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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012 Transcrição das Conversas individuais No 02 – Ana Maciel e Lígia conversam com Tarcísio TRANSCRIÇÃO DA CONVERSA INDIVIDUAL RESIDÊNCIA E QUITINETES DO TARCÍSIO Rua Nossa Senhora Aparecida, 35, Vila das Antenas Morro das Pedras, BH 3297-2057 / 9355-5695 N O 02 26/09/2 011 Entrevistado Tarcísio, aproximadamente 50 anos, porteiro no bairro Gutierrez, autoprodutor e autoconstrutor na Vila das Antenas. Data da entrevista 26 setembro 2011 Entrevistadores Ana Paula Maciel, [email protected], 9321 3156 Bárbara Alves Olyntho, [email protected], 8812-3214 Lígia Milagres, [email protected], 9681 7502 Data da transcrição Janeiro 2012 Responsável pela transcrição Patrícia Nardini, [email protected], 8479 0981 Revisão da transcrição Priscilla Nogueira Materiais complementares fotos + áudio + relato 1

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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012Transcrição das Conversas individuais No 02 – Ana Maciel e Lígia conversam com Tarcísio

TRANSCRIÇÃO DA CONVERSA INDIVIDUAL

RESIDÊNCIA E QUITINETES DO TARCÍSIO

Rua Nossa Senhora Aparecida, 35, Vila das AntenasMorro das Pedras, BH3297-2057 / 9355-5695

NO 02 26/09/2011

Entrevistado

Tarcísio, aproximadamente 50 anos, porteiro no bairro Gutierrez, autoprodutor e autoconstrutor na Vila das Antenas.

Data da entrevista

26 setembro 2011

Entrevistadores

Ana Paula Maciel, [email protected], 9321 3156

Bárbara Alves Olyntho, [email protected], 8812-3214

Lígia Milagres, [email protected], 9681 7502

Data da transcrição

Janeiro 2012

Responsável pela transcrição

Patrícia Nardini, [email protected], 8479 0981

Revisão da transcrição

Priscilla Nogueira

Materiais complementares

fotos + áudio + relato

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LOCALIZAÇÃO

FIGURA 01 – Mapa de localização da casa do Tarcísio e das quitinetesFonte: Google Maps, 2011. Montagem: Grupo MOM.

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IMAGENS

FIGURA 02 – Planta das quitinetes e da casa do TarcísioFonte: Grupo MOM, 2011.

FIGURA 03 – Planta do segundo pavimento das quitinetesFonte: Grupo MOM, 2011.

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FIGURA 04 – Foto 1: Acesso casa Tarcísio (à esquerda) e quitinetes (à direita)Fonte: Grupo MOM, 2011.

FIGURA 05 – Foto 2: Corredor de acesso à casa de Tarcísio ao fundo das quitinetes

Fonte: Grupo MOM, 2011.

FIGURA 06 – Foto 3: Corredor de acesso às quitinetes, de frente para as janelas dos vizinhos

Fonte: Grupo MOM, 2011.

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FIGURA 07 – Em vermelho, acesso para o segundo pavimento, a ser construído futuramenteFonte: Grupo MOM, 2011.

FIGURA 08 – Acréscimo de laje no segundo pavimento da quitinete

Fonte: Grupo MOM, 2011.

FIGURA 09 – Tarcísio com seu metro improvisadoFonte: Grupo MOM, 2011.

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Bucha MOM, 01/17/12,
Vendo a foto: esse restinho de vigota está em balanço?
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TRANSCRIÇÃO

Ana: Então, só pra poder registrar, hoje é dia 26 setembro estamos com o Tarcísio... É a mesma coisa que estávamos conversando Tarcísio, você estava explicando como você veio pra cá, você adquiriu a casa de um conhecido?

Tarcísio: Foi de um parente, através de compra. A gente comprou, dividiu... o tempo você não me pergunta que eu não me lembro mais. Aí, com sacrifício danado nós pagamos, nós tentamos melhorar, por isso que está nisso que esta hoje. E foi por aí.

Foram reformando?

De uma certa forma reforma, pra todo o efeito reforma.

Era uma casa antiga?

Não, essa aqui até que não era antiga não, era nova. Mas só que a pessoa que construiu não sabia, curioso. Ela ficou toda fora de sintonia, mas depois foi reformando. A outra não, a outra já foi toda demolida. [fig.2]

A casa que você já falou, mas só pra gente registrar, não tem nenhum espaço compartilhado com os vizinhos, né? Nem acesso, nem nada, ninguém tem que passar por aqui pra ir...

