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Visitação Evangelística Setembro de 2016

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Visitação

EvangelísticaSetembro de 2016

Visitação evangelística

Misael Batista do Nascimento 3ª edição — setembro de 2016

Visitação evangelística. 3ª edição — agosto de 2016. Copyright © 2007-2016 Misael Nascimento. Proibida a Reprodução sem autorização por escrito do autor.

Dedicatória

Dedicado a Deus, o Senhor da missão.

As citações bíblicas foram retiradas da ARA — tradução de João Ferreira de Almeida, versão revista e atualizada no Brasil, segunda edição.

Projeto gráfico e editoração: Misael Batista do Nascimento.

Dados para contato:

Fone/FAX: (55 17) 3214-1410, 98149-4342.

E-mail: [email protected]

Versão desta apostila em PDF: http://www.ipbriopreto.org.br/downloads/ve2016.pdf

Visitação evangelística. 3ª edição. São José do Rio Preto, SP: setembro de 2016.

1. Cristianismo 2. Evangelização 3. Métodos evangelísticos.

Visitaçãoevangelística iii

Sumário

Prefácio.................................................................................................................................1

1.Oconceitoeabasebíblicadavisitaçãoevangelística........................................................21.1.Oqueévisitaçãoevangelística.........................................................................................31.2.AsinstruçõesdeJesusaosDozeeaosSetenta.................................................................31.3.Aevangelizaçãodasnaçõesinicianasvilasecidades......................................................5

2.Ofuncionamentodavisitaçãoevangelística......................................................................62.1.Procedimentosdavisitaçãoevangelística........................................................................6

2.1.1.Materialusadonavisitaçãoevangelística.................................................................62.1.2.Reuniãoantesdesair................................................................................................62.1.3.Aposturadasequipesnasruasoudiantedascasas.................................................72.1.4.Osdiálogoseprocedimentosdavisitaçãoevangelística...........................................72.1.5.AexposiçãodeMateus11.28-30...............................................................................92.1.6.Reuniãoapósasvisitas............................................................................................11

2.2.OutrasatividadesdoNossoIDE......................................................................................112.2.1.Cultosemlugarespúblicos......................................................................................112.2.2.Outrasaçõesevangelísticas.....................................................................................112.2.3.Discipuladoinicial....................................................................................................11

Consideraçõesfinais............................................................................................................12

Apêndice:Pesquisareligiosa...............................................................................................13

Referênciasbibliográficas....................................................................................................15

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Prefácio

Seja bem-vindo ao treinamento Visitação Evangelística!

Oro para que este material ajude você, cristão evangelista, bem como igrejas, na tarefa simples e, ao mesmo tempo, laboriosa, de cobrir áreas geográficas de sua cidade com as boas notícias sobre o amor de Deus que chega até nós por meio da pessoa e obra de Jesus Cristo.

Este não é um estudo doutrinário sobre a evangelização. Interessados em obter uma base bíblico-teológica sobre o assunto devem consultar dois outros textos, Discipulado Integral e Evangelização Viva e Simples (disponíveis em www.amazon.com.br).

A utilidade de Visitação Evangelística está em sua aplicabilidade. Sem descuidar da base bíblica (1º capítulo), sugere-se um método ou prática (2º capítulo) baseado na apostila Avanço Missionário Urbano e Prática de Evangelismo Pessoal, produzida pelo Rev. Marcos Severo de Amorim.1 Cada aluno pode e deve adaptar a proposta ao seu contexto e estilo pessoal, sempre sob a liderança do Espírito Santo.

Este material tem sido testado ao longo do tempo. A primeira edição foi usada para capacitação de equipes de evangelização da Igreja Presbiteriana Central do Gama, DF, de 2007 até 2009. Com a segunda edição, capacitamos os voluntários do Nosso IDE 2015, uma iniciativa da Igreja Presbiteriana de São José do Rio Preto. Esta última iniciativa resultou na Congregação Presbiteriana de Cedral. Sendo assim, enquanto reviso esta terceira edição (para uso no Nosso IDE 2016, em Guapiaçu), oro para que a aplicação deste material produza frutos de salvação, doces e abençoados.

Pr. Misael Batista do Nascimento.

1 AMORIM, Marcos Severo de. Avanço Missionário Urbano e Prática de Evangelismo Pessoal. Rio Grande do Norte, [200-?], apostila não publicada.

