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O A ITO O A ITO O A ITO O A ITO O A ITO “O sol é o verdadeiro Deus do mundo material”(Bautista Vidal) BAUTISTA VIDAL EXCLUSIVO BV: “A mídia e o poder financeiro entregues a bandidos foram os dois grandes pecados dos militares” Editor: Frederico de Oliveira Apresentação: Gilberto Felisberto Vasconcelos Perguntas formuladas por: Frederico de Oliveira GilbertoVasconcelos José Sette Mario Drumond Entrevistador: Mario Drumond Fotos: Leo Drumond (exclusivas para O Apito) Em Belo Horizonte, no hotel Othon Palace, no dia 15 de junho de 2002, durante o Congresso do Sindicato de Farmacêuticos de Minas Gerais. (A entrevista foi gravada em vídeo VHS com qualidade amadora) O APITO – EDIÇÃO ESPECIAL O Apito; instrumento de sinalização, aviso, alerta, coordenação e organização de conjuntos e alas. Nacionalista, na acepção universalista do termo, ou seja, solidário com os povos do mundo que lutam contra a opressão imperialista. O processo civilizatório contemporâneo como dependente de energia tecnizada. A energia do petróleo e do carvão mineral como vetores principais do poder imperialista e sua força de opressão sobre os povos. A saída pela escola da biomassa: uma entrevista exclusiva com o cientista e professor José Walter BAUTISTA VIDAL Meus amigos e parceiros d’O Apito, Esta entrevista é histórica. O sul de Minas dá mostra de que desponta como vanguarda mundial na abordagem energética e tecnológica. Biomassa é EROS. Pulsão de vida. Vontade de existir e de viver do povo brasileiro. E o babalaorixá da escola da biomassa chama-se José Walter BAUTISTA VIDAL, que alguns confundem com BRASIL VITAL: a essência da nossa época. A entrevista foi gravada em vídeo, pegando-o com som e imagem, o que aliás é o melhor jeito de apresentá-lo. J. W. Bautista Vidal é um excepcional homo loquens. Fala bem demais. Tem o dom da palavra e do pensamento. Trata-se de um comunicador audiovisual de primeira qualidade. Pensa falando e, simultaneamente, fala pensando. Igual a ele só conheci outro com essa capacidade de expressão oral: Glauber Rocha. O leitor verá se tenho ou não razão em vislumbrá-lo um dia Presidente da República, para materializar o programa social e político da biomassa. Andando de taxi em Juiz de Fora, conversa vai, conversa vem, o chofer me disse que só votaria num cara baixinho e corajoso que ele viu na televisão falando do álcool. Era o Bautista! Temos gastado muita munição para tentar convencer algum presidenciável em 2002 rumo à biomassa no poder. Até agora nada de concreto aconteceu. Existe um bloqueio mental pesado, difícil de ser rompido. A alienação energética é uma praga, mas sem rompê-la nada feito – vamos continuar nesta dor desnecessária de ser brasileiro explorado e, daqui a pouco, em vias de sumir do mapa. Genocídio programado. Gilberto Felisberto Vasconcelos PERIÓDICO QUINZENAL DE OPINIÃO, POLÍTICA E CULTURA VOL. II Nº 41 - EDIÇÃO ESPECIAL ALFENAS, MG 1 DE AGOSTO DE 2002 Leo Drumond NASA BIO- BIO- BIO- BIO- BIO- MASSA MASSA MASSA MASSA MASSA JÁ! JÁ! JÁ! JÁ! JÁ! ENCARTE Marcelo Guimarães: a biomassa em Minas Gerais

VOL. II Nº 40 EDIÇÃO ESPECIAL 15 DE JUNHO DE 2002 ... - Café Novo Mundo · Deus do mundo material”(Bautista ... conhecimento do assunto. E a coisa fica muito feia, não é?

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PÁGINA 1VOL. II Nº 40 EDIÇÃO ESPECIAL 15 DE JUNHO DE 2002

O A ITOO A ITOO A ITOO A ITOO A ITO“O sol é o verdadeiroDeus do mundomaterial”(Bautista Vidal)

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BV: “A mídia e o poderfinanceiro entregues abandidos foram os dois grandespecados dos militares”

Editor:Frederico de Oliveira

Apresentação:Gilberto Felisberto Vasconcelos

Perguntas formuladas por:Frederico de OliveiraGilbertoVasconcelosJosé SetteMario Drumond

Entrevistador:Mario Drumond

Fotos:Leo Drumond(exclusivas para O Apito)

Em Belo Horizonte, no hotelOthon Palace, no dia 15 dejunho de 2002, durante oCongresso do Sindicato deFarmacêuticos de MinasGerais.

(A entrevista foi gravada emvídeo VHS com qualidadeamadora)

O APITO – EDIÇÃO ESPECIALO Apito; instrumento de sinalização, aviso, alerta,coordenação e organização de conjuntos e alas.

Nacionalista, na acepção universalista do termo, ou seja,solidário com os povos do mundo que lutam contra a

opressão imperialista.O processo civilizatório contemporâneo como dependente de

energia tecnizada.A energia do petróleo e do carvão mineral como vetoresprincipais do poder imperialista e sua força de opressão

sobre os povos.A saída pela escola da biomassa:

uma entrevista exclusiva com o cientista e professor

José Walter BAUTISTA VIDAL

Meus amigos eparceiros d’O Apito,

Esta entrevista éhistórica. O sul deMinas dá mostra deque desponta comovanguarda mundialna abordagemenergética etecnológica.

Biomassa é EROS.Pulsão de vida.Vontade de existir e deviver do povobrasileiro. E obabalaorixá da escolada biomassa chama-seJosé Walter BAUTISTAVIDAL, que algunsconfundem comBRASIL VITAL: aessência da nossaépoca.

A entrevista foigravada em vídeo,pegando-o com som eimagem, o que aliás éo melhor jeito deapresentá-lo.

J. W. Bautista Vidal éum excepcional homoloquens. Fala bemdemais. Tem o dom dapalavra e dopensamento.

Trata-se de umcomunicadoraudiovisual deprimeira qualidade.Pensa falando e,simultaneamente, falapensando. Igual a elesó conheci outro comessa capacidade deexpressão oral:Glauber Rocha.

O leitor verá se tenhoou não razão emvislumbrá-lo um diaPresidente daRepública, paramaterializar oprograma social epolítico da biomassa.Andando de taxi emJuiz de Fora, conversavai, conversa vem, ochofer me disseque sóvotarianumcara

baixinho e corajosoque ele viu na televisãofalando do álcool.

Era o Bautista!

Temos gastado muitamunição para tentarconvencer algumpresidenciável em2002 rumo à biomassano poder. Até agoranada de concretoaconteceu. Existe umbloqueio mentalpesado, difícil de serrompido. A alienaçãoenergética é umapraga, mas semrompê-la nada feito –vamos continuar nestador desnecessária deser brasileiroexplorado e, daqui apouco, em vias desumir do mapa.Genocídioprogramado.

Gilberto FelisbertoVasconcelos

PERIÓDICO QUINZENAL DE OPINIÃO, POLÍTICA E CULTURAVOL. II Nº 41 - EDIÇÃO ESPECIAL ALFENAS, MG 1 DE AGOSTO DE 2002

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JÁ!JÁ!JÁ!JÁ!JÁ!

ENCARTEMarcelo

Guimarães:a biomassa emMinas Gerais

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O APITO: Prof. BautistaVidal, a escola da biomassaé um projeto de miltância,de resistência?

BV: Está se tornando, não é?Porque a existência de umasolução natural, dapreservação do equilíbriotermodinâmico da endosfera étão evidente que todos nósque acreditamos nas suaspossibilidades estamos nostransformando em militantes.Há vinte anos, depois que meaposentei, que me dedicoexclusivamente a isso,viajando pelo Brasil, fazendoconferências. Os ambientesse abrem; os estudantes, osuniversitários, os militares, aEscola Superior de Guerra,ontem falei em São Paulopara quinhentos empresáriose, claro, correntes fortíssimasda vida das pessoas estãotomando consciência disso.Entretando as estruturas dopoder não tomam o menorconhecimento do assunto. E acoisa fica muito feia, não é? Omundo está em guerra porcausa do petróleo. As torresde Manhattan, o Afeganistão,a questão dos palestinos...tudo isso é o petróleo.

O APITO: E o Iraque...

BV: Sim , o Iraque...

O APITO: O Sr. esteve há

pouco tempo no Iraque, nãoé?

BV: Estive.

O APITO: E o que andoufazendo por lá, com oSaddam?

BV: Lá tem um institutochamado o “Instituto dosSábios”, que tem 1200 anosde idade. Este institutopromoveu lá um debate sobrea globalização. Convidarampersonalidades do mundointeiro. E me convidaram.

O APITO: Algum outrobrasileiro foi tambémconvidado?

BV: Foram, foram convidadosbrasileiros ilustres, gente demuito peso, por exemplo, oAdriano Bernayon, que é umgrande professor, o NilsonAraujo, que é tambémprofessor em São Paulo, iatambém um senador do PDT,que na última hora não podeir... mas fomos um bom grupo,gente bem selecionada... E anossa opinião predominou naconferência. Tinha gente doCadar, da Espanha, daArgélia, era um debatemundial. O Saddam queriasaber se o Iraque deveriaentrar na globalização ou não.E chamou gente de todas ascorrentes. Parece que

internamente havia um grupocontra e outro a favor. E aposição brasileira foi unânime,isto é, absolutamentecontrária. E ganhou essaposição. Mas foi uma coisamuito interessante. E nósfomos naqueles dias que osamericanos diziam que iambombardear o Iraque. Fomospara lá já sob a ameaça dereceber as bombas na cabeça.Mas como é que íamos deixarde ir; todos iam dizer quesomos uns medrosos.

