. No creio que isso seja uma

    crtica negativa, porque isso apenas a realidade. Ningum vai imaginar queestou pedindo para mudar ou desfazer das antigas verdades.Mas o que estou tentando alcanar isto: no so novas verdades, nem a

    mudana da verdade e sim que haja aqueles que, ao apresentar a verdade,possam ser reconhecidos por aqueles que ouvem como homens que viram. Nissoest toda a diferena. No so homens que leram, estudaram e prepararam, mashomens que viram, a respeito dos quais existe o que encontramos em Joo 9, oelemento de assombro: "Se pecador, no sei; uma coisa sei: eu era cego eagora vejo". E voc sabe se uma pessoa viu ou no, de onde veio e como veio.Esta a necessidade: aquele algo, aquele algo indefinido, que resulta emassombro e que voc tem que dizer: "Aquele homem viu algo, aquela mulher viu

    algo!". esse fator do "ver" que faz toda a diferena.Sim, algo bem maior do que voc e eu tenhamos desfrutado. Permita-medizer-lhe de imediato que todo o inferno se une contra isso, e o homem cujosolhos foram abertos vai enfrentar o inferno. Este homem em Joo 9 teve queencar-lo de imediato. Eles o lanaram fora e at seus pais temeram ficar do ladodele, por causa do preo. "Ele tem idade; perguntai-o." "Sim, este nosso filho,mas no pressionem demais e no nos envolvam nisso; ide a ele, esclarecei tudocom ele e deixem-nos em paz." Eles viram um sinal de perigo e estavam tentandoevitar a questo. Existe um preo para ver e pode custar tudo, por causa dogrande valor de ver o Senhor e por ser oposto a Satans, o deus dessa era, quecegou as mentes dos no-crentes. Nisso a obra do diabo desfeita. "Envio-te para

    lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade deSatans para Deus." Satans no vai aceitar isso, nem no incio nem em qualquermedida. Ter viso espiritual algo tremendo. Mas que grande necessidade hojede homens e mulheres que possam permanecer espiritualmente na posio emque ficou este homem e dizer: "Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo". E algogrande estar nessa posio. Quanto eu no sei, mas uma coisa eu sei: eu vejo!Isso algo que no acontecia antes. Tal experincia produz um impacto, umacerteza. Vida e luz sempre andam juntas na Palavra de Deus. Se um homemrealmente v, existe vida e elevao. Se ele est dando a voc algo de segundamo, algo estudado, lido, trabalhado, no existe vida nisso, a no ser talvez umfalso e temporrio interesse e fascinao passageira. Mas no existe vida real que

    faz as pessoas viverem.De modo que no se trata de pedir para mudar a verdade ou de ter novasverdades, mas sim da viso espiritual na verdade. "O Senhor ainda tem mais luz everdade para brotar da Sua Palavra", o que realmente verdade. Permita-medesfazer daquela coisa que nos tem sido imputada, se que posso. Nobuscamos nova revelao, tampouco dizemos, sugerimos ou damos a entenderque voc pode ter algo fora da Palavra de Deus. Todavia, afirmamos que existemmuitssimas coisas que no vimos na Palavra de Deus, mas podemos ver.Certamente todos concordam com isso e s isso mesmo: ver, e quanto mais

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    voc v, realmente v, mais esmagado voc se sente com respeito coisa toda,porque voc sabe que chegou divisa da terra de grandes distncias, que estalm do poder da experincia de um perodo de vida to curto.

    Agora, para concluir, deixe-me repetir que, em cada estgio, desde o incioat a consumao, a vida espiritual deve ter este segredo nela: eu vejo! Logo noprincpio, quando nascemos de novo, esta deveria ser a expresso ou

    pronunciamento espontneo na vida. Nossa vida crist deve comear ali. Mas portodo o caminho at a consumao final deve ser assim, o resultado dessemilagre, de tal forma que voc e eu sejamos mantidos nesta atmosfera deassombro, o fator assombro repetido muitas vezes, tornando cada nova ocasiocomo se fosse algo que nunca tivssemos visto.

    Mas posso dizer tambm que geralmente uma nova manifestao doEsprito dessa forma vem depois do escurecimento de tudo o que aconteceuantes. Parece que o Senhor tem que torn-lo necessrio, a fim de chegarmos aoponto de clamar: "A menos que o Senhor mostre, a menos que o Senhor revele, amenos que o Senhor faa algo novo, tudo o que dantes aconteceu como nada.Nada disso me salvar agora!". Assim Ele nos conduz a um lugar escuro, um

    perodo escuro. Sentimos que aquilo que aconteceu antes perdeu o poder quetinha para nos tornar alegres e triunfantes. Essa a maneira de o Senhor nosmanter avanando. Se nos fosse permitido continuar satisfeitos com o quealcanamos em qualquer estgio, e no sentssemos a necessidade absoluta dealgo que nunca tivemos, ser que prosseguiramos? Certamente que no! Paranos manter prosseguindo o Senhor tem que introduzir aquelas experincias emque absolutamente necessrio que vejamos o Senhor e O conheamos de umamaneira nova. Isso deve ser assim por todo o nosso caminho at o fim. Pode seruma srie de crises de ver e ver novamente e novamente ver, medida que oSenhor abre nossos olhos e sejamos capacitados a dizer como nunca dissemosantes: "Eu vejo!". De modo que no o nosso estudo, nosso aprendizado, nosso

    conhecimento de livros, mas sim um esprito de sabedoria e de revelao noconhecimento dEle, os olhos do corao iluminados. E esse "ver" que manifesta otom de autoridade to necessrio. Esse o elemento, a caracterstica exigidahoje. No apenas o ver pelo fato de ver, mas sim a introduo de um novo tomde autoridade.

    Onde est a voz de autoridade hoje? Onde esto aqueles que esto falandocom autoridade? Estamos desfalecendo terrivelmente em cada rea da vida, pelaausncia da voz de autoridade. A igreja est desfalecendo pela ausncia da vozde autoridade, ausncia daquele tom proftico: "Assim diz o Senhor!". O mundoest desfalecendo pela ausncia de autoridade, e essa autoridade est comaqueles que viram. Existe mais autoridade no homem nascido cego que v, em

    seu testemunho uma coisa eu sei: eu era cego, mas agora vejo -, do que emtodo o Israel com toda a sua tradio e conhecimento. E no seria isso que tinhatanto peso a respeito do Senhor Jesus? Pois "ele as ensinava como quem temautoridade e no como os escribas" (Mt 7:29). Isso bastante hostil. Os escribaseram as autoridades; se algum quisesse uma interpretao da lei, ele ia aosescribas. Se quisesse saber qual era a posio autorizada, ele ia aos escribas. MasEle falava com algum que tinha autoridade e no como os escribas. De ondevinha tal autoridade? Simplesmente porque em todas as coisas Ele podia dizer:

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    "Eu sei!". No o que tenho lido, o que me foi contado, o que estudei, mas simisto: "Eu sei! Eu vi!".

    Que o Senhor faa de cada um de ns pessoas cujos olhos foram abertos.

    Captulo 2O Resultado da Viso Espiritual

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    "Proferiu a sua palavra e disse: Palavra de Balao, filho de Beor, palavra dohomem de olhos abertos; palavra daquele que ouve os ditos de Deus, o que tema viso do Todo-Poderoso e prostra-se, porm de olhos abertos..." (Nm 24:3,4).

    "E foram para Jerico. Quando ele saa de Jerico, juntamente com osdiscpulos e numerosa multido, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava

    assentado beira do caminho... Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faa?Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver. Ento, Jesus lhe disse: Vai, a tuaf te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia Jesus estrada afora" (Mc10:46, 51,52).

    "Jesus, tomando o cego pela mo, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mos, perguntou-lhe: Vs alguma coisa?Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como rvores osvejo, andando. Ento, novamente lhe ps as mos nos olhos, e ele, passando aver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito" (Mc 8:23-25).

    "Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascena... dizendo-lhe: Vai,

    lava-te no tanque de Silo (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltouvendo... Ele retrucou: Se pecador, no sei; uma coisa sei: eu era cego e agoravejo" (Jo 9:1, 7, 25).

    "...para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glria, vosconceda esprito de sabedoria e de revelao no pleno conhecimento dele,iluminados os olhos do vosso corao, para saberdes qual a esperana do seuchamamento, qual a riqueza da glria da sua herana nos santos e qual asuprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficcia dafora do seu poder" (Ef 1:17-19).

    ".. .pois dizes: Estou rico e abastado e no preciso de coisa alguma, e nemsabes que tu s infeliz, sim, miservel, pobre, cego e nu" (Ap 3:17).

    "... livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhesabrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanspara Deus, a fim de que recebam eles remisso de pecados e herana entre osque so santificados pela f em mim" (At 26:17, 18).

    Logo no incio da nossa meditao anterior estivemos falando da causa dadoena do nosso tempo, que a cegueira espiritual. Tomamos aquelas passagensque lemos e observamos como elas, de forma geral, cobrem todo o terreno dacegueira e da viso espiritual. Depois passamos a falar sobre o fator comumnestes casos que : a viso espiritual sempre um milagre.

    Ningum tem verdadeira viso espiritual por natureza. Ela algo que vem

    do cu como uma ao direta de Deus; uma faculdade que no est aquinaturalmente, mas tem que ser criada. De modo que a prpria justificao para avinda de Cristo do cu a este mundo achada neste fato: o homem nasce cego eprecisa de um visitante do cu para lhe dar viso.

