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FATEBRA FACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL “Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional” Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB www.fatebra.com.br APOSTILA – 27 ESTUDOS SOBRE A PREGAÇÃO TOTAL 57 PAGINAS 11 - ASSUNTOS! A Pregação e o Pregador I: O Fato e o Ato A Pregação e o Pregador II: O Fato e o Ato Isso nunca foi amor Levando a Sério a Palavra de Deus Ministros Fiéis O Ministério da Palavra O verbo e o púlpito Pregação no Antigo Testamento: É mesmo necessária? Pregação - o literal e o analógico Que é um pastor? Vox Dei: A Teologia Reformada da Pregação A PREGAÇÃO E O PREGADOR I O fato e o ato ESTUDO SOBRE PREGAÇÃO Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB 1 Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologia www.fatebra.com.br www.iprb.com.br [email protected] [email protected] [email protected]

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FATEBRAFACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL“Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional”

Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB

www.fatebra.com.br

APOSTILA – 27ESTUDOS SOBRE A PREGAÇÃO

TOTAL – 57 PAGINAS11 - ASSUNTOS!

A Pregação e o Pregador I: O Fato e o Ato A Pregação e o Pregador II: O Fato e o Ato Isso nunca foi amor Levando a Sério a Palavra de Deus Ministros Fiéis O Ministério da Palavra O verbo e o púlpito Pregação no Antigo Testamento: É mesmo necessária? Pregação - o literal e o analógico Que é um pastor? Vox Dei: A Teologia Reformada da Pregação

A PREGAÇÃO E O PREGADOR IO fato e o ato ESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br "Conjuro-te, pois, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda a longanimidade e ensino. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas tendo coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre bem o teu ministério" (2 Timóteo 4.1-5).Após haver exortado o jovem pastor Timóteo a ser firme e perseverante na chamada que havia recebido; e após, igualmente, haver alertado sobre a corrupção que reinaria nos dias finais; encorajado, ainda, a manter a doutrina, Paulo estimula seu jovem pupilo a ser incansável na proclamação do evangelho. Isso o apóstolo o fará dentro de um plano bem simples: fala acerca da pregação (vv.1 e 2) e acerca do pregador (v.5). Entre esses dois fatos, utiliza ele o elo de uma nova descrição dos erros

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teológicos, doutrinários e ideológicos , trazidos pelos profetas de um falso evangelho (vv.3 e 4). Diz o apóstolo: "Conjuro-te, pois, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino" (v.1). Não é um novo apelo. O apóstolo já o havia feito com outras palavras em ocasiões variadas desta mesma carta. Paulo chama a Deus Pai, e a Jesus Cristo como testemunhas . É Jesus, o juiz de vivos e de mortos; é Jesus, o conquistador que retorna; é Jesus, o Rei. E mencionando essas verdades, fala o apóstolo de Sua epifania, de Seu juízo, da plenitude de Seu reino. É Jesus nosso alvo de vida, para Quem Paulo encoraja Timóteo a olhar, como também para o mundo do seu tempo, e para ele, Paulo, pastor mais experimentado, sofrido, calejado nas lides ministeriais.1 (vv.6-8)

