19

Wagner Inácio Freitas Dias - d24kgseos9bn1o.cloudfront.net · liminar ou incidental) de tutela ou ado- ... Deve-se entender que tal forma de guarda, a compartilhada, cons- ... julgador

  • Upload
    ledieu

  • View
    221

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

3ª edição revista, ampliada

e atualizada

2016

Direito CivilFamília e Sucessões

6

Wagner Inácio Freitas Dias

93

capítulo

6DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

LEIA A LEI: arts. 28 a 52-D ECA.

substituta passou a constar do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas, por se tratar de tema relevante para o Direito Civil, será aqui abordado. Por vezes, a família natural -mes, comportamentos contrários à lei podem estabelecer um ambien-criança ou adolescente de sua família natural.

Espécies de família

Família natural é a união de qualquer dos ascendentes e seus descendentes.

Família extensa ou ampliada

alcança, além da família natural, todos os criança mantendo com ela vínculos de afetividade.Família Substituta

é a família nascida dos institutos jurídicos da guarda, tutela e adoção.

94 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias A colocação em família substituta é medida de natureza excep-

cional, somente ocorrendo quando qualquer outra tentativa se de-Os meios de colocação em família vão desde a guarda (que possui

adoção, passando pela tutela. Em razão de sua proximidade com a curatela, esta também será estudada aqui.6.1. Da guardaA guarda é forma de conversão de uma situação fática (guarda de fato) em jurídica (guarda regulamentada). Pode ela ser autônoma, como quando se pede ao Judiciário a guarda de um menor; ou derivada ou dependente, quando vinculada a uma medida de tutela, adoção ou

Guarda autônoma Guarda acessória

atribuída de forma excepcio-nal, como meio de regular uma situação de necessidade pon-tual do sujeito, não estando vinculada a um processo de concessão de tutela ou adoção.

é que a que se dá em processos (de forma liminar ou incidental) de tutela ou ado-ção (exceto em adoção internacional, pois

A guarda, em razão da sua funcionalização, pode ser: unilateral, compartilhada e alternada. A forma unilateral atribui a um dos pais a qualidade de guar-dião, restando ao outro exercer seu direito de visita. Nesta situação, tornando-se um vigilante em favor deste.

direito de visita não apenas é uma faculdade dada ao genitor (ou genitora), mas sim parte da construção de uma infância e adolescências sadias. Desta forma, deve ser tratado como algo de que se possa extrair efetivo proveito para a criança ou o ado-lescente.Já a guarda sob a forma compartilhada, hoje em voga nos Tri-bunais, viabiliza ao menor manter contato perene com os pais e ao mesmo tempo não ter prejudicado seu desenvolvimento social. Nesta forma, os pais irão desenvolver um regime de parceria para guarda,

95Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

somente sendo aplicável quando houver clara possibilidade de reali-zação, levando-se em conta a distância das residências e mobilidade até à escola, dentre outros fatores. Com ela o menor terá um domicílio -dade tornou-se regra, somente não se aplicando nas seguintes situa-não puder exercer a guarda por estar destituído do poder familiar.

relevantes):-

- Possibilidade de concessão da guarda a terceiro, tendo em vista critérios de paren-

função.Deve-se entender que tal forma de guarda, a compartilhada, cons-a distribuição do tempo de con-

vívio na guarda compartilhada deve atender precipuamente ao melhor

ou, ao contrário, repartição de tempo matematicamente igualitária en-tre os pais (Enunciado 603, Jornadas CJF). A guarda compartilhada não período de mútua convivência deve ser levado em consideração pelo julgador quando da apreciação do pedido de pensionamento. Percebe-se que tal instituto (a guarda compartilhada) não pode ex-pois compartilhamento da guarda não implica, necessariamente, em uma divisão idêntica de tempo.