    Por fim, vimos que perder a viso espiritual perder o elementosobrenatural na vida crist; este era o problema de Laodicia. Prosseguimosvendo que a grande necessidade da poca de cristos que realmente possamdizer: Eu vejo! Pense em voc nascendo cego e vivendo talvez at a maturidadesem ter visto nada nem ningum e, de repente, seus olhos so abertos para ver

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    tudo e todos. O sentimento de assombro estaria ali. O mundo seria um mundomaravilhoso.

    Imagino que quando aquele homem em Joo 9 foi para casa, ele diziaconstantemente: "E maravilhoso ver as pessoas e todas estas coisas!".Maravilhoso! Esta seria a palavra mais encontrada em seus lbios. Sim, masexiste uma contraparte espiritual, e a grande necessidade de pessoas que tm

    assombro espiritual em seus coraes todo o tempo, aquilo que nasceu pelarevelao do Esprito Santo e um assombro constante e crescente. um novomundo, um novo universo. Esta a necessidade do nosso tempo: Eu vejo!

    Nesta meditao vamos seguir de perto a idia de que em cada estgio davida crist, do incio consumao, o segredo deve ser apenas este: Eu vejo.Nunca vi como vejo agora! Nunca vi dessa forma. Nunca vi com essa perspectiva,mas agora eu vejo! Deve ser assim todo o tempo, do princpio ao fim, se a vida uma verdadeira vida no Esprito. Por um curto espao de tempo pensemos emuma ou duas fases da vida crist que devem ser governadas por esta granderealidade de ver pela operao divina. Voc vai se lembrar bastante da Palavra deDeus enquanto falo, vendo o quanto existe nas Escrituras a esse respeito.

    A VISO GOVERNA O INCIO DA VIDA CRIST

    O que o incio da vida crist? E um ver. Deve ser um ver. A prpria lgicadas coisas exige que seja um ver; por esta razo, o todo da vida crist deve serum movimento progressivo numa linha, em direo a um fim. A linha e o fim Cristo. Esta foi a questo com o homem nascido cego em Joo 9. Voc se lembracomo, depois de o terem lanado fora, Jesus o encontrou e lhe disse: "Crs tu noFilho do Homem?". E o homem "respondeu e disse: Quem . , Senhor, para que eunele creia? E Jesus lhe disse: J o tens visto, e o que fala contigo. Ento, afirmouele: Creio, Senhor; e o adorou". O resultado da viso espiritual o

    reconhecimento do Senhor Jesus e ser assim por todo o caminho do princpio aofim.Podemos dizer que a nossa salvao foi uma questo de ver-nos como

    pecadores. Mas se tivssemos parado ali, nossa expectativa teria sido muitopobre. Ou podemos dizer que ver Cristo morrendo pelos pecadores. Isso muitobom, mas no o bastante. A menos que vejamos quem Cristo , aquela coisa sutile fatal que afirma que muitos soldados britnicos tiveram uma morte to hericapor seus companheiros como foi a morte de Jesus pode encontrar abrigo emnossos coraes, sem discernir ou discriminar entre um e outro. No, toda aquesto resumida no ver a Jesus.

    Quando realmente vemos a Jesus, o que acontece? O que aconteceu com

    Saulo de Tarso? Bem, uma poro de coisas aconteceu, e coisas poderosas quenada mais, seno o ver a Jesus, poderia produzir. Nunca poderamos persuadir umSaulo de Tarso a se tornar cristo, tampouco amedront-lo. No poderamosconvenc-lo por meio de argumentos nem por meio da emoo a se tornar umcristo. Para tir-lo do judasmo era necessrio algo mais do que se poderiaencontrar na Terra. Mas ele viu Jesus de Nazar, e isso foi o bastante. Agora eleest fora, um homem emancipado, ele viu.

    Mais tarde ele tem que enfrentar a grande dificuldade dos judaizantes, queo seguem onde quer que v visando perturbar a f dos seus convertidos, para

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    arruinar sua posio em Cristo, se j no haviam conseguido isso (refiro-me aosconvertidos e igrejas na Galcia). Ento ele levanta de novo toda a questo notocante ao que realmente um cristo e focaliza este mesmo ponto no queaconteceu na estrada de Damasco.

    A Carta aos Glatas pode ser resumida assim: o cristo no algum quefaz isso e aquilo e deixa de fazer isso e aquilo por serem coisas proibidas. O

    cristo no algum governado pelas coisas exteriores de um modo de vida, umaordem, um sistema legalstico que diz: "Voc deve e voc no deve". O cristoest includo nesta declarao: "... aprouve [a Deus] revelar seu Filho em mim..."(Gl 1:15, 16). Esta apenas outra forma de dizer: "Ele abriu meus olhos para vera Jesus", pois as duas coisas so idnticas.

    A estrada de Damasco o lugar. "Quem s, Senhor? Eu sou Jesus deNazar." "Aprouve [a Deus] revelar seu Filho em mim." Isso uma e a mesmacoisa. Ver de forma interior: isso faz um cristo! "Deus... resplandeceu em nossocorao, para iluminao do conhecimento da glria de Deus, na face de Cristo"(II Co 4:6). "Em nosso corao." Cristo, assim comunicado e revelado no interior, o que faz um cristo. O cristo far ou no far certas coisas no pela anunciao

    de certas leis crists, muito menos pelas judaicas, mas conforme a direointerior do Esprito Santo,, por Cristo no corao. E isso que faz um cristo e nisso lanado o fundamento para todo o resto, at a consumao, porque serapenas isso de forma crescente. Assim o fundamento deve ser conforme asuperestrutura. Tudo faz parte de uma pea. E ver e ver a Cristo.

    Esta uma declarao ousada sobre a qual muito mais poderia ser dito.Mas um desafio. Temos que nos perguntar: sobre qual fundamento descansa anossa vida crist? E sobre algo exterior, algo que lemos, algo que nos foi contado,algo que nos foi ordenado, algo que nos amedrontou ou emocionou, ou tem comobase isto: "Aprouve [a Deus} revelar seu Filho em mim"? Quando eu O vi, vi quepecador eu sou e tambm vi que Salvador Ele . Isso aconteceu porque eu O vi!

    Sei como isso elementar para uma conferncia de cristos, mas s vezes bom examinar nossos fundamentos. Nunca samos desses fundamentos. Novamos crescer e nos tornar to maravilhosos a ponto de deixar tudo para trs.Tudo faz parte de uma pea s. No quero dizer que permanecemos nesseestgio elementar toda nossa vida, mas levamos o carter dos nossosfundamentos at o fim. A graa que lanou o fundamento trar a pedra dearremate com aclamaes de "graa, graa!". Tudo ser isto: a graa de Deusabrindo nossos olhos. No vou me deter mais nesse ponto.

    A VISO GOVERNA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

    Vamos passar para o crescimento. Como o incio pelo ver, assim tambm o crescimento. O crescimento espiritual vem atravs do ver. Desejo que vocpense nisso. Temos que ver se desejamos crescer. O que crescimentoespiritual? Responda cuidadosamente em seu corao. Penso que algumaspessoas imaginam que o crescimento espiritual adquirir cada vez maisverdades. No, no necessariamente. Voc pode crescer em tal conhecimento medida que cresce, mas no apenas isso. O que crescimento? E serconformado na imagem do Filho de Deus. Este o fim e nessa direo queestamos nos movendo de forma progressiva, firme e consistente.

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    Crescimento pleno, maturidade espiritual sermos feitos conforme aimagem do Filho de Deus. Isso crescimento. Ento, se for assim, Paulo nos diz:"E todos ns, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glriado Senhor, somos transformados, de glria em glria, na sua prpria imagem,como pelo Senhor, o Esprito" (II Co 3:18). Somos conformados pelo ver ecrescemos pelo ver.

    O MINISTRIO DO ESPRITO SANTO

    Ora, o que foi dito anteriormente contm um princpio precioso eprofundo. Como podemos ilustr-lo? Penso que com o prprio texto que foi citado.A ltima frase nos d a chave: "Como pelo Senhor, o Esprito".

    Espero no estar fazendo uso de uma ilustrao muito trivial ao tentarajudar neste aspecto, quando me volto para Elizer, servo de Abrao, Isaque eRebeca, aquele romance clssico do Antigo Testamento. Voc se lembra do diaem que Abrao, ficando velho, chamou seu mordomo fiel, Elizer, e lhe disse:"Pe a mo por baixo da minha coxa, para que eu te faa jurar pelo Senhor, Deus

    do cu e da terra, que no tomaras esposa para meu filho das filhas doscananeus, entre os quais habito; mas irs minha parentela e da tomaras esposapara Isaque, meu filho" (Gn 24:2-4). E ele jurou.

    Ento Eliezr saiu, como voc sabe, com os camelos para o distante pas dooutro lado do deserto, orando enquanto ia, para que o Senhor prosperasse seucaminho e lhe desse um sinal. O sinal foi dado junto ao poo. Rebecacorrespondeu ao sinal de Eliezr e depois de estar um pouco com a famliaenfrentou o desafio de maneira muito clara e decidiu ir com ele. Pelo caminho eleapresentou os seus tesouros, coisas da casa do seu senhor, coisas do filho do seusenhor e as mostrou a ela, ocupando-a todo o tempo com o filho do seu senhor ecom as coisas que indicavam que filho ele era, quais eram os seus bens e em que

    tipo de situao ela estava entrando. Isso perdurou por todo o deserto, atalcanarem o outro lado e chegarem regio da casa de Abrao. Isaque estavano campo meditando; eles levantaram os olhos e viram, e o servo disse: "L estele! Aquele de quem estive lhe falando todo o tempo; o dono de tudo o que estivelhe mostrando. L est ele!". E Rebeca desceu do camelo.