A PREGAÇÃO (vv.2-4)O Quérigma: "Prega a Palavra" (v. 2 a)O ministro do evangelho não tem o direito de escolher o que pregar. A ordem é dada em voz de comando, porque o pregador há de ser como o porta-voz do seu rei. Esse é o padrão: o mesmo para o mensageiro deste fim de século. É o da pregação que nasce da consciência de ser um arauto do Rei dos reis, do que anuncia, faz conhecido em voz, razão porque a pregação cristã é igualmente chamada "proclamação" ou "anúncio".Prega-se a Jesus Cristo. Paulo o diz: "nós pregamos a Cristo crucificado"; anuncia-se o evangelho; proclama-se o reino. Devemos pregar a "Cristo crucificado"; anuncia-se o evangelho; proclama-se o reino. Devemos pregar a fé, a esperança e o amor; devemos pregar o Calvário e o túmulo vazio; devemos anunciar a reconciliação e a inauguração do reino do Senhor. O pregador do evangelho não pode esquecer três relevantes e imprescindíveis realidades: Jesus Cristo é o Senhor do universo, do cosmos; é o Senhor da igreja, Seu corpo; e é seu Senhor, de sua vida, de sua esperança. Jesus Cristo é o começo da proclamação, e o cumprimento desse abençoado anúncio e promessa de salvação para todo o que crê.Há, porém, espaço para essa pregação hoje? Radicais dizem que os pregadores devem jogar fora as suas Bíblias. Igrejas existem que, ao invés de estudar as Escrituras, preferem analisar nas suas "Escolas Bíblicas" (?!) documentos de conteúdo político e teses outras! E já que o mundo de nossos dias tem se tornado tão exigente, não seria melhor usar de formas outras para apresentar a mensagem? Que tal o teatro? O balé? As artes plásticas? Por que não o debate em torno de filmes, a leitura de uma peça? . É. São mil e uma as propostas para uma "apresentação contemporânea do evangelho", mas, nada, nada mesmo substitui a pregação . Como bem colocou Emil Brunner: "Onde há verdadeira pregação; onde, em obediência a fé, é proclamada a palavra, ali, apesar de todas as aparências contra, é produzido o acontecimento mais importante que pode ter lugar na terra".A pregação, em si, é o elemento central do culto. É um ato de adoraçào; é oferta feita a Deus pelo pregador. Lutero chegou ao ponto de dizer ser o próprio cerne do culto cristão, e que não haveria culto se não houvesse sermão. É essa palavra dinâmica (Hb 4.12), a palavra de Deus, a palavra do evangelho, que sempre é criativamente aplicada em diferentes níveis. Essa é a pregação da esperança que a pregação de Jesus Cristo anunciou e vem anunciando até a parousia do Senhor. O evangelho não só é sobre Jesus, mas É Ele mesmo. Os primeiros pregadores declaravam que a época do cumprimento das promessas, a plenitude dos tempos, havia chegado; que através da ressurreição, Jesus foi exaltado à destra de Deus; que a presença do Espirito Santo na igreja é a evidência do poder e da glória de Cristo; que a era messiânica terá sua consumação na parousia. Realmente a mensagem sobre o que o Senhor disse e fez pela salvação da pessoa humana é a única sobre o único caminho de salvação que é Seu Filho: "Em nenhum outro há salvação, pois também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos".2 Para essa mensagem, a Bíblia usa denominações variadas: "o evangelho do reino de Deus" ("Depois disto andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus"3);

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"a palavra de reconciliação" ("Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação",4); "o evangelho de Cristo" ("Deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo. Então, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais firmes em um mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho",5). Sim, o pregador do evangelho está na linha de sucessão dos profetas que anunciam esta extraordinária palavra que nunca volta vazia, razão porque não pode mutilá-la ou modificá-la. Seu dever de obediência é comunicar a Palavra de Deus que lhe foi confiada.Há quem deseje um evangelho sem cruz, sem maiores compromissos, o evangelho da facilidade e sem conflitos. É o evangelho do Cristo desfigurado. Diferente daquele que o pregador cristão é convocado a anunciar, o do Cristo crucificado6. O evangelho do Cristo desfigurado é o do "espetaculoso" (mistura do "espetáculo"com "horroroso"), evangelho tão do gosto dos evangelistas e missionários de porta de esquina, o do povo que pede sinais, o da-concupiscência-dos olhos. O evangelho do sucesso, o da soberba da vida, da vitória sem cruz, da coroa sem sofrimento, dos valores materiais, dos atalhos . O pregador evangélico, no entanto, é o que anuncia a palavra da cruz sem a qual não pode existir proclamação de boas novas, "porque nós não somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo, falamos" 7.A Didaquê1. "insta a tempo e fora de tempo" (v. 2 b) A pregação da mensagem de Jesus Cristo não depende de circunstâncias. Haja ou não perseguição, percam-se ou não vantagens pessoais, nada deve influenciar nosso ministério. Paulo o pontua: "Vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a palavra com a alagria do Espírito Santo, apesar das numerosas tribulações".8 A expressão básica da carta a Timóteo apresenta um bem feito jogo de palavras: "fica de prontidão em tempo oportuno (eukairos) e, em sendo o caso, também em tempo inoportuno (akairos)". Seja ou não em situações favoráveis. Kairos, ensinam os léxicos, é o tempo oportunidade, o tempo de Deus. Atender a essa hora signifivativa é abraçar a salvação; rejeitá-la é ruina. O pregador não pode perder a visão da urgência. John Stott enfatizou muito bem ao pronunciar "O sermão deve dar descanso após incomodar".2. "admoesta"Há um crescendo nas palavras: insta, admoesta, repreende, exorta. Até podemos falar em níveis de pregação. O apóstolo fala em admoestação, uma abordagem intelectual usando-se a argumentação. Jesus Cristo ordenou que ensinássemos os crentes "a guardar todas as coisas" que Ele havia mandado. A proclamação admoestadora é a confrontação da pessoa com a realidade dinâmica da palavra anunciada; é a pregação da esperança. Deve levar a confissão do pecado ou a sua convicção porque proclamar o evangelho , instar em tempo oportuno, é confrontar. Hoje quando o antinatural é vendido como natural, e o pecado parece ter desaparecido, a Igreja de Jesus Cristo deve conduzir à salvação dos perdidos e a santificação dos salvos. É a didaquê.3. "repreende" A repreensão tem pontuação moral. Jesus Cristo deixou-nos o mandamento sobre promover a reconciliação de vidas, o perdão no aconselhamento com vistas ao arrependimento. Dr. Wayne Oates, professor de Psicologia Pastoral do The Southern Baptist Theological Seminary (em Louisville, EUA) ensina que como homem de Deus, como representante divino, o pastor se torna uma consciência visível. E essa é a razão porque pode admoestar, repreender e exortar com sabedoria e compaixão. A repreensão movida pelo amor de Cristo Jesus e pelo calor do Espírito dá ao pregador autoridade da qual o seu rebanho precisa.4. "exorta"É encorajamento, é conforto. O ministério da paráclese tinha lugar destacado na Igreja apostólica. Era uma missão especial dos profetas. É encorajamento à vida justa, perfeita, à ética. As cartas paulinas trazem com muita freqüência passagens de exortação.