A guarda alternada, repudiada, nesta obra, por logicamente pre-judicar a vida social do menor, ocorre através da permanência por pe-ríodos entre os pais (parte do mês com um, parte do mês com o outro, por exemplo). E, em cada momento, o menor encontra-se sob a guarda

96 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias de um dos genitores, o que não ocorre com forma compartilhada, em -ciado 604, Jornadas CJF)A guarda, qualquer que seja sua modalidade, deve possibilitar ao menor:

Contato com seu genitor e com seu grupo familiar Saúde e segurança EducaçãoDeve-se atentar que o estado civil dos pais não interfere na

guarda, assim como ao contrair novas núpcias não perde, o pai ou a mãe, direitos .A guarda gera direitos entre o guardião e o protegido, como se pode ver em decisão do TRF1, ao apreciar o processo 0003064-54.2004.4.01.3802/MG, reconheceu o direito de o neto, que tinha como guardiã ser enquadrado como seu dependente, fazendo jus à pensão por morte.Uma das implicações da guarda, como já dito, é criar para o outro genitor/ascendente o direito de visita. Este direito, em 2011, atendendo sempre ao melhor interesse da criança passou a ser extensivo aos avós, desde que isto não cau-se prejuízo à convivência com os pais. É este o critério fundamental que deve ser observado pelo magistrado, não criando uma espécie de 6.2 Da tutela, da curatela e da tomada de decisão apoiada

Tutela e curatela são institutos protetivos que criam sério encargo para o tutor ou curador, mas que têm por foco o cuidado e a especial atenção às pessoas que, dentre as causas de sua aplicação, podem estar a elas submetidas. Resta patente o foco no melhor interesse da criança e do adolescente quando se nota que responsável direta e pessoalmen-te o magistrado quando retardar ou não nomear o tutor; sendo ainda responsável subsidiariamente quando não exigir do nomeado garan-tia legal (como hipoteca de bens, por exemplo) ou não remover o tutor quando este se tornar suspeito para o ato. Já a tomada de decisão apoia-da, instituto que não retira a capacidade do apoiado, visa resguardar o

97Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

sujeito em atos de complexidade. Logo, não há cumulação entre curate-la/tutela e tomada de decisão apoiada (sendo, ainda, que esta somente se aplica aos maiores e capazes).Desta forma, é necessário que tais múnus sejam exercidos por pes-soas que demonstrem disponibilidade e capacidade (em sentido am-plo) para realizar os atos necessários à condução da vida e interesses do tutelado/curatelado.escusa (mu-lheres casadas, maiores de 60 (sessenta) anos, enfermos, os que ti-verem mais de , os que morarem longe do local de exercício da tutela, os que já forem tutores ou curadores e os militares). Importa destacar que,

suas escusas no prazo máximo de dez dias, sob pena de renúncia fato, podendo ou aceitá-las. Em caso de não receber as escusas, o nomeado a tutor deverá responder pelo múnus público enquanto o recurso interposto não houver sido provido, sob pena de res-ponder pelas perdas e danos sofridos pelo tutelado4. Escusa de curatela

DIREITO DE FAMÍLIA - INTERDIÇÃO E CURATELA - ENTE FAMILIAR MENTALMENTE TRANS-TORNADO - CURADORA - RECUSA DO ENCARGO - MOTIVO JUSTIFICADO - DECISÃO MAN-

restrição à liberdade individual a determinada pessoa como a aceitar, indiscriminada-

sua companhia, sem a oportunidade de escusar-se, especialmente alegando e/ou pro-

-

Ao lado das escusas, existem os impedidos ao exercício da tu-tela: (I) aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens; (II) aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer va-demanda contra o menor; (III) os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela; (IV) os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra

Editora JusPodivm, 2013. p.1625.

98 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena; (V) as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; (VI) aqueles que exercerem função pública in-compatível com a boa administração da tutela. O impedimento, por ser causa obstativa, não tem prazo para ser apreciado ou alegado, uma vez que sua instituição contraria dispositivo legal.Passa-se em revista cada um dos institutos.

