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A fotografia como ferramenta de alfabetização visual

ExposiçãoA mostra Direitos Visíveis se propõem a apresentar as diferentes formas que a fotografia tem sido utilizada como mediação para a alfabetização visual, que pode ser definida como a habilidade de compreender e se expressar por meio de um sistema de representação visual. As fotografias nesta exposição tiradas por crianças e jovens de Gana, Estados Unidos, Argentina, Mali, Índia, Tailândia, Guatemala, Colômbia, e Brasil, usam as imagens com ferramenta traduzindo assim os seus desejos, aflições, e expectativas. Por que fotografia?Conforme Ernest Gombrich “Vivemos na era visual. Somos bombardeados com imagens desde quando acordamos até quando vamos dormir”. Essas imagens surgem através de TV, jornais, outdoors, placas, propagandas, folhetos e outras mídias. Nesta sociedade imagética é um direito do cidadão ser alfabetizado visualmente para construir uma sociedade democrática, porque grande parte das informações vem das imagens. É fundamental que a criança e o jovem possam perceber a influência e o poder desta cultura visual. Direitos humanosA leitura crítica de imagens desenvolvida nos projetos pode ser um recurso importante para a prática dos direitos da criança e do adolescente, pois facilita a compreensão da realidade. O seu aspecto lúdico desenvolve a sensibilidade, a criatividade e a percepção dos protagonistas. Essa leitura apresenta-se como uma poderosa ferramenta para aquisição de conhecimento e de expressão da cidadania, contribuindo substancialmente na maneira que entendemos a nós mesmos, aos outros e ao mundo onde vivemos. Agentes CulturaisOs agentes culturais (artistas, educadores, defensores dos direitos da criança e acadêmicos), que vemos trabalhando com essas crianças e jovens buscam contribuir para a sociedade através das artes e humanidades, e por meio de seus ideais enfrentar os contrastes sociais e tornar o mundo um lugar mais justo, pacífico e democrático. Prof. João KulcsárCentro Universitário Senac

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A atual retórica global enfatiza a importância de reconhecer crianças e jovens como membros ativos e construtivos da sociedade. As próprias perspectivas da criança estão cada vez mais sendo procuradas por formuladores de políticas públicas e educadores que trabalham em iniciativas para o desenvolvimento e liderança de jovens. No entanto, grande parte das imagens de crianças que circulam continuam a caracterizar mais suas necessidades de proteção do que sua agência (ex. o órfão Somali morto de fome, a menina traficada do Nepal, o menino de rua de São Paulo). É hora de novas possibilidades e parcerias que vinculem engajamento cívico jovem, ativismo social e artes visuais.

Pessoas jovens em todo o mundo estão crescendo e formando suas identidades em meio a saturação da mídia visual e, portanto, alterando fundamentalmente a maneira pela qual eles veêm a si mesmos, seus relacionamentos com os outros, e seus meios. Por causa disso, é crucial para a juventude se alfabetizar visualmente, podendo comunicar e criar suas próprias auto-representações através de imagens e fazer leituras críticas da mídia. Para que crianças e jovens possam exercitar seus direitos plenamente, eles deverão também ter mais acesso e controle sobre a fabricação de suas imagens. Este catálogo representa os esforços de artistas, educadores, defensores de direitos da criança, e acadêmicos que estão trabalhando com e em nome das crianças e jovens com vidas precárias na América Latina e internacionalmente. Estes esforços utilizam a fotografia para extrair as visões e vozes da juventude, colocando câmeras nas mãos da juventude para facilitar sua agência. Dentre as muitas lições aprendidas com este trabalho, está claro que crianças e jovens estão desenvolvendo práticas de representação que são úteis para eles, e que questionam idéias tradicionais sobre os usos e significados da câmera, assim como os usos e significados das imagens.

Este catálogo é fruto da conferência: “Direitos Visíveis: Fotografia com e para jovens,” organizada graças ao apoio do Fundo Lemann do Programa de Estudos Brasileiros do Centro David Rockefeller de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Harvard, a Faculdade de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Harvard, o Centro Universitário Senac, a UNESCO e o UNICEF.