O APITO: Professor,voltando ao tema damilitância. A militância podeser feita no dia a dia,coletiva e individualmente,etc. O que o Sr. sugeriria àspessoas que gostariam detrabalhar em favor dessagrande idéia da biomassa?Como melhor contribuirpara tudo isso?

BV: Para que isso venha aocorrer, e já está ocorrendo, énecessário que se tenha umconhecimento profundo daquestão. Porque a questão dabiomassa é uma revoluçãomundial. É você sair de umaera, que já vem de duzentosanos, que é a era do petróleoe do carvão mineral, que aliásfoi um projeto suicida porquefoi um projeto que movimentae depois acaba, pois o petróleoé fonte de energia que seesgota. E aí, você movimentartodo esse parque industrial,essa infraestrutura detransportes, telecomunicações,etc, com cuspe? Pois tudo issoé energia, sem energia nadadisso funciona. Então nóstemos a energia tropical,limpa, renovável, que vairesolver todo o problema domundo, não há a menordúvida. É preciso portantoconhecer, é precisoaprofundar. Em todo o tempoque estou nisso, desde aépoca do Ministro Severo(Gomes), eu esperava queessas idéias, que fereminteresses mundiais,provocassem represálias,debates, polêmicas... mas,nada. Isso porque eles nãotêm argumento, a nossaargumentação é imbatível.Então a saída deles é sabotar,eles fazem silêncio sobre tudoisso. A grande mídiabrasileira, a grande imprensa,não nos permite um segundo

sequer sobre essa questão. Éum bloqueio que poderíamosdizer que é diabólico.Enquanto a televisão francesajá fez um programa de duashoras, a BBC de Londres fezum de uma hora e meia, quecorreu o mundo, a televisãobrasileira nunca fez umprograma nem de cincominutos sobre o ProgramaNacional do Álcool. Isso éporque essa gente toda nãotem autonomia, sãodependentes, dependem dedinheiro das companhias depetróleo, das fábricas deautomóveis e, é claro, eles sãoservis. Mas, voltando àquestão da militância que vocêabordou, temos o caso doGilberto Vasconcelos, que édoutor em sociologia, grandeprofessor, um homem muitoindependente; e ele ama aterra dele, ele defende a terradele até as últimasconsequências... O Gilbertoescreveu um livro, que é omelhor livro que já foi escritosobre o governo FHC, chama-se “O Príncipe da Moeda”,que tem um capítulo inteirosobre o meu trabalho e aquestão da biomassa! Umcapítulo inteiro! E o Gilbertonem me conhecia! E eu sousurpreendido com aquele livro.Quer dizer, o Gilberto setornou um militante, hoje ele éuma das pessoas que maisentende sobre o assunto nessaárea de ciências políticas esociais. É um dos maispreparados, ele sabe tudo...Porque? Ele se entusiasmou,ele se aprofundou, eleestudou. E é por aí que temosde construir essa militância.Umamilitânciacompetente,comprome-tida com asua terra,com ofuturo dahumanidade.

O APITO:Sobre esseboicote damídia, vem ao caso agorauma pergunta do Fredericode Oliveira, editor d’OApito. A Biomassa escapariado controle internacional dolobby dos controladores doslucros dos combustíveisfósseis?

BV: A biomassa temcaracterísticas muitopeculiares. Ela só é possívelonde tem muito sol. Ela não épossível nos paíseshegemônicos, pois todos elesestão situados em regiõestemperadas do HemisférioNorte. A alternativa delesseria então a de que“tomassem” o nosso territórioe fizessem plantations...(plantações altamentemecanizadas) Mas você há deconvir que não seria fácilfazer plantations em oitomilhões de quilômetrosquadrados, não é? Por isso agrande estratégia que nóstemos para essa questão, paraque a biomassa continue nasmãos dos brasileiros, édescentralizar. Colocar emação um milhão deprodutores. Como é que elesvão controlar um milhão deprodutores? Eles controlamquando são cem, duzentos,trezentos... mas um milhão!?

O APITO: Mas dizem queeles já estão comprandoflorestas, a Shell andoucomprando grandesterritórios de florestas noBrasil?

BV: Sim, hoje mesmo eu tivea notícia que eles jácompraram oito usinas deálcool. Eles nunca tinhamconseguido comprar umausina de álcool. E são gruposestrangeiros. O ProgramaNacional do Álcool foi feitoreligiosa-mente na mão denacionais. Mas isso pareceque já está revertendo, não é?Todos já estão sabendo que a

soluçãomundial seráatravés dabiomassa,através doálcool,através dosóleosvegetais. Eo importanteé que abiomassaengloba tudo

isso mais a madeira, o carvãovegetal. Para se ter uma idéia,só o óleo de dendê daAmazônia – e o dendê é umexcepcional substituto do óleodiesel; você chega a fazerquarenta quilômetros por litroao invés dos dez que fazem osmotores a petróleo – poderá

“O mundo está em guerra por causa do petróleo. Astorres de Manhattan, o Afeganistão, a questão dos

palestinos... tudo isso é o petróleo.”

“... oito milhões de barrisdia! De óleo de dendê!Isso é a produção depetróleo da Arábia

Saudita. Então você derepente torna o Brasil a

maior potência energéticado mundo, somente

produzindo óleo de dendêda Amazônia.”

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nos dar uma produção de oitomilhões de barris/dia! De óleode dendê! Oito milhões! Isso éa produção de petróleo daArábia Saudita. Então você derepente torna o Brasil a maiorpotência energética do mundo,somente produzindo óleo dedendê da Amazônia.

O APITO: E o Sr. concordacom essa entrada deestrangeiros no projeto dabiomassa?

BV: Não, de jeito nenhum.Nós coordenamos o ProgramaNacional do Álcool. E osmilitares nacionalistascompraram essa idéia. Foi sóno governo do generalFigueiredo que começaram apensar em entregar a gruposexternos. A Volkswagenqueria comprar usinas, fazerusinas. A Basf da Alemanha.Mas aí esses militaresinterviram e disseram “não,isso aqui é área estratégica”.Claro que quando estávamosno Ministério isso não eraadmissível. Mas agora comesse governo entreguista,serviçal aos interessesexternos, eles entregaram oBrasil, entregaram o nossopatrimônio, entregaram a Valedo Rio Doce, a Usiminas, aEmbraer, a Embratel. Esse éum bando de delinquentes, e,futuramente, haverão depagar caro o mal que fizeramao Brasil. Eles sãoentreguistas, têm a mentecolonizada. E é claro que issocompromete a nossa vida, avida dos brasileiros e o futuroda juventude, dos nossosfilhos. Eles estão entregando ofuturo dos nossos filhos agrupos externos que não temnenhum compromisso com onosso país. E estamosperdendo não somente aqualidade de vida mastambém a dignidade humana.O homem para manter umavida digna tem de serindependente, tem de serjusto. E um serviçal nunca éindependente nem justo. Ele éo que é; um serviçal, umpuxa-saco...

O APITO: Agora umaquestão colocada peloGilberto Vasconcelos.Alienação tecnológica:natureza pródiga x poucatecnologia. Esse eternocomplexo de inferioridade

das nossas elites. Como oSr. vê essa questão?

BV: Olha eu tive queenfrentar esse problema noBrasil de frente: eu fui trêsvezes Secretário deTecnologia do Brasil em nívelfederal. É que há um grandedesconheci-mento sobreo que étecnologia.Um sujeitoanalfabeto,digamosassim, nestaquestão, eleacredita quetecnologia écoisa criadapor um povo louro, de olhosazuis... frescura, não é?...Não é nada disso. Tecnologiaé agregação dos fatoresabundantes na região onde seestá produzindo. Por exemplo,o Brasil tem 98% do nióbio domundo. Então o lugar maisadequado de se utilizar atecnologia do nióbio é o Brasil,porque nenhum outro país vaiquerer entrar no risco dedesenvolver uma tecnologiatendo como base um mineralque um país só detém quasetoda a sua reserva mundial. OBrasil tem um potencial decombustíveis renováveis, quealém de renováveis sãolimpos, para abastecer omundo com energia sólida,líquida e gasosa. Entretanto,os pacotes tecnológicos quenos são impostos obrigam-nosa usar as formas sujas deenergia. O que existe, além deuma grande confusão, é muitamá fé. Pois nós temos umagrande abundância de fontesde riqueza e de poder. Narealidade a grande fonte depoder é a energia. Então nóssomos uma superpotênciaenergética desse planeta.Evidentemente, os paíseshegemônicos por essa viatecnológica, e por essa falsaconsciência de idiotas que nãosabem o que é tecnologia,como são as nossas classesdirigentes, acabam por noscolocar nas mãos deles. Eainda se atrevem a dizer quenós não temos tecnologia!Como que nós não temostecnologia!? O período emque eu fui Secretário deTecnologia no Brasil foi operíodo em que nós saímosdesse modelo de dependência,

que foi um modelo trazido pelaCEPAL, quer dizer, foi aCEPAL que impôs essasituação de dependência. Masna época nós não levamos emconta esse modelo epassamos a resolver os nossosproblemas. E o que fizemosfoi caminhar nas direção das

energiasnossas,renováveise limpas, oProgramaNacional doÁlcool. Enostornamos oúnico paísdo mundoque possui