Não, é toda independente.

Falando da casa, propriamente dita, o que você mais gosta, da sua casa aqui?

Da casa em si?!

Pode falar qualquer coisa.

Qualquer coisa? A localidade é boa, a casa em si porque isso daqui tem suor, sangue e lágrima né... Por aí...

Tem alguma solução que você bolou aqui, na hora que você dividiu, você falou “ah! ficou muito bom!”, ou um banheiro que você pensou diferente?

Nessa casa não mudamos nada nela, do jeitinho que nós compramos ficou. Só algumas portas, que a gente chegou um pouquinho pra lá, um pouquinho pra cá. Por exemplo, uma porta que tá no meio vai ocupar uma parede de três metros, se você coloca a porta de um metro no meio você vai ficar com três metros perdidos, porque praticamente de um lado você não faz nada e no outro também não. A entrada tem que ficar ou de um lado ou do outro, assim você ganha dois, perde um e ganha dois. Então o que eu fiz foi isso. Com a janela é a mesma coisa. Janela igual essa aqui, ela era no meio, chegamos para o canto para ganhar espaço.

Para mexer com o móvel de um jeito melhor.

Mexer com os móveis de um jeito melhor, exatamente por isso.

E o que você não gosta?

O que eu não gosto? ... Eu não gosto da estrutura dela, como eu já falei eu deveria ter derrubado e feito outra estrutura porque né, sem sombra de dúvida...

Incomodam aquelas infiltrações que você falou né?

Também.

Você tem planos pra melhorar, pra ampliar, pra mexer com a casa no futuro?

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Bucha MOM, 01/17/12,
‘também’ = as infiltrações. Então o que o incomoda principalmente na estrutura da casa? Não ficou claro se é porque ela é magrela, se é porque foi mal feita. Talvez ele tenha explicado antes de começar a gravação. Quando isso acontecer, é interessante que compareça, por exemplo, numa nota de rodapé.
Bucha MOM, 01/17/12,
Temos que tomar cuidado pra não sair fazendo afirmações antes da pessoa completar o raciocínio dela. Aqui, tive a impressão que ele só confirmou o que a Ana disse antes. As pessoas tendem a sempre concordar. É como se concordar fosse o esperado do entrevistado, como se isso fosse bom! Alem disso, quando o entrevistador se precipita na fala, o entrevistado não tem nem tempo de refletir. A maioria deles nunca parou para pensar nessas coisas que estamos perguntando.
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Com a casa em si não, mas provavelmente pra acrescentar mais alguma coisa.

Pra aluguel ou coisa assim?

É, pra aluguel.

Você tem mais ou menos uma noção de quando vai fazer isso?

Ah... daqui um ano mais ou menos no máximo, acabar de pagar uma pra fazer a outra se não eu vou acumular dívida.

Aquela do lado? Bom, podíamos contar um pouco da experiência daquela casa. Você está falando agora da sua casa, você fez essa e depois fez aquela outra. [fig.2 e 3] Você podia contar um pouco da experiência daquela outra, você teve alguma dificuldade com aquela casa? Ficou como você esperava? Como é que foi o processo de “fazeção” daquelas quitinetes?

Ficou mais ou menos tudo dentro do espírito, até porque foi tudo muito planejado. Aquilo eu planejei, me custou muitas e muitas noites de sono planejando aquele negócio e calculando. Ali foi conta. Tivemos que fazer três mais dois serem cinco iguais, ali teve fazer isso, porque pobre pra construir têm que ter três coisas básicas: força de vontade, força de vontade e [ignorância] (04:57). Porque se não, não faz (risos). Ficar esperando acontecer... Não acontece nada, do céu só cai água. Praticamente foi isso, não saiu tanta coisa assim do que nós imaginávamos não.

Ficou conforme planejado?

Mais ou menos, só que a gente consegue calcular nunca é valores, porque sempre vai ultrapassar. A não ser que tenha muito.

Ultrapassou muito que você tinha pensado?

Ultrapassou, ultrapassou muito muito muito mesmo. Ultrapassou mais de 100%.

Mas mesmo assim continua compensando?

Continua, compensa. Sempre compensa.

Você fez lá pra aluguel?

Única e exclusivamente pra aluguel. Só pra isso.

