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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXI Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Juiz de Fora, 12 a 15 de junho de 2012 VISIBILIDADE MEDIÁTICA, VIGILÂNCIA E NATURALIZAÇÃO DO DESEJO DE AUTOEXPOSIÇÃO 1 Cíntia Dal Bello 2 Debora Cristine Rocha 3 Resumo: Este estudo tem por objetivo refletir sobre como a relação entre visibilidade e vigilância nos meios de comunicação contribui para a naturalização do desejo de autoexposição. Para tanto, parte das considerações de Foucault (1979) sobre a dinâmica do panopticon de Bentham e a instituição moderna do exercício do poder disciplinador pelo olhar; considera, com Santaella (2010), a sobreposição dos regimes de vigilância panóptico, escópico e por rastreamento; e propõe que a naturalização do desejo de autoexposição, tanto em plataformas ciberculturais de relacionamento quanto em reality shows, a despeito das possibilidades de indexação pelos regimes de vigilância, advém do modelo sinóptico, tributário da sociedade do espetáculo e da indústria cultural, conforme Bauman (1999). Palavras-chave: Cibercultura. Visibilidade midiática. Vigilância. Redes sociais digitais. Reality show. 1. A problemática questão da privacidade 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cibercultura do XXI Encontro da Compós, na Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, de 12 a 15 de junho de 2012. 2 Doutoranda em Comunicação e Semiótica pelo PEPGCOS-PUC/SP (bolsa CAPES), coordenadora, pesquisadora e docente do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. É membro da ABCiber e do grupo de estudos Plurimídia: Perspectivas plurais das mídias (Uninove). E-mails: [email protected]; [email protected] . [www.cintiadalbello.blogspot.com]. 3 Doutora em Comunicação e Semiótica pelo PEPGCOS-PUC/SP (bolsa CAPES), jornalista, coordenadora e docente do curso de Jornalismo da Universidade Nove de Julho. É membro do Grupo de Pesquisa Espacc (Espaço-Visualidade/Comunicação-Cultura). E-mail: [email protected]. www.compos.org.br 1

Visibilidade mediática, vigilância e naturalização do desejo de autoexposição

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XXI Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Juiz de Fora, 12 a 15 de junho de 2012

VISIBILIDADE MEDIÁTICA, VIGILÂNCIA E NATURALIZAÇÃO DO DESEJO DE AUTOEXPOSIÇÃO 1

Cíntia Dal Bello2

Debora Cristine Rocha3

Resumo: Este estudo tem por objetivo refletir sobre como a relação entre visibilidade e vigilância nos meios de comunicação contribui para a naturalização do desejo de autoexposição. Para tanto, parte das considerações de Foucault (1979) sobre a dinâmica do panopticon de Bentham e a instituição moderna do exercício do poder disciplinador pelo olhar; considera, com Santaella (2010), a sobreposição dos regimes de vigilância panóptico, escópico e por rastreamento; e propõe que a naturalização do desejo de autoexposição, tanto em plataformas ciberculturais de relacionamento quanto em reality shows, a despeito das possibilidades de indexação pelos regimes de vigilância, advém do modelo sinóptico, tributário da sociedade do espetáculo e da indústria cultural, conforme Bauman (1999).

Palavras-chave: Cibercultura. Visibilidade midiática. Vigilância. Redes sociais digitais. Reality show.

1. A problemática questão da privacidade

Em dezembro de 2010, Paul Butler, engenheiro de sistemas e estagiário do

Facebook, divulgou em seu perfil o mapa que criou a partir do banco de dados da plataforma

com o objetivo de visualizar o fluxo de amizade entre cidades e regiões, a despeito de

fronteiras políticas e geográficas. Para tanto, tomou uma amostra de cerca de 10 milhões de

pares de amigos, identificou a sua localização (cidade geográfica atual) e traçou linhas entre

eles, de forma que os vínculos reincidentes pudessem, sobrepostos, brilhar mais sobre o

fundo escuro4. Após o processamento, o mapa das relações humanas estabelecidas via