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1. O conceito e a base bíblica da visitação evangelística

Textos-base: Marcos 6.7-13; Lucas 10.1-24; Atos 13.1-3; 15.40-41.

Seja bem-vindo ao passado!

Eu digo isso porque você está em um curso sobre visitação evangelística, e este não é um método de evangelização valorizado nos dias atuais. Eu me lembro de uma ocasião em que propus realizar um trabalho assim em uma igreja e ouvi, de um oficial, que aquela prática não combinava com a cultura local. De fato, este é um método considerado cada vez mais anacrônico (do “arco da velha”). Por exemplo:

Houve um tempo em que o evangelismo e as vendas de porta em porta faziam sentido, porque muitas mulheres passavam o dia todo em casa e os maridos só chegavam à noite para o jantar. Mas essa rotina já não é tão eficiente, porque hoje em dia poucas mulheres e mães passam o dia em casa. Além disso, a vida das pessoas é tão cheia de entretenimentos, promoções, propagandas, seminários de autoajuda e grandes eventos emocionantes de vários tipos, que elas não mais se impressionam com grandes concentrações religiosas ou com esquemas espertos para vender Jesus através de perguntas enlatadas, manipuladoras.2

Apesar disso o Rev. Marcos Severo de Amorim, um colega querido, está plantando dezenas de igrejas no Rio Grande do Norte e no Ceará, agora mesmo, com visitação evangelística.3 Mas não apenas isso. A tarefa em si, caminhar em duplas rua por rua, conversando com pessoas sobre o evangelho, parece beneficiar grandemente os voluntários evangelistas. Um estudioso do NT, Marvin Pate, compartilha o seguinte:

Um dos finais de semana mais marcantes em minha vida ocorreu há alguns anos, quando nossa igreja hospedou uma equipe capacitada para treinar membros de igrejas a compartilhar sua fé com os perdidos. Passamos as noites de quinta e sexta-feira sendo treinados para a tarefa e, no sábado, trezentos membros saíram a percorrer o bairro, oferecendo o evangelho de porta em porta para quem estivesse disposto a ouvir. À noite, realizamos um culto de celebração na igreja com o propósito de divulgar os resultados. Foi extraordinário! Há um sentimento emocionante no compromisso de divulgar o evangelho. O evangelismo de porta em porta não é necessariamente um método para todas as igrejas e em qualquer ocasião; para a nossa comunidade, porém, a solenidade desse compromisso resultou em um derramar do Espírito na igreja dele.4

Poucos dias antes de escrever esta edição desta apostila, eu entrevistei uma pessoa que estava para professar sua fé e receber o batismo, na Congregação Presbiteriana de Cedral. Perguntei a razão pela qual ela gostaria de ser recebida na

2 DRISCOLL, Mark. Reformissão: Como Levar a Mensagem Sem Comprometer o Conteúdo. Niterói: Tempo de Colheita, 2009, p. 67. 3 O trabalho do Rev. Marcos Severo repercute em meu coração, porque utilizei exatamente este método no estabelecimento da Igreja Presbiteriana de Valparaíso de Goiás, de 1987 a 1994. 4 PATE, C. Marvin. Romanos. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 288-289. (Série Comentário Expositivo). Grifos nossos.

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igreja. Ela respondeu que cresceu identificando-se como “católica”, e sabia que Jesus havia morrido em uma cruz. No entanto, ela não entendia porque isso teve de ser assim. Até o dia em que duas cristãs entraram em sua casa e lhe explicaram que Jesus morreu a fim de garantir a salvação daqueles que confiam nele como único e suficiente Senhor e Salvador. Naqueles minutos de explicação do evangelho, a luz de Deus brilhou no coração daquela jovem senhora. Meses depois ela declarou sua fé em Jesus e recebeu o batismo, além de batizar seu filho menor.

Fruto de visitação evangelística. Em setembro de 2016. Pleno século 21.

1.1. O que é visitação evangelística

Visitação evangelística é o método de evangelização que consiste em delimitar uma área geográfica e visitar residências, instituições ou estabelecimentos comerciais, com o objetivo de apresentar Jesus Cristo, divulgar a igreja e suas atividades e servir ao próximo em amor.

Delimitar ruas » Visitar » Apresentar Jesus e a igreja » Servir

Este trabalho é realizado em duplas ou equipes (dois ou mais cristãos), sob coordenação de um pastor. No contato destas duplas ou equipes, abre-se a possibilidade de orar, estudar a Bíblia e ministrar às necessidades das pessoas que desejarem.

