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Disponibilidade para atendimento ao aluno: 24h @prof.RenatoHorta renatohorta.wordpress.com 1.5 Recuperação Judicial e Falências e seus principais aspectos na Lei n. 11.101/2005 1 Direito concursal 1.1 Princípios Todos os princípios a seguir têm como finalidade o interesse coletivo atrelado à atividade empresarial e não ao interesse individual do empresário. a) Função social da empresa – Toda atividade empresarial possui relevância social, seja porque gera emprego e renda , seja porque produz insumos e circula mercadoria ou serviços, ou ainda porque gera arrecadação tributária . A existência de atividade empresarial possui, portanto repercussão superior ao simples desejo de lucro. Todavia, diante da impossibilidade de reerguer a empresa deve ter início procedimento destinado a minimizar os impactos causados com a sua quebra . b) Preservação da empresa – A falência de uma empresa possui repercussão social e econômica , razão pela qual, havendo meios de se restaurar licitamente suas atividades essa deve ser a regra a ser aplicada. As imposições legais podem inclusive ser flexibilizada quando a atividade empresarial possuir grande impacto local, regional ou nacional. c) Condição de paridade entre credores (par condicio creditorum) – assegurados a todos os credores igualdade de tratamento e de direitos na execução concursal, considerando as suas condições e tipos de crédito . d) Celeridade – tem como finalidade preservar os bens ou atividades necessárias para saldar dívidas contraídas, evitando a dilapidação patrimonial pela ação do tempo. e) Economia Processual – os atos processuais devem ser compilados e somente executados quando indispensáveis. 1.2 Legitimidade I Quem está habilitado a requerer recuperação judicial: empresário individual Empresário individual cônjuge herdeiro inventariante Administrador da empresa precedida de Assembleia (+50% do capital social - LTDA ou de votos dos presentes) Sociedade empresária Sócio remanescente no período de regularização

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Disponibilidade para atendimento ao aluno: 24h

@prof.RenatoHorta renatohorta.wordpress.com

1.5 Recuperação Judicial e Falências e seus principais aspectos na Lei n. 11.101/2005

1 Direito concursal1.1 Princípios

Todos os princípios a seguir têm como finalidade o interesse coletivo atrelado à atividade empresarial e não ao interesse individual do empresário.

a) Função social da empresa – Toda atividade empresarial possui relevância social, seja porque gera emprego e renda, seja porque produz insumos e circula mercadoria ou serviços, ou ainda porque gera arrecadação tributária. A existência de atividade empresarial possui, portanto repercussão superior ao simples desejo de lucro. Todavia, diante da impossibilidade de reerguer a empresa deve ter início procedimento destinado a minimizar os impactos causados com a sua quebra.

b) Preservação da empresa – A falência de uma empresa possui repercussão social e econômica, razão pela qual, havendo meios de se restaurar licitamente suas atividades essa deve ser a regra a ser aplicada. As imposições legais podem inclusive ser flexibilizada quando a atividade empresarial possuir grande impacto local, regional ou nacional.

c) Condição de paridade entre credores (par condicio creditorum) – assegurados a todos os credores igualdade de tratamento e de direitos na execução concursal, considerando as suas condições e tipos de crédito.

d) Celeridade – tem como finalidade preservar os bens ou atividades necessárias para saldar dívidas contraídas, evitando a dilapidação patrimonial pela ação do tempo.

e) Economia Processual – os atos processuais devem ser compilados e somente executados quando indispensáveis.

1.2 Legitimidade

I Quem está habilitado a requerer recuperação judicial:empresário individual

Empresário individual cônjugeherdeiroinventariante

Administrador da empresa precedida de Assembleia (+50% do capital social - LTDA ou de votos dos presentes)

Sociedade empresária Sócio remanescente no período de regularização

II Quem está habilitado a requerer falência: devedor (autofalência)Empresa cônjuge sobrevivente herdeiro falência post-mortem (empresário individual) inventariante cotista ou acionista (facultativa) qualquer credor (requisitos: se empresário, certidão de registros públicos; se credor sem

domicílio no país deverá efetuar caução – vide Decreto 2067/96).

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1.3 Fato gerador da crise

Inadimplemento Insolvência Insolvabilidade Fato jurídico próprio relativo à

própria pessoa e decorrente de erro ou negligência.

Fato econômico próprio do patrimônio de alguém

inadimplente.

Fato econômico presumível de inaptidão patrimonial para

honrar com eventual obrigação assumida.

Presente Presente Futuro latenteSubjetivo Objetivo Objetivo

1.4 Espécies de crise

CriseCrise de rigidez Crise de

eficiênciaCrise econômica Crise financeira Crise patrimonial

Externa Interna Externa Externa/Interna ExternaIncapacidade de

adaptação ou resistência a mudanças de

atividade empresária para

acompanhar mudanças externas

Produção abaixo de suas

possibilidades motivadas por

impasses societários,

problemas com clientes ou

fornecedores.