uma solução de energia muitosuperior à do petróleo. Claroque o americano nuncapoderá ter isso, porque elesnão têm sol. E isso é lógicoporque ninguém é maluco deusar tecnologia de coisas quenão possui. Então nessaquestão de energiasrenováveis e limpas nóssomos a nação maisdesenvolvidatecnologicamente do mundo!Nós temos o maior instituto detecnologia do álcool domundo. Vem americano,

japonês, alemães, tudo paraaprender. Mas eles não tendosol não podem aplicar lá. Nóssomos capazes de realizar noBrasil uma tecnologiaextremamente sofisticada, nafaixa de aviões de pequeno emédio porte, como a daEmbraer, que hoje fabrica asmelhores aeronaves dessacategoria. E que é o primeiroitem de exportaçõesbrasileiras. Nós hojeexportamos aeronaves para omundo inteiro, inclusive paraos EUA, com tecnologiaaltamente desenvolvida enacional. Nós tambémconseguimos desenvolver umatecnologia de prospecção depetróleo em grandesprofundidades marítimas.Você já imaginou um lugarcomo dois mil metros de água,com aquelas correntessubmarinas gigantescas, ondeo homem nunca chega, tudotem de ser feito por robôs, porautomação? Pois a Petrobrásé a única empresa do mundoque detém essa tecnologia,nenhum outro lugar tem. Omeu último livro, com oGilberto, “Petrobrás, umclarão na história” prova isto.Porque a Petrobrás é amelhor empresa de Petróleo, é

a única que é capaz derealizar prospecções emgrandes profundidadesmarítimas. A Shell, a Esso,...nenhuma dessas têm! Entãocomo é que nós nãodominamos a tecnologia?Dominamos a tecnologia daaeronáutica, dominamos atecnologia do petróleo,dominamos a da energia...Como é que não dominamos atecnologia? O que acontece éque a classe dirigentebrasileira - servil, que nãoutiliza a inteligência brasileira,que impede a inteligênciabrasileira de ser aplicada -fica numa dependênciavergonhosa de tecnologiasporcas e ineficientes. Essa éuma mitologia completamentefalsa e que não bate comqualquer realidade. Eu nãolevei nem cinco minutos parabotá-la por terra, não é?

O APITO: Vem agora umaquestão colocada pelo JoséSette, cineasta e colunistad’O Apito. Ele pergunta oseguinte: em que nível depreço deve chegar opetróleo brasileiro para queele viabilise o álcool, se ogrande argumento é que elesempre foi mais caro para o

“Na realidade a grande fonte depoder é a energia. Então nós somosuma superpotência energéticadesse planeta.”

“Como é que nãodominamos a tecnologia? Oque acontece é que a classedirigente brasileira - servil,

que não utiliza ainteligência brasileira, que

impede a inteligênciabrasileira de ser aplicada -

fica numa dependênciavergonhosa de tecnologias

porcas e ineficientes.”

O APITO - PERIÓDICO QUINZENAL DE OPINIÃO, POLÍTICA E CULTURA PÁGINA 4

governo, que a velha etradicional gasolina?

BV: Isso aí é tremendamentira, ouviu, queira medesculpar. Isso faz parte daignorância geral sobre aquestão -sem estardesmerecendo quem fez apergunta. Repare, vou lhefazer a seguinte pergunta: oque você acha que é maiscaro? Plantar um pé de dendê- nem precisa plantar porqueele já está lá - que leva quatroanos para crescer e ficaquarenta anos produzindo.Você pega o coquinho,esmaga o coquinho, tira oóleo, filtra num filtro de papeldaqueles de fazer o café eestá pronto! Bota no motor eele faz quarenta quilômetroscom um litro. É mais carofazer isso ou ir buscarpetróleo a grandesprofundidades no fundo domar, a dois mil metros deprofundidade, depois furaroutros dois mil metros, eequipamentos e isso e aquilo?Só um idiota vai dizer que émais caro, não é? O que há éuma tremenda picaretagematravés de taxas de câmbio,que é uma taxa arbitrária e éuma arbitrariedade. Vocêtorna qualquer coisa viável ouinviável através da taxa decâmbio. Há também os juros;você obriga ao empresáriobrasileiro pagar 60 a 80% dejuros, enquanto que oempresário americano paga2%, o japonês paga zero.Como é que o empresáriobrasileiro, que paga essastaxas, vai poder competir como empresário americano ejaponês que não paga nada ouquase nada? Só idiota que nãosabe nem aritmética, não é? Ecom isso eles montam todaessa máquina de subjugação,irracional, e depois vem dizerque os brasileiros é que sãoincompetentes,despreparados. Repare quemecanismos absurdosestamos vivendo. E o governo,os ministros, as autoridadesbrasileiras participam dessejogo contra o país! Quem éque manda hoje no país?Quem manda no Brasil hojesão três agentes de bancos dosistema financeirointernacional: o Malan, oFraga e o Gros. São agentes!O Malan é empregado doBanco Mundial; o Fraga é o

homem do Soros, que é odono da moeda e donarcotráfico mundial; e o Grosé empregado da StanleyFischer, uma financeira norte-americana. Esses homensservem ao jogo e aosinteresses dos grupos a queeles pertencem e esse jogo eesses interesses sãocontrários aos do povobrasileiro.

O APITO: Cabe aqui umapergunta do Frederico, queeu acho interessante nestemomento: a biomassa é umaproposta queengendrauma visão dedesenvolvi-mento auto-sustentado eque desafia aglobalização.Isso recria aperspectivada guerra doParaguai?

BV: (Risos)Olha, essa éuma perguntacomplicada,porque, donosso ponto devista – não!Sobretudoporque nóspodemos resolver a situaçãode países decadentes queestão no fim das suasreservas de petróleo. EstadosUnidos por exemplo. Elespossuem petróleo no seuterritório para quatro anos.Por isso que eles invadirammilitarmente o Oriente Médio.O Japão para zero anos. AAlemanha para zero anos. Enós podemos ajudar a tiraresses países da decadência eda inviabilidade. Osdecadentes são eles porqueeles não têm soluçõesenergéticas para o futuro.Evidentemente este fato noscoloca numa situaçãoaltamente privilegiada. Oque é que está acontecendocom os países que detêm asmaiores reservas depetróleo do mundo, hoje? OIrã, o Iraque, a Líbia... estãosendo massacrados!Porque? Porque eles sãomuito ricos. Então os outrosque não possuem essa riquezausam as armas - pois têm umaenorme capacidade paramatar - para tomar o que não

é deles. Isso é roubomonumental, isso édelinquência sem limites!

O APITO: A própria Guerrado Paraguai não foi maisque um verdadeirogenocídio promovido pelarainha da Inglaterra,utilizando-se das elitesbrasileiras, argentinas euruguaias para liquidar umpaís que estava com umprojeto bem sucedido dedesenvolvimento auto-sustentável.

BV: É verdade. Mas o SolanoLopez, no meu entender, elenão tinha uma visão dealianças possíveis. Eu não seitambém se era possível fazeralianças, é difícil explicar. Ofato é que ele feriu osinteresses da Inglaterra e essausou do Brasil, Argentina eUruguai para destruir oParaguai. Agora, repare oseguinte: a situação atual dopetróleo é tão grave que não

seria interessante para elesnos massacrar. O que devemfazer é permitir que nós osajudemos fornecendo energiaa custo muito baixo, que nós

podemos fornecer. Porexemplo, os Estados Unidosestão produzindo álcool emgrande quantidade a partir domilho. Só que a produtividadedeles é muito baixa, custa pelomenos o dobro do queproduzimos aqui no Brasil. Seeles comprassem o álcool nanossa mão, o álcool poderiacustar para o americanometade do que está custando.Agora, o interesse dosempresários americanos édizer “não, nós queremosproduzir o nosso próprioálcool”. De certa forma, eles

estão certos.Quem secomporta demaneira opostasão os idiotasdos dirigentesbrasileiros quetiram a defesada nossaprodução paradefenderprodutosestrangeiros. Eisso nenhumpaís do mundofaz. Estão aídiscutindoporque aagriculturabrasileira éimbatível e porisso não abrem

o mercado internacionalagrícola. Mas se abrirem oBrasil toma conta do mercadomundial agrícola porque anossa capacidade e eficiênciade produção é de fatoimbatível. Como é que aEuropa vai competir com oBrasil? Como é que osEstados Unidos vão competircom o Brasil? Aí eles colocamsobretaxas como no caso dalaranja, como no caso do

álcool, como no caso doaçúcar... e sobretaxa sobresobretaxa! Com isso elesgarantem a produção deles.E eu acho que eles estãocertos. Nós tínhamos é quedefender o nosso lado.Porque não procuramospromover o nossodesenvolvimento poriniciativas que eles nuncavão poder oferecerresistência? Eles não vãoabrir mão de defender suas

produções. Porque nós nãopegamos os nossos 53 milhõesde brasileiros que vivem namiséria e colocamos todoseles no mercado? Você tem

um mercado de 53 milhões depessoas que hoje nãoconsomem nada. Então nósíamos crescer 20 anos acimado crescimento da China sócom esse mercado interno!Olha que projeto fantástico! Élamentável que nenhumcandidato a Presidência daRepública pense nessascoisas.

O APITO: Nisso, vem namosca uma perguntacolocada pelo GilbertoVasconcelos: a políticanacional hoje (sucessãopresidencial) e a Escola daBiomassa. A biomassa temalguma chance de podernesse quadro sucessório?