Ao fim de cada incursão, os visitadores registram a área alcançada, bem como os resultados da atividade. Estes resultados são usados posteriormente por outras duplas ou pelos pastores e voluntários plantadores. Além disso, as duplas compartilham umas com as outras as experiências de evangelização.

Ainda que o método tenha eficácia limitada em condomínios, trata-se de uma abordagem bem-vinda em bairros residenciais, cidades pequenas e comunidades rurais. A visitação evangelística busca alcançar cada lar, escritório, instituição ou estabelecimento comercial dentro de uma determinada área ou setor da cidade.

1.2. As instruções de Jesus aos Doze e aos Setenta

Leiamos Marcos 6.7-13; Lucas 10.1-24; Atos 13.1-3 e 15.40-41.

Todos estes textos são descritivos, ou seja, descrevem fatos ocorrido nos ministérios do Senhor Jesus Cristo e do apóstolo Paulo. Eles não são prescritivos — não prescrevem ou ordenam que a igreja hoje reproduza literalmente as mesmas experiências. No entanto, para o trabalho de visitação evangelística, eles são úteis de diferentes modos.

• Os mensageiros são enviados “de dois a dois” (Mc 6.7a; Lc 10.1). Paulo também nunca viajava sozinho (At 13.1-3; 15.40-41).

• Os mensageiros de Jesus recebem “autoridade sobre os espíritos imundos” (Mc 6.7b; Lc 10.17-19).

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• Os mensageiros não levam “nada [...] para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro” (Mc 6.8-9; Lc 10.4). Isso significa que eles realizam a missão na dependência de Deus.

• Os mensageiros têm de “permanecer” onde forem bem recebidos, e “sair” de onde não forem acolhidos (Mc 6.10-11; Lc 10.7-12).

• Os mensageiros devem preceder Jesus (Lc 10.1; cf. Lc 9.51-52). • Os mensageiros enfrentam um ambiente hostil (Lc 10.3). • Os mensageiros realizam a missão gentilmente (Lc 10.5-8). • A missão dos mensageiros é falar sobre Cristo, como agentes de seu reino

(Lc 10.9-12). • A resposta à missão dos mensageiros define os destinos de uma cidade (daí

a importância desta missão; Lc 10.13-16). • A realização da missão alegra os discípulos (Lc 10.17-20). O fruto do

trabalho evangelístico produz “satisfação” (Is 53.11; cf. Sl 126.5-6). • O cumprimento da missão também alegrou a Jesus (Lc 10.21-24). A

palavra traduzida por “exultou”, em Lucas 10.21, tem o sentido de “pular ou vibrar de alegria, regozijar-se profundamente”.5 Compare isso com Lucas 15.10: “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”.

É interessante que Jesus “percorria as aldeias [kōmē; “vilarejos campestres”] circunvizinhas” (Mc 6.6). E ele enviou os setenta para “precedê-lo” em “cidades” [polis; centros populacionais mais densos] (Lc 10.1). Isso combina com a visão de evangelização de nossa igreja, de realizar avanços ou mutirões de evangelização na cidade de São José do Rio Preto, e ainda nas cidades com menos de 30 mil habitantes próximas a Rio Preto.

O Rev. Marcos Severo de Amorim propõe o seguinte sumário de Lucas 10:6

• Lucas 10.1: Formação de duplas; “de dois em dois”. • Lucas 10.2: Delimitação do campo; “a seara é grande”. • Lucas 10.3: Envio e alerta; “ide, eis que vos envio”. • Lucas 10.4: Recomendação e cuidado; “não leveis bolsa”. • Lucas 10.5: Objetivo da missão; “paz seja nesta casa”. • Lucas 10.9: Ação e evangelização: “Curais os enfermos [...] e anunciai-lhes

[...] o reino de Deus”. • Lucas 10.10: Preparação para rejeição; “e não vos receberem, saí pelas ruas

e clamai [...]”. • Lucas 10.17: Resultado da missão; “regressaram [...] possuídos de alegria”. • Lucas 10.18: Não temer o inimigo; “eu via Satanás caindo do céu como um

relâmpago”. • Lucas 10.19: Autoridade da missão; “eis aí vos dei autoridade para pisardes

serpentes e escorpiões [...]”.

