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BOLETIM DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA Volume 19 | Semestral | Outubro de 2016 Homenagem | Rolanda Albuquerque de Matos Uma vida dedicada à Malacologia

Vol.19 | Outubro de 2016 | Semestral PORTUGALA · (FAO, 2012). Uma das principais espécies de bivalves produ-zidas em aquacultura em todo o mundo é a amêijoa-japo-nesa Ruditapes

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BOLETIM DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA

Volume 19 | Semestral | Outubro de 2016

Homenagem | Rolanda Albuquerque de Matos

Uma vida dedicada à Malacologia

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Caros leitores,

É com prazer que lançamos mais um número da Portugala, no qual destaca-mos o artigo dedicado à vida de Rolanda Albuquerque de Matos. Neste volume discutimos também o risco para a saúde pública do consumo da amêijoa-japone-sa, a sua variabilidade genética em Portu-gal e em outros países europeus, e o que foi apresentado na iniciativa “CephsInAc-tion Training School” (COST-Action).

Boa leitura!

Nota do Editor

Rui RosaInvestigador MARE e Docente FCUL

NESTE VOLUME....HIGHLIGHT

Risco paRa a saúde pública: bioacumulação de metais e aRsénio pela amêijoa Ruditapes philippinaRum_________________________________3

ARTIGOS

VaRiabilidade genetica da amêijoa japonesa Ruditapes philippinaRum em poRtugal e outRos países euRopeus ________________________ 5

a utilização do biValVe de água doce CoRbiCula fluminea em estudos de toxicologia _____________________________________ 7

composição bioquímica e condição do mexilhão mytilus gallopRovinCialis pRoduzido em maR abeRto ______________________________9

implicações da Recolonização poR pRadaRias maRinhas na dinâmica populacional de gastRópodes __________________________11

cephsinaction tRaining school “cephalopod biology and caRe on anaesthesia and scientific pRoceduRes cbc-asp2016”__________ 12

de encontRo a um pRotocolo padRonizado de anestesia no polVo co-mum oCtopus vulgaRis _______________________________ 13

Rolanda albuqueRque de matos - a paixão pela ciência _______ 14

notícias do Rectângulo_______________________________15

destaques _______________________________________ 17

pRoposta de sócio__________________________________ 18

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1 Departamento de Biologia & CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro2 MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016, Lisboa, Portugal

Por Cátia Velez1, Stefania Chiesa1, Paula Chainho2; Amadeu Soares1, Etelvina Figueira1 e Rosa Freitas1

Risco para a saúde públicaElevada capacidade de bioacumulação de metais e

arsénio pela amêijoa Ruditapes philippinarum

HIGHLIGHT

A aquacultura de moluscos, nomeadamente bivalves, é uma das actividades mais relevantes para a economia mundial, uma vez que representa cerca de 75% da aquacultura total (FAO, 2012). Uma das principais espécies de bivalves produ-zidas em aquacultura em todo o mundo é a amêijoa-japo-nesa Ruditapes philippinarum (Figura 1) - sinónimo Venerupis philippinarum (Adams e Reeve, 1850), proveniente da região do Indo-pacífico (FAO, 2016). Esta espécie foi introduzida nos ecossistemas Europeus para cultivo comercial no início de 1970 (Flassch e Leborgne, 1992). Desde 1991, que a produção de amêijoa-japonesa cresceu de 0,4 para 4 milhões de tonela-das (FAO, 2016). A coexistência da amêijoa-japonesa com es-pécies nativas, como a amêijoa-boa (Ruditapes decussatus), foi reportada em alguns ecossistemas Europeus, como a Lagoa Óbidos (Portugal), Ria de Aveiro (Portugal), Baia de Santander (Espanha) e o estuário de Poole Harbour, (Inglaterra) (Bidegain Figura 1 – Ruditapes philippinarum

e Juanes, 2013; Humphreys et al., 2015; Velez et al., 2015a,b). No en-tanto, em outros ecossistemas mari-nhos, como a Lagoa de Veneza, esta espécie é considerada uma espécie invasora, uma vez que substituiu a espécie nativa R. decussatus e levou à extinção local de outras popula-ções de bivalves (Otero et al., 2013)

Em Portugal, a amêijoa-japonesa foi introduzida pela primeira vez na Ria Formosa, nos anos 80 (Ruano e So-bral, 2000). Hoje em dia, a explora-ção desta amêijoa constitui uma ac-tividade de grande importância só-cio-económica para as populações ribeirinhas (Maia e Gaspar, 2014; Ramajal et al., in press), podendo ser encontrada em diferentes ecossiste-mas portugueses como os estuários dos rios Sado e Tejo, e as lagoas de Óbidos, Albufeira e Ria de Aveiro (Chainho et al., 2015, Gaspar et al., 2010; Velez 2015a,b). Actualmente, devido ao seu rápido crescimento, rápida maturação sexual e grande fecundidade, é uma das espécies

mais abundantes na Ria de Aveiro e no estuário do Tejo, em comparação com as espécies indígenas (Gaspar et al., 2010; Chainho et al., 2015; Velez et al., 2015a). A sua elevada abundância e a sua fácil apanha fa-zem com que esta espécie seja alvo de intensa pesca ilegal, o que pode conduzir a problemas para a saúde pública dependendo da área onde são apanhadas, nomeadamente no que diz respeito aos níveis de con-taminação dos locais de apanha. De facto, o risco para a saúde pública está relacionado com o facto da amêijoa-japonesa, sendo um orga-nismo filtrador, possuir uma grande capacidade em acumular grandes concentrações de contaminantes inorgânicos, como metais e arsé-nio (As), presentes na água e nos sedimentos (Velez et al., 2015a,b). Recentemente, em ecossistemas es-tuarinos Portugueses, como a Ria de Aveiro, Lagoa de Óbidos e o estuá-rio do rio Tejo, foram encontradas elevadas concentrações de metais e arsénio nos sedimentos (Tabela

1). Na Ria de Aveiro e na Lagoa de Óbidos o chumbo (Pb), cobre (Cu) e o crómio (Cr) são os elementos mais abundantes no sedimento (Tabela 1). No estuário do Tejo, para além da elevada concentração de Pb e Cr, foram encontradas elevadas con-centrações de As (Tabela 1). Nestes ecossistemas marinhos o elemento encontrado em menores concentra-ções nos sedimentos foi o Cd (Tabe-la 1). No que diz respeito à acumu-lação de metais e metaloides pela amêijoa-japonesa, é possível identi-ficar elevadas concentrações de As, Cu, Cr e níquel (Ni) nos tecidos desta espécie proveniente da Ria de Avei-ro e da Lagoa de Óbidos, enquanto em amêijoas provenientes do es-tuário do rio Tejo os elementos com maiores concentrações foram o zin-co (Zn), Pb e As (Tabela 1). No entan-to, nos diferentes ecossistemas Por-tugueses, as concentrações de Cr, Ni, cádmio (Cd), Cu e mercúrio (Hg) presentes nos tecidos desta espé-cie de amêijoa (Tabela 1) encontra-ram-se abaixo dos limites máximos

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permitidos (MPL) por organizações internacionais como a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimen-tar), USFDA (Agência americana de controlo e seguran-ça de alimentos e medicamentos) e FSANZ (Agência de Segurança Alimentar da Austrália e Nova Zelândia). No caso do As e Pb, o mesmo não se verifica, uma vez que as concentrações destes elementos nos tecidos da amêi-joa-japonesa estão acima dos MPL para a FSANZ (As, 1 mg/Kg), ESFA (Pb, 1,5 mg/Kg) e USFADA (Pb, 1,7 mg/Kg). Na Europa ainda não se encontram estabelecidos limi-tes máximos para o As e para o Zn, no entanto elevadas concentrações de As em amêijoa-japonesa, provenien-tes da Ria de Aveiro, Lagoa de Óbidos e Estuário do rio Tejo, demonstraram que o seu consumo pode apresen-

Origem Contaminação Acumulação BSAF Referência

(µg/g sed. seco) (µg/g tecido fresco)

Ria de Aveiro As (0.82-6.14) As (1.61 a 13.94) As (0.35-5.41) Velez et al. (2015a)

Pb (0.93-15.25) Pb (0.16 a 0.34 Pb (0.01-0.37)

Hg (0.57-8.61) Hg (0.01 a 0.04) Hg (0.00-1.51)

Cd (0.02-0.20) Cd (0.05 a 0.08) Cd (0.40-5.04)

Cu (0.55-26.22) Cu (0.55 a 1.78) Cu (0.05-2.81)

Ni (0.57-8.61) Ni (0.40 a 1.16) Ni (0.09-1.88)