Tutela: cuidar da pessoa menor, adminis-trar seus bens e representá-lo/assistí-lo em seus atos da vida civil. Esta pessoa responderá pelos prejuízos que causar ao menor, tanto por dolo, quanto por simples culpa. Tem como espécies:

Testamentária Legítima Dativa

quando, na forma do art. 1729, os pais nomeiam um tutoros ascendentes e na falta des-tes, os colaterais até o terceiro grau e, em havendo mais de um no mesmo grau, os mais moços preferem aos mais velhos

quando, na falta dos demais legiti-mados, um terceiro é nomeado tutorImportante perceber que a forma dativa também pode ser estabe-lecida ad hoc

tutor especial ou provisório (ad hoc). São elas:a) quando se tratar de crianças e adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou des-tituídos do poder familiar. Tais menores serão, ainda, incluídos em programa de colocação familiar;b) quando faltar consentimento para o casamento ou o menor tiver

A tutela é, precipuamente, atividade remuneradavalor pelo magistrado. Para tanto, necessário que se haja algum acervo patrimonial para fazer frente à remuneração do tutor, que será esta-belecida de forma proporcional ao volume de trabalho necessário. Do mesmo modo, serão eles ressarcidos pelos gastos com a tutela (ex-ceto no caso do tutor ad hoc previsto no art. 1.734, CC)

99Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

Sempre que o exercício da tutela envolver capacidades especiais, conhecimentos técnicos complexos, poderá o tutor, com autorização do juiz, transferir parte de seus deveres a um tutor sub-rogado. O tutor está obrigado a prestar contas, mesmo que os pais do tu-telado tenham autorizado o contrário, realizando balancete anual a ser informado ao juiz. O juiz ainda poderá nomear dos atos do tutor, denominado protutor. O protutor, sendo também responsável pelos atos realizados, receberá remuneração, mas será esta módica.Atente-se para o fato de que não apenas se trata a tutela de uma atuação no espectro patrimonial. Pelo contrário, como já dito, o foco se estabelece sobre a pessoa do tutelado. Assim, incumbe ao tutor, em relação ao menor:

A atuação do magistrado é fundamental, como já demonstrado. Há, contudo atos que podem ser realizados sem necessidade de autoriza-ção em juízo e outros, cuja autorização é essencial (restando que não podem ser realizados NUNCA, mesmo que haja autorização judicial.

100 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias

sempre que isto representar vantagem para o menor. Para tanto, será necessária prévia avaliação judicial e autorização do juiz.A tutela pode cessar em razão da condição do tutor ou do tutelado. Cessará em razão do tutor se este for removido, se surgir causa de escu-sa ou terminar o prazo da tutela. Por outro lado, em relação ao tutelado cessará a tutela, por sua emancipação ou se ele voltar a estar submetido ao poder familiar (sendo, v.g., adotado).

101Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

Curatela: Em 2015, com a edição da Lei 13.146, a curatela recebeu de “a humanização da curatela”. A partir de janeiro de 2016, o rol dos absolutamente incapazes pas-sou a se limitar aos menores de 16 anos, relativizando-se os demais se denominar o procedimento por curatela, sobejando a intenção do le-gislador em deixar de lado a condição de menos, de limitado, de interdi-tado, e de colocar em destaque a essência do instituto, que é o cuidado.A curatela tornou-se medida excepcional, somente sendo aplicada dela, é possível utilizar-se a tomada de decisão apoiada, que será co-mentada à frente.As pessoas que podem ser submetidas à curatela, passaram a ser:-cessário discernimento para os atos da vida civil; II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;

Por outro lado, acresceu-se ao rol dos que podem solicitar a cura--mental importância pois no anterior sistema, como se podia perceber objeto do processo. Agora ele passa à sua justa posição, não em desta-que, mas sim em reconhecimento à sua condição de pessoa humana. Ao lado do interessado, continuam legitimados a requer a curatela: os pais ou tutores, ou cônjuge ou qualquer parente e, subsidiariamente, o Ministério Público.O procedimento passou por alteração em seu conteúdo, não ape-deve estar apoiada em estudo realizado por equipe multidisciplinar, -ção de capacidade. Logo, não há mais uma curatela genérica, devendo a

