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Revista de Odontologia da Revista de Odontologia da UNICID UNICID volume 14 - número 1 jan./abr. - 2002 volume 14 - número 1 jan./abr. - 2002 ISSN 0104 - 4850 Revista de Odontologia da UNICID - Volume 14 - Número 1 - Janeiro/Abril - 2002 UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CIDADE DE SÃO PAULO UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

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Page 1: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

Revista deOdontologia da

Revista deOdontologia da

UNICIDUNICIDvolume 14 - número 1

jan./abr. - 2002

volume 14 - número 1jan./abr. - 2002

ISSN

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UNIVERSIDADECIDADE DE SÃO PAULOCIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADECIDADE DE SÃO PAULO

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UNIVERSIDADECIDADE DE SÃO PAULO

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Revista de Odontologia da UNICID / Universidade Cida-de de São Paulo v. 5, n. 1 (jan./jun. 1993) - . - - SãoPaulo : UNICID, 1993.

Quadrimestral.

Continuação da Revista da Faculdade de Odontologiada F.Z.L., v. 1, 1989 - v. 4, 1992.

Descrição baseada em v. 14, n. 1 (jan./abr. 2002).

ISSN 0104-4850

1. Odontologia - Periódicos I. Universidade Cidade deSão Paulo. Curso de Odontologia.

CDD 617.6005Black D05

Catalogação-na-publicação

Page 4: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

E D I T O R I A L

É com entusiasmo que vejo a pesquisa em Odontologia crescendoem progressão geométrica, não só quantitativa, mas, principalmente, qualitati-vamente. A cada ano vem aumentando o interesse da classe odontológica pelapesquisa. Tanto trabalhos clínicos quanto pesquisas básicas voltadas aos proble-mas da Odontologia estão sendo feitos em vários níveis acadêmicos.

Hoje, contamos com um grande contingente de estudantes de Odontolo-gia, não só de cursos de Pós-Graduação, mas também de Graduação, fazendo pes-quisa, muitas vezes de ponta, e publicando seus resultados.

O estudante de Odontologia não está mais satisfeito em apenas adquiriro conhecimento. Ele está empenhado em participar da produção desse conheci-mento. Isso pode ser facilmente demonstrado pela afluência de trabalhos apresen-tados em congressos científicos. Entre esses, destacamos a Reunião Científica daSociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO), que para esse ano rece-beu 2.559 resumos de trabalhos submetidos para apresentação.

Felizmente, já existem revistas nacionais de prestígio onde esses traba-lhos encontram espaço para serem publicados. Adicionalmente, muitas das nos-sas pesquisas estão sendo publicadas em revistas internacionais. No entanto, atépara uma maior divulgação dos resultados desses trabalhos dentro da comunidadeodontológica brasileira, necessitamos de muitos periódicos nacionais. Nesse as-pecto, a Revista de Odontologia da UNICID vem colaborando para a divulgaçãode grande número de trabalhos científicos. Além disso, ao publicá-los ela nos es-timula a continuar pesquisando e aprimorando cada vez mais o nosso trabalho.

Márcia Martins MarquesProfessora Associada do Departamento de Dentística

da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

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A REVISTA DE ODONTOLOGIA DA UNICIDé publicada pela Universidade Cidade de São Paulo

Rua Cesário Galeno, 432 / 448 - CEP 03071-000 - São Paulo - BrasilTel.: (11) 6190-1200 Fax: (11) 6941-4848

E-mail: [email protected]

ChancelerPAULO EDUARDO SOARES DE OLIVEIRA NADDEO

ReitorRUBENS LOPES DA CRUZ

Vice-ReitorSÉRGIO AUGUSTO SOARES DE OLIVEIRA NADDEO

Pró-Reitor AdministrativoLUIZ ANTÔNIO GOMES DA SILVA

Pró-Reitor AcadêmicoVANDERLEI PAES MANSO

Diretor do Curso de OdontologiaFLÁVIO VELLINI-FERREIRA

COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO

Diretor CientíficoCarlos Eduardo Aun

Secretário GeralCelso Luiz Caldeira

Consultor CientíficoNelson Villa

Normalização e revisãoMarly Galves Flaquer da RochaCeres Werneck da Silva

Produção editorialRicardo Borges Costa

COMISSÃO EDITORIAL

Andréa Naddeo Lopes da CruzArtêmio Luiz ZanettiCarlos Alberto DottoCarlos Eduardo AunClimene ValentimFernando de Souza LapaFlávio Vellini-FerreiraGilberto Debelian (Noruega)Giúlio GaviniJaime Rovero (México)Jeffrey M. Coil (Canadá)João Felicio Miziara FilhoJurandyr PanellaKanji Kishi (Japão)Kazuya Watanabe (Japão)Mario Sergio VenturiniNarciso Garone NettoNelson VillaPedro Felício Estrada BernabéPedro Fernandes LaraRenato GiuffridaSílvio BoraksWaldir Grec

A Revista de Odontologia da UNICID é indexada na publicação: Bibliografia Brasileira de Odontolo-gia. Base de dados: LILACS; BBO; Periodica. Índice de Revistas Latinoamericanas en Ciencias.

Publicação quadrimestral. Tiragem: 1.000 exemplares.

Solicita-se permuta. Si solicita lo scambio. Exchange is solicited. Se solicita el canje. On demandel’échange. Wir bitten um Austausch.

Assinatura anual: US$ 15.00; bianual: US$ 27.00; exemplar avulso: US$ 10.00. Adicional de US$ 1.70para outro Estado (Add US$ 7.00 for airmail postage). O pagamento poderá ser efetuado através decheque nominal à SECID - Sociedade Educacional Cidade de São Paulo S/C Ltda. ou O.P. para Banco424 - Santander. Agência nº 019 - Pça. Sílvio Romero, São Paulo, c/c 502.786/87, considerada a taxa deconversão cambial (dólar comercial) do dia.

Page 6: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

REVISTA DE ODONTOLOGIA DA UNICID

Universidade Cidade de São Paulo

Volume 14 - Número 1 janeiro/abril 2002

SUMÁRIO/CONTENTS

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ARTIGOS CIENTÍFICOS/SCIENTIFIC ARTICLES

Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportesde contato

Incidence of orofacial injuries and utilization of mouthguards in various contact sports

Alexandre Fonseca BARBERINI; Carlos Eduardo AUN;Celso Luiz CALDEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7-14

Avaliação de duas metodologias de quantificação da extrusão de “debris” apicais

Evaluation of two methodologies for the quantification of the extrusion of apical debris

Marili Doro Andrade DEONIZIO; Giulio GAVINI; Roberto PONTAROLO.. . . . . . 15-23

Análise do nível de educação odontológica dos pais/responsáveis de escolares da 3ª sériedo 1º grau e sua relação na motivação e educação odontológica de seus filhos

Analysis of the knowledge on oral health of parents and tutors of students of the 3rd gradeof elementary school and its relation with the education and motivation of their childrenas to oral health

Aline Guerra AQUILANTE; José Roberto de Magalhães BASTOS;Sílvia Helena de Carvalho SALES PERES; Rosana Barbosa LEAL;Angela Matsu HIGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25-34

Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados

Effects of the application of Candida albicans on the tongue of normaland sialoadenectomized rats

Antonio Olavo Cardoso JORGE; Marcos Augusto do REGO;Elisabete Brasil dos SANTOS; Oslei Paes de ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . 35-44

ARTIGOS DE REVISÃO/REVIEW ARTICLES

Manual de vigilância sanitária para cirurgiões-dentistas

Health surveillance manual for dentists

Chen Ya TEN; Antônio Carlos PEREIRA; Eduardo DARUGE . . . . . . . . . . . . . 45-55

O primeiro molar permanente e sua importância

The first permanent molar and its importance

Stenyo W. TAVARES; Mayury KURAMAE; Maria Beatriz de Araújo MAGNANI;Darcy Flávio NOUER; Paula Andréa de Melo VALENÇA . . . . . . . . . . . . . . . 57-62

Atenção odontológica aos pacientes oncológicos antes, durante e depois dotratamento antineoplásico

Oral health care for oncologic patients before, during and after antineoplastic treatment

Roberta Francisca MARTINS DE CASTRO; Mariela Siqueira Gião DEZOTTI;Luciana Reis de AZEVEDO; Aline Guerra AQUILANTE;Claudio Roberto Gaião XAVIER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63-74

Índice de Autores/Author Index . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75Índice de Assuntos/Subject Index . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77Normas Editoriais/Instructions to Contributors . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81-84

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INCIDÊNCIA DE INJÚRIAS OROFACIAIS E UTILIZAÇÃO DEPROTETORES BUCAIS EM DIVERSOS ESPORTES DE CONTATO

INCIDENCE OF OROFACIAL INJURIES AND UTILIZATION OF

MOUTHGUARDS IN VARIOUS CONTACT SPORTS

Alexandre Fonseca BARBERINI*Carlos Eduardo AUN**Celso Luiz CALDEIRA***

BARBERINI, A. F. et al. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetoresbucais em diversos esportes de contato. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14,jan./abr. 2002.

RESUMO

A finalidade primordial da prática esportiva é proporcionar o bem-estar físico, etambém o equilíbrio corpo/mente; porém, em certas ocasiões, a integridade física doatleta é colocada em risco, assim, o uso correto de equipamentos de proteção irá minimi-zar certos tipos de lesões. Vários trabalhos de autores nacionais e estrangeiros mencio-nam que a maior incidência de lesões orofaciais acontecem em esportes de contato,portanto uma proteção adequada com protetores bucais pode diminuir o número e o graude severidade destas injúrias. Alguns atletas relatam que os protetores bucais mal adap-tados e com pouca retenção, geram alguns problemas, como a dificuldade de falar e res-pirar, provocar ânsia e estética ruim. O objetivo deste estudo foi avaliar a freqüência, otipo, e as dificuldades na utilização dos protetores bucais por alguns atletas de esporte decontato, procurando estabelecer também a porcentagem de injúria orofacial prévia. Fo-ram entrevistados 760 atletas que participavam de algumas modalidades de contato e co-lhidas as informações sobre o equipamento de proteção. Os atletas relataram o uso ounão do equipamento, e o tipo de protetor utilizado sendo: I (de estoque), II (feitos naboca), III (feitos sob medida), além de analisadas as dificuldades na utilização, bemcomo a ocorrência de alguma injúria prévia. Observou-se que 456 (60%) dos atletas nãousam protetores bucais e 304 (40%) utilizam o equipamento somente nas competições.Dentre aqueles que utilizam, 103 (34%) usam o do tipo I, 152 (50%) usam do tipo II eapenas 49 (16%) usam o do tipo III. Cerca de 200 atletas (66%) tem dificuldade na utili-zação, sendo que a maior queixa, 100 (50%), é a dificuldade de respiração, principalfator para a não-utilização deste equipamento, dentre outros como: ânsia (20%), dificul-dade na fala (18%), ferimento/dor (10%) e dificuldade de remoção (2%). Dos atletas en-trevistados, 554 (73%) já tiveram alguma injúria prévia, dentre os tipos mais freqüentes,as lesões de tecido mole (60%), traumatismo de dentes (16%), fratura mandibular (9%) eas lesões orofaciais combinadas (15%) do total de injúrias.

UNITERMOS: Protetores bucais - Traumatismos faciais, epidemiologia - Trau-matismos em atletas, prevenção e controle

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Rev. Odontol. UNICID

v. 14, n. 1, p. 7-14, jan./abr. 2002

*Professor Assistente da Disciplina de Endodontia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).**Professor Titular da Disciplina de Endodontia da UNICID. Professor Associado da Disciplina de Endodontia

da Universidade de São Paulo (USP).***Professor Doutor da Disciplina de Endodontia da USP.

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INTRODUÇÃO E REVISÃO DALITERATURA

Com o aumento da competitividade ecom a participação mais difundida na popu-lação em geral, há uma tendência natural docrescimento das lesões relacionadas com aprática desportiva. As lesões traumáticas nosesportes atingem um alto índice, variando deacordo com o esporte praticado (ANDREA-SEN, J. e ANDREASEN, F.1, 2001). Nesteparticular, as lesões orais e dentárias apre-sentam-se de forma mais significativa quan-do se avalia as lesões orofaciais, sendo aregião mais atingida nas modalidades decontato ou impacto (RANALLI e LANCAS-TER17, 1995). Segundo a “National YouthSports Foundation” (NYSF), os atletas deesportes de contato tem cerca de 10% a maisde possibilidade de sofrer lesões orofaciaisdurante uma competição esportiva, sendo de33 % a 56% durante toda a sua carreira.

Os traumatismos dentários ocorrem fre-qüentemente durante a prática de esportes,cerca de 14% a 39% dentre as lesões orofa-ciais, porém existe uma particularidade quedifere o traumatismo dentário no esporte da-quele ocorrido em outras áreas, que é a pos-sibilidade da prevenção, reduzindo ou mes-mo impedindo o número e a severidade daslesões nestas estruturas (SANE e YLIPAA-VALNIEMI18, 1988). Medidas preventivas,as quais incluem o uso do cinto de segurançaem automóveis e uso de roupas protetoras aoparticipar de esportes de contato, ganharamuma popularidade considerável durante a úl-tima década, refletindo uma tentativa de re-duzir o número de traumatismos à cabeça, àface e aos tecidos orais (ANDREASEN, J. eANDREASEN, F.1, 2001).

Os capacetes, as máscaras faciais e osprotetores bucais são recomendados na lite-ratura como meios de reduzir ou impedir aslesões orofaciais, assim como para diminuirsignificativamente as concussões, hemor-

ragias cerebrais, perda de consciência(“knock-out”) e outras lesões mais graves re-lacionadas ao sistema nervoso central, asquais podem levar ao óbito (HICKEY etal.10, 1967; CHAPMAN7, 1989; JOHNSENe WINTERS14, 1991). Já, os protetores bu-cais protegem os dentes, tecidos moles eoutras estruturas intraorais, amortecendo edistribuindo o impacto na parte superior,protegendo os tecidos moles e dentes ante-riores, e na parte inferior, evitando contusõesou fraturas mandibulares, deslocamentos etraumas na articulação temporomandibular(GLASSMAN11, 1995; JOHNSEN e WIN-TERS14, 1991). Nos EUA, a “Academy forSports Dentistry” listou 40 esportes aosquais o protetor bucal seria vantajoso aosseus participantes. Dentre eles pode-se citar:boxe, basquetebol, handebol, artes marciaisem geral, hóquei na grama e gelo, futebol, ci-clismo, equitação, motocross, futebol ameri-cano, rugby entre outros (PADILLA et al.15,1996).

A proteção dos tecidos orais durante osesportes de contato foi registrada pela pri-meira vez em 1913 por um boxeador inglêsTed “Kid” Lewis que utilizou um protetorbucal feito de guta-percha. Desde aquelaépoca, a utilização de protetores bucais e,em alguns países, de capacetes, tornou-seobrigatório no boxe (ANDREASEN, J. eANDREASEN, F.1, 2001; CANTO et al.5,1999).

A partir de 1950, já se usava o protetorbucal nas escolas e universidades dos Es-tados Unidos, mas somente em 1962 a “Na-tional Alliance Football Rules Committee”,estabeleceu como obrigatório o uso de prote-ção bucal durante os jogos de futebol ameri-cano de times escolares e juniores.

Na década de 70, mais precisamente em1973, a “National Collegiate Athletic Asso-

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BARBERINI, A. F. et al. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportes decontato. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14, jan./abr. 2002.

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ciation” (NCAA) obrigou os jogadores defutebol americano a usar protetores bucaisquando estivessem competindo (YAMADAet al.20, 1998; CANTO et al.5, 1999; JOHN-SEN e WINTERS14, 1991).

POWERS et al.16 (1984) descreveram ascaracterísticas dos protetores bucais reco-mendadas pela “American Society for Tes-ting Materials” (ASTM) que resumidamenteindicavam que os protetores deveriam serconfeccionados de material resistente, reco-brindo todos os dentes, preferencialmenteutilizados na maxila, serem confortáveis enão atrapalhar a fala nem a respiração(GUEVARA e RANALLI12, 1991; JOHN-SEN e WINTERS14, 1991).

Dentro destas características, os protetoresbucais podem ser classificados em três tipos :

A. De estoque ou universais (“stock”).

B. Feitos na boca ou pré-fabricados (“mouth-formed”).

C. Feitos sob medida ou sob encomenda(“custom-made”) (Figura 1).

Os protetores de estoque são dispositivosencontrados geralmente em tamanho pa-drão, confeccionados em borracha ou por al-gum material plástico, e podem ser encontra-dos em lojas de artigos esportivos. O ajuste éprecário, devido a sua má adaptação e poucaretenção, dificultam a fala e a respiração,

tendo como vantagem o custo e a fácil aqui-sição. Os protetores feitos na boca estãodisponíveis no mercado em dois tipos: reves-tidos de concha (“shell-liner”) e termoplásti-cos (“boil and bite”). Os revestidos de con-chas consistem em uma moldeira externadura de cloreto de vinil que pode ser preen-chida com uma camada de metil-metacrilatoautopolimerizável ou silicone pelo próprioesportista. O segundo tipo “boil and bite” é omais usado entre os protetores feitos naboca, sendo confeccionado a partir de umamoldeira termoplástica pré-formada de co-polímero de PVAc – PE (EVA) ou PVC queé plastificada em água quente e então molda-da na boca pelo usuário. Se cuidadosamenteajustados, eles favorecem uma razoáveladaptação e são retidos mais facilmente queos de estoque.

Os protetores bucais feitos sobre medidaou encomenda, são confeccionados pelo cirur-gião-dentista, após a obtenção do modelogeralmente da maxila do paciente, em um apa-relho a vácuo através de placas de vários ma-teriais, sendo que os mais usados são os ma-teriais plásticos de vinil termoplásticos queestão disponíveis em espessuras de 3 a 6 mm.Muitos estudos mostram que este tipo de equi-pamento é mais confortável que os de outrostipos, pois se adaptam melhor, tem melhorretenção e distribuem melhor as forças deimpacto, dando maior segurança ao usuário(ANDREASEN, J. O. e ANDREASEN, F.1,2001; CANTO et al.5, 1999; BISHOP4, 1985;

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BARBERINI, A. F. et al. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportes decontato. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14, jan./abr. 2002.

Figura 1 - A, B e C: etapas de confecção do protetor bucal feito sob encomenda.

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TRAN e COOKE19, 2001; BEMELMANNSe PFEIFFER3, 2001).

Os protetores a vácuo devem ter espessu-ra adequada para a superfície oclusal, que ésugerida por vários autores como sendo de4,0 a 5,0 mm, portanto, sem interferir na pas-sagem de ar e facilitando a respiração(CHANDLER et al.6, 1985; BEMEL-MANNS e PFEIFFER3 2001; WESTER-MAN21, 1995). Mas, apesar destas carac-terísticas, os atletas ainda reclamam que amaior parte dos protetores são desconfortá-veis, dificultam a respiração e a fala (PO-WERS et al.16, 1984; GUEVARA e RA-NALLI12, 1991; JOHNSEN e WINTERS14,1991; CANTO et al.5, 1999).

A proposta deste trabalho foi avaliar afreqüência, o tipo e as dificuldades de utili-zação dos protetores bucais por atletas de al-guns esportes de contato durante as competi-ções, procurando estabelecer também aporcentagem de injúria orofacial prévia,para que se possa futuramente, otimizar autilização de mecanismos de proteção aostraumatismos orofaciais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram entrevistados 760 atletas, entreprofissionais e amadores, com idade de 16 a35 anos do sexo masculino e feminino quecompetiam em torneios esportivos de boxe(79), handebol (82), basquete (36), kung fu(137), jiu-jitsu (60), kickboxing (172), kara-tê de contato/interestilos (140), judô (30) efutebol (84). Os atletas foram entrevistadosquanto à utilização ou não de protetor bucal(se usavam regularmente o equipamento),qual o tipo de protetor utilizado durante acompetição, se havia alguma dificuldade nasua utilização, qual era o principal fator danão-utilização do equipamento e finalmentese ocorreu algum trauma orofacial durante aprática esportiva ou competição. Os resulta-

dos foram coletados e os dados foram com-putados (Tabelas 1, 2 e 3).

RESULTADOS

Os resultados mostraram que dos 760atletas entrevistados, 456 (cerca de 60%)não usaram protetores bucais e 304 (40%)utilizaram protetores bucais durante as com-petições, destes 103 (34%) usaram o protetordo tipo I (de estoque), 152 (50%) usam otipo II (feitos na boca) e somente 49 (16%)usam o tipo III (feito sobre medida). Os atle-tas que tiveram dificuldade na utilização fo-ram cerca de 200 (66%), sendo que a dificul-dade de respiração em 100 (50%) dos atletasfoi responsável pela dificuldade no uso e danão-utilização deste equipamento. Cerca de554 (73%) dos atletas já tiveram alguma in-júria prévia tais como: lesões de tecidos mo-les 332 (60%), traumatismo de dentes 89(16%), fratura mandibular 50 (9%) e as le-sões orofaciais combinadas 83 (15%).

DISCUSSÃO

A proteção das estruturas dentárias e oro-faciais nos esportes de contato é alvo de inú-meros estudos que buscam cada vez mais oaprimoramento de técnicas, visando obter osmenores índices possíveis de injúrias as es-truturas mencionadas.

Obtém-se de forma significativa um de-créscimo das lesões orofaciais e traumasdentários, embasado por autores comoCHAPMAN8 (1989); RANALLI e LAN-CASTER17 (1995); GLASSMAN11 (1995);CANTO et al.5 (1999) entre outros. No pre-sente estudo os achados quanto as injúriasprévias são próximos ao trabalho de BERGet al.2 (1998) que situa em torno de 80,3% asinjúrias prévias em esportes de contato co-mo: basquetebol, luta greco-romana, beise-bol e em um total de 56,8% no futebol e vo-leibol, comparado com nosso estudo de 73%deste tipo de lesão.

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BARBERINI, A. F. et al. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportes decontato. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14, jan./abr. 2002.

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Os resultados quanto ao tipos de injúriasmais freqüentes durante os campeonatos seassemelham aos achados de DIAB e MOU-RINO9 (1997). De 206 injúrias, 17% ocorre-ram com protetor bucal e 88% sem este equi-pamento. As injúrias mais freqüentes foram77% de tecidos moles, cerca de 22% de teci-dos duros e 1% de fraturas mandibulares se-melhante aos achados de SANE e YLIPAA-VALNIEMI18 (1988). Neste estudo houve60% de lesões de tecido mole, 16% de trau-matismo de dentes, 9% de fratura de mandí-bula e lesões orofaciais combinadas em 15%dos casos.

A alta incidência dos 456 atletas que nãoutilizaram protetor bucal (60 %) faz com quese concorde com BERG et al.2 (1998) ondeeles acreditaram que uma estratégia para oaumento da utilização deste aparato sejauma regulamentação em nosso País tornan-do obrigatório o uso, principalmente no quetange aos esportes de contato. No Brasil so-mente o boxe possui regras rígidas de prote-ção intraoral, porém com deficiência no apa-rato de proteção, como verificado nestetrabalho onde cerca de 84% utilizaram pro-tetores tipo I e II (34%, 50% respectivamen-te) e apenas 16% usam o protetor idealtipo III semelhante ao trabalho de AN-DREASEN, J. e ANDREASEN, F.1 (2001)que mostrou que de 16.000 atletas apenas13,2% usavam protetor bucal adaptado pelocirurgião-dentista.

Observou-se um maior número de proteto-res do tipo estoque e feitos na boca por seremde custo bem inferior e de fácil aquisição emlojas de artigos esportivos. Em contrapartida éessencial que o protetor seja confortável e deboa adaptação para garantir e estimular o seuuso freqüente já que 66 % se queixam do uso,principalmente pelo desconforto ao respirarcomo observou-se em 50% dos casos nesteestudo, por isso o uso deste equipamento deveser iniciado cedo para que, ainda crianças osesportistas se acostumem com seu uso (CAN-TO et al.5, 1999).