    Voc acha que ela se sentiu estranha, como se tivesse vindo de um pasdistante? Creio que o efeito do ministrio de Elizer foi fazer com que ela sesentisse bem em casa, fazer com que ela sentisse como se conhecesse o homemcom quem ia se casar. Ela no sentiu nenhuma estranheza, aflio ou qualquerelemento estranho sobre isso. Podemos dizer que os dois, Isaque e Rebeca,simplesmente se amalgamaram? Foi a consumao do processo.

    "Como pelo Senhor, o Esprito." O Senhor Jesus disse: ".. .quando vier,porm, o Esprito da verdade... no falar por si mesmo, mas dir tudo o que tiverouvido... porque h de receber do que meu e vo-lo h de anunciar" (Jo 16:13,14). O Esprito, o servo fiel da casa do Pai, veio atravs do deserto para encontraruma noiva para o Filho, da Sua prpria parentela. Sim, existe lugar para assombroaqui.

    "Visto, pois, que os filhos tm participao comum de carne e sangue,destes tambm ele, igualmente, participou. .." (Hb 2:14); "Pois, tanto o quesantifica como os que so santificados, todos vm de um s" (Hb 2:11).

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    O Esprito veio para adquirir esta noiva agora, que seja uma com Ele, Suacarne e Seu osso. Mas o Esprito deseja estar nos ocupando todo o tempo com oSenhor Jesus, mostrando-nos Suas coisas. Com que fim? Para que no sejamoscomo estranhos quando O encontrarmos; para no sentirmos que somos de umtipo e Ele de outro, mas para que seja exatamente assim: "Este o ltimo passodos muitos anteriores que conduziram a ele, e cada passo tem feito com que esta

    unidade seja mais perfeita e esta harmonia mais completa".No final, sem qualquer grande crise, simplesmente entremos. Temosprosseguido o tempo todo, e este o ltimo passo. Isso conformidade Suaimagem; isso crescimento espiritual: chegar a conhecer o Senhor, tornar-secomo Ele, chegando a estar perfeitamente vontade com Ele, de modo a nohaver choque, nem estranheza, nem discrdia, nem distncia. Unio com nossoSenhor Jesus, sendo aprofundada todo o tempo at a consumao: isso crescimento espiritual. Como voc v, algo interior novamente e simplesmente o desenvolvimento daquela iniciao, daquele incio. Vimos eestamos vendo, e vendo e vendo, e enquanto estamos vendo somostransformados.

    Isso verdade a respeito de tudo o que voc pensa que v? Temos quefazer um teste de tudo o que pensamos que vemos e conhecemos, por meio doseu efeito em nossas vidas. Voc e eu podemos ter uma quantidade enorme doque pensamos ser conhecimento espiritual. Temos todas as doutrinas, todas asverdades, podemos recitar as principais doutrinas evanglicas; mas qual oresultado? No ver, amado, no sentido espiritual, se no somos transformados.Esta a tragdia de muitos que tm todas essas coisas, mas so to pequenos,to dbeis, to desagradveis, to cruis, to legalistas.

    Sim, ver ser transformado, e se isso no acontecer no ver. Seria muitomelhor se fssemos despojados de tudo isso e levados exatamente ao ponto ondevemos apenas aquele pouquinho que faz grande diferena. Devemos ser bem

    honestos com Deus sobre isso. No prefervel ter apenas um pouquinho deviso espiritual que tenha cem por cento de eficcia, do que uma montanha deconhecimento com noventa por cento que no serve para nada?

    Devemos pedir ao Senhor que nos livre de avanar alm da vida espiritual,quero dizer, avanar no aspecto do conhecimento, uma espcie de conhecimentoque presume conhecer. Voc sabe o que quero dizer. O ver real, diz Paulo, sertransformado, e ser transformado uma questo de ver, como pelo Senhor, oEsprito. Portanto, devemos orar para ver.

    Alguns de ns conhecamos nossa Bblia, nosso Novo Testamento,conhecamos Romanos, Efsios; isto , pensvamos que conhecamos. Podamosat mesmo dar aulas de Bblia e desses livros e sobre as verdades neles contidas,

    e assim fizemos por muitos anos. Ento um dia ns vimos, e as pessoas viram quetnhamos visto e disseram: o que aconteceu com este ministro? Ele no estdizendo nada diferente do que sempre disse, mas h uma diferena; ele viu algo!E isso.

    A VISO GOVERNA O MINISTRIO

    E naturalmente isso nos leva ao prximo ponto, embora seja numa brevepalavra. O que verdadeiro com respeito ao incio da vida crist, o que

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    verdadeiro com respeito ao verdadeiro crescimento, tambm verdadeiro comrespeito questo do ministrio. Mas no pense que estou falando de qualquerclasse especial de pessoas chamadas de "ministros". Ministrio, como j foi ditoantes neste estudo, uma questo de utilidade espiritual. Qualquer ministrioque no seja um assunto de utilidade espiritual no ministrio verdadeiro, equalquer que for espiritualmente til um ministro de Cristo. De modo que

    estamos todos no ministrio, no plano de Deus. Visto ser assim, todos somosafetados, todos somos governados por esta mesma lei. Ser til espiritualmente uma questo de ver.

    Sabemos que a Segunda Carta aos Corntios a que mais trata sobre oministrio no Novo Testamento. "Pelo que, tendo este ministrio..." (4:1) - e o que este ministrio? Bem, "ele mesmo [Deus] resplandeceu em nosso corao..."(4:6).

    E do nosso conhecimento que Paulo tem Moiss, o ministro de Deus, nofundo da sua mente enquanto escreve esta parte da sua carta. E por estadesignao que conhecemos Moiss: o servo de Deus; e Paulo est se referindo aele cumprindo seu ministrio, seu servio, lendo a lei e colocando um vu sobre

    seu rosto por causa da glria que impedia que o povo olhasse para ele. E aquelaglria era passageira.Agora Paulo diz que, no ministrio a ns confiado, Deus resplandeceu no

    nosso interior e no precisamos de um vu. Em Cristo o vu tirado; e o que vocdeve ver em ns Cristo e Cristo deve ser ministrado atravs de ns conformeEle visto, e ns somos os veculos para manifestar a Cristo. Isso utilidadeespiritual; isso ministrio: manifestar a Cristo. E "temos, porm, este tesouro emvasos de barro, para que a excelncia do poder seja de Deus e no de ns" (4:7)."Em tudo somos atribulados..." - e ento segue uma lista de coisas que nosrebaixam. Mas na verdade ele est dizendo: E Cristo!

    Se somos rebaixados, perseguidos, menosprezados, abatidos, levando

    sempre em nosso corpo o morrer do Senhor Jesus, isso apenas a maneira deDeus manifestar a Cristo. Se somos perseguidos e menosprezados, abatidos e agraa do Senhor Jesus suficiente, e voc v a graa do Senhor Jesus sendomanifestada naquele sofrimento e provao, ento voc diz: Este um Cristomaravilhoso! Voc v a Cristo, e por nossos sofrimentos Cristo ministrado. Isso utilidade espiritual.

    De quem voc mais recebeu ajuda? Eu sei quem mais me ajudou. No foiningum no plpito. Foi algum que passou por sofrimento intenso e terrveldurante muitos anos e em quem a graa de Deus foi suficiente. Eu pude dizer: "Seeu passar por sofrimento como este, ento meu cristianismo ser precioso evaler a pena ter um Cristo como o meu". Isso muito me ajudou e isso que

    quero ver.No pregue para mim; viva e isso ser de maior ajuda para mim. Erealmente uma inspirao para mim e deveria ser para ns ver que em nossaprovao e adversidade que os outros podem ver o Senhor e serem maisajudados. O modo como passamos pela provao o que mais vai ajudar osoutros, muito mais do que aquilo que possamos lhes dizer.

    Que o Senhor possa nos cobrir quando dizemos algo assim, poisconhecemos nossa fragilidade e como falhamos para com Ele quando estamosdebaixo da prova. Mas isso que Paulo est dizendo aqui sobre o ministrio.

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    "Temos, porm, este tesouro em vasos de barro... Em tudo somos atribulados...perplexos... abatidos... levando sempre no corpo o morrer de Jesus." Mas comPaulo o fim de todas as coisas era: "E glorificavam a Deus a meu respeito" (Gl1:24). O que voc quer alm disso? Isso ministrio. Se voc e eu pudermos dizerque em qualquer ocasio no vivemos em vo. Teremos sido de utilidade se issopuder ser dito: "E glorificavam a Deus a meu respeito".

    Mas o importante o ver. Ns, para sermos espiritualmente teis, temosque ver, a fim de que outros possam ter base para ver. Falo dessa forma porquepodemos ver e passar o que vemos; podemos ser cartas vivas, mas os outrospodem no estar vendo. Mas existe a base para que eles vejam, e se foremhonestos de corao e sem preconceitos, realmente abertos para o Senhor, Elepermitir que vejam aquilo que o Senhor nos revelou e que Ele est buscandorevelar atravs de ns. Ele deve ter cartas vivas, homens e mulheres nos quaisEle possa ser lido. Isso ministrio.