Wendy LuttrellProfessora Associada da Cadeira Nancy Pforzheimer AronsonFaculdade de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Harvard

Tem-se dito que nós vivemos na “era de direitos” e certamente discurso sobre novos direitos nos rodea – direitos de homossexuais, direitos dos animais, direito a comida, direito ao desenvolvimento, direito a água limpa, direito ao casamento. E agora – direitos visíveis! O que isso siginifica? Por que é importante falar sobre direitos visíveis? Existem duas diferentes respostas para essa pergunta.

Primeiro, muito discurso sobre direitos trata-se somente disso – discurso, sem nenhuma ação ou sanção. É facil articular direitos no papel, mas transformar teoria em prática é muito mais difícil. Para cada direito significativo deve haver um dever, para cada valioso portador de direitos também deve existir um portador de deveres; de outra maneira o direito não pode ser reivindicado ou realizado. Focar em direitos visíveis, portanto, nos força a ir além de uma articulação abstrata de direitos, para algo mais concreto, mais tangível, mais verdadeiro – direitos que são visíveis, direitos que demonstram alguma forma de capacitação, ou realização, ou ratificação do dever correspondente. No caso deste projeto, isso tomará a forma de práticas artísticas que tornam visíveis a expressão criativa de crianças marginalizadas.

A segunda resposta da questão “Por que direitos visíveis?” é mais específica. Dentre as muitas novas formas de recentes “discursos sobre direitos” está o debate sobre os direitos da criança. E isso não tem sido somente conversa. Desde a histórica ratificação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança em 1989, a comunidade global tem reconhecido que a abordagem tradicional da criança como “objetos” vulneráveis de proteção do adulto, como apêndices e pequenas propriedades de seus pais e famílias, devem ser complementados com um novo enfoque. Crianças devem ser vistas como agentes de seus próprios direitos, atores com vozes, pessoas com opiniões e pontos de vista. Em resumo, crianças devem ser vistas não somente como recipientes dos cálculos de “melhores interesses” formulados por adultos, mas sim produtores de seus próprios pontos de vista, um ponto de vista que deve ser considerado. O conceito de direitos visíveis se desenvolve nesta mudança importante na abordagem aos direitos da criança, levando a sério a noção de “voz” da criança em seu sentido completo, focando em diferentes (e frequentemente negligenciados) aspectos da agência da criança, tais como visão criativa e discernimento artístico. Fotografias são um meio ideal: elas permitem a visão da inquietação do fotógrafo com o conteúdo, com a perspectiva, com o que é central e o que é marginal. Trabalhando com produção fotográfica de crianças marginalizadas, educadores, profissionais de saúde, defensores dos direitos humanos e formuladores de políticas públicas interessados em direitos da criança esperam melhorar sua compreensão a respeito das interpretações de vida das próprias crianças, e assim incorporar uma perspectiva centrada no ponto de vista da criança em seus trabalhos. Em resumo: eles esperam usar produtos visíveis para produzir direitos visíveis.

Jacqueline BhabhaComitê Universitário sobre Direitos HumanosUniversidade de Harvard

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ONG Alfabetização Visual O projeto Fotografia e Cidadania na Febem iniciou-se em agosto de 1999, tendo atendido mais de 1250 jovens e 85 funcionários da instituição, que foram capacitados como educadores. O programa baseia-se no projeto sobre alfabetização visual, que consiste na habilidade de entender o sistema de representação, associado com a possibilidade da expressão através da imagem.