1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cibercultura do XXI Encontro da Compós, na Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, de 12 a 15 de junho de 2012.2 Doutoranda em Comunicação e Semiótica pelo PEPGCOS-PUC/SP (bolsa CAPES), coordenadora, pesquisadora e docente do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Nove de Julho. É membro da ABCiber e do grupo de estudos Plurimídia: Perspectivas plurais das mídias (Uninove). E-mails: [email protected]; [email protected]. [www.cintiadalbello.blogspot.com].3 Doutora em Comunicação e Semiótica pelo PEPGCOS-PUC/SP (bolsa CAPES), jornalista, coordenadora e docente do curso de Jornalismo da Universidade Nove de Julho. É membro do Grupo de Pesquisa Espacc (Espaço-Visualidade/Comunicação-Cultura). E-mail: [email protected].

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Facebook evidenciou continentes e algumas fronteiras internacionais (figura 1), além da força

das conexões locais em comparação aos fluxos globais de comunicação.

Figura 1. Mapeamento das relações humanas via Facebook Fonte: Butler (2010).

Embora não possa ser tomado como representativo das condições de acesso à

internet – China e Rússia, por exemplo, praticamente não “aparecem” no mapa, o que se deve

à baixa penetração do Facebook nesses países (conforme mapa de Vicenzo Cosenza 5, figura

2) e não à inexistência de infraestrutura tecnológica –, o mapeamento de Butler é revelador

do poder de alcance desta rede social no mundo, bem como de sua capacidade de

rastreamento e indexação a partir dos dados alimentados cotidianamente por seus mais de 600

milhões de usuários.

4 Veja o texto na íntegra no perfil de Butler, disponível em http://www.facebook.com/notes/facebook-engineering/visualizing-friendships/469716398919.5 Disponível em http://www.vincos.it/2011/06/13/la-mappa-dei-social-network-nel-mondo-giugno-2011/. Acesso em 29 jun. 2011.

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Figura 2. Mapa das redes sociais digitais. Fonte: Cosenza (jun. 2011).

Henrique Antoun (apud ROMANELLI, 2010) acredita, inclusive, que a rede

presta-se a extrair informações a serviço dos Departamentos de Estado e Defesa dos Estados

Unidos, onde está sediada. Afinal, o potencial deste dinâmico banco de dados não passou

despercebido às autoridades de segurança dos Estados Unidos, que têm estudado a

proposição de “novas leis e formas de controlar as mensagens que os usuários trocam pela

web”. A campanha contra o terrorismo, a grande obscuridade do século XXI, exige que se

contemple “a necessidade de equilibrar a segurança nacional e a privacidade dos usuários”

(AGUIARI, 2010).

A questão da privacidade, aliás, tem se imposto em meio ao discurso mediático

de que é preciso tornar o mundo “mais aberto” e “conectado” – e seu nível de complexidade

parece aumentar conforme surgem novas possibilidades de exploração comercial dos dados

depositados nas plataformas (DAL BELLO, 2010). Entretanto, a despeito das preocupações

que cercam o debate, mais e mais pessoas têm aderido às redes sociais digitais,

compartilhando dados particulares cotidianamente – o que reforça a constatação de Sibilia

(2008) de que está em curso um movimento generalizado de evasão de privacidade ou,

conforme Bauman (2008), de conformação de uma sociedade confessional, cuja lógica afeta

todos os meios de comunicação, além de recuperar e fortalecer a oralidade e a visualidade,

presentes de forma clara ou velada na estrutura de funcionamento desses meios.

Neste novo contexto cultural, a autoexposição nos meios de comunicação é vista,

sentida e buscada com ansiedade – visibilidade e subjetividade jazem intrínsecas, validando o

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trocadilho “Apareço, logo existo” ou inaugurando a era do “apareSer” 6. Ou seja: só existe

aquele que alcança a dimensão mediática (quer seja massivamente, nas telas da TV ou nas

capas de revista, quer seja na exposição digital das redes) e é visto/reconhecido pelo outro,

tomando-lhe a percepção e a atenção. O preço inconteste da desejada visibilidade, entretanto,

é a possibilidade de ficar à mercê da vigilância alheia.