Redução do volume de negócios e

consequentes rendimentos

inferiores.

Incapacidade constante de

honrar com suas obrigações por falta de liquidez

ou capital de giro (possui

patrimônio).

Incapacidade constante de

honrar com suas obrigações por

falta de patrimônio suficiente (não

possui patrimônio).

Atinge a produção Atinge a produção Atinge a atividade Atinge a atividade Atinge a atividade

1.5 As consequências da crise

Rigidez Eficiência Econômica Financeira Patrimonial Inadimplemento Insolvência InsolvabilidadeRigidez Futura Futura Presente Presente Futuro Futuro Futuro

Eficiência Futuro Futura Presente Presente Futuro Futuro FuturoEconômica Futuro Futuro Presente Presente Futuro Futuro FuturoFinanceira Presente/

futuroPresente Presente Presente Presente Futuro/futuro Presente

Patrimonial Presente Presente Presente Presente Presente Presente passado

2 Recuperação judicial

Recuperação judicial e meios de recuperação

Conceito de recuperação judicial: Recuperação consiste em um procedimento judicial posto em juízo, que abrange um conjunto de atos de ordem econômico financeira, organizacional e jurídica, pelas quais a capacidade produtiva da empresa possa, sob supervisão judicial, ser reestruturada e aproveitada, para alcançar rentabilidade, autossustentabilidade, manutenção de fonte produtora, emprego e atendimento a interesses de credores (CAMPINHO, 2011).

Objetivo geral: recuperação judicial tem como finalidade reerguer a empresa, proporcionando oportunidade de superação da crise, mediante a celebração de pacto com os credores.

Natureza jurídica: Híbrida/mista. Direito público e privado. Direito processual e material civil. O juiz exerce um juízo fiscalizatório frente ao negócio jurídico privado firmado entre devedor e credores.

Rígidos requisitos para recuperação judicial (art. 48): 1- Exercício regular das atividades por mais de 2 anos;2- Não ter sido falido, ou, se o foi, que as obrigações e responsabilidades estejam declaradas extintas por sentença transitada em julgado;3- Não ter obtido recuperação judicial há, pelo menos, 5 anos;

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4- Não ter obtido recuperação judicial há, pelo menos, 5 anos, com base no plano especial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte;5- Não ter sido condenado (trânsito em julgado) por crimes falimentares, na condição de empresário individual, sócio administrador ou controlador (pessoalidade).

Meios de recuperação (art. 50):

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Prazo para conclusão do processo

O processo de aprovação do plano de recuperação judicial deve ser concluído em 180 dias.O processo de recuperação judicial deve ser concluído em 2 anos.

Limites do plano de recuperação:

Natureza jurídica Limite

temporal

Limite material

Verbas de relação de trabalho vencida até a data do pedido de recuperação judicial. 1 ano -

Verbas de acidente do trabalho vencido até a data do pedido de recuperação judicial 1 ano -

Estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido de recuperação judicial 30 dias 5 SM

3 Falência

Fase Resumo AtoPré-falimentar Reconhecimento ou não de falência Sentença judicial declaratória

FalimentarArrecadação e venda de bens; exame das

consequências da falência em relação aos bens, contratos e direitos do devedor e dos credores.

Atos processuais diversos da sentença

Pós-falimentar Reabilitação do devedor. Sentença judicial declaratória

3.1 Fase pré-falimentar

Objetivo: constatar ou não o estado falimentar do devedor

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Reconhecimento pelo próprio devedor da Irreversibilidade (apresentação de documento)

Pelo próprio devedor (autofalência)Jurisdição voluntária

Instauração Título(s) Impontualidade +40SM e protesto

Demonstração de pressupostos Execução frustrada Qualquer valorPelo credor Atos ruinosos Qualquer execução

Jurisdição contenciosa Intimação para indicar bensCertidão de fatos

Liquidação antecipada de passivosUtilização de meios ruinosos ou fraudulentosFraude a credores ou retardo em pagamentosTrespasse irregularTransferência de local de estabelecimentoReforço de garantiaAbandono de estabelecimentoDescumprimento de Plano de Recuperação

Fixação do termo legal da falência (máximo 90 dias);Condenação as dívidas não vencidas;Condenação as dívidas vencidas;Lançamento de gravame sobre os bens impedindo alienação;

Sentença que decreta a falência Determinação ao falido para que apresente relação de credoresSuspende todas as ações ou execuções contra o falido (exceto trabalhista e executiva tributária);Proíbe qualquer oneração dos bens do falido; Poderá ser decretada a prisão do falido ou de seus administradores Determina a anotação da Junta Comercial da condição de falidoNomeação de administrador judicial;Expedição de oficia a repartições públicas para obter informações de bens e direitos do falidoDetermina a continuação provisória das atividades empresariais pelo administrado judicial ou a lacração dos estabelecimentosInforma o Poder público da falência

3.2 Fase falimentar

apuração dos ativosFase falimentar habilitação dos credores

deliberações quanto à forma de realização dos ativos

Classificação dos credores

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* Fiscal = não submissão processual ao direito concursal, mas submissão ao direito material concursal.Sem suspensão da ação e da prescrição. Penhora anterior a declaração de falência = resultado do praciamento dirigido ao juízo falimentar (1ª Seção do STJ).