    De modo que o ministrio dado e o ministrio recebido tudo uma questodessa obra divina da graa abrindo nossos olhos. Tudo isso constitui um grandeapelo aos nossos coraes para buscarmos o Senhor no sentido de termos nossos

    olhos abertos. Se somos srios para com o Senhor, nunca tarde demais paratermos viso espiritual, a despeito de quo cegos tenhamos sido e por quantotempo. Mas no se esquea de que isso uma questo de sermos honestos paracom Deus.

    O Senhor Jesus disse uma coisa maravilhosa a Natanael. Ele estavaperigosamente perto daquela dupla cegueira. No momento em que se permitiudar expresso a um preconceito popular, ele chegou perto da zona de perigo. Eledisse: "De Nazar pode sair alguma coisa boa?". Esse um preconceito popular.Um preconceito popular tem impedido que homens e mulheres conheam ospropsitos plenos de Deus. Os preconceitos podem tomar muitas formas.Tenhamos cuidado. Mas Natanael foi salvo. O Senhor Jesus disse: "Em verdade,

    em verdade vos digo que vereis o cu aberto e os anjos de Deus subindo edescendo sobre o Filho do Homem" (Jo 1:51). Quando Ele disse "vereis" quis dizerno dia do Esprito. "Como pelo Senhor, o Esprito", Natanael iria ver. Ele estava emperigo, mas escapou. Se voc est em perigo por causa do seu preconceito, tenhacuidado. Abandone seu preconceito, tenha o corao aberto. Seja um israelita emquem no haja Jac, sem engano, com o corao aberto ao Senhor, e voc ver!

    Captulo 3Vendo ao Senhor e Vendo a Ns Mesmos

    "Todo o povo de Jud tomou a Uzias, que era de dezesseis anos, e oconstituiu rei em lugar de Amazias, seu pai. Ele edificou a Elate e a restituiu aJud, depois que o rei descansou com seus pais. Uzias tinha dezesseis anosquando comeou a reinar e cinqenta e dois anos reinou em Jerusalm. Era onome de sua me Jecolias, de Jerusalm. Ele fez o que era reto perante o

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    SENHOR, segundo tudo o que fizera Amazias, seu pai. Props-se buscar a Deusnos dias de Zacarias, que era sbio nas vises de Deus; nos dias em que buscouao SENHOR, Deus o fez prosperar" (II Cr 26:1-5).

    "Mas, havendo-se j fortificado, exaltou-se o seu corao para a sua prpriaruna, e cometeu transgresses contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou notemplo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso. Porm o sacerdote

    Azarias entrou aps ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maiorfirmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, no competequeimar incenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Aro, que soconsagrados para este mister; sai do santurio, porque transgrediste; nem serisso para honra tua da parte do SENHOR Deus. Ento, Uzias se indignou; tinha oincensrio na mo para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra ossacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na Casa do SENHOR,junto ao altar do incenso. Ento, o sumo sacerdote Azarias e todos os sacerdotesvoltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e apressadamente olanaram fora; at ele mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o ferira.Assim, ficou leproso o rei Uzias at ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso,

    numa casa separada, porque foi excludo da Casa do SENHOR; e Joto, seu filho,tinha a seu cargo a casa do rei, julgando o povo da terra" (II Cr 26:16-21)."Descansou Uzias com seus pais, e, com seus pais, o sepultaram no campo

    do sepulcro que era dos reis; porque disseram: Ele leproso. E Joto, seu filho,reinou em seu lugar" (II Cr 26:23).

    "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto esublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam porcima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria osseus ps e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo,santo, santo o SENHOR dos Exrcitos; toda a terra est cheia da sua glria. Asbases do limiar se moveram voz do que clamava, e a casa se encheu de

    fumaa. Ento, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lbiosimpuros, habito no meio de um povo de impuros lbios, e os meus olhos viram oRei, o SENHOR dos Exrcitos! Ento, um dos serafins voou para mim, trazendo namo uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou aminha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lbios; a tua iniqidade foi tirada, eperdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quemenviarei, e quem h de ir por ns? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Ento,disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e no entendais; vede, vede, mas nopercebais. Torna insensvel o corao deste povo, endurece-lhe os ouvidos efecha-lhe os olhos, para que no venha ele a ver com os olhos, a ouvir com osouvidos e a entender com o corao, e se converta, e seja salvo" (Is 6:1-10).

    Esta uma histria impressionante e gira ao re-dor do assunto que temostrazido diante de ns desta vez, que : Viso Espiritual. "Eu vi o Senhor"; "meusolhos viram..."; e tudo gira ao redor disso.

    O que resulta de todo o incidente que o rei Uzias era espiritual emoralmente uma representao de Israel e dos profetas de Israel, numa grandemedida. Esse o significado da dupla declarao de Isaas, o profeta: "Sou umhomem de lbios impuros, e sou o vosso profeta; e habito no meio de um povo deimpuros lbios". E isso, como podemos ver claramente, relaciona-se com Uzias;

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    pois voc sabe que o leproso tinha que colocar um vu sobre o lbio superior eclamar por onde fosse: "Impuro". O significado das palavras "sou homem delbios impuros, habito no meio de um povo de impuros lbios" exatamente quetodos somos leprosos.

    De fato Isaas est dizendo: "O que era verdade acerca de Uzias verdadecom relao a todos ns, profeta e povo. Vocs no reconhecem isso e eu

    tambm no reconhecia at que eu vi o Senhor. Todos ficamos terrvel eprofundamente impressionados com o que aconteceu com Uzias.Temos vivido numa atmosfera carregada com o horror daquela coisa; temos

    cochichado dizendo que coisa horrvel foi aquela, que coisa m Uzias fez e queterrvel que o nosso rei tenha tido tal resultado e um fim como aquele; que coisahorrvel a lepra. Temos dito coisas duras sobre Uzias e concebido muitospensamentos, quo srio foi seu caso, mas eu cheguei a ver que estamos todosna mesma situao. Eu mesmo que tenho pregado a vocs (e no se esquea deque cinco captulos de profecia precederam este sexto captulo de Isaas). Tenhochegado a ver que no sou melhor do que Uzias. Vocs, com todos os seus ritos ecerimnias, freqncia ao Templo, oferecimento dos sacrifcios, usando seus

    lbios na adorao, esto na mesma situao de Uzias; todos somos leprosos.Vocs podem no reconhecer isso, mas eu cheguei a ver. E como cheguei a ver?Eu vi o. Senhor!" "Meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exrcitos." "Eu vi oSenhor assentado sobre um alto e sublime trono." E impressionante quandopensamos nisso.

    O que vamos fazer com isso? Quem sabe faramos bem em sair sescondidas e ficar quietos com isso por algum tempo; pense nisso.

    Vamos esclarecer algo imediatamente: existe um pensamento popular quealgum concebeu e que muitos de ns aprendemos, que foi essa viso que fez deIsaas um profeta ou pregador. Ouvimos isso e talvez tenhamos dito isso. Oh, no!Se o livro de Isaas inspirado e governado por Deus, por que isso deveria

    acontecer muito depois de ele j ter profetizado tanto? Contemple os primeiroscinco captulos de profecia. Que coisas tremendas encontramos neles.No, no foi isso que fez dele um profeta, um pregador. Deus estava

    tratando com o homem, no com um profeta. Deus estava tratando com umpovo, no com um ofcio. Ele estava tratando com o que somos em Seu prprioponto de vista. De modo que no podemos simplesmente transferir isso para umaclasse de pessoas chamadas de profetas ou pregadores, como se alguns de nsno estivssemos envolvidos por no sermos dessa classe; somos pessoascomuns que no aspiram ser profetas ou pregadores. No isso. O Senhor esttratando com pessoas aqui e procurando deixar claro para elas como Ele as vem si mesmas, mesmo que tenham estado pregando muito; o que elas so, aos

    olhos dEle, em si mesmas. Mais cedo ou mais tarde essa realidade ter que virsobre ns para proteger tudo e assegurar Seu propsito.

    O QUE DEUS EST BUSCANDO

    O que Deus est buscando? Se voc puder ver, se voc tiver seus olhosabertos para ver o que Deus est buscando, ento compreender Seu mtodo epor que Ele emprega esse mtodo.

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    O captulo 5 do livro de Isaas deixa claro o que Deus est buscando. Eleest em busca de pessoas que satisfaam Seu prprio corao. Elas sochamadas de remanescente. Elas so chamadas assim por serem simplesmenteum remanescente.

    Ele sabe muito bem que nem todos sero conformados ao Seu pensamento.Ele previu a histria do Seu povo at os dias da vinda do Seu Filho e o que eles

    fariam com Ele. Ele conhece seus coraes. E por isso que Ele diz a Isaas ascoisas terrveis que vai fazer: engordar o corao desse povo, fechar seus ouvidose olhos. Ele conhece. Todavia alguns respondero; mas sero apenas umremanescente.

    Esse remanescente mencionado especificamente no fim do captulo 6nestas palavras: "Mas, se ainda ficar a dcima parte dela, tornar a ser destruda.Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica otoco, assim a santa semente o seu toco" (Is 6:13).