Diante desse fenômeno, esse artigo propõe uma reflexão sobre o processo de

naturalização do desejo de autoexposição nos ambientes mediáticos e ciberculturais. Para

tanto, pontua a relação entre visibilidade e vigilância nos meios de comunicação, a partir das

considerações de Foucault (1979, p. 209-227), Bauman (1999, p. 56-62) e Santaella (2010, p.

153-181), localizando-a tanto nas plataformas ciberculturais de relacionamento e projeção

subjetiva quanto no gênero televisivo reality show.

2. Transparência panóptica e cultura da delação nas redes sociais digitais

O modelo estrutural do panopticon de Benthan propõe o exercício do poder pelo

olhar, ou seja, pela instituição da visibilidade e da transparência como estratégia de

submissão e dissuasão. Aplicável a internatos, hospitais, fábricas, prisões e escolas, o

panóptico correspondeu à premente necessidade de controle de poucos sobre muitos na

incessante inflação das cidades, ao cabo das Revoluções Francesa e Industrial, além de

materializar, na prática, a esfera da opinião pública como instância preventiva. Para Foucault

(1979, p. 216-217), “o simples fato de que as coisas são sabidas e de que as pessoas serão

vistas por um tipo de olhar imediato, coletivo e anônimo” parece suficiente para inibir o

outro de agir mal. Para tanto, não deve haver espaços escuros, ou seja, lugares nos quais seja

possível o anonimato.

6 O termo “apareSer” é depositário da reflexão sobre construção, projeção e promoção de identidades em ambientes ciberculturais de alta visibilidade, objeto de estudo sobre o qual Cíntia Dal Bello debruçou-se de 2007 a 2009, considerando a porosidade das subjetividades trespassadas pelos fluxos informacionais (COUCHOT, 2003; MACHADO, 2007) e as inúmeras tensões constantes na dinâmica relacional com a alteridade nas redes sociais digitais. No contexto dos novos processos de subjetivação na conjunção entre aceleração, excesso e produção de simulacros característicos da visibilidade cibercultural (BAUDRILLARD, 1991; TRIVINHO, 2007), o neologismo foi proposto para cumprir a árdua tarefa de desfazer a dicotomia aparência-essência e descrever, se não a natureza mesma, híbrida e complexa, do ser/estar na transparente intermitência entre a dimensão dos lugares e a dimensão comunicacional das redes (TRIVINHO, 2007), ao menos a lógica reinante, coercitiva na medida em que sujeita a todos: para ser, ser reconhecidamente alguém, é imprescindível aparecer, estar na mídia.

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Um medo assombrou a segunda metade do século XVIII: o espaço escuro, o anteparo de escuridão que impede a total visibilidade das coisas, das pessoas, das verdades. Dissolver os fragmentos de noite que se opõem à luz, fazer com que não haja mais espaço escuro na sociedade, demolir estas câmaras escuras onde se fomentam o arbitrário político, os caprichos da monarquia, as superstições religiosas, os complôs dos tiranos e dos padres, as ilusões da ignorância, as epidemias. (FOUCAULT, 1979, p. 216)

A fórmula disciplinar moderna, ao conjugar visibilidade e vigilância, esconjura a

privacidade (rincão de obscuridade e articulação de interesses particulares) e sonha com uma

sociedade transparente em que cada um, tendo interiorizado o olhar do vigia, pudesse exercer

uma vigilância contínua sobre e contra si mesmo. Sua estratégia central

[...] era fazer os súditos acreditarem que em nenhum momento poderiam se esconder do olhar onipresente de seus superiores, de modo que nenhum desvio de comportamento, por mais secreto, poderia ficar sem punição. No seu “tipo ideal”, o Panóptico não permitiria qualquer espaço privado; pelo menos nenhum espaço privado opaco, nenhum sem supervisão ou, pior ainda, não passível de supervisão. (BAUMAN, 1999, p. 56)