Cr (1.02-16.95) Cr (0,35-0,84) Cr (0,03-0,849

Lagoa de Óbidos As (0.74-9.36) As (1.3 -1.53) As (1.29-15.27) Velez et al. (2015b)

Pb (1.90-15.86) Pb (0.21-0.29) Pb (0.15-1.10)

Hg< 0.03 - -

Cd < 0.03 - -

Ni (1.13-15.53) Ni (0.45-1.53) Ni (0.86-5.64)

Cu (1.36-27.74) Cu (0.56-1.83) Cu (0.32-3.49)

Cr (2,03-29,46) Cr (9,53-10,47) Cr (0,35-4,82)

Estuário do Tejo As (4.81-24.78) As (2.42-21.81) As (1.64-27.34) Dados não publicados

Pb (12.3-87.33) Pb (0.45-2.78) Pb (0.08-1.37)

Hg (0.09-0.97) Hg (0.02-0.13) Hg (0.4-6.24)

Cd (0.05-0.49) Cd (0.06-0.10) Cd (1.56-14.53)

Ni (2.15-6.60) Ni (1.20-6.60) Ni (1.81-8.89)

Cr (10.5-39.15) Cr (2-6.38) Cr (0.79-5.34)

Zn (30.34-122.21) Zn (14.18-30.08) Zn (1.21-4.43)

Tabela 1- Concentração de metais e arsénio no sedimento (µg/g sedimento seco), acumulação (µg/g tecido fresco) e o factor de bioacumulação (BSAF) em R. philippinarum. O BSAF foi calculado através da divisão da concentração de cada elemento no tecido de cada organismo (peso seco) pela concentração desse mesmo elemento no sedimento (peso seco). Os valores a negrito correspondem aos valores mais elevados nos diferentes ecossistemas.

Tabela 2 - Quantidade de R. philippinarum que um adulto de 70 Kg necessita de consumir para exceder a ingestão provisória tolerada semanalmente (PTWI).

Cu As Cd Pb Hg Ni Cr

Ingestão provisória tolerada/semana PTWI (mg Kg-1 semana-1)

JECFA 3.5 0.015 0.007 0.025 0.005 0.035 7

FSANZ 0.015 0.007 0.025 0.005

Quantidade necessária por semana para exceder o PTWI (Kg)

Aveiro 138-444 0.075-0.652 5.16-10.94 8.97-27.63 2.11-6.13

Lagoa de Óbidos 134- 438 0.69-0.81 - 6.03-8.33 1.60-5.44 -

Estuário do Tejo - 0.05-0.43 4.85-7.88 0.63-3.86 2.7-14.08 0.95-1.96 16.29-34.56

tar risco para a saúde pública, uma vez que, apenas é necessária a ingestão de 0.05 a 0.81Kg de tecido de amêijoa fresco para exceder a dose semanal tolerável provisória (PTWI), para um adulto de 70 Kg (Tabela 2). O mesmo se verifica para as amêijoas do estuário do rio Tejo, relativamente ao Pb, sendo apenas necessá-rio um adulto de 70 Kg consumir cerca de 0.63 Kg de amêijoas para que o PTWI seja excedido (Tabela 2).

É ainda importante referir que os tecidos da amêijoa-japonesa apresentam concentrações de metais e As mais elevadas do que no sedimento de algumas áreas dos ecossistemas estuarinos Portugueses, o que se traduz numa elevada acumulação por parte destes

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Variabilidade genética da amêijoa-japonesa Ruditapes philippinarum em Portugal e outros países europeus

Por Stefania Chiesa1, Livia Lucentini2, Francesco Nonnis Marzano3, Silvia Breda4, Etelvina Figueira1, Nathalie Caill-Milly5, Roger J.H. Herbert6, Amadeu Soares1, Emanuele Argese4 e Rosa Freitas1

ARTIGO

1Departamento de Biologia & CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro2 Departamento de Química, Biologia e Biotecnologias, Universidade de Perugia, Itália3 Departamento de Biociências, Universidade de Parma, Itália4 Departamento de Ciências Moleculares e Nanosistemas, Universidade de Veneza “Ca’ Foscari”, Itália5 IFREMER, Laboratório de Recursos Haliêuticos de Aquitaine, Anglet, França6 Centro de Ecologia Conservação e Ciências Ambientais, Universidade de Bournemouth, Reino Unido

A genética molecular é uma área im-portante pois, para além de outras mais-valias, fornece informação útil para a rastrebilidade dos productos da pesca e aquacultura (Filonzi et al., 2010). De facto, várias são as fer-ramentas genéticas que permitem

certificar a origem geográfica destes recursos e, desta forma, previnem o seu comércio ilegal e garantem a se-gurança do consumidor e o controle de qualidade do produto (Kim et al., 2014) com benefícios económicos e sociais.

A amêijoa japonesa Ruditapes phili-ppinarum (Adams e Reeve, 1850) é uma espécie com origem no Indo--pacífico, tendo sido introduzida na Europa nos anos 70 e 80 para pesca e aquacultura (Gosling, 2003). Entre as espécies marinhas, R. philippinarum

Figura 1 – Ruditapes philippinarum

Referências Bibliográficas:

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Chainho, P, Fernandes, A, Amorim, A, Ávila, SP, Canning-Clode, J, Castro, JJ, Costa, AC, Costa, JL, Cruz, T, Gollasch, S, Grazziotin-Soares, C, Melo, R, Micael, J, Parente, MI, Semedo, J, Silva, T, Sobral, D, Sousa, M, Torres, P, Veloso, V, Costa, MJ. (2015). Non-indigenous species in Portuguese coastal areas, coastal lagoons, estuaries and islands. Estuarine, Coastal and Shelf Science, Part A, 167:199–211.

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Flassch, JP, Leborgne, Y. (1992). Introduction in Europe, from 1972 to 1980, of the Japanese Manila clam (Tapes philippinarum) and

organismos (BSAF>1) (Tabela1).

Em conclusão, o aumento da abundância da amêijoa-ja-ponesa nos ecossistemas marinhos portugueses deverá ser monitorizado, uma vez que poderá existir o risco de substituição de espécies indígenas por esta espécie, le-vando à perda de biodiversidade em determinados lo-cais. Para além disso, uma vez que é uma espécie com grande capacidade em acumular metais e As pode ser considerada um risco para a saúde pública, caso não se-jam devidamente depuradas.

the effects on aquaculture production and natural settlement. Introductions and transfers of Aquatic species. Selected papers from a Symposium Held in Halifax, Nova Scotia, 194:92–96.

Gaspar, M. (2010). Distribuição, abundância e estrutura demográfica da amêijoa-Japonica (Ruditapes philippinarum) no Rio Tejo. Instituto de Invesigação das Pescas e do Mar p6.

Humphreys, J, Harris, MRC, Herbert, RJH, Farrell, P, Jensen, A, Cragg, SM. (2015). Introduction, dispersal and naturalization of the Manila clam Ruditapes philippinarum in British estuaries. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 1980–2010.

Maia, F, Gaspar, M. (2014). Projeto Gepeto- Caso de estudo: Apanha de bivalves na Ria de Aveiro, Biologia e gestão da pesca de moluscos bivalves na Ria de Aveiro p27.

Ramajal, J, Piccard, D, Costa, JL, Carvalho, F, Gaspar, MB, Chainho P. (in press). Amêijoa-japonesa, uma nova realidade no rio Tejo. Restruturação da pesca e pressão social versus impacto ambiental. Atas do IV Encontro da Rede BRASPOR.

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Velez, C, Figueira, E, Soares, AMVM, Freitas, R. (2015a). Spatial distribution and bioaccumulation patterns in three clam populations from a low contaminated ecosystem. Estuarine, Coastal and Shelf Science 155: 114–125.

Velez, C, Leandro, S, Figueira, E, Soares, AMVM, Freitas, R. (2015b). Biochemical performance of native and introduced clam species living in sympatry: The role of elements accumulation and partitioning. Marine Environment Research 109: 81–94.

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é actualmente uma das invasoras de maior sucesso, representando cerca de 20% do total da produção de mo-luscos em todo o mundo (Edwards, 2005). A amêijoa japonesa é tam-bém uma das cincos espécies de bivalves com maior valor comercial estimado (FAO, 2013), mas o co-nhecimento científico sobre as suas características biológicas é ainda bastante limitado. Por exemplo, a di-versidade e a estrutura genética das populações exploradas para pesca e aquacultura têm sido muito pouco investigadas, e a informação gené-tica existente na literatura é muito limitada (Astorga, 2014).