CONCLUSÃO

Pôde-se concluir que a maioria dos atletasnão usam protetores bucais, gerando uma in-cidência muito alta de injúrias orofaciais, equando o fazem, preferem os do tipo II (feitosna boca), a não-utilização deste equipamento

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BARBERINI, A. F. et al. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportes decontato. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14, jan./abr. 2002.

Tabela 1 - Tipos de protetores bucais e sua utilização

pelos atletas de contato.

AtletasNão usamprotetor

Usam protetor

760 456 (60%) 304 (40%)

Tipos de protetores

Tipo I Tipo II Tipo III

103 (34%) 152 (50%) 49 (16%)

Tabela 2 - Tipos de dificuldades na utilização do pro-

tetor bucal (relatadas por 66% dos entre-

vistados).

Dificuldade de utilização

Dificuldade de respiração 100 (50%)

Ânsia 40 (20%)

Dificuldade na fala 36 (18%)

Ferimento/dor 20 (10%)

Dificuldade na remoção 4 (2%)

Total 200 (100%)

Tabela 3 - Tipos de injúrias prévias sofridas durante

as competições (relatadas por 73% dos en-

trevistados).

Tipos de injúrias prévias

Lesões de tecido mole 332 (60%)

Traumatismo de dentes 89 (16%)

Fratura mandibular 50 (9%)

Combinadas 83 (100%)

Total 554 (73%)

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está principalmente relacionado a adaptação eretenção, gerando dificuldade de respiração,principal fator de resistência ao uso. Não restadúvida que por ser ainda uma prática desco-nhecida entre os atletas, o uso de protetoresnão pode ser facilmente aceito. Assim, cabe

ao cirurgião-dentista orientar e esclarecer aospais, mestres, técnicos, dirigentes, presiden-tes de federações e outros profissionais do es-porte, sobre a prevenção de traumatismos e ouso do protetor, principalmente quando fo-rem crianças e adolescentes.

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BARBERINI, A. F. et al. Incidência de injúrias orofaciais e utilização de protetores bucais em diversos esportes decontato. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14, jan./abr. 2002.

BARBERINI, A. F. et al. Incidence of orofacial injuries and utilization of mouth-guards in various contact sports. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 7-14,jan./abr. 2002.

ABSTRACT

The primordial aim of the practice of sports is physical comfort and equilib-rium between body and mind. However, in certain circumstances, the physical in-tegrity of athletes is put in risk. Adequate protection can reduce the frequency anddegree of orofacial injuries. Many researches show that athletes who practice con-tact sports often suffer dental and facial traumas. Some athletes have reported thatmouthguards with poor retention and adaptation can hinder breathing and speech,besides causing nausea and compromising esthetics. The purpose of this paperwas to assess the frequency of utilization of mouthguards and the types of mouth-guard utilized by athletes, as well as the difficulty that athletes report as to adopt-ing that habit.The percentage of previous orofacial injury during competitionswas also established. Seven hundred and sixty athletes were asked questions con-cerning their history of oral injuries while participating in sports such as handball,basketball, jiujitsu, boxing, kickboxing, karate and judo, and their habit as to theutilization of mouthguards was assessed. The utilized mouthguards were classi-fied as follows: type I (stock), type II (individually confected in the mouth), typeIII (individually confected in the laboratory). The results revealed that, among the760 athletes, 456 (60%) do not use mouthguards and 304 (40%) use mouthguardsduring competitions and training. Regarding the type of mouthguard chosen, 103(34 %) athletes utilize type I, 152 ( 50% ) type II, and 49 (18 %) type III. Two hun-dred athletes (66%) reported difficulties in wearing mouthguards, and breathingdisturbance was the most frequently reported reason. Previous injury was re-ported by 554 (73%) athletes.

UNITERMS: Mouth protectors - Facial injuries, epidemiology - Athletic in-juries, prevention and control

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Recebido em 25/3/2002Aceito em 24/4/2002

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AVALIAÇÃO DE DUAS METODOLOGIAS DE QUANTIFICAÇÃO DAEXTRUSÃO DE “DEBRIS” APICAIS*

EVALUATION OF TWO METHODOLOGIES FOR THE QUANTIFICATION

OF THE EXTRUSION OF APICAL DEBRIS

Marili Doro Andrade DEONIZIO**Giulio GAVINI***Roberto PONTAROLO****

DEONIZIO, M. D. A. et al. Avaliação de duas metodologias de quantifi-cação da extrusão de “debris” apicais. Rev. Odontol. UNICID, v. 14,n. 1, p. 15-23, jan./abr. 2002.

RESUMO

Avaliou-se a eficiência de dois métodos experimentais em coletar ma-terial extruído além do forame apical, durante o preparo químico-cirúrgi-co: esponjas de poliuretano e sistema de filtração Millipore, utilizando-sefiltros 0,45 mm de poro, sendo, neste estudo, este método complementaràquele. O sistema de filtração Millipore foi o que apresentou melhor resul-tado na coleta de material sólido proveniente do canal radicular, porémmostrou-se ineficiente para coletar a parte líquida do material extruído, aopasso que o método da esponja de poliuretano coletou parcialmente o ma-terial sólido e líquido.

UNITERMOS: Extrusão apical - Tratamento do canal radicular, mé-todos

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Rev. Odontol. UNICID

v. 14, n. 1, p. 15-23, jan./abr. 2002

* Resumo da Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP)para obtenção do grau de Mestre em Endodontia.

** Professora Assistente de Endodontia do Curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica doParaná (PUCPR).

*** Professor Doutor da Disciplina de Endodontia da FOUSP.**** Professor Adjunto IV do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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INTRODUÇÃO

Durante o preparo químico-cirúrgico decanais radiculares, a ação dos instrumentosendodônticos, coadjuvados às substânciasquímicas auxiliares, formam um aglomera-do pastoso, que poderá ser empurrado em di-reção aos tecidos periapicais e intensificar oprocesso inflamatório.

Na literatura, muitos pesquisadores têmutilizado métodos distintos para quantificar“debris” que provêm do canal radicular, ob-servando diferentes quantidades de materialextruído (VANDEVISSE e BRILLIANT19,1975; SALZGEBER e BRILLIANT18,1977; MARTIN e CUNNINGHAM12,1982; FAIRBOURN et al.6, 1987; RUIZ-HUBARD et al.17, 1987; McKENDRY11,1990; LEE et al.10, 1991; MYERS eMONTGOMERY14, 1991; CICCHI4, 1994;AL-OMARI e DUMMER2, 1995; VAN-SAN et al.20, 1997; BEESON et al.3, 1998;REDDY e HICKS16, 1998; HINRICHS etal.9, 1998). Essas diferenças podem ocorrerem conseqüência às diversas técnicas exis-tentes para quantificá-los, ou pela dificulda-de em remover todo o material aderido à su-perfície extra-radicular.

O propósito do presente trabalho foi veri-ficar, in vitro, as metodologias: esponja depoliuretano e sistema de filtração Milliporecom filtros de 0,45 mm. Tais métodos foramempregados para coletar material extruído –líquido e sólido – além do forame apical,quando do preparo químico-cirúrgico de ca-nais radiculares.

MATERIAL E MÉTODOS

Doze incisivos inferiores foram selecio-nados do banco de dentes da Disciplina deEndodontia da Faculdade de Odontologia daUniversidade de São Paulo, os quais apre-sentaram, após serem radiografados no sen-tido vestíbulo-lingual e mésio-distal, pre-sença de um canal radicular com raiz

relativamente reta; ausências de: sinais decalcificação difusa ou localizada, reabsorçãointerna ou tratamento endodôntico prévio;comprimento entre 19 e 24 mm, medidos ex-ternamente com paquímetro digital.

A seguir, foram mergulhados em soluçãode timol a 0,1% e as raízes foram limpasexternamente com ultra-som, curetas perio-dontais, escova tipo Robson e discos Sof-lexem baixa rotação, para alisamento das super-fícies radiculares.

A cirurgia de acesso à câmara pulpar foirealizada de acordo com os princípios propos-tos por PAIVA e ANTONIAZZI15 (1988).

Para padronização do diâmetro do fora-me, o instrumento manual nº 15 foi inseridono canal com movimentos de penetração eretrocesso, utilizando-se água destilada co-mo líquido irrigante, até que sua ponta fossevisualizada a 2 mm além do forame, com au-xílio de lupa de 10 aumentos, recuando-se, aseguir, 3 mm desta medida para a obtençãodo comprimento de trabalho.

Cada espécime foi fixado num dispositi-vo metálico, cromado, com dois parafusoslaterais que o mantinha em posição vertical.

Previamente à fixação, um isolamentoabsoluto foi realizado, tomando-se o cuida-do de gotejar cianocrilato de etila entre ocolo clínico e o lençol de borracha.

Para este experimento, o dispositivo metá-lico com o elemento dentário, o sistema de fil-tração Millipore e a esponja de poliuretano fo-ram fixados à haste universal com garra dupla.

Para o preparo químico-cirúrgico utili-zou-se parte da técnica preconizada porPAIVA e ANTONIAZZI15 (1988), com limastipo Flexofile seguindo a seriação do aumentode diâmetro das mesmas, com movimentos delimagem de viés com tração cervical. A execu-

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ção do preparo químico-cirúrgico seguiu umanumeração crescente, sendo considerado pri-meiro instrumento aquele que penetrasse justona medida de comprimento real de trabalho,isto é, um milímetro aquém do comprimentoreal do dente. A seguir, mais quatro limas fo-ram empregadas e, quando da utilização do úl-timo instrumento, realizou-se o preparo apicalatravés de movimento circular de ¼ de voltano sentido horário.

A substância química auxiliar fora acondi-cionada em seringa descartável de 5 ml, sen-do que, a cada troca de lima, utilizou-se 2 mlde água destilada, limitando o volume total doirrigante em 10 ml para cada espécime.

Para a realização da coleta primária, a es-ponja de poliuretano permaneceu encostadaao forame e, no final da instrumentação, foiremovida com auxílio de pinça, colocada emplaca de toque, previamente limpa e identifi-cada, e levada imediatamente para pesagemem balança de precisão, com objetivo dequantificar o material líquido extruído alémdo forame apical.

Após a remoção da esponja, os “debris”residuais aderidos à superfície radicular fo-ram removidos por lavagem com 40 ml deágua destilada com auxílio de seringa tipoLuer e agulha hipodérmica. O material rema-nescente foi coletado pelo sistema de filtraçãoMillipore composto de funil; base de vidroborossilicato; rolha de neoprene; garra de alu-mínio anodizado; membrana HV (Durapore)em PVDF de 0,45 mm de poro e 25 mm dediâmetro; kitassato de 125 ml, com saída late-ral, que foi conectado à bomba a vácuo.

As doze esponjas utilizadas para a coletaprimária foram secas em estufa a 37ºC por 24horas, pesadas, levadas à coleta de materialextruído, pesadas novamente (pesagem ime-diata), levadas à estufa pelo mesmo período etemperatura e submetidas à pesagem final.

Os doze filtros utilizados para coleta se-cundária receberam iguais secagens e pesa-gens, realizadas no grupo das esponjas, comexceção da pesagem imediata.

As esponjas de poliuretano e os filtros de0,45 mm foram removidos da estufa de seca-gem, levados à sala climatizada (umidade re-lativa de 49% e temperatura de 20ºC) dentrode um dessecador, deixados para resfria-mento por 5 minutos, pesados e os valorestabulados.

RESULTADOS

Os resultados foram obtidos pela diferen-ça da pesagem final e a inicial. A massa totaldo material extruído corresponde à soma damassa dos “debris” recolhidos na esponja eno filtro.

A Tabela 1 apresenta a massa de “de-bris”, em miligramas, (peso úmido e seco)obtida na coleta primária com o uso de es-ponja de poliuretano e as respectivas médias.

A Tabela 2 apresenta, em miligramas, amassa de “debris” residuais correspondenteaos “debris” que não foram coletados pelaesponja e que ficaram retidos na membranade 0,45 mm, após lavagem do ápice radicularcom água destilada.

A Tabela 3 apresenta, em miligramas, amassa total dos “debris” extruídos secos decada espécime, correspondendo à soma dos“debris” coletados pela esponja e pelo filtro.

DISCUSSÃO

Nos últimos anos, muitos autores têmlançado mão de diversas metodologias paraquantificar o material empurrado para áreaperirradicular durante a preparação de canaisradiculares. Sem exceção, todos encontra-ram material além do forame, independentedo tipo de técnica, de preparo de canais radi-culares ou da metodologia utilizada.

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Quando a quantidade de “debris”, força-da para os tecidos periapicais, estiver acimado poder de defesa do hospedeiro, ou seja, sea quantidade de células para realizar a fago-citose em relação ao antígeno estiver numaproporção deficitária, pode ocorrer dorpós-operatória. McKENDRY11 (1990) no-tou que nas poucas vezes em que ocorrera“flare-ups” na clínica, o fato pode ter se dadodevido ao excesso de “debris”.

Diferentes fatores podem interferir nos re-sultados para a quantificação dos “debris”: ométodo de coleta do material, a padronizaçãodo dente, o operador, a técnica de preparoquímico-cirúrgico, a inclinação do dente, oângulo de curvatura da raiz, o tamanho do fo-

rame e as técnicas de pesagens. Assim sendo,os resultados não conseguem reproduzir aquantidade real de material extruído, dificul-tando o aprimoramento de técnicas e instru-mentos para o preparo de canais radiculares.Isto justifica a procura de métodos que sejamconfiáveis e possíveis de se reproduzir.

Com a finalidade de reduzir o número devariáveis, foram utilizados incisivos inferio-res relativamente retos. Segundo VAN-DEVISSE e BRILLIANT19 (1975), a quan-tidade de material extruído é proporcional aocomprimento do dente e, segundo RUIZ-HUBARD et al.17 (1987), os canais curvosextruem mais que os retos. Entretanto,MYERS e MONTGOMERY14 (1991);

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Tabela 2 - Massa de “debris”, em miligramas, do ma-

terial extruído além do forame apical, co-

letado pelo método do filtro de 0,45 mm.

F M1 M2 M3 M4 M5

F1 39,79 N.R. 39,96 N.R. 0,17

F2 35,87 N.R. 35,98 N.R. 0,11

F3 35,40 N.R. 35,48 N.R. 0,08

F4 38,91 N.R. 39,04 N.R. 0,13

F5 39,33 N.R. 39,42 N.R. 0,09

F6 36,97 N.R. 37,09 N.R. 0,12

F7 36,82 N.R. 36,98 N.R. 0,16

F8 38,75 N.R. 38,85 N.R. 0,10

F9 39,28 N.R. 39,35 N.R. 0,07

F10 37,33 N.R. 37,41 N.R. 0,08

F11 37,75 N.R. 37,81 N.R. 0,06

F12 38,25 N.R. 38,37 N.R. 0,12

Média - - - - 0,11

F = filtros; M1 = (Massa 1) massa do filtro após secagempor 24 horas a 37ºC em estufa; M2 = (Massa 2) filtro + “de-bris” + líquido (pesagem imediata) – não realizado;M3 = (Massa 3) filtro + “debris”, após secagem por 24 ho-ras a 37ºC em estufa (pesagem tardia); M4 = (M2 – M1) di-ferença entre Massa 2 e Massa 1 – não realizado;M5 = (M3 – M1) diferença entre Massa 3 e Massa 1;N.R. = não realizado.

Tabela 1 - Massa de “debris”, em miligramas, do ma-

terial extruído além do forame apical, co-

letado pelo método da esponja de poliure-

tano.

E M1 M2 M3 M4 M5

E1 119,86 120,87 119,89 1,01 0,03

E2 116,97 117,78 116,98 0,81 0,01

E3 129,05 129,67 129,08 0,62 0,03

E4 144,42 145,38 144,42 0,96 0,00

E5 135,02 136,41 135,20 1,39 0,18

E6 132,33 132,92 132,47 0,59 0,14

E7 164,39 165,81 164,55 1,42 0,16

E8 170,33 171,04 170,38 0,71 0,05

E9 168,09 168,78 168,25 0,69 0,16

E10 153,40 154,20 153,44 0,80 0,04

E11 137,17 137,55 137,19 0,38 0,02

E12 171,09 172,59 171,14 1,50 0,05

Médias - - - 0,91 0,07

E = esponjas; M1 = (Massa 1) massa da esponja, após seca-gem em estufa, por 24 horas a 37ºC; M2 = (Massa 2) espon-ja + “debris” coletados, sólidos e líquidos (pesagemimediata); M3 = (Massa 3) esponja + “debris” sólidos apóssecagem, por 24 horas a 37ºC (pesagem tardia);M4 = (M2 – M1) diferença entre Massa 2 e Massa 1;M5 = (M3 – M1) diferença entre Massa 3 e Massa 1.

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FAIRBOURN et al.6 (1987) e HINRICHS etal.9 (1998) afirmaram que ângulo da raiz, ta-manho do canal, morfologia e área do fora-me não exercem papel importante na quanti-dade de material extruído. Considera-se nãorelevante a questão do comprimento de den-tes, para este estudo, pois avaliou-se a ca-pacidade de coletar “debris” tanto sólidoquanto líquido, sendo uma metodologiacomplementar à outra.

Os dentes incisivos inferiores são classi-ficados como tipo I, segundo WEINE21

(1996) e DE DEUS5 (1992). De acordo comeste último autor, os mesmos são de peque-nas proporções, em média 21 mm para oscentrais e 22,30 mm para os laterais. Os cen-trais apresentam um canal e um forame em73,4% e os laterais em 84,6%. Tais incisivos

proporcionam fácil acesso ao canal radiculare boa manipulação para se realizar as radio-grafias. Possuem, também, exeqüível pontode referência e podem ser comparados, ana-tomicamente, com as raízes mesiais de mo-lares inferiores. Segundo MIYASHITA etal.13 (1997), 87,8% destes dentes apresen-tam apenas uma raiz, 67,9% das curvaturasdirigem-se para o lado vestibular e em ne-nhum dos espécimes a curvatura dirige-separa o lado lingual. Quanto à espessura mé-dia dos canais, a 0,5 mm do forame apical, amaioria pode ser comparada com os instru-mentos nº 20 e nº 30; nos níveis entre 1 e2 mm, com os instrumentos nº 30 e nº 40; nonível de 2 mm, com instrumento menor quenº 50 e no nível de 3 mm maior que nº 70.

A água destilada foi utilizada neste estu-do como líquido irrigador para minimizar ainfluência que poderia ter na determinaçãoda massa, devido aos íons e às substânciascontidas no líquido irrigador.

Para aumentar a limpeza da região apicale facilitar a saída de “debris” em direção àcoroa dentária foram utilizadas agulhasanestésicas conforme indicação de ABOU-RASS e PICCININO1 (1982). O montantede solução irrigadora totalizou 10 ml para opreparo de cada espécime, pois pesquisado-res como GOLDMAN et al.8 (1981) eGAVINI et al.7 (1994) concluíram que a ca-pacidade em remover sujidades depende dovolume e das propriedades físico-químicasda solução irrigadora.

O preparo químico-cirúrgico dos espéci-mes foi realizado pela técnica PAIVA eANTONIAZZI15 (1988). A escolha foi devi-do à facilidade inerente à técnica e aos resul-tados positivos obtidos, ao longo dos anos,pela Faculdade de Odontologia da Universi-dade de São Paulo.

O comprimento de trabalho foi realizadoa 1 mm aquém do forame apical, pois

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Tabela 3 - Somatório de material sólido extruído co-

letado pelo método da esponja de poliure-

tano e pelo filtro de 0,45 mm, em miligra-

mas, e suas respectivas médias.

Espécime

ColetorTotal(M6)Esponja

(M5)Filtro(M5)

1 0,03 0,17 0,20

2 0,01 0,11 0,12

3 0,03 0,08 0,11

4 0,00 0,13 0,13

5 0,18 0,09 0,27

6 0,14 0,12 0,28

7 0,16 0,16 0,32

8 0,05 0,10 0,15

9 0,16 0,07 0,23

10 0,04 0,08 0,12

11 0,02 0,06 0,08

12 0,05 0,12 0,17

Médias 0,07 0,11 0,18

M6 = [M5(Esponja) + M5(Filtro)].

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MYERS e MONTGOMERY14 (1991) veri-ficaram que tal comprimento contribui sig-nificativamente para diminuir a extrusão de“debris”.

O dispositivo metálico utilizado foi cons-truído, exclusivamente, para segurar o dentefixo em uma haste universal e também per-mitir o isolamento absoluto da coroa do den-te, possibilitando, desta forma, o não-conta-to com o material extruído via cirurgia deacesso e forame apical.

Este dispositivo foi previamente croma-do e, adequadamente lavado antes da sua uti-lização, com o propósito de evitar que qual-quer material do dispositivo interferisse naquantidade de massa coletada.

Para eliminar a influência da umidadeambiente relativa na determinação da massae tendo em vista as características da espon-ja, tanto de estrutura como de higroscopia,foi verificada a umidade da mesma, após ci-clos de secagem (24 horas a 37ºC). Obser-vou-se que, em sala climatizada com umida-de relativa entre 48 e 50%, os resultadoseram reproduzíveis, eliminando-se a interfe-rência deste fator na quantificação dos “de-bris” e, por esta razão, todas as pesagens fo-ram realizadas em sala climatizada e comumidade controlada.

Idêntico procedimento foi realizado comos filtros Millipore (0,45 mm de porosidadeabsoluta) que se mostraram pouco higroscó-picos, praticamente não sofrendo variaçãode massa nestas condições.

Filtros de poro 0,45 mm (RUIZ-HU-BARD et al.17, 1987) foram utilizados paracoletar “debris”. Estes possuem uma grama-tura mais fechada do que a dos filtros de0,65 mm utilizados por REDDY e HICKS16

(1998). Possuem características específicas:são membranas de superfície, fabricadas dematerial polimérico, malha rígida, uniforme

e contínua que limitam a passagem de partí-culas maiores que os poros.

A quantidade de material extruído foi depequena monta e uma balança analítica deprecisão, de alta sensibilidade e exatidão,tornou-se necessária.

FAIRBOURN et al.6 (1987) utilizaram aborda interna da coroa de alumínio e 0,2 mlde água destilada para remover os “debris”aderidos à superfície radicular. MYERS eMONTGOMERY14 (1991) utilizaram aborda interna do vidro coletor e 0,1 ml deágua destilada, com a mesma finalidade.Neste estudo, porém, foram necessários40 ml de água destilada pois, com aquelasquantidades, os “debris” permaneceram ade-ridos à superfície radicular, apesar de as raí-zes estarem polidas. Para acelerar o processode filtração utilizou-se bomba de vácuo co-nectada ao sistema de filtração.

Segundo HINRICHS et al.9 (1998) a sig-nificância clínica de “debris” extruídos api-calmente não é conhecida, entretanto consi-derou que, in vitro, o ápice do dente estásuspenso no ar, como neste estudo e, in vivo,ele pode ser circundado pelos tecidos perir-radiculares ou granulomatosos.

Estudos in vivo podem apresentar resulta-dos diferentes daqueles obtidos nos estudosin vitro, porque os tecidos periapicais podemexercer uma barreira natural, dificultando apassagem de “debris” extruídos. A patologiapresente na área apical pode facilitar a passa-gem de “debris” além do forame (FAIR-BOURN et al.6, 1987) e causar reagudeci-mentos.

SALZGEBER e BRILLIANT18 (1977)demonstraram in vivo que, em dentes vitais,o tecido ajuda a controlar a penetração da so-lução irrigante, enquanto que, em casos depolpa morta, a solução se espalha dentro dalesão periapical.

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O líquido irrigante, utilizado no preparoquímico-cirúrgico, é parte integrante do ma-terial extruído além do forame apical, cujopercentual pode variar em função de diferen-tes fatores tais como: técnica utilizada, volu-me para irrigação, características anatômi-cas de cada elemento dentário, diâmetro doforame, patologia periapical, reabsorçõesapicais, dentre outros.