5 HENDRIKSEN, William. Lucas. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 86. v. 2. (Comentário do Novo Testamento). 6 AMORIM, op. cit., p. 2; adaptado.

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• Lucas 10.20: O foco da missão; “alegrai-vos [...] porque o vosso nome está arrolado nos céus”.

• Lucas 10.23: Privilégios da missão; “Bem-aventurados os olhos que veem as coisas que vós vedes”.

Como dissemos, ainda que não sejam prescritivos, estes textos nos ajudam a compreender que Jesus atentou para vilarejos menores e cidades maiores; e isso parece ter relação com um propósito mais amplo, de que o evangelho do reino seja pregado a todas as nações.

1.3. A evangelização das nações inicia nas vilas e cidades

A primeira edição da Bíblia de Estudo de Genebra encontra uma relação entre os “setenta”, enviados em Lucas 10, e as “setenta nações” mencionadas em Gênesis 10.7 Ademais, Lucas 10.1-24 desdobra Lucas 9.51-52:

51 E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém 52 e enviou mensageiros que o antecedessem.

Nesses termos, é possível afirmar que Jesus enviou os “setenta”, a fim de anunciar a chegada do reino, especialmente em razão da proximidade de sua morte e ressurreição (o propósito de sua ida a Jerusalém). Sendo assim, esta “missão dos setenta” pode ser lida como um primeiro movimento que culminaria no mandato para o testemunho a todas as nações (cf. Lc 24.44-49).

Resumindo, Jesus deve ser precedido em cada vila e cidade. Ele ordenou aos “doze” e aos “setenta” a fazer isso viajando em duplas e visitando casas. E ele deseja que a mensagem do reino alcance todas as etnias. O apóstolo Paulo praticou esta instrução (em suas viagens para estabelecimento de novas igrejas). Isso quer dizer que, pensar na evangelização das nações corresponde a pensar na evangelização das vilas e cidades.

7 BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 1. ed. São Paulo; Barueri: Cultura Cristã; Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, nota “10.1 outros setenta”, p. 1198.

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2. O funcionamento da visitação evangelística

A visitação evangelística consiste, basicamente, em interagir com pessoas e famílias, às vezes junto ao portão, ou dentro de uma casa; outras vezes, em frente a um estabelecimento comercial ou na rua, enquanto transitamos de uma casa para outra.

As duplas ou equipes de visitação utilizam a camiseta do Nosso IDE, e conversam com pessoas. Simples assim.

A abordagem muda de acordo com o tipo de local visitado, como segue:

• Casas: Conversa pessoal com pessoa disponível no momento da visita. • Apartamentos e condomínios: Conversa pessoal com pessoa disponível

no momento da visita, de acordo com autorização do síndico ou empresa administradora do condomínio. Entrega de correspondência ou material em escaninhos ou caixas de correspondência, após autorização do responsável.

• Instituições, escritórios e estabelecimentos comerciais: Conversa pessoal com pessoa disponível no momento da visita, de acordo com autorização do responsável pela empresa. Entrega de correspondência ou material aos funcionários, após permissão.

Vejamos a seguir os passos da visitação evangelística.

2.1. Procedimentos da visitação evangelística

É importante atentar para procedimentos antes, durante e depois das saídas.

2.1.1. Material usado na visitação evangelística

• Bíblia Sagrada. • Camiseta de identificação. • Prancheta com:

o Mapeamento da cidade ou bairro. o Pesquisa religiosa.

• Folhetos (porções bíblicas). • Livreto Mensagens de Fé. • Caneta. • Convite (para assistir o culto ou conhecer a igreja).

Não há problema em usar chapéu ou boné (considerando o sol forte de nossa região). Ao adentrar em uma residência ou instituição o boné ou chapéu é retirado, em sinal de respeito.

2.1.2. Reunião antes de sair

Os voluntários se encontram na base de trabalho para:

• Receber instruções (roteiro da tarefa e informações úteis).

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• Motivação mútua. • Divisão das duplas ou equipes. Definição de líder e secretário da dupla.

Por segurança, o ideal é que cada dupla seja formada por um homem e uma mulher.

• Oração. • Informação sobre o horário de retorno e saída para visitas.

Entre as instruções e saída para visitas, não se deve demorar mais do que trinta minutos. Para que isso seja assim, todo o material para trabalho das equipes (pranchetas montadas, folhetos, livretos etc.) deve estar pronto na noite anterior ao início do trabalho. Isso significa que a delimitação da área a ser visitada, bem como a divisão desta área entre as equipes, deve também ser feita até a noite anterior ao início do trabalho (pois em cada prancheta já deve constar o mapeamento da área para cada dupla ou equipe).