João Kulcsár

Anderson, auto-retrato

“Eu fotografei este amigo na cruz para mostrar que os jovens pertencem as coisas belas desde lugar”. Fabio

“O mapa na parede parece de um país que eu não quero falar”. Erick

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Garota Tuubaani “Tirei esta foto para mostrar como a Tuubaani é vendida para clientes.”Suraiya Fuseini, 15

Aviso no Poste“Este é um mastro onde as pessoas

não devem levar drogas.”Isaiah Irby, 10

Banca de Grãos“Tirei esta foto para mostrar os diferentes tipos de grãos que temos.”Abubakari Seidu, 18

PhotoexchangersJovens unindo Gana e os EUA através de comunicação transcultural

Em 2006, jovens em Massachusetts, EUA e em Tamale, Gana, participaram de um projeto de arte transcultural. Os dois grupos fotografaram e entrevistaram organizações e residentes locais e aprenderam sobre a sua comunidade e sobre a comunidade dos outros fazendo um intercâmbio entre seus trabalhos no campo. Este intercâmbio deu início a um diálogo por email que perdura até hoje e traz novo significado a força da educação transcultural pelos jovens para os jovens.

Marit Dewhurst e Samara Hoyer-Winfield

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AJA

O Projeto AJA (Auto-suficiência Juntado con Apoyo) - ONG com sede em São Diego, California - trabalha com jovens refugiados vindos do Afeganistão, Iraque, Somália, Sudão, Cambodia e Vietnã. Os participantes usam a arte da fotografia e da mídia para explorar sua identidade e narrativas através de temas como “Velha casa“ “Chegada“ e “Nova Comunidade”. O projeto “Registro da Verdade” também trabalha com jovens dos campos de refugiados na Birmânia ao longo da fronteira entre a Birmânia e a Tailândia e na área de insurgência de Burma.

Saw Moo Doh Wah, 10 Nova Comunidade “Após ficarmos na vila tailandesa por uma semana, viemos para o campo de refugiados (1). Um líder de área nos interrogou e um líder do campo nos deu comida. Vivemos no setor (1) durante 4 anos e então mudamos para o setor (6). Quando nos mudamos para o setor (6), um novo líder de setor conseguiu uma distribuição de comida para nós. Nos deram arroz, peixe, pasta de peixe, feijão amarelo, óleo e carvão. Também nos deram algumas roupas. Tenho agora roupas melhores do que tinha. Distribuíram também bambu e preparamos o terreno e construímos nossa casa. Agora minha família vive no setor (6).”

Naw Sher Paw, 16

Saw Lu Lu, 10Porque parti“Um dia, grandes balas de grandes morteiros caíram sobre nossa vila. Os moradores fugiram para os arredores da vila. Quando vi o que estava acontecendo, uma lágrima escorreu para dentro de minha boca e eu engoli. Naquele momento, minha mãe e eu fugimos da vila. Cruzei um riacho e me senti triste e chorei. Meu tio me colocou na cesta de bambu em suas costas e me carregou. Quando os SPDC deram tiros, eu pensei que fosse a guerra. Fomos até uma caverna e dormimos lá. De manhã, voltamos para a vila, mas vimos os soldados do SPDC. Fugimos novamente. Algumas crianças não estavam comendo o suficiente e dormiam ou choravam. Fazia muito frio e acendemos o fogo.”

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Disparando Câmaras para a Paz

A Fundação “Disparando Câmeras para a Paz” constrói espaços para comunicação e expressão de crianças e jovens que foram colocados e/ou vivem em situação de risco, e isto permite que eles explorem as oportunidades para dividir suas visões da realidade, para aprender sobre outros pontos de vista e enriquecer suas vidas. Através da fotografia e outras mídias áudio visuais, contar histórias.

Alex Fattal

Carlos Alberto Barreto Martínez, 11 “Escolhi esta foto porque antes não tínhamos televisão e minha tia comprou uma televisão grande e nos deu esta. E este cachorro me faz lembrar do lugar onde morávamos antes, porque mamãe deixou a vela acesa e queimou a boneca. Eu me apavorei pensando que tinha sido o demônio que a queimou”.

José William Claros Conde, 10 “Eu estou feliz porque aqui posso sair sossegado e posso brincar com meu irmão como sempre quis”.