E sobre as pessoas que te ajudaram na construção? Os pedreiros? Como foi essa relação, são pessoas daqui?

Pessoas daqui. Todos daqui, todo mundo que me ajudava lá, mesmo aquele que me ajudou a pegar uma pedra, aquele que começou e teve um filho, aquele rapaz que foi muito leal a mim, ele era pedreiro no caso, meu irmão, Zé Celso são os dois que mais contribuíram e mais me ajudaram, são todos daqui.

E o material de construção, de onde que vem?

O material também foi praticamente todo tirado daqui também. 90% foi comprado em dois depósitos, são: um daqui (06:21) na vila mesmo e o outro foi ali embaixo ali na vila também (06:23). Teve dificuldade pra trazer pra cá?

Não, até que não, mas não pode trazer muito material porque senão não tem aonde colocar. Tem que trazer conforme for gastando. Tijolo é um negócio que ocupa muito espaço, tem que trazer aos poucos, conforme vai usando vai trazendo. Areia também, esse tipo de coisa tem que ser conforme vai trazendo. Cimento não pode trazer muito senão perde.

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Bucha MOM, 19/01/12,
Será que ele conhece o Construcard? Será que ele pegou algum tipo de financiamento? Como ele pagou tudo isso?
Bucha MOM, 17/01/12,
Por que esse povo ajudou ele? Gratidão? Débito? Camaradagem?
Bucha MOM, 01/19/12,
Gente, quero saber quanto que custa morar lá! O que compensa? Por que compensa? Qual é a sua lógica comercial?
Bucha MOM, 01/19/12,
O fato de ter ultrapassado mais de 100% não quer dizer muito, se não sabemos quanto que a coisa custou de verdade. Queria muito saber quanto (R$) ele havia previsto e quanto ele gastou de verdade. Será que dobrou mesmo? O que é caro (ou barato) para eles?
Bucha MOM, 17/01/12,
Em situações assim, eu acho que é melhor perguntar objetivamente, sem dar chance pra pessoa responder sim ou não. Em vez de “Ficou conforme planejado?”, talvez fosse melhor perguntar “o que ficou conforme planejado e o que não ficou?”. Pedir pra citar 3 ou 4 itens é bom também. Parece escolinha, mas acho que ajuda as pessoas a organizar o pensamento.
Bucha MOM, 01/19/12,
Por quanto ele aluga cada unidade? Quem são os locatários? Há muita rotatividade? Quando e por que ele teve essa idéia? Ele copiou de alguém? Como ele tinha essa área? Foi herança, ele comprou? Como ele teve acesso a essa terra?
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A gente falou sobre a casa, e sobre espaço fora da casa? A rua, o quintal, as coisas que tem aqui de fora. O que você gosta? Por exemplo, você acha ele seguro, você acha ele bom por quê?

O espaço em si da casa?

De fora da casa.

Acho seguro...

Mas, além disso, tem alguma coisa que você acha boa de tá aqui?

O bom de tá aqui é porque é perto de tudo e de todos. Creio que isso. Falta coisa do poder público que não chega. Isso aí é algo notório em toda favela, não só nessa, em todas, né?

Isso é uma coisa que você acha ruim?

Também, porque o poder público tinha que começar com a polícia mais, né? Mas aqui é só isso, o resto... Hoje nem tanto, mas já foi pior, hoje pelo que tudo indica, (_07:54) está tudo muito seguro.

Tem alguma coisa que você gostaria de melhorar, da parte de fora da sua casa, na rua, nas partes que todo mundo usa? O que você acha que tem pra melhorar?

Ah! Tem muita coisa pra melhorar. Pra comunidade: escola, posto de saúde, tudo né. Não tem. E pra mim, pra mim em si.... Ah pra mim não, não espero nada de ninguém não. Esse negócio... É só eu, um menino e minha esposa só.

Você não tem filhos não?

Tenho, mas meu filho já está independente.

Eu pergunto mais com relação ao espaço mais imediato. Tem lugar pra sentar, pra você ficar e conversar com seus vizinhos, sabe assim?

Não tem.

Isso faz falta?

Não, creio que não.

Tem outros jeitos de sociabilizar? De conversar...

Tem.

Na rua mesmo e tal....

Na rua mesmo.

Esses espaços também que todo mundo usa, uma área verde que tem algum lugar, por exemplo, essa quadra? Isso...?