BV: Olha eu vou te dizer umacoisa muito séria, muito grave;mas é fruto de uma convicçãoque foi amadurecendo emmim ao longo do tempo. Achamada “política” (faz asaspas com os dedos) não épolítica coisa nenhuma! Ébanditismo! O sistema políticoestá podre; ele não temprojeto, ele não temalternativa, ele não temdefesa. Você veja o seguinte:os dois últimos presidentes,Fernando Henrique e Collorfizeram questão de nãodebater suas idéias. Issoporque eles não tinham idéias!Apesar de que o debate natelevisão é uma vergonha: “oSr. tem dois minutos paradizer o seu programa para opaís.” Quer dizer, só um idiotafaz uma pergunta dessas. Foiassim que as televisõesbrasileiras trataram oscandidatos. Mas os dois queganharam nem sequer foramlá! O que mostra adegradação, a desvinculaçãodessas pessoas com a opiniãopública.

O APITO: Mas em relação àsucessão hoje?

BV: Nenhum deles temprojeto. E nem se interessampor ter. Está aí o GilbertoVasconcelos escrevendolivros, provando que o Brasilpode ser um país muito rico,muito poderoso, e ninguémquer saber! E olha que oGilberto nesse ponto tem sidoinsistente, não é? Elepressiona inclusive aquelesque consideramos maispróximos de nós. E nem

“Porque nós não pegamosos nossos 53 milhões debrasileiros que vivem na

miséria e colocamos todoseles no mercado? (...) nós

íamos crescer 20 anosacima do crescimento da

China só com esse mercadointerno! Olha que projeto

fantástico!”

O dendê da Amazônia: “quatro anos para crescer e produzir porquarenta anos.” Produz excelente substituto do óleo diesel capaz de

fazer 40 quilômetros por litro. Energia limpa, renovável e nossa.

INTE

RN

ET

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esses. Eu não quero citarnomes, na realidade todosestão na mesma linha... Porexemplo, o Lula. O Lula éuma pessoa razoável, eu achoque o Lula, como um homemdo povo, tem colocações quesão menos ruins do que as dosoutros. Mas o time deeconomistas dele não entendebulhufas dessas coisas! Ostais economistas! Economistasparece que só sabem contardinheiro, não entendem nadade natureza, de terra, deágua, de riqueza propriamentedita. Eles não entendem domundo concreto. As teoriaseconômicas excluem os fatosfundamentais da economia: aenergia, a tecnologia e asmatérias primas. O que entraé o papel pintado, que nempapel pintado é mais, eleagora é digital. E isso édinheiro falso. E essa é avariável das teoriaseconômicas, que oseconomistas manipulam.Então não acertam uma, nãoé? Não tratam do mundoconcreto, das maneiras decriar riquezas, de viabilizar onosso povo. E isso é umdesastre. Nós estamosencaminhando para a miséria!Nós temos 53 milhões demiseráveis; a Argentina tem13! A nossa dívida representa

54% do PIB; a da Argentina ésó 30! Então nossa situação émuito mais grave. Já foramlevados 43 bilhões de dólaresdas nossas reservas; eles (osistema financeirointernacional) chegaram emeteram a mão em 43 bilhõesde dólares! Ficaramsatisfeitos. Na Argentina nãotinham de onde tirar. E agora?De onde vão tirar mais?Praticamente nós não temosmais recursos. As nossasgrandes empresasestratégicas já foram todaspraticamente entregues. AVale do RioDoce já foientregue, aUsiminas jáfoi entregue,a Embraerjá foientregue, aEmbratel jáfoientregue...só sobrou aPetrobrás,mas mesmo assim,entregaram já 95% das baciasde Campos e de Santos agrupos externos! Agora aPetrobrás foi envolvida nessapicaretagem do gás daBolívia! Nós temos o sistemaelétrico mais integrado e maislimpo do mundo. E o mais

barato! Enquanto o megawatt/hora de Furnas custa quatroreais, o megawatt/hora do gásda Bolívia custa cem reais! Evocê destrói o que custaquatro para construir o quecusta cem, a título de que?Para destruir o país, paratornar o país um país inviável!Nós estamos caminhandopara a ruína! E essa disputaagora para a presidência, eudigo, todos querem ser o DeLa Rua brasileiro! Que futuromelancólico nós temos pelafrente!... E quem defende osinteresses nacionais é taxadode retrógrado, nacionalista...Você já imaginou os EstadosUnidos não nacionalista? Issonão existe! Os paíseseuropeus, o Japão!...Supernacionalistas! Só nós éque não podemos ser... Querdizer, somos um país deidiotas!

O APITO: Essa colocaçãosua dos 53 milhões demiseráveis brasileiros...Pelos meus cálculos, feitos apartir dos números doIBGE, eles são até mais doque isso. Os sem-terra, ossem-teto. Nisso temos aquiuma do GilbertoVasconcelos: seriam os sem-terra os soldados dabiomassa?

BV: Claro. Você imagina se ogoverno brasileiro tomasseuma decisão -mas tinha de serem primeiro lugar governo, oque hoje não é; e além degoverno tinha de ser brasileiro,o que hoje também não é; sãoserviçais de interessesexternos- e resolvesse

explorar osóleosvegetaisparasubstituir oscombustíveisfósseis? Eupergunteiao JoãoPedroStedilequantossem-terra

haviam no Brasil. Ele medisse - quatro milhões. Eu digo- é pouco, preciso mais. Eupreciso de 6 a 8 milhões debrasileiros para levar para aregião da Amazônia, que émais apta para produzir dendê,para que possam produzir oitomilhões de barris/dia de óleo

de dendê, que é umexcepcional substituto dodiesel e que permite um motorfazer rodar 40 quilômetros porlitro. Nós virávamos a maiorpotência energética doplaneta!

O APITO: Uma ArábiaSaudita?

BV: Sim, mas a ArábiaSaudita produz oito milhões debarris/dia hoje. Dentro de dezanos estará produzindo muitomenos. Enquanto que o dendêvai é aumentar aprodutividade. Então é precisofazer a “marcha para onorte”. Osamericanosnãoconstruírama suagrandepotênciafazendo a“marchapara ooeste”?Nós vamosfazer a “marcha para onorte”. E por uma coisa muitomais importante que é aquestão energética. E tambémnão é só nos transformarmosna maior potência energéticado planeta... é ocupar aAmazônia. Que está emgrande perigo de ser ocupadapor grupos estrangeiros. Oude vir para cá aqueles grandesformigueiros asiáticos.Pensaram até em estabelecero Estado de Israel naAmazônia, na época!Felizmente isso nãoaconteceu. Aquele espaçovazio com toda aquela riquezaé extremamente vulnerável.Então só há uma maneira.Você não consegue defendermilitarmente a Amazôniaporque as grandes potênciastêm muito mais poder militardo que nós. A única maneirade nós preservarmos aAmazônia em nossas mãos éocupá-la com brasileiros. Etemos toda essa gente,querendo trabalhar, querendoir para o campo, querendoproduzir, e sem nenhumaviabilidade. E ficaminvandindo terras aqui nocentro-sul e criando conflitosenormes. Então o processo deconduzir essa massa detrabalhadores, de gente quequer trabalhar, não só nostransformará numa nação

muito rica como também nosgarante a Amazônia, não éverdade? E mais ainda, issovai contar com o apoio dosmilitares, porque os militarestem interesse em preservar aAmazônia nas mãos dosbrasileiros.

O APITO: Temos agora umaquestão colocada pelo JoséSette: o Sr. acha que umgoverno de esquerda,interessado na identidade enos interesses nacionais, sesustenta politicamentecontra o império do norte?

BV: Primeiro essa questão:esquerda?Hoje, o queé isso?Temosquatrodimensões:as trêsespaciais e otempo. Aívocê só temuma: direita-esquerda.

Isso é uma dimensão. E asoutras? Você já imaginou umsujeito de esquerda, para trás,para baixo e retrógrado?Temos de ter as quatrodimensões. Então o sujeitohoje de esquerda... oFernando Henrique é deesquerda!!! E é um gangstercontra o Brasil! O generalAndrada Serpa, um patriotailustre, era considerado dedireita!? É claro que isso nãoreduz a pena de certos setoresegoístas da sociedade de tertomado no passado adesignação de direita. Aesquerda sempre foi maiscomedida, foi mais humana,mas isso ultimamente tem sidodeteriorado. Então, emprimeiro, eu não gosto dessadesignação. Em segundo, oseguinte: essa pergunta, quese refere especificamente aosEstados Unidos; eles só têmuma coisa realmente forte: acapacidade matar! Eles seespecializaram em matar!Qualquer coisa saemmatando, não é? E matar é sódestruir. O Brasil não tem abomba nuclear. Outros têm enós não temos. Foi oFernando Henrique queassinou o tratado de nãoproliferação de armasnucleares. Eu não tenhovocação para virar torresmo!Eu tenho de ter uma bomba,

“E essa disputa agora para a presidência, eu digo,todos querem ser o De La Rua brasileiro! Quefuturo melancólico nós temos pela frente!..”

“Economistas só sabemcontar dinheiro, não

entendem nada de natureza,de terra, de água, de

riqueza propriamente dita.(...) As teorias econômicas

excluem os fatosfundamentais da economia:a energia, a tecnologia e as

matérias primas.”

“Enquanto o megawatt/hora de Furnas custa

quatro reais, o megawatt/hora do gás da Bolíviacusta cem reais! E você

destrói o que custa quatropara construir o quecusta cem, a título de

que?”

O APITO - PERIÓDICO QUINZENAL DE OPINIÃO, POLÍTICA E CULTURA PÁGINA 6

porque se alguém quiser seatrever a jogar uma bombaem mim, sabe que vai levarpelo menos uma bombinhaque seja, mas suficiente paramatá-lo. Mas na hora quevocê assinou de não fazer abomba você se definiu pelavocação de virar torresmo.