Para avaliar a diversidade genética das populações de amêijoas intro-duzidas em diversos ecossistemas europeus, espécimes de R. philippi-narum foram colhidos em Portugal (nos estuário dos rios Sado e Tejo, na Ria de Aveiro, na Lagoa de Óbidos e na Ria Formosa), Itália (norte do Mar Adriático- nas lagoas de Marano, Veneza, Sacca de Goro, e no Delta do Rio Po - Scardovari, Caleri e Ma-rinetta), Espanha (Baía da Corunha), Inglaterra (Poole Harbour e estuário do Rio Solent, Southampton) e Fran-ça (Baía de Arcachon) (Figura 1). Na investigação da diversidade genéti-ca destas populações foram usados marcadores moleculares mitocon-driais, através da sequenciação di-recta dos fragmentos de genes 16S rDNA e COI (citocromo oxidase I), e marcadores nucleares, pela genoti-pagem de 7 microssatélites já utili-zados com populações nativas da

China, Japão e Coreia (Yasuda et al., 2007; An et al., 2009). A sequen-ciação directa de um fragmento mitocondrial do gene 16S rDNA mostrou que as populações euro-peias são caracterizadas por um haplótipo muito comum (Rphap1) e 10 haplótipos raros (Chiesa et al., 2011; 2014). As populações portuguesas (Ria de Aveiro) são caracterizadas pela presença do Rphap1, mas foi também registada a presença de um haplótipo raro (Rphap12) que apresenta uma dis-tribuição geográfica limitada a esta área (Chiesa et al., 2014). Como evi-denciado na Figura 2, ao comparar a Ria de Aveiro, a Corunha e 3 áreas do norte do Mar Adriático (Marano, Veneza, Rio Po) as frequências de haplótipos evidenciaram uma di-ferenciação biogeográfica entre as áreas (Chiesa et al. 2014). Um resul-tado semelhante foi obtido através da análise da sequenciação directa de um fragmento do gene mito-condrial COI, apesar de ter uma va-riabilidade haplotípica maior neste caso. Entre todas as populações de Portugal, Itália, Espanha, Ingla-terra e França encontram-se 4 ha-plótipos mais comuns, para além de outros com menor frequência, apenas observados no Atlântico e Adriático (Chiesa et al., submetido). Em Portugal, foram identificados seis haplótipos, três mais comuns e três com baixa frequência. No en-tanto, a ocorrência de haplótipos mitocondriais raros dos genes 16S rDNA e COI com uma distribuição geográfica específica sugere que

ocorreram várias introduções de indivíduos de amêijoa japonesa, de-pois de um evento principal de “efei-to do fundador” (Chiesa et al., 2011; 2014, Chiesa et al. submetido).

Quanto aos microssatélites, estudos anteriores (An et al., 2012; Kitada et al., 2013) apontavam para que estes marcadores nucleares fossem úteis e promissores para caracterizar a genética de populações da amêijoa japonesa. No entanto, a nossa inves-tigação mostrou claramente que a presença de alelos nulos, muito co-muns em invertebrados marinhos, é um ponto crítico na genotipagem desta espécie, especialmente quan-do se comparam muitas popula-ções de origem geográfica diferente (Chiesa et al., 2016). Nos microssa-télites a ocorrência de alelos nulos pode mascarar a variabilidade gené-tica real (devido ao número reduzi-do dos alelos e da heterozigosidade observada) e, em geral, afetar a fia-bilidade dos dados de genética de populações (Chiesa et al., 2016).

Em conclusão, os resultados obtidos nestes estudos sugerem um cenário complexo de introduções de R. phi-lippinarum nos ecossistemas estua-rinos europeus e uma diminuição limitada da diversidade genética nas populações desta espécie. Esta situação resulta de vários eventos de introdução, conduzidos com ma-terial biológico de diferente prove-niência geográfica e em diferentes ocasiões (Chiesa et al., 2011; 2014, Chiesa et al. submetido).

Figura 1 – Áreas de collheita da amêijoa japonesa Ruditapes philippinarum em Portugal, Espanha, Itália, França e Inglaterra.

Figura 2 – Sequen-ciação directa de um fragmento mi-tocondrial do gene 16S rDNA: frequên-cias dos hapló-tipos (indicados pelos acrônimos Rphap1-Rphap10 e Rphap12). O ha-plótipo Rphap11 foi identificado ex-clusivamente nas populações chine-ses da amêijoa ja-ponesa.

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Referências:

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A utilização do bivalve de água doce Corbicula fluminea em estudos de toxicologia

Por Mário S. Diniz

ARTIGO

Chemistry Department; UCIBIO@REQUIMTE | Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade NOVA de Lisboa Quinta da Torre 2829-516. Caparica. PORTUGAL

O bivalve de água doce Corbicula fluminea (Müller, 1774) (Fig.1), pertencente à família Corbiculidae e ao género Corbicula (McMahon, 1982), é uma espécie nativa da Ásia e que progressivamente foi colonizando os continentes americano e europeu (Labrot et al. 1999; Schmidlin & Baur 2007).

Diversos autores tem sugerido que a sua introdução nos EUA e na Europa ocorreu em consequência do comércio de espécies para aquariofilia ou mais provavelmente através do transporte na água de lastro ou no casco dos navios que chegavam à Europa (Sousa et al. 2008). A presença no continente europeu foi observada pela primeira vez em França (rio Dordogne) e em Portugal (rio Tejo) no início da década de 1980 (Mouthon, 1981). Presentemente, a espécie encontra-se distribuída por

Figura 1 –(a) Corbicula flumínea recolhida no rio Tejo em (b) Escaroupim (Salva Terra de Magos)

diversos países europeus, tendo sido descrita em rios e lagos de Espanha, Alemanha ou Holanda (Mouthon, 2001; Schmidlin & Baur, 2007). Em Portugal, atualmente pode ser encontrada em praticamente todas as regiões hidrográficas do país.

Esta espécie caracteriza-se por apresentar uma grande capacidade de adaptação a diferentes habitats, uma tolerância elevada a uma gama vasta de fatores abióticos (ex: temperatura, salinidade, pH),

fecundidade elevada, maturação sexual precoce, crescimento rápido e uma grande capacidade de dispersão (Baudrimont et al. 1997). Geralmente, considera-se que tem duas épocas de reprodução: uma da primavera até ao verão e outra no outono (Sousa et al., 2008). É uma espécie filtradora que vive enterrada na camada superficial do sedimento, realizando trocas constantes ao nível da interface água-sedimento e capaz de

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filtrar grandes volumes de água (McMahon, 2002).

Uma outra particularidade que caracteriza esta espécie é o facto de ser hermafrodita, o que lhe confere uma vantagem na adaptação e na colonização de novos habitats uma vez que um único indivíduo pode dar continuidade à população (Pigneur et al., 2011). Contudo, o mais comum é ocorrer fertilização cruzada. Enquanto espécie invasora constitui um risco para os ecossistemas de água doce, ameaçando a sobrevivência das espécies indígenas e constituindo uma ameaça para a biodiversidade (Sousa et al., 2008).

No entanto, devido à sua grande capacidade de adaptação a diferentes condições ambientais e aptidão para bioacumular diversos poluentes, tem sido utilizada em inúmeros estudos como potencial indicador de contaminação (Doherty 1990; Vidal et al. 2002). Assim, é considerada uma espécie relevante em estudos de toxicidade ambiental devido à sua tolerância em relação aos contaminantes, facilidade de recolha e manutenção em laboratório. Dada a sua vasta distribuição, permite ainda

comparar os resultados obtidos a nível mundial. Para além disso, foi utilizada como indicador de contaminação da água no programa francês de monitorização ECODYN (Legeay et al., 2005).

De facto, diversos estudos têm demonstrado a utilidade desta espécie como potencial indicador de contaminação de metais pesados ou metaloides (Baudrimont et al., 2003; Diniz et al., 2008). Por exemplo, foram realizados estudos mostrando os efeitos da contaminação por arsénio (As) em C. fluminea, observando-se a indução de metalotioneína e a bioacumulação de As (Fig. 2), confirmando o seu papel na regulação e desintoxicação de metais pesados (Diniz et al., 2007; Costa et al., 2009).

Por outro lado, observou-se que o As se acumulava nos tecidos e causava a degeneração das células da glândula digestiva, como se pode observar na Figura 3 (Santos et al., 2007).

De modo semelhante, os estudos de Baudrimont et al. (1997) mostraram indução de MTs em C. fluminea, após exposição a cádmio (Cd). Contudo, de acordo com os

mesmos autores não se observou um aumento significativo nos níveis de MTs após exposição a mercúrio (Hg) inorgânico. Bigot et al. (2010) expuseram C. fluminea a cobre (Cu) e zinco (Zn), mostrando alterações nos níveis de lípidos, de mRNA e do sistema lisossomal. Para além disso, observaram uma resposta prévia das enzimas antioxidantes (CAT, SOD, GPx, GST) contra o stress oxidativo, sugerindo um papel importante na manutenção da integridade celular.