Nesse sentido que você está falando aí, lazer, esse tipo de coisa, só tem a quadra, não tem mais nada.

Quem que cuida da quadra, quem que varre?

Antigamente a comunidade mesmo que usava, as mesmas pessoas que iam jogar bola, que usavam. Hoje tem uma menina daqui que faz o serviço (barulho 9:23) E as crianças?

Ficam por aí...

E você acha, por exemplo, a quadra, que é um espaço que todo mundo usa e você lembrou aí, ele é usado só pelas pessoas daqui de perto ou vem gente de tudo quanto é lugar aqui da vila?

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Bucha MOM, 19/01/12,
Aqui seria melhor perguntar “onde?” do que já afirmar “na rua mesmo”...
Bucha MOM, 01/19/12,
Desde quando ele mora lá? Quando o filho era pequeno as coisas eram diferentes? Como era o dia-a-dia há x anos atrás? Por que mudou? O que ele sentia falta quando o filho era pequeno?
Bucha MOM, 01/19/12,
Como assim? O quê ou quem é tudo?
Bucha MOM, 01/19/12,
O que já foi pior? Será que era problema do tráfico? Essa coisa da violência ou da intimidação em nenhum momento aparece.
Bucha MOM, 01/17/12,
Outro exemplo de reafirmação do discurso do entrevistador.
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Não, não. Daqui sim, mas tem várias quadras aqui, né? Então, praticamente é quase só o pessoal que vive mais próximo.

E sobre essa intervenção que aconteceu aqui da prefeitura? Qual é a sua opinião sobre isso?

É um negócio que é necessário. Eu até acompanhei desde o início, tentaram me colocar nesse meio também pra fazer parte do pessoal de apoio, sei lá como se chamam eles. Eu tinha ouvido falar, (_10:30) não concordei muito com aquilo, então eu acho que é necessário, mas é um negócio que me parece que não vai sair nunca.

Com relação as remoções? Como você vê isso? O que você conta sobre isso?

Ah, as remoções é um negócio que é muito complicado. Um quer sair, dois não querem, três querem, quatro não querem, e vai (risos). É complicado, é um negócio que é complicado, tirar uma pessoa que vive cinquenta, sessenta anos de um lugar que é praticamente central, que tem tudo. Você empurra essa pessoa lá para a periferia? Só sabe lá Deus onde. Sendo que ela as vezes só vai ficar lá dois dias durante a semana.

É, a localização conta muito, né?

Conta, ele vai ficar o quê? Vai ficar o dia pra trabalhar e a noite pra ele andar pra chegar do serviço dele. É complicado, esse negocio de remoção, sempre removido vão trazer problema. Não só aqui, de qualquer lugar.

Gente, (perguntando para os entrevistadores) vocês têm mais alguma coisa pra falar?Sobre o que você estava falando do grupo da prefeitura. Eles te chamaram pra fazer parte daquele grupo de referência?

Vários (risos), já me chamou demais.

Isso ao longo de muitos anos?

Desde que eles começaram a mexer com esse tipo de coisa aqui.

Entendi, e como que eles falam assim com você? O que eles te falam pra ver se você entra nesse grupo? Como que a prefeitura...

Não, foi a prefeitura não, foi mais o pessoal da comunidade. Cada um cria um tipo de coisa né. Uns criam vínculo, vamos supor com o limão, às vezes tem demais aqui, e vão pra um lugar que não pode ter, sei lá (mais de uma pessoa falando ao mesmo tempo 12:22). Outros plantam, tem um pé de planta, por exemplo, um pé de jaca. Aquele pé de jaca tem o que, uns quarenta, cinquenta anos, como você vai fazer? Aí vai. Outro tem um espaço grande, e tem certeza que vai perder aquilo, também é outro problema, Outro não tem espaço nenhum e talvez a quantidade, que aquele valor que for indenizado, talvez pra ele vai ser um valor muito irrisório, vai dar pra fazer praticamente nada. Igual, já tem vários e vários que foram e já estão voltando. Eu tenho aluguel aqui eu sei, vejo esse filme todo dia.

O pessoal que está procurando é o pessoal que morava aqui?

Pessoas que moravam aqui estão voltando, porque vão pra um lugar muito longe e cai naquele negocio lá, tem o dia pra trabalhar e a noite que não dá.

Não funcionou a vida do jeito que funcionava, né?

