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~vou~--------------------------------- Recomendações para o plantio . '\.11\ AI·;· %:'.~ ,. de sorgo sacarino ~~-i!AííRAI'4 .; I{ ~ BIB L I o TECA c , f!> '~ ~ SETE LAGOAS ~ \o , + •~ qCic •. ~~fII •• -, '::.' de Pe utsa c\I"'~ .",' i$ "" ~~"'-'''''.lo.....,..,.,..,=.;.''' ~; •.•••. -'d ;_ ~>.,/.:;r Renato Antônio Borqonovít") Fredolino Giacomini 5.(·) Hélio Lopes dos Santost") Alexandre da Silva Ferreíraí") José Magid Waquil(·) . João Baptista da Silva(·) Ivan Cruz(·) Considerando-se os vários fatores envol- vidos na instalação de um sistema de pro- dução de bioenergia, deve-se pensar na utilização de sistemas de produção agrícola que assegurem um fluxo mais uniforme de biomassa durante o ano, possibilitando, por sua vez, uma produção igualmente estável de álcool, o produto final. Dentro deste enfoque, o sorgo sacarino desponta como uma das mais promissoras matérias-primas alternativas e complemen- tares à cana-de-açúcar. Sua utilização, além de possibilitar a ampliação do período de operação industrial dos atuais 180 a 210 dias para 240 a 270 dias, assegurando a maximização no uso dos fatores e recursos disponíveis, oferece ainda características como: • menor risco de vulnerabilidade genética no programa de produção de bioenergia, face à utilização racional de duas espécies; -,possibilidade de aproveitamento dos krãos como fonte de energia ou alimento, conciliando a produção energética com a produção de alimentos; • possibilidade de localização de sistemas bioenergéticos em regiões que não são tra- dicionalmente produtoras de cana-de- açúcar. O sorgo é uma espécie pertencente à mesma família da cana-de-açúcar, e que apresenta as seguintes características: ele- vada eficiência fotossintética; ciclo produ- tivo relativamente curto (100 a 130 dias), possibilitando um manejo mais adequado da área; condições favoráveis à mecaniza- ção; multiplicação por sementes; ampla adaptabilidade e possibilidade de aprovei- tamento do bagaço como fonte de energia para o processo de industrialização, Além disso, com a utilização de cultivares que (·)Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa de Milho, e Sorgo da EMBRAPA. 38 A Lavou ra Set./Out. 82 o sorgo tem se revelado como uma das mais promissoras matérias-primas alternativas elcomplementares à ·cana-de-açúcar na produção de /JIcool

~vou~--------------------------------- Recomendações ...ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/43233/1/Recomendac… · periodismo estão sendo desenvolvidas no CNPMS, permitindo

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~vou~---------------------------------Recomendações para o plantio

. '\.11\ AI·;· %:'.~ ,.de sorgo sacarino ~~-i!AííRAI'4 .;

I{ ~ B I B L I o T E C A c, f!>'~ ~ SETE LAGOAS ~\ o ,+ • ~

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-, '::.' de Pe utsa c\I"'~ .",' i$"" ~~"'-'''''.lo.....,..,.,..,=.;.''' ~; •.•••.-'d;_ ~>.,/.:;r

Renato Antônio Borqonovít")Fredolino Giacomini 5.(·)Hélio Lopes dos Santost")Alexandre da Silva Ferreíraí")José Magid Waquil(·) .João Baptista da Silva(·)Ivan Cruz(·)

Considerando-se os vários fatores envol-vidos na instalação de um sistema de pro-dução de bioenergia, deve-se pensar nautilizaçãode sistemas de produção agrícolaque assegurem um fluxo mais uniforme debiomassa durante o ano, possibilitando, porsua vez, uma produção igualmente estávelde álcool, o produto final.

Dentro deste enfoque, o sorgo sacarinodesponta como uma das mais promissorasmatérias-primas alternativas e complemen-tares à cana-de-açúcar. Sua utilização, alémde possibilitar a ampliação do período deoperação industrial dos atuais 180 a 210dias para 240 a 270 dias, assegurando amaximização no uso dos fatores e recursosdisponíveis, oferece ainda característicascomo:

• menor risco de vulnerabilidade genéticano programa de produção de bioenergia,face à utilização racional de duas espécies;

-,possibilidade de aproveitamento doskrãos como fonte de energia ou alimento,conciliando a produção energética com aprodução de alimentos;

• possibilidade de localização de sistemasbioenergéticos em regiões que não são tra-dicionalmente produtoras de cana-de-açúcar.