Na literatura odontológica um grande nú-mero de trabalhos preocuparam-se em quan-tificar apenas o material sólido extruídoalém do forame (VANDEVISSE e BRIL-LIANT19, 1975; MARTIN e CUNNIN-GHAM12, 1982; RUIZ-HUBARD et al.17,1987; McKENDRY11, 1990; LEE et al.10,1991; AL-OMARI e DUMMER2, 1995;VANSAN et al.20, 1997; BEESON et al.3,1998; REDDY e HICKS16, 1998) e somenteum pequeno número se preocupou em quan-tificar o material líquido extruído (SALZ-GEBER e BRILLIANT18, 1977; MYERS eMONTGOMERY14, 1991; CICCHI4, 1994;WILLIAMS et al.22, 1995; HINRICHS etal.9, 1998).

Conforme Tabela 1, o método da esponjafoi pouco eficiente para coletar o material lí-quido e sólido.

Os “debris” aderidos à superfície radicu-lar foram removidos por lavagem com águadestilada e coletados no sistema de filtraçãoMillipore com filtro de 0,45 mm, demons-trando que a maior parte do material sólidoextruído fora coletada neste segundo siste-ma, havendo, portanto, em todos os espéci-mes um residual de material não coletadopelo primeiro sistema, conforme mostra aTabela 2.

A quantidade média de “debris” sólidos,extruídos pelo forame apical dos espécimesestudados, foi de 0,18 mg. Deste valor ape-nas 0,07 mg foram coletados pela esponja depoliuretano e 0,11 mg pelo sistema de filtra-ção Millipore (Tabela 3).

O sistema de filtros Millipore parece serbastante adequado quando o objetivo for ode quantificar apenas o material sólido ex-truído. Por outro lado, o método da esponjaparece ser mais adequado para coletar ma-terial líquido extruído. O ideal seria ter umsistema que permitisse coletar quantitativa-mente tanto material sólido quanto materiallíquido com o mesmo grau de sensibilidade.

CONCLUSÕES

1. A esponja de poliuretano, como métodoprimário, coletou 38,9% de material sóli-do, além do forame apical. Foi parcial-mente eficaz para coletar material líquidoe sólido proveniente do preparo quími-co-cirúrgico.

2. O filtro da marca Millipore de 0,45 mm,como método secundário, coletou 61,1%do material sólido, além do forame apical,mostrando-se adequado para coletar ma-terial sólido proveniente do preparo decanais radiculares, mas não para coletarqualquer quantidade de líquido extruído.

3. Parcela significativa de material residualaderido à superfície radicular é de difícilremoção, sendo necessário o emprego degrande volume de água destilada para suacoleta integral.

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DEONIZIO, M. D. A. et al. Evaluation of two methodologies for the quan-tification of the extrusion of apical debris. Rev. Odontol. UNICID,v. 14, n. 1, p. 15-23, jan./abr. 2002.

ABSTRACT

The efficiency of two experimental methods for collecting the materialthat extrudes through the apical foramen during endodontic instrumentationwas evaluated. The studied systems were: polyurethane sponges and theMillipore filtration system (with a pore size of 0.45 mm) – the latter comple-mented the former. The Millipore filtration system presented better results inthe collection of solid material, although it was inefficient in collecting the liq-uid part of the extruded material. The method which utilizes polyurethanesponges collected only part of the solid and liquid material.

UNITERMS: Apical extrusion - Root canal therapy, methods

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Recebido em 03/1/2002Aceito em 14/2/2002

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ANÁLISE DO NÍVEL DE EDUCAÇÃO ODONTOLÓGICADOS PAIS/RESPONSÁVEIS DE ESCOLARES DA 3ª SÉRIE DO1º GRAU E SUA RELAÇÃO NA MOTIVAÇÃO E EDUCAÇÃO

ODONTOLÓGICA DE SEUS FILHOS

ANALYSIS OF THE KNOWLEDGE ON ORAL HEALTH OF PARENTSAND TUTORS OF STUDENTS OF THE 3RD GRADE OF ELEMENTARY

SCHOOL AND ITS RELATION WITH THE EDUCATION ANDMOTIVATION OF THEIR CHILDREN AS TO ORAL HEALTH

Aline Guerra AQUILANTE*José Roberto de Magalhães BASTOS**Sílvia Helena de Carvalho SALES PERES***Rosana Barbosa LEAL****Angela Matsu HIGA*****

AQUILANTE, A. G. et al. Análise do nível de educação odontológica dos pais/res-ponsáveis de escolares da 3ª série do 1º grau e sua relação na motivação e educaçãoodontológica de seus filhos. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 25-34, jan./abr.2002.

RESUMO

A Odontologia, atualmente, baseia-se na prevenção e educação em saúde bucal paramanutenção dos dentes na arcada dentária. Esta pesquisa objetivou avaliar o nível de co-nhecimento odontológico dos pais/responsáveis de escolares da E. E. Prof. Silvério SãoJoão (Bauru - SP) e a motivação para atitudes de saúde bucal das crianças. Utilizou-seum questionário auto-aplicável para os pais/responsáveis e outro para as crianças da 3ªsérie do 1º grau. Os questionários foram classificados em níveis. Na análise comparativaentre o desempenho dos pais/responsáveis e de seus filhos constatou-se que os níveis deeducação em saúde bucal são extremamente semelhantes. Ao analisar uma possível re-lação entre o nível de educação odontológica e a idade dos pais/responsáveis, obser-vou-se que em todos os grupos etários, o nível superior ultrapassa os 70%. A rendafamiliar não foi um fator relevante quando comparada ao nível de conhecimento dospais/responsáveis. Conclui-se que houve correlação entre o nível de educação odontoló-gica dos pais/responsáveis e a motivação e educação odontológica de seus filhos. A im-plementação de programas educativo-preventivos coletivos oferece aos indivíduos oconhecimento sobre os meios mais efetivos de prevenção das doenças bucais e devemestar voltados aos diferentes grupos etários da população.

UNITERMOS: Educação em saúde bucal - Higiene bucal - Motivação

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Rev. Odontol. UNICIDv. 14, n. 1, p. 25-34, jan./abr. 2002

*Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD) -Regional Bauru.

**Professor Titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade deOdontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP).

***Mestre em Odontologia em Saúde Coletiva pela FOB-USP.****Mestranda em Odontologia em Saúde Coletiva pela FOB-USP.

*****Acadêmica de Odontologia da FOB-USP.

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INTRODUÇÃO

O surgimento da prática odontológicaveio da necessidade de suprir uma deficiên-cia. Nos primórdios da Odontologia, as pes-soas procuravam os cuidados do cirur-gião-dentista para aliviar a dor de dente egeralmente o tratamento consistia, basica-mente, na realização de exodontias. Então,era comum aos indivíduos de pouca idade ouso de próteses.

Com o passar do tempo, veio a Era daRestauração, onde se acreditava que as res-taurações eram “eternas”. Mas os estudosdos materiais restauradores vieram mostraruma outra realidade: o sucesso de um mate-rial restaurador depende tanto do materialem si (durabilidade, resistência, desgaste),como do profissional (habilidade e conheci-mento da técnica) e do paciente (higiene ecooperação). O risco à cárie também é fatorde suma importância; mas nesta Era da Res-tauração, todos os pacientes, independentedo grau de risco à cárie que apresentassem,recebiam o mesmo tratamento, pois a preo-cupação não era com o paciente como umtodo, mas sim com as conformações do pre-paro cavitário e da restauração em si.

A partir da década de 70 é que começa-ram a ocorrer mudanças significativas naOdontologia. A publicação de vários traba-lhos começou a mudar as concepções anti-gas e a Odontologia deixou de ser extrema-mente tecnicista e aparatológica e passou aser um pouco mais científica. O trabalho deKEYES10 (1960) demonstrou que a cárie éuma doença multifatorial, pois depende dasusceptibilidade do hospedeiro, da micro-biota e da dieta cariogênica. Estes três fato-res devem interagir para que haja o surgi-mento e desenvolvimento da cárie.

Quanto mais tarde a criança for contami-nada por Streptococcus mutans, menorchances terá de desenvolver a doença cárie.

Se esta tem como fatores etiológicos amicrobiota e a dieta, então ela pode ser con-siderada uma doença infecto-contagiosa esacarose-dependente. A mãe, ou a pessoaque cuida da criança, a partir do momentoem que possui esses conhecimentos, vai ze-lar pela sua própria saúde bucal e cooperarna educação em saúde bucal do seu filho. Écomum encontrar-se mães menos esclareci-das que beijam seus filhos pequenos na boca,assopram a comida deles e compartilham co-pos e talheres, provocando a contaminaçãodas crianças.

A Odontologia sempre se baseou nos mé-todos terapêutico-curativos, tomando o ci-rurgião-dentista para si todas as responsabi-lidades dos resultados. Somente agora é quevem aumentando a preocupação com a edu-cação em saúde bucal dos indivíduos tornan-do-os assim, também responsáveis pela ma-nutenção de sua saúde bucal9.

Educar não é somente passar informa-ções, e sim estimular, motivar o indivíduopara aprender e valorizar os seus dentes17, étorná-lo responsável por sua saúde bucal. Opaciente tem que deixar a passividade e co-meçar a trabalhar em conjunto com o cirur-gião-dentista, tornando-se um colaboradordo programa de prevenção e não somente umalvo do mesmo.

REVISÃO DA LITERATURA

Segundo RAYNER16 (1970), existe as-sociação entre as práticas de saúde bucal dospais e dos filhos. Também se sabe que existeuma relação entre classe social e práticas deprevenção dentária, pois quanto maior o sta-tus socioeconômico, maior a freqüência devisitas ao cirurgião-dentista, já que o com-portamento humano se baseia nas atitudestomadas pela classe social a que pertence. Oscuidados com a saúde bucal também estãorelacionados ao nível de instrução e de rendados indivíduos. Os hábitos de higiene bucal

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exercem influência nos valores de saúde bu-cal que o indivíduo possui. Bons hábitos dehigiene bucal são comuns quando valores desaúde bucal são aceitos como parte do estilode vida da família. O exemplo das mães éfundamental para que os seus filhos adqui-ram bons hábitos. Portanto, a participaçãodas mães é muito importante nos programasde saúde bucal dos seus filhos, já que os há-bitos de higiene bucal das crianças depen-dem da supervisão materna.

KLASS e RHODEN11 (1981) afirmaramque, no caso das crianças, quem exerce in-fluência são os pais, porque eles controlamos hábitos dos filhos. Programas preventivosque também dirigem suas atenções aos pais(e não somente às crianças) demonstrammaior sucesso. Para WALKER et al.20

(1984) as atitudes dos pais/responsáveis têminfluência nas doenças dentárias apresenta-das pelas crianças. DINIZ e CARMO5

(1984) afirmaram que, nos programas esco-lares, não somente as crianças devem ser oalvo do plano educativo, mas também osprofessores (por possuírem contato diáriocom os alunos) e a família, pois esta é muitoimportante na multiplicação e difusão de co-nhecimentos, bem como na modificaçãoconsciente dos hábitos das crianças e com-plementarão a motivação recebida pelos fi-lhos na escola. SARNAT19 (1984) demons-trou que quanto maior for a atitude positivada mãe com relação à sua própria saúde, me-lhor será a saúde bucal dos seus filhos.

De acordo com RUBINSON e TAPPE18

(1987), a eliminação ou redução de cáries éamplamente justificada através de ensina-mento de bons hábitos de higiene bucal àscrianças e aos pais. A melhor maneira demotivar pré-escolares acerca de saúde bucalé através do exemplo dos pais, pois estes de-sempenham um papel psicossocial muitoimportante em relação aos filhos. Pais e fi-lhos podem trabalhar juntos acerca do obje-tivo comum.

HOLM7 (1990) afirmou que ao final doprimeiro ano de vida, muitas crianças come-çam a comer alimentos sólidos e a se adaptarao padrão dietético da família. Portanto, a in-fluência dos pais é grande na formação dacriança.

BIJELLA3 (1993) cita que o cirurgião-dentista precisa se tornar responsável comoagente de saúde junto à comunidade, pelamotivação da criança e conscientização dospais/responsáveis. A saúde consiste na con-tínua adaptação do organismo em relação aoseu meio ambiente. Portanto, a saúde bucalpode ser, especificamente, considerada co-mo o equilíbrio existente entre os dentes e osdemais componentes do ambiente bucal,acompanhado também por um grau razoávelde saúde geral do indivíduo. Então, perce-be-se que há a necessidade da implementa-ção de um programa de prevenção de cáriedentária, principalmente na criança, para quese mantenha uma dentição sadia numa bocasadia. Mas segundo NAVARRO e CÔR-TES14 (1995), o conhecimento sobre saúdebucal ainda é pobre, por isso a populaçãotem que ser esclarecida de que a cárie dentá-ria é uma doença que pode e deve ser contro-lada e os meios de como realizar esse contro-le.

Para INGLEHART e TEDESCO8 (1995),os responsáveis pela criança são os agentesprimários de socialização, que primeiro cui-dam unicamente dos dentes da criança e de-pois precisam estabelecer hábitos de saúdebucal. Por isso, parece importante destacar opapel da família na prevenção de doenças bu-cais. FREIRE et al.6 (1996) puderam consta-tar que nas crianças cujos pais apresentammelhores condições socioeconômicas a pre-valência de cárie é menor, havendo uma rela-ção significante entre grupo socioeconômicoe proporção de crianças livres de cárie. Istoporque os pais mais abastados proporcionamuma dieta mais saudável, ao passo que as

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classes mais pobres baseiam sua dieta noconsumo de sacarose.

AZEVEDO et al.1 (1998) realizaramanálises em saliva de pares mãe/filho paradeterminar a prevalência de espécies do gru-po mutans e verificaram que 62% dos paresmãe/filho albergavam a(s) mesma(s) espé-cie(s).

COSTA et al.4 (1998) afirmaram que oestabelecimento da prática diária de hábitosque geram saúde depende fundamentalmen-te de um adequado ambiente familiar. Emqualquer sociedade, a família, além de seruma unidade social, é também uma unidadefuncional básica de saúde. Em função disso elevando-se em conta que a família represen-ta o núcleo social mais forte e primitivo detoda a sociedade, e que nele se desenvolve aformação da personalidade, dos bons costu-mes e dos bons hábitos de higiene, é funda-mental que os programas de educação emsaúde bucal procurem envolver a mãe. Para acriança, a mãe significa a figura mais repre-sentativa da família, na qual ela se espelhapara formar e transformar atitudes e compor-tamentos que redundam na geração de hábi-tos saudáveis para consigo mesma.

WANDERLEY et al.21 (1998) discorre-ram que a Organização Mundial da Saúde(OMS) apresenta o conceito de saúde comoalgo abrangente. Não é somente a ausênciade doença, mas envolve também fatores bio-lógicos, psicológicos, sociais e espirituais,com a mobilização dos indivíduos na buscada satisfação de suas necessidades. Pode-seafirmar, então, que uma pessoa é saudávelquando apresenta condições materiais e so-ciais de vida que possibilitam o crescimentoe a realização plena de suas potencialidades.O ambiente que cerca as crianças molda suasatitudes fundamentais diante da vida. As ati-tudes e os valores adquiridos durante as pri-meiras fases da vida serão carregados para asfases seguintes, quando se começa a assumir

a responsabilidade pelos próprios atos. Oexemplo estabelecido pela família tem gran-de impacto sobre o desempenho da criança.Se os pais e os irmãos têm hábitos adequadose sempre realizam os cuidados preventivos,a criança tende a imitá-los.

Um programa de educação em saúde bu-cal bem elaborado, onde há o trabalho feitonão somente com as crianças, mas tambémcom os pais/responsáveis e professores apre-senta ótimos resultados, que são comprova-dos na prática por PEIXOTO e BASTOS15

(1998).

Para NADANOVSKY13 (2000), as me-lhores chances de se influenciar os hábitosdas crianças se dão através de alianças comos professores e com os pais.

WATSON et al.22 (2001), numa comuni-dade latina nos Estados Unidos, constataramque as crianças possuíam muitos problemasdentários e os conhecimentos e práticas so-bre saúde bucal dos seus pais eram deficien-tes.

MATERIAL E MÉTODO

Previamente à execução do estudo, foienviada uma carta aos pais informando o quefoi realizado, bem como uma autorizaçãopara que os seus filhos participassem da pes-quisa.

O material principal utilizado na pesquisafoi um questionário auto-aplicável para ospais/responsáveis e um questionário para ascrianças da 3ª série do 1º grau, que foi aplica-do sob supervisão da autora, da cirurgiã-den-tista da escola e da professora, na E. E. Prof.Silvério São João (Bauru - SP). Os questio-nários seguiram o modelo proposto porBERVIQUE e MEDEIROS2 (1983).

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ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados dos questionários para ospais/responsáveis foram tabulados e a análi-se procedeu-se em três seções:

· Seção I (questões 1-15): crenças e atitudesdo pai/responsável.

· Seção II (questões 16-24): conhecimentoodontológico do pai/responsável.

· Seção III (questões 25-30): educaçãoodontológica do pai/responsável.

Para cada seção, o número de acertos de-terminou a classificação em níveis (Tabe-la 1).

A classificação final teve como critério adesignação do nível predominante (Tabe-la 2).

No questionário para os escolares, os fa-tores principais de análise são as suas atitu-des e hábitos para a manutenção da saúdebucal. Por isso, o questionário foi analisadocomo um todo, e não dividido em seções e apartir disto, foram feitas as classificaçõesem:

· Nível superior (S): de 10 a 13 acertos.

· Nível médio (M): de 6 a 9 acertos.

· Nível inferior (I): de 0 a 5 acertos.

Para verificar a existência de associaçãoentre o nível de educação odontológica esexo, faixa etária e renda familiar foi utiliza-do o teste do qui-quadrado (c2) e adotado ní-vel de significância de 5%.

RESULTADOS

Dos 142 alunos regularmente matricula-dos na 3ª série do 1º grau da E. E. Prof. Silvé-rio São João durante o ano letivo de 2000,140 responderam as questões. O questioná-rio foi respondido pelas crianças sob super-visão da autora, da cirurgiã-dentista da esco-la e da professora, sendo que as dúvidas quesurgiram foram esclarecidas. Ao final, foramentregues folhetos educativos e os questio-nários para os pais/responsáveis. A data dedevolução foi combinada e neste dia foramrecolhidos 117 questionários; numa segundadata obteve-se mais 10, somando um total de127 questionários (cerca de 90% do total dequestionários que foram enviados), um nú-mero considerado satisfatório para a amos-tra.

Os questionários foram tabulados e no-tou-se que os pais/responsáveis encontraramdificuldades em preencher o cabeçalho, queos questionava sobre idade e gênero (algunsforneceram estes dados referente às criançase não com relação a si próprio) e também so-bre a renda (alguns declararam-se autôno-mos e outros não responderam este questio-

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AQUILANTE, A. G. et al. Análise do nível de educação odontológica dos pais/responsáveis de escolares da 3ª sériedo 1º grau e sua relação na motivação e educação odontológica de seus filhos. Rev. Odontol. UNICID, v. 14,n. 1, p. 25-34, jan./abr. 2002.

Tabela 1 - Classificação das seções segundo os dife-rentes níveis.

Níveis

Seções

Nívelinferior (I)

Nívelmédio (M)

Nívelsuperior (S)

Seção I0 a 6

acertos7 a 11acertos

12 a 15acertos

Seção II0 a 3

acertos4 a 6

acertos7 a 9

acertos

Seção III0 a 2

acertos3 a 4

acertos5 a 6

acertos

Tabela 2 - Critério de designação do nível predomi-nante.

Seção I Seção II Seção III Nível final

S S S S

S M M M

M I I I

M S I M

S = nível superior; M = nível médio; I = nível inferior.

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namento). No questionário das crianças, amaior dificuldade foi responder a questãonúmero 6 (“Com que freqüência você vai aocirurgião-dentista?”), pois muitas não sou-beram responder. A Tabela 3 mostra o resul-tado do questionário aplicado às crianças edo aplicado aos pais/responsáveis.

Ao comparar os níveis obtidos, na Figu-ra 1, fica clara a relação entre o nível de edu-cação odontológica dos pais/responsáveis edas crianças.

Os questionamentos sobre gênero e idadeno questionário enviado aos pais/responsá-veis foram respondidos de maneira correta

em somente 98 dos 127 questionários reco-lhidos; nos demais, constava a resposta comrelação à criança e não ao pai/responsável.Observando a Figura 2, nota-se que a maiorparte dos pais/responsáveis (55,1%) apre-sentou-se na faixa etária de 26-35 anos, sen-do que não houve diferença estatisticamentesignificante (c2 = 1,18; p = 0,978) entre osníveis alcançados pelas diferentes faixas etá-rias.

Na Figura 3, nota-se que houve umamaior participação por parte dos pais/res-ponsáveis do gênero feminino (75,5%).Apesar do nível de educação odontológicadas mães ter sido melhor em relação ao mas-culino, a diferença não foi estatisticamentesignificante (c2 = 3,13; p = 0,209).

Com relação à renda familiar, 105 dos127 questionários foram respondidos corre-tamente. Alguns simplesmente não res-ponderam e outros se disseram autônomos,sendo assim excluídos das estatísticas comrelação a este quesito. A Figura 4 demonstraque a faixa de renda familiar predominou en-tre R$ 200,00-R$ 900,00, agrupando 50,5%da amostra. Entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00concentrou-se 37,1% e uma minoria (12,4%)afirmou obter renda superior a R$ 2.000,00.As diferenças não foram estatisticamentesignificantes (c2 = 1,42; p = 0,841).

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AQUILANTE, A. G. et al. Análise do nível de educação odontológica dos pais/responsáveis de escolares da 3ª sériedo 1º grau e sua relação na motivação e educação odontológica de seus filhos. Rev. Odontol. UNICID, v. 14,n. 1, p. 25-34, jan./abr. 2002.

Figura 2 - Percentuais dos níveis alcançados pelospais/responsáveis e distribuição do total departicipantes, de acordo com o grupo etário.

Figura 1 - Percentual de acertos das crianças epais/responsáveis no questionário – divi-são em níveis (inferior, médio e superior).

Tabela 3 - Nível de educação odontológica das crian-ças (C) e dos pais/responsáveis (P/R), emnúmero de crianças e de pais/responsá-veis.

Série

Nívelinferior

Nívelmédio

Nívelsuperior

Total

C P/R C P/R C P/R C P/R

3ª A - 1 11 13 24 18 35 32

3ª B - - 12 8 24 25 36 33

3ª C - - 13 8 21 23 34 31

3ª D - - 6 6 29 25 35 31

Todas - 1 42 35 98 91 140 127

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DISCUSSÃO

Nesses últimos tempos, a Odontologiavem dando maior ênfase aos programas edu-cativo-preventivos. Ainda que timidamente,eles estão surgindo e mostrando seus resulta-dos (PEIXOTO e BASTOS15, 1998). Mas jána década de 80 e início da de 90, a impor-tância da prevenção e da educação em saúdebucal era ressaltada (BIJELLA3, 1993 eMORAES e BIJELLA12, 1982), bem comoque o planejamento do programa tem que serbaseado no nível de conhecimento odontoló-gico da população (BERVIQUE e MEDEI-ROS2, 1983).

As mães são as principais fontes de trans-missão de bactérias cariogênicas (AZEVE-DO et al.1, 1998). Por outro lado, sabe-seque o nível educacional, bem como o nívelsocioeconômico da família, mais especifica-mente o da mãe, tem uma relação direta como nível de saúde da criança (COSTA et al.5,1998). A orientação educacional dospais/responsáveis das crianças auxilia no su-cesso dos programas, como também na im-portância de manter sua própria saúde bucal,pois as atitudes dos pais/responsáveis têminfluência nas doenças dentárias apresenta-das pelas crianças5,6,7,8,9,12,14,17,19,21,22.Isto pode ser observado na Figura 1, que rea-liza a comparação entre os resultados apre-sentados pelas crianças e pelos pais, com-

provando que os níveis de educação em saú-de bucal são muito semelhantes.