    No tronco que foi cortado (e observe que o que precede o corte darvore), Israel seria cortado pelas naes que Deus iria chamar para cortar Israel,usando-as como instrumentos de juzo para cortar Israel, e isso eles iriam fazer.

    Mas o tronco permanecer, e nele haver uma dcima parte, um remanescente,uma semente santa quando a rvore inteira tiver sido tratada.Deus est buscando uma companhia dentre a companhia geral do Seu povo

    que h de satisfazer Seu corao, e para assegurar esse remanescente Eleapodera-se de Isaas e trata com ele nesse sentido e concede-lhe essa viso.

    Amado, para Deus alcanar Seu alvo, ns temos que ser completamentedesiludidos e ter nossos olhos abertos para ver claramente o que somos em nsmesmos aos olhos dEle. Que terrvel revelao! Qualquer coisa em que hajasuspeita ou indicao de auto-satisfao, auto-complacncia, de termosalcanado ou de estarmos satisfeitos com nossa atual condio nos desqualificarpara participarmos do remanescente ou de sermos de alguma forma instrumentos

    na realizao do alvo e do propsito de Deus.Por isso, depois de esse homem (Isaas) ter sado para falar das amplasreas dos juzos soberanos de Deus nos cinco primeiros captulos, repentinamenteDeus o detm. Uma crise acontece em sua prpria vida e ministrio. Deus abreseus olhos e o leva a ver em profundidade o que ele , o que o povo, aos Seusolhos. Isaas e o povo a quem ele havia julgado, condenado e transmitido aquelasveementes palavras sobre o terrvel acontecimento com Uzia, receberam arevelao de que eles eram igualmente maus; no havia diferena. Aos olhos deDeus todos eram impuros com o vu sobre o lbio superior e exortados a clamar:"Imundo, imundo".

    A LEPRA DA VIDA DO EU

    E o que era essa lepra? Dizemos, naturalmente, que o pecado. Sim, opecado; mas o que isso? Vamos dar uma olhada em Uzias e ver o quesignificava a lepra e o que ela indicava no caso de Uzias."Ele fez o que era retoperante o Senhor, segundo tudo o que fizera Amazias, seu pai" (II Cr 26:4), eenquanto andou nos caminhos do Senhor, o Senhor o prosperou.

    Um homem abenoado do Senhor, andando na luz do Senhor e conhecedordo favor do Senhor, e, junto com isso, aquela coisa arraigada que est no corao

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    de todo homem, sempre pronta para se levantar e usurpar as prprias bnos deDeus para ele mesmo, para fazer um nome para si mesmo, posio para simesmo, para atrair grandeza, glria, poder, influncia e satisfao, para lhe darreputao e posio. E isso!

    O que lepra? O que essa coisa que uma abominao para Deus? Esimplesmente a vida egocntrica que est em todos ns, que sempre se

    intromete nas coisas de Deus e busca transform-las em crdito e vantagempessoal. O Senhor abenoa e achamos que nos tornamos algum no secreto donosso corao, porque o Senhor abenoou. Esquecemos que as prprias bnosque recebemos vieram a ns pela graa e misericrdia de Deus, e secretamentecomeamos a pensar que deve haver algo em ns que nos faz merecedoresdelas.

    a nossa capacidade, nossa inteligncia, algo em ns mesmos. Passamos afalar sobre nossas bnos, nosso sucesso. E aquela coisa l no fundo, o grmenda lepra em todos ns, a vida do ego em suas variadas formas que produz oorgulho, mesmo o orgulho espiritual, e leva-nos, como Uzias, a interferir nascoisas santas com nossa prpria energia, fora, afirmao e suficincia. Sim, a

    lepra a raiz do ego, do egosmo, a despeito de como se manifesta.Nele, no ego que outro ramo de coisas as quais no temos tempo deexaminar agora -, jaz todo o perigo de bno e prosperidade. Quo necessrio sermos crucificados no meio das nossas bnos! Quo necessrio que Deusassegure Suas bnos sobre ns, revelando-nos constantemente a ns mesmosque tudo pela graa, e se Ele nos tem dado algum tipo de bno, algum tipode sucesso ou de prosperidade, no por haver algo em ns aos Seus olhos, adespeito do que os homens pensem. Seja o que for que possamos ser diante doshomens, aos olhos de Deus no somos melhores do que os leprosos, e o queimporta no como prosseguimos entre os homens e sim como prosseguimoscom Deus. Podemos at alcanar alguma posio importante neste mundo, mas a

    questo se alcanamos ou no com Deus.Talvez isso no se aplique maior parte de ns, porque no estamosbastante conscientes de termos recebido bno e prosperidade e de possuirmosmuito do que nos orgulhar. A maior parte de ns conhece o oposto: vazio ehumilhao. Todavia, entremos no mago da questo. Ali mesmo, no maisprofundo, existe um desejo ardente em ns que pertence ao ego; existe umarebelio que a rebelio da vida do ego.

    Uzias apresentado aqui a fim de mostrar que esta a coisa no povo e noprofeta que torna impossvel a Deus alcanar Seu alvo. Ela tem que ser tratada eexposta. No algo que se possa passar por cima; precisa ser tirada para fora etemos que v-la.

    A REALIZAO DO ALVO DO SENHOR: O FRUTO DA VISO DOSENHOR

    Passo imediatamente a esse ponto, que trata de o Senhor atingir o alvo noqual Seu corao est, isto , um povo, mesmo que seja apenas um dcimo, umremanescente, um povo que atende ao desejo do Seu prprio corao e O satisfazno pleno propsito da Sua vontade.

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    A fim de que Ele alcance isso deve haver aquela condio de ver, e o quedeve ser visto, que far todo o resto: o Senhor. Ver o Senhor, como est claronesse texto, ver a santidade, e quando vemos a santidade vemos a lepra ondenunca teramos suspeitado, seja em ns ou nos outros. Quando vemos o Senhor,vemos o real estado de coisas em ns e ao nosso redor, at mesmo no povo deDeus. Ver o Senhor a necessidade a fim de podermos estar no caminho que

    conduz quele alvo em direo ao qual Ele avana."Eu vi o Senhor"; "meus olhos viram". Qual o resultado? Uma revelao dens a ns mesmos e da condio espiritual ao nosso redor. Quando vemos oSenhor ns clamamos: "Estou perdido!". Se considerarmos essa palavra "perdido"veremos que ela significa apenas isso: "Sou digno de morte". Esse exatamenteo significado da palavra hebraica: digno de morte, sou digno de morte! Voc e euveremos a necessidade da unio com Cristo na morte, se nossos olhos foremabertos para vermos o Senhor, para vermos que no existe nada mais para isso; o nico caminho.

    No se trata apenas de palavras e idias. O que desejo que vejamos isto:que a obra do Esprito de Deus em ns, pela qual nossos olhos so abertos para

    vermos o Senhor, resultar no sentimento de que a nica coisa que resta parans morrer e chegar ao fim.Voc j chegou a esse ponto? Satans naturalmente h de operar nesse

    terreno, como tem feito com tantas pessoas, procurando lev-las a destruir tudo,a trabalhar sobre algo que o Esprito de Deus est realizando e convertendo-opara seu prprio crdito e criando uma tragdia.

    Conservemos o nvel espiritual e reconheamos que o Senhor vai operar emns para Sua prpria glria e para possibilidades gloriosas, levando-nos ao lugaronde sentimos profunda e terrivelmente que a melhor coisa em ns deve morrer.Assim Ele conseguir em ns uma concordncia com Sua prpria mente sobrens. Estou acabado! O Senhor poderia muito bem ter dito: "E voc est assim

    mesmo! Eu o sabia todo o tempo. Tenho tido dificuldade em fazer voc conhecerisso. Voc est acabado".Quando voc chega a esse lugar, ento pode comear. Enquanto

    estivermos l, interferindo todo o tempo, ocupando o lugar como Uzias, entrandono Templo, na casa, no santurio, ocupados, ativos, ns em ns mesmos, o quesomos, enquanto enchemos o Templo, o Senhor nada pode fazer.

    Ele diz: "Preste ateno, voc vai ter que sair e ter que vir ao lugar ondevoc se apressar em sair de sua prpria vontade por ver que voc umleproso". Isso foi dito a respeito de Uzias: "At ele mesmo se deu pressa em sair".Pelo menos ele reconhece que esse no um lugar para ele. Quando o Senhornos leva a esse lugar - "Estou acabado e no h lugar para mim!" , ento Ele

    pode dar incio ao lado positivo. Ele tem o caminho aberto. Esta viso algoterrvel, embora seja muitssimo necessria e o resultado algo muito glorioso.Ento veio o chamamento.

    A RAZO PARA A NECESSIDADE DE TAL EXPERINCIA

    Vou acrescentar apenas uma coisa. Voc v quo necessrio foi aconteceralgo assim com Isaas? O que ele ia fazer? Pregar um grande avivamento? Ia saire dizer ao povo: "Tudo est bem; o Senhor vai fazer grandes coisas: animem-se,

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    pois um grande dia est para nascer"? No! Vai e torna insensvel o coraodesse povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos!

