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REVISTA DE CIÊNCIA ELEMENTAR 1 Revista de Ciência Elementar | doi: 10.24927/rce2020.064 | dezembro de 2020 Visita virtual ao Museu da Farmácia Gonçalo Magano Museu da Farmácia O século XXI introduziu novos conceitos na área da museologia. Os museus, antes consi- derados conservadores, e apenas disponíveis àqueles que se deslocassem até eles, co- meçaram a ver no mundo digital, uma oportunidade de potenciar aquilo que é a sua maior vocação: a divulgação do seu património e atividade cultural. A era digital abriu portas à internacionalização das coleções, antes apenas feita através de publicações e catálogos. Desde a criação de websites, à utilização das redes sociais enquanto plataformas de di- vulgação, compreendeu-se uma rápida adesão dos museus (nacionais e internacionais) ao mundo digital. Aqueles que o fizeram mais prontamente, encontraram neste trabalho uma ferramenta pronta a combater a atual situação pandémica, continuando a disponibi- lizar a sua oferta cultural, ainda que de portas encerradas. O Museu da Farmácia, nesta altura, lançava, sob o lema #culturasemquarentena, um conjunto de iniciativas para che- gar até aos seus seguidores através do mundo digital. O Museu da Farmácia abriu portas ao público no ano de 1996, em Lisboa, com o desejo de dar a conhecer a história da saúde e da farmácia. Ao longo de 24 anos, e já após a inaugu- ração de um segundo polo, na cidade do Porto, tem sido ambição do Museu da Farmácia reunir peças dos quatro cantos do mundo, de forma a permitir que os seus visitantes se aventurem por entre 5000 anos de história: desde o primeiro contacto do homem com a saúde, na pré-história, até às mais recentes viagens espaciais da NASA, que no Museu da Farmácia ganham vida através de equipamentos que estiveram a bordo do Space Shuttle Endeavour. O ano de 2020 fica marcado pelo primeiro Estado de Emergência da história da demo- cracia portuguesa, que teve como consequência o encerramento provisório dos museus nacionais. De forma a dar resposta à emergência cultural, o Museu da Farmácia procurou começar a conceber a Visita Virtual ao Museu da Farmácia, que no mês de novembro se tornou realidade: uma viagem imersiva e interativa, que pode ser feita na segurança da es- cola ou mesmo em casa de cada aluno. Trata-se de uma visita mediada em tempo real, que nos transporta entre as várias coleções do Museu da Farmácia Lisboa e Porto, de forma a dar a conhecer diferentes civilizações, crenças, teorias, objetos, através das histórias que nos vídeos apresentados ganham vida. Uma visita que, à semelhança das tradicionais visi- tas guiadas, permite uma interação constante com o guia, abrindo espaço não apenas ao esclarecimento de dúvidas e questões, como também à interação através de questionários que são colocados em diversos momentos da visita. CITAÇÃO Magano, G.(2020) Visita virtual ao Museu da Farmácia, Rev. Ciência Elem., V8(04):064. doi.org/10.24927/rce2020.064 EDITOR José Ferreira Gomes, Universidade do Porto EDITOR CONVIDADO João Lopes dos Santos Universidade do Porto RECEBIDO EM 02 de dezembro de 2020 ACEITE EM 14 de dezembro de 2020 PUBLICADO EM 15 de dezembro de 2020 COPYRIGHT © Casa das Ciências 2020. Este artigo é de acesso livre, distribuído sob licença Creative Commons com a designação CC-BY-NC-SA 4.0, que permite a utilização e a partilha para fins não comerciais, desde que citado o autor e a fonte original do artigo. rce.casadasciencias.org

Visita virtual ao Museu da Farmácia

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Page 1: Visita virtual ao Museu da Farmácia

REVISTA DE CIÊNCIA ELEMENTAR

1Revista de Ciência Elementar | doi: 10.24927/rce2020.064 | dezembro de 2020

Visita virtual ao Museu da FarmáciaGonçalo MaganoMuseu da Farmácia

O século XXI introduziu novos conceitos na área da museologia. Os museus, antes consi-

derados conservadores, e apenas disponíveis àqueles que se deslocassem até eles, co-

meçaram a ver no mundo digital, uma oportunidade de potenciar aquilo que é a sua maior

vocação: a divulgação do seu património e atividade cultural. A era digital abriu portas à

internacionalização das coleções, antes apenas feita através de publicações e catálogos.

Desde a criação de websites, à utilização das redes sociais enquanto plataformas de di-

vulgação, compreendeu-se uma rápida adesão dos museus (nacionais e internacionais)

ao mundo digital. Aqueles que o fizeram mais prontamente, encontraram neste trabalho

uma ferramenta pronta a combater a atual situação pandémica, continuando a disponibi-

lizar a sua oferta cultural, ainda que de portas encerradas. O Museu da Farmácia, nesta

altura, lançava, sob o lema #culturasemquarentena, um conjunto de iniciativas para che-

gar até aos seus seguidores através do mundo digital.

O Museu da Farmácia abriu portas ao público no ano de 1996, em Lisboa, com o desejo de

dar a conhecer a história da saúde e da farmácia. Ao longo de 24 anos, e já após a inaugu-

ração de um segundo polo, na cidade do Porto, tem sido ambição do Museu da Farmácia

reunir peças dos quatro cantos do mundo, de forma a permitir que os seus visitantes se

aventurem por entre 5000 anos de história: desde o primeiro contacto do homem com a

saúde, na pré-história, até às mais recentes viagens espaciais da NASA, que no Museu da

Farmácia ganham vida através de equipamentos que estiveram a bordo do Space Shuttle

Endeavour.