A faixa etária dos pais/responsáveis pre-dominou entre os 26-35 anos, representandomais de 50% da amostra. Foi observado que88,78% dos pais/responsáveis situaram-sena faixa etária de 26 a 45 anos, ou seja, sãoindivíduos que já vivenciaram uma fase maispreventiva da Odontologia. Ao analisar sehaveria alguma relação com o nível de edu-cação odontológica, pôde-se constatar quenão houve diferença estatisticamente signifi-cante (Figura 2).

Com relação aos pais/responsáveis, hou-ve maior participação do sexo feminino, queem geral participa com maior empenho nosassuntos que dizem respeito ao(s) filho(s),como a saúde e a educação, por exemplo.Com isso, e de acordo com a Figura 3, o ní-vel de educação odontológica dos responsá-veis do sexo feminino foi melhor em relaçãoao masculino, embora esta diferença não te-nha sido estatisticamente significante.

A renda familiar também é um fator a serconsiderado, já que o nível socioeconômicopode exercer influências no nível de educa-ção odontológica (DINIZ e CARMO5, 1984;FREIRE et al.6, 1996; RAYNER16, 1970 eWATSON22, 2001). Observando a Figura 4,

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AQUILANTE, A. G. et al. Análise do nível de educação odontológica dos pais/responsáveis de escolares da 3ª sériedo 1º grau e sua relação na motivação e educação odontológica de seus filhos. Rev. Odontol. UNICID, v. 14,n. 1, p. 25-34, jan./abr. 2002.

Figura 3 - Percentuais dos níveis alcançados pelospais/responsáveis e do total de participan-tes, de acordo com o sexo.

Figura 4 - Percentuais dos níveis alcançados pelospais/responsáveis e do total de participan-tes, de acordo com a renda familiar.

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pode-se notar que não houve diferença esta-tisticamente significante entre o nível deeducação odontológica e a renda familiar,indicando que a renda familiar não foi um fa-tor relevante quando comparada ao nível deeducação odontológica dos pais/responsá-veis. Este e os demais resultados mostradospelas Figuras 1 a 4 e pela Tabela 3 podem,provavelmente, ser justificados pelo progra-ma educativo-preventivo desenvolvido pelacirurgiã-dentista da escola, onde a educaçãoem saúde bucal é feita através de palestrassistemáticas voltadas aos alunos de acordocom a faixa etária, aos professores e aos paisde alunos regularmente. Nestas palestras,são discutidos e praticados conteúdos refe-rentes à escovação dentária, aspectos geraisda erupção dos dentes, aleitamento materno,dieta não cariogênica, características e con-trole da placa bacteriana, uso inteligente deaçúcar, uso e indicações do flúor, a impor-tância dos dentes, cuidados com a saúde bu-cal desde o nascimento e a responsabilidadedos pais no cuidado e manutenção da saúdebucal dos seus filhos. Para o reforço doaprendizado, utiliza-se a apresentação de pe-ças de teatro, teatro de fantoches, concursode cartazes, redações, exposição fotográficaentre os alunos da unidade (CARDOSO*,2000).

É importante ressaltar que as crianças daEscola Silvério são as que possuem os me-nores índices de cárie dentária da cidade deBauru, sendo que esses resultados foram al-cançados após a implementação de progra-mas preventivo-educativos bem elaboradose corretamente aplicados.

CONCLUSÕES

A partir da metodologia aplicada e combase nos resultados obtidos neste presenteestudo, conclui-se que:

1. Há relação direta entre o nível de educa-ção odontológica dos pais/responsáveis ede seus filhos, demonstrando a importân-cia da família, já que esta constitui a pri-meira célula da vida em sociedade dos in-divíduos.

2. Houve maior participação dos pais/res-ponsáveis do gênero feminino, da ordemde 75,51%, isto porque, geralmente, asmães participam mais da vida dos filhos,pois são elas que representam a maiorianas reuniões escolares e que acompa-nham as crianças nas consultas médicas,por isso exercem uma grande influênciana formação dos seus filhos.

3. Foi observado que 88,78% dos pais/res-ponsáveis situaram-se na faixa etária de26 a 45 anos, ou seja, são indivíduos quejá vivenciaram uma fase mais preventivada Odontologia.

4. Não houve diferença estatisticamente sig-nificante entre o nível de educação odon-tológica dos pais/responsáveis e a rendafamiliar. Isto, provavelmente, deve-se aofato da escola possuir um programa pre-ventivo-educativo bem elaborado e corre-tamente aplicado.

AGRADECIMENTOS

À FAPESP, pelo apoio financeiro (pro-cesso 99/10384-1). Ao Prof. Dr. José Rober-to Pereira Lauris, pela realização da análiseestatística.

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*CARDOSO, M. T. V. Programa de assistência à saúde bucal do escolar da E. E. Prof. Silvério São João. 2000.Documento obtido junto à autora (Mimeografado).

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AQUILANTE, A. G. et al. Analysis of the knowledge on oral health ofparents and tutors of students of the 3rd grade of elementary school andits relation with the education and motivation of their children as to oralhealth. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 25-34, jan./abr. 2002.

ABSTRACT

Nowadays, the dental practice is based on prevention and education asto oral health. The purpose of this study was to evaluate the level of knowl-edge on dental health of parents and tutors of school children who attendthe Silverio S. J. Elementary School, as well as to assess the motivation oftheir children regarding oral health. The utilized material was a self-fillingquestionnaire which was applied to parents and children. According to theanswers, the level of knowledge of the subjects was classified in differentlevels. In the comparison between the performances of parents and chil-dren, it was established that their levels of education on oral health wereextremely similar. Correlating knowledge on oral health and age, it wasobserved that, for both ages, over 70% of the subjects presented the supe-rior level of knowledge. Monthly income did not have any influence on theparents’ level of knowledge. With these results, it is possible to concludethat there is a relationship between parents’ level of education on oralhealth and the motivation and education of their children. Educative andpreventive programs provide people with knowledge on the most effectiveways to prevent oral diseases. Such programs should involve subjects ofall ages.

UNITERMS: Health education, dental - Oral hygiene - Motivation

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Recebido em 23/2/2002Aceito em 05/4/2002

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AQUILANTE, A. G. et al. Análise do nível de educação odontológica dos pais/responsáveis de escolares da 3ª sériedo 1º grau e sua relação na motivação e educação odontológica de seus filhos. Rev. Odontol. UNICID, v. 14,n. 1, p. 25-34, jan./abr. 2002.

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EFEITOS DA APLICAÇÃO DE CANDIDA ALBICANS NA LÍNGUA DERATOS NORMAIS E SIALOADENECTOMIZADOS

EFFECTS OF THE APPLICATION OF CANDIDA ALBICANS ON THETONGUE OF NORMAL AND SIALOADENECTOMIZED RATS

Antonio Olavo Cardoso JORGE*Marcos Augusto do REGO**Elisabete Brasil dos SANTOS***Oslei Paes de ALMEIDA****

JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na línguade ratos normais e sialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID,v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

RESUMO

A xerostomia predispõe ao aumento no número de leveduras do gêneroCandida na cavidade bucal, assim como à candidose. O dorso da língua deratos tem-se mostrado bom modelo experimental para estudo de candidose.O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos da xerostomia, provocadapela sialoadenectomia, no desenvolvimento da candidose na boca de ratos,após única aplicação de C. albicans. Foram utilizados 112 ratos (Rattus nor-vegicus, Albinus, Wistar), dos quais 56 foram sialoadenectomizados. Osanimais receberam inoculação de 50 mg de células de C. albicans (ATCC36801) no dorso da língua e cinco ratos normais e cinco xerostômicos foramsacrificados após 1, 2, 4, 6, 8, 12 horas e 1, 2, 7 e 15 dias após a inoculação.Foram utilizados seis animais controles e seis sialoadenectomizados, quenão receberam inoculação de C. albicans. Nos 50 animais observados paracada grupo, ocorreu penetração de pseudo-hifas no epitélio do dorso da lín-gua, caracterizando candidose em 8% dos normais e em 66% dos sialoade-nectomizados. Os dados obtidos revelaram que os ratos xerostômicosapresentaram maior quantidade de áreas de candidose no epitélio da línguanos vários períodos examinados, após única inoculação de C. albicans.

UNITERMOS: Candida albicans - Candidíase bucal - Xerostomia

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Rev. Odontol. UNICID

v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002

* Professor Adjunto de Microbiologia e Imunologia da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos daUniversidade Estadual de São Paulo (UNESP). Professor Titular de Microbiologia e Imunologia daUniversidade de Taubaté (UNITAU).

** Professor de Odontopediatria da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), Universidade Mogi dasCruzes (UMC) e Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP). Professor do Programa de Pós-Graduação daUNITAU.

*** Professor de Microbiologia e Imunologia do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa(UEPG).

**** Professor Titular de Patologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual deCampinas (UNICAMP).

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INTRODUÇÃO

A candidose bucal está associada a fato-res locais ou sistêmicos que alteram o siste-ma de defesa do hospedeiro, diminuem o flu-xo salivar ou interferem na microbiota bucal(ALLEN1, 1994; JORGE11, 1997; JORGEet al.14, 1997). A saliva atua não apenas me-canicamente, mas também através de meca-nismos enzimáticos e imunológicos (COO-GAN6, 1994). A lisozima e a lactoferrinasalivares são capazes de inibir o crescimentode Candida albicans in vitro e peptídeos ri-cos em histidina presentes na saliva possuemação antifúngica (TOBGI et al.24, 1988). Tí-tulos elevados de anticorpos anti-C. albi-cans, especialmente IgA, podem ser encon-trados na saliva (COOGAN6, 1994) e devemfacilitar a atividade anti-Candida dos neu-trófilos salivares (BUDTZ-JÖRGENSEN4,1974).

A colonização, permanência e patogeni-cidade de C.albicans na cavidade bucal deratos, foram descritas por vários autores(ALLEN e BECK2, 1987; FISKER et al.9,1982; REED et al.20, 1990; SAMARA-NAYAKE, Y. e SAMARANAYAKE, L.23,2001), entretanto há poucos dados dos efei-tos da xerostomia. JONES e ADAMS10

(1970) não observaram alterações na fre-qüência de infecção por C. albicans em ratoscom diminuição do fluxo salivar. OLSEN eHAANAES19 (1977) verificaram que maca-cos com diminuição do fluxo salivar apre-sentaram candidose mais extensa e de re-gressão mais lenta em relação aos animaisnormais.

JORGE et al.12 (1993) sugerem que a xe-rostomia produzida pela sialoadenectomiafacilita a colonização por C. albicans e o es-tabelecimento de candidose na cavidade bu-cal de ratos, e que o modelo pode contribuirpara melhor compreensão da patogênese dacandidose. JORGE et al.13 (1993) observa-ram maior quantidade de candidose em ratossialoadenectomizados, assim como perma-

nência em maior número e por tempo maisprolongado de C. albicans na cavidade bucaldos animais xerostômicos. TOTTI et al.25,26

(1996) observaram a permanência de C. al-bicans, C. parapsilosis, C. tropicalis, C.guilliermondii e C. krusei na cavidade bucalde ratos sialoadenectomizados. Os autoresdemonstraram que a xerostomia favorece acolonização bucal de C. albicans e não in-fluenciou, entretanto, nas outras espécies.JORGE et al.15 (2000) demonstraram que atransmissibilidade de C. albicans em cavida-de bucal de ratos foi mais rápida e acentuadaa partir de animais sialoadenectomizados. Oobjetivo deste trabalho foi verificar os efei-tos da xerostomia, provocada pela sialoade-nectomia, no desenvolvimento da candidosena boca de ratos, de 1 hora a 15 dias após úni-ca aplicação de C. albicans.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram usados 112 ratos (Rattus norvegi-cus, Albinus, Wistar) machos, pesando170-200 g, que foram alimentados com ra-ção Labina (Purina) e água ad libitum. Emexames microbiológicos preliminares, veri-ficou-se que todos os ratos utilizados nãoapresentavam leveduras do gênero Candidana boca. A sialoadenectomia foi feita em 56animais, retirando-se cirurgicamente asglândulas salivares parótida, submandibulare sublingual, utilizando-se técnica deCHEYNE5 (1939) modificada.

Suspensão de C. albicans (ATCC 36801)foi preparada a partir de cultivo em ágar Sa-bouraud dextrose incubado a 37ºC por 48 ho-ras. O crescimento foi suspenso em 5 ml desolução fisiológica esterilizada e centrifugadaa 2.000 xg, durante 10 minutos, desprezan-do-se o sobrenadante. Este procedimento foirepetido mais duas vezes, e 50 mg do sedi-mento foi então colocado na superfície dorsalda língua de 50 ratos normais e 50 sialoade-nectomizados, anestesiados com éter etílico,com auxílio de uma espátula metálica. Ime-diatamente após a inoculação, o material foi

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JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

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espalhado uniformemente pela mucosa dodorso da língua, com auxílio de um“mini-swab” previamente esterilizado e em-bebido em solução fisiológica. Cinco ratosnormais e cinco sialoadenectomizados foramsacrificados por deslocamento cervical após1, 2, 4, 6, 8, 12 horas e 1, 2, 7 e 15 dias após ainoculação. Foram também utilizados seisanimais controles e seis sialoadenectomiza-dos, que não receberam inoculações de C. al-bicans. As línguas foram retiradas, fixadasem formol a 10% por 24 horas, secionadas nosentido ântero-posterior e as duas seções in-cluídas em parafina. Os cortes obtidos foramcorados com hematoxilina-eosina (H. E.),ácido periódico de Schift (PASH), Gomo-ri-Grocott e Gram para tecidos, sendo obser-vados 16 cortes para cada hemi-seção de cadaanimal.

RESULTADOS

Nos 50 animais observados para cadagrupo, ocorreu penetração de pseudo-hifas

no epitélio do dorso da língua, caracterizan-do candidose, em 8% dos normais e em 66%dos sialoadenectomizados (Tabela 1). Nosratos controle (normais e sialoadenectomi-zados), presença de C. albicans e de candi-dose não foram observadas.

Nos dois grupos estudados, a presença deC. albicans na superfície do epitélio após 1hora da inoculação foi semelhante, com asleveduras presentes na superfície das papilasfiliformes (Figura 1). Observou-se também,grande número de leveduras livres e algumasna superfície da queratina no ventre da lín-gua. Após 2 horas da aplicação, três ratosnormais e três sialoadenectomizados tinhamC. albicans na superfície do epitélio, emquantidades semelhantes nos dois grupos,porém em menor número que após 1 hora,principalmente com relação às leveduras li-vres. Nos períodos de 1 e 2 horas, não foi ob-servada Candida no interior do epitélio.

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JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

Tabela 1 - Número de ratos normais e sialoadenectomizados que apresentaram leveduras na superfície ou pseu-

do-hifas no interior (candidose) do epitélio, após a aplicação única de C. albicans no dorso da língua.

Foram usados cinco ratos normais e cinco sialoadenectomizados para cada período, num total de 100

animais.

Períodos

Normais (n = 50) Sialoadenectomizados (n = 50)

Leveduras nasuperfície do epitélio

Pseudo-hifas nointerior do epitélio

(candidose)

Leveduras nasuperfície do epitélio

Pseudo-hifas nointerior do epitélio

(candidose)

1 hora 5 0 5 0

2 horas 3 0 3 0

4 horas 2 0 3 2

6 horas 0 0 4 4

8 horas 0 0 5 5

12 horas 0 0 5 5

1 dia 1 1 5 5

2 dias 2 2 5 5

7 dias 2 1 5 4

15 dias 0 0 3 3

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No período de 4 horas, dois ratos xerostô-micos apresentaram leveduras com filamen-tação e formação de pseudo-hifas no interiorda queratina, o que foi considerado comocandidose. Após 6 horas da aplicação da le-vedura, quatro ratos sialoadenectomizadosapresentaram candidose em pequenas áreas,com leveduras e pseudo-hifas no interior daqueratina (Figura 2) e infiltração de leucóci-tos polimorfonucleares na camada espinho-sa. No ventre da língua havia nas áreas de

candidose, descamação da queratina, compseudo-hifas infiltradas tanto nas porçõesdescamadas, como na queratina aderida aoepitélio. Em algumas áreas as pseudo-hifaspenetraram profundamente no epitélio, atin-gindo camadas espinhosa e basal (Figura 3).

Após 8 horas da aplicação, quatro doscinco ratos sialoadenectomizados apresenta-ram candidose com pequenas áreas de im-plantação de C. albicans na queratina. Emalgumas destas áreas, formaram-se mi-croabscessos intraepiteliais (Figura 4). Noventre da língua, a superfície da queratinamostrou numerosas leveduras, que filamen-taram-se originando pseudo-hifas que pene-traram perpendicularmente a camada dequeratina. As pseudo-hifas geralmente esta-vam paralelas entre si.

Doze horas após a aplicação de C. albi-cans todos os ratos sialoadenectomizados(n = 5) tinham candidose. Nestas áreas, loca-lizadas principalmente nos espaços interpapi-lares, as leveduras estavam na superfície daqueratina, formando pseudo-hifas que pene-travam para o interior do epitélio. Pequeno

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Figura 1 - Corte sagital da língua de rato sialoade-

nectomizado, 1 hora após a inoculação da

levedura, mostrando C. albicans (setas)

aderidas à queratina (Q) das papilas côni-

cas simples (PASH, 200 X).

Figura 2 - Corte sagital da região das papilas côni-

cas simples da língua de rato sialoadenec-

tomizado, 6 horas após aplicação de C.albicans. Leveduras estão aderidas na su-

perfície e pseudo-hifas (setas) penetram

na queratina, caracterizando candidose. A

camada espinhosa do epitélio não apre-

senta pseudo-hifas e a basal está íntegra

(PASH, 200 X).

Figura 3 - Corte sagital da região do ventre da língua

de rato sialoadenectomizado, 6 horas após

aplicação de C. albicans. A queratina (Q)

apresenta descamação, com leveduras e

pseudo-hifas na porção descamada e no

epitélio remanescente. A seta mostra área

sugestiva de microabscesso intraepitelial

(PASH, 200 X).

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número de leucócitos polimorfonucleares lo-calizavam-se entre a queratina e a camada es-pinhosa do epitélio (Figura 5). No ventre dalíngua, as leveduras da superfície da querati-na filamentaram-se e as pseudo-hifas pene-traram no epitélio, geralmente paralelas entresi e perpendiculares à queratina. Porções dequeratina contendo Candida descamavam-sedo epitélio. Na camada espinhosa polimorfo-nucleares formavam microabscessos. Nos pe-

ríodos de 1, 2, 4, 6, 8 e 12 horas os ratosnormais não apresentaram candidose.

No período de 1 dia após a aplicação, umrato normal apresentou candidose no ventreda língua, três sialoadenectomizados no dorsoe dois no ventre. A candidose no dorso da lín-gua apresentava pseudo-hifas maiores e leve-duras em maior quantidade que nos grupos de8 e 12 horas (Figura 5). Em dois animais ha-

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JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

Figura 5 - Corte sagital das papilas cônicas simples

da língua de rato sialoadenectomizado, 24

horas após aplicação de C. albicans. Leve-

duras e pseudo-hifas estão na queratina,

que parece estar descamando-se na super-

fície, liberando leveduras (setas) (PASH,

200 X).

Figura 6 - Corte sagital das papilas cônicas simples

do dorso da língua de rato sialoadenec-

tomizado, 48 horas após aplicação de C.albicans. Observa-se leveduras e pseudo-

hifas (setas) no interior da queratina (can-

didose) (PASH, 200 X).

Figura 7 - Corte sagital das papilas cônicas simples

da língua de rato sialoadenectomizado, 15

dias após aplicação de C. albicans. Algu-

mas leveduras e pseudo-hifas (setas) são

visíveis na queratina (PASH, 200 X).

Figura 4 - Corte sagital das papilas verdadeiras do

dorso da língua de rato sialoadenectomiza-

do, 8 horas após a aplicação de C. albicans.

As leveduras estão aderidas e as pseudo-hi-

fas (setas) penetram na queratina (candi-

dose). Formou-se microabscesso (*) entre a

queratina e a camada espinhosa do epitélio

(PASH, 200 X).

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viam microabscessos intraepiteliais. No ven-tre da língua, tanto nos ratos normais comonos sialoadenectomizados, a queratina con-tendo pseudo-hifas e leveduras estava emdescamação e a camada espinhosa apresentouinfiltrado moderado de polimorfonucleares.

Após dois dias da aplicação de C. albi-cans, dois ratos normais e todos os sialoade-nectomizados (n = 5) apresentaram candido-se. No dorso da língua evidenciava-se 4 a 5pontos de candidose na região das papilascônicas simples. As pseudo-hifas penetra-ram na queratina, principalmente nas regiõesinterpapilares, geralmente não atingindo ascamadas mais internas do epitélio (Figura 6).Na camada espinhosa, observou-se a presen-ça de poucos polimorfonucleares no epitélio,enquanto a camada basal mostrou quantida-de moderada de leucócitos.

Após uma semana da inoculação de C.albicans, quatro animais sialoadenectomiza-dos e dois normais mostraram áreas restritasde candidose no dorso da língua. Em dois ra-tos sialoadenectomizados, observou-seregião com perda das papilas gigantes e al-gumas verdadeiras, com epitélio hiperquera-tótico, polimorfonucleares na queratina e au-sência de pseudo-hifas e leveduras. Outroanimal sialoadenectomizado, apresentou le-são semelhante, porém localizada na regiãodas papilas cônicas simples, com presençade poucas pseudo-hifas e leveduras.

Após 15 dias, três ratos sialoadenectomi-zados apresentaram leveduras e candidose(Figura 7). Dois animais apresentaram na re-gião das papilas cônicas simples, anterior-mente às gigantes, epitélio hiperqueratóticocom presença de número reduzido de pseu-do-hifas implantadas na queratina. O epité-lio estava acantótico, com polimorfonuclea-res espalhados por toda a região. Um dosanimais apresentou intensa candidose noventre da língua, com hiperqueratose, acan-tose e hiperplasia da camada basal do epité-

lio. Os animais normais não apresentaramCandida nos cortes histológicos.

DISCUSSÃO

A aplicação de C. albicans na língua deratos normais e sialoadenectomizados, apre-sentou resultados histologicamente seme-lhantes 1 e 2 horas após inoculação da leve-dura, não se observando Candida no interiordo epitélio. Todos os ratos apresentaramgrande número de células sobre o dorso dalíngua, havendo alta variabilidade entre osanimais do mesmo grupo, o que dificultou ainterpretação. Além disso, em microscopiade luz, não foi possível distinguir levedurasaderidas ou sobrepostas à membrana das cé-lulas epiteliais.

A aderência às células epiteliais é impor-tante fator para a colonização das mucosaspor bactérias. Sabe-se que as bactérias bu-cais são influenciadas pelas glicoproteínassalivares na aderência seletiva ao epitéliobucal (KOOP et al.17, 1987) e que as glându-las mucosas menores, preservadas nesteestudo, são as principais secretoras destassubstâncias. A C. albicans possui capacida-de de aderência às células epiteliais bucais in

vitro (DARWAZEN et al.7, 1991), sendo aadesão aumentada quando as células sãopré-incubadas com saliva (DARWAZEN et

al.7, 1991; SAMARANAYAKE e Mac-FARLANE22, 1982).

Apesar do papel da saliva na adesão deleveduras ser pouco conhecido, parece quecomponentes específicos da saliva podemmediar tal adesão. A presença de IgA na sali-va inibe a adesão da C. albicans às célulasepiteliais bucais (EPSTEIN et al.8, 1982;JORGE et al.14, 1997) e o pré-tratamento depeças acrílicas em saliva mista não estimula-da, reduziu a adesão de C. albicans in vitro

(McCOURTIE et al.18, 1986).