2.1.3. A postura das equipes nas ruas ou diante das casas

A caminhada das equipes nas ruas já é um testemunho do evangelho. Se a dupla é formada por um casal, é importante entender que, ainda que o romantismo seja algo bom e bíblico, no trabalho de visitação evangelística o casal não deve abraçar-se, nem se beijar.

Atentemos ainda para nosso linguajar, bem como para o tipo de brincadeiras que fazemos. Isso não significa que a visitação evangelística exija que trabalhemos travados ou sisudos. O importante é que nós não nos tornemos obstáculos à mensagem que pregamos (1Co 9.19-27).

Se a equipe decidir parar para comprar uma água, ou tomar um café, é interessante aproveitar esta oportunidade para evangelizar as pessoas do comércio.

O ideal é caminhar em espírito de oração, pedindo a Deus que nos dirija às pessoas e lugares certos, usando-nos como instrumentos de seu amor e salvação.

2.1.4. Os diálogos e procedimentos da visitação evangelística

Não há um script rígido para os diálogos da visitação evangelística. Nós trabalhamos sob a promessa de nosso Senhor Jesus Cristo:

16 Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. 17 E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas; 18 por minha causa sereis levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. 19 E, quando vos entregarem, não cuideis em como ou o que haveis de falar, porque, naquela hora, vos será concedido o que haveis de dizer, 20 visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós (Mt 10.16-20).

Esta é a razão pela qual a visitação evangelística deve ser feita no poder e dependência absoluta do Espírito Santo (At 1.8; 8.29).

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De modo geral, nas conversas, nós nos identificamos imediata e honestamente como membros da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Se não existe IPB na cidade, nós dizemos que estamos pedindo orientação de Deus, desejosos que iniciar uma nova igreja ali.8

Dialogamos buscando ser sensíveis e compreensivos, suplicando a Deus que nos ajude a encaminhar a conversa para a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. Daí afirmamos que nosso objetivo é compartilhar o amor de Deus, revelado em Cristo, e perguntamos se a pessoa dispõe de sete minutos para ouvir sobre Jesus e participar de uma pesquisa religiosa (cf. apêndice, p. 13).

Se ele disser “não”, nós entregamos uma literatura e convidamos para o culto que haverá na noite de sábado. Se ele disser “sim”, nós prosseguimos com a evangelização e pesquisa.

Vejamos os passos da visitação, com mais detalhes.

1. Bater (na porta, palmas, tocar campainha, chamar no interfone etc.). Cumprimentar a pessoa que nos recebe (bom dia, boa tarde etc.). Apresentar-se.

2. Dizer que nosso objetivo é compartilhar o amor de Deus e, ao mesmo tempo, preencher uma pesquisa religiosa. Perguntar se pessoa pode dedicar sete minutos para ouvir sobre Jesus e participar desta pesquisa. Se a pessoa mantiver o interesse e permitir entrada, prosseguir. Se não, presenteá-la com uma porção bíblica e convite para atividades, agradecer e despedir-se. Registrar a recepção na pesquisa.

3. Ao entrar na residência, dizer: “Paz seja nesta casa”. 4. Ler e expor, em 5 minutos, Mateus 11.28-30 (cf. sugestão de exposição, a

seguir). 5. Verificar o entendimento dos ouvintes, dando-lhes oportunidade de falar

sobre o que ouviram. 6. Fazer três perguntas:

6.1. O Senhor, a Senhora ou você gostaria de receber Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador e Senhor?

6.2. O Senhor, a Senhora ou você deseja receber outra visita nesta próxima semana?

6.3. O Senhor, a Senhora ou você gostaria de fazer um curso bíblico rápido, em 2 encontros? Se a pessoa mantiver o interesse, prosseguir. Se não, presenteá-la com uma porção bíblica e divulgação de atividades, agradecer e despedir-se. Registrar a recepção na pesquisa.

7. Orar. 8. Agendar próximos estudos. 9. Presentear com o livreto Mensagens da Fé. 10. Deixar um convite para outras atividades (da igreja ou do Nosso IDE).