    Esse no um tipo de obra muito prazerosa. Qual o seu significado? OSenhor conhecia a condio do corao do povo. Ele sabia muito bem o que elesno iam querer ver em realidade. Se eles quisessem ver, eles tomariam atitudescompletamente diferentes. Livrar-se-iam de todos os preconceitos, suspeitas e

    crticas e se empenhariam em perguntar. Mostrariam sinais de fome e anseio;entregar-se-iam investigao e no seriam convencidos facilmente pelosjulgamentos e crticas dos outros. Mas Ele sabia que em seus coraes eles noqueriam ver, no queriam ouvir coisa alguma do que se poderia dizer a eles. Maistarde esse profeta vai dizer: "Quem creu em nossa pregao?" (Is 53:1). O Senhorsabia, e o julgamento sempre vem de acordo com o corao do povo. Se voc noquer, perder a capacidade de querer. Se voc no ver, perder a capacidade dever. Se voc no quer ouvir, perder a capacidade de ouvir. 0 julgamento orgnico, e no mecnico. Ele vem conforme sua vida.

    Voc semeia uma semente de inclinao ou rejeio e ceifar uma colheitade incapacidade, e um dos resultados de um ministrio de revelao manifestar

    a inclinao ou rejeio das pessoas para o prprio julgamento delas, e vocdescobrir que um ministrio de revelao e vida apenas torna algumas pessoasmais endurecidas. O Senhor sabe disso.

    Prosseguir com um ministrio desse tipo no algo confortvel. Voc terque ser uma pessoa crucificada para fazer isso. No pode ter interesses pessoais.Se voc busca reputao, popularidade, sucesso, seguidores, ento melhor noseguir este caminho, no ver muito e no ter percepo dessas coisas. melhorvoc colocar vendas nos olhos e ser um otimista incorrigvel.

    Se voc vai seguir o caminho do propsito do Senhor, de um povo que vairealmente responder ao Seu propsito, certamente ser um caminho aberto entreuma multido que no quer este caminho e vai lhe dizer que no deseja este

    caminho; voc ir segui-lo sozinho. Podem pensar que tm razo, mas o fato que no esto famintos e desesperados a ponto de investigarem e informarem-sediretamente. Facilmente se desviam diante da sua menor crtica, posio e do seuministrio, e voc tem que prosseguir com uns poucos, um punhado que queravanar. E o preo da viso, o preo de se poder ver.

    Isaas tinha que ser um homem crucificado a fim de cumprir tal ministrio.Se voc e eu quisermos ocupar uma posio com Deus, temos que sercrucificados para aquilo que havia em Uzias: um forte desejo pela posio.Insatisfeito com o reinado, ele busca tambm o sacerdcio. Era mais do que isso:insatisfeito com a bno de Deus, deve ter tambm o lugar de Deus. Quecontraste isso! De um lado o rei Uzias e do outro "meus olhos viram o Rei".

    Voc pode seguir isso? E uma busca, tremendo, mas o caminho dodesejo e propsito pleno do Senhor. E um caminho solitrio e de alto preo, e oresultado manifestar o que Deus v no corao do Seu povo. A fim de fazer isso cujo significado que vamos sofrer por causa da nossa revelao, viso, pelover; temos que pagar um alto preo por isso - temos que estar bem crucificados echegar ao lugar onde dizemos: "Bem, estou acabado, mereo a morte; no hnada a fazer seno que devo sair!". O Senhor diz: "Est timo, isso que Euquero - que voc saia; Eu quis que Uzias sasse para que eu pudesse encher o

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    Templo!". Uzias o Eu; o homem como ele , e Deus no ocupa Sua casa com ohomem; Ele deve ench-la.

    Captulo 4O Homem que Recebe Viso Espiritual

    "Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispe-te e vai para o lado do

    Sul, no caminho que desce de Jerusalm a Gaza; este se acha deserto. Ele selevantou e foi. Eis que um etope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dosetopes, o qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar emJerusalm, estava de volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaas.Ento, disse o Esprito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o. CorrendoFilipe, ouviu-o ler o profeta Isaas e perguntou: Compreendes o que vens lendo?Ele respondeu: Como poderei entender, se algum no me explicar? E convidouFilipe a subir e a sentar-se junto a ele. Ora, a passagem da Escritura que estavalendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo

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    perante o seu tosquiador, assim ele no abriu a boca. Na sua humilhao, lhenegaram justia; quem lhe poder descrever a gerao? Porque da terra a suavida tirada. Ento, o eunuco disse a Filipe: Peo-te que me expliques a quem serefere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Ento, Filipe explicou; e,comeando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus. Seguindo elescaminho fora, chegando a certo lugar onde havia gua, disse o eunuco: Eis aqui

    gua; que impede que seja eu batizado? Filipe respondeu: lcito, se crs de todoo corao. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo o Filho de Deus.Ento, mandou parar o carro, ambos desceram gua, e Filipe batizou o eunuco.Quando saram da gua, o Esprito do Senhor arrebatou a Filipe, no o vendomais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de jbilo. Mas Filipe veioa achar-se em Azoto; e, passando alm, evangelizava todas as cidades at chegara Cesaria" (At 8.26-40).

    Nesse simples mas instrutivo incidente temos trs partes: o etope, o

    Esprito Santo e o instrumento humano, que Filipe. O incidente se encaixadentro da esfera da nossa atual meditao a respeito da viso espiritual.

    O ETOPE

    1 Algum que busca e se confessa cegoQuando observamos este etope, logo vemos um cego que busca. Embora

    religioso e se movendo no crculo da antiga e bem estabelecida tradio religiosa,tendo estado em Jerusalm, no Templo, no prprio quartel-general, ainda estcego e continua um cego que busca. Isso fica bem claro pelas perguntas feitas aFilipe sobre as Escrituras. "Como poderei entender, se algum no me explicar?...De quem . fala esse profeta? De si mesmo ou de outro?" O etope , sem dvida,um homem sem viso espiritual; seus olhos do corao no foram iluminados.

    Mas o que esperanoso sobre ele ser manifestamente um homem cego.

    2 - Algum que busca e humildeEle era um homem importante neste mundo, um homem de considervel

    responsabilidade, influncia e posio; e por causa da sua posio ele poderia terobstrudo um pouco as coisas. Quando desafiado sobre o que lia, ele poderia terfugido do ponto ou do centro da questo e dar um tipo de resposta evasiva, semcompromisso.

    Sabemos como atuam as pessoas que no gostam de ser vistas comoignorantes, principalmente se so consideradas com alguma reputao, que tmuma posio para manter. Este homem, com tudo o que era entre os homens

    nesta terra, era manifestamente um homem cego. Sem qualquer proteo oufuga, ele responde pergunta de forma direta, honesta e franca. "Se entendo oque leio? Como poderei se algum no me explicar?" Ento, nessa abertura, elebuscou mais informao, explicao e iluminao. "De quem fala o profeta?"

    Isso muito simples, eu sei, mas fundamental. E fundamental paraqualquer tipo de entendimento espiritual. bsico para todo conhecimentoespiritual e governa cada degrau de progresso nas coisas espirituais. A humildadedesse grande homem a chave para toda a histria. Ele no procura dar aimpresso de conhecer o que no conhece, de levar outros a pensar que ele

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    entende quando no entende. Ele comea direto do lugar onde realmente estava.Ele sabia em seu corao que no entendia e no deu outra impresso, pelocontrrio, deixou ser conhecido exatamente onde estava, e isso proporcionou aoSenhor um caminho plenamente aberto.

    Quem sabe no foi isso que o Senhor tinha visto havia muito tempo e foi abase da Sua contnua atuao? Ele sabia que tinha um homem em trevas em

    busca da luz, mas era perfeitamente honesto e humilde, e portanto podia Semover soberanamente de formas maravilhosas sobre distncias considerveis edar passos importantes.

    Estes foram passos importantes tomados pelo Senhor a fim de encontraraquela vida. Observe o que um corao nessas condies torna possvel da partedo Senhor, o quanto o Senhor est preparado para realizar quando encontra umcorao como este. Ele era um homem cego buscando a luz, mas manifestamentecego; por isso no demora muito para se tornar um buscador iluminado. O Senhorno deixa tal homem nas trevas; Ele lhe deu a luz que buscava.

    E no podemos dizer que o Senhor lhe deu muito mais do que ele buscava?Creio que no estaremos acrescentando nada histria se dissermos que, ao

    seguir seu caminho regozijando, ele sentiu que havia recebido muito mais do queaquilo que havia se proposto a alcanar.E sempre assim. Quando o Senhor faz uma coisa, Ele a faz

    adequadamente. Como disse Spurgeon: "Meu clice transborda, e o pirestambm!". Quando o Senhor faz uma coisa, Ele a faz bem. O homem seguiu comum clice cheio e transbordante, um buscador iluminado. Ele viera para ver o quetodos os lderes religiosos dos seus dias no estavam vendo e no tinhamcondies de mostrar a ele.