Estudos mais recentes mostraram a utilidade desta espécie na avaliação da toxicidade de nanomateriais. Por exemplo, Cid et al. (2015) avaliaram os efeitos de nanoparticulas de diamante e Lourenço et al. (2011) avaliaram os efeitos de nanopartículas de dióxido de titânio (TiO2) em C. fluminea. Ambos os estudos mostraram o aumento da atividade de enzimas antioxidantes e de uma tendência da peroxidação lipídica para aumentar, possivelmente devido à geração de espécies reativas de oxigénio (ROS), em resultado da exposição às nanopartículas.

Deste modo, os estudos realizados até à data sugerem que C. fluminea é uma espécie com um potencial interessante para utilização em

Figura 2 – Indução de metalotioneínas (MTs) e bioacumulação de arsénico em C. fluminea.

Figura 3 – Fig. 3 – Acumulação de arsénio na glândula digestiva de C. fluminea observado através do método histoquímico de Castel (1936). Barra: 50 µm.

Referências:

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Baudrimont, M, Andres, S, Durrieu, G, Boudou, A. (2003). The key role of metallothioneins in the bivalve Corbicula fluminea during the depuration phase, after in situ exposure to Cd and Zn. Aquatic Toxicology 63:89–102.

Bigot, A, Minguez, L, Giaberini, L, Rodius, F. (2010). Early Defense Responses in the Freshwater Bivalve Corbicula fluminea Exposed to Copper and Cadmium: Transcriptional and Histochemical Studies. Environmental Toxicology 26 (6) 623–632.

Cid, A, Picado, A, Correia, JB, Chaves, R, Silva, H, Caldeira, J, Alves de Matos, AP, Diniz, MS. (2015). Oxidative stress and histological

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changes following exposure to diamond nanoparticles in the freshwater Asian clam Corbicula fluminea (Müller, 1774). Journal of Hazardous Materials 284:27-34.

Costa, PM, Santos, HM, Peres, I, Costa, MH, Alves, S, Capelo-Martinez, JL., Diniz, MS. (2008). Toxicokinetics of Waterborne Trivalent Arsenic in the Freshwater Bivalve Corbicula fluminea. Archives of Environmental Contamination and Toxicology 57:338-347.

Diniz, M, Santos, HM, Costa, PM, Peres, I, Costa, MH, Capelo, JL. (2007). Metallothionein responses in the Asiatic clam (Corbicula fluminea) after exposure to trivalent arsenic. Biomarkers 12:589–598.

Diniz, MS, Santos, HM, Costa, PM, Peres, I, Costa, MH, Capelo, JL. (2008). Effects of exposure to arsenic in Corbicula fluminea (Muller, 1744): Evaluation of the histological, histochemical and biochemical responses. Ciencias Marinas 34 (3) 307-316.

Doherty, FG. (1990). The Asiatic clam, Corbicula spp, as a biological monitor in freshwater environments. Environmental Monitoring and Assessment 15 143-181.

Labrot, F, Narbonne, JF, Ville, P, Saint Denis, M, Ribera, D. (1999). Acute toxicity, toxicokinetics, and tissue target of lead and uranium in the clam Corbicula fluminea and the worm Eisenia fetida: comparison with the fish Brachydanio rerio. Archives of Environmental Contamination and Toxicology 36:167-178.

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Lourenço, J. (2012) Toxicological effects of TiO2 nanoparticles in two freshwater species: Carassius auratus and Corbicula fluminea. MSc Thesis in Biochemistry, Faculdade de Ciências da Universidade da Beira Interior, Covilhã, pp. 76.

McMahon, RF. (1982). The occurrence and spread of the introduced

Asiatic freshwater clam, Corbicula flumínea (Muller) in North America: 1924-1982. The Nautilus 96(4): 134-141.

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Pigneur, LM, Marescaux, J, Roland, K, Etoundi, E, Descy, JP, Van Doninck, K. (2011). Phylogeny and androgenesis in the invasive Corbicula clams (Bivalvia, Corbiculidae) in Western Europe. BMC Evolutionary Biology 11:147

Santos, HM, Diniz, M, Costa, PM, Peres, I, Costa, MH, Alves, S, Capelo, JL. (2007). Toxicological effects and bioaccumulation in the freshwater clam (Corbicula fluminea) following exposure to trivalent arsenic. Environmental Toxicology 22:502–509.

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Sousa, R, Antunes, C, Guilhermino, L. (2008). Ecology of the invasive Asian clam Corbicula fluminea (Muller, 1774) in aquatic ecosystems: an overview. Annales De Limnologie-International Journal of Limnology 44: 85-94.

Vidal, M, Basseres, A, Narbonnea, JF. (2002). Influence of temperature, pH, oxygenation, water-type and substrate on biomarker responses in the freshwater clam Corbicula fluminea (Muller). Comparative Biochemistry and Physiology C 132:93-104.

Composição bioquímica e Índice de condição do mexilhão Mytilus galloprovincialis produzido em mar aberto na costa algarvia

Por Ana Margarete Matias1, Domitília Matias1,2, Sandra Joaquim1,2, Florbela Soares1, Paula Moura1, Miguel B. Gaspar1,3

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1 Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, I.P., Avenida 5 de Outubro 8700-305 Olhão, Portugal2 CIIMAR, Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto, Rua dos Bragas 289, 4050-123 Porto, Portugal.3 CCMAR, Centro de Ciências do Mar, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro.

O mexilhão Mytilus galloprovincialis (Figura 1) é uma es-pécie com um crescente interesse comercial em Portu-gal. Nos últimos anos tem-se assistido à implementação de várias empresas em offshore, em especial na costa algarvia, que têm vindo a apostar nesta espécie, o que levou a um aumento da sua produção. O processo de reprodução afecta a condição fisiológica dos bivalves tendo uma influência directa na qualidade do produto final. O conhecimento da estratégia reprodutiva da es-pécie permitirá gerir a produção e ajustar os timings de comercialização, contribuindo para maximizar a produ-ção das empresas. Neste sentido, foi feita uma avaliação de dois parâmetros descritores da estratégia reprodu-tiva em bivalves, a composição bioquímica e o índice de condição (IC), em mexilhões provenientes de duas zonas da costa algarvia (Olhão e Lagos) (Figura 2), pro-

duzidos em sistema de longlines. Esta análise permite avaliar a estratégia reprodutiva adoptada pela espécie face às condições ambientais de cada local.

Foram colhidas amostras de M. galloprovincialis mensal-mente, desde março de 2014 até fevereiro de 2015, de

Figura 1 – Mytilus galloprovincialis.

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forma a avaliar o IC e a composição bioquímica (proteí-nas, glicogénio e lípidos totais). O IC foi determinado em 10 indivíduos/mês de acordo com Walne e Mann (1975): [peso seco da carne livre de cinzas (AFDW)(g)/peso seco da concha (g)]*100 e a composição bioquí-mica foi obtida para 10 indivíduos/mês, sendo as pro-teínas determinadas pelo método modificado de Lowry (Shakir et al., 1994), o glicogénio pelo método de antro-na (Viles & Silverman, 1949) e os lípidos totais foram ex-traídos com clorofórmio/metanol (Folch et al., 1957) e estimados espectrofotometricamente pelo método de Marsh & Weinstein (1966). Os valores foram expressos em percentagem de AFDW.

Os resultados obtidos permitiram verificar a existência de sincronismo na variação dos parâmetros analisados nos mexilhões provenientes das duas zonas, apesar das diferenças significativas observadas em alguns meses,

Figura 2 – Zonas de amostragem na costa algarvia.

Figura 3 – Variação do índice de condição e da composição bioquímica (proteínas, glicogénio e lípidos totais) (média+desvio padrão, n=10; * diferenças significativas (p<0.05)) nas duas zonas de produção (Olhão e Lagos).

no IC e na composição bioquímica (ANOVA P<0.05) (Figura 3). De uma forma geral, os mexilhões prove-nientes de Lagos apresentaram uma melhor condição relativamente aos provenientes de Olhão, facto que poderá estar associado à disponibilidade de alimento no local, que no caso dos bivalves, juntamente com a temperatura da água do mar, regula a utilização e o ar-mazenamento de energia para o processo reprodutivo. A condição dos indivíduos foi superior no período entre Agosto e Dezembro em ambos os locais. Foi também observada uma grande variabilidade do teor em glico-génio e em lípidos totais durante este período, sugerin-do que a estratégia reprodutiva desta espécie assenta num período alargado de desova no qual ocorre em simultâneo a produção de gâmetas.