O sorgo é uma espécie pertencente àmesma família da cana-de-açúcar, e queapresenta as seguintes características: ele-vada eficiência fotossintética; ciclo produ-tivo relativamente curto (100 a 130 dias),possibilitando um manejo mais adequadoda área; condições favoráveis à mecaniza-ção; multiplicação por sementes; amplaadaptabilidade e possibilidade de aprovei-tamento do bagaço como fonte de energiapara o processo de industrialização, Alémdisso, com a utilização de cultivares que

(·)Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisade Milho, e Sorgo da EMBRAPA.

38 A Lavou ra Set./Out. 82

o sorgo tem se revelado como uma das mais promissoras matérias-primas alternativas elcomplementares à·cana-de-açúcar na produção de /JIcool

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-----------------Lavouraapresentem insensibilidade ao fotoperio- Tabeladismo, a possibilidade de aproveitamentoda rebrota aumenta consideravelmente aprodução anual de álcool por hectare.

A EMBRAPA, através do CNPMS. iniciou em1976 os trabalhos de pesquisa e estudo daviabilidade de utilização do sorgo sacarinopara produção de álcool. Os resultados ob-tidos durante cinco anos de pesquisas, con-duzidas em várias regiões brasileiras, têmconfirmado o potencial dessa cultura para aprodução de bioenergia.

CultivaresA escolha de cultivares adequadas cons-

titui um des fatores de maior importânciano cultivo do sorgo sacarino para produçãode álcool. Uma boa cultivar de sorgo sacari-no deve apresentar as seguintes caracterís-ticas:

a. Alta capacidade de rendimento decolmo (comprimento e diâmetro de mé-dio a grande);

b. Boa capacidade de desenvolver perfi-lhos uniformes (de dois a quatro);

C. Resistência ao acamamento;d. Alto teor de açúcares redutores totais

(ARTl no caldo;e. Alta porcentagem de caldo extraível;f. Resistência às principais pragas e

doenças;g. Tolerância a inseticidas.

As cultivares disponíveis mostram distin-tas diferenças nessas características e nassuas reações às condições de solo e clima,além de apresentarem sensibilidade ao fo-toperiodismo o que tem limitado o plantioaos meses de outubro, novembro e primei-ra quinzena de dezembro, e o estabeleci-mento da cultura em regiões onde o perío-do luminoso diário normal seja aproxima-damente igual a 12 horas. Entretanto, no-vas cultivares com insensibilidade ao foto-periodismo estão sendo desenvolvidas noCNPMS, permitindo ampliar consideravel-mente a época de plantio e possibilitar a ob-tenção de maior produtividade na rebrota.Dentre as cultivares experimentais que es-tão sendo avaliadas a CMSXS 616, em fase delançamento, tem apresentado rendimentode colmos e de açúcares que a colocam emposição de destaque.

Atualmente encontram-se disponíveis erecomendadas para estabelecimento de la-vouras, as cultivares caracterizadas na Ta-bela 1. A determinação do número de culti-vares a ser utilizado dependerá da área a serplantada, do cicloe do período de utilizaçãoindustrial de cada cultivar. Um arranjo entre

Dados de rendimento de massa verde total, colmos despalhados, fo-lhas e panículas, açúcares redutores totais (ART) e quantidade decaldo de cultivares de sorgo sacarino recomendadas, obtidos emquatro locais", durante três anos (1977/78 - 78/79 - 79/80)2',

Massa Colmas Folhas Panículas

Cultivar Verde ART CaldoTotal (%) (%)(t/ha) tlha (%) tlha (%) tlha (%)

BR 501 (Brandes) ....... 52,0 39,0 74,9 9,1 17,6 3,9 7,5 17,3 58

BR 503 (Theis) •........... 47,3 37,4 79,1 5,9 12,5 4,0 8,4 14,4 61

CMS XS 616 (Wray)41 78,4 65,9 84,0 10,4 13,3 2,1 2,7 16,8 60

11 Sete Lagoas (MG), Araras e Ribeirão Preto (SP) e Pelotas (RS).2J Fonte: Ensaio Nacional de Sorgo Sacarino (ENSS).31As sementes destas cultivares poderão ser adquiridas através do Serviço de Produção de Sementes Básicasda EMBRAPA, no seguinte endereço: Caixa Postal 151 - 35700. Sete Lagoas - MG.