8 Esta abordagem não é muito popular entre alguns teólogos da contextualização. Alguns estudiosos e plantadores de igrejas propõem que a igreja deve ser revelada depois de Jesus. E há quem sugira que, para “ganhar o homem contemporâneo”, o melhor é evitar qualquer uso do vocábulo “igreja”.

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11. Despedir-se dizendo: “Muito obrigado por nos receber. Que a paz do Senhor Jesus Cristo continue sobre vocês”.

Eis o fluxo geral da visita evangelística (figura 01).

Figura 01: Fluxograma da visita evangelística.

Repetindo, a ordem dos passos acima é uma sugestão de trilha para o encaminhamento do diálogo. Em cada visita, a dupla ou equipe funciona sob a direção viva do Espírito Santo, de modo que coisas muito diferentes podem acontecer.

2.1.5. A exposição de Mateus 11.28-30

O texto que utilizamos nas visitações evangelísticas é Mateus 11.28-30:

28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

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A escolha deste texto não é por acaso. Neste 11º capítulo de Mateus, Jesus realiza o trabalho de visitação evangelística “nas cidades” (Mt 11.1). O resultado de sua pregação é o seguinte: Alguns acreditam nele e outros o rejeitam (Mt 11.15-19, 25-27). Notemos que algumas partes de Mateus 11 (o capítulo que fala do trabalho evangelístico de Jesus) são paralelas a Lucas 10 (o capítulo que fala do trabalho evangelístico dos “setenta”). Por exemplo, Mateus 11.20-24 é paralelo a Lucas 10.13-16 e Mateus 11.25-27 é paralelo a Lucas 10.21-22.

Em ambos os capítulos Jesus é revelado como “Salvador dos humildes”. E Mateus 11.28-30 contém um chamado tocante de Jesus a estas pessoas “humildes”. Daí, eis uma sugestão de roteiro para exposição breve do texto.

Jesus nos faz um convite: “Vinde a mim” (v. 28). É um chamado para aproximação — estamos distantes dele; precisamos ir até ele. E quem é convidado a ir até Jesus? “Todos os que estão cansados e sobrecarregados”. Na verdade, nosso maior problema é este. Porque estamos distantes dele, estamos exaustos. Tentamos “tocar nossa vida” confiando em nossa própria força, em nossa inteligência, em nós mesmos. Ou vivemos confiados em ídolos; talvez até tenhamos uma religião; mas ter uma religião não é o mesmo do que conhecer Jesus Cristo como Senhor, Salvador e amigo. A vida nos “sobrecarrega”. Nossos problemas nos “sobrecarregam”. Nossos pecados nos “sobrecarregam”. E o diabo nos “sobrecarrega”. Precisamos de força para viver. Precisamos de perdão dos pecados. Precisamos ser libertos do poder do mal. Recebemos libertação quando aceitamos o convite de Jesus: “Vinde a mim”. Ele não nos convida a ir até uma instituição religiosa. Nem a abraçar uma ideologia. Ele nos convida a conhecer uma Pessoa — ele mesmo. Ele veio ao mundo para nos reconciliar com Deus Pai. João 3.16-17 diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. Nós estávamos condenados à morte eterna, por causa de nossos pecados, mas Jesus morreu em nosso lugar, para que tivéssemos vida. Por isso ele diz, em João 10.11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. E o que Jesus promete a quem vai até ele? “Eu vos aliviarei”. Jesus promete alívio [o substantivo utilizado aqui, anapauō, equivale ao descanso depois de um dia de trabalho exaustivo]. E o que significa “ir até Jesus”? Primeiro, “tomar sobre nós o jugo de Jesus”. “Tomar o jugo” significa se tornar um discípulo ou seguidor de Jesus. Daí as palavras seguintes. Temos de “aprender dele” que é “manso e humilde de coração”. Quem faz isso encontra “descanso [outro substantivo, anapausis, o alívio dos problemas e da ansiedade ligada a eles] para a alma. Porque o jugo de Jesus é suave, e fardo de Jesus é leve”.

Como vimos na seção 2.1.4, depois da exposição de Mateus 11.28-30, nós verificamos o aprendizado e fazemos as três perguntas de aplicação do evangelho.

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2.1.6. Reunião após as visitas

O horário de retorno, mencionado na seção 2.1.2, deve ser cumprido à risca, pois os grupos todos têm de se reunir para a tarefa de conclusão geral do trabalho.

Os voluntários retornam à base de trabalho para:

• Entregar seus mapas atualizados (com as casas visitadas marcadas) e formulários de pesquisa.