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JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

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A microbiota bacteriana indígena tam-bém interfere na adesão das leveduras.Pré-exposição de células Hela a Streptococ-cus salivarius reduzem a adesão de Candidaàs mesmas. C. albicans pode ser aglutinadapor algumas bactérias da microbiota bucal,como S. sanguis, S. salivarius, S. mitis, Fu-sobacterium nucleatum e Actinomyces vis-cosus (BAGG e SILVERWOOD3, 1986)que tem aderência aos tecidos da boca, po-dendo agir como uma “ponte bacteriana”entre a levedura e os tecidos. Já que a C. albi-cans persiste na boca na presença da mi-crobiota normal, a formação de “pontebacteriana” pode ter importância nos indiví-duos portadores da levedura. Por outro lado,a microbiota intestinal suprime a coloniza-ção de C. albicans, inibindo a associação en-tre a levedura e a mucosa (KENNEDY eVOLTZ16, 1985).

JONES e ADAMS10 (1970) observaramcandidose em 16,6% dos ratos uma semanaapós inoculação de C. albicans, porcentualsemelhante ao encontrado neste estudo(20%). RUSSELL e JONES21 (1973) mos-traram rápida eliminação de C. albicans noepitélio bucal de ratos normais, não se obser-vando mais candidose 14 dias após o inóculoda levedura, resultado encontrado tambémneste trabalho para ratos normais. Por outrolado, nos sialoadenectomizados, candidosefoi verificada histologicamente em 50% dosanimais, possivelmente porque a xerostomiainterferiu na eliminação de C. albicans noepitélio.

Após inóculo de C. albicans, FISKER etal.9 (1982) observaram penetração de pseu-do-hifas no epitélio bucal de 100% dos ratosnormais, enquanto nos achados deste estudodemonstram candidose em 20% dos animaisapós 1 semana e em nenhum após 2 sema-nas. Entretanto os autores usaram antibióticopara predisposição à candidose e examina-ram todo o epitélio bucal, enquanto nestesresultados além da não-utilização de antibió-

ticos apenas a língua foi examinada. Os lo-cais mais freqüentes de candidose, relatadospelos autores foram a gengiva marginal, amucosa bucal, o sulco bucal e lingual e porúltimo a língua.

JORGE et al.12 (1993) também observa-ram maior quantidade de candidose em lín-gua de ratos xerostômicos, porém diferente-mente do presente trabalho, os ratosreceberam diversas inoculações prévias deC. albicans. JORGE et al.13 (1993) relata-ram presença de C. albicans por períodomais prolongado de tempo em ratos sialoa-denectomizados, porém os animais recebe-ram 3 inoculações de suspensão de levedurase tratamento prévio com tetraciclina na águade beber. No presente trabalho, os ratos re-ceberam um inóculo de C. albicans e nãohaviam recebido tratamento prévio com an-tibiótico. TOTTI et al.25 (1996) também re-lataram maior recuperação de C. albicans

em ratos sialoadenectomizados, porém osautores realizaram 4 inoculações prévias dalevedura.

No presente trabalho, quatro horas apósúnica inoculação de C. albicans no dorso dalíngua, dois ratos sialoadenectomizados re-velaram candidose. No período de 6 horas e7 dias, quatro animais sialoadenectomizadosapresentaram pseudo-hifas no epitélio, en-quanto nos períodos de 8, 12 horas, 1 e 2 diastodos demonstraram candidose. Nos ratoscontrole, a candidose ocorreu em um animalapós 24 horas, em dois após 48 horas e emum após 7 dias. Num total de 50 animais paracada grupo examinado, 8% dos normaisapresentaram candidose, enquanto 66,5%dos ratos xerostômicos tinham a doença.Estes dados demonstram claramente que axerostomia produzida pela sialoadenectomiaem ratos, facilitou a ocorrência de candidoseno epitélio da língua dos animais.

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JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

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CONCLUSÃO

Os dados deste trabalho revelaram que ra-tos sialoadenectomizados apresentaram maiornúmero de animais com candidose, após ino-

culação única de C. albicans, sem o uso dequalquer outro fator predisponente. Nos ratosxerostômicos, as áreas de candidose apresen-tavam-se mais extensas e em maior número.

JORGE, A. O. C. et al. Effects of the application of Candida albicans onthe tongues of normal and sialoadenectomized rats. Rev. Odontol.UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, 2002.

ABSTRACT

Xerostomia predisposes to an increase in the number of Candida yeastsin the oral cavity, as well as to candidosis. The dorsum of rat tongues hasbeen reported as a good experimental model for the study of candidosis.The purpose of this work was to assess the effects of xerostomia, caused bysialoadenectomy, in the development of candidosis in the mouth of rats,after a single application of Candida albicans. A hundred and twelve ratswere utilized (Rattus norvergicus, Albinus, Wistar). From those, 56 weresialoadenectomized. The animals were inoculated with 50 mg of C.albicans cells (ATCC 36801) on the dorsum of their tongues. Five normalrats and five xerostomic rats were sacrificed after 1, 2, 4, 6, 8 and 12 h, aswell as 1, 2, 7 and 15 days after inoculation. Six normal rats and sixsialoadenectomized rats were utilized as controls, since they did not re-ceive the inoculation of C. albicans. Penetration of hyphae was observedin the tongue epithelium of both groups, characterizing candidosis in 8%of the normal rats and in 66% of the sialoadenectomized rats. The obtaineddata revealed that the tongue epithelium of xerostomic rats presented withmore areas affected by candidosis, in the various periods of evaluation, af-ter a single inoculation of C. albicans.

UNITERMS: Candida albicans - Candidiasis, oral - Xerostomia

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Recebido em 27/3/2002Aceito em 25/4/2002

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JORGE, A. O. C. et al. Efeitos da aplicação de Candida albicans na língua de ratos normais esialoadenectomizados. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 35-44, jan./abr. 2002.

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MANUAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA PARA CIRURGIÕES-DENTISTAS

HEALTH SURVEILLANCE MANUAL FOR DENTISTS

Chen Ya TEN*Antônio Carlos PEREIRA**Eduardo DARUGE**

TEN, C. Y. et al. Manual de vigilância sanitária para cirurgiões-dentistas.Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 45-55, jan./abr. 2002.

RESUMO

A Odontologia tem sofrido influências quanto às ações de VigilânciaSanitária, tanto que muitos profissionais tiveram transtornos em relação aequipe de fiscalização odontológica sanitária por desconhecerem as nor-mas referentes a abertura e montagem dos consultórios frente as normaspreconizadas pela Legislação Sanitária. Por essa urgente necessidade dosprofissionais estarem informados sobre as atuais mudanças, no sentido deaproximar o máximo a Odontologia da Vigilância Sanitária, foi que resol-veu-se elaborar um manual técnico das etapas necessárias para a aberturade um consultório odontológico tipo I, estabelecimento que apresenta so-mente um conjunto de equipamento odontológico, existentes no Estado deSão Paulo, seguindo o que se preconiza a Resolução SS nº 15/99 (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde23, 1999), que dispõe sobre normaque regulamenta os estabelecimentos de assistência odontológica.

UNITERMOS: Vigilância sanitária - Consultórios odontológicos

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Rev. Odontol. UNICID

v. 14, n. 1, p. 45-55, jan./abr. 2002

*Doutora em Odontologia Legal e Deontologia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da UniversidadeEstadual de Campinas (UNICAMP).

**Professor Doutor do Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia de Piracicaba daUNICAMP.

Page 45: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

INTRODUÇÃO

A Vigilância Sanitária é um conjunto deconhecimentos, como parte de Saúde Coleti-va, sobre a produção de saúde e de doenças(BRASIL. Congresso Nacional, Lei Orgâni-ca da Saúde1, 1990). É também um conjuntode regras (procedimentos técnicos) conside-radas potentes para assegurar saúde às pes-soas, uma organização com poder legal e umcampo de conhecimento especializado, aomesmo tempo (BRASIL. Código de Prote-ção e Defesa do Consumidor2, 1990).

Para alcançar o seu objetivo, a Saúde Co-letiva, e principalmente a Vigilância Sanitá-ria usam técnicas de promoção e prevenção(SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saú-de21, 1986). A Vigilância Sanitária está obri-gada a atuar segundo a lei. Neste sentido,seus agentes atuam sobre a sociedade, valen-do-se de normas para constranger comporta-mentos inadequados (BRASIL. CongressoNacional, Lei Orgânica da Saúde1, 1990;BRASIL. Código de Proteção e Defesa doConsumidor2, 1990). Pensam e agem segun-do regras, valendo-se do poder do Estado.Em muitos casos, não há como fugir dessaresponsabilidade: a Vigilância Sanitária estáobrigada a exercer controle sobre a socieda-de. Impor limites aos produtores: multar, fis-calizar, fechar estabelecimentos, e na maio-ria das vezes, desenvolver a educaçãosanitária segundo as opiniões de TEN26

(1999) e TEN et al.27 (2001).

A Odontologia tem sofrido influênciasquanto às ações de Vigilância Sanitária, tan-to que muitos profissionais tiveram transtor-nos em relação a equipe de fiscalizaçãoodontológica sanitária por desconheceremas normas referentes a abertura e montagemdos consultórios frente as normas preconiza-das pela Legislação Sanitária (DAMMEN-HAIN et al.7, 1998; TEN26, 1999 e TEN et

al.27, 2001).

Por essa urgente necessidade dos profis-sionais estarem informados sobre as atuaismudanças, no sentido de aproximar o máxi-mo a Odontologia da Vigilância Sanitária,foi que resolveu-se elaborar um manual téc-nico das etapas necessárias para a aberturade um consultório odontológico tipo I, ouseja, é aquele consultório que apresenta so-mente um conjunto de equipamento odonto-lógico, existentes no Estado de São Paulo,seguindo o que se preconiza a Resolução SSnº 15/99 (SÃO PAULO. Secretaria de Esta-do da Saúde23, 1999), que dispõe sobre nor-ma que regulamenta os estabelecimentos deassistência odontológica.

MANUAL TÉCNICOProcedimentos para abertura de umconsultório

As ações de Vigilância Sanitária em esta-belecimentos de assistência odontológicasão caracterizados como ações de saúde, quedevem levar a eficiência no controle dos ris-cos à saúde dos pacientes, profissionais e aárea clínica (SÃO PAULO. Secretaria deEstado da Saúde23, 1999).

Os estabelecimentos de assistência odon-tológica deverão ter instalações, equipamen-tos e recursos humanos habilitados e capaci-tados para realização dos procedimentosodontológicos, ou seja, deverão ter estruturafísica (BRASIL. Ministério da Saúde4,1994), recursos humanos habilitados e capa-citados, com o diploma do Curso de Odonto-logia devidamente reconhecido pelo Minis-tério de Educação e Cultura e com o númerode inscrição do Conselho Regional de Odon-tologia do seu Estado, no intuito de realizaros procedimentos odontológicos e são carac-terizados como todos os estabelecimentosque destinam-se à realização de procedimen-tos de prevenção, diagnóstico e tratamentode doenças bucais, e do sistema estomatog-nático, de caráter público e privado, com ousem fins lucrativos, instalados em áreas au-

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tônomas, e/ou no interior de escolas, hospi-tais, ou outros espaços sociais (SÃO PAU-LO. Secretaria de Estado da Saúde23, 1999;TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

Os profissionais das equipes de saúde bu-cal devem estar devidamente informados eatentos aos riscos ocupacionais inerentes àsatividades desenvolvidas (GOLEGÃ eTELLINI10, 1992; FERREIRA8, 1995;LIMA e ITO14, 1995; LORENZI16, 1997).

O consultório odontológico tipo I é o es-tabelecimento de assistência odontológicacaracterizado por possuir somente um con-junto de equipamento odontológico, poden-do fazer uso ou não de equipamento deraios X odontológico (SÃO PAULO. Secre-taria de Estado da Saúde23, 1999).

Só poderão funcionar os estabelecimentosde assistência odontológica, consultório tipoI, depois de licenciados pelo órgão sanitáriocompetente, na presença física de um respon-sável técnico e com termo de responsabilida-de técnica assinado perante órgão sanitáriocompetente (DAMMENHAIN et al.7, 1998;TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

A licença de funcionamento deverá ser so-licitada ao órgão sanitário, cumprindo as exi-gências previstas na Resolução SS nº 15/99(SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saú-de23, 1999; TEN26, 1999 e TEN et al.27,2001) ou outra norma legal que venha subs-tituí-la. O responsável técnico pelo estabe-lecimento de assistência odontológica,consultório odontológico tipo I, deverá ser ci-rurgião-dentista legalmente habilitado e como número de inscrição no Conselho Regionalde Odontologia do Estado de São Paulo.

O responsável técnico deverá possuir otermo de responsabilidade técnica, assinadoperante órgão sanitário competente e deveráestar presente durante todo o período deatendimento realizado no consultório. Caso

não puder estar presente em todo o períodode atendimento clínico, deverá indicar umresponsável técnico substituto, com o termoe responsabilidade técnica, também assinadoperante órgão sanitário competente (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde23,1999; TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

O consultório odontológico tipo I poderácontar com recursos humanos para trabalhoem recepção, limpeza, administração, manu-tenção, gerência e pessoal auxiliar (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde22,1995; SAMARANAYAKE20, 1993;NOGUEIRA19, 1983). O pessoal auxiliar érepresentado pelo atendente de consultóriodentário (ACD) e técnico em higiene dental(THD), que devem estar devidamente inscri-tos e registrados no Conselho Regional deOdontologia.

Quando um estabelecimento de assistên-cia odontológica (EAO) empregar um cirur-gião-dentista, é necessário apresentar contra-to de trabalho ou de prestação de serviços,devidamente registrado no órgão competente.

Áreas físicas dos estabelecimentos deassistência odontológica, consultórioodontológico tipo I

Os estabelecimentos de assistência odon-tológica devem apresentar, além das demaisobrigatoriedades determinadas pela legisla-ção municipal de edificações vigente, as se-guintes condições referentes à área na qualserão realizados procedimentos odontológi-cos, como especificado na Resolução SSnº 15/99 (SÃO PAULO. Secretaria de Esta-do da Saúde23, 1999):

a) Iluminação que possibilite boa visibilida-de, sem ofuscamentos ou sombras, tanto ailuminação natural, quanto a artificial(BRASIL. Ministério da Saúde4, 1994;DAMMENHAIN et al.7, 1998; TEN26,1999 e TEN et al.27, 2001).

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b) Ventilação que possibilite circulação e re-novação de ar. Na presença do aparelhode ar condicionado, deve-se fazer a lim-peza e manutenção periódica do mesmo(MANDEL17, 1993; BRASIL. PortariaFederal5, 1998; DAMMENHAIN et al.7,1998; TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

c) Pisos revestidos com material lavável eimpermeável, que possibilitem os proces-sos de descontaminação e/ou limpeza,sem a presença de trincas, ou descontinui-dades (GUIMARÃES Jr.11, 1992; LE-WIS e BOE13, 1992; BRASIL. Ministé-rio da Saúde4, 1994; LIMA e ITO14,1995).

d) Paredes de alvenaria ou divisórias de corclara, revestidas de material lavável e im-permeável, que possibilitem os processosde descontaminação e/ou limpeza, sem apresença de mofo ou descontinuidades(LORENZI16, 1997; BRASIL. Ministé-rio da Saúde4, 1994; GOLEGÃ e TEL-LINI10, 1992).

e) Forros de cor clara, sem presença de infil-trações, rachaduras ou mofo (FERREI-RA8, 1995; BRASIL. Ministério da Saú-de4, 1994).

f) Instalações hidráulicas e elétricas embuti-das ou protegidas por calhas ou canaletasexternas, para que não haja depósitos desujidades em sua extensão (BRASIL. Mi-nistério da Saúde4, 1994; DAMMEN-HAIN et al.7, 1998; GOLEGÃ e TEL-LINI10, 1992; GUIMARÃES Jr.11,1992).

Todo estabelecimento de assistênciaodontológica deve ter lavatório com águacorrente, de uso exclusivo para lavagem demãos dos membros da equipe de saúde bucal(BRASIL. Ministério da Saúde4, 1994;DAMMENHAIN et al.7, 1998; TEN26,1999 e TEN et al.27, 2001).

A lavagem de mãos é obrigatória para to-dos os componentes da equipe de saúde bu-cal. O lavatório deve contar com: a) disposi-tivo que dispense o contato de mãos com ovolante da torneira ou do registro quando dofechamento da água, ou em casos mais sofis-ticados sensor de captação das mãos; b) toa-lhas de papel descartáveis ou compressas es-téreis - atenção ao tipo de papel toalha, oqual não deve ser papel reciclado, de modoque é preferível papel com gramatura fina ede cor branca e c) sabonete líquido - preferí-vel se a embalagem apresentar refil (BRA-SIL. Ministério da Saúde4, 1994; DAMME-NHAIN et al.7, 1998; TEN26, 1999 e TEN et

al.27, 2001).

Observe-se, atentamente, que a limpezae/ou descontaminação de artigos não deveser realizada no mesmo lavatório para a lava-gem de mãos.

Os estabelecimentos de assistência odon-tológica (EAO), consultório odontológico ti-po I, devem possuir área de espera para ospacientes com as seguintes características:proporcionar condições para que os pacien-tes aguardem ao atendimento sentados eventilação suficiente, natural e/ou artificialque possibilite a circulação de ar no seu inte-rior. A área mínima para a sala de esperadeve ser de 6,0 metros quadrados e compatí-vel com o número de pacientes atendidos(BRASIL. Ministério da Saúde4, 1994;DAMMENHAIN et al.7, 1998; TEN26,1999 e TEN et al.27, 2001). Todos estes esta-belecimentos devem ser providos, além daárea de procedimentos clínicos odontológi-cos e sala de espera de paciente, de um localpara arquivo e outro local para armazenageme acondicionamento de instrumentais e me-dicamentos. Os compartimentos sanitários,por sua vez, devem possuir um exclusivopara o público, e outro sanitário para todaequipe odontológica e que estejam não ne-cessariamente na área física delimitada pelo

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estabelecimento, mas respeitado uma proxi-midade desta.

Conforme a Resolução SS nº 15/99 (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde23,1999), todos os EAOs devem obrigatoria-mente contar com aparelhos para esteriliza-ção de instrumentais (SÃO PAULO, Secre-taria de Estado da Saúde24, 1995; LLOYD etal.15, 1995; FERREIRA8, 1995). No caso daesterilização ser realizada por terceiros, de-verá apresentar contrato com a empresaprestadora de serviços, e contar com localadequado para armazenamento do instru-mental (SÃO PAULO. Secretaria de Estadoda Saúde22, 1995).

Devem ainda apresentar, nos EAOs, con-sultório odontológico tipo I, os seguintesequipamentos de proteção individual (EPI)(SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saú-de22, 1995): luvas descartáveis para atendi-mento clínico e cirúrgico, que devem serdescartadas a cada paciente, avental paraproteção, máscaras descartáveis, óculos deproteção e gorros. Os equipamentos de pro-teção individual devem ter quantidades sufi-cientes para toda a equipe de saúde bucal(SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saú-de23, 1999; DAMMENHAIN et al.7, 1998;TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

Equipamentos básicos necessários paraconsultório odontológico tipo I

Os estabelecimentos de assistência odon-tológica devem possuir os seguintes equipa-mentos básicos, respeitando-se as caracterís-ticas dos procedimentos executados (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde22,1995; SÃO PAULO. Secretaria de Estado daSaúde23, 1999): a) cadeira odontológica, queproporcione à equipe de saúde bucal, um po-sicionamento correto do paciente; b) equipoodontológico, provido de caneta de alta e/oubaixa rotação e/ou micromotor regulados deforma a evitar nível de alto ruído auditivo e

finalmente, provido de seringa tríplice (LE-WIS e BOE13, 1992; SAMARANAYA-KE20, 1993; LLOYD et al.15, 1995); c) re-fletor odontológico, que permita um campovisual satisfatório ao trabalho da equipe desaúde bucal; d) sugador de saliva provido deponta descartável, ou boquilha que permita ouso de aspirador cirúrgico de metal, podendoter seu resíduo final disposto direto ao esgotoou reservatório próprio devidamente higie-nizado (NOGUEIRA19, 1983; LIMA eITO14, 1995); e) amalgador elétrico; f) mo-cho odontológico que proporcione à equipede saúde bucal equilíbrio para desenvolvi-mento de trabalho de forma ergonomica-mente correta; g) compressor de ar compri-mido que deve ser instalado fora da sala deatendimento clínico ou com proteção acústi-ca eficiente (SÃO PAULO. Secretaria deEstado da Saúde23, 1999; DAMMENHAINet al.7, 1998; TEN26, 1999 e TEN et al.27,2001). Os consultórios odontológicos tipo Iainda podem ser providos de outros tipos deequipamentos: a) mesa auxiliar; b) unidadeauxiliar ou cuspideira; c) equipamentoscomplementares como, aparelho de fotopoli-merização, ultra-som, bisturi elétrico e ou-tros que a tecnologia venha a introduzir, des-de que respeitadas as normas técnicas e aslegislações específicas. Os equipamentos,utensílios e móveis não podem estar aglome-rados ou impedindo de alguma forma o de-senvolvimento do trabalho. Quando nãoestiverem em condições de uso, os equipa-mentos, utensílios e móveis deverão obriga-toriamente estar fora da área reservada aosprocedimentos odontológicos.

Instrumentos odontológicos

Os instrumentos necessários para o fun-cionamento de qualquer estabelecimento deassistência odontológica devem ser compatí-veis com o processo de esterilização adota-do, o número de pacientes a serem atendidose o tipo de procedimento realizado (SÃO

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PAULO. Secretaria de Estado da Saúde24,1995).

Os instrumentos esterilizados devem serestocados em armário fechado, limpo e seco.Devem ser anotadas nos pacotes ou caixasmetálicas a data de esterilização e a data li-mite de validade, de 7 (sete) dias, de acordocom a Resolução SS nº 374 de 15/12/95(SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saú-de24, 1995).

Rotinas e cuidados com instrumentaise aparelhos

Por serem manobras de fundamental im-portância, todos os instrumentos devem pas-sar pelo processo de descontaminação elavagem antes de serem esterilizados. O pro-cesso de esterilização deve ser utilizado paratodos os artigos críticos ou semicríticos, emuso no estabelecimento de assistência odon-tológica (SÃO PAULO. Secretaria de Esta-do da Saúde24, 1995; SÃO PAULO. Secre-tar ia de Estado da Saúde23, 1999;DAMMENHAIN et al.7, 1998; TEN26,1999 e TEN et al.27, 2001).

Os artigos críticos são aqueles que pene-tram através da pele e mucosas, atingindo te-cidos subepiteliais, enquanto que os artigossemicríticos são aqueles que entram em con-tato apenas com a pele não íntegra ou commucosas íntegras.

Os aparelhos que entrarem em contatocom saliva ou sangue, principalmente aspontas do equipo odontológico, como: cane-ta de alta rotação, micromotor e seringa trí-plice, deverão ser recobertas por barreira deproteção de uso único e descartável, e passarpelos processos de descontaminação, lava-gem e secagem (GUIMARÃES Jr.11, 1992;GOLEGÃ e TELLINI10, 1992; FERREI-RA8, 1995; LLOYD et al.15, 1995).

O processo de esterilização, através devapor saturado sob pressão é obtido com ouso de autoclave devendo ser observadas asseguintes condições conforme a ResoluçãoSS nº 374/95 (SÃO PAULO. Secretaria deEstado da Saúde24, 1995):

a) exposição por 30 (trinta) minutos a umatemperatura de 120ºC, em autoclavesconvencionais (uma atmosfera de pres-são);

b) exposição por 15 (quinze) minutos a umatemperatura de 132ºC, em autoclavesconvencionais (uma atmosfera de pres-são);

c) exposição por 4 (quatro) minutos a umatemperatura de 132ºC, em autoclaves dealto vácuo.