41Resultados tecnológicos preliminares, obtidos no ano agrícola 1980/81, em Araras (SP).Fonte: Schaffert, R.E. - Comunicação Pessoal.

esses fatores permitirá um escalonamentoracional da produção.

essenciais à nutrição mineral do sorgo sa-carino, tais como Ca, Mg, K, P e outros, écomum o aparecimento de deficiência des-

Ises elementos.Com a prática de calagem, objetiva-se,

principalmente, reduzir a solubilidade decertos elementos tóxicos (alumínio e/oumanganês) que em determinadas concen-trações podem limitar a produção.

Dentre os neutralizantes mais emprega-dos para eliminar a presença dos elementostóxicos estão o calcárío calcítíco e dolomí-tico. Sempre que possível, utilizaro calcáriodolomítico, pois além de neutralizar os ele-mentos tóxicos, fornece cálcio e tambémmagnésio às plantas.

Práticas culturais

Acidez e CalagemAtoxidez de alumínio é um fator bastante

importante na limitação da produtividadede sorgo sacarino em solos ácidos. O apare-cimento de sintomas de toxidez, devido aoalumínio, se faz sentir, primeiramente, nosistema radicular. As raízes afetadas ficamcurtas, grossas e com poucas ramificações.Como o alumínio interfere na absorção,transporte e utilização de vários elementos

Tabela 2

Recomendações de adubação para a cultura de sorgosacarino"

P no solo (ppm) K Nutrientes a aplicar (kg/ha)Nível

Textura Textura no solo P205 K20 NArgilosa Arenosa (ppm)

Plantio Cobertura"

Baixo 0- 5 0-10 0-30 90 90 20 40

Médio 6 - 10 11 - 20 31- 60 60 60 20 40Alto >10 > 20 > 60 40 30 20 40

1.Recomenda-se também a aplicação de 20-25 kg de sulfato de zinco/be. por ocasião do plantio, em áreascom deficiéncia deste alimento.

2, Nitrogênio em cobertura, 30 a 35 dias após a emergência das plántulas.

A Lavoura Set.lOut. 82 3t

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~vou~----------------------------------

Início do desenvolvimento da cultura do sorqo secerino

A recomendação da quantidade de cal-cário a ser aplicada por hectare é baseadana análise química do solo, segundo a se-guinte expressão:

Calcário (tlha) = 2 x AI--' + [2 - (Ca:+ Mg--)] (I)

No exemplo a seguir, considerou-se o se-guinte resultado da análise química:

teor de AI'" = 1 eq.mg; teor de (Ca' +MgH) = 1,5 eq.mg

Baseando-se nesses resultados, a quanti-dade de calcário a ser aplicada será obtidaatravés da expressão (1), ou seja:

2 (1,0 eq.mgAI' ,) + [2 - (1,5 eq.mgCa H + Mq +) 1 = 2,5t de calcário por

hectare.

As recomendações da quantidade de cal-cário devem ser efetua das sempre combase no PRNT (Poder Relativo de Neutrali-zação Total) a 100%. Caso o calcário pos-sua PRNT superior ou inferior a 100% é ne-cessário corrigir a quantidade a ser apli-cada. O PRNT do calcário está diretamenterelacionado com o seu grau de finura e suariqueza em óxido de cálcio e magnésio.

Adubação

Um dos elementos fundamentais na quí-mica do solo é a obtenção de índices de dis-ponibilidade dos elementos que permitama interpretação dos resultados para uma re-comendação econômica de fertiliantes. Es-tes índices ficam na dependência de umasérie de fatores, tais como: solo, relação

solo-solução, extrator químico, cultura,etc., e requerem uma série de trabalhos depesquisa. Entretanto, devido ao fato dosorgo estar ainda em fase de introdução, asadubações recomendadas têm sido, emparte, adaptadas com base nas recomenda-ções para milho, sorgo forrageiro e sorgogranífero.