Referências:

Folch, J, Lees, M, Sloane Stanley, GH. (1957). A simple method for the isolation and purification of total lipids from animal tissue. Journal of Biological Chemistry 226, 497-509;

Marsh JB, Weinstein DB. (1966). Simple charring method for determination of lipids. Journal of Lipid Research 7:574-576;

Shakir, FK, Audilet, D, Drake III, AJ, Shakir, MM. (1994). A rapid protein determination by modification of the Lowry Procedure. Analytic Biochemistry 216, 232-233;

Viles FJ, Silverman L. (1949). Determination of starch and cellulose with anthrone. Journal Analytical Chemistry 21:950–953;

Walne PR, Mann R. (1975). Growth and biochemical composition of Ostrea edulis and Crassostrea gigas. In Barnes H. (ed) Proceedings of the 9th European Marine Biology Symposium Oban (Scotland), pp 587-607.

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Por Tiago F. Grilo

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MARE – Marine Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Portugal.

A importância ecológica de molus-cos gastrópodes nos ecossistemas costeiros e marinhos é inegável. Os gastrópodes são provavelmente dos mais abundantes organismos bentónicos, servindo de elo de li-gação entre os produtores primá-rios e os consumidores superiores, como caranguejos, peixes e aves. A espécie porventura mais frequente em habitats estuarinos designa--se Peringia ulvae (Pennant, 1777) e trata-se de um “caracol de lama” de pequenas dimensões (2.5-3 mm lar-gura e 4-5.5 mm de comprimento) e de ampla distribuição geográfica, desde o Mar Báltico ao Atlântico Oriental, havendo também registos da sua ocorrência no Mediterrâneo. A espécie demonstra elevada tole-rância à salinidade bem como a di-ferentes níveis de contaminação por metais pesados, como o mercúrio, como demonstrado por Cardoso et al. (2013). Distribui-se preferencial-mente nas camadas superficiais de sedimentos vasosos, onde se fixa em raízes e folhas de plantas halófi-tas de sapal (e.g. Spartina maritima, Juncus maritimus, Scirpus maritimus) e pradarias marinhas de Zostera nol-tii, as quais usa como habitat e de onde obtém alimento e defesa con-tra predadores e a acção das marés. Alimenta-se de detritos, partículas, algas e epífitas incrustadas nas fo-

lhas de plantas de sapal.

O declínio de pradarias marinhas (e.g. Zostera, Posidonia, Cymodocea) e florestas de kelp (e.g. Laminaria, Ecklonia, Eisenia) um pouco por todo o mundo tem sido amplamente di-vulgado, essencialmente como re-sultado da pegada humana no pla-neta, destacando-se como causas de declínio a destruição do habitat, a eutrofização e as alterações climá-ticas. Qualquer perturbação nestes habitats tem consequências direc-tas na diversidade de organismos que albergam, nomeadamente nas populações de gastrópodes resi-dentes, como é o caso de P. ulvae e as pradarias de Z. noltii.

A fim de avaliar a importância da recuperação ecológica do habitat para a estrutura e dinâmica de uma população de P. ulvae foi realizado um estudo em dois locais de carac-terísticas distintas no estuário do Mondego. Um dos locais situa-se a jusante e é provido de pradarias de Z. noltii estabelecidas e compactas, e o outro localiza-se mais a montante, tendo sido recentemente recoloni-zado por Z. noltii, e apresentando pequenas manchas ainda disper-sas, em clara expansão. A questão central residia em investigar qual o impacto da recolonização da área a montante por Z. noltii, fruto das

melhorias de hidrodinamismo e re-dução de nutrientes implementadas no estuário, na estrutura e dinâmica populacional de P. ulvae.

Como demonstrado em Grilo et al. (2012), uma relação linear positiva foi encontrada entre as biomassas de Z. noltii e de P. ulvae, suportando a evidência que a recolonização da área pela macrófita favoreceu a mi-gração de indivíduos de P. ulvae de jusante rumo a montante. A análise de coortes mostrou que os indiví-duos passaram a atingir dimensões progressivamente maiores, coinci-dente com o início da recolonização pela macrófita e a sua posterior ex-pansão. Assim, a população de P. ul-vae residente nas zonas a montante, outrora menos estruturada e maio-ritariamente constituída por juvenis, alvo fácil de predação devido ao se-dimento exposto e desprovido de coberto vegetal, passou a ser mais equilibrada, com dominância mais equitativa entre as várias classes (ju-venis, sub-adultos e adultos).

A expansão das manchas de Z. noltii e a melhoria das condições ecológi-cas do estuário contribuíram para o estabelecimento de uma população de P. ulvae mais estável e estrutura-da, composta por indivíduos gra-dualmente maiores e capazes de assegurar a renovação de gerações

Implicações da recolonização por pradarias marinhas na dinâmica populacional de moluscos gastrópodes

Figura 1 – (A) Pinna rudis; a) Acima do sedimento; b) Abaixo do sedimento. (B) Pinna rudis no seu habitat natural.

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Por Eduardo Sampaio1 e Vanessa M. Lopes1,2

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1MARE – Marine Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Portugal.2 IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Avenida Brasília, 1449-006 Lisboa, Portugal.

CephsInAction Training School “Cephalopod Biology and Care on Anaesthesia

and Scientific Procedures CBC-ASP2016”, em Barcelona (2016)

e portanto a sustentabilidade da es-pécie.

Como conclusão, este trabalho en-fatiza a importância da conservação das pradarias marinhas para o esta-belecimento e sucesso reprodutivo das populações de gastrópodes as-sociados.

Referências:

Cardoso, PG, Sousa E, Matos P, Henriques B, Pereira E, Duarte AC, Pardal MÂ. (2013). Impact of mercury contamination on the population dynamics of Peringia ulvae (Gastropoda): Implications on metal transfer through the trophic web. Estuarine, Coastal and Shelf Science 129 (2013) 189-197.

Grilo TF, Cardoso PG, Pardal MÂ. (2012). Implications of Zostera noltii recolonization on Hydrobia ulvae population structure success. Marine Environmental Research 73: 78-84.

Figura 1 – Histioteuthis bonellii

Na encantadora cidade de Barcelona (Espanha), a um passo de distância do Mar Mediterrâneo, o Instituto de Ciencias del Mar - Consejo Superior de Investigaciones Científicas (ICM-CSIC) foi a instituição seleccionada para a Escola de Formação CephsInAction “Cephs Biology and Care on Anaesthesia and Scientific Procedures CB-C-ASP2016”, que ocorreu de 14 a 17 de março de 2016 (http://www.cephsinaction.org/activities/training-s-chools/cbcasp2016/). A CephsInAction é uma COST ac-tion (FA1301) cujo objectivo é contribuir para o bem-es-tar de cefalópodes na investigação, aquacultura e pesca, através da promoção de formação, difusão, partilha de ferramentas e de conhecimento sobre o melhoramento das práticas utilizadas em experimentação animal. A es-cola de formação contou com 14 estudantes de 8 países europeus (e também do Japão) e foi leccionada por 10 cientistas de renome internacional (http://www.cephsi-naction.org/activities/training-schools/cbcasp2016/#-faculty), cujo foco foi educar sobre os regulamentos da Directiva 2010/63/EU, onde os cefalópodes foram incluí-dos nos animais usados para fins científicos elegíveis para protecção.

Além de introduzir o curso aos formandos, o diretor des-ta escola Dr. Graziano Fiorito (Itália) dissertou sobre as características únicas dos cefalópodes. A destreza cog-nitiva e excelência na resolução de vários desafios fo-ram o ponto central da sua palestra, onde foi também dado enfâse à competência de memória táctil e visual, capacidade de aprendizagem através de observações de outros animais e a ligação que existe entre a sua plastici-dade comportamental e a complexidade de habitat em que o cefalópode se foi desenvolvendo. De seguida, a Dra Marta Solé (Espanha) falou sobre o impacto da polui-

ção sonora submarina na fauna marinha, especialmen-te nos estatocistos (análogos do sistema vestibular hu-mano) dos cefalópodes. Por sua vez, o Dr. Paul Andrews (Reino Unido) definiu quais os procedimentos experi-mentais que caem sob o âmbito da Directiva 2010/63/EU, e que portanto necessitam de autorização pela Autoridade Competente Nacional (NCA), assim como a importância de projetar experiências segunda a regra dos 3R’s e ferramentas que podem ser empreendidas para reduzir, substituir e aperfeiçoar o uso de animais num planeamento experimental. As questões de captu-ra, transporte e manuseamento de cefalópodes foram abordados pelo Dr. João Pereira (Portugal), que focou a legislação existente para regulação destes processos e em procedimentos que possibilitem a menor interfe-rência possível com o animal. O também português Dr. António Sykes discursou sobre identificação individual, marcação e usos de comida alternativa para cefalópo-des em aquacultura.