Embora a crescente complexização da sociedade tenha tornado o modelo

panóptico insuficiente para o exercício da vigilância contínua, ele ainda vigora em

instituições circunscritas, ambientes fechados que zelam pelo aspecto disciplinar e

uniformizador dos comportamentos (SANTAELLA, 2010, p. 155). Por ter sido concebido

para a manutenção da rotina e da ordem em locais físicos fechados e populosos, cujos

integrantes não estão ali presentes necessariamente por livre e espontânea vontade

(BAUMAN, 1999, p. 58-59), sua transposição para a leitura da dinâmica visibilidade-

vigilância nos meios de comunicação apresenta uma série de limitações.

Entretanto, pode-se dizer que as plataformas de relacionamento e projeção

subjetiva, em sua necessidade de controle sobre o conteúdo publicado por seus usuários,

aproximam-se da ideologia disciplinar quando conferem a seus membros a possibilidade de

denunciar comportamentos inadequados. Se, do ponto de vista da arquitetura, o modelo de

vigilância centralizadora e omnividente do panóptico não pode ser imediatamente aplicável à

nuvem difusa de informações que trafegam pelas redes, a frase “cada camarada torna-se um

vigia” nunca foi tão atual, bastando adaptar “camarada” para “amigo” ou “seguidor”,

denominações comuns nas redes sociais digitais para designar aqueles que configuram a

audiência particular de cada usuário.

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A naturalização da cultura da delação pode ser observada, também, no Club

Penguin, rede social da Disney em que as crianças interagem entre si por meio de avatares.

No metaverso, cada “pinguim” tem seu iglu e pode percorrer vários ambientes participando

de jogos, festas e outras atividades. Acessórios para o avatar só podem ser comprados por

usuários assinantes, embora todos os “pinguins” recebam moedas como remuneração pelo

desempenho nos jogos disponíveis. No âmbito da preocupação com a segurança dos

participantes, está a estratégia de convidar os próprios “pinguins”, assinantes ou não, a

trabalharem como “espiões” – sendo a principal tarefa “reportar” os mal-educados. No QG,

cujo acesso só é permitido aos espiões, observa-se a proliferação de monitores, como se

houvesse uma rede de câmeras filmando cada “lugar” do metaverso (figura 3), simulando

ampla cobertura escópica, cujo caráter tecnológico é, sem dúvida, mais sofisticado.

Entretanto, a atuação dos pinguins-espiões inscreve-se na matriz da vigilância panóptica, pois

depende do que cada um testemunha por si.

Figura 3. QG do Club Penguin. Fonte: Club Penguin (jan. 2011).

A questão da segurança não apenas justifica a naturalização da cultura da delação

como inteligente recurso contra abusos de várias espécies (inclusive pedofilia e pornografia

infantil) como reforça o discurso mediático de desvalorização da privacidade, em ressonância

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com as constatações da academia. Sua crescente obsolescência aproxima-se do sonho

revolucionário que ansiava por uma sociedade transparente, em que tudo pudesse estar à

vista, à luz – embora hoje, o caráter da transformação em curso seja transpolítico e obedeça à

lógica do capitalismo tardio.

Nesse sentido, outra leitura pode ser feita dos mapas apresentados na introdução

deste artigo: na figura 1, países que não integram o Facebook “apagaram-se” na opacidade do

fundo, resguardando da visibilidade global seus fluxos de “amizade” ao utilizar redes sociais

locais; e, na figura 2, países que não fazem uso substancial de redes sociais digitais

comparecem “descoloridos”, invisíveis – recortados do mapa-mundi quase como se não

existissem. Ou seja, aqueles (países, organizações ou pessoas) que não dominam os palcos

mediáticos de performance coletiva estão destinados à escuridão ou à invisibilidade – onde

também podem atuar política e culturalmente, como é o caso do hackitivismo do coletivo

anárquico denonimado Anonymous.