E a relação com os vizinhos, isso também deve fazer diferença, como que funciona? A pessoa sai. Porque a Romênia comentou muito que na rua dela ela perdeu um monte de vizinhos que ela tinha contato, confiava, cuidava dos meninos.

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Bucha MOM, 17/01/12,
Melhor deixar o cara falar se faz diferença pra ele ou não. Melhor não afirmar nada com antecedência.
Bucha MOM, 19/01/12,
Acho que se duas pessoas forem entrevistar, um não pode fazer uma pergunta antes do entrevistador responder à pergunta anterior, principalmente quando for de outro entrevistador.
Bucha MOM, 01/19/12,
Não entendi quem é esse povo. Qual a ligação deles com a prefeitura?
Bucha MOM, 01/17/12,
Quem chamou? Urbel?
Bucha MOM, 01/17/12,
Gostei do jeito simples que ele coloca a questão – a pessoa demora mais tempo pra deslocar do que ficando em casa.
Bucha MOM, 01/19/12,
O que ele chama de aquilo? A dinâmica, as pessoas, o jeito ?
Bucha MOM, 01/17/12,
Ele diz que o convidaram para ser pessoal de apoio. Quem convidou? Ele foi? Não foi? Desistiu? Por que?
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Porque no lugar dela lá no caso já foi removido, no meu caso, eu ainda não tive esse problema ainda, porque, por enquanto, ainda não foi, mas eu vou ter problema, nesse sentido eu vou ter problemas, inclusive os vizinhos que vão sair são vizinhos muito bons. Tem pessoas que tem longos anos que moram aqui.

E você acha que tem alguma possibilidade? O pessoal fala em reunir pra tentar não ser removido, tentar brigar por isso?

Já fizeram isso já, inclusive o Ministério Público (_13:58) está aqui. Mas tem lugar que infelizmente é necessário que tire, por exemplo, debaixo da rede da CEMIG é um lugar que é de alto risco né. Ou tiram ou um dia vai morrer muita gente.

Já morreu?

Já.

Você tem algum caso pra contar deles?

Não, o mais próximo que a gente sabe foi uma menina que morreu ali em cima, ali na Vila do Castelo (_14:35) passou na televisão e tudo.

Aqui, além disso, desses episódios de estar embaixo da antena e morrer gente. Já teve algum desabamento, alguma laje caiu ou pessoas morreram por causa de coisa de construção da casa?

Não, nesse sentido não. Daqui do nosso setor aqui de cima aqui da comunidade nunca teve isso não.

A gente conversou com algumas pessoas que tinham certo receio de fazer laje. Elas preferiam colocar uma cobertura solta porque tinham medo da laje cair. Você acha que isso acontece aqui?

Olha, acontecer acontece. Porque depende da estrutura que você vai fazer pra colocar sua laje.

É, porque conta com laje.

Primeiro você vai ter que investir muito e muito na estrutura porque tudo depende da estrutura, inclusive nós, nós sem os nossos pés não conseguiríamos ficar em pé.

Essa coisa que você tinha contado pra gente dos problemas de infiltração na parede que muitas vezes vem de outras casas por falta de cuidado da pessoa com as águas e tudo. Dá um exemplo pra gente, só pra gente saber concretamente, um exemplo de um vizinho que tem um encanamento que não tá bem colocado, como é que é?

Isso ai é muito complexo, porque a gente não sabe nem de onde é que vem, porque o exemplo que a gente tem é quando eu fui fazer isso aqui e a gente furava o tubulão e cercava dois metros praticamente sai água e embaixo tem um... Ali é como se fosse uma teia de aranha de tanto buraco de rato que tem debaixo do subsolo... aqui então, não tem jeito, a água vai acumulando pra todos os lados ali.

Vocês tem algum combinado, entre vocês vizinhos, quando é pra acomodar a água de chuva, na rua? Um jeito de arrumar a água pra ela não cair dentro das casas, um jeito de direcionar a água? Como é que vocês fazem aqui, na rua?

Na rua? Na rua, cada um tem que se virar do seu jeito, quem for construir, já tem que construir de um jeito que a água não ultrapasse, porque se não...

Mas cada um cuida do seu espaço?

Cada um cuida do seu espaço.

Vocês não pensam junto uma solução?