Sobre a administração de substâncias e procedimentos invasivos, o Dr. Andrews (Reino Unido) dissertou sobre

Figura 1 – Turma e formadores CephsinAction em almoço social

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Por Vanessa M. Lopes1,2 e Eduardo Sampaio1

De encontro a um protocolo padronizado de anestesia no polvo comum, Octopus vulgaris

Os moluscos cefalópodes tem fascinado cientistas e o público em geral há centenas de anos, devido à sua natureza misteriosa e inteligência intrigante. Por mui-to tempo, os cefalópodes cativaram o seu público com o complexo e sofisticado rol de comportamentos que exibem. Ao longo dos anos, os cientistas aperceberam--se que são organismos capazes de sentir dor e que em muitas formas são comparáveis a vertebrados (Broom 2007; Duncan 2007).

Desde 2013, todos os propósitos científicos envolvendo experimentação em cefalópodes estão sob legislação (Directiva 2010/63/EU), obrigando experimentadores a seguir uma conduta específica, evitando totalmente in-fligir dor, sofrimento, agitação ou danos a longo prazo a estes organismos. Na obtenção de dados de cefalópo-des, muitas vezes é necessário retirar amostras de teci-dos ou sacrificar os animais. De forma a efectuar estas tarefas adequadamente, é necessário que o animal não experiencie nenhum tipo de trauma durante os proce-dimentos. Assim, deve ser utilizada anestesia para in-

1 MARE – Marine Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Portugal.2 IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Avenida Brasília, 1449-006 Lisboa, Portugal.

as razões, os tipos de substâncias administradas e também sobre a forma de administração, tendo a Drª Giovanna Ponte (Itália) especificado e expandido os tópicos da analgesia e anestesia como preparação para procedimentos invasivos. A Drª Patri Vergara (Itália) e a Drª Viola Galligioni (Itália) discutiram os aspectos educa-cionais e de formação sobre a Direc-tiva 2010/63/EU, cobrindo uma vasta gama de procedimentos cirúrgicos possíveis e os cuidados a ter antes, após e durante tais procedimentos em cefalópodes. A necessidade de desenvolver outros pontos de ava-liação para além de mortalidade e métodos de sacrifício denominados humanos, foram discutidos pelo Dr. Andrews e pelo Dr. Pereira, respecti-vamente. A vasta experiência do Dr. Roger Villanueva permitiu uma de-talhada descrição sobre os cuidados necessários e controlo de condições no crescimento de cefalópodes des-

de massas de ovos, enquanto o Dr. Fernando A. Fernández-Álvarez in-formou sobre os a sensibilidade quí-mica dos cefalópodes em estados de vida paralarvares e efeitos colaterais da anestesia.

Além da parte teórica da escola de formação, três sessões práticas foram também realizadas. As dis-secções demonstrativas de Sepia officinalis e de Octopus vulgaris fo-ram liderada pela Drª Ponte, dando ênfase às características anatómicas externas e internas únicas dos ce-falópodes. Noutra sessão liderada pela Drª Vergara e Drª Galligioni, fo-ram comparadas duas soluções na indução de anestesia em O. vulgaris, cloreto de magnésio (MgCl2) ou uma mistura deste com etanol. Por fim, o Dr. Fiorito levou a cabo vários testes comportamentais em S. officinalis e O. vulgaris, como por exemplo de-terminação de lateralização visual,

várias formas de aprendizagem e também resolução de problemas, i.e., abertura de um frasco para reco-lher uma presa.

Em conclusão, a escola de formação CBC-ASP2016 cumpriu totalmente o objectivo de preparação dos partici-pantes para cumprir as exigências da Directiva 2010/63/EU, fornecendo ainda ferramentas cruciais de boas práticas laboratoriais para melhora-mento de cuidados com cefalópo-des e de exactidão científica. Além disso, a presença de pessoas de di-ferentes meios científicos (represen-tados quer nos estudantes, quer nos formadores) e a permutabilidade de conhecimento que existiu, levaram a momentos de saudável discussão e promessas de futuras colaborações, ampliando uma já grande rede de cientistas dedicados ao estudo de cefalópodes e do seu bem-estar.

duzir a perda de consciência e executar a eutanásia da forma mais humana possível.

Muitos tipos de anestesia foram já utilizados em cefa-lópodes, desde a imersão em uretano, etanol, tricaína (MS-222), benzocaína, óleo de cravinho, cloreto de mag-nésio e indução de hipotermia (Andrews and Tansey

Figura 1 – Octopus vulgaris

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1981; Messenger et al. 1985; Gonçalves et al. 2012; Glea-dall 2013). Um grande número destes procedimentos foi abandonado, uma vez que têm impactos negativos na eficiência da indução, na condição do animal, na sua recuperação e, no geral, no seu bem-estar. Os métodos mais comuns para induzir a anestesia em cefalópodes, nomeadamente no polvo comum (Octopus vulgaris), é através da imersão do organismo em soluções de clore-to de magnésio (MgCl2) e etanol (EtOH), podendo estas

ser utilizadas em separado ou uma combinação de am-bas. Recentemente, Gleadall (2013) concluiu que estas substâncias são os anestésicos mais eficientes para ce-falópodes, ambas obtendo rápidos tempos de indução e recuperação e sem danos visíveis ou prolongados. No entanto, o etanol é menos eficiente quando a indução da anestesia é efectuada a baixas temperaturas, ficando a indução da anestesia incompleta.

Rolanda Albuquerque de Matos (1926-2015)A paixão pela ciência

Por Gonçalo Calado

Conheci a Rolanda no início dos anos noventa do século passado, numa cor-rida de caracóis organizada na Tam--Tam, uma loja na Junqueira que vendia artesanato, conchas de colecção e que reunia de vez em quando colecciona-dores deste tema. Os organizadores convidaram-na para falar um pouco das capacidades dos “atletas” daquela peculiar prova, a uma audiência parti-cularmente interessada. Surpreendeu--me o seu entusiasmo em ensinar o que sabia a quem queria aprender.

Alguns anos depois visitei-a no Centro de Genética e Biologia Molecular, onde mantinha as suas experiências com he-licídeos. A vida foi mudando e foram precisos alguns saltos no tempo para eu perceber que esta Rolanda era a mes-ma que em 1956 tinha escrito a obra “Peixes de Portugal e Ilhas Adjacentes : chaves para a sua determinação” com mais de mil páginas e que ainda hoje é uma referência para a ictiologia portu-guesa. A Rolanda licenciou-se em Ciên-cias Biologicas em 1947, na Universida-de de Coimbra, numa época em que muito poucas mulheres seguiam carrei-ras na investigação científica. Chegou a confidenciar-me que lhe disseram, em surdina, que se quisesse continuar o melhor mesmo era sair de Coimbra que ali não a deixariam prosseguir uma car-reira académica. A verdade é que nun-ca ingressou nos quadros de nenhuma instituição de investigação, tendo feito sempre os seus trabalhos baseada na economia familiar. O seu marido era o Professor José Antunes Serra, Catedrá-tico de genética da Faculdade de Ciên-

cias da Universidade de Lisboa, que sempre acompanhou na paixão e dedi-cação à ciência.

Quando conheci a Rolanda, recente-mente viúva, já os caracóis terrestres e de água doce eram o seu principal objecto de estudo. Primeiro na genéti-ca, depois na cartografia e revisão das colecções museológicas, contribuiu de forma determinante para o que conhecemos hoje desta fauna, da sua distribuição, ameaças e desafios. Inte-ressou-se sempre pela dinamização da área terrestre no Instituto Português de Malacologia, tendo doado em vida parte considerável do seu acervo bi-bliográfico ao IPM. De há dez anos para cá, dedicou-se com todas as forças que tinha à publicação do “Atlas dos Cara-cóis Terrestres e de Águas Doces e Sa-lobras Portugal Continental” que veria a luz do dia na primavera de 2014, ou seja, 58 anos depois da grande obra dos peixes…

Nessa primavera, para comemorar a edição do Atlas, eu, a Mónica Albuquer-que e a Rolanda fizemos um passeio a São Martinho do Porto, em busca das formas coloridas de Cepaea nemoralis que tanto gostava. E o bem que passá-mos!

Também graças à Rolanda, abri na Uni-versidade em que trabalho uma linha de investigação sobre caracóis terres-tres endémicos e definições de estatu-tos de conservação. Com os alunos te-mos recolhido dados de espécies com distribuições muito reduzidas, no sen-

tido de contribuir para a sua protecção legal. Implica muito trabalho de campo, para o qual os ensinamentos da Rolan-da foram muito importantes.