O ano de 2020 fica marcado pelo primeiro Estado de Emergência da história da demo-

cracia portuguesa, que teve como consequência o encerramento provisório dos museus

nacionais. De forma a dar resposta à emergência cultural, o Museu da Farmácia procurou

começar a conceber a Visita Virtual ao Museu da Farmácia, que no mês de novembro se

tornou realidade: uma viagem imersiva e interativa, que pode ser feita na segurança da es-

cola ou mesmo em casa de cada aluno. Trata-se de uma visita mediada em tempo real, que

nos transporta entre as várias coleções do Museu da Farmácia Lisboa e Porto, de forma a

dar a conhecer diferentes civilizações, crenças, teorias, objetos, através das histórias que

nos vídeos apresentados ganham vida. Uma visita que, à semelhança das tradicionais visi-

tas guiadas, permite uma interação constante com o guia, abrindo espaço não apenas ao

esclarecimento de dúvidas e questões, como também à interação através de questionários

que são colocados em diversos momentos da visita.

CITAÇÃO

Magano, G.(2020)

Visita virtual ao Museu da Farmácia,

Rev. Ciência Elem., V8(04):064.

doi.org/10.24927/rce2020.064

EDITOR

José Ferreira Gomes,

Universidade do Porto

EDITOR CONVIDADO

João Lopes dos Santos

Universidade do Porto

RECEBIDO EM

02 de dezembro de 2020

ACEITE EM

14 de dezembro de 2020

PUBLICADO EM

15 de dezembro de 2020

COPYRIGHT

© Casa das Ciências 2020.

Este artigo é de acesso livre,

distribuído sob licença Creative

Commons com a designação

CC-BY-NC-SA 4.0, que permite

a utilização e a partilha para fins

não comerciais, desde que citado

o autor e a fonte original do artigo.

rce.casadasciencias.org

Page 2: Visita virtual ao Museu da Farmácia

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A experiência inicia-se pelos Primórdios da Farmácia, onde, através de peças emblemá-

ticas como o Sarcófago de Irtierut (FIGURA 1) ou a vasta Coleção de Vasos Gregos, é traça-

do o percurso das primeiras grandes civilizações, como o Antigo Egipto, a Grécia Antiga e

até o Império Romano, através dos testemunhos que estas nos deixaram na área da saúde.

Seguem-se Os Contrastes da Idade Média, onde são apresentadas as diferenças entre

a Europa medieval, que assiste ao crescimento da Igreja Católica, e o Mundo Árabe, que

no seu florescimento encontra não apenas novas fórmulas farmacêuticas, mas também

espaços de saúde tão exóticos como a Farmácia Islâmica de um Palácio na Síria, exposta

no Museu da Farmácia do Porto. Ainda no período da Idade Média, damos a conhecer o

módulo das Máscaras da Peste e a Luta Contra as Epidemias, onde, a par da atualidade,

é feita uma perspetiva histórica sobre as grandes pandemias e as primeiras, as primeiras

máscaras de proteção, a par da atual situação pandémica causada pelo novo coronavírus.

FIGURA 1. A) Sarcófago de Irtierut. B) Sarcófago em exposição.

Por forma a compreender não só como ultrapassar as doenças mais marcantes da história

da saúde, mas também como a ciência se desenvolveu e abriu portas à modernidade, somos

convidados a participar em grandes momentos de desenvolvimento cientifico, com o módulo

O início da Revolução Cientifica, através das invenções de instrumentos que em muito im-

pulsionaram o progresso cientifico, como os microscópios compostos de Edmund Culpeper, e

a descoberta que o nosso corpo era químico. Sabendo que acontecimentos como a 1ª Guerra

Mundial fazem também parte da história da humanidade, é para onde viajamos de seguida,

acompanhados por Sir Alexander Fleming que, no núcleo A cultura de penicilina e a invenção

dos antibióticos, nos apresenta a história da sua descoberta, que viria a mudar a luta contra

as infeções.

Fazem ainda parte desta iniciativa, e por forma a evidenciar a globalidade dos temas saú-

de e farmácia, dois núcleos que evidenciam a multiculturalidade do acervo reunido. Desde

Revista de Ciência Elementar | doi: 10.24927/rce2020.064 | dezembro de 2020 2

A) B)

Page 3: Visita virtual ao Museu da Farmácia

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a abordagem à “Medicina Tradicional Chinesa”, onde encontramos uma das farmácias mais

exóticas da coleção, a Farmácia Tai Neng Tong, até ao núcleo final: A Aventura do Homem.

Neste último, somos desafiados a dar a volta ao mundo com diferentes aventureiros e explo-

radores, arriscando-nos desde os desertos e savanas africanas, até ao polo norte e polo sul,

chegando até à Antártida, pela companhia de Roald Amundsen, que, assim como em todas as

expedições representadas no Museu da Farmácia, se fez acompanhar por estojos e farmácia

portáteis!

O Museu da Farmácia propõe assim, em 60 minutos, uma viagem por entre 5000 anos de

história da saúde e da farmácia, passível de ser feita na segurança de cada casa ou escola,

dando a oportunidade aos seus visitantes de conhecerem duas coleções, separadas por 300

quilómetros de distância, e que agora, foram reunidas para materializar uma única experiên-

cia interativa.

Poderá aceder a mais informações sobre estas visitas virtuais e aventurar-se nesta iniciati-

va em https://www.museudafarmacia.pt/museu.aspx?lang=pt&id=1150.

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