    3 Um buscador que levou Deus a srioEntretanto, a iluminao que ele recebeu trouxe um novo desafio, como

    sempre acontece. Cada medida de nova luz vinda do Senhor traz com ela umnovo desafio, um desafio a alguma obedincia prtica.Notemos um detalhe muito interessante e proveitoso dessa histria. Isaas

    53 trouxe Cristo luz, e Filipe anunciou a Jesus naquela Escritura e o fatoseguinte com o qual nos deparamos : "Eis aqui gua; que impede que seja eubatizado?". Voc deve preencher algo aqui, caso queira ver como isso surge emIsaas 53. Deixo isso com voc. No v adiante; pense nisso. Tudo o que vou dizer que a revelao que chegou quele homem, a iluminao dos seus olhos,trouxe um desafio para obedincia, e esse buscador iluminado no foidesobediente viso celestial, mas prontamente enfrentou o desafio, pronto paracorrer o caminho do mandamento do Senhor, sem hesitao em obedecer luz

    que havia recebido.No tocante ao fato em si mesmo, tudo muito simples, mas isso aessncia das coisas. Vemos um homem passando das trevas para a luz, da buscapara um conhecimento arrebatador em seu corao; um homem titubeantetransformado em algum de posio firme; de corao desapontado em algumque segue seu caminho regozijando. E as duas coisas que tornaram isso possvelforam: 1) Uma humildade plena que no se preocupa absolutamente que suaignorncia se torne conhecida e a ausncia de uma atitude fingida de saber maisdo que aquilo que conhece; e 2) Sua pronta obedincia luz que recebeu. Temos

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    que dizer deste homem: "Eis um corao honesto". E assim que Deus trata compessoas honestas. Elas recebem luz e recebem alegria.

    Antes de deixarmos o etope, precisamos dizer que ele um homem queleva a srio as coisas. Gosto dele por sua determinao em conhecer e fazer. Elevai direto ao alvo. O efeito debilitante do clima etope no roubou dele suaenergia espiritual. Ele se elevou acima disso e levou Deus a srio. Nenhum

    elemento de barganha, desculpa ou algo desse tipo encontrado nele. Elesimplesmente determinou conhecer, se pudesse ser conhecido, e a fazer o quetivesse que ser feito quando fosse iluminado.

    Ao homem que est resolvido a conhecer e a agir desse modo Deus vai Semostrar da mesma forma. Deus para ns o que somos para Ele; Deus no ficarem dvida com ningum. Se voc e eu levarmos Deus a srio e nos dispusermospara tudo aquilo que Ele quer que tenhamos e conheamos, e no dermosimportncia a ns mesmos, mas descermos para o nvel onde real everdadeiramente estamos, com toda a humildade, e decidirmos fazer qualquercoisa que o Senhor nos mostrar, atravs da Sua graa, sem qualquer hesitao,descobriremos que, a longo prazo, Deus no ficar em dvida conosco, mas nos

    satisfar plenamente.A histria desse homem recebeu um registro imortal. Ela aparece nos Atosdo Esprito Santo, e quando voc pergunta: "Por que este homem foi includo noregistro e sua histria transmitida de era em era, at chegar a esse tempo?", aresposta o que dissemos: ele era um homem que levou Deus a srio, foi abertoao Senhor, honesto em seu corao, humilde em esprito e obediente luz quepossua.

    O ESPRITO SANTO

    1 - A Base que Ele Exige

    A segunda parte na histria o Esprito Santo, e necessrio apenas umabreve palavra. Na realidade Ele a primeira parte no assunto todo, mas eu Omenciono em segundo lugar aqui porque talvez seja mais til examinar oincidente nesta ordem.

    O Esprito Santo tinha conscincia de tal homem, e Ele sempre temconscincia de tal homem. Existe um aspecto no qual o etope deve aparecerantes do Esprito Santo. Voc entende o que quero dizer com isso. Antes de oEsprito Santo poder realizar Sua obra, Ele deve ter algo sobre o que operar quesatisfaa Suas exigncias; e o Esprito Santo tinha conhecimento deste homem,de sua busca e do seu corao; e o Esprito Santo sempre tem conscincia de taispessoas e sabe onde elas esto.

    2 - Como Ele E ImpedidoExiste uma histria enorme relacionada com tal declarao. Se ns apenas

    a conhecssemos, uma poro de problemas seria resolvida por talentendimento. A est a grande pergunta que sempre nos confronta: por quealguns saltam para a luz e prosseguem e outros no, mas ficam sempre atrs eparece que nunca mais conseguem ver?

    Ser que h uma escolha da parte de Deus, uma espcie de eleitos entre oseleitos que Ele tem? Ele tem favoritos? Penso que no. Creio que grande parte da

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    resposta est aqui, a saber: Deus tem que tratar com aquilo que Ele encontra,sejam pessoas que O levam a srio ou no, se Ele tem um caminho claro ou no,se o terreno j est ocupado ou no por aquilo que um obstculo para Ele.

    No creio que as pessoas possam vir a falhar em receber toda a luz que oSenhor quer que tenham se elas realmente levarem Deus a srio. O Esprito Santonos conhece. Ele olha direto para os nossos coraes e sabe se levamos a srio.

    Ele v exatamente aquilo que O limita e quo longe pode ir.O Senhor no vai coagir ningum. Se estamos voltados para ns mesmos,ocupados conosco, girando ao nosso redor, centralizados em ns, ento o EspritoSanto no tem chance. Temos que chegar ao fim de ns mesmos. Esta adificuldade de muitas pessoas: estabeleceram uma obsesso consigo mesmas e otempo todo andam em crculos e voltam ao mesmo ponto onde comearam. Tudogira em torno delas, e o resultado esgotamento. Em pouco tempo tero umchoque terrvel que envolve tudo o que supostamente defendem e representampelo Senhor, e tudo cair com elas.

    O Esprito Santo no tem um caminho livre. Temos que sair do caminho, noque diz respeito a essa ocupao do ego, se desejamos prosseguir reto e adiante.

    Ele sabe exatamente onde estamos, se estamos amarrados por coisas, coisasreligiosas, tradies etc. Amarrados de tal forma que no estamos abertos para oSenhor e sem perspectiva de receber qualquer outra luz d'Ele. J temos tudo ouento o povo com o qual estamos associados j tem tudo, e somos parte disso!Voc sabe o que quero dizer.

    O Esprito Santo no pode fazer muito com aqueles que esto numa talposio, e Ele sabe. Sua atitude : "E intil; no posso fazer muito aqui; estomuito amarrados". Entretanto, se estivermos preparados para abandonar tudo nagua2, ento o Senhor pode avanar e conseguir um caminho livre.

    O Esprito Santo sabe. Ele conhece voc e a mim. Ele nos conhece muitomais do que ns mesmos nos conhecemos. Podemos ter pensado que levvamos

    a srio as coisas e oramos muito por um longo tempo, clamando ao Senhor parafazer algo, mas o Esprito Santo sabe muito bem que ainda no chegamos ao fimde ns mesmos e dos nossos interesses. Algo mais deve ser feito a fim de noslevar ao desespero, antes que Ele possa realizar o que deseja. Mas Ele sabe: eis aquesto.

    Ele conhecia aquele homem e sabia que no precisava fazer muito paracomear com ele visando alcanar um caminho livre. Ele aproveitou aoportunidade apresentada e pde agir soberanamente; e assim fez parasatisfazer esta necessidade.

    3 - O Instrumento Humano

    A terceira parte o instrumento humano, Filipe, o meio pelo qual, por umlado, o cego que busca teria seus olhos abertos e, por outro lado, o Esprito Santopoderia realizar Sua obra. Todos queremos estar naquela posio em que, por umlado, homens e mulheres realmente honestos, genunos e srios podem encontraro que buscam atravs da nossa instrumentalidade, caso seja da vontade de Deus,e, por outro lado, o Esprito Santo possa encontrar em ns um vaso para usar

    2Como fez o eunuco (N. do E.).

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    onde houver necessidade. Certamente no h nada que desejamos mais do queisso, apenas ser como Filipe era.

    Entretanto, mesmo no caso de Filipe, no se tratava de ele ser uma espciede mecanismo automtico, que funcionava com seu querer ou no. Havia coisassobre Filipe que constituram o terreno para o Senhor. Eram questes simples, etodavia no como as tais que so fceis na vida prtica e na realizao.

    Filipe estava disposio do Esprito Santo sem qualquer dvida, e se vocobservar ver que isso significava algo em seu caso. Ele estava ali em Samaria.Muitos se voltavam para o Senhor, uma grande obra da graa estavaacontecendo, to grande que os apstolos tiveram que ser enviados de Jerusalmpara tratar com a situao; e Filipe era o principal instrumento naquela obra.

    Um homem pode ter grandes questionamentos quando est totalmenteenvolvido em algo assim, e o Senhor repentinamente lhe diz: "Agora, Filipe, queroque deixes tudo isso e desa para o lugar que est deserto. No vou te dizer porqu, nem o que estou para fazer. Digo apenas: v para o deserto". Ele poderia terdito: "Mas, Senhor, e a obra aqui? Senhor, contemple esta porta enorme deoportunidade; veja o que estou fazendo e no que estou envolvido! O que

    acontecer aqui se eu a deixar?".Muitas perguntas como essas podem ter se levantado. Ele poderia ter tidosrias reservas e coloc-las no caminho do Senhor, mas nada disso lemos a seurespeito. O Senhor simplesmente falou, e Filipe estava to completamente disposio do Senhor que, sem quaisquer perguntas, se moveu.

    Que coisa tremenda estar livre para o Senhor, livre para o Senhor, estar disposio do Senhor de tal forma a no haver dificuldade para deixar qualquercoisa e nos ajustarmos completamente a uma nova situao, se o Senhor assimdeterminar. E uma coisa grande.

    Assim Filipe estava disposio do Senhor, e isso um fator enorme numaobra como essa de levar luz aos cegos que buscam. Ele no foi apenas a resposta

    para a necessidade do homem, mas a resposta para a necessidade do EspritoSanto, disposio do Senhor, respondendo sem hesitao sugesto do Senhor.Ele no demorou, mas respondeu prontamente: "O Senhor falou; avancemos comEle e deixemos a responsabilidade com Ele".