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Bucha MOM, 01/19/12,
Se não o que? A Ligia cortou perguntando se cada um cuida do seu espaço.
Bucha MOM, 17/01/12,
Três perguntas em seguida é muito. Seria melhor fazer uma de cada vez.
Bucha MOM, 01/19/12,
Aqui seria um bom momento pra indagar sobre o tipo de solos do local, como as pessoas lidam com isso, os tipos de fundação mais comuns, se tem água ou se tem muito matacão. Inclusive ele atribui à fundação a solidez da construção. Tem uma incoerência aqui. Primeiro: a fundação depende do tipo do solo e alem disso, o arranjo da estrutura é que vai dar estabilidade ao conjunto. A construção pode até ter uma boa fundação, mas faltar cintamento, por exemplo, a construção igualmente pode correr riscos.
Bucha MOM, 01/19/12,
Boa pega. A Ana aproveitou a deixa das mortes por causa dos fios de alta tensão para abordar as mortes por queda de laje.
Bucha MOM, 01/19/12,
Eu “truco”. Quantas pessoas??? O medo serve pra criar realidades falsas.
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Não, não tem como pensar porque um constrói hoje, o outro vai construir daqui a cinco anos, dez anos, então, assim não tem como fazer esse tipo de acordo. Tem uns que às vezes nem tem condição de construir. Não falo nunca, porque o nunca, nunca existe, né?

E sobre negociação com o vizinho? Por exemplo, você tem uma janela aberta para a casa do vizinho, isso foi uma coisa negociada? Isso é uma coisa natural de vocês, como foi isso?

Não, isso sempre dá problema, sempre deu e sempre vai dar, nunca vai acabar esse ciclo de problema, porque de repente uns acham que têm que construir, que tem uma janela do lado dele, que precisa de uma janela porque não tem espaço, e que o único espaço que eu tenho que abrir essa janela é ali, e não é assim. Cada um tem que criar o seu espaço. Não é invadindo o espaço dos outros que você vai conseguir alguma coisa, em benefício próprio. Você tem que construir o seu benefício. E isso sempre vai ter e sempre terá. Por exemplo, se você for construir uma casa, você tem um espaço de três metros pra abrir janela para o lado vizinho, tem que fazer com dois metros e meio e deixar meio metro pro meu lado porque aí eu não estou prejudicando ele, a janela vai ficar do lado dele, mas vai ficar dentro daquilo que é meu. Aí...isso sempre tem.

Mas no seu caso você teve muito problema?

Já tive probleminhas já, porque quando na casa aqui na beira tem esse problema porque eu tive que fazer ela virada pra cá.

Acho que você está falando é a que enxerga muito lá em...

Lá em cima. A de lá eu tive que fazer a frente virada pra cá, só que eu ia ter que colar a minha parede na parede da Regina e aí eu ia matar a janela dela todas. [fig.4.]

Por causa da altura?

Por causa da altura, também porque ela tem janela embaixo e em cima. Ela tem muita janela virada pro meu lado. Ela deve ter umas seis janelas viradas pro meu lado. Se eu levantasse uma parede paralela, com a parede dela lá, ela ia perder espaço (_19:06).Então você recuou um pouco?

Recuei, recuei pra cá.

Perdeu um espação seu...

Perdi espaço. A parte que eu ia ganhar pra cá que ia dar mais claridade.

Então antes da circulação de lá ia ser...

Aquela circulação ia ser feita por isso aqui. Eu ia ficar com um espaço grande. Mas ia prejudicá-la tanto que eu fiz isso. Sacrifiquei uma parte do meu bem-estar pra passar pra eles. [fig.5]

Você falou que quando foi pensar na sua construção aqui do lado você pensou tudo na cabeça e fez, né? Você trocou uma ideia com as pessoas que estavam te ajudando na construção ou foi uma coisa sua mesmo? Você explicou pra ele e você coordenou o projeto e falou “a ideia é essa, vai fazer assim assado” ou foi uma conversa com eles e eles deram ideia e tal?

Esse negócio praticamente foi só eu, e meu irmão que tem a ver um pouco . O pedreiro, quando ele bateu a primeira laje ele não entendia nada ainda, eu tinha que estar perto dele pra mostrar o que eu queria que fizesse, aí mandava nele “Você entendeu alguma coisa?” “Não”. Ninguém entendeu nada praticamente, só depois que fez a parte debaixo, que ficou praticamente já do jeito, que eles passaram a entender.

Você que definiu, falou “essa altura aqui é de 3 metros”...?

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Não, a altura já é padrão, os pedreiros todos, pelos menos que eu fui chamar já praticamente usam essa altura.