• Compartilhar experiências marcantes das equipes. • Motivar-se mutuamente. • Encaminhar providências de discipulado-pastoreio. • Orar finalizando o trabalho.

É importante compreender que a visitação evangelística é realizada no contexto de outras atividades do Nosso IDE.

2.2. Outras atividades do Nosso IDE

Caso sejam realizadas dentro do Nosso IDE, as visitas evangelísticas serão acompanhadas das seguintes ações.

2.2.1. Cultos em lugares públicos

Atividades realizadas em lugares de concentração de circunstantes e pessoas visitadas. Estas reuniões de adoração seguem os moldes litúrgicos da igreja, com sermão evangelístico.

2.2.2. Outras ações evangelísticas

Iniciativas de conexão e evangelização (serviço à comunidade, atividades com crianças, esportes, serviços comunitários, música, artes, multimídia, filmes etc.).

Cuidaremos para implementar ações consistentes com a doutrina, liturgia e vida normal da igreja, para que não haja dissonância entre o método de evangelização e a igreja em seu dia-a-dia.

2.2.3. Discipulado inicial

Forneceremos aos interessados estudos bíblicos de introdução ao discipulado.

• Este trabalho será feito em duplas ou equipes. • Realizar dois estudos com material Crescimento e Discipulado (lições 4 e 5). • Convidar para Estudo Bíblico na base (continuidade do estudo).

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Considerações finais

Notemos que a visitação evangelística é um trabalho simples, sem exigências de conhecimentos sofisticados de teologia ou estratégias mirabolantes.

Não somos impulsionados por nenhuma visão romântica nem por um devaneio de crescimento instantâneo da igreja. Não nos apresentamos como poderosos, nem recebemos qualquer tipo de nova revelação, afirmando que esse método é a visão inequívoca que precederá ao avivamento ou coisa semelhante. Ademais, não forçamos os membros da igreja a integrar-se às equipes de visitação. Tudo é feito voluntariamente.

Somos impulsionados pelo desejo simples de servir a Deus. Queremos falar de seu amor em cada residência, instituição, comércio ou escritório em que isso for possível; nada mais.

Animados por esse intuito, arriscamos uma santa previsão: Os que se engajarem nessa tarefa voltarão “com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126.4-6).

Os céus confirmarão a validade dessa iniciativa.

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Apêndice: Pesquisa religiosa

I. Dados iniciais

1. Rua: _____________________________________________________ Nº: ____

Bairro: ____________________________ CEP: _________________________

Cidade/Estado: __________________________________

2. Não cadastrada porque:

( ) Não quis responder ( ) Não Atendeu ( ) Não estava – local ou casa vazia

II. Info morador (es)

3. Nome: _________________________________________________________________

Sexo: ( ) M ( ) F | Faixa etária: ( ) Jovem ( ) Adulto ( ) Meia idade ( ) Idoso

4. Religião:

( ) Ateu ( ) Católica ( ) Espírita ( ) Evangélica

Qual igreja evangélica? ______________________________________________________

( ) Outra crença.

Qual crença? ______________________________________________________

Participação na religião ou crença (frequência):

( ) Semanal ( ) Quinzenal ( ) Mensal ( ) Eventual ( ) Afastado

III. Interesse em visita ou estudo bíblico

5. O morador

( ) Ouviu a exposição de Mateus 11.28-30 ( ) Não quis ouvir

6. Deseja outra visita? ( ) Sim ( ) Não

7. Deseja estudo bíblico? ( ) Sim ( ) Não

8. Que tipo de estudo bíblico?

( ) Presencial ( ) Correspondência ( ) E-mail ( ) WhatsApp

— Visitação evangelística | 14 —

9. Observações:

10. Dias e horários para o estudo: _________________________________

11. Telefone fixo: (_____) ________________

12. Celular: (_____) ________________

13. E-mail: ______________________________________________________

Data: ______/______/ 201____ | Hora: __________

Equipe: ___________________________________________________________

— Visitação evangelística | 15 —

Referências bibliográficas

AMORIM, Marcos Severo de. Avanço missionário urbano e prática de evangelismo pessoal. Rio Grande do Norte, [200-?]. Apostila não publicada.

BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 1.ed. São Paulo; Barueri: Cultura Cristã; Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

HENDRIKSEN, William. Lucas. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. v. 2. (Comentário do Novo Testamento).