    Tudo saiu bem, e o que foi feito foi algo seguro. Ora, o Senhor nunca Seexplica antecipadamente. Ele nunca nos diz de antemo como ser feito e o queir fazer. Ele sempre coloca diante de ns um desafio para crermos nEle e issosempre traz muitas oportunidades para argumentao se assim o desejarmos;muitos motivos, humanamente falando, para questionarmos. Aquele que conheceo Esprito sabe muito bem que a justificao h de vir atravs da linha daobedincia imediata.

    Essa a histria; simples, linda, mas cheia de princpios vitais para ailuminao. Se voc quer ver pessoas prosseguindo, estas so as coisas que oSenhor requer. Se voc quer prosseguir, estas so as coisas que esto por trs detodo avano espiritual, todo salto para a luz, para o conhecimento, para umamaior plenitude do Senhor.

    Observe novamente este homem. E uma histria fantstica. Como sabemos,a Bblia apresenta a Etipia como um tipo das trevas; mas aqui as trevas foramtransformadas em luz, no completo resplendor do meio-dia. Cristo isso, e esta

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    a base sobre a qual isso realizado, a saber, um corao transparente, humilde,determinado e honesto na sua busca.

    No sei o que o Senhor pode estar lhe dizendo, mas para ns o piv de todaa questo : "Eis aqui gua!". No estou dizendo que o batismo o piv, mas queeste representado pelo batismo. Estamos preparados para ver tudo ir para asepultura? Temos algo a que estamos nos apegando, nossa posio, nossa

    reputao, nosso status e tudo mais? Ou tudo est indo para a sepultura?O Senhor tem aqui no um homem que diz: "E necessrio que eu sejabatizado; mas ser que devo ser batizado? Certamente que se o Senhor assimexige, buscarei graa". No, mas temos um homem que diz: "Eis aqui gua, o queimpede?". Esse um ngulo totalmente diferente.

    "Diga-me qualquer coisa que impea e vou tratar com ela!". Tenha umesprito como este. "Se voc puder me mostrar qualquer coisa que impede meuprogresso no caminho que o Senhor indica, eu tratarei com ela. O que o Senhorquer, Filipe? Voc pode me apontar algum impedimento?" Filipe no encontrounenhum empecilho, mas tudo cooperava. Ambos desceram gua e Filipe obatizou. Que o Senhor possa colocar em nossos coraes o significado disso e nos

    permitir sermos bons etopes nesse sentido espiritual.

    Captulo 5A Causa e a Base da Cegueira

    "E, se o ministrio da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu deglria, a ponto de os filhos de Israel no poderem fitar a face de Moiss, porcausa da glria do seu rosto, ainda que desvanecente, como no ser de maiorglria o ministrio do Esprito! Porque, se o ministrio da condenao foi glria,em muito maior proporo ser glorioso o ministrio da justia. Porquanto, na

    verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, j no resplandece, dianteda atual sobre-excelente glria. Porque, se o que se desvanecia teve sua glria,muito mais glria tem o que permanente. Tendo, pois, tal esperana, servimo-nos de muita ousadia no falar. E no somos como Moiss, que punha vu sobre aface, para que os filhos de Israel no atentassem na terminao do que sedesvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois at ao dia de hoje, quandofazem a leitura da antiga aliana, o mesmo vu permanece, no lhes sendorevelado que, em Cristo, removido. Mas at hoje, quando lido Moiss, o vuest posto sobre o corao deles. Quando, porm, algum deles se converte aoSenhor, o vu lhe retirado. Ora, o Senhor o Esprito; e, onde est o Esprito doSenhor, a h liberdade. E todos ns, com o rosto desvendado, contemplando,

    como por espelho, a glria do Senhor, somos transformados, de glria em glria,na sua prpria imagem, como pelo Senhor, o Esprito" (II Co 3:7-18).

    "Pelo que, tendo este ministrio, segundo a misericrdia que nos foi feita,no desfalecemos; pelo contrrio, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, seocultam, no andando com astcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes,nos recomendamos conscincia de todo homem, na presena de Deus, pelamanifestao da verdade. Mas, se o nosso evangelho ainda est encoberto, para os que se perdem que est encoberto, nos quais o deus deste sculo cegouo entendimento dos incrdulos, para que lhes no resplandea a luz do evangelho

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    da glria de Cristo, o qual a imagem de Deus. Porque no nos pregamos a nsmesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a ns mesmos como vossos servos,por amor de Jesus. Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecer a luz, elemesmo resplandeceu em nosso corao, para iluminao do conhecimento daglria de Deus, na face de Cristo" (II Co 4:1-6).

    Temos tratado com a questo da viso espiritual. Na Escritura que lemostemos outra poro relacionada com este mesmo assunto da cegueira e da viso.Primeiro temos o fato da cegueira: "O deus deste sculo cegou"; depois vem

    a causa3: "O deus deste sculo"; e por fim o alvo, que : "Para que lhes noresplandea a luz do evangelho da glria de Cristo, o qual a imagem de Deus".Vamos consider-los nesta mesma ordem.

    O FATO DA CEGUEIRA

    Observe que um paralelo traado entre Israel nos dias de Moiss e os no-crentes nos dias de Paulo. Em ambos os casos dito que existe um vu no

    corao deles, sobre suas mentes, um vu que fecha, que exclui e cuja natureza de cegueira total. Alm do mais, existe um elemento de juzo e condenao naforma em que o apstolo fala dele.

    Mesmo em relao a Israel reunido porta da tenda da congregaoquando Moiss lia a Lei, ele diz na verdade que, enquanto Moiss colocava o vusobre o rosto, no era porque a glria no podia ser contemplada, mas por causado estado da mente deles, do corao e de uma condio interior neles. Se acondio interior fosse outra, o vu no teria sido necessrio; eles poderiam tercontemplado a glria e habitado na luz. Entretanto, o vu era um smbolo exteriorrepresentando uma condio interior, ocultando a glria de Deus.

    Nunca foi o desejo do Senhor ocultar Sua glria, mas sim manifest-la e que

    o homem nela habitasse e desfrutasse dela sem haver necessidade de um vuentre Ele e o homem. Os vus entre Deus e o homem sempre provam que acondio exigida por Ele no foi encontrada.

    O PODER CEGADOR DA INCREDULIDADE

    Desse modo, o vu deve representar algo que est sob condenao e juzo:as trevas, a cegueira, o ocultar, o esconder a glria de Deus e aquela condiointerior no caso de Israel no tempo de Moiss, e daqueles em igual condio nosdias de Paulo, e de todos os que se acham na mesma situao. Essa condiointerior que atua como um vu, como sabemos to bem por tudo o que dito

    sobre Israel, a incredulidade incorrigvel. Foi a incredulidade incorrigvel deIsrael que cegou a nao, mas dizer isso no ajuda em nada. a declarao deum fato, um fato opressivo.

    Conhecemos nossos coraes suficientemente bem para saber que existeuma incredulidade incorrigvel em todos ns, e queremos entender por que talincredulidade est ali, qual sua natureza e desse modo descobrir como o vu

    3O agente (N. do E.).

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    pode ser removido. Em outras palavras: como a incredulidade pode ser tratada, afim de podermos contemplar a glria do Senhor e habitar na luz eterna.

    A LUZ NA BASE DA RESSURREIO

    Consideremos novamente para ver o que o Senhor sempre esteve e sempre

    est buscando fazer no caso de Israel. Podemos dizer assim: Deus est sempretentando traz-los para o corao, para o esprito, para a vida, para ocupar a baseda ressurreio.

    Isso fica claro pela Pscoa no Egito, quando o primognito em cada lar noEgito foi morto naquela noite terrvel. Mas Israel no estava isento, comosuperficialmente se supe. A idia popular e superficial que os primognitos emIsrael no foram mortos, apenas os do Egito morreram. Mas os primognitos emtodo o Israel foram mortos. A diferena era que os do Egito foram realmentemortos e os de Israel de forma substitutiva.

    Quando o cordeiro era morto em cada lar de Israel, para cada famlia, ocordeiro representativamente sofria o mesmo julgamento dos primognitos no

    Egito, e Israel, representativamente, passava da morte para a vida. Naquelecordeiro Israel foi levado atravs da morte para o terreno da ressurreio. Para oEgito no havia terreno da ressurreio; para Israel havia. Essa a diferena.

    Assim, todos morreram; uns em realidade e outros representativamente.Desse modo, Deus, bem no incio do estabelecimento da vida nacional de Israel,procurou estabelec-los no terreno da ressurreio, cujo significado : a morteaconteceu e um fim foi introduzido. Toda uma ordem de coisas foi destruda eoutra inteiramente diferente introduzida; e lev-los a tomar sua posio nessanova base, na nova ordem, foi o esforo e propsito de Deus na Pscoa.

    A celebrao da Pscoa ano aps ano, como uma ordenana estabelecidapor todas as suas geraes e sua histria, foi o mtodo de Deus para lhes mostrar

    que pertenciam a outra ordem, ordem da ressurreio. Enquanto as trevasestavam em cada lar e por toda a terra do Egito, os filhos de Israel tinham luz emsuas moradas, pois a luz est sempre no terr