É padrão? É, porque a da Dona Mirtes também é uma altura por aí.

É essa altura já é padrão, mas o resto basicamente fui eu mesmo.

E você faz muitas escadas aqui?

Tarcísio: Não, só fiz aquela.

Só aquela? E que você acha que a da Romênia tem um jeito fácil de fazer? (risos)

(risos) Fácil não, mas dá pra fazer.

Bom, uma pergunta que eu fiquei querendo fazer. Quando a Ana perguntou se vocês usam os bancos aqui na rua pra sentar com os vizinhos e tudo, você falou que não, que não usa tanto aqui. Quando você vai encontrar com pessoas daqui mesmo, vai juntar com conhecidos seus, quais são os lugares que vocês usam na vila?

Tarcísio: Da vila em si não tem lugar nenhum pra ir.

Lígia: Bar?

Não, não sou de bar (breve interrupção, alguém chegou) Você estava contando da cobertura, que era uma laje e tal. Você tem problema com chuva, alguma goteira ou coisa assim?

Não, a minha casa ficou muito bem impermeabilizada. Coloquei manta asfáltica em cima, por dentro, um monte de coisa, então já, já... Mas eu já tive, quando eu fui bater a laje de lá eu tive problema. A de lá primeira laje vazou pra caramba, a segunda já não vazou, mas já estava também impermeabilizada com manta asfáltica.

O pessoal daqui te procura muito pra você ajudar com essas dicas. Porque nem sempre tomam esses cuidados, né?

Não, não tomam, eu sempre acredito que quem vai perguntando um pro outro aí na rua pra colocar porque cada um tem um modo de pensar, uns dizem que a manta não é boa, outros dizem que o telhado que não é bom, e aí vai.

Pra você funciona muito bem, né? Pelo menos a gente não está vendo nenhum problema de infiltração, pelo menos do teto, você tem esse problema do chão.

É, no chão porque o chão, não dá solo, não tem como, mas no teto nunca tive problema não.

Tem algum problema que não tem na sua casa, mas que você já viu acontecer na casa dos outros?

Problema? Ah, que eu estou lembrado, assim não. Problemas sempre vão ter, vários e vários e vários e vários. O que eu sei de mais grave não tem não. Os problemas que tem mais é casa que cai o telhado porque as telhas não são presas e por conta das tempestades muito forte geralmente levam tudo.

É por isso que o povo não faz casa de telha?

No meu caso é. Porque não oferece muita segurança. Primeiro tem essa coisa, quem tem a condição de melhorar faz um telhado bom, pra não ter como o vento tirar, mas a maioria tem aqui tem colocado é peso em cima das telhas.

Põe pedra...

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Bucha MOM, 01/17/12,
Será que aqui não valeria a pena argumentar com o modo de se fazer o telhado? Por exemplo: “mas e se fosse feita uma estrutura mais forte pra segurar o telhado, será que não adiantaria?” Eu fico achando que as pessoas não sabem montar o telhado, ou não compram a estrutura pelo custo.
Bucha MOM, 17/01/12,
Uma coisa é impermeabilizar com a manta. Outra coisa é proteger a manta. Talvez as pessoas até usem muito manta asfáltica ou outro material (como os que a gente viu no depósito do avô do Marcos), mas não a protegem mecanicamente. O tempo passa e a manta rompe = DESPERDÍCIO TOTAL.
Bucha MOM, 01/17/12,
Será que ele protegeu a manta? Isso virou um problema na Eliane(Preta). Ela não protegeu a manta, a manta se rompeu e um monte de goteiras apareceram.
Bucha MOM, 01/17/12,
Aqui valeria a pena perguntar “como”? “Como você faria?”
Bucha MOM, 01/17/12,
Padrão de quem? Onde ele aprendeu isso? Da onde vem essa medida? Aqui dava pra prolongar mais sobre o assunto da padronização do pé –direito.
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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012Transcrição das Conversas individuais No 02 – Ana Maciel e Lígia conversam com Tarcísio

Pedra, a telha fica toda solta, inclusive se na chuva cai qualquer pedrazinha vai embora tudo.

Só uma coisa que eu estava lembrando, quando a gente estava conversando antes de gravar, e eu acho legal contar um pouco, sobre esse processo de planejamento da obra e de como as coisas vão aparecendo ao longo da construção mesmo e a gente vai vendo que é melhor puxar ali um pedaço em cima da escada, que dá pra fazer um pedacinho maior do quarto. Como que isso acontece. Você não chega a traçar nada no papel, você bola, já sabe as medidas? Como que funciona?