3. Confissão, delação e disputa por visibilidade: a dinâmica dos reality shows

Em tempos ciberculturais, os meios de comunicação comportam-se como espaços

mediáticos nos quais a confissão pública torna-se rotineira e desejável. Nada mais natural,

portanto, do que a reconfiguração dos meios diante dessa nova realidade com a criação,

inclusive, de novos gêneros e formatos. É o caso do reality show na TV, novo gênero

televisivo que se apresenta como o grande observatório da vida cotidiana, privada e alheia.

Na vinheta brasileira do reality show de maior audiência do mundo todo, o Big

Brother, um olho estilizado guia o olhar do público através do buraco da fechadura com a

promessa de exibir a vida como ela é. Ou seja, devassar a intimidade, a privacidade do outro.

Atrás da fechadura está um programa polêmico e alvo de muitas críticas, dada a sua

capacidade de preencher a telinha com a disputa pela visibilidade. O Big Brother assume sem

culpa a capacidade dos meios de comunicação de exibirem a confissão do cidadão comum ao

vivo e em rede nacional.

Um dos cômodos da casa (um estúdio de TV muito bem aparelhado, vigiado por

câmeras sem interrupção) do Big Brother Brasil receberá, inclusive, o instigante título de

confessionário (figura 4). Esse cômodo é assim denominado apenas nos países com forte

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tradição católica, nos demais, será o diary room, a sala do diário (KILPP, 2008, p. 59), na

qual os participantes do reality fazem balanços diários dos acontecimentos vividos durante o

isolamento do mundo exterior ao qual são submetidos durante alguns meses. Os brothers

confinados dentro desse tecnológico estúdio de televisão efetivamente habitam o mundo

mediático, simultaneamente privado e público, particular e exclusivo por um lado, totalmente

exposto e dado à invasão pelo olhar voyeurístico por outro. Afinal, tudo o que ali se passa

pode ser observado por aqueles que assistem ao reality.

Figura 4. Confessionário do Big Brother Brasil 12.

Fonte: Site oficial do BBB - Globo.com (2012).

O interessante é que essa exposição exaustiva da própria imagem é fortemente

desejada por cada brother. As seleções para participar do Big Brother no mundo todo contam

com milhares de concorrentes, podem até ser comparadas à disputa de todo o planeta por um

dos cinco bilhetes dourados para participar da turnê pela fantástica fábrica de chocolate

descrita por Ronald Dahl (1964).

Nos tempos atuais, os meios de comunicação potencializam a capacidade humana

de vigilância e proporcionam a cultura da delação, observável na comunicação atual. No

reality show, a votação do público quanto à permanência ou não dos participantes em

determinado programa revela os mecanismos dessa cultura, na qual a delação não deve ser

entendida necessariamente como a denúncia ou a acusação passíveis de punição física que

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aterrorizaram nossos antepassados. Afinal, o que mais assusta não é a delação em si, mas a

invisibilidade, a escuridão. Para evitar não ser visto, é viável correr o risco da delação até

porque, em inúmeras circunstâncias, ela é proposta como algo muito natural, educativa e até

mesmo lúdica.

Na perspectiva individual, os holofotes mediáticos retiram o ser das sombras e

conferem-lhe a oportunidade de sentir-se como um pop star, ainda que por alguns segundos.

Então, a existência plenamente vivida é alterada para “Apareço, logo existo”, uma forma de

ver, sentir e pensar a realidade que valoriza a máxima exposição. Nesse jogo de luz e sombra,

a cultura da delação sem dúvida é elemento fundamental: aquele que se torna visível corre o

risco de ser delatado, assim como aquele que almeja se tornar visível procurará delatar o

outro para garantir a própria visibilidade. É a competição pela notoriedade. Exemplo maior

de tal dinâmica, apresentada como elemento lúdico, está no Big Brother, programa cujo

público elimina um ou mais participantes a cada semana. O integrante que conquistar a

simpatia do público terá ampliada a sua chance de chegar à grande final e obter o prêmio.