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O Modo De Fazer ( v. 2c )"Com loganimidade e ensino", diz Paulo. Com paciência, com perseverança , sem cansaço, sem irritação, apesar das tentações do aborrecimento e da impaciência com certas ovelhas de cabeça dura e miolo mole.O pregador há de ter boa doutrina, que é a base do ensino cristão.O TEMPO E OS MITOS ( vv. 3,4 )O tempo (v. 3)Sem dúvida, estamos vivendo esses dias. É um momento em que a ortodoxia será posta de lado por não ser suportada. São os "tempos penosos" do capitulo 3, verso 1. O momento quando teorias maléficas são propagadas por movimentos ideológicos, filosóficos, religiosos e místicos. E, porque há quem se deixe levar (cf. "não suportarão a sã doutrina", "grande desejo de ouvir coisas agradáveis", "desviarão os ouvidos da verdade", "voltar-se-ão às FÁBULAS", vv.3,4), há, igualmente, necessidade da admoestação, repreensão e exortação referidas no versiculo 2. É nossa oportunidade missionária e pastoral, é o kairós, o momento marcado por Deus, o chamado da hora. Afinal, a mensagem do evangelho é eugênica, hígida, sadia."Para os devassos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros, e para tudo que for contrário à sã doutrina." 9e assim o pregador é exortado a reter "...firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizen-tes" 10, ou seja, o pregador não há de dar ao povo o que o povo aprecia (que não caia nessa tentação!), mas o de que o povo precisa. Paulo lembra que têm "grande desejo de ouvir coisas agradáveis" (no original, têm "coceira nos ouvidos", prurido, comichão), fome de novidades.11 A palavra mágica de nossa época parece ser liberdade. Realmente, qualquer causa tem algo que com ela se relaciona. Fala-se em "Frente Nacional de Libertação", em "livre empresa", "imprensa livre", "liberação feminina", "amor livre", "liberdade sexual", "liberação gay". É; essa palavra é muito apreciada. A Bíblia se pronuncia sobre o assunto: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres".12 Jesus Cristo pôs a marca da liberdade no seu ministério: "O espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração de vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor". 13 Sim! A mensagem cristã é um brado de "Independência ou Morte!": "Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte" .14Liberdade de uma situação para outra. Liberdade da derrota moral, do desespero da morte, das tentativas de auto-salvação , do julgamento final para crescer à estatura do ser humano perfeito, para servir ao Senhor , e viver a vida do Espírito.O ser humano, nosso alvo de pregação, tem seus problemas peculiares: a secularização, a ideologia da tecnocracia, a busca desenfreada de lucro, o ateísmo, o hedonismo, a sacralização dos fenômenos naturais, a deificação da sua própria obra, a ansiedade, o sentimento de culpa, a revolução interior no lugar do equilíbrio, da qual o gadareno15 é seu retrato. São tempos dificeis: há um rápido aumento da parceria homossexual, dos casamentos abertos, e (pasme-se!) a criação de Igrejas gays como a Metropolitan Community Church, cisma da Igreja Metodista Unida dos EUA e espalhada pelos Estados Unidos e Canadá. Karl Barth alerta com muita propriedade ao pregador de nossos dias que tenha numa das mãos o jornal diário para ler o mundo e suas circunstâncias, e na outra a palavra de Deus para falar profeticamente a esse mundo (cético), irreligioso, ao tempo que sofrido e amargurado (e em desespero). De Erasmo:"O ministro se acha no ápice de sua dignidade quando do púlpito alimenta o rebanho do Senhor com sã doutrina". Os mitos ( v. 4 )Paulo diz que "não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fabulas". A propósito, Paulo encoraja outro jovem pastor a repreender com severidade objetivando a saúde da fé, "não dando ouvidos a fábulas judaicas, nam a mandamentos de homens que se desviam da verdade".16 Afinal, a função do quérigma inclui uma luta contra os mitos, as "fábulas" das traduções bíblicas. Isso é o que diz