No meu caso, eu planejei aquele negócio da minha cabeça e de repente a gente ia executá-lo e naquele período de execução aí eu planejava de um jeito, aí a gente ia e media, talvez a gente chegava até a construir, mas aí via que dava pra melhorar, chega pra aqui, chega pra ali e foi desse jeito. Durante a execução que a gente achou tinha esse tipo de problema às vezes.

Você desfazia às vezes uma parede, e não ficou tão bom e aí você mexeu?

Não, porque pra desfazer não tinha que desfazer nem uma não, perdeu, tem umas que perdeu.

Tá, você tinha pensado de um jeito, você mudou pra outro jeito.

Não, o negócio era pra sair de um jeito e os caras mediram errado.

O que foi mesmo?

Foi uma parede que a gente fez lá, uma parede de bloco, que ficou perdida, em vez de sair com uma medida x, não saía, ela saía completamente desviada. A medida ia sair, por exemplo lá na rua, com um metro e trinta, um metro e meio mais ou menos, ela ia sair colada na parede da vizinha, 20cm mais pra dentro. Aí perdeu, perdeu inclusive uma parede pronta lá, só ficou uma parte de fundação. O problema maior que a gente teve foi esse, no comecinho.

Mexer na fundação pra poder por a parede em outro lugar.

Mexer na fundação, mas no mais não teve um problema assim maior.

E como que é quando você está com um plano na sua cabeça, aí você chama as pessoas que normalmente te ajudam: esse pedreiro, seu irmão. E, você senta com eles, conta mais ou menos a ideia, eles também colocam alguma ideia de algo que eles já fizeram? Como é que é?

Também, é mais ou menos por aí. No meu caso eu fiquei com parte teórica. A parte teórica e a parte prática não vai bater nunca né? É muito difícil de bater essas duas partes junto, então eu tenho que entrar no espaço, eu tenho que explicar e eles também explicar, porque não vai dar.Ah! Aí você muda a idéia...

Eu mudo a ideia...

É muito flexível, né?

É, tem que ter flexibilidade, que se não tiver não dá certo. A parte teórica é muito fácil, mas a prática...

É outra história né? (risos) Então, se você fosse fazer esse mesmo empreendimento em outro terreno você mudaria algumas coisas baseadas nessa prática?

Baseado nisso eu não mudaria não, ia continuar assim mesmo.

É, mas essas coisas da prática você...?

Da prática alguma coisinha que a gente errou. Na hora que a gente vai ver se dá certo, então eu posso melhorar, sempre tem jeito de melhorar, então é fazer isso, simplificar às vezes. E você não vai falar nada não? (Perguntando para Bárbara)

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Bucha MOM, 01/17/12,
Eu queria entender por que ele acha que “nunca bate”. Isso acaba se naturalizando... e acho que a gente tem que puxar das pessoas os porquês das coisas. Pode não servir pra muita coisa na hora, mas quem sabe a pessoa começa a pensar sobre isso por conta própria. Numa próxima conversa, é algo pra se perguntar de novo...
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GRUPO MOM - PESQUISA MTS/FINEP 2011-2012Transcrição das Conversas individuais No 05 – Leonardo e Priscilla conversam com Nilberto

Eu estou caladinha (risos). Uma pergunta, só pra ver se eu entendi direito. A Lígia perguntou como é a relação com espaço do lado de fora da casa, se tem algum banco. Pelo que eu entendi a vida ocorre mais dentro da casa.

Dentro da casa.

Vocês não sentem falta de uma praça ou alguma coisa do tipo assim, pra você está bom do jeito que tá?

Não, tá ótimo assim, tá ótimo.

O máximo então é na quadra? É que tem mais encontro de pessoas?

É, pra quem gosta tem boteco, né? Vão pro boteco. Pra quem gosta, eu não gosto, não faz muito meu gênero né, então meu negócio mesmo é casa, meu negócio é mais fechadinho mesmo, só entre as paredes. Boteco não é comigo não, nem a quadra também.

Você costuma chamar gente pra cá, pra fazer alguma coisa, ou você fica mais reservado, mais na sua?

Eu sou muito reservado, sou muito reservado, fico mais sozinho.

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