Na lógica desse jogo, cada participante procurará levar os demais à “escuridão”

através da vigilância ininterrupta de palavras e atos. As incongruências serão delatadas ao

público no confessionário, que simula o divã do analista (quando os participantes delatam

alguém ou justificam suas próprias atitudes) e dá espaço à conversa face a face com o

telespectador (o posicionamento da câmera favorece a sensação de intimidade entre o

competidor e o público). No confessionário, a declaração de pequenos segredos, pequenos

pecados, sentimentos e pensamentos a respeito de outros participantes cria o clima da intriga,

da bisbilhotice. É o resultado da vigilância ininterrupta de um participante em relação ao

outro que vaza para além da casa e contamina o público.

4. Vigilâncias escópica e por rastreamento: a indexação do espaço público

Ao longo do século XX, outros regimes de vigilância surgiram e foram

sobrepostos ao modelo panóptico, compondo a complexa malha na qual visibilidade,

vigilância, identidade e indexação se mostram quase indiferenciadas. São eles: o escópico,

relativo à proliferação de “câmeras de registro e visualização de imagens, em lugares

estratégicos de ambientes abertos e fechados” (SANTAELLA, 2010, p.155), que podem

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registrar a ação transgressora ou coibi-la por efeito de sua presença – tal como nos cartazes

“Sorria, você está sendo filmado”; e o digital, que opera por rastreamento das informações

inseridas nos diversos bancos de dados mediáticos e ciberculturais. Segundo Santaella (2010,

p. 157), ambos os regimes são indiciais, mas o caráter icônico do modelo escópico de

vigilância (que leva a ver) não permite a mesma velocidade de monitoramento e cruzamento

de informações do modelo digital, simbólico (que permite ver através).

Figura 5. Mapa de localização da PUC-SP no Google Maps.

Fonte: Google Maps (10 jan. 2011)

Um exemplo prático da sobreposição dos dois regimes pode ser considerado na

incrementação do Google Maps com o Google Street View: ao consultar um endereço

qualquer ou buscar uma instituição, o usuário não apenas se depara com o mapa (figura 5)

como pode acessar a vista da rua (figura 6) e “caminhar” por ela, percorrendo a imagem.

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Figura 6. Visualização da fachada da PUC-SP no Google Street View. Fonte: Google Street View (10 jan. 2011).

A introjeção do registro escópico das ruas de 51 cidades dos Estados de São

Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, no banco de dados do Google, amplificou a

visibilidade dos espaços públicos, mas não só. Apesar de não caracterizar uma coordenada

vigilância – compreendida como atenção deliberada, insistente, contínua e focada sobre algo

ou alguém –, a captura de imagens registrou (e publicizou) inúmeras pessoas em situações

bastante comprometedoras. Em razão disto, o Google lançou-se à titânica tarefa de apagar

rostos e placas de carros, além de retirar do ar imagens de conteúdo inadequado.

Figura 7. Webcam.travels. Fonte: Google Maps (10 jan. 2011).

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Além do Google Street View, o Google Maps conta com um serviço parceiro de

exibição de imagens capturadas por webcams espalhadas por todo o país. Embora a cobertura

não seja comparável à do Street View e a exibição de imagens não seja contínua, os frames

capturados por essas câmeras reproduzem um instantâneo do local filmado há poucos

minutos (figura 7).

No espaço urbano, o anúncio da construção da Apple City, em Cupertino, Vale do

Silício, por Steve Jobs exibe a busca pela visibilidade a nível urbano:

A sede da empresa será construída, na verdade, no meio de um campus de 600 mil metros quadrados, a Cidade da Apple (ou Apple City), em Cupertino, cidade situada no Vale do Silício. O edifício-sede da Apple terá a forma de uma astronave circular, um gigantesco disco voador, com quatro andares, área construída de 204 mil metros quadrados e capacidade final para abrigar 12 mil pessoas. Hoje, trabalham na Apple de Cupertino cerca de 3.500 pessoas, distribuídas em 60 prédios espalhados naquela cidade. Prevista para ser concluída em 2015, a nova sede será uma espécie de modelo de experimentação das ideias mais ousadas em matéria de arquitetura, de edifício inteligente e de automação (SIQUEIRA, 2011)