3 Massa falida: universalidade de direito.

Massa falidaSubjetiva Objetiva

Instituído com a homologação do quadro de Instituída com a arrecadação.

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credores.Conjunto de credores reunidos com o objetivo de

receber os valores apurados com o ativo.Todos os bens e direitos da sociedade falida, que

se sujeitarão à venda para pagamento dos credores.

A massa falida objetiva é administrada pelo AdministradorJudicial.Na posse e pertencentes à Empresa

Bens Na posse e não pertencentes à Empresa Administrador judicial apreende Livros Produto da venda de bens penhorados

Documentos

Arrecadado os bens estes serão avaliados e os ativos alienados (realizados):

Ordem de realização de ativos:

1 - Alienação em bloco da empresa, abrangendo todos os estabelecimentos;2 - Alienação da empresa, com venda de suas filiais ou unidades produtivas de forma separada;3 - Alienação em bloco dos bens que integram os estabelecimentos do devedor;4 - Alienação de bens de forma individualizada.

Pode haver combinações entre as formas de realização de ativos.Podem ser criadas formas alternativas de realização de ativos.

Os bens adquiridos estão livres de qualquer obrigação contraída pelo falido salvo se o adquirente for acionista ou familiar de sócios do falido.

EletrônicoLeilão, por lances orais Iniciativa particular (Assembleia Geral de Credores)

Venda Propostas fechadasPregão

Quem é o falido?

O réu no processo de falênciaFalido O autor na autofalência

O autor da recuperação de empresa fracassada

Extensão da falência

Sócios com responsabilidade ilimitada (Sociedade comum, nome coletivo e comandita simples).

Falido Sócios com responsabilidade Ltda ou S/A desde que controladores, ou administradores, ou sócio administrador (quando apurada responsabilidade em ação própria).desconsideração da personalidade jurídica (Administradores).Empresário indireto (laranja)Empresário individual e EIRELI

3.3 Fase pós familimentar

Sentença judicial que declara a reabilitação do falido, que é a declaração de extinção das responsabilidades civis do devedor falido, por quitação ou prescrição das obrigações; e, havendo crime de falência, após 5 anos da extinção da punibilidade.

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4 Liquidação extrajudicial

Instituições financeiras (Banco Central) Lei 6.024/74Liquidação Consórcios (Banco Central) Decreto-Lei nº 261/67

Plano de saúde (ANS – Agência Nacional de Saúde) Lei 9.656/98Seguradora (SUSEP – Superintendência de Seguros Privados) Decreto-Lei nº 73/66Previdência privada aberta (Banco Central) Lei Complementar 109/2001Previdência privada fechada (Previc – superintendência Nacional de Previdência complementar) Lei 12.154/09Aviação Comercial (ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil) Lei 7.565/86

A quebra destas instituições gera um grande impacto ao mercado consumidor.

Quem irá conduzir os atos relativos à intervenção e liquidação das empresas serão os órgãos fiscalizadores e não o juízo falimentar.

Intervenção

O procedimento de intervenção tem como finalidade a superação da crise enfrentada por empresas sujeitas a liquidação extrajudicial.

Decretação por ofício ou a requerimento da própria instituiçãoNatureza cautelar

Intervenção Sustar práticas irregularesAfastar risco patrimonialNormalização dos negócios

Prejuízo da Instituição, decorrente da má administração que cause riscos aos seus credores.

Hipóteses de intervenção Prática reiterada de infrações a lei ou a regulamentosNão pagamento de obrigação líquida materializada em título protestado + 40SM Executado em quantia liquida não paga, não garante e não nomeia bens a penhora

suspensão da exigibilidade das obrigações vencidasEfeitos suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas anteriormente contraídas

inexigibilidade de depósitos já existentes à data da sua decretação

Gerir ativo, sem poder de disposiçãoNomeação de interventor para Gerir passivo, sem poder de disposição

Levantar balanço e inventários de todos os livros, documentos, dinheiro e bens da entidade

A intervenção possui prazo máximo de 6 meses podendo ser prorrogada pelo mesmo prazo apenas uma vez a critério do ente fiscalizador.

Trabalho do interventor nos primeiros 60 dias (prorrogável) é apresentar relatório contendo:1- situação econômico-financeira da instituição;2- indicação dos atos e omissões danosos verificados;3- proposta das providências que deverão ser adotadas para a superação da crise

Apresentado o relatório este será dirigido ao ente fiscalizador.

cassação da intervençãoEnte fiscalizador manutenção da intervenção

decretação da liquidação extrajudicial