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Voz Over Versão Lapidada, 01-05

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O Baob e o Currculo: um ensaio

FALA 1

CURRCULO DERIVA

No mais o mundo circunvizinho que gira em torno do baob; desta feita o baob-espectro quem, flutuante, ambguo, transformado em mundo-trajeto circular, retorna e se oferece como alma/corpo a tantas histrias perdidas, deslocadas do tempo.

FALA 2

A ABERTURA DE UM MUNDO

As histrias ao redor do baob no andam em linha reta, comeando no incio e terminando no fim; no histria de um! Impossveis de serem tolhidas na Histria, elas, indisciplinadas, circulam pela cidade interconectando tempos e territrios marginais esquecidos.

FALA 3

Implicando desejos e responsabilizando vidas vegetais e humanas, que se pem a agir sem a urgncia tpica daqueles que no aprenderam a respirar a morte (e que o passado, como a morte, uma bomba pronta para explodir no ventre da gente!).

FALA 4

Nessa teia informe de conexes, o baob verte, desde seu tronco, uma seiva de memria que acolhe e delicia seres por ele escolhidos, desatando-os do tempo do mundo. Estes, transmutados em seres espectrais, flertam com um mundo ainda ausente, que resiste fumaa da cidade, aridez das instituies, intolerncia, invisibilidade e... Aos perigos, maliciosos, da incluso.

FALA 5A IRREPRESENTABILIDADE DO MUNDO QUE NO

Abrimos (no nosso tempo!) o mundo prenhe de histrias do baob. Um necessrio mundo ausente, pressentido, projetado. Mundo que no para ser explicado: para ser nutrido... Na medida do aconchego recebido, esse mundo pe de p uma legio de espectros e os habilita a sorver em deleite a seiva do baob... Mundo intudo que se visibiliza em trnsito, no ato de compreenso das conexes que ele opera... Mundo inconcluso, ambguo. Demandante que educa.

FALA 6O CURRCULO DE RISCO E A DIGNIDADE NA VERTIGEMMundo demandante que educa nos implicando. Sua seiva ancestral, sendo sorvida, nos desata da gravidade do cho da cidade. Impele-nos, para mant-la viva, vertigem das tramas inventadas: h coragem no abandonar velhas intrigas! A seiva, como promessa primeva, nunca ser convertida naquele enfim sempre to desejado pelos humanos. Currculo eterno, aberto, de risco, o mundo do baob no pode ser representado, descrito, capturado, mediado pela cincia. Ao adentr-lo nos irmanamos com imagens insondveis, semelhanas imprevisveis, transmutaes inescrutveis do bvio que abatem os vos perenes nas altitudes racionais da abstrao... E dilaceram a ossatura de um mundo que no nos comporta a ns: seres espectrais!FALA 7A RADICALIZAO DA VERTIGEM

No podendo ser representado, o mundo do baob tambm no nos representa, porque pensamos de acordo com o cho que pisa nossos ps, e um mundo suspenso, ambguo, marginal, a se construir, possui chos inauditos. Para pisar nestes, como condio de viagem, de vertigem, precisamos abandonar aquelas histrias que teimam em contar quem ns somos...

FALA 8A MATERIALIDADE DA IMAGINAO

A imaginao o combustvel poltico que nos faz auscultar territrios indizveis cincia e, numa vertigem conectiva de imagens, criar chos firmes em terras onricas. Mergulhados em currculo aberto, nos tornamos um ponto mvel de ajuntamento de histrias errantes. Ao voltar dessa viagem que se vai roteirizando no percurso de suas tramas inventadas, no voltaremos. Seremos outros, cheios de morte e de fora, procurando cho para pisar na terra dos homens. O currculo narrativo, como cho que se inventa, tem que ir parindo o mundo projetado que descreve.

FALA 9QUANDO ACABAR O MALUCO SOU EU!

A vida se nos impor com suas paradas de nibus, suas tabelas de horrio que modulam as tramas das querelas cotidianas, suas redes em torno do lcool, suas intrigas na poltica, na polcia, suas procisses de carro, suas manhs apressadas. Esse cho se nos apresentar inautntico; inevitvel. Sua razo no nos parecer razovel e a luta pelo mundo do baob ganha a urgncia de quem pressente faltar sonho para pisar.

FALA 10A COMUNICAO DO AUSENTE E A DUREZA DA POLTICA

Cuidamos ento desse mundo como salvaguarda sempre precria. O fogo a preservar. Para narrar nossa experincia muda teremos que rasgar a frceps a factualidade do mundo dos homens. Abrir inteligibilidades nessa vida saturada de evidncias; profanar as instituies que as sustentam; alimentarmo-nos de chaves metafricas, que nos possibilitam o direito a compor intrigas inesperadas. Tramas que no cabem na Histria porque, excedendo o mundo, insistem no dizer a presena ameaadora de uma ausncia. Tramas espectrais que afloram dos portes das florestas que, guardadas por orixs e encantados, inspiram horror ao mundo dos brancos.

FALA 11CURRCULO COMO AGENTAMENTO NO REGULADO

Nosso ajuntamento de histrias poder marginal: espectro que ronda o mundo sbrio dos homens rasgando-lhe as fibras da memria, de onde pululam, excitados, os mortos. Como seiva que flutua, enamorando vontades difusas, o baob faz aparecer gente dantes impensvel... O currculo narrativo, como lastro informe desse agentamento, promete sem apontar caminho. ao educativa desobrigada de telos, vertigem aliviada da cruz cientfica, filosfica, que encarna tarefas histricas. Apenas torna pblica uma imagem metafrica marginal, capaz de gerar telos toa...