Em Novembro do ano passado, visitei-a no hospital, já muito debilitada. Levei comigo um mapa da distribuição fina de Candidula setubalensis na serra da Arrábida, com as nossas últimas des-cobertas. Olhou-o com muita atenção, dando pistas para o que ainda faltava. Disse ainda que tinha estado toda a noite a escrever na cabeça um artigo sobre as contribuições de Augusto Nobre para a malacologia portuguesa, mas que não se sentia capaz de o pas-sar ao papel. Esse ficou só com ela.

Por sua vontade expressa, a sua colec-ção científica deverá ir para a Univer-sidade de Coimbra. Pela minha parte, sinto-me um privilegiado por ter con-vivido com tão grande pessoa e tudo farei para que o seu legado perdure.

Figura 1 – Rolanda na queima das fitas 27 de Maio 1947

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Por António Monteiro

NOTÍCIAS DO RECTÂNGULO

Há que começar esta breve crónica, em que se procura recensear o que recentemente se tenha passado no mundo da Malacologia amadora em Portugal, nomeadamente no que respeita às actividades de coleccionismo de conchas, confessando que nos tempos mais recentes – oito meses após as últimas Notícias do Rectângulo – não há, na realidade, muito de novo para relatar.

A velocidade a que a vida moderna se processa impede muitas vezes que certos aspectos menos urgentes e essenciais possam receber a desejada e merecida atenção. Em particular e conforme temos já referido mais de uma vez e em diferentes oportunidade e locais, os avanços da tecnologia, nomeadamente no que se refere à comunicação electrónica, se por um lado permitem um contacto quase instantâneo entre pessoas que partilham determinados interesses, não deixam de, em grande medida, as isolar. O caso é que, antes da criação do correio electrónico e da Internet, os coleccionadores de conchas tinham necessidade de se encontrar regularmente, para trocar impressões, obter informações, ver exemplares interessantes e peças bibliográficas de publicação recente, etc. Hoje, podem fazer quase tudo isso sem sair de casa, o que traz enormes facilidades mas uma perda considerável em termos de convívio e de consolidação de laços de amizade.

Nascido na Ilha de S. Miguel e com formação autodidacta na área da História Natural e tendo terminado o curso dos liceus, o jovem Arruda Furtado travaria conhecimento com o naturalista Carlos Machado

(1828-1901), com quem colaboraria na organização de um museu de história natural no liceu de Ponta Delgada, inaugurado em meados de 1880.

Desde cedo convertido às teorias evolucionistas, Arruda Furtado viria a ser um dos poucos portugueses que se corresponderam com o célebre Charles Darwin (1809-1882). Podem ser admirados nesta exposição vários exemplos dessa correspondência, dando-se ainda a circunstância de a mesma se encontrar reunida num importante volume (Cor-respondência Científica de Francisco de Arruda Furtado, introdução levantamento e estudo de Luís M. Arruda, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2002).

Dedicando a sua vida ao estudo da Malacologia e da Antropologia, publicou, a partir de 1881, cerca de duas dezenas de trabalhos científicos e de divulgação sobre os Moluscos, procurando utilizar as teorias darwinianas para interpretar a distribuição geográfica das espécies da fauna malacológica dos Açores. Foi dos primeiros naturalistas portugueses a reconhecer a importância do estudo combinado das características externas e internas dos animais, para uma correcta compreensão e classificação das espécies, o que o levou a desenvolver e aperfeiçoar sobremaneira as suas técnicas laboratoriais de dissecção e descrição, ficando assim à frente de muitos malacologistas da sua época, nesse aspecto técnico.

Em 1885, Arruda Furtado veio para Lisboa, a fim de integrar os quadros da Secção Zoológica do Museu Nacional, onde durante dois anos se dedicou ao estudo e à catalogação

da colecção de conchas e moluscos. No entanto, com apenas 33 anos de idade, viria a falecer em Ponta Delgada, no dia 21 de Junho de 1887, deixando atrás de si uma vasta obra e dezenas de trabalhos inacabados, na sua maioria ainda hoje inéditos. No obituário publicado no importante Journal de Conchyliologie, em França, os seus directores, Henri Crosse e Paul Fischer, escreveram:

“Tinha um gosto inato, uma verdadeira vocação para as ciências naturais e fazendo fé nos seus primeiros trabalhos que foram publicados nesta revista, pode-se facilmente prever que, se tivesse vivido, teria certamente honrado o Museu de História Natural de Lisboa, do qual era colaborador.”

Como todos os anos, teve lugar em Paris, no fim-de-semana de 12 e 13 de Março, a costumeira reunião/feira dedicada aos coleccionadores de conchas, já na sua 28ª edição. Tal como tem sido habitual nos últimos anos, o certame teve lugar no Espace Charenton e contou com a presença de numerosos expositores e de muito público interessado.

Por lá encontramos sempre muitos amigos – alguns dos quais distantes durante todo o ano – o que contribui muito para o gosto com que nos deslocamos à capital francesa.

É de destacar a participação nacional no certame, desta vez traduzida na presença do Paulo Granja e do Ricardo – da Deep’n Reef – do Gonçalo Rosa, do David Pirinhas, do Ramiro Fiadeiro e sua gentil esposa Sílvia, do António Botto, do Carlos (Camané Afonso) e do José Rosado; a língua portuguesa era ainda falada

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pelos nossos amigos brasileiros, os irmãos José e Marcus Coltro e o Maurício Andrade Lima, com a sua esposa.

Não faltavam, evidentemente, os motivos de interesse e mesmo quando os valores pedidos pelos exemplares mais raros – principalmente quando se trata das famílias mais populares, como Cypraeidae ou Conidae – os colocam fora do alcance da bolsa do coleccionador médio, é sempre um gosto ter oportunidade de ver tais peças!

De Março a Maio do corrente ano, o nosso amigo Carlos Durães de Carvalho apresentou, no Museu Municipal de Alvaiázere, uma exposição de conchas da sua vasta colecção, com o título “O Mundo Marinho em Conchas”.

Conforme todos saberão, Alvaiázere é uma simpática e antiga vila (o seu foral data de 1200) pertencente ao distrito de Leiria, com cerca de 7300 habitantes, facilmente acessível a partir de Lisboa, seguindo pela A1.

Infelizmente, exigências familiares impediram-nos de estar presente, consolando-nos o facto de conhecermos já a colecção Durães de Carvalho, de evento anterior e de uma agradabilíssima visita

A parte da manhã será dedicada ao tema «A sistemática dos Cones e outros Conoidea», enquanto à tarde se tratará de «Os conopeptídeos e as suas utilizações terapêuticas». O colóquio permitirá portanto fazer o ponto de situação sobre a sistemática e a biodiversidade do grupo de neogastrópodes em causa, a respectiva anatomia radular, a evolução morfológica, a origem do aparelho de veneno, a composição química dos venenos produzidos, em face das respectivas estratégias de defesa, e as técnicas actuais disponíveis para o seu estudo, bem como os alvos e mecanismos de acção dessas substâncias, a fim de tirar conclusões acerca das terapias inovadoras que delas possam retirar-se.

Com um painel de oradores do mais alto nível e cerca de sessenta participantes inscritos, o colóquio promete revestir-se do máximo interesse. Ignoramos neste momento se a representação nacional se estenderá para além do autor destas linhas.

ao coleccionador, com um grupo de amigos que lá se deslocaram expressamente há uns anos. Temos por isso a certeza de que o certame terá tido muito interesse e decerto há-de ter despertado a curiosidade de quem, especialmente na região centro do país, tenha tido oportunidade do por lá passar.

Terá lugar muito em breve – à data em que escrevemos estas linhas – o colóquio “Les Cônes et autres Conoidea: de la systématique à l’utilisation thérapeutique des conopeptides”, que decorrerá no dia 24 de Junho em Paris, nas instalações do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM).

Beneficiando do apoio do Muséum National d’Histoire Naturelle e da Association Française de Conchyliologie, o evento é organizado pelo nosso estimado amigo Éric Monnier, contando com a seguinte comissão científica:

- Dr. Éric Monnier (Président), Maître de Conférences au CNAM- Dr. Nicolas Puillandre, Maître de Conférences au MNHN

- Dr. Françoise Goudey-Perriere, Maître de Conférences retraitée

- Dr. Evelyne Benoit, Chargée de Recherche au CNRS

Figura 1 – Colecção de conchas, maioritariamente da família Cypraeidae, uma das mais populares. Foto por Bill and Mark Bell.

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Por Vanessa Madeira

MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Av. Nossa Senhora do Cabo, 939, 2750-374 Cascais, Portugal.

DESTAQUES

INTERNACIONAIS

BIVALVIA

Oyarzun, PA, Toro, JE, Canete, JI, Gardner, JPA. (2016). Bioinvasion threatens the genetic integrity of native diversity and a natural hy-brid zone: smooth-shelled blue mussels (Mytilus spp.) in the Strait of Magellan. Biological Journal of the Linnean Society 117, 574-585.