Há previsão para que as paredes do edifício-sede da Apple sejam de vidro

curvo (SIQUEIRA, 2011), material que poderá permitir a exposição arquitetônica das

instalações da empresa e a atuação de seus funcionários. Ou seja, a corrida pela visibilidade

passa a também fazer parte da arquitetura do espaço urbano. Nesse caso, não haverá

panóptico, pois não serão as pessoas que trabalharão no edifício-sede que vigiarão Cupertino,

mas os habitantes de Cupertino que notarão tais pessoas. Elas irão se tornar visíveis à

exaustão no Vale do Silício, aliás, de forma consentida com vistas a tornar uma organização

como a Apple, já notória, ainda mais visível em todo o planeta.

Os processos de indexação sígnica de lugares e pessoas devem ser alavancados

com a popularização dos dispositivos móveis de conexão contínua e plataformas

ciberculturais de geolocalização integradas a redes sociais digitais (como é o caso do

Facebook e sua parceria com o Foursquare). As condições de vigilância por rastreamento

têm se tornado cada vez mais sutis, difusas em ambientes inteligentes que operam silenciosa

extração de dados graças à computação ubíqua e pervasiva. Nesse contexto, quase não há

onde se esconder.

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Na era da mobilidade, lugares são antes pontos de um fluxo contínuo de vigilância e cada um deles está conectado aos outros, fornecendo “a mais completa rendição da textura da vida cotidiana”. Todos os nossos passos são submetidos ao escrutínio e os objetos de que fazemos uso (carros, fones, computadores, eletricidade) tornaram-se ferramentas para a vigilância. O movimento não é um meio para se evadir da vigilância, bem ao contrário, tornou-se o próprio meio de vigilância (Bennet e Regan, 2004, p. 453). Tudo isso com a facilidade jamais sonhada por Max Weber, Franz Kafka ou George Orwell. (SANTAELLA, 2010, p. 159-160)

Mas haverá quem não queira ser visto? Bauman (1999, p. 58-59) assevera que a

participação nos bancos de dados ciberculturais é percebida como fator de inclusão,

mobilidade e distinção, razão pela qual é voluntária (e desejável).

Se antes os mecanismos de identificação feriam a privacidade do indivíduo

(moderno, romântico e introspectivo) e eram sentidos como uma verdadeira invasão, a larga

adesão às redes sociais digitais parece testemunhar, na modernidade tardia, o arrefecimento

do sentimento de “eu” em perfis e avatares publicizados nas instâncias midiáticas da

visibilidade ciberespacial (DAL BELLO, 2010).

5. Vigilância sinóptica e naturalização do desejo de autoexposição

Por fim, Bauman (1999) chama a atenção para o modelo de vigilância sinóptica

que, diferentemente do modelo panóptico (em que poucos observavam muitos), induz muitos

a vigiarem poucos. Relativo à sociedade do espetáculo e aos meios de comunicação de massa,

sobretudo à TV, este regime seria responsável pela instituição do desejo de ser visto, estar na

mídia, participar do universo de notáveis estrelas planetárias.

Os poucos que são observados são as celebridades. Podem ser do mundo da política, do esporte, da ciência, do espetáculo ou apenas especialistas em informação famosos. De onde quer que venham, no entanto, todas as celebridades exibidas colocam em exibição o mundo das celebridades – um mundo cuja principal característica é precisamente a condição de ser observado. (BAUMAN, 1999, p. 61)

Diversos programas de auditório, no lastro de Gongo Show, exploram este desejo

para constituir suas atrações, que podem ser assim sintetizadas: exposição (e, por vezes,

ridicularização) de pessoas comuns, pretensiosamente talentosas. Ídolos, versão brasileira do

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XXI Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Juiz de Fora, 12 a 15 de junho de 2012

reality britânico Idols, apenas requenta o velho desejo de ser famoso. No Brasil, ele evoca

antigos programas de calouros que faziam do erro, da falha e da falta de talento do candidato

as grandes vedetes do show.