102 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias Existem, ainda, três formas especiais de curatela. São elas:a)Curatela do nascituro (I) -dados pela lei, pode ocorrer de sua genitora não poder exercer os direitos inerentes à condição e que o pai tenha falecido. Caso a mãe esteja submetida à curatela, o seu curador será também o do nascituro.b) -ci-tante da manifestação de vontade, não geram possibilidade de curatela. Contudo, é necessário resguardar a condição de tais pessoas, criando para A curatela pode ser exercida de duas formas: -dos os poderes inerentes à curatela;Curatela compartilhada. Interditanda portadora de paralisia cere-bral e epilepsia sintomática, considerada incapaz para o exercício dos atos da vida civil, conforme laudo médico Requerimento de exercício da curatela por ambos os pais Inobstante a redação do art. 1775, § 1º, do tal medida se revele de acordo com o melhor interesse do incapaz No -tente - Feito satisfatoriamente instruído por laudo médico particular idôneo a atestar a incapacidade do interditando Possível o deferimen-to da curatela compartilhada desde já. Recurso provido. (TJSP - AI nº 2180578-36.2014.8.26.0000, Relator Rui Cascaldi, 1ª Câmara de Direi-to Privado, J. 28/04/2015).

mesmos.O terceiro gênero de instrumento protetivo da pessoa – a tomada de

decisão apoiada

redação dada pelo EPD, nos seguintes termos: “a tomada de decisão apoiada pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua con-exercer sua capacidade”.

103Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

Primeiramente, não há que se falar em tomada de decisão apoiada para a pessoa curatelada, visto que a medida de apoio serve, justamente, para se mas mantém, parcialmente, a compreensão dos atos da vida civil. De outro tanto, deve-se perceber que os dois apoiadores não necessitam ser da família da pessoa, mas tampouco podem ser estranhos à vida desta. A tomada de decisão apoiada surge de pedido formulado pela pessoa inte-ressada e seus apoiadores, constando:a)os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores;b)o prazo de vigência do acordo;c)e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar.atos, tomados aqui pela qualidade e não pela ocorrência. Logo, o pedido -a tomada por prazo incerto ou mesmo que seja este prazo limitador desar-razoadamente extenso. Como meio interpretativo e nos limites deste traba-lho, recomenda-se o prazo de 2 anos para a vigência, devendo a tomada ser prestação de contas da tutela e da curatela e busca evitar o abusa da con-

esteja inserida nos limites do apoio acordado (art. 1.783-A, §4º, CC).A qualquer tempo as partes da tomada de decisão apoiada podem requerer -nado à decisão do magistrado (art. 1.783-A, §10). Por outro lado, agindo em prejuízo do apoiado, pode o apoiador ser denunciado (por qualquer pessoa) ao MP ou ao Magistrado.6.3. Da AdoçãoEsta medida insere de a pessoa em sua família substituta, rompendo os vínculos com a família anterior (somente persistem os impedimentos matrimoniais). É excepcional, como todas as demais, pois, como já se viu o ECA se pode ser exercida, através do ECA, se o adotando for menor de 18 anos ao tempo de seu pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou

104 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias tutela dos adotantes(que hoje, utiliza a mesma regulamentação do ECA. Após a adoção, a morte do adotante não restabelece o vínculo com a família natural.

É ato personalíssimo, não aceitando representação convencional (mandato) para sua realização. Para que se tente manter o adotando o o ECA dá preferência à família

extensa para adotá-lo, frisando-se que não podem ser adotantes os ascendentes e os irmãos do adotando.Menciona-se hoje a adoção genética, que ocorreria quando da au- Enunciado CJF 111 –

na adoção haverá o desligamento dos vínculos entre o adotado e seus parentes con-