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Harvey Cox. Comblin, referindo-se aos mitos do homem contemporâneo, menciona o que chama "mitos do passado", os "sonhos da noite" de acordo com Ernest Bloch, e os "mitos do futuro", a projeção da vida presente no futuro. Aliás, segundo alguns, o ser humano de nosso tempo teria feito uma grande descoberta: que é possível viver sem Deus, dando como conseqüência que a pessoa humana não tem necessidade de Deus para viver e trabalhar. Aí pessoas com tal idéia na cabeça "...se desviaram, e se entregaram a discursos vãos", e "...já... se desviaram, indo após Satanás". Por razões deste tipo, necessário é que o pregador viva "não dando ouvidos a fabulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade" .17

Verdade VivaSenhor, faze-nos compreenderque uma verdade é muito mais vivaquando ela se move,quando ela evoluie traz novos frutosem cada estação.Quando muda diante de nossos olhoscom a hora do dia,com a idade do homem,com o passo dos séculos,mas permanece, em substância,para todos: séculos e homens,sempre iluminadora,sempre vivificadora,alimentando-nos a cada dia e levando-nos à nossa perfeição!Senhor, dá-nos a inteligência!Parte II1 Vv. 6-8.2 At 4.12.3 Lc 8.14 2Co 5.19.5 Fp 1.27.6 1Co 1.18-24.7 2Co 2.17.8 1Ts 1.6 BJ.9 1Tm 1.10.10 Tt 1.9; cf. v.2; 2.8.11 Cf. At 17.21.12 Jo 8.36.13 Lc 4.18,19.14 Rm 8.2.15 Mc 5.1-20.16 Tt 1.14.17 1Tm 1.6; 5.15; Tt 1.14.A PREGAÇÃO E O PREGADOR IIO fato e o ato ESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br

5Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação

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"Conjuro-te, pois, diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda a longanimidade e ensino. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas tendo coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre bem o teu ministério" (2 Timóteo 4.1-5).A primeira parte deste estudo teve como tema central A PREGAÇÃO como missão cristã, como proclamação e ensino autorizado das doutrinas, princípios e leis espirituais deixados por Jesus Cristo. Nesta segunda parte, será analisada a figura do Proclamador, do mensageiro da mensagem do evangelho.O PREGADOR (v. 5a)"Tu, porém, sê sóbrio em tudo" (v. 5 a)O preparo da mensagem começa com o preparo do mensageiro, lembrando que sua força vital é a mencionada em Mateus 10.20:"...não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós".Não é fácil ser pastor. Humanamente falando, é uma tarefa complexa pelo fato que lida com missões tão amplas e, por vezes, tão divergentes. É preciso dependência de Deus, e de Sua graça e de Sua energia espiritual.1 Para ser ministro da palavra é preciso salvação pessoal, chamada divina porque se for de homens, o pastor não resiste, fidelidade à palavra de Deus, convicção de que fora de Jesus Cristo não há salvação, convicção da existência do diabo (o candidato a pastor no concílio de exame disse não crer no diabo. Suspensão do concílio, e um pastor idoso disse aos colegas, "não se preocupem; basta um mês no pastorado e ele vai se convencer) , e dedicação ao Espírito Santo. Bushell afirmou com muita propriedade:"A pregação não é outra coisa senão a explosão de uma vida que primeiramente se abasteceu de poder nas regiões onde o próprio Deus está entre os alicerces da alma"2A primazia é que o pregador ame o Senhor3, por isso Paulo pode dizer,"O Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a pregação..." 4É isso que lhe dará integridade, da parte de Deus o shalom, palavra que quer dizer, inteireza, plenitude, totalidade, paz, saúde, salvação.Do pregador é esperado que seja um "homem de Deus"5 e um "embaixador de Cristo"6. Há um poder, um peso simbólico no pastor/pregador, como disse Dr. Oates, que tem sido hoje altamente contestado, até porque há os defraudadores de evangelho7. Espera-se, ainda, que seja a encarnação da mensagem em conduta e estilo de vida. Que não haja contradição entre fatos e palavras, a "Síndrome de Apocalipse"8: aparência de cordeiro e voz de dragão.O pregador há de ser sóbrio, sensível, vigilante, com mente sadia, auto-controlado, palavras, alíás, que se referem ao relacionamento das crenças e da estabilidade emocional do candidato ao ministério. Calvino deixou claro que "o ministro não pode ser escravo do seu estômago e da sua carteira"."Sofre as aflições" (v. 5b)E nem se pode fugir porque aquele que é chamado ao sofrimento pelo amor de Jesus Cristo padecerá perseguições".9 E também,"Eu de muita boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas".10 Nossa geração está preocupada em evitar a dor . Há todo um imenso capítulo sobre o uso de analgésicos e anestésicos. Para alívio da dor, desde a popular aspirina até a codeína, para a insensibilidade total ou parcial do corpo o éter, o clorofórmio, a benzocaína. Já o cristão entende haver um momento para o sofrimento: "se filho (é o salvo) também herdeiro, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados" .11

Existe base bíblica para uma teologia do sofrimento. Romanos 5.3 menciona uma glória nas tribulações,

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e essa glória decorre do fato de as aflições são vistas como a experiência do dia a dia do cristão. É um sinal de que Deus considerava os que as suportavam como dignos do Seu reino.12 Não há glória sem sofrimento, isso, porém, nào quer dizer qualquer dor, mas, sim, o sofrimento com Cristo, não é uma enxaqueca, uma mialgia ou mesmo um malígno câncer. Não é morbidez ou masoquismo do cristão. Assim, devemos sofrer com Cristo. Como foi, então, o Seu sofrimento? Que ou quem O fez sofrer? Foram pessoas , suas necessidades, tragédias, dores, resistência, má vontade e abandono. Jesus Cristo sofria com as pessoas. Chorou quando elas choraram.13 Sofreu por elas.14 Do mesmo modo, o pregador da Palavra há de sofrer com e pela igreja que lhe foi confiada, e pelo seu apostolado no mundo:"Agora me regozijai no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo por amor do seu corpo, que é a igreja" .15O ministro da palavra deve sofrer as aflições por causa da verdade, visto que a pregação do evangelho sempre demanda exaustào e perseguição, e envolve a participação nos sofrimentos do Salvador, como tão bem coloca o apóstolo: "Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor de seu corpo, que é a igreja; da qual eu fui constituído ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, a fim de cumprir a palavra de Deus".16 O pregador da palavra divina convive com qualidades variadas de problemas: solidão, tensões familiares, dificuldades da obra, onde o pior é que, em muitos casos, o conflito se desenvolve dentro do seio do povo de Deus (decepções, deslealdade, críticas ferinas, incompreensão, indiferença) George Whitefield até exclamou: "Não estou cansado da obra de Deus, mas, sim, na obra de Deus". É verdade , o cansaço pode trazer experiências divergentes: o estresse espiritual (algo seriísimo!) ou maior maturidade17. Que não se caia no pecado da reclamação contra o povo do Senhor, na "Síndrome de Moisés", o qual exclamava,"Concebi eu porventura todo este povo? dei-o à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo..." ;18nem no pecado da "síndrome de Elias" que à ameaça do perigo fugia e não confiava19. Paulo, ao contrário dos seus colegas de vocação, escreve um verdadeiro "Hino ao Apostolado" onde se humilha e posiciona diante do Deus Soberano que chama, habilita e protege.20 O ministro da palavra há de ser veludo por fora e aço por dentro em todas as circunstâncias, cordato e afetuoso não se deixando oxidar nem quebrar. Ou como afirma o apóstolo,"ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade".21 "Se Por Acaso..."Se por acaso perdeste a motivação do trabalho,E os deveres te pesam;Se perdeste uma série de amigos,E a solidão te castiga;Se por acaso perdeste o último raio de luz,E andas no escuro;Se teus objetivos parecem cada vez mais distantes,E o ânimo de prosseguir desfalece;Se alimentas as melhores intenções,E, assim mesmo, te criticam;Se teus pés feridos ostentam a marcaDas jornadas infinitas em busca de soluçõesQue o tempo ainda não trouxe;Se tuas mãos se alongam trêmulas na ânsiaDe segurar outra mão que não podes reterPorque não é tua;