O APITO: Somos todostorresmos em potencial?

BV: O povo brasileiro hoje étorresmo em potencial! Nãohá dúvida nisso. Mas a bombaimpõe medo porque ela mata,ela queima, ela destrói. Emcontrapartida temos o maiorpotencial energético renovávele mais limpo do planeta. Queé só alimento, é energia, ébem estar... nós temos umabomba que é nossa, e sónossa, porque o sol é nosso esomos um continente tropical.Então temos energia para dare vender para os americanos,para os europeus, para osasiáticos, quer dizer, a nossabomba é positiva! Claro quepor ser uma bomba – ela épositiva, mas é uma bomba –eles não deixam a gentedesenvolvê-la. A gentedesenvolve eles destroem. OPrograma Nacional do Álcoolchegou a envolver 98% doscarros no Brasil. 98%! Agoraé menos de 1%. Quer dizer,esmagaram o Pro-álcool. Ehoje estão produzindo carro aálcool nos Estados Unidos, naSuécia, na Alemanha... e quenão podem nem chegar aospés dos nossos, porque elesnão têm as mesmaspossibilidades nossas.

O APITO: Não só oPrograma do Álcool, masparece que váriasiniciativas nessa área.Sabemos de váriosprogramas florestais dadécada de 70 que estãohoje abandonados. E aícomeçou essa onda deecologia, o ecologismochique, que é contra o cortedas árvores, etc, fazendoparecer que as florestas sãointocáveis e levando umaconfusão para a cabeça daspessoas que pode atécolocar, para elas, o projetoda biomassa como se fosseum perigo predador. O queo Sr. pensa a respeito.

BV: Esses ecologistas são uns

idiotas. Pois a única maneirade se preservar uma floresta édar a ela valor econômico.Assim o próprio usuário dafloresta será o maiorinteressado em mantê-la depé. Se não se der valor àfloresta ela vai acabar setornando pasto. Quer dizer, éuma estupidez esse negóciode ecologia visto por estaótica. Isso está ligado às

ONGs internacionais que porsua vez estão ligadas ainteresses internacionais. Tera floresta sempre, erenovável, é o grande objetivonosso. Somos ecologistas nosentido sério. Pois é precisodar sentido econômico aonosso potencial florestal. EVocê disse muito bem. OPrograma Nacional do Álcoolé apenas a pontinha desseimenso iceberg. Temos afloresta que é um manancialinesgotável de riquezas. Vocêao invés de estar trazendo gásda Bolívia poderia estarproduzindo energia elétrica apartir dos carvões vegetais.

O APITO: Com maispotencial inclusive do queas próprias hidrelétricas,não é?

BV: Claro, não há a menordúvida sobre isso. Porque ahidroelétrica tem seuaproveitamento somente ondeexistem quedas d’águas

importantes. Veja Itaipu. Estálá, não tem jeito, mas temosde fazer as linhas detransmissão. Com a florestanão, você planta a florestaonde quer. E aí nãoprecisamos das linhas detransmissão. Por exemplo, obagaço de cana que éproduzido hoje em São Pauloa partir do açúcar e do álcool.É uma quantidade gigantesca

de bagaço. Se você pegasseesse bagaço e queimasse paraproduzir energia elétrica seriauma produção do tamanho dade Itaipu! Sem que fossemnecessárias linhas detransmissão. Está tudo lámesmo! É usar a matériaprima que está em São Paulopara produzir energia em SãoPaulo!

O APITO: E o que fazemcom esse bagaço?

BV: Hoje é um problema.Aquilo apodrece, algumasempresas usam para aengorda de gado pelo vinhotoenriquecido de proteínas, emesmo assim são soluçõesque não contam comfacilidades de crédito, porquetodo o sistema financeiro noBrasil trabalha para impedir asolução nacional. O BNDESpor exemplo tem comoprioridade máxima oaproveitamento do gás daBolívia! Mas não quer saber

do aproveitamento do bagaçoque está em São Paulo acusto zero. Isso é de umaperversidade sem limites.Esse tal jogo, que numapergunta anterior Você sereferiu a respeito dos custosdos combustíveis... Na horaque misturamos álcool nagasolina nós estamos tirando ochumbo da gasolina, que é oanti-detonante. E o chumbo éum metal pesado, um venenoperigosíssimo. Assim o álcoolpermitiu ao Brasil tirar ochumbo da composição dagasolina. Por causa dissocentenas de milhares depessoas tiveram suas vidasmais longas. Milhões depessoas deixaram de sofrerdoenças causadas por aqueleveneno terrível! E isso oseconomistas não levam emconta!? E a questão doemprego: o ProgramaNacional do Álcool criou maisde um milhão de empregos. Oque faz o Lula defender, aindaque de maneira parcial asnossas teses - porque ele nãoentende muito, ele não temacessoria - é justamente poreste lado do trabalho, doemprego, que é também damaior importância. Mas temoutras coisas igualmenteimportantes. A despoluição doar, a retirada do chumbo daatmosfera, e até o efeitoestufa, essa coisa que estáapavorando o mundo e quepode provocar cataclismasdescomunais, que é provocadopela queima do carvão minerale dos combustíveis fósseis,seráeliminadopelo uso doálcool e dosóleosvegetaisusadoscomocombustíveis.Porque aplanta retirado ar muitomais CO2do que asua queima depois irá colocarna atmosfera. Nós já fizemoscálculos que resultam emcentenas de milhões detoneladas de CO2 que oPrograma Nacional do Álcooljá retirou da nossa atmosfera!O que esse Programa játrouxe de economia para opaís, se computarmos opetróleo que deixamos de

importar, os empréstimos quedeixamos de fazer, a inflaçãodo dólar e outros fatoreseconômicos, computando tudoisso, nos vinte e oito anos doPrograma Nacional do Álcoolo Brasil teve uma economiade 82 bilhões de dólares!Nunca existiu nada nem quechegue perto de um terçodisso! Nenhum setor industrialno Brasil teve umaconseguência tão fantástica!E evidentemente é produtoaltamente anti-inflacionário,porque é um produto que serenova sem nenhum ônusadicional. Quer dizer, só essaeconomia monetária jájustificaria termos isso comobase da nossa economia, nãoé? Enfim, não existe no Brasilnada que se compare emresposta de colocação dohomem no trabalho, embenefício ambiental, emresposta financeira, e também,em resposta de tecnologia,que transformou o Brasil namaior potência em tecnologiado álcool do mundo. Isso nãoé trivial, nunca será trivial!

O APITO: O Sr. citou oLula. Parece que o Sr. temconversado com as diversascorrentes do pensamentonacional sobre esse assunto.O Sr. já conversou comLeonel Brizola e osrepresentantes das correntesde velho e saudosoGetulismo?

BV: Sim, já. Ultimamente oBrizola até tem me chamado.

Eu faleioutro diadurantequatro horaspara acúpula doPDT e oBrizola medisse depoisque eletinhamudadocom aquelapalestra.

Ele me confessou que antesnão havia captado bem osignificado de tudo isso. Masele foi a única pessoa do nívelde estadista, de Presidênciada República, que passoucinco horas discutindo comigoesta questão. Nenhum outrofez isso.

O APITO: Ele agora está

“Ter a floresta sempre, e renovável, é o grandeobjetivo nosso. Somos ecologistas no sentido

“... o bagaço de cana que éproduzido hoje em São

Paulo a partir do açúcar edo álcool. É uma

quantidade gigantesca debagaço. Se Você pegasse esse

bagaço e queimasse paraproduzir energia elétricaseria uma produção dotamanho da de Itaipu!”

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apoiando o Ciro Gomes...

BV: Estava, parece que ascoisas não andam dandocerto. O Partido do Ciroresolveu colocar aquele Britocomo candidato ao governo doRio Grande do Sul. De fato,segundo ele me falou, porinfluência do MangabeiraUnger, eleestavaacreditandoque o Ciropoderia sero candidatomaispróximo doTrabalhismoe doGetulismo.Embora oCiro, como Ministro, foi umdesastre. Foi ele que abriu omercado do Brasil. Nóséramos um país com oterceiro maior superavit domundo e hoje somosaltamente deficitários, porqueo Ciro provocou isso. Elechegou a falar a bobagem deque ia privatizarespetacularmente a Vale doRio Doce. E pior do que foi éimpossível! Então o passadodo Ciro não é bom! Mas aspessoas mudam, ele é jovem,é um sujeito inteligente; e oBrizola estava me dizendo queo Ciro o estava ouvindo. Masparece-me que as coisas nãoandam indo tão bem...

O APITO: O Lula não quisouví-lo? Nem vou falar deSerra e de Garotinhoporque estes sabemos quenão teriam interesse algumem seu discurso.

BV: Não, Serra, de jeitonenhum. O Serra é odesastre. Mas não, o Lula nãoquis me ouvir. O Lula temalguma sensibilidade porcausa do número de empregosque o programa gera, mas sópor isso. Ele não vê a questãotecnológica, a questão dasoberania, a questãoenergética propriamente dita.Ele não vê a possibilidade de oBrasil vir a ser a maiorpotência energética do mundo.Ele não vê nada disso. Ele sóvê a questão do emprego, pelonúmero de trabalhadoresaproveitados. E por isso ele éo mais próximo de terinteresse pela coisa. Oproblema do Lula é que ele

enxerga o Programa Nacionaldo Álcool como um Programados usineiros, e ele vê osusineiros como verdadeirosdiabos. O que não é verdade.Aí existem deformaçõessérias por parte do Lula queeu espero – como ele é umapessoa bem intencionada –que ele venha a reconsiderar.