O acondicionamento do material a ser es-terilizado em autoclave deve ser feito em pa-cotes individuais, envolvidos por papel degramatura, porosidade, e resistência compa-tíveis com o processo, campo de tecido de al-godão duplo cru, ou outro material desde quecomprovadamente eficaz (NOGUEIRA19,1983; LEWIS e BOE13, 1992; MANDEL17,1993).

O processo de esterilização pelo calorseco deve ser realizado através da estufa. Aestufa deve ter um termostato para manuten-ção efetiva da temperatura, área mínima paracirculação interna do ar produzido e um ter-mômetro para controle da temperatura pre-conizada (LEWIS e BOE13, 1992; LIMA eITO14, 1995; LORENZI16, 1997).

Os artigos a serem esterilizados em estufadeverão estar acondicionados de forma ade-quada, em bandejas ou caixas metálicas, ob-servando-se o tempo de 1 (uma) hora de ex-posição e a uma temperatura de 170ºC, ou160ºC por 2 (duas) horas de acordo com asque se preconizam a Resolução SS nº 374 de

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15/12/95 (SÃO PAULO. Secretaria de Esta-do da Saúde24, 1995) e Resolução SS nº 15,de 18/01/99 (SÃO PAULO. Secretaria deEstado da Saúde23, 1999).

É proibido o uso de equipamento à basede radiação ultravioleta e ebulidores de águacomo métodos de esterilização (BRASIL.Portaria Federal6, 1998).

Equipamentos emissores de radiaçãoionizante – aparelhos de raios Xodontológicos

Os estabelecimentos de assistência odon-tológica somente poderão utilizar equipa-mentos emissores de radiação ionizante des-de que cumpram as exigências previstas naPortaria Federal SVS nº 453/98 (BRASIL.Portaria Federal6, 1998), ou instrumentos le-gais que venham substituí-los.

Organização de documentos

Todos os pacientes atendidos devem serregistrados, com seu respectivo nome, ende-reço e tratamento realizado, através de livrode registro, fichas clínicas, ou através demeios informatizados.

A licença de funcionamento e as demaisdocumentações emitidas e exigidas pela Le-gislação Sanitária deverão estar no estabele-cimento para consulta durante o ato das ins-peções sanitárias (SÃO PAULO. Secretariade Estado da Saúde23, 1999; DAMMEN-HAIN et al.7, 1998; TEN26, 1999 e TEN etal.27, 2001).

Propaganda enganosa e relação comos pacientes

Os responsáveis técnicos pelos estabele-cimentos de assistência odontológica, que,diretamente ou através de terceiros, fizeremveicular peças publicitárias, por qualquerforma ou meio de comunicação, que venhama tipificar os fatos da publicidade enganosa e

da utilização de métodos desleais de infor-mação, estarão infringindo o Código deProteção e Defesa do Consumidor (BRA-SIL. Lei Federal2, 1990).

As autoridades sanitárias competentes,no âmbito de suas jurisdições, sempre quetomarem conhecimento das práticas de pu-blicidade enganosa, da utilização de méto-dos desleais de informação, deverão adotaras providências que forem pertinentes ao seucampo de competência legal e, concomitan-temente, oficiar os fatos ao Conselho Regio-nal de Odontologia de São Paulo (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde23,1999; DAMMENHAIN et al.7, 1998;TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

Em caso de manifesta gravidade, com ris-co eminente à saúde coletiva, deverá tam-bém ser notificado o Ministério Público.

Responsabilidades

A indicação do procedimento odontoló-gico é de responsabilidade do cirurgião-den-tista executante.

Toda investigação para diagnóstico dacondição pré-procedimento do paciente é deresponsabilidade do cirurgião-dentista ou daequipe odontológica executante, e quandofor o caso, esta documentação deverá ficararquivada no prontuário do paciente (SÃOPAULO. Secretaria de Estado da Saúde23,1999; DAMMENHAIN et al.7, 1998;TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

Deverão fazer parte do prontuário do pa-ciente, os seguintes documentos:

a) termo de autorização do tratamento odon-tológico preconizado e assinado pelo pa-ciente ou responsável legal;

b) orientações, por escrito, quanto aos cui-dados pré- e pós-procedimentos necessá-rios e possíveis complicações.

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O cirurgião-dentista é responsável pelosmateriais odontológicos empregados nosprocedimentos realizados, em conformidadecom o Código de Proteção e Defesa do Con-sumidor (BRASIL. Lei Federal2, 1990) emrelação à:

a) prazo de validade escrito;

b) origem do produto;

c) número de registro do produto no Minis-tério da Saúde.

Resíduos

Todo material descartável, tal como su-gadores, tubetes de anestésico, máscaras, lu-vas, gazes, algodão e outros, devem ser des-prezados em saco plástico branco leitoso delixo, com a identificação de “contaminado”.

A destinação final de todo material pérfu-ro-cortante, tais como: agulhas, lâminas debisturi, brocas, pontas diamantadas, limasendodônticas, devem ser feitas em recipienterígido, estanque, vedado e identificado pelasimbologia de “substância infectante”(BRASIL. Ministério do Meio Ambiente3,1993).

Os estabelecimentos de assistência odon-tológica deverão estar cadastrados junto aosserviços de coleta diferenciada para Servi-ços de Saúde, quando o município ofereceresse tipo de serviço. No seu interior, os re-síduos deverão ser mantidos em recipientecom tampa, acionada por pedal, separadosem lixo comum e lixo contaminado (NO-GUEIRA19, 1983; GUIMARÃES Jr.11,1992; LORENZI 16, 1997).

O local para guarda dos resíduos conta-minados deve ser eleito, de modo a não pro-piciar possíveis contaminações (BRASIL.Ministério do Meio Ambiente3, 1993).

Os restos mercuriais deverão ser manti-dos em recipiente rígido, vedado por tamparosqueável, contendo água no seu interior(LEVY12, 1995; MARCHI e PIANA18,1995; GLINA et al.9, 1997; SHAPIRO etal.25, 1982), para que, futuramente, nãoapresentem problemas neuro-físicos e psico-lógicos aos profissionais que manuseiam osresíduos mercuriais. Os mesmos devem serenviados para usinas de reciclagem, vistoque sua destinação final comum pode causarcontaminações no meio ambiente (NO-GUEIRA19, 1983; MANDEL17, 1993;BRASIL. Ministério do Meio Ambiente3,1993; LIMA e ITO14, 1995).

CONCLUSÃO

Este manual destina-se a todos profissio-nais da área de Saúde interessados em obterinformações imediatas quanto às etapas ne-cessárias para se abrir um consultório odon-tológico tipo I, no Estado de São Paulo.

Fez-se um apanhado de todos os procedi-mentos, desde a sua estrutura física (BRA-SIL. Ministério da Saúde4, 1994), rotinas econdições sanitárias pertinentes até a obten-ção de tal licença de funcionamento em esta-belecimentos de assistência odontológica(SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saú-de23, 1999; DAMMENHAIN et al.7, 1998;TEN26, 1999 e TEN et al.27, 2001).

Sem as instalações recomendadas destemanual, provavelmente, os profissionaisirão encontrar dificuldades em relação à Vi-gilância Sanitária da sua cidade. Deste mo-do, tentou-se transcrever de forma simples,lógica e bem prática para que possam com-preender as rotinas e adequar conforme arealidade local e que através destes procedi-mentos possam prevenir possíveis inconve-nientes durante a inspeção por órgãos sanitá-rios competentes.

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TEN, C. Y. et al. Health surveillance manual for dentists. Rev. Odontol.UNICID, v. 14, n. 1, p. 45-55, jan./abr. 2002.

ABSTRACT

The dental practice has been affected by recent health surveillancemeasures, and many professionals have had drawbacks in facing the sani-tary inspectors due to the lack of knowledge on the rules – established inthe health surveillance legislation – that concern the setup of dental of-fices. In the light of the necessity to keep professionals aware of all the cur-rent changes, and, in an attempt to bring the Health Surveillance Agency asclose as possible to dentistry, a technical manual was elaborated. The man-ual contains all steps for setting up a type I dental office – which presentsonly one dental equipment set – in the state of São Paulo, complying withlegal requirements stated in the SS Resolution no. 15/99 (SÃO PAULO,Secretaria de Estado da Saúde23, 1999).

UNITERMS: Health surveillance - Dental offices

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Recebido em 15/12/2001Aceito em 25/2/2002

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TEN, C. Y. et al. Manual de vigilância sanitária para cirurgiões-dentistas. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1,p. 45-55, jan./abr. 2002.

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O PRIMEIRO MOLAR PERMANENTE E SUA IMPORTÂNCIA

THE FIRST PERMANENT MOLAR AND ITS IMPORTANCE

Stenyo W. TAVARES*Mayury KURAMAE*Maria Beatriz de Araújo MAGNANI**Darcy Flávio NOUER***Paula Andréa de Melo VALENÇA****

TAVARES, S. W. et al. O primeiro molar permanente e sua importância.Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 57-62, jan./abr. 2002.

RESUMO

Este artigo, através de revisão da literatura, tem o objetivo de descrevera importância do primeiro molar permanente na Ortodontia, reportando aformação, o processo eruptivo e a necessidade de se preservar ou recuperara posição do primeiro molar permanente na arcada, através de medidas te-rapêuticas.

UNITERMOS: Molar - Erupção ectópica de dente

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Rev. Odontol. UNICID

v. 14, n. 1, p. 57-62, jan./abr. 2002

*Mestrando em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual deCampinas (FOP-UNICAMP).

**Professora Doutora Assistente do Departamento de Odontologia Infantil, Área de Ortodontia daFOP-UNICAMP.

***Professor Doutor Titular do Departamento de Odontologia Infantil, Área de Ortodontia da FOP-UNICAMP.****Aluna do Curso de Especialização em Odontopediatria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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INTRODUÇÃO EREVISÃO DA LITERATURA

O sistema estomatognático é complexo,envolvendo a interação de várias estruturas,dentre elas o primeiro molar permanente. Asua importância pode ser demonstrada atra-vés de várias considerações, principalmenteas relacionadas ao desenvolvimento das ma-loclusões e disfunções na articulação tempo-romandibular, desequilibrando o sistemamastigatório.

A história do primeiro molar permanentecomeça na vida intra-uterina, aproximada-mente aos quatro meses, onde ocorre o fenô-meno de proliferação distal da lâmina dentá-ria originando-o, distalmente ao segundomolar decíduo. No nascimento da criança,inicia-se a mineralização, ocorrendo a calci-ficação da coroa apenas no terceiro ano devida. Na fase de sua formação, o germe doprimeiro molar permanente superior apre-senta inclinações em sua posição, nos senti-dos distal e vestibular e o primeiro molarpermanente inferior com inclinações nossentidos mesial e lingual, sempre que rela-cionados ao eixo vertical dos dentes. Em re-lação à sua localização, o primeiro molarinferior permanente está praticamente najunção do corpo com o ramo ascendente damandíbula. Enquanto que o superior se loca-liza na tuberosidade maxilar (ISSAO6, 1994;TUBEL et al.10, 1999).

Com o desenvolvimento da criança, noramo vertical da mandíbula, ocorre uma reab-sorção óssea na porção anterior e aposição naposterior. Este processo de aposição e reab-sorção óssea faz com que o primeiro molarpermanente inferior, aos poucos, se situenuma posição dentro do ramo horizontal damandíbula, com uma inclinação axial mesial.

Na erupção dos molares, que ocorre porvolta dos seis anos de idade, o molar supe-rior descreve um movimento de cima para

baixo, e o longo eixo que inicialmente seapresentava voltado em sentido distal, aospoucos se modifica até que os superiores einferiores entram em oclusão, verificandouma inclinação mesial do superior. Já o infe-rior erupciona de baixo para cima, seguindoa direção do longo eixo (ARAÚJO2, 1988,ISSAO6, 1994, LINO7, 1994, MOYERS8,1991, TUBEL10, 1999).

A época de erupção do molar permanentecoincide com um período ou surto de cresci-mento juvenil, e sua presença na cavidadebucal sinaliza a transformação da dentaduradecídua em mista.

ANGLE1 (1907) postulou que os primei-ros molares superiores, estando posicionadosem uma porção estável da base craniana, de-veriam ser os elementos-chave a partir dosquais poderiam ser classificadas as malo-clusões. Defendia que os primeiros molaressuperiores e inferiores deveriam propiciaruma oclusão tal que a cúspide mésio-vestibu-lar do primeiro molar superior ocluísse nosulco vestibular do primeiro molar inferior.Baseados, então, na relação oclusal que osprimeiros molares inferiores mantêm com osprimeiros molares superiores, pode-se identi-ficar, também três tipos de maloclusão:

· Classe I - maloclusões em que a cúspidemésio-vestibular do primeiro molar supe-rior oclui no sulco vestibular do primeiromolar inferior.

· Classe II - maloclusões em que o primeiromolar inferior ocupa uma posição distalem relação ao primeiro molar superior.

· Classe III - maloclusões em que o primeiromolar inferior ocupa uma posição mesialem relação ao primeiro molar superior.

O fato de muitas oclusões apresentaremuma relação de primeiro molar perfeita, não

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impede de se encontrar imperfeições nas ou-tras relações de oclusão.

Para CARPENTER5 (1930) o primeiromolar não é somente o dente chave de oclu-são, para o diagnóstico de uma oclusão nor-mal ou anormal, e sim, é, o “ponto funda-mental da oclusão”. E diz ainda, que semeste dente não poderá ocorrer uma oclusãonormal, e que, uma simples perda de cúspi-de, ou ponto de contato, determinam péssi-ma oclusão.

A relação de oclusão dos primeiros mola-res permanentes pode não ser a mesma quan-do analisada numa criança com dentiçãomista, comparada com a oclusão dos mes-mos na dentição permanente.

Quanto ao desenvolvimento da oclusãodos primeiros molares permanentes, BAU-ME3 (1950) descreve situações de oclusãodos primeiros molares permanentes diferen-tes, em relação ao posicionamento dossegundos molares decíduos, pois as facesdistais e suas raízes desses elementos tempo-rários atuarão como guias de erupção para osprimeiros molares. Quando as faces distaisdos segundos molares decíduos em oclusãoformarem um plano vertical, a oclusão dosprimeiros molares permanentes vai ocorrernuma relação de cúspide a cúspide, no senti-do ântero-posterior. Quando a face distal dosegundo molar decíduo inferior estiver maispara a mesial que a face distal do segundomolar decíduo superior, formará um degraumesial, conseqüentemente a relação do mo-lar permanente será em oclusão normal dire-tamente. Quando a face distal do segundomolar decíduo inferior estiver mais para adistal que a face distal do segundo molar su-perior decíduo, formará um degrau distal,orientando a oclusão do primeiro molar auma oclusão distal. No estabelecimento daoclusão dos primeiros molares permanentes,os dois primeiros casos (plano terminal retoe degrau mesial) terão prognósticos favorá-

veis. Porém, no caso de degrau distal, o pri-meiro molar permanente se posicionará emuma relação de Classe II.

Segundo BAUME3 (1950) 76% das rela-ções das faces distais dos segundos molaresdecíduos se apresentam em plano terminalreto, 14% em degrau mesial e 10% em de-grau distal. Porém Arya, Savara e Thomasapud MUNDSTOCK9 (1998) em um estudolongitudinal do limite distal da dentição de-cídua, concluíram que 49%, ou seja, quasemetade dos casos, das faces distais se apre-sentam em degrau mesial, 37% eram coinci-dentes e em 14% dos casos, a face distal seapresentava com degrau distal.

Existem grandes modificações na oclu-são, devido as diferenças no comprimentomésio-distal entre os molares decíduos epré-molares. Onde a soma do canino, pri-meiro molar decíduo e segundo molar decí-duo é maior que a soma dos caninos, primei-ro e segundo pré-molares, correspondendona arcada superior uma diferença de 0,9 mmpara cada lado e na arcada inferior 1,7 mmpor hemi-arcada, como média, perfazendoum total de 1,8 mm na arcada superior e 3,4mm para arcada inferior, esta sobra de espa-ço é denominada de espaço livre de Nanceou “Leeway space”. Esta sobra irá determi-nar uma mesialização dos primeiros molarespermanentes, sendo mais evidente na arcadainferior. Com isso, um plano terminal reto nolimite distal da dentição decídua poderá serfavorecida, dirigindo a erupção dos molarespermanentes de topo-a-topo para uma oclu-são normal (ARAÚJO2, 1988, ISSAO6,1994, MOYERS8, 1991).

ISSAO6 (1994) descreveu que quandoocorrem espaços primatas, que são aquelesdiastemas situados entre os incisivos e cani-nos decíduos superiores, e entre os caninos eprimeiros molares decíduos inferiores, e se oprimeiro molar permanente superior irrom-per antes do inferior, pode ocorrer o fecha-

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mento do espaço primata superior e comisso, originar-se um degrau distal, com umaconseqüente relação de Classe II entre osmolares permanentes. Outra hipótese que setem para o desenvolvimento da oclusão dosprimeiros molares permanentes, é a ocorrên-cia de um deslizamento da mandíbula parafrente. Aquela relação distal em plano reto,poderá mudar para a relação mesial, permi-tindo desta forma a oclusão normal.

ISSAO6 (1994), ainda afirmou que exis-tem três fatores que influem na transforma-ção da dentição decídua para a permanente, eque estão relacionados com os primeirosmolares permanentes, que são:

· Determinação vertical - com a erupção dosprimeiros molares decíduos, ocorre a pri-meira levantada da mordida, isto é, o pri-meiro sentido de dimensão vertical e com aerupção dos segundos molares decíduos, éestabelecida a dimensão vertical da denti-ção decídua. O aumento de altura continuaentre o período de erupção dos segundosmolares decíduos e a do primeiro molarpermanente. Se antes da oclusão dos pri-meiros molares permanentes existir perdada altura gengivo-oclusal dos molares de-cíduos, a erupção do molar permanentenão será capaz de restabelecer a perda dedimensão vertical existente, havendo as-sim uma infra-oclusão destes dentes. Istopode determinar, alterações nas articula-ções e problemas de maloclusão.

É importante lembrar que, em procedi-mentos ortodônticos preventivos, utilizandorecursos de aparelhos removíveis, a coloca-ção de grampos com apoio oclusal em pri-meiro molar permanente é contra-indicado,pois poderá causar a retenção do mesmo,tendo como conseqüência a perda de alturavertical.

· Largura do arco - os primeiros molares in-feriores devem irromper antes dos mola-

res superiores. A inversão nesta ordem,poderá causar mordida cruzada destes ele-mentos. É importante que se promova acorreção da posição desses dentes bastan-te cedo para que o travamento causadopela mordida cruzada, não cause modifi-cações na largura do arco, implicando noagravamento da maloclusão.

Quando a mordida cruzada afeta apenasos primeiros e/ou segundos molares, pode-seadotar o uso de elásticos intermaxilares, comapoio nos molares superiores (face palatina)e nos molares inferiores (face vestibular)(ARAÚJO2,1988).

· Preservação do comprimento arco - o ân-gulo de inclinação axial anormal dos pri-meiros molares permanentes, pode ter co-mo causa: cáries interproximais, perdasprecoces dos molares decíduos ou erupçãoectópica do primeiro molar permanente.Esta mesialização ocorrida, pode ter comoseqüelas: quebrar a chave de oclusão, re-tenções de dentes permanentes (segundopré-molar) e perda de dimensão vertical.

Em determinados casos, o primeiro mo-lar permanente, pode ter a via de erupçãoanormal, pela má posição do germe dentário,ocorrendo assim a impactação do molar per-manente. O dente impossibilitado de erup-cionar normalmente, fica muitas vezes desa-percebido, pois provoca rizólise rápida dodente decíduo e conseqüente esfoliação, cre-ditando-se o fato a uma perda precoce domolar decíduo. Com a perda do decíduo, omolar erupciona mesializado e ocupa o espa-ço reservado para o segundo pré-molar, ondeposteriormente causará apinhamento dentá-rio ou retenção do elemento.

Para avaliar o grau de extensão da impac-tação do primeiro molar, deverão ser realiza-dos exames radiográficos. Dependendo dograu de impactação, deve-se intervir reali-zando movimentação no sentido de afastar o

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dente desta posição, colocando-se fio de la-tão para separação, envolta do ponto de con-tato com ativação periódica, ou elásticos deseparação, livrando-o da impactação.

Outro meio existente, desde que existasuperfície dentária, são os aparelhos removí-veis ou fixos. Há casos em que o grau de re-absorção do molar decíduo é acentuado, por-tanto pode ser realizado a sua remoção econseqüentemente haverá erupção do pri-meiro molar permanente para mesial. Hácontudo a necessidade de recuperação desteespaço invadido.

Para tal manobra, pode-se utilizar umaparelho removível composto de resina acrí-lica adaptada a mucosa e retido aos demaisdentes por grampos. No espaço do segundomolar decíduo, uma pequena mola digital éacoplada ao aparelho, com intenção de verti-calizá-lo. Este movimento para distal, levaráum período aproximadamente de três a qua-tro meses se o paciente cooperar. A moladeve ser distendida 2 mm para conseguir ummovimento de 1 mm ao mês.

Quando existe a necessidade de verticali-zação dos dois lados da arcada, deve-se optarpelo “lip bumber” na arcada inferior. O “lipbumber” é fixado nos primeiros molares per-manentes e sua ação promove o reposiciona-mento do molar através da ação do lábio in-ferior.

BERGERSEN4 (1972), estudou cefalo-metricamente 116 indivíduos, nos quaisadaptou a placa lábio-ativa com intuito deobservar sua efetividade na prevenção deperda de ancoragem. Verificou que houveum aumento do arco em 1 mm após três me-ses do uso do “bumber” em tempo integral.

Para arcada superior o aparelho de esco-lha é o aparelho extrabucal, pois a força é di-recionada aos molares especificamente. Esteaparelho deverá ser colocado de preferênciaantes da erupção dos segundos molares, por-que a correção se torna mais fácil sem a pre-sença deles.

A aplicação da força é no sentido ânte-ro-posterior, em direção coincidente ao pla-no oclusal. Dependendo da direção da traçãoposterior, poderá ocorrer a extrusão dos pri-meiros molares, fato indesejável, principal-mente quando se trata de pacientes com ten-dência a crescimento vertical.

CONCLUSÕES

1. É importante ressaltar que o primeiro mo-lar permanente ocupa posição funda-mental para todo equilíbrio do sistemaestomatognático. Desta forma, os profis-sionais de qualquer área deverão se cons-cientizar de seu grande valor na preven-ção de maloclusões.

2. Os primeiros molares permanentes du-rante o ato eruptivo são guiados pela facedistal dos segundos molares decíduos,podendo entrar em oclusão com o antago-nista, numa posição de plano terminalreto, degrau distal ou degrau mesial.

3. Os primeiros molares permanentes são oselementos-chave a partir dos quais po-dem ser classificadas as maloclusões deAngle.

4. Se existir impactação do molar perma-nente, ou seja erupção ectópica, deve-seintervir realizando movimentação no sen-tido de afastar o dente desta posição.

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TAVARES, S. W. et al. The first permanent molar and its importance.Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 57-62, jan./abr. 2002.

ABSTRACT

This paper aims at describing the importance of the first permanent mo-lar in orthodontics, by means of a literature review. The authors describeits formation and eruptive process, pointing out the need for preservingand recovering the position of the first permanent molar within the dentalarch, by means of therapeutic measures.