Em Ídolos, há uma repaginação do Programa do Sílvio Santos e do Programa do

Chacrinha. Do primeiro, herda a postura dos jurados: os candidatos não são celebridades, os

jurados é que assumem esse papel. Estilosos, paparicados e endeusados, os jurados ofuscam

os ídolos propriamente ditos (que poderão até ganhar essa ou aquela versão do programa, mas

não permanecerão muito tempo em destaque na indústria fonográfica, retornando em breve à

“escuridão”). Já do segundo, vem a valorização do ridículo, engraçado e jocoso: quanto mais

esquisitos, estranhos e capazes de arrancar risos da plateia forem os candidatos, mais altos

serão os índices de audiência e, consequentemente, suas chances de permanecer no páreo.

É possível que seja por essa interpretação local que Idols faça um sucesso

estrondoso no mundo todo, trata-se da terceira franquia mais rentável da Fremantle Media,

produtora especializada em licenciamento de programas de TV. A exceção é o Brasil. De

alguma forma, a vigilância é amenizada e fórmulas passadas voltam à memória. Para fazer

sucesso, o gênero reality show precisa centrar fogo na relação entre visibilidade, vigilância e

delação. Esse é o caso de Troca de Família, versão brasileira de Trading Spouses da emissora

americana Fox em que:

Durante uma semana, duas mulheres, mães de família, com estilos de vida bem diferentes, irão trocar de lugar e viver a vida uma da outra. Nesse período, uma substituirá a outra junto à família e morará na casa dela, com o marido e os filhos dela, viverá a rotina e o cotidiano de outra mulher com hábitos, atitudes e crenças diversos dos seus. Ao mesmo tempo, junto à sua família, na sua casa, com seu marido e seus filhos, estará uma completa estranha desempenhando as suas funções. (ROCHA, 2009, p. 9)

O público irá observar o cotidiano de duas mulheres, assim como as suas

respectivas famílias, quando colocadas em locais que lhes são totalmente estranhos. Assim,

também serão observáveis as reações (surpresa, rejeição, admiração) possíveis nesse

contexto. Nesta configuração plena de sinóptico, exibem-se os bastidores da família

brasileira. O público é seduzido pela possibilidade de encontrar tanto o estranho quanto o

familiar entre as quatro paredes alheias, escancaradas à visitação sinóptica e lúdica, podendo,

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inclusive, reconhecer o que se passa na sua própria casa (efeito de espelhamento de si próprio

na alteridade).

Em comparação com o panóptico, cuja vigilância, de caráter local, deveria coibir

qualquer movimentação autônoma (indisciplinada, desordenada), o regime sinóptico é global.

[...] o ato de vigiar desprende os vigilantes de sua localidade [...]. Onde quer que estejam e onde quer que vão, eles podem ligar-se – e se ligam – na rede extraterritorial que faz muitos vigiarem poucos. O Panóptico forçava as pessoas à posição em que podiam ser vigiadas. O Sinóptico não precisa de coerção – ele seduz as pessoas à vigilância. (BAUMAN, 1999, p. 60)

Talvez resida aí, na prolongada promoção deste regime, a naturalização do desejo

pela autoexposição, transportando a relação visibilidade-vigilância da dimensão do controle

para a dimensão do entretenimento (conforme Bruno, 2008, apud SANTAELLA, 2010, p.

171), do que reality shows e plataformas de publicização de fotos e vídeos caseiros dão

testemunho. A explosão demográfica das redes sociais digitais, que possibilitam a

manifestação subjetiva e a promoção do “eu” para uma audiência cativa, formada por amigos

ou seguidores, assinala o quanto tais plataformas parecem corresponder à necessidade de ser

reconhecidamente alguém, democratizando o acesso à realização do sonho de ser star em um

star system particular. Por confundir-se tão intimamente com o imaginário do espetáculo, a

visibilidade facultada pelos meios de comunicação torna-se imprescindível e desejável –

ainda que traga consigo, pois lhe é intrínseca, a faceta da vigilância.

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