O APITO:Mas essediscurso doLula comocandidatoestá mesurpreen-dendo.Parece queele quermesmo é

continuar a ser um outroFernando Henrique.

BV: É verdade. Em primeirolugar porque a figura do Lulahoje é uma figura feita pormarqueteiros! Perdeucompletamente a identidade!

O APITO: E osmarqueteiros, como já disseo Gilberto, são formados emmadureza.

BV: O que esses marqueteirossabem de Brasil, depoder mundial? Sãouns idiotas! Epicaretas, mentirosos,embromadores...Ficam penteando ocara com um penteadotodo frescão e por issoacham que ganham aeleição. Assim não dá!Um país sério como oBrasil não pode entrarnessa. Isso é um crimecontra o Brasil! Alémdisso tem os bandidosdos economistas. Quesão iguais a eles e queestão levando o Lulapara um caminhoperigoso.

O APITO: Querorelembrar agoraaquela sua colocação sobreas coordenadas ideológicas,que eu achei muitointeressante a sua teoria arespeito. Professor BautistaVidal, como o Sr. seclassifica ideologicamente?

BV: Rapaz, essa pergunta érealmente de lascar... (risos)Repare o seguinte: eu fiz uma

palestra antes-de-ontem paraquinhentos empresários deSão Paulo. E eu bati comoninguém da oposição jamaisbateu. E com dados, comfatos. E eu disse a eles: olha,eu não me permito nenhumainfluência ideológica, e quandodigo ideológica me refiro aessa questão esquerda-direita.Eu usei exclusivamente aCiência como base da minhaargumentação. E, claro,quando se fala pela Ciência osargumentos ficam imbatíveisporque a Ciência é o que háde mais sólido no pensamentohumano. E um fatoirretorquível, parece que osbrasileiros se recusam aaceitá-lo, é o de que o Brasil éum continente tropical. Asfuturas civilizações, após a erado petróleo - que está próximado fim - só poderão existir nasregiões tropicais. Porque nãohavendo petróleo nem carvãomineral não será possíveldesenvolver nada nas regiõestemperadas. Pois o sol é agrande fonte de energia.Quem tiver sol poderá existir,poderá se desenvolver. Quemnão tiver sol vai ter deprocurá-lo, ou então vai ter deser ajudado por quem tiversol. Portanto o Brasil é a

nação predestinada a conduziro processo da humanidade seo processo vier a ser limpo.Se o processo continuar sendopela matança, nós não temosvocação para matar...

O APITO: É como dizia oDarcy Ribeiro: no Brasil apena de morte não tem vezporque nós não teríamos

quem assumisse a profissãode carrasco.

BV: De fato seria difícil sercarrasco no Brasil. Já algunspovos adoram o carrasco.Adoram matar. Suastelevisões são só matar, matar,matar...

O APITO:Masvoltando àpergunta,que é doJosé Sette:como o Sr.seclassificaideologica-mente?

BV: Olhe, eu não consigo meclassificar a não ser como umintelectual. E o intelectual é,para mim, o indivíduo que temcompromisso inarredável coma verdade. Eu tive discussõestremendas com o CristovãoBuarque, por exemplo, quandoeu estava na Universidade. OCristovão aceitava tergiversara verdade porque o povoqueria ouvir isso ou aquilo.Ora, o povo vê TV Globo, etc,está com a cabeça mal feita eele negava a verdade para

ficar bem com o povo.Eu não faço isso. Apesarde que algumas verdadesnão são bem vistas,como é que eu voumudar um mundo que eunão aceito se eu nãodisser a verdade? Eupreciso de conhecer essemundo tal como ele é; oque ele tem de bom e demau. Isso para mim éuma coisa fundamental:a verdade. A outra é aquestão da justiça. Avida humana, que nãotem tamanho, é umacoisa transcendental. Evem aí um outroconceito fundamentalque é o da dignidadehumana. E essesconceitos, a verdade, a

justiça, a dignidade, a Ciêncianão cabem muito nessasesquematizações ideológicasvigentes. O Ortega y Gasset,grande pensador espanhol, naépoca da guerra civil, eraacusado pela direita desoviético e pela esquerda defacista. Ninguém conseguiaera entendê-lo.

O APITO: De fato asgrandes cabeças sempretiveram esse problema.Ninguém os aceita nem deum lado nem de outro.

BV: É porque essaconceituação é extremamenteimprecisa e que obscurece ocaminho da verdade.

O APITO:Aí tocamosnum pontoonde vemao casoumaperguntado Fredera:a biomassapassa umasensação

de liberdade e delícia.Significa que Deus está donosso lado?

BV: Não há a menor dúvida.A biomassa não é só energia;a origem da vida é pelabiomassa. São os hidratos decarbono que permitem a vida.Há alguma coisa maissagrada, mais vinculada aDeus do que a existência davida? E a manutenção davida? Além disso a biomassanão é só energia, é alimento,que é uma forma energética.E alimento é vida. O Gilbertolevanta muito esta questão; asgrandes religiões ainda nãoenxergaram essa coisa claraque é papel religioso dabiomassa! E ele tem razão.Há alguma coisa mais sagradaque a vida? Eu não conheço.Deus só pode estar vinculadoà vida, não é? À preservaçãoda vida, a alegria de viver, queestá muito arraigada na nossacultura. Então como é que nósvamos partir para estesmodelos materialistas brutais,que não levam emconsideração a vida acima detudo? E a vida é o próprioespírito.

O APITO: O Instituto do Soltem também o seu ladoespiritual?

BV: Na realidade a primeirareligião monoteísta foi criadapelo faraó Akenaton IV. Deusera o sol. Ele tem um poemaque é um verdadeiro hino aosol e que é um verdadeirotratado de termodinâmicaescrito quatorze séculos antesde Cristo. E que é uma

Hino ao sol de Akenaton: “um verdadeirotratado de termodinâmica escrito 14 séc. a.C.”

“O que esses marqueteirossabem de Brasil, de poder

mundial? São uns idiotas! Epicaretas, mentirosos,

embromadores... Ficampenteando o cara com um

penteado todo frescão e porisso acham que ganham aeleição. Assim não dá!”

“A biomassa não é sóenergia; a origem da vidaé pela biomassa. São oshidratos de carbono que

permitem a vida. Háalguma coisa mais

sagrada, mais vinculada aDeus do que a existência

da vida?”

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maravilha, como Poesia ecomo Ciência! E na realidade,quando você analisa o mundofísico, tudo depende do sol. Aenergia depende do sol. Alémdisso a energia é a capacidadede produzir trabalho. Se vocênão ingere energia peloalimento, você não conseguetrabalhar. Quer dizer, otrabalho é decorrência daenergia! Até Marx derrapounisso. O Marx não viu que aenergia precede ao trabalho.Ele dá uma ênfase muitogrande ao trabalho humano,mas esqueceu que a basedesse trabalho é a energia.

O APITO: É o velho ditadobrasileiro: saco vazio nãopára em pé.

BV: É isso mesmo, tá boaessa (risos).

O APITO:Voltando àvelhaTerra, oJosé Settelhepergunta oseguinte: oSr.pretendeparticipardo próximogoverno,já queparticipou do governomilitar?

BV: Está bem desafiadora apergunta (bem humorado).Repare: eu era um professor,tinha feito a minha pós-graduação nos EstadosUnidos e, modéstia à parte, eusempre fui muito estudioso,sempre fui muito respeitadopor todos... Mas eu não eranada, o meu pai era umpequeno comerciante; eu nãotinha nada em que mefundamentar dentro dessesistema de poder que está aí,de gente que tem muitodinheiro, que tem famíliapoderosa... Mas aí o LuisVianna Filho, que era ogovernador da Bahia mechamou para fundar aprimeira Secretaria de Estadode Ciência e Tecnologia. Euaceitei o desafio! Quando eleme convidou eu disse - olhaDr. Luis, eu acho que não vaidar certo porque a Ciência émeio incompatível com aPolítica. Então ele virou-se

para mim e disse – você querdizer politicalha! Quer dizer,matou a pau, não é? Aí eu tivede confessar que eu estavamesmo falando de politicalha.Ele então me disse – se eunão fosse fazer estasecretaria completamente foradisso que você está falando eunão a criaria nem o chamariapara dirigi-la. E cumpriu!

O APITO: E o Proálcoolsaiu dela?

BV: Não. O meu papelnaquela Secretaria de Estado– eu tinha trinta e dois anos –criou tais consequências queeu fui chamado pelo governofederal. O Hélio Beltrão mechamou para o Ministério doPlanejamento que era ondeestava sendo montada aquestão tecnológica nacional.Foi o Ministro Hélio Beltrão,

que era umagrandefigura!Então eupassei quasedois anosparticipandodamontagemdessasestruturastecnológicastodas, e oSevero

Gomes, quando foi para oMinistério da Indústria eComércio me convidou paraser o Secretário de TecnologiaIndustrial. Foi aí que euimplantei o Programa doÁlcool. Com todas as coisaserradas que a gente tem dereconhecer no período militar,eu posso dizer que os militaresme deram total cobertura, mecriaram os meios, nãointerviram, eu fazia o que euachava que era necessário.Eu jamais aceitei interferênciade ninguém. E saiu oProálcool e muito mais coisas;teve o Programa do Nióbio, edessas tecnologias todas quesurgiram. Nós tínhamos naárea tecnológica dois milpesquisadores de altíssimonível... Tudo isso foi destruído.Eu orientava e coordenava160 centros tecnológicos,criamos os CentrosTecnológicos da Bahia, deMinas Gerais, do Rio Grandedo Sul... Foi a época áurea datecnologia nacional.