UNITERMS: Molar - Tooth eruption, ectopic

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Recebido em 9/12/2001Aceito em 4/3/2002

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ATENÇÃO ODONTOLÓGICA AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS ANTES,DURANTE E DEPOIS DO TRATAMENTO ANTINEOPLÁSICO

ORAL HEALTH CARE FOR ONCOLOGIC PATIENTS BEFORE, DURING

AND AFTER ANTINEOPLASTIC TREATMENT

Roberta Francisca MARTINS DE CASTRO*Mariela Siqueira Gião DEZOTTI**Luciana Reis de AZEVEDO**Aline Guerra AQUILANTE*Claudio Roberto Gaião XAVIER***

MARTINS DE CASTRO, R. F. et al. Atenção odontológica aos pacientesoncológicos antes, durante e depois do tratamento antineoplásico. Rev.Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 63-74, jan./abr. 2002.

RESUMO

As técnicas atuais de diagnóstico e tratamento de câncer vêm aumen-tando a sobrevida à doença. Entretanto, o câncer e as terapias usadas emsua remissão têm efeitos colaterais e podem deixar seqüelas no paciente.Mucosite, hipossalivação, perda do paladar, perda de apetite, doença pe-riodontal, cárie rampante e osteorradionecrose são exemplos de proble-mas causados pela quimio- e radioterapia que podem facilmente serevitados pelo cirurgião-dentista. Alguns procedimentos odontológicos bá-sicos, passíveis de serem implantados em todas as fases do tratamento, po-dem evitar essas manifestações e garantir maior qualidade de vida a essepaciente já debilitado. O objetivo deste trabalho é propor um programaeducativo e preventivo aos pacientes oncológicos com base em revisão deliteratura, analisando criticamente a situação atual e propondo atitudessimples e de baixo custo. Afinal, é função dos profissionais da Saúde pro-mover a educação bucal desses pacientes para que eles tenham não somen-te maior expectativa de vida, mas também qualidade de vida.

UNITERMOS: Quimioterapia, efeitos adversos - Radioterapia, efei-tos adversos - Odontologia preventiva

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Rev. Odontol. UNICID

v. 14, n. 1, p. 63-74, jan./abr. 2002

*Especialista em Odontologia em Saúde Coletiva pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD) -Regional Bauru.

**Doutoranda em Estomatologia do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru daUniversidade de São Paulo (FOB-USP).

***Mestrando em Estomatologia do Departamento de Estomatologia da FOB-USP.

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INTRODUÇÃO

Com o avanço da Medicina, ocorreu umgrande aumento na expectativa de vida da po-pulação em geral3,35. Avanços tecnológicos ecientíficos no campo da Saúde trouxeramconsigo uma menor incidência de doenças in-fecciosas e maior controle eficaz das mesmas.Por outro lado, as doenças degenerativas têmse tornado mais freqüentes graças ao envelhe-cimento da população e à maior exposição afatores ambientais de risco, como poluição eradiação solar. As doenças degenerativas têmtido grande enfoque na atualidade, principal-mente no que diz respeito ao estudo de méto-dos efetivos de cura e à possibilidade de seproporcionar condições dignas de vida aos in-divíduos portadores desse tipo de doença, au-mentando a expectativa de vida e, principal-mente, a qualidade de vida6,35.

Dentre as doenças degenerativas que as-solam a população estão os diversos tipos deneoplasias e formações tumorais, coloquial-mente chamadas de câncer. O tipo de trata-mento e o prognóstico variam de acordo comcada caso.

Além do comprometimento psicológico dopaciente, principalmente no que diz respeito àauto-estima, os comprometimentos físicos de-correntes das terapias antineoplásicas são mui-tos. Especificamente nos casos em que o pa-ciente recebe radiação na região de cabeça epescoço, pode-se citar, junto com CAIELLI etal.8 (1995), algumas seqüelas que ocorrem emnível bucal, como mucosite, hipossalivação,edema em tecidos moles, trismo muscular,perda de sensação gustativa, “cárie de radia-ção”, disfagia, e osteorradionecrose8,36,38,42.Além disso, mais de 40% dos pacientes sobquimioterapia experimentam complicaçõesbucais agudas ou crônicas (TEREZHALMYet al.44, 1996). As principais seqüelas bucaisrelacionadas à quimioterapia são: mucosite,infecções por bactérias, fungos ou vírus, he-morragias, hipossalivação, complicações neu-rológicas e nutricionais9,17,47.

Tratamentos paliativos à instalação des-tas seqüelas e motivação do paciente quantoà manutenção de sua higiene bucal dimi-nuem sensivelmente estes efeitos8,35,39,45.

O objetivo do presente trabalho é enfatizar,perante revisão de literatura, a importância daOdontologia no tratamento do paciente onco-lógico quanto à prevenção e ao tratamento dasseqüelas bucais decorrentes das terapias utili-zadas contra os processos neoplásicos.

CÂNCER

A palavra “câncer” é uma designação ge-nérica de qualquer tumor maligno ou neopla-sia maligna15. Segundo COTRAN et al.15

(2000), a neoplasia é uma massa anormal detecido cujo crescimento não está coordenadocom o crescimento do tecido normal. Cadaneoplasia é formada por dois componentesbásicos: o parênquima, ou células neoplási-cas proliferantes e o estroma de suporte,constituído de tecido conjuntivo e vasos san-güíneos, diretamente responsáveis pela nu-trição e arquitetura do tumor. A nomenclatu-ra da neoplasia depende do tipo de célulasparenquimatosas que a originou e a sua ma-lignidade é dada basicamente pelo grau dediferenciação dessas células. O estadiamen-to do câncer está relacionado ao tamanho dalesão primária, na extensão de sua dissemi-nação para linfonodos regionais e na presen-ça ou não de metástases.

As neoplasias apresentam vários fatoresque induzem e/ou agravam o seu desenvolvi-mento, como predisposição genética do indi-víduo, exposição freqüente à luz ultravioleta eoutras fontes de radiação, exposição à polui-ção atmosférica, fatores hormonais25, infec-ções por determinados vírus (como o papilo-ma vírus humano - HPV41), carência nutritivade alguns elementos (ferro, zinco, vitaminasA e C, entre outros), tabagismo e consumo deálcool, especialmente se associados6,23.

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MARTINS DE CASTRO, R. F. et al. Atenção odontológica aos pacientes oncológicos antes, durante e depois dotratamento antineoplásico. Rev. Odontol. UNICID, v. 14, n. 1, p. 63-74, jan./abr. 2002.

Page 63: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

O câncer pode provocar desnutrição e al-terações metabólicas, complicações hemato-lógicas e disfunção renal. Pode haver disfun-ção do sistema nervoso central e, porconseqüência, destruição de órgãos vitais, le-vando ao coma hepático, encefalopatia pul-monar, uremia e hipercalcemia, conformealertaram TEREZHALMY et al.44, em 1996.

TIPOS DE TRATAMENTO

O câncer deve ser tratado assim que diag-nosticado, ainda que se manifeste por umalesão aparentemente pequena. Os métodostradicionais de tratamento utilizados são: ci-rurgia, radioterapia, quimioterapia. Novosmétodos vêm sendo aplicados, como é otransplante de medula óssea, a imunoterapiae a hormonoterapia4,5,35,38.

A escolha do método de tratamento paraas neoplasias malignas depende, de ummodo geral, da sua localização, do seu graumicroscópico de diferenciação, do seu esta-diamento clínico e das condições físicas dopaciente. Em se tratando de câncer de boca,para LOPES et al.27, em 1998, a cirurgiapara remoção do tumor é o tratamento de es-colha, associada ou não à radioterapia, de-pendendo do tumor. Nesse caso, a quimiote-rapia é usada apenas de forma paliativa, emtumores mais avançados ou disseminados.

A cirurgia para o tratamento de câncerconsiste na exérese do tumor e do territóriolinfático envolvido38. Como ela é praticadacom uma certa zona de segurança, pode serbastante mutilante. A excisão cirúrgica podeefetivamente curar muitos pacientes comcâncer, principalmente no que diz respeito atumores sólidos ou circunscritos, mas elanão é efetiva no caso de metástase ou tumo-res disseminados15,44. Atualmente, há di-versos recursos para reabilitar o doente apósas cirurgias extensas, como as cirurgias re-construtivas que são feitas para devolver afala, mastigação e estética do paciente quesofreu exérese de câncer de boca.

As drogas geralmente usadas para o trata-mento de neoplasias malignas estão nos gru-pos de antimetabólitos, agentes alcalóides,antibióticos, hormônios esteróides e outros,sendo que metotrexato, fluorouracil, vincris-tina, bleomicina e cisplatina são alguns exem-plos das drogas mais usadas24,44. Elas provo-cam a destruição das células neoplásicas ousuprimem o seu crescimento, interferindocom o seu ciclo reprodutivo (MAGUIRE eWELBURY29, 1996). Cada droga tem ativi-dade antineoplásica quando usada separada-mente, mas normalmente se usa uma combi-nação simultânea ou seqüencial das mesmaspara aumentar o espectro de sua atividade an-titumoral. Elas agem sobre os tecidos comalto nível de renovação celular e têm uma cer-ta seletividade sobre as células neoplásicas,mas ainda não estão disponíveis drogas queconsigam diferenciar completamente as célu-las tumorais de células sadias, principalmentedaquelas com alta capacidade de divisão celu-lar (FAYLE et al.19, 1992). A quimioterapiapode curar o paciente em longo prazo em al-guns tipos de tumor; em outros ela pode serusada para complementar a radioterapia ouainda para diminuir o tamanho da lesão antesda cirurgia. Ela é a terapia de escolha paraleucemia em crianças e para os diversos ou-tros tipos de câncer de sangue (O’SULLI-VAN et al.34, 1993).

A radioterapia age por ionização dos teci-dos que, somada a outros efeitos, como excita-ção e formação de radicais livres, causa mu-danças químicas nos componentes celulares.O dano tecidual está relacionado à dose de ra-diação absorvida e à fase da divisão em que seencontram suas células no momento em quereceberam a radiação, sendo que as estruturasintranucleares e os tecidos com maior capaci-dade de renovação celular são os mais afetados(WHITMYER et al.47, 1997). Cada agressãoprovoca a perda gradual e cumulativa da capa-cidade proliferativa da célula (MEDINA eGONZÁLEZ DE P.32, 1997). Assim, para seevitar a repopulação e o reagrupamento de cé-

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lulas neoplásicas, as radiações são fracionadasem intervalos de aplicação. A radioterapiatambém pode ser usada com diferentes finali-dades, sendo elas curativa, remissiva e sinto-mática (controle da dor em metástases ósseas)(CAIELLI et al.8, 1995). A unidade padrão dedose absorvida é o Gy (gray), definido como1 J/kg (Joule por quilograma) (ROTH-WELL39, 1987). É o tratamento de escolhapara linfomas, tumores cerebrais e tumoresdos tecidos duros (FAYLE et al.19, 1992).

O transplante de medula óssea vem sendousado para leucemia, linfoma, mieloma múl-tiplo, neuroblastoma, alguns tumores sóli-dos e várias formas de anemia35. Antes deser feito o transplante, o paciente passa porquimioterapia e por radioterapia de corpotodo (150 a 1.500 cGy) com o objetivo deeliminar as células malignas antes de fazer otransplante. Após esse procedimento, o pa-ciente fica isolado por 30 a 60 dias ou até queo seu sistema imune esteja estabilizado, di-minuindo, assim, o risco de infecções opor-tunistas, que podem ser letais ao paciente.

Imunoterapia é o tratamento que promo-ve a estimulação do sistema imunológicoatravés do uso de substâncias modificadorasda resposta biológica. Age aumentando a re-sistência ao crescimento tumoral ou propor-cionando maior capacidade imunológica aopaciente. Apesar de ser ainda um método ex-perimental, vem sendo usada com certo su-cesso no tratamento de melanoma, mieloma,câncer de pulmão, sarcoma de Kaposi empacientes HIV positivo e outros5.

A hormonoterapia está sendo amplamen-te utilizada em tumores hormonossensíveis,como câncer de útero, de próstata, de mamae os tumores tireoideanos4. Essa terapiapode ser empregada isoladamente ou de for-ma combinada com outras terapias e com fi-nalidade curativa ou paliativa, através da re-tirada ou supressão da glândula produtora dohormônio e/ou adição dos hormônios circu-lantes4. A ação terapêutica acompanha efei-

tos colaterais indesejáveis que variam deacordo com a terapia.

EFEITOS COLATERAIS

Os efeitos colaterais da terapia antineo-plásica variam desde leve desconforto e in-disposição ao desenvolvimento de novas ediferentes neoplasias. Neste trabalho estãoressaltadas apenas as reações de interesse àOdontologia.

A reação mais comum e precoce decor-rente do tratamento contra o câncer é a mu-cosite17,36. Como já foi mencionado, essasterapias têm grande efeito colateral sobre te-cidos de rápida renovação celular, como otecido epitelial. Ocorre então uma certa ini-bição da renovação celular do epitélio damucosa, por morte de suas células superfi-ciais e inibição de mitoses nas células da ca-mada basal8,39. No início, o paciente se quei-xa de ardência, calor, inchaço, dor ao sealimentar e, com o agravamento, dor ininter-rupta8,19,44. Segundo EPSTEIN e SCHU-BERT17 (1999), a dor associada à mucositedepende do grau de dano tecidual, sensibili-dade dos receptores nervosos e produção demediadores de inflamação e dor35. A severi-dade da mucosite varia de acordo com a dosede radiação recebida, com a dose e o tipo dasdrogas quimioterápicas, com o estado geraldo paciente e com o uso de irritantes locaiscomo álcool, tabaco, alimentos condimenta-dos e outros18,20,24,35,36,38. Clinicamente, amucosite inicia-se como uma hiperemia e amucosa pode se encontrar edemaciada. Emseguida, pode ocorrer atrofia do tecido, des-camação úmida, formação de eritemas, hi-perqueratinização, ulceração e até necroseda mucosa8,19,24,36,37,44.

Nos pacientes que recebem somente qui-mioterapia, a ulceração da mucosa pode sero primeiro sinal de “overdose” de metotrexa-to. Como isso pode ser letal, qualquer modi-ficação na mucosa deve ser cautelosamenteanalisada e comunicada ao oncologista

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(FELDER et al.20, 1988). Além disso, comoas células de defesa também são atingidaspela tratamento antineoplásico, especial-mente nos pacientes que receberão trans-plante de medula óssea, pode ocorrer forma-ção de petéquias, bolhas ou equimoses namucosa bucal. Na submucosa podem ocorrerhemorragias ou perda parcial da vasculariza-ção local, o que leva à fibrose12,19,24,38. Asáreas não queratinizadas, como mucosa ju-gal, mucosa dos lábios, superfície ventrola-teral da língua e assoalho da boca, são asmais atingidas17,44.

Alguns autores admitem que a mucositeseja mais acentuada em pacientes que nãoapresentam uma boa higiene bucal17,39. Nes-ses casos, a ação de vírus, fungos e bactériasoportunistas (geralmente gram-negativas)agravam ainda mais a situação. E, como o pa-ciente não consegue higienizar corretamentea boca devido à dor intensa, forma-se um ci-clo vicioso muito difícil de ser quebrado17,44.

O prazo para manifestação de mucosite écontroverso. Na quimioterapia, sua manifes-tação pode se dar logo nas primeiras 24 ho-ras ou dentro de 3 a 10 dias de tratamentoquimioterápico17,24,44. Na radioterapia osprimeiros sintomas da mucosite podem seapresentar com dose de radiação recebidaequivalente a 1.000 cGy, o que geralmenteacontece na primeira semana de tratamen-to8,35. A mucosa tende a voltar ao normal,geralmente dentro de 1 a 4 semanas depoisdo tratamento8,19,24,38,39.

Outra manifestação bucal freqüente após aradioterapia, e, às vezes, após a quimioterapiaé a hipossalivação1,8,9,18,19,20,24,35,36,39,40.Raramente ocorre a ausência completa do flu-xo salivar1,12,35. Há modificação na quantida-de e na qualidade de saliva produzida; o fluxosalivar fica bastante reduzido e a saliva ficamais viscosa, escurecida e espumante, maisácida, com menos íons e menos componen-tes orgânicos, incluindo as imunoglobuli-nas8,9,36,38,39. Microscopicamente, há dege-

neração dos ácinos, degeneração gordurosa enecrose das células das glândulas salivares,tanto pela ação direta da radiação como peladiminuição de vascularização local8. Entre-tanto, não se pode deixar de considerar fatorescomo estresse, depressão, desidratação e mánutrição como agravantes da hipossalivaçãonos pacientes em tratamento contra o cân-cer18,20.

As glândulas afetadas pela radiação seapresentam intumescidas, edemaciadas e do-loridas38. Além disso, o paciente relata umgrande desconforto causado pela sensação deboca seca20. Isso ocorre por volta da segundaou terceira semana de radioterapia, com dosesaproximadas de 2.000 a 2.500 cGy8,39. Naquimioterapia seu início depende do agenteusado44. Normalmente, a hipossalivação sereverte quando o agente agressor é removido,mas doses de radiação entre 5.000 cGy e7.000 cGy ou superiores podem causar danosirreparáveis às glândulas salivares8,12,35.

A hipossalivação agrava muito a mucositejá instalada e predispõe o paciente a sofrer in-fecções oportunistas tanto pela falta de lubri-ficação, que facilita a instalação de fungos dogênero Candida, como pela falta de amilase eimunoglobulina A, que o deixa mais suscetí-vel a bactérias oportunistas21,26,34,35,38.Além disso, durante o tratamento, o pacientetende a optar por uma dieta mais doce, porqueperde parte de sua sensação de gosto, e ma-cia, pois não consegue mastigar nem deglutircom a mucosa inflamada e sem a ajuda dasaliva, o que é altamente cariogênico (ROTH-WELL39, 1987). Quando se associa essa mu-dança na dieta com a perda da capacidadetampão da saliva e com a dificuldade de hi-gienização, provocada pela dor na boca,tem-se um ambiente ideal para o desenvolvi-mento de cárie, mesmo em superfícies lisasou pontas de cúspides8,9,19,24,38,39. Algunsautores ressaltam que a radiação pode, de cer-ta forma, alterar o esmalte dentário4,38.Embora isso realmente aconteça em crianças,quando os dentes estão em fase de formação

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no momento da radioterapia e da quimiotera-pia2,9,19,21,29, em adultos esse fato permane-ce controverso, mas a tendência atual é de nãose considerar alterações em esmalte de dentesde adultos19,24,39.

Como foi mencionado, o paciente sobtratamento antineoplásico tende a perderparte do paladar pela associação entre muco-site, hipossalivação e ação tóxica direta so-bre as papilas gustativas8,38,39. Doses de 200a 240 cGy reduzem em 50% a percepção desabores amargos e ácidos8,39. SegundoJOYSTON-BECHAL24 (1992), a maioriados pacientes reclama que os alimentos pa-recem salgados, talvez por isso o pacientefaça então opção por uma dieta mais doce. Adose equivalente a 3.000 cGy de radiaçãoprovoca perda quase total do paladar, geral-mente transitória, com restituição do sentidoentre 1 a 4 meses após o tratamento8,24,38,39.

A situação bucal do paciente (mucosa sembarreira protetora, hipossalivação, má quali-dade da saliva presente e higiene deficiente)associada a sua condição sistêmica (trombo-citopenia, neutropenia, imunodeficiência, de-pressão, má nutrição e eventual desidratação)é a condição ideal para instalação de infec-ções oportunistas9,19,21,24,26,34,35,38,39,44.CARL9 em 1993 afirmou que 50% dos casosde septicemia nos pacientes em tratamen-to antineoplásico são aparentemente decor-rentes de patologias bucais e o estudo deO’SULLIVAN et al.34 (1993) encontrou queas bactérias isoladas na boca de crianças sobquimioterapia são similares às presentes nacirculação sangüínea das crianças com septi-cemia. Por isso, o controle da microbiota bu-cal é extremamente importante. Geralmente opaciente que está sob quimioterapia recebeantibióticos de amplo espectro, antifúngico eantiviral. Há também uma forte tendência emministrar esses dois últimos ao paciente ra-dioterápico. Dessa forma, as infecções maiscomuns, como manifestações de herpes ou decandidoses são controladas. Porém, nem to-dos os oncologistas aceitam essa abordagem

de se prevenir a manifestação da doença comessas drogas. Nesse caso, deve-se observar opaciente com maior freqüência, pois o que se-ria uma infecção facilmente curável no pa-ciente saudável, como a candidose, pode serresistente ao tratamento, invasiva e letal nopaciente imunodeprimido, como o pacientesob tratamento antineoplásico19,24,35. Deveser dada atenção especial às infecções porbactérias gram-negativas, não sensíveis aosantibióticos de rotina26,34,35.

Alguns exemplares dessas bactérias opor-tunistas são encontradas no meio subgengi-val, induzindo gengivite e periodontite no pa-ciente44. Além disso, o ligamento periodontalsofre alterações com a radiação e com as dro-gas antineoplásicas, tornando-se predispo-nente a infecções. A vascularização do tecidoe a capacidade de remodelação e reparo ósseoficam reduzidas também em ambas tera-pias24,38. Pode ocorrer recessão gengival semque haja sinal de doença periodontal por açãoda radiação35. A quimioterapia ainda induzimunossupressão, diminuindo assim a capa-cidade de defesa contra esses microorganis-mos e ainda provocando sangramentos es-pontâneos, principalmente nos lábios, línguae gengiva19,24. Em quadros de trombocitope-nia e neutropenia, podem ocorrer inflamaçõesatípicas, como a hiperplasia gengival19.

Dores espontâneas e sem sinal de doençaou infecção podem ocorrer em qualquer par-te do corpo, embora sejam mais comuns naboca. Isto porque os agentes quimioterá-picos têm um certo efeito sobre as termi-nações nervosas, provocando a dor35. Po-rém, a dor pode também ser de origemdentária, especialmente no caso do pacienteleucêmico, pois pode ocorrer infiltração dadoença na polpa dentária. Mais raramente, aradiação pode provocar uma transformaçãometaplásica na polpa, causando pulpite e ne-crose8,19,35.

Muitos autores citam que o pior efeito co-lateral da radioterapia é a osteorradionecro-

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se. MARX et al.31, comprovaram em 1983,que a osteorradionecrose ocorre porque o te-cido ósseo irradiado se torna pobre em vas-cularização, oxigenação e seu número decélulas (osteoblastos e osteócitos) fica redu-zido. A mucosa e o periósteo estão fibrosa-dos e, portanto, propensos a sofrer lise teci-dual. Como o tecido irradiado tem poucacapacidade de reparo, há formação de umaferida crônica, que não cicatriza. O osso ex-posto e enfraquecido se necrosa e solta se-qüestros, caracterizando a osteorradionecro-se14,30,31,37,39,46. A maioria dos autoresconcorda que altas doses de radiação, ouseja, doses superiores a 5.000 ou 6.000 cGy,representam riscos para o desenvolvimentode osteorradionecrose, mas isso ainda é con-troverso7,8,31,42. Há fortes indícios de que adoença periodontal local predisponha a os-teorradionecrose ou agrave a lesão instaladanessa condição16,30,36,42. A incidência daosteorradionecrose também é controver-sa7,24,42, variando de 1,8% a 31,6%.

A tendência do paciente em tratamentocontra o câncer é ter suas condições bucaissempre pioradas. Assim, no começo, a muco-sa é afetada e se inflama. Esse quadro é agra-vado pela hipossalivação. Com dor na muco-sa, deficiência de saliva, dificuldade em abrira boca e perda do paladar, o paciente não con-segue e nem tem vontade de se alimentar, fi-cando cada vez mais debilitado sistemica-mente1,8,9,12,19,24,38,39,44. Quando sealimenta, faz uso de dieta semipastosa e doce,o que se soma à mudança na microbiota e auma saliva incapaz de tamponar os ácidos,proporcionando o meio ideal para o desenvol-vimento de cárie ou doença periodontal, pre-dispondo à osteorradionecrose. Por isso, noque diz respeito às seqüelas secundárias aotratamento contra o câncer, a prevenção aindaé a melhor conduta8,10,44.

MEDIDAS PREVENTIVAS

Considerando o que foi exposto acimaseria altamente indicada a presença de um

cirurgião-dentista na equipe de tratamento,instituindo um programa de atendimento aopaciente com câncer em nível hospitalar edomiciliar8,10,28.