Sem título

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Fotokids

Fotokids foi fundada na Guatemala em 1991 pela ex-fotojornalista da Reuters, Nancy McGirr, originalmente chamada Out of the Dump. O projeto teve início com um grupo de seis crianças entre 5 e 12 anos que viviam e trabalhavam no aterro de lixo da Cidade da Guatemala. Com o passar dos anos o projeto passou a incluir crianças de outras áreas pobres da capital.

Nancy McGirr

SeqüestroO direito a não ser seqüestradoMiguel Angel Loarca, 17 anos

Roubando a Barbie - Marta López, 9 anosBarbie e Xuxa , turistas na Guatemala sendo roubadas pelos soldados.

Foto Autoretrato - Benito Santos, 13 anos

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Fundación ph15

A Fundação ph15 é uma organização que cria espaços de expressão e de criatividade através da imagem, integrados por crianças e adolescentes que vivem em situação de marginalidade. Os participantes dos seminários da ph15 aprendem uma nova forma de expressão que lhes permite interagir com a sociedade, vencendo barreiras difíceis de superar por outros meios como a discriminação, a marginalidade, e a falta de confiança neles mesmos.

Martin Rosenthal

Noelia Brites Noelia Romero Samanta Córdoba

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Projeto Olhos d’Água Em 2005, um grupo de jovens nativos da ilha de Colares, situada a 130 km de Belém do Pará, instalaram-se junto a um ôlho d’água (*) para um exercício de reflexão sobre a questão da água no planeta e, junto com um grupo de arte-educadores, abordaram o tema trilhando caminhos da Ciência, da Arte e da Espiritualidade. A repercussão dessa experiência no grupo e junto à comunidade local inspirou a criação do Projeto “Olhos d’Água”, que visa difundir e aprofundar práticas semelhantes na região.

Miguel Chikaoka

(*) lugar onde a água brota da terra; fenômeno da natureza, muito comum na região, símbolo das nascentes da bacia amazônica.

Marília Silva Meise Regina Emerson Aragão

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Estas fotos foram tiradas de um projeto colaborativo, visual etnográfico, “Emoldurando a Infância: Vozes Visuais de Columbus Park School, Worcester, Massachusetts” 2004-2006. Participaram trinta e seis meninas e meninos racial, étnica , lingüística e culturalmente diversos, de baixa renda, com idades entre 10-12 anos. O que as crianças decidiram fotografar dos universos de sua escola, família e comunidade, e o que eles disseram sobre suas imagens, põe luz sobre sua participação ativa em sua própria socialização - inclusive o uso criativo por parte deles, de recursos de símbolos e cultura para dar sentido a sua vida diária por meios de expressão e compreensão de sexo, imigração e modelo de vida familiar através de suas próprias perspectivas. O objetivo do projeto é apoiar o diálogo intercultural entre estudantes, pais e professores.

Wendy Luttrell

Colleen (2006) “Meu avô morreu antes de eu nascer. Ele veio da Irlanda, direto de lá, e tinha um sotaque. Então, sou irlandês, os dois lados de minha família vieram de lá.” Danny (2004) “Esta é a biblioteca, o lugar onde adoro ler... É silencioso e posso concentrar.”

Jenny (2004) “Minha mãe geralmente põe sal para que fique salgado... em geral é crocante no final. Era para o jantar... é bom.”

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Territórios à margem – Arte como um campo aberto para o encontro do Outro

A partir da apresentação de alguns projetos desenvolvidos ao longo dos últimos 13 anos, procura-se problematizar o processo de construção de diagramas de subjetivação do Outro. Tais realizações circunscrevem, assim, territórios à margem do tecido social e político. Nessas pesquisas, a infância e juventude tomam um lugar de destaque. Nesses quadros de relações de alteridade, adota-se uma estética do precário – com o emprego de câmeras-furo, feitas de latas – e uma tecnologia mista de imagem e som – equipamento de filmagem retrógrado, câmeras violadas para retirada das lentes e sobreposição de suportes – ; assim como a articulação de estratégias artísticas de cunho dialógico, para a elaboração de um discurso compartilhado. A preocupação é fazer que a fotografia e o vídeo possam funcionar como afirmação de uma identidade, o agenciamento de uma fala, a valorização de um desejo em sua potência de vida.