De modo geral, as respostas têm sidoquase que constantes para fósforo e nitro-gênio. As respostas para potássio têm ocor-rido com menor freqüência. Sabe-se,porém, que as exigências do sorgo sacarinocom relação a esses elementos são maiores

Tabela 3

do que as do sorgo granífero e forrageiro.As recomendações de adubação são

apresentadas na Tabela 2.

Plantio

A época de plantio é muito importantequando são utilizadas cultivares sensíveisao fotoperiodismo. À medida que se re-tarda o plantio ou se avança para para me-nores latitudes, ocorrem reduções no cicloda cultura, com reflexos negativos sobre orendimento.

Na região Centro-Sul, os melhores rendi-mentos de colmos têm sido obtidos com

Programação de plantio e colheita de sorgo sacarino paraa região Centro-Sul do Brasil"

Plantio Colheita

Data de Áreaplantio (ha) Cultivar Dias após o plantio

20/out. 7,0 BR503 107 a 1187,0 BR501 119 a 130

25/out. 7,0 CMS XS 616 131 a 14213/nov. 7,0 BR501 143 a 15418/nov. 7,0 CMS XS 616 155 a 16630/nov. 7,0 CMS XS 616 167 a 17812/dez. 7,0 CMS XS616 179 a 190

Total 49,0

11 Considerando-se a operação de uma microdestilaria com capacidade de 1.000 litros de álcool por dia,durante seis dias por semana.

40 A Lavoura Set./Out. 82

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-----------------------------------Lavou~plantios realizados nos meses de outubro enovembro.

Nas regiões Norte e Nordeste, a menorlatitude (dias curtos) é o fator que tem de-terminado baixos rendimentos na culturade sorgo sacarino. Deve-se ressaltar que seencontra em execução um programa demelhoramento, visando a obtenção de cul-tivares adaptadas a estas regiões.

Na Tabela 3, é apresentado um esquemade plantio e colheita de sorgo sacarino, vi-sando o fornecimento contínuo de matéria-prima para a destilar'a.

Deve-se observar que, para assegurarum fluxo contínuo de sorgo sacarino emaior amplitude de operação da destilariacom essa matéria-prima, os plantios podemser realizados além das datas limites indica-das na Tabela 3, adequando-as às condi-ções climáticas locais.

Devido ao tamanho reduzido da se-mente, é necessário que o solo seja bempreparado, de forma a facilitara emergên-cia e a obtenção de um "stand" adequado.A plantadeira deve ser regulada para distri-buir as semente entre 2,5 a 4,0 cm de pro-fundidade. Resultados de pesquisas evi-denciaram a necessidade de se realizar acompactação da camada de solo que cobrea semente. tal prática proporciona maiorcontato da semente com o solo e reduz aevaporação, mantendo, por mais tempo, aumidade do solo.

Tradicionalmente, a semeadura do sorgoé recomendada em termos de quilogramasde sementes por hectare. Entretanto, essarecomendação pode conduzir a erros no es-tabelecimento da população adequada deplantas, uma vez que o número de semen-tes por quilo pode apresentar grande varia-ção em função da cultivar çonsiderada(Tabela 4).

Assim sendo, recomenda-se que a se-meadura do sorgo sacarino seja feita emfunção do número de sementes por metrolinear de sulco, considerando-se sempre opoder gerrninativo da semente, e acrescen-tando-se uma margem de segurança da or-dem de 30%, visando-se a compensaçãode eventuais reduções no "stand", deter-minadas, principalmente, pela ocorrênciade condições adversas.

Com relação ao espaçamento e densi-dade, recomenda-se a utilização de 0,70 mde espaçamento entre fileiras, com densi-dade variando entre 100 mila 140 milplan-tas por hectare (7 a 10 plantas por metro li-near de sulco).

Na regulagem da plantadeira, devem serconsiderados os seguintes fatores:

A Lavou ra Set./Out. 82 41

Tabela 4

Peso de 1.000 sementes e número médio de sementespor quilo, de três cultivares de sorgo sacarino.