Qualquer programa odontológico deveser voltado, principalmente, à educação e àconscientização do paciente em saúde bucal.No caso do paciente oncológico, palestrasesclarecedoras devem ser ministradas tam-bém ao pessoal de apoio, seja aos enfermei-ros ou aos familiares2,11,35,44,48. O contatocom o cirurgião-dentista deve ser feito antesde se iniciar o tratamento antineoplási-co2,10,11,19,24,27,32,35,38,44,45,48. Nessa oca-sião, deve ser feito um minucioso exame clí-nico e, de preferência, também radiográfico.O teste de fluxo salivar pode ser feito paracontrolar as alterações no decorrer do trata-mento19,24,35,44.

A parte clínica do tratamento odontológicopara o paciente oncológico deve ser o mais rá-pido possível, pois não convém adiar o trata-mento antineoplásico2,45. As lesões de cáriesão removidas, sendo que os dentes podem serrestaurados com material provisório24. Os abs-cessos devem ser tratados. Os dentes decíduosem esfoliação e os dentes muito comprometi-dos por cárie ou por doença periodontal devemser extraídos. Devem ser realizados raspageme polimento corono-radicular. As restauraçõese próteses devem ser polidas de maneira quenão fiquem superfícies rugosas na boca, quepoderiam traumatizar a mucosa inflamada. Noperíodo de mucosite mais intensa, as prótesesdevem, inclusive, ser evitadas (AYERS eCOLQUIHOUN2, 2000). Se o paciente apre-sentar algum hábito parafuncional, como bru-xismo, deve-se confeccionar placas de mordi-da para evitar a sobrecarga oclusal35,44.

Para evitar infecções oportunistas, inclu-sive candidose, o paciente deve fazer boche-chos diários com digluconato de clorexidina0,2% ou 0,1% em solução aquosa, de acordocom a tolerância do paciente24,27. Se aindaassim a Candida se instalar, o cirurgião-den-

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tista deve administrar medicação tópica ousistêmica (nistatina solução oral, anfoterici-na B, fluconazol, cetoconazol, itracona-zol)19,35. Infecções virais geralmente sãoevitadas com a administração profilática deaciclovir, recomendada pelo próprio oncolo-gista. O uso de soluções alcalinizantes comoo leite de magnésio e soluções de bicarbona-to de sódio ou substâncias lubrificantes,como o óleo de cozinha, alivia os sintomasda mucosite. Quando a manifestação formuito intensa, o uso de anestésicos tópicosem soluções viscosas permite que o pacientese alimente24,48. O uso do laser de baixa po-tência tem se mostrado eficaz no controledos sintomas da mucosite. Ele promove a li-beração de prostaglandinas, tendo assimação antiinflamatória e também promove aliberação de endorfinas, ajudando no contro-le da dor. Além disso, reduz a apoptose e me-lhora a cicatrização. Entretanto, é um apare-lho ainda pouco acessível devido ao seucusto33 de, em média, US$7.000,00.

Uma solução mais viável seria o uso de es-timuladores das glândulas salivares, como apilocarpina 2%, ou, então, de substitutos desaliva, que tendem a amenizar a mucosite eproporcionar mais conforto na mastigação edeglutição. Alguns autores indicam o uso desaliva artificial comercial, outros indicam amanipulação das mesmas. O Departamentode Bioquímica da Faculdade de Odontologiade Bauru43 indica o uso da fórmula descritana Figura 1, como substituta da saliva.

O paciente deve usar uma colher de sopaantes das refeições ou sempre que sentir ne-cessidade. É uma alternativa paliativa àque-les que não respondem ao estímulo da pilo-carpina ou que não podem usá-la por risco deinteração medicamentosa11. Além disso, ouso da fórmula diminui os custos do progra-ma.

Para evitar cárie, o paciente deve reali-zar aplicações tópicas de flúor em gel a1%, em moldeiras próprias, além de bo-

chechos diários com flúor por toda a vida,pois ele é considerado de alto risco à cá-rie2,19,24,27,32,35,48.

Nenhum tratamento invasivo deve serrealizado quando a contagem de plaquetas ecélulas brancas estiver muito baixa devido àquimioterapia. Em caso de recrudescimentode lesões nessa situação, o paciente deve serinternado e tratado com antibióticos selecio-nados de acordo com o patógeno2,35,44,45.No caso de recrudescimento de alguma lesãoou necessidade de extração dentária após oudurante a radioterapia, recomenda-se o usode oxigênio hiperbárico com o objetivo demelhorar a vascularização do tecido e sua ca-pacidade de regeneração22,35,46. Se o seuuso não for economicamente viável, opta-sepor fazer a extração sob cobertura antibióticae da maneira mais atraumática possível, comatenção especial à sutura13,40.

O paciente deve ter retornos freqüentes,independentemente do tratamento odonto-lógico executado, e os exames de retornodevem ser os mais completos possíveis, ana-lisando as seqüelas das terapias antineo-plásicas e também investigando áreas sus-

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Componente Quantidade (mg)

KCl 960,0

NaCl 674,0

MgCl2 41,0

K2HPO2 116,8

Nipagin 10,0

Nipazol 100,0

Carboximetil-celulose Na 8,0

Sorbitol a 70% 24,0

Figura 1 - Composição da saliva artificial indicada

pelo Departamento de Bioquímica da Fa-

culdade de Odontologia de Bauru43. Auto-

clavar por 20 min. em vapor fluente.

Quando esfriar, acrescentar 0,5 ml de es-

sência de hortelã. Completar para

1.000 ml com água destilada.

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peitas, pois metástases ou novos tumoresdevem ser detectados o mais precocementepossível.

CONCLUSÃO

À medida que o preconceito e o medo docâncer deixam espaço para a ciência, a ten-dência é que os pacientes acometidos por essadoença tenham não somente sua vida prolon-

gada, mas também uma vida normal, com al-guns cuidados extras. É função dos profissio-nais da Saúde ensinar o paciente a realizar oauto-exame e conscientizá-lo de que a preco-cidade do tratamento é fundamental para acura da doença. O cirurgião-dentista pode edeve tratar o paciente sob terapia antineoplá-sica, seja prevenindo ou curando as seqüelasadvindas destes tratamentos.

MARTINS DE CASTRO, R. F. et al. Oral health care for oncologic pa-tients before, during and after antineoplastic treatment. Rev. Odontol.UNICID, v. 14, n. 1, p. 63-74, jan./abr. 2002.

ABSTRACT

Current techniques for the diagnosis and treatment of malignancies in-crease the survival rates of affected individuals. However, cancer and itstreatments are responsible for secondary effects and can lead to permanentcomplications in different parts of the patient’s organism. Mucositis,xerostomia, dysgeusia, loss of appetite, periodontitis, caries and osteo-radionecrosis are some oral complications which may result from chemo-therapy and radiation therapy, and they can be easily prevented by dentists.Some basic dental procedures should be carried out during the whole treat-ment, in order to avoid oral complications. This should improve the qualityof life of these enfeebled patients. The objective of this study is to suggest apreventive and educative oral health program for cancer patients. A litera-ture review was carried out to critically analyze the current situation and tosuggest simple and inexpensive measures. Health professionals should ed-ucate these patients as to their oral health, so that they will not only havelarger life expectance, but also better quality of life.

UNITERMS: Drug therapy, adverse effects - Radiotherapy, adverseeffects - Preventive dentistry

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Recebido em 4/4/2002Aceito em 24/4/2002

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ÍNDICE DE AUTORES/AUTHOR INDEX

ALMEIDA, Oslei Paes de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

AQUILANTE, Aline Guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25, 63

AUN, Carlos Eduardo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

AZEVEDO, Luciana Reis de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

BARBERINI, Alexandre Fonseca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

BASTOS, José Roberto de Magalhães . . . . . . . . . . . . . . . . 25

CALDEIRA, Celso Luiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

DARUGE, Eduardo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

DEONIZIO, Marili Doro Andrade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

DEZOTTI, Mariela Siqueira Gião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

GAVINI, Giulio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

HIGA, Angela Matsu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

JORGE, Antonio Olavo Cardoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

KURAMAE, Mayury . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

LEAL, Rosana Barbosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

MAGNANI, Maria Beatriz de Araújo . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

MARTINS DE CASTRO, Roberta Francisca . . . . . . . . . . . . . 63

NOUER, Darcy Flávio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

PEREIRA, Antônio Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

PONTAROLO, Roberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

REGO, Marcos Augusto do . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

SALES PERES, Sílvia Helena de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . 25

SANTOS, Elisabete Brasil dos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

TAVARES, Stenyo W. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

TEN, Chen Ya . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

VALENÇA, Paula Andréa de Melo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

XAVIER, Claudio Roberto Gaião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

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Page 74: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

ÍNDICE DE ASSUNTOS

CANDIDA ALBICANS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

CANDIDÍASE BUCAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . 45

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

ERUPÇÃO ECTÓPICA DE DENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

EXTRUSÃO APICAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

HIGIENE BUCAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

MOLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

MOTIVAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

ODONTOLOGIA PREVENTIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

PROTETORES BUCAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

QUIMIOTERAPIAefeitos adversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

RADIOTERAPIAefeitos adversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

TRATAMENTO DO CANAL RADICULARmétodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

TRAUMATISMOS EM ATLETASprevenção e controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

TRAUMATISMOS FACIAISepidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

VIGILÂNCIA SANITÁRIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

XEROSTOMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

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Page 75: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

SUBJECT INDEX

APICAL EXTRUSION . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

ATHLETIC INJURIESprevention and control. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

CANDIDA ALBICANS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

CANDIDIASIS, ORAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

DENTAL OFFICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

DRUG THERAPYadverse effects . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

FACIAL INJURIESepidemiology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

HEALTH EDUCATION, DENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

HEALTH SURVEILLANCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

MOLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

MOTIVATION . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

MOUTH PROTECTORS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

ORAL HYGIENE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

PREVENTIVE DENTISTRY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

RADIOTHERAPYadverse effects . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

ROOT CANAL THERAPYmethods . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

TOOTH ERUPTION, ECTOPIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

XEROSTOMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

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Page 76: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

NORMAS EDITORIAIS

1. A Revista de Odontologia da UNICID, dirigida à clas-se odontológica, destina-se à publicação de:

• artigos científicos: pesquisa básica

• pesquisa clínica (ou aplicada)

• resumo de teses

• artigos de divulgação

• fórum clínico

• artigos de revisão e/ou atualização

• notas prévias

2. Normas gerais

2.1 Os trabalhos serão submetidos à apreciação do CorpoEditorial e serão devolvidos aos autores quando se fize-rem necessárias algumas correções ou modificações deordem temática. A Revista se reserva o direito de proce-der alterações no texto, de caráter formal, ortográfico egramatical, dos trechos que poderão exigir correções,antes de serem encaminhados à publicação. Dessasmodificações (“copidescagem”) será dada ciência aoautor.

2.2 É permitida a reprodução no todo ou em parte de artigospublicados na Revista de Odontologia da UNICID, des-de que sejam mencionados o nome do autor e a origem,na conformidade da legislação sobre Direitos Autorais.

2.3 Os trabalhos poderão ser redigidos em português, inglêsou castelhano.

2.4 Os conceitos emitidos no texto são de inteira responsa-bilidade dos autores, não refletindo, obrigatoriamente, aopinião do Corpo Editorial.

2.5 Todo trabalho deve ser assinado pelo(s) autor(es) e tam-bém trazer o endereço, telefone e e-mail do mesmo. Re-comenda-se aos autores que tenham uma cópia do textooriginal, bem como das ilustrações.

2.6 Serão fornecidas aos autores 10 (dez) separatas por tra-balho. As separatas adicionais poderão ser solicitadas,mediante preço estipulado, por ocasião da entrega dosoriginais.

2.7 A data de recebimento e aceitação do original constará,obrigatoriamente, no final do mesmo, quando da sua pu-blicação.

2.8 As tabelas (reduzindo-as a um número mínimo possívelà sua utilidade para compreensão do texto) deverão sernumeradas, consecutivamente, em algarismos arábicose encabeçadas pelo respectivo título, que deverá indicarclaramente o conteúdo. No texto, a referência será feitapelos algarismos arábicos. Os dados apresentados emtabela não deverão ser repetidos em gráficos, a não serem casos especiais. Na montagem das tabelas, seguir as“Normas de Apresentação Tabular” estabelecidas peloConselho Nacional de Estatística e publicadas pela Fun-

dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), em 1979.

2.9 As notas de rodapé serão indicadas por asteriscos, restri-gindo-se ao mínimo necessário.

3. Apresentação de originais

3.1 Os trabalhos deverão ser redigidos na ortografia oficial,apresentados em duas vias impressas (original e primei-ra cópia) com duplo entrelinhamento e margem de 3 cmde cada um dos lados. Deverão ter, no máximo, 20 lau-das, sendo permitido o máximo de 25 laudas para resu-mos de teses. Os impressos deverão vir acompanhadosde um disquete contendo o arquivo gerado em processa-dor de texto Word for Windows (Microsoft®).

3.2 A citação dos autores no corpo do texto deverá ser emletras maiúsculas. Quando se tratar de dois autores,uni-los com “e”. P. ex.: AUN e GAVINI. Quando hou-ver mais de dois autores, usar a expressão “et al.”. Ex.:AUN et al.

3.3 As ilustrações (gráficos, quadros, desenhos e fotografi-as) deverão apresentar-se em folhas separadas e nume-radas, consecutivamente, em algarismos arábicos, comsuas legendas em folhas separadas e numeração corres-pondente. No texto, deverão ser indicados os locaisaproximados das ilustrações.

3.4 Os gráficos e desenhos deverão ser impressos juntamen-te com o original; quando gerados no computador, deve-rão estar também gravados no disquete, juntamente como texto original. As fotografias deverão ser em pre-to-e-branco, dando-se preferência para o envio dos ne-gativos juntamente com a ampliação em papel. O limitede figuras não deverá exceder o total de oito por artigo.No caso de absoluta necessidade de as fotos serem colo-ridas, a despesa ficará por conta do(s) autor(es), dan-do-se preferência, nesse caso, para o envio dosnegativos ou cromos. Os gráficos, desenhos, mapas etc.serão designados no texto como “Figuras”.

3.5 Para unidades de medida e seus símbolos, deverão serusadas somente as unidades legais do Sistema Nacionalde Metrologia.

4. Os artigos deverão ser apresentados em três partesprincipais: cabeçalho, corpo (ou texto), material dereferência.

4.1 Título e subtítulo, se houver, em português e inglês.

4.2 Nome(s) do(s) autor(es) por extenso determinando a en-trada do nome em letras maiúsculas. Ex.: JoãoMOREIRA. As indicações dos títulos universitários oucargos que indiquem a sua autoridade em relação ao as-sunto do trabalho virão em notas de rodapé precedidaspor asterisco.

4.3 O resumo indicativo deverá ser redigido pelo próprioautor. Não deverá ultrapassar 250 palavras, devendo serconsultada a NBR 6028/87 da Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT) e o Guide for Preparation ofAuthor’s Abstracts for Publication, da UNESCO, 1968,para a redação dos mesmos.

81

Page 77: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

4.4 Unitermos: são palavras-chave que identificam o conte-údo do trabalho. Para a escolha dos unitermos, consultaros Descritores em Odontologia (DeOdonto)/IDL; Des-critores em Ciências da Saúde (DeCS)/BIREME e Me-dical Subject Headings (MeSH)/IM.

5. Corpo do artigo

5.1 Introdução

5.2 Revisão da Literatura

5.3 Material e Método

5.4 Resultados

5.5 Discussão

5.6 Conclusões

5.7 Agradecimentos (quando houver)

6. Corpo do fórum clínico

6.1 Introdução: breve e com citação de alguns autores queabordam a problemática.

6.2 Descrição: caso clínico ou técnico.

6.3 Discussão: uma rápida comparação do caso apresentadocom os descritos na literatura.

6.4 Conclusões: deduções lógicas baseadas e fundamenta-das no texto.

7. Material de referência

7.1 Referência bibliográfica do artigo (em português ou in-glês, conforme o idioma do texto).

7.2 Resumo: o resumo do texto deve ser escrito nos idiomasinglês e português.

7.3 Unitermos: correspondente das palavras-chave em in-glês e português.

7.4 Referências bibliográficas: consultar a NBR 6023/2000da ABNT. As referências bibliográficas devem ser orde-nadas alfabeticamente, pelo nome do autor e suas inicia-is, e numeradas em ordem seqüencial crescente. Notexto, as referências bibliográficas são citadas por meiode números-índice ou pelos nomes dos autores, em le-tras maiúsculas, seguidos dos números-índice superio-res. Normalizar as abreviaturas dos títulos dosperiódicos de acordo com as publicações “Index Medi-cus” e “Index to Dental Literature”. Se mais de dois au-tores colaborarem na publicação, todos poderão sercitados ou então pode ser usada a notação “et al.” A exa-tidão das referências é de responsabilidade dos autores.

7.5 Exemplos de referências bibliográficas

livro com um autor

OKESON, L. P. Fundamentals of occlusion andtemporomandibular disorders. Saint Louis :Mosby, 1985. 500 p.

livro com dois autores

PAIVA, L. G.; ANTONIAZZI, J. H. Endodontia:bases para a prática clínica. 2. ed. São Paulo :Artes Médicas, 1988. 886 p.

livro com mais de dois autores

a) HENDERSON, D. et al. McCraken’s remova-ble partial prosthodontics. 7. ed. SaintLouis : Mosby, 1985. 498 p.

b) HENDERSON, D.; McGIVNEY, G. P.;CASTLEBERRY, D. J. McCraken’s remo-vable partial prosthodontics. 7. ed. SaintLouis : Mosby, 1985. 498 p.

capítulo de livro

GONÇALVES, N. Técnicas radiográficas para o es-tudo da articulação têmporomandibular. In:FREITAS, A.; ROSA, J. E.; FARIA E SOUZA,I. Radiologia odontológica. 2. ed. São Paulo :Artes Médicas, 1988. p. 247-258.

tese

YAMADA, N. C. M. Ângulo de Bennett e trajetóriabordejante dos côndilos de balanceio – Estudopantográfico nos edentados totais. São Paulo,1988. 77 p. Tese (Livre-Docência) - Faculdadede Odontologia da Universidade de São Paulo.

artigos de periódico

CHANDLER, N. P.; STOCKDALE, C. R. Endo-dontic access adhesive bridges. Endod. Dent.Traumatol., v. 3, n. 4, p. 209-212, Aug. 1987.

citação de citação

HARDIE, E. M. Further studies on heat generationduring obturation techniques involving ther-mally softened gutta-percha. In: Endod. J., v. 20,n. 3, p. 122-127, Mar. 1987 apud Dent. Abstr.,v. 32, n. 9, p. 492-493, Sept. 1987.

8. Do encaminhamento dos originais

Os originais deverão ser encaminhados à:Revista de Odontologia da UNICIDComissão de Publicaçãoa/c Mary Arlete Payão Pela - BibliotecaRua Cesário Galeno, 432/448 - Tel. (011) 6941-3499CEP 03071-000 - São Paulo - BrasilE-mail: [email protected]

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Page 78: volume 14 - número 1 JANEIRO/ABRIL 2002

INSTRUCTIONS TO CONTRIBUTORS

1. The Revista de Odontologia da UNICID is published

three times a year for the “Associação de Ensino Su-

perior Paulistana” (AESP) and has as its purpose the

publication of original articles (basic and clinical re-

search), thesis summaries, review articles, case re-

ports, preprints and updating articles.

2. General rules

2.1 Manuscripts will be submitted to approval by the

editorial staff and when accepted for publication will be

subject to editorial revision.

2.2 Partial or total reproduction of articles appearing in the

Revista de Odontologia da UNICID will be permitted if

credit is given to the author and the editor (copyright

holder).

2.3 Manuscripts may be written in English, Spanish or Por-

tuguese.

2.4 Statements and opinions expressed in the articles are

those of the author(s) and not necessarily those of the

editor(s) or publisher(s).

2.5 The name, address and e-mail of the author to whom

correspondence may be sent must be included. The au-

thor is advised to retain a further copy.

2.6 Ten reprints will be supplied for each submitted manu-

script. Extra reprints can be ordered at prevailing rates

when the original manuscript is returned.

2.7 The date of receipt and acceptance will be evident at the

end of the text, when it is published.

2.8 Tables should be logically organized and numbered

consecutively, in Arabic numerals, under the respective

title, which should clearly define the contents. In the

text, reference to the tables will be made according to

their Arabic numbers. Information given in tables

should not be repeated in charts, except for specific

cases.

2.9 Footnotes, as few as possible, should be indicated with

asterisks.

3. Manuscript preparation

3.1 Manuscripts must be typewritten on one side of the pa-

per only (ISO-A4) with wide margins and double-spac-

ing. The first page should contain, in separate lines, the

title of the article, and the authors’ names and institu-

tions. An original and two copies are required. In addi-

tion to the manuscripts, a floppy disk containing a

Microsoft “Word for Windows” file must be provided.

3.2 Reference to authors’ names in the text should be made

in capital letters. Should there be two authors, use

“and”. Example: AUN and GAVINI. Should there be

more than two authors, the expression “et al.” should be

used. Example: AUN et al.

3.3 Illustrations (charts, pictures and photographs) should

be submitted on separate sheets of paper and numbered

consecutively, in Arabic numbers. Respective legends

should be provided on separate sheets under the corre-sponding numbers.

3.4 Photographs must be glossy and in black and white.When generated by computer, graphs and illustrationsmust also be provided in a floppy disk, along with theoriginal text. There should be no more than 8 illustra-tions per article, and additional costs will be paid by theauthors. Authors will also be responsible for the costs ofcolor photographs, should these be necessary. Graphs,pictures, charts, etc. will all be considered as illustra-tions.

4. The article should be divided into three main parts:

title page, text and references.

4.1 Title and running title should be given in Portuguese andEnglish.

4.2 Authors’ full names should be given, with the surnamein capital letters. Example: João MOREIRA. The high-est academic degree and institutional affiliation of eachauthor will be added at the bottom of the title page, pre-ceded by asterisks.

4.3 Abstracts are required for all articles and should includethe important points mentioned in the article. The ab-stract should not exceed the limit of 250 words accord-ing to the “Guide for Preparation of Author’s Abstractsfor Publication” from UNESCO (1968), and should betyped double-spaced on a separate page. There shouldbe no abbreviations in the abstract.

4.4 Uniterms: keywords which identify the contents of themanuscript. In order to make the correct choice ofuniterms, the “Index to Dental Literature” and/or “IndexMedicus” should be consulted.

5. Contents of the manuscript

5.1 Introduction

5.2 Literature review

5.3 Materials and Methods

5.4 Results

5.5 Discussion

5.6 Conclusions

5.7 Acknowledgments, if any

6. Contents of the case report

6.1 Introduction: concise with references to some authorswho have approached the subject.

6.2 Description of the clinical case or technique.

6.3 Discussion: a brief comparison between the presentedcase and those described in other reports.

6.4 Conclusion: based and founded on the text.

7. References

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7.1 Bibliographic references of the manuscript (in the samelanguage as the text).

7.2 Abstract: a summary of the text written in Portugueseand English.

7.3 Uniterms: definition of the keywords in Portuguese andEnglish.

7.4 Number references consecutively in alphabetic order.Identify references in the text, tables and legends with

Arabic numerals. All authors cited, and only these, must

be listed at the end of the paper. References should be in

accordance with the style used in the “Associação

Brasileira de Normas Técnicas” (ABNT) NBR

6023/2000, and the abbreviation of journals, with the

“Index Medicus” and “Index to Dental Literature”. For

journal citations, give the author’s name, article title,

abbreviated title of periodical, volume, number, com-

plete pagination and year of publication. For examples,

see “Normas Editoriais”, in Portuguese.

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