O APITO: Essa destruiçãocomeçou nessa últimadécada?

BV: Começou com o governoFigueredo. E depois, com a“abertura” foi o desastre.

O APITO: Mas essaabertura foi na verdadeuma abertura para que oscapitais estrangeirosentrassem no Brasil...

BV: Foi. E nós havíamosconseguido colocar todasessas empresas estratégicas,a Petrobrás, a Eletrobrás, aVale do Rio Doce, na questãotecnológica. Elas entãocomeçaram a fazer coisasmuito importantes. E, naminha opinião, elas foraminternacionalizadas, isto é,retiradas do contexto nacional,porque elas iriam fazer agrande revolução tecnológicado Brasil e do futuro. Eraminstrumentos muito capazes,com muito dinheiro, comriqueza específica... Narealidade este processo neo-liberal, que já começou comDelfim Neto no governoFigueredo, significa romper,quebrar a nossa espinhadorsal. Hoje somos um país deidiotas, um país à deriva, semtecnologia, com asuniversidades em decadência;somos um país retrocedendobarbaridade a antes daRevolução de 30. Tudo queaconteceu de 30 para cá estásendo perdido e nós estamosretrocedendo a uma situaçãopior do que a da RepúblicaVelha! Porque a RepúblicaVelha era completamenteentreguista; o Império inglêsfazia o quequeria, maseles nãovinham aquipara dentro,paracomandar oprocesso.Agora vêm!E tem seusagentes, oBancoCentral, Ministério daFazenda, etc. É muito pior doque era no século XIX.

O APITO: Mas ainda aprimeira parte da pergunta:o Sr. pretende participar dogoverno do próximoPresidente da República?

BV: Não, eu não pretendoparticipar de governo nenhumse não for para ajudar o Brasila erguer sua cabeça e garantira sua independência. Senão,me recuso, ostensivamente!Porque essa história departicipar de governo, vocêtermina se compremetendo.Como é que você está ládentro?... Ou você temcondições de protestar, ou hácompromissos sagrados desalvar este país, ou eu não vouparticipar de governo algum.Aí alguém diz – ah, você entralá e lá dentro você resolve...Não, não, não! Tem que havercompromissos. A questãonacional é uma questão

sagrada. É avida dosnossos filhose nós nãotemos odireito dedestruí-las!E é o queestá sendofeito hoje.Nósbrasileiros

estamos nos comportandohoje como uma coletividadede canalhas! Eu não aceitoessa posição. Nós temos dereverter esse processo, temosde dar dignidade ao nossopovo, temos de criarcondições de vida para osnossos descendentes e,

porque não, criar a grandenação que o mundo jamaisviu.

O APITO: Agora eugostaria que o Sr. falasseum pouco sobre o Institutoso Sol, que o Sr. estaráinaugurando na segunda-feira em Brasília.

BV: Nós que nos dedicamos aessas funções – Você é queusou a palavra: militantes, nãoé? – nós somos militantes. Eudedico a minha vidatotalmente, de manhã, detarde e de noite. Eu tive depedir minha demissão, eu eraassessor do CongressoNacional, para poder viajar,porque era incompatível. Eume aposentei na Universidadepara poder viajar. E eu perdiessas fontes de renda, eutenho agora só aaposentadoria. E nessasviagens, na quase totalidadedelas, eles pagam aspassagens, as estadias e eunão tenho nenhumarecompensa financeira. É umamissão. Claro que a famíliaprotesta, e eu acho issobastante justo... Mas eu já souconhecido na rua, por onde eupasso, em Florianópolis, eu jásou conhecido. Eu estive nasemana passada no RioGrande do Sul, estive emTorres, em Porto Alegre, em

“Até Marx derrapou nisso. O Marx não viu que aenergia precede ao trabalho. Ele dá uma ênfase

muito grande ao trabalho humano, mas esqueceuque a base desse trabalho é a energia.”

“Eu jamais aceiteiinterferência de ninguém. E

saiu o Pró-álcool e muitomais coisas; teve o Programa

do Nióbio, e dessastecnologias todas que

surgiram. Nós tínhamos naárea tecnológica dois milpesquisadores de altíssimo

nível... Tudo isso foidestruído.”

“A questão nacional é umaquestão sagrada. É a vidados nossos filhos e nós nãotemos o direito de destruí-las! E é o que está sendofeito hoje. Nós brasileirosestamos nos comportando

hoje como uma coletividadede canalhas!”

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Santa Maria e outras cidadese onde eu cheguei falei paraquatrocentas, quinhentaspessoas... E aplaudido de pé;o povo brasileiro não aguentamais, está revoltado. Mas issonão reflete na sociedadeporque os meios decomunicação bloqueiam esseassunto, é como se estivessetodo mundo idiotizado. É comose fosse tudo Silvio Santos eFaustão. E não é nada disso!O que há é que asorganizações estãofragmentadas e o queacontece não é refletido nosmeios de comunicação. É umbloqueio total e absoluto. Nosmeios estudantis,universitários, onde os jovenssão mais consequentes, eucomeço falando para eles:vocês só tem duas alternativasna vida, ou vocês vão serescravos ou canalhas! Nossaconversa é assim! E os jovensnão estão interessados? Éporque mentem para eles eeles não se interessam pormentiras. Mas quando vocêfala a verdade... Nóspassamos quatro, cinco, seishoras discutindo, e elesparticipando, e tem momentosem que eu tenho de segurar,porque eles já querem pegarem armas (risos). Eu digo,calma, ainda não chegou ahora, entendeu? É porque ojovem é muito expontâneo ereage às coisas verdadeiras,eles se envolvem. Você senteque este Brasil está pegandofogo. E está faltando líderes...

O APITO: E o Instituto doSol já possui algumasestratégias de buscar ouformar essas lideranças?

BV: Nós estamos começando.A idéia surgiu como umanecessidade inadiável.Primeiro que as editoras, epior que as editoras, asdistribuidoras, se recusam adistribuir os nossos livros. Osnossos livros não chegam àslivrarias!? Porque há umbloqueio completo. Porexemplo, nos aeroportos...Você não vê jamais um livromeu, ou um do Gilberto... Évetado! Então essa imensadificuldade em veicular osnossos livros, eu já estoueditando o 14º, e eles todostiveram duas edições; são seismil livros vendidos – que éuma coisa excepcional para o

Brasil. Mas isso não é nadapara esta questão; um livrocom este envolvimento tinhade vender um milhão deexemplares. E vende seis mil,é ridículo. Mas esses quevendem são o fruto do boca-a-boca. Pessoas,professores, estudantes:onde é que encontra? Ligaprá ele, etc. E fica um poucocomplicado. Então o Institutodo Sol vem para preenchereste vácuo. É uma entidadesem fins lucrativos,organizada por um grupo deamigos e que vai colocaressas idéias na Internet,apoiar e incentivar amilitância, enfim, organizar omovimento.

O APITO: A idéia d’O Apito,por exemplo, não é a de serum grande jornal, mas a deser um dos muitos pequenosjornais que possam sesustentar sem adependência dos grandesanunciantes.

BV: Isso é muito importante.E eu dou uma importânciamuito grande ao livro porque osujeito que lê um livro ele seenriquece, ele adquire umacultura que elenão tinha.Mas umacoisa que temum sucessoenorme é atelevisão. Porexemplo, naépoca doapagão a TVSenado meconvidou e fezum programade uma horacomigo sobreo apagão.Sabe quantasvezes oprograma foirepetido, apedido dostelespectadores? 37 vezes! Eununca vi uma coisa destas,numa mesma televisão repetiro programa 37 vezes. Isso éporque as pessoas estãodesesperadas, querendo sabera verdade! A televisãoeducativa do Rio Grande doSul fez um programa comigode uma hora e meia. E essefoi o teipe mais vendido dahistória da televisão brasileira,sabia? Todo mundo pedia,porque um via falava para o

outro e aquilo foi sealastrando...

O APITO: E agora é oInstituto do Sol que vaicoordenar tudo isso?

BV: Sim, e a diretoraexecutiva, que foi uma altafuncionária do Banco doBrasil, é uma pessoaaltamente capaz. E já temosvários outros que estão sejuntando para dar força... éuma coisa de missão, não é?Além disso, essas minhaspalestras terminam com aspessoas se identificando.Ontem em São Paulo onúmero de pessoas, de umlugar conservador como aFIESP, que manifestou a suarepulsa ao que estáacontecendo no Brasil éimpressionante. Agora noaeroporto eu estava passando

e um sujeito me disse: o Sr. éo Bautista Vidal? Eu disse,sim. Ah, eu tenho um livroseu, e eu hoje estouaposentado, eu trabalhei naVale do Rio Doce, etc, - umsenhor assim de idade e comum know-how fantástico – eele me disse, conte comigo!Então eu peguei o cartão dele.Aí o Instituto vai fazer umcadastro de quem é quem noBrasil. Porque tem muitagente querendo participar do

processo e que nem éidentificado. Na hora que nóstivermos este exército,podemos até fundar o partidopolítico de defesa dabiomassa, dos interesses

nacionais, e sem conotaçãoideológica. Defender o que énosso!

O APITO: Nós também jávimos de uma luta grandena área da cultura, dojornalismo, do cinema, eisso desde muito moço,desde a juventude. O que

acontece agora é que ajuventude não tem maisacesso à informação. Antesnós fazíamos filas enormespara ver um filme doGlauber, por exemplo, ehoje a maioria darapaziada nunca viunenhum.