Peso de 1.000 Número médioCultivar sementes de

(g) sernentes/kq

BR501 20,9 47.800BR503 24,9 40.100CMSXS 616 20,3 49.200

Tabela 5

Reações de cultivares de sorgo sacarino às principaisdoenças da cultura.

CultivarAntrac-

Mildio FerrugemHelmintos- Cercos-

nose poriose poriose

BRS01 R" R R RI RBRS03 RI RI RI R RCMS XS 61621 R S R R S

11R = resistente: RI = resistência intermediária; 5 = suscetível2/ Não se recomenda o plantio dessa cultivar em regiões com alta incidência do míldio do sorgo

(Peronosclerospora sorghí),

• encontrar a relação ideal entre o númerode furos e a rotação do disco, de modo aproporcionar uma distribuição contínua euniforme das sementes;• evitar a ocorrência de folga excessiva en-tre o disco e a base, impedindo, destemodo, que as sementes sejam trituradas.

Controle de plantas daninhasAs plantas daninhas competem com a

cultura do sorgo por luz solar, água do soloe nutrientes minerais, principalmente nitro-gênio O crescimento lento da cultura nasprimeiras semanas após a emergência, tor-na-a mais susceptível à competição nesseperíodo inicial. Se as plantas daninhas nãosão removidas nesse período, a produçãopode ser reduzida em 25% ou mais.

As plantinhas de sorgo devem emergirem um solo livre de plantas daninhas paraque não sejam abafadas. As operações depreparo de solo devem garantir um leitodestorroado e livre de plantas daninhas. Oplantio deve ser feito imediatamente após aúltima gradagem, antes da emergência dasplantas daninhas.

Durante o crescimento da cultura, o con-trole das plantas daninhas podem ser feitomecanicamente ou com herbicidas. O pro-

cesso mecânico mais utilizado é o uso decultivador nas entrelinhas, tanto o cultiva-dor de tração animal para pequenas lavou-ras quanto o cultivador tratorizado em cul-turas de maior porte. O cultivo é realizadoduas vezes e o repasse à enxadas nas linhasde sorgo é sempre recomendável. apesarda injúria mecânica ao sistema radicularque eventualmente ocorre e do ônus finan-ceiro que o repasse representa.

Com relação à utilização de herbicidas.deve-se atentar para o produto utilizado.uma vez que a maioria dos herbicidas atual-mente disponíveis no mercado revelaram-se fitotóxicos ao sorqo sacarina. Atrazine*(Atrazinax 50. Gesaprim 80. Atred 80 P~1.Siptran 50 FW) aplicado à base de 2.0 kg doprincípio ativo por hectare. controla razoa-velmente as invasoras de folhas largas e al-gumas gramíneas. sem causar danos aosorgo.

Por outro lado. <;I utilização de antídotos,visando atenuar a ação do herbicida sobre aplanta de sorgo sacarina. abre perspectivaspara que, a médio prazo. seja ampliado onúmero de produtos que possam ser utili-zados.

*Acitação de um produto comercial não implica na suarecomendação pelo CNPMS.

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Lavoura------------------------------------Controle de pragas e doençasPragas

Dentre as pragas que podem ocorrer nacultura do sorgo sacarmo, destacam-se asseguintes:

a. Broca de colo (EJasmopaJpus IignoseJ-Jus). As lagartas atacam as plantas recém-emergidas, provocando o dano conhecidocomo "coração morto". Seu controle emregiões onde sua ocorrência é generalizada,deve ser preventivo, aplicando-se Carbaryl7,5 (15 - 20 kg/ha) no sulco de plantio.Períodos de estiagem, imediatamente apósa emergência das plantas, podem propiciara ocorrência desta praga. Neste caso, o con-trole deve ser realizado rapidamente, pelaaplicação de Endrim 20 (1,0 Ilha) em pul-verização, ou Carbaryl85 (1,5 kg!ha).

b. Lagarta do cartucho (Spodopterafrugiperda). Esta praga pode atacar as plan-tas durante o ciclo vegetativo, destruindogrande parte da área foliar. O controle deveser feito através de pulverizações dirigidaspara o cartucho das plantas, com Carbaryl85 PM (1,5 kg/ha), Tríchlorfon 80 PS (1,0kg!ha) ou Díazinon 40 PM (1,0 kg!ha).