Paula Trope

Da série Os Meninos, Rio de Janeiro, 1993/1994. Paula Trope, com a colaboração de Muller.

Muller, aos 8 anos e s/título (o dinheiro), 1993

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Kids with Cameras

Kids with Cameras é uma organização sem fins lucrativos baseada nos EUA que dá voz as crianças marginalizadas, ensinando-as fotografia. A organização teve início com um projeto fotográfico com os filhos de prostitutas em Calcutá, Índia, documentado pela fundadora e fotógrafa Zana Briski em seu filme premiado pela Academia “Born into Brothels”. Desde 2003, lançamos projetos fotográficos no Haiti, em Jerusalém, Cairo e Baton Rouge.

Susan Song

Avijit Halder, auto retrato.

Suchitra Das, menina em cima de um telhado.

Gour Barman, correndo.

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Visual Griots

Visual Griots, um projeto da Academy for Educational Development, enviou uma equipe de fotógrafos malásios e americanos para as vilas malásias de Damy e Kouara, em janeiro de 2005, para colocar câmaras nas mãos dos jovens, e dar-lhes o poder de documentar suas vidas e ajudá-los a se conectar com suas comunidades e com o mundo. A promoção de desenvolvimento cultural e compreensão mútua são as principais metas do programa.

Shawn Davis

Djaranou Thera, Damy, Mali“A mãe de meu amigo acabou de ter um bebê. Ela está limpando o umbigo dele com álcool para desinfetar. Esfrega então o bebê com manteiga de karité para que fique saudável. Em geral, depois disso, o bebê dorme, dando tempo para a mãe fazer seu trabalho doméstico.”

Christine Thera, Damy, Mali“Estamos ajudando nossas mães a fazer manteiga de karité. Usamos a manteiga para cozinhar e amaciar a pele.”

Germaine Kamate, Kouara, Mali“Meu irmão Blaise ama seu burrico. Ele monta em seu fiel companheiro quando vai para o campo.”

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A fotografia como ferramenta de alfabetização visual

ExposiçãoA mostra Direitos Visíveis se propõem a apresentar as diferentes formas que a fotografia tem sido utilizada como mediação para a alfabetização visual, que pode ser definida como a habilidade de compreender e se expressar por meio de um sistema de representação visual. As fotografias nesta exposição tiradas por crianças e jovens de Gana, Estados Unidos, Argentina, Mali, Índia, Tailândia, Guatemala, Colômbia, e Brasil, usam as imagens com ferramenta traduzindo assim os seus desejos, aflições, e expectativas. Por que fotografia?Conforme Ernest Gombrich “Vivemos na era visual. Somos bombardeados com imagens desde quando acordamos até quando vamos dormir”. Essas imagens surgem através de TV, jornais, outdoors, placas, propagandas, folhetos e outras mídias. Nesta sociedade imagética é um direito do cidadão ser alfabetizado visualmente para construir uma sociedade democrática, porque grande parte das informações vem das imagens. É fundamental que a criança e o jovem possam perceber a influência e o poder desta cultura visual. Direitos humanosA leitura crítica de imagens desenvolvida nos projetos pode ser um recurso importante para a prática dos direitos da criança e do adolescente, pois facilita a compreensão da realidade. O seu aspecto lúdico desenvolve a sensibilidade, a criatividade e a percepção dos protagonistas. Essa leitura apresenta-se como uma poderosa ferramenta para aquisição de conhecimento e de expressão da cidadania, contribuindo substancialmente na maneira que entendemos a nós mesmos, aos outros e ao mundo onde vivemos.Agentes CulturaisOs agentes culturais (artistas, educadores, defensores dos direitos da criança e acadêmicos), que vemos trabalhando com essas crianças e jovens buscam contribuir para a sociedade através das artes e humanidades, e por meio de seus ideais enfrentar os contrastes sociais e tornar o mundo um lugar mais justo, pacífico e democrático.