de parentesco entre a criança e o doador do material fecundante. -tendimento, visto que, na forma da Constituição, não pode haver qual-os vínculos entre eles.A adoção é precedida de estágio de convivência, que pode ser dispensado em razão de anterior tutela ou guarda jurídica, desde Destaque-se que a simples guarda fática não autoriza esta dispen-sa. O estágio de convivência, em se tratando de adoção internacional, deve se dar em território nacional, por, no mínimo, 30 dias.A adoção é constituída, sempre, por meio de sentença, inscrita no registro civil (do mandado de inscrição não pode haver certidão). A partir da inscrição, a certidão de nascimento será exarada constando o nome dos novos pais e ascendentes, sem qualquer menção à adoção. -do e, em relação ao seu nome (ou prenome), poderá ser solicitada sua alteração, desde que ouvido o adotando (sendo necessário seu consen-timento 12 anos de idade).Em regra, a sentença de adoção não tem efeito retroativo, esta-belecendo o vínculo somente a partir de seu trânsito em julgado. Pode ocorrer, contudo, que um ou os dois adotantes tenham falecido durante

105Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

o processo, quando a sentença retroagirá ao tempo da morte, con-formando a denominada adoção póstuma. O julgado a seguir denota a importância desta forma de adoção e, por seu conteúdo, merece transcri-ção integral. STJ já decidiu

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. -. POSSIBILIDADE. (...) . Para as adoções post

mortem, vigem, como comprovação da inequívoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas

buscou assegurar ao adotando a inserção em um núcleo familiar no qual pudesse desenvolver relações de afeto, aprender e apreender valores sociais, receber e dar amparo nas horas de di-

restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser ampliado para abarcar uma noção plena de família, apreendida nas suas bases sociológicas. Restringindo a lei, porém, a adoção conjunta aos que, casados civilmente ou que mantenham união estável, comprovem

-

um processo de extrusão, mas sim de evolução, onde as novas situações se acomodam ao lado

assentado pelo texto legal - colocação do adotando em família estável - foi plenamente cumpri-do, pois os irmãos, que viveram sob o mesmo teto, até o óbito de um deles, agiam como família que eram, tanto entre si, como para o então infante, e naquele grupo familiar o adotado se deparou com relações de afeto, construiu - nos limites de suas possibilidades - seus valores so-

-les que o adotaram, a referência necessária para crescer, desenvolver-se e inserir-se no grupo social que hoje faz parte. Nessa senda, a chamada família anaparental - sem a presença de um

-

O adotado poderá após os 18 anos de idade, conhecer sua ori-gem biológica, em nada afetando a adoção já estabelecida.Deve existir, em cada comarca ou foro, um cadastro de crianças e adolescentes que podem ser adotadas, além de um em que esta-rão os dados das pessoas habilitadas a adotar (sendo necessário, previamente, participar de curso para preparação jurídica e

106 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias psicossocial). Para a inscrição no cadastro de possíveis adotantes, é necessária, ainda, consulta aos órgãos técnicos do juizado e oitiva do Ministério Público. Para os não residentes no Brasil haverá cadastro próprio, sendo utilizado somente se não houver candidatos nos cadastros nacio-nal e estadual.

A inscrição no cadastro é pressuposto para a adoção, somente sendo possível adotar sem o cadastro, nos seguintes casos

Adoção unila-teral: quando um dos cônju-ges ou compa-nheiros deseja outro;

Em caso de so-licitação feita por parente com quem te-nha a criança vínculos de afetividade;

Em se tratando de criança maior de 3 anos, de que se tem a tutela ou a guarda legal, desde que comprovados os laços de afetividade e que não tenha ocorrido, quando da obtenção desta criança, má-fé ou os crimes de subtração de criança para colocação em lar substituto (art. 237 ECA) ou de entrega de pupilo mediante paga (art. 238 ECA).A adoção internacional é a que se dá em relação a pessoas que re--traneidade, não é a nacionalidade dos requerentes, mas o domicílio

dos mesmos. Esta medida é excepcional e somente possível se cumu-lados três requisitos:1) Certeza de que a colocação em família substituta é a única solu-ção para o caso;2) Esgotamento de todas as possibilidades de adoção por família

residente no Brasil;3) Que, se o adotando for adolescente, foi ele consultado acerca de seu desejo e compreensão do fato.É possível que a adoção internacional seja intermediada por orga-nismo credenciado (sempre que a legislação do país de acolhida permi-tir). Desta forma, se o país para onde vai a criança não aceitar a inter-mediação, esta não poderá ocorrer.

107Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

6.4. Do procedimento para colocação em família substitutaO quadro a seguir apresenta, de forma sintética, o procedimento base para as variadas formas de colocação em família substituta, sendo a adoção.

Habilitação para adoção

Será iniciada mediante petição.A autoridade judiciária terá 48 horas para dar vista ao MP, que poderá, no prazo de 5 dias, apresentar quesi-tos, requerer audiência para oitiva dos requerentes e de testemunhas, requerer juntada de documentos e outras diligências.É obrigatória a atuação de equipe , para a elaboração de estudo psicossocial.Os postulantes devem participar de programa promo-vido pela Justiça da Infância e da Juventude, com vista a prepará-los para a adoção. -ticiparam do referido programa, decidirá a autoridade judiciária em 48 horas acerca dos pedidos do MP, deter-minando a juntada do estudo psicossocial e designará, se necessária, audiência.Não havendo audiência (em razão da não solicitação de diligências ou do indeferimento das solicitadas), será dada vista ao MP para manifestação em 5 dias, passando a autoridade judiciária a decidir em igual prazo.Sendo deferida, a inscrição será efetivada respeitan--ças e adolescentes adotáveis. A ordem cronológica é regra, somente podendo ser inobservada se for medida que melhor atenda ao interesse do adotando, conforme previsto no art. 50, § 13 do ECA.Em havendo constantes recusas de adotando, os postu-lantes terão sua habilitação reavaliada.

108 vol. 6 – DIREITO CIVIL – Família e Sucessões • Wagner Inácio Freitas Dias

Do pedido

• , com a apresentação do grau eventual de parentesco entre a criança/adolescente e os requerentes;• (incluindo o forem conhecidos;• Indicação de existência de bens ou direitos da criança ou adolescente;

Pedido Cartorial

Se os pais forem falecidos, destituídos ou suspensos de seu poder familiar, ou, voluntariamente, concordarem com a co-locação em família substituta, poderá o pedido ser efetivado -rentes (sem necessidade de intervenção de advogado).O consentimento dos pais (que somente é possível nascimento da criança) será colhido pela auto-ridade judiciária e pelo representante do Ministério Pú-blico, com prévio esclarecimento feito por equipe inter-

Não se confunde com o consentimento dos pais, a pos-sibilidade de adoção dirigida (intuito personae), em que estes escolhem quem serão os adotantes. Aqui, não há simples assentimento, mas direcionamento. Tal for-ma de adoção foi expressamente reconhecida no enun-

na hipótese de adoção intuitu personae, os pais biológicos podem eleger os adotantes.

Estudo social

Realizado por mandado da autoridade judiciária, mediante provocação do Ministério Público, requerimento das par-tes ou mesmo de , e balizará a decisão concessiva da colocação em família substituta. Este estudo pode ser substi-Com base nele o magistrado poderá decidir sobre a con--ção, do estágio de convivência.

109Cap. 6 • DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA E DA PROTEÇÃO AOS FILHOS

Oitiva da criança ou

adolescente

A oitiva da criança deve ocorrer sempre que possível (de acordo com seu desenvolvimento e possibilidade de compreensão do fato). Se maior de 12 anos (adolescente) deve consentir na medida.

ContraditórioSomente ocorrerá se a medida implicar perda ou sus-pensão do poder familiar.

Vista ao Ministério

PúblicoSerá concedida pelo prazo de cinco dias.

Decisão decidirá a autoridade judiciária em igual prazo de cinco dias.

Termo de bom cumprimento

Sendo procedimento para a concessão de guarda legal, deverá o responsável, para assumir sua função, prestar compromis-.