c. Broca da cana-de-açúcar (Diatraeaspp). As lagartas penetram no colmo, ondeabrem galerias que podem prolongar-sepor mais de um internódio, causando da-nos pela perda de peso dos colmos e propi-ciando a ocorrência de podridões. A avalia-ção das cultivares de sorgo sacaríno para re-sistência a esta praga, permitiu a identifica-ção de bons níveis de resistência nas culti-vares BR 501 e BR 504. Não tem sido reco-mendado o controle químico.

d. Pulgão verde (Schizaphis graminum).Esta é uma praga que vem, a cada ano, au-mentando de importância para a cultura dósorgo. Além de seu dano direto na planta,pela sucção da seiva, ocasionando inicial-mente um amarelecimento das folhas eposteriormente a morte, o inseto é um dostransmissores do mosaico da cana. Paracontrole deste inseto, em regiões onde suaocorrência é generalizada, recomenda-se ouso de inseticidas aplicados tão logo surjamos primeiros sintomas. Entre os inseticidasregistrados para o controle do pulgão emsorqo, encontram-se o Demeton 18 'CE(0,5411ha),Diazinon 40 PM (1 kg/ha) e Dia-zinon 60 CE (0,8 Ilha).

Doenças

No Brasil, a antracnose (ColletotrichumgraminicoJa) e o míldio do sorgo (Peronos-

Para produção de álcool é importante a escolha de cultivares adequadas. A foto mostra a cultivar BR 505

clerospora sorghi) são consideradas, atual- As reações às doenças das cultivares demente, as doenças mais importantes para a sorgo sacarino recomendadas para o plan-cultura de sorgo. A primeira, pela sua ocor- tio são apresentadas na Tabela 5.rência sistemática e generalizada; e a se-gunda, pela possibilidade de sua ocorrênciatambém na cultura do milho. Doençascomo a helmintosporiose, cercosporiose,ferrugem e podridão do colmo, têm sua im-portância variando com os anos e locais.

Outra doença que poderá adquirir im-portância para a cultura do sorgo sacarino éo mosaico da cana (SCM), principalmente seconsiderarmos seu plantio em áreas adja-centes a canaviais, onde essa doença jáocorre de forma generalizada. Até o mo-mento não se conhecem os reflexos do mo-saico sobre o rendimento das cultivares desorgo sacaríno em nossas condições. Dadosexperimentais, obtidos no CNPMS, visando adeterminação da reação das cultivares aovirus do mosaico, mostraram reação de re-sistência nas cultivares BR 501 (Brandes) eCMS XS 610 (Wiley).

Deve-se realçar que as sementes desorgo sacaríno, assim como de outros tiposde sorgo, não transmitem o virus do mosai-co. Conseqüentemente, não existe possi-bilidade de que o sorgo seja responsávelpela introdução do virus em regiões cana-vieiras.

As práticas recomendadas visando ocontrole de doenças são:

a. Uso de cultivares resistentes:b. Plantio de sementes sadias:c. Rotação de culturas.

ColheitaA planta de sorgo sacarino, após atingir o

florescimento, iniciao processo de acúmulode açúcares a taxas mais elevadas, até amaturação, quando ocorre o máximo noconteúdo de açúcares redutores totais (ART)

no caldo. Entretanto, esse parâmetro podevariar, dependendo da cultivar e das condi-ções ambientais. Desta maneira, torna-senecessário que se estabeleça um critériopara se determinar, com precisão, o perío-do de utilização industrial (PUI), sem que ha-ja perda em açúcares. Esse período pode.ser determinado através do acompanha-mento da evolução dos valores de Brix, ART

e da porcentagem de caldo e fibra na curvade maturação de cada cultivar. Para tanto,recomendam-se verificações semanais des-ses parámetros a partir do décimo dia apóso início do florescimento até o estágio degrão maduro.

Atualmente, não se dispõe de máquinasperfeitamente adequadas para a colheitamecânica. Assim sendo, a colheita deveráser feita manualmente, cortando-se os col-mas a aproximadamente 10 m do solo e eli-minando-se as panículas. Os colmos po-dem ser moídos com as folhas, uma vez queresultados obtidos indicaram que a pre-sença de folhas não altera o desenvolvi-mento do processo de fermentação.

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