Prof. João KulcsárCentro Universitário Senac

It has been said that we live in “an age of rights” and certainly new rights talk is all around us – gay rights, animal rights, the right to food, the right to development, the right to clean water, the right to marriage. And now – visible rights! What do we mean? Why is it important to talk about visible rights? There are two different answers to this question. First, too much rights talk is just that – talk, not action or enforcement. Rights on paper are easy to articulate, but translating the theory into practice has been much harder. For every meaningful right there has to be a duty, for every valuable rights holder there has to be a duty bearer; otherwise the right cannot be claimed or realized. Focusing on visible rights, then, forces us to move beyond the abstract articulation of rights to something more concrete, more tangible, more real – rights that are visible, rights that demonstrate some form of empowerment or achievement or enactment of the corresponding duty. In the case of our project this will take the form of art practices that make visible the creative expression of marginalized children. The second answer to the question “Why visible rights?” is more specific. Among the many new forms of recent “rights talk” is talk about children’s rights. And it has not just been talk. Since the historic ratification of the United Nations Convention on the Rights of the Child in 1989, the global community has recognized that the traditional approach to children as vulnerable “objects” of adult protection, as appendages to and property of their parents and families,

must be supplemented by a new approach. Children must be seen as agents in their own right, as actors with a voice, as persons with opinions and points of view. In short children should be seen not simply as recipients of adults’ “best interest” calculations, but as producers of their own points of view, a point of view that must be considered. The concept of visible rights builds on this important shift in the approach to children’s rights. It takes seriously the notion of a child’s “voice” in the full sense, focusing on different (often neglected) aspects of child agency, such as creative vision and artistic insight. Photographs are an ideal medium: they allow one to see the photographer’s concern with content, with perspective, with what is central and what is marginal. By working with the photographic output of disadvantaged children, educators, health workers, human rights advocates and policy makers interested in children’s rights hope to improve their own understanding of children’s interpretations of their lives and incorporate a child-centered perspective into their work. In short they hope to use visible products to produce visible rights.

Jacqueline BhabhaUniversity Committee on Human RightsHarvard University

Current global rhetoric stresses the importance of seeing children and youth as active and constructive members of society. Children’s own perspectives are increasingly being sought by policymakers and by practitioners working in youth development and leadership initiatives. Yet, most of the images that circulate of children continue to feature their protective needs more than their agency (i.e. the starving Somali orphan, the trafficked Nepali girl, the Sao Paulo street child). This is a time for new possibilities and partnerships that link youth civic engagement, social activism, and the visual arts. Young people everywhere are growing up and forming their identities amidst a saturation of visual media, thus fundamentally changing the way they see themselves, their relationships with others, and their environments. Because of this, it is crucial for youth to become visually literate, able to communicate and create their own self- representations through images and to make critical readings of the media. For children and youth to fully exercise their rights, they must also have more access and control over image-making. This catalogue represents the efforts of artists, educators, child rights advocates, and scholars who are working with and on behalf of children and youth who lead precarious lives in Latin America and internationally. These efforts use photography to elicit youth visions and voices, and to facilitate agency by placing cameras in the hands of youth. Among the many lessons learned from this work, it is clear that children and youth are developing representational practices that are useful to them, ones which question traditional ideas of the uses and meanings of the camera, as well as the uses and meanings of images. This catalogue is an outgrowth of a conference, “Visible Rights: Photography for and by Youth” supported by the Lemann Fund of the David Rockefeller Center for Latin American Studies at Harvard University, the Harvard Graduate School of Education, the Centro Universitario Senac, UNESCO, and UNICEF.

Wendy LuttrellNancy Pforzheimer Aronson Associate ProfessorHarvard Graduate School of Education