BV: Você já pensou se oGlauber tivesse a biomassa namão, na época em que eleviveu?

O APITO: Poxa, nem pense.Aliás o Glauber faz umafalta enorme. Esse pessoalreacionário tinha um medodanado dele.

BV: É, eleescandalizava.

O APITO: Etoda essageração estáassim porcausa damídia. Aliásfoi umgrande errodosmilitares.Eles sepreocuparamcom atecnolgianacionalmasentregaram

a mídia.

BV: Os militares fizeram umbom trabalho nessa áreaenergética. Agora, elesentregaram o poder financeiroaos bandidos. Esse é o grandepecado dos militares. A mídiae o poder financeiro entreguesa bandidos foram os doisgrandes pecados dos militares.Eles fizeram um mal enorme,mas depois que os militaressaíram o diabo ficou solto!

Muitos erros tiveram osmilitares, mas nenhum delespretendeu internacionalizarnossas empresas estratégicas.O próprio Roberto Camposnem cogitava disso, porque osmilitares enquadravam o bichona hora! Agora fazem o quequerem.

O APITO: Eles foramiludidos pela mídia. A mídiahoje se sente no poder semnecessidade dos militares.Eles se acham capazes decontrolar toda a nação deponta a ponta. E as ForçasArmadas tiveram seusespaços muito reduzidos. OGlauber chamou muito aatenção disso na época. Elefoi o único que fez umprograma de televisão noBrasil importante: oAbertura.

BV: Sim, o Glauber foi únicointelectual de esquerda...

O APITO: A esquerdabrasileira nunca aceitouisso, aliás nós já falamossobre essa situação.

BV: Mas o Glauber se opôs àsaída dos militares. Porque osmilitares aprenderam muito.Inclusive outro dia o Requiãome disse que só conseguiufalar sobre o Brasil com osmilitares. Hoje eles serecusam a dar um golpeporque eles são contra umregime militar. Isso porque omilitarismo coloca um generalno poder que anula todos osoutros generais. Não tendoum na Presidência eles todosparticipam.

O APITO: E a política não ébem a praia deles...

BV: É, mas a políticaeleitoreira. Já a política dopoder, a política estratégica, apolítica de defender aAmazônia, a política detecnologia e da questãoenergética, eles tem a vercompletamente! Aliás oCongresso hoje é que é zero àesquerda nessas coisas. Nãotem nenhuma motivação, umdesastre o CongressoNacional! Se formos dependerdo Congresso nessas questõesseria um desastre. É essaquestão eleitoral... Eu chego adizer o seguinte: todas essasmedidas destruidoras do

“Na hora que nós tivermoseste exército, podemos até

fundar o partido político dedefesa da biomassa, dos

interesses nacionais, e semconotação ideológica.

Defender o que é nosso!”

O Programa Nacional do Álcool: “uma economia de 82 bilhões dedólares para o país”

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O APITO - PERIÓDICO QUINZENAL DE OPINIÃO, POLÍTICA E CULTURA PÁGINA 10

Brasil, todas, a privatizaçãodas estatais, a entrega dasempresas estratégicas, etc,tudo isso foi aprovado peloCongresso Nacional.

O APITO: Até o PT votou afavor...

BV: O PT votou a favor detudo isso. E eu digo, se esseregime é o regimedemocrático, então o regimedemocrático é o pior regimeque a humanidade jamaisinventou, pois ele está levandoo povo e a nação à ruína, àdesgraça e à morte. Esseregime não presta. E tantonão presta que na últimaeleição do FHC quem ganhoua eleição foi o voto nulo! Foi arejeição ao regime que ganhoua eleição. O FHC teve apenas35% dos votos, quando eledevia ter é 51%!

O APITO: Aí só contam osvotos válidos, não é?

BV: Sim, criaram essasafadeza. Porque o sujeitovota nulo, de propósito, para arejeição do regime e aí dizemque não é válido contestar oregime. E agora vai ser maisainda. Há um levantamento

feito por uma empresaamericana que chegou àconclusão que 87% doseleitores brasileiros estãocontra todos os candidatos.Isso é trágico.

O APITO: Qual a saídapara isso?

BV: Claro, um governoconstituído de gangsters, dedelinquentes internacionais.Olha, os Estados Unidos vãoexplodir rapidamente. Ontemmesmo em São Paulo, umapessoa muito bem informadame falou que não demora trêsmeses para os Estados Unidosexplodirem. É a questão dabolha do dinheiro falso. Vocêsabe de uma coisa? Umacoisa assustadora. Os EstadosUnidos hoje estão semantendo, com aquelesdeficits comerciaiselevadíssimos, com o dinheirosujo do narcotráfico. Naúltima década os banqueirosamericanos receberam dessedinheiro sujo um trilhão equinhentos bilhões de dólares.O narcotráfico está segurandoas finanças dos EstadosUnidos! É esse o país que é omodelo de democracia?Desobedecendo a

constituição, as leis, umabandalheira total! Ou seja, omundo está caminhando numadireção muito perigosa.

O APITO: Boa parte de tudoisso é a economia baseadano petróleo?

BV: Você imagina, o Japãopode virar sucata em trêsmeses se os Estados Unidosbloquearem suas importaçõesde petróleo do OrienteMédio...

O APITO: Você falou noJapão, que é uma ilha. Nósesquecemos neste papo defalar sobre uma outra ilha,para nós mais importante,que é Cuba. O Sr. já esteveem Cuba?

BV: É pena eu ter de dizerisso mas, reiteradas vezes mediziam, Você precisava ir aCuba para ajudá-los a sairdessa dependência dopetróleo. E eu disse, eu só vouse for para conversar com oFidel. É ele que mandamesmo, ou eu converso comele ou não vou. Então meconvidaram e disseram que euia falar com o Fidel. Falei comtodos os ministros, falei com acomunidade científica, com osreitores das universidades eterminou que eu não falei como Fidel. Ele estava sepreparando, ia me chamar,etc, mas ele não deu as caras.Eu não sei o que está nacabeça do Fidel porque asituação de Cuba é hoje muitovulnerável. Eles dependemdas exportações de açúcar,controladas pelas bolsas deChicago, Londres, etc, parapoder comprar petróleo. Elestem então duasvulnerabilidades em potencial.Quando Cuba podia ser umpaís completamenteindependente pela suabiomassa. Cuba poderiamanter uma população detrinta milhões de habitantesvivendo no nível da Europacom a biomassa que elapoderia produzir. Quer dizer,há alguma coisa que atrapalhaos cubanos de sair dessasituação.

O APITO: Falando nisso,tenho ainda a pergunta doJ. Sette: o Sr. acha o termo“Imperialismo” deja-vu?

BV: Eu acho que nós estamosnuma situação hoje muito piordo que era a do imperialismo.Eu prefiro a palavracolonialismo, só que umcolonialismo muito maisprofundo, muito mais violento,com muito mais poder etecnologia. O colonialismo doséculo XIX é uma coisa meioromântica e eles nãoocupavam a nação, o poder.Hoje ocupam. Hoje quemmanda no Brasil é o FMI,quem manda no Planalto,quem manda no governobrasileiro, quem avacalha como país, são forças externas.Hoje nós somos uma vilcolônia do colonialismo; euprefiro esse termo porque oimperialismo tem outrasconotações, ele criapossibilidades de reação. Ocolonialismo não, ele cria asmentes vazias, as pessoas seentregam, ficam servis... é ocolonisado, mentalmentecolonisado. Aliás Ortega yGasset define bem a mentecolonizada: é aquela queignora o seu espaço e o seutempo. Não é nada, portanto.Você ignora que tem um paísriquíssimo e a crise energéticaé um negócio tremendo, quelhe dá a grande chance dahistória. Olha aí a definiçãoexata dos dirigentesbrasileiros. Realmente osdirigentes brasileiros nãocorrespondem absolutamente,em nada, às necesidades danação e do povo brasileiros.

O APITO: O Sr. vê algumfuturo nas nossasuniversidades?

BV: Não, elas estão todasderruídas, sucateadas...

O APITO: É uma penaporque eu cursei toda aminha formação em ensinopúblico. O Sr. também teve

essa felicidade?

BV: Olha, eu fiz uma bolsa naAmérica do Norte àsexpensas do governo. Quandoé que na Espanha um filho deum pequeno comerciantepoderia sonhar em ser vice-ministro três vezes? Esse éum país maravilhoso. Asclasses dirigentes é que nãoprestam. Então nós vamos terde mudar essa classe dedelinquentes. Isso jáaconteceu na história, váriasvezes. O Japão mesmo fezisso.

O APITO: E de onde sairãoos novos quadros? Dasuniversidades?

BV: Não, hoje não sabemos,talvez a Universidade depoisde reformulada. Mas hoje jáexistem brasileiros, que nósestamos procurandocoordenar, que pelas suasposturas, pelas suasrealizações, justificariaformarmos um grupo, eassumir o poder; e assimreconduzir o processoeducacional, o processoprodutivo para construir anação que todos nósesperamos e sonhamos; e quevamos realizar!

O APITO: Que este seja ogrande sucesso do Institutodo Sol, que agora seinaugura, no dia 17 dejunho do ano de 2002.

BV: 17 é um número chave. Ejunho é o mês do sol no Peru.O Incasol. O sol é overdadeiro Deus do mundomaterial.

“...hoje já existem brasileiros, que nós estamosprocurando coordenar, que pelas suas posturas,

pelas suas realizações, justificaria formarmos umgrupo, e assumir o poder”

Bautista e Vidal com O Apito (Mario Drumond)

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