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Visita à Cooperativa 100 Dimensão mostra como um gesto de cidadania pode se multiplicar No dia 25/9/2007, um grupo que trabalha no STF deixou suas salas por algumas horas para conhecer a sede da Cooperativa de Catadores 100 Dimensão, no Riacho Fundo 2. Na visita, promovida em virtude da Semana Ambiental, servidores e funcionários tiveram mais que a oportunidade de conhecer algumas das pessoas que trabalham com os resíduos sólidos cedidos pelo STF, que se transformam em obras de arte e objetos de consumo como abajures, bolsas e cadeiras. A visita mostrou o resultado da soma de um sonho e muito esforço. Uma das fundadoras e atual presidente da 100 Dimensão, Sônia Maria da Silva, recebeu o grupo contando a história da cooperativa, criada em 1998 por mulheres e homens com mais de 30 anos, com filhos e sem emprego fixo. De acordo com Sônia, existia a vontade de fazer alguma coisa, mesmo que não se soubesse como, para “deixar de viver de cesta básica, deixar de viver de ajuda de igreja”. Com orgulho, falou da evolução da cooperativa, que começou debaixo de árvores, em um assentamento e hoje conta com um galpão e algumas obras, avaliadas, segundo ela, em R$ 3 milhões: “quando o povo se une, com metas definidas, há possibilidade de a gente mudar o destino da gente”. Quem esteve presente pôde perceber que a realidade da cooperativa hoje vai muito além do reaproveitamento de “lixo”. Estão sendo feitas algumas construções e reformas que ampliarão as atividades dos cooperados: um espaço para apresentações artísticas com capacidade para 500 pessoas; um shopping popular; uma área para educação e cultura com biblioteca; laboratórios multimídia e de ciências; um local com acústica para a montagem de uma rádio comunitária e oficina-escola de TV; um centro com microcomputadores para alfabetização e ensino de língua estrangeira com inclusão digital; e também uma sala para o telecurso 1º grau.

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Visita à Cooperativa 100 Dimensão mostra como um gesto de

cidadania pode se multiplicar

No dia 25/9/2007, um grupo

que trabalha no STF deixou

suas salas por algumas horas

para conhecer a sede da

Cooperativa de Catadores

100 Dimensão, no Riacho

Fundo 2.

Na visita, promovida em

virtude da Semana Ambiental, servidores e funcionários tiveram mais que a

oportunidade de conhecer algumas das pessoas que trabalham com os resíduos sólidos

cedidos pelo STF, que se transformam em obras de arte e objetos de consumo como

abajures, bolsas e cadeiras. A visita mostrou o resultado da soma de um sonho e muito

esforço.

Uma das fundadoras e atual presidente da 100 Dimensão, Sônia Maria da Silva, recebeu

o grupo contando a história da cooperativa, criada em 1998 por mulheres e homens com

mais de 30 anos, com filhos e sem emprego fixo. De acordo com Sônia, existia a

vontade de fazer alguma coisa, mesmo que não se soubesse como, para “deixar de viver

de cesta básica, deixar de viver de ajuda de igreja”. Com orgulho, falou da evolução da

cooperativa, que começou debaixo de árvores, em um assentamento e hoje conta com

um galpão e algumas obras, avaliadas, segundo ela, em R$ 3 milhões: “quando o povo

se une, com metas definidas, há possibilidade de a gente mudar o destino da gente”.

Quem esteve presente pôde perceber que a realidade da cooperativa hoje vai muito além

do reaproveitamento de “lixo”. Estão sendo feitas algumas construções e reformas que

ampliarão as atividades dos cooperados: um espaço para apresentações artísticas com

capacidade para 500 pessoas; um shopping popular; uma área para educação e cultura

com biblioteca; laboratórios multimídia e de ciências; um local com acústica para a

montagem de uma rádio comunitária e oficina-escola de TV; um centro com

microcomputadores para alfabetização e ensino de língua estrangeira com inclusão

digital; e também uma sala para o telecurso 1º grau.

O trabalho é grandioso e diversificado. Diante de tantas qualidades, a iniciativa vem

conquistando apoios e parcerias ao longo desses nove anos: Ministério do Meio

Ambiente, Ministério da Ciência e Tecnologia, Fundação Banco do Brasil, Caixa

Econômica Federal, Fundação Interamericana, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (Sebrae), Brasal Distribuidora Coca-Cola, Universidade Católica de

Brasília (UCB), Universidade de Brasília (UnB), Presidência da República e o próprio

STF.