Pales Espinosa, E, Koller, A, Allam, B. (2016). Proteomic characteriza-tion of mucosal secretions in the eastern oyster, Crassostrea virgini-ca. Journal of Proteomics 132, 63-76.

GASTROPODA

d’Errico, F, Backwell, L. (2016). Earliest evidence of personal orna-ments associated with burial: The Conus shells from Border Cave. Journal of Human Evolution 93, 91-108.

Koopman, K.R., Collas, F.P.L., van der Velde, G., Verberk, W., 2016. Ox-ygen can limit heat tolerance in freshwater gastropods: differences between gill and lung breathers. Hydrobiologia 763, 301-312.

Schram, J.B., Schoenrock, K.M., McClintock, J.B., Amsler, C.D., Angus, R.A., 2016. Testing Antarctic resilience: the effects of elevated sea-water temperature and decreased pH on two gastropod species. ICES Journal of Marine Sciences 73, 739-752.

CEPHALOPODA

Bartol, IK, Krueger, PS, Jastrebsky, RA, Williams, S, Thompson, JT. (2016). Volumetric flow imaging reveals the importance of vortex ring formation in squid swimming tail-first and arms-first. Journal of Experimental Biology 219, 392-403.

Choi, MK, Park, OK, Choi, C, Qiao, ST, Ghaffari, R, Kim, J, Lee, DJ, Kim, M, Hyun, W, Kim, SJ, Hwang, HJ, Kwon, SH, Hyeon, T, Lu, NS, Kim, DH. (2016). Cephalopod-Inspired Miniaturized Suction Cups for Smart Medical Skin. Advanced Healthcare Materials 5(1), 80-87.

Mironenko, AA, Rogov, MA. (2016). First direct evidence of am-monoid ovoviviparity. Lethaia 49, 245-260.

OUTROS

Carnegie, RB, Arzul, I, Bushek, D. (2016). Managing marine mollusc diseases in the context of regional and international commerce: pol-icy issues and emerging concerns. Philosophical Transactions of the Royal Society B-Biological Sciences. 371, 11.

Clark, MS, Power, DM, Sundell, K. (2016). Cells to shells: The genom-ics of mollusc exoskeletons. Marine Genomics 27, 1-2.

Pila, EA, Sullivan, JT, Wu, XZ, Fang, J, Rudko, SP, Gordy, MA, Haning-ton, PC. (2016). Haematopoiesis in molluscs: A review of haemocyte development and function in gastropods, cephalopods and bi-valves. Developmental and Comparative Immunology 58, 119-128.

Moreno-Gonzalez, R, Rodriguez-Mozaz, S, Huerta, B, Barcelo, D, Leon, VM. (2016). Do pharmaceuticals bioaccumulate in marine molluscs and fish from a coastal lagoon? Environmental Research 146, 282-298.

NACIONAISBIVALVIA

Costa, ST, Vale, C, Raimundo, J, Matias, D, Botelho, MJ. (2016). Chang-es of paralytic shellfish toxins in gills and digestive glands of the cockle Cerastoderma edule under post-bloom natural conditions. Chemosphere, 149: 351–357.

Freitas, R, Almeida, Â, Calisto, V, Velez, C, Moreira, A, Schneider, RJ, Esteves, VI, Wrona, FJ, Figueira, E, Soares, AMVM. (2016). The impacts of pharmaceutical drugs under ocean acidification: New data on single and combined long-term effects of carbamazepine on Scro-bicularia plana. Science of the Total Environment 541, 977-985.

Kamermans, P, Blanco, A, Joaquim, S, Matias, D, Magnesen, T, Nicolas, JL, Petton, B, Robert, R. (2016). Recirculation nursery systems for bi-valves. Aquaculture International. DOI: 10.1007/s10499-016-9990-3

Matias, D, Joaquim, S, Matias, AM, Leitão, A. (2016). Reproductive effort of the European clam Ruditapes decussatus (Linnaeus, 1758): influence of different diets and temperatures. Invertebrate Repro-duction and Development, 60(1): 48-58.

Riesco, MF, Félix, F, Matias, D, Joaquim, S, Suquet, M, Cabrita, E. (2016). First study in cryopreserved Crassostrea angulata sperm. General and Comparative Endocrinology. doi: 10.1016/j.ygcen.2016.05.003

GASTROPODA

André, L, Bicho, N. (2016). Perforation techniques and traces of use on the Mesolithic adornments of the Trench Area at Cabeço da Amoreira Shellmidden (Muge, central Portugal). Comptes Rendus Palevol 15, 569-580.

Borges, LMS, Hollatz, C, Lobo, J, Cunha, AM, Vilela, AP, Calado, G, Coe-lho, R, Costa, AC, Ferreira, MSG, Costa, MH, Costa, FO. (2016). With a little help from DNA barcoding: investigating the diversity of Gas-tropoda from the Portuguese coast. Scientific Reports 6, 20226.

Carvalho, J, Sotelo, G, Galindo, J, Faria, R. (2016). Genetic character-ization of flat periwinkles (Littorinidae) from the Iberian Peninsula reveals interspecific hybridization and different degrees of differen-tiation. Biological Journal of the Linnean Society 118, 503-519.

CEPHALOPODA

MacCormack, TJ, Callaghan, NI, Sykes, AV, Driedzic, WR. (2016). Tau-rine depresses cardiac contractility and enhances systemic heart glucose utilization in the cuttlefish, Sepia officinalis. Journal of Com-parative Physiology B 186, 215-227.

Lamarre, SG, MacCormack, TJ, Sykes, AV, Hall, JR, Speers-Roesch, B, Callaghan, NI, Driedzic, WR. (2016). Metabolic rate and rates of pro-tein turnover in food-deprived cuttlefish, Sepia officinalis (Linnaeus 1758). American Journal of Physiology - Regulatory, Integrative and Comparative Physiology, 310 (11) R1160-R1168

Xavier, JC, Ferreira, S, Tavares, S, Santos, N, Mieiro, CL, Trathan, PN, Lourenco, S, Martinho, F, Steinke, D, Seco, J, Pereira, E, Pardal, M, Cherel, Y. (2016). The significance of cephalopod beaks in marine ecology studies: Can we use beaks for DNA analyses and mercury contamination assessment? Marine pollution bulletin 103, 220-226.

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Instituto Português de MalacologiaZoomarine E.N. 125, Km 65 Guia 8201-864 Albufeira PORTUGAL Tel: 289 560 300 | Fax: 289 560 309 | Email: ipmalac @gmail

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PORTUGAL ABoletim do Instituto Português de Malacologia

ISSN: 1645-9822Depósito Legal: 210446/04

Morada: Instituto Português de Malacologia (IPM), ZooMarine E.N. 125, KM65 Guia, 8201-864 AlbufeiraTelefone: 289 560 300Email: ipmalac @gmailSite IPM: http: www.ipmalac.pt

Corpo Editorial: Rui Rosa (Editor) MARE - Marine Environmental Sciences Centre [email protected]

Catarina Santos (Subeditora) Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar [email protected]

Vanessa Madeira (Subeditora) MARE - Marine Environmental Sciences Centre [email protected]

Joaquim Reis (Presidente IPM) Presidente do Instituto Português de Malacologia [email protected]

António Frias Martins Departamento de Biologia da Universidade dos Açores [email protected]

António Marques Divisão de Aquacultura e Valorização, Instituto Português do Mar e da Atmosfera [email protected]

Diana Carvalho Museu Nacional de História Natural e da Ciência [email protected]

Dinarte Freitas Teixeira Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais da Madeira, Direcção Regional do Ambiente [email protected]

Domitília Matias Divisão de Aquacultura e Valorização, Instituto Português do Mar e da Atmosfera [email protected]

Miguel Nogueira Baptista MARE - Marine Environmental Sciences Centre [email protected]

Ronaldo Sousa CIIMAR/CIMAR e Departamento de Biologia da Universidade do Minho [email protected]

Autores neste volume:Amadeu Soares | Ana Margarete Matias | António Monteiro | Cátia Velez | Domitília Matias

Eduardo Sampaio | Emanuele Argese | Etelvina Figueira | Florbela Soares | Francesco Nonnis Marzano Gonçalo Calado | Livia Lucentini | Mário Diniz | Miguel B. Gaspar | Nathalie Caill-Milly | Paula Chainho

Paula Moura | Robert Herbert | Rosa Freitas | Sandra Joaquim | Silvia Breda | Stefania Chiesa Tiago F. Grilo | Vanessa Madeira

Foto Capa: Arlindo Pereira

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