Sônia explicou com modéstia

a razão para tanta

colaboração: “quando você

corresponde aos parceiros

com o que eles querem, eles

ajudam. E o que eles

querem? Que a gente ajude a

tirar outras pessoas do

assistencialismo”. Sorridente e com a mesma simplicidade ela resume as conseqüências

de um trabalho como esse: “quando levantamos a bandeira do ‘nós’, não é preciso

empunhar armas. A Justiça é feita naturalmente”.

Cooperados

Além da presidente, alguns cooperados deram seus

depoimentos. Um deles foi Roney, 33 anos de idade, os

últimos 5 trabalhando na 100 Dimensão. Ele contou como

sua visão de mundo mudou: “antes o que eu via era lixo.

Hoje, tudo é matéria-prima. Tudo o que eu vejo é dinheiro.

Essa garrafa, esse plástico...” Quando entrou para a

cooperativa como motorista, não pensava em estudar. Hoje,

cursa o terceiro semestre de Direito na Universidade

Católica de Brasília, fala das dificuldades, como o valor da mensalidade e a falta de

tempo para estudar, mas deixa claro que isso não o impedirá de chegar aonde quiser:

“nada é impossível. Se eu quiser ser advogado, eu vou ser. Se quiser ser juiz, vou ser”.

Eliana Aparecida Pereira é cooperada há quase 10 anos e há quase 10 anos discute com

o marido, que pede que ela deixe a cooperativa. Há 3 anos trabalhando como artesã,

Eliana tem bons motivos para continuar: “antes eu era empregada doméstica. Um filho

adoecia e a patroa não entendia. Aqui, cada um faz o seu horário, todo mundo é dono.”

Servidores

Daniel Teles, que trabalha na Assessoria de Gestão

Estratégica, foi citado várias vezes por Sônia. Para cada

afirmação da presidente da cooperativa vinha um “o Daniel

sabe” ou “não é Daniel?” ou ainda “vem cá Daniel, o Daniel

pode confirmar”.

O Daniel foi citado várias vezes porque em 2002, quando ainda trabalhava na Seção de

Limpeza, ele foi um dos autores do projeto para que o Tribunal fizesse a coleta seletiva

e doasse os resíduos. Uma vez implantando o projeto, Daniel acompanhou a evolução

da cooperativa.

Hoje ele avalia como positivo o trabalho de conscientização e inclusão social do STF e

declara: “é um trabalho gratificante.”

Jonas Guedes trabalha na Sessão de Assistência Ambulatorial e não conhecia o trabalho

da cooperativa. Ele gostou dos depoimentos de pessoas que não tinham perspectiva,

mas que conseguiram se superar: “valeu a pena”.

Daniela Barbosa Vasconcelos trabalha na Coordenadoria de Processos da 2ª Turma e

também nunca tinha visitado a 100 Dimensão. Ela acredita que foi a única da

coordenadoria a comparecer porque dificilmente as pessoas conseguem de desvencilhar

do trabalho. Ela explica que participou porque seu pai é engajado em questões de

responsabilidade social e gostaria de conversar com ele depois de fazer a visita. Ela

disse ter ficado emocionada em diversos momentos das apresentações: “é uma lição de

vida”.

Coleta Seletiva

A coleta de lixo no Tribunal é seletiva. Vários cestos são disponibilizados nas áreas

comuns, divididos em cores, de acordo com o material a ser descartado:

- VERMELHO: Plástico

- AZUL: Papel

- VERDE: Vidro

- AMARELO: Metal

- CINZA: Lixo Orgânico

Durante a Semana Ambiental, o Tribunal incentivou ainda mais a coleta seletiva em

casa. O material recolhido pôde ser entregue no posto de coleta que foi montado na vaga

361, no subsolo do anexo I, perto da passagem entre os dois anexos.

Apoio

Quem quiser contribuir de alguma forma pode entrar em contato com a Cooperativa

pelos seguintes canais:

E-mails: Coop_cemdimensã[email protected] Coopcemdimensã[email protected]

Telefones: 8151-6851 – Sônia 8185-3134 – Manuel 9220-6746 - Vonaldo 8443-3616

– Valter 9604-8165 – Carmen 8157-4560 – Cléia 9817-0400 – Marco Antônio

Endereço: QN 16 conj. 5 lote 2 – Riacho Fundo 2 / CEP – 71.881-662

Veja as fotos da visita feita à Cooperativa