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Se teus ombros se alargam, e a cruzAinda não cabe. porque é ardua demais;Se ergues os olhos, e o céu não respondeÀs suplicas que fizeste;Se amas o chão firme, e tens a impressãoDe afundar no pântano da insegurança;Se queres mar alto, e areias seguram o navio dos teus sonhos;Se falas, se gritas até,e o vazio não devolve o eco à sua voz;se gostarias de ser inteiro, total,e te sentes parcelado, repartido, fragmentado,um trapo de gente, talvez;Se os nervos afloram,e beiras os limiares do abismo da estafa;Se a fé parece conversa fiada,e nada do eterno te traz ressonância;Se choraste tanto que já não descobresas estrelas no alto.Então, levanta o olhar para a cruz,fixando Cristo bem nos olhos.No lenho do Calvário, encontram-setodas as respostas para aqueles que sofreme perdem a vontade de sorrir, de lutar, de viver.Ajoelha-te aos pés de Cristo Ressuscitado,como Tomé, o apóstolo incrédulo, e repete com ele:"Meu Senhor e meu Deus!""Faze a obra de um evangelista" (V. 5c)A palavra "evangelista" só três vezes aparece no Novo Testamento.22 Qual a obra do evangelista? Quem eram eles? Não precisamos nos cansar para verificar que a resposta imediata é que os apóstolos são evangelistas e tinham como qualificação especial estar com o Mestre e pregar.23 Após a ressureição, a principal preocupação deles tornou-se a pregação, e de tal modo que outros homens foram selecionados para cuidarem de outros assuntos relevantes porém mais terra-a-terra.24 Extraordinários homens esses evangelistas! Paulo aponta Jesus Cristo como tema único do seu ministério apostólico/evangelístico,25 a pregação da esperança, da alegria, da perseverança, o entusiamo que era passado aos ouvintes. O evangelista é, deste modo, um portador de boas notícias, não um agoureiro ou profeta da desgraça, mas um otimista, um apocalíptico no real sentido da palavra.A única munição que o evangelista leva consigo é a autoridade de Cristo, que através do Seu Espirito concede esse dom especial da sua graça.26 O Novo Testamento oferece modelos da pregação evangelística: é o testemunho, quando o crente em Jesus Cristo não só conta a história, mas a sua parte naquela história;27 a proclamação, que é, como já visto, fazer o papel de porta-voz,28quando sempre se aguarda uma resposta;29 o ensino, pois que na prática não se deve dissociar a evangelização do ensino: o evangelista deve saber ensinar, e o mestre, evangelizar.30 Jerônimo até disse que "ninguém , deve se arrogar o título de pastor se não puder ensinar os que apascenta".31 Evangelização sem o "ensinar a guardar" resulta em crentes superficiais e nanicos. Ensino sem a pregação do arrependimento é ancilose. Não era o que acontecia na Igreja-dos-Primeiros-Dias conforme o declaram Atos 5.42 e 20.20. Perfeito exemplo de integração de ensino e pregação evangelistica se encontra em Atos 8.26-38, terminamos o texto por dizer qie Filipe o evangelizou e ouviu a pergunta que todo evangelista pede em oração para ouvir com maior freqüência, "que impede que eu seja batizado?" (v. 36b). Outro modelo é o convite no teor do Salmo 34.8, "provai, e vede que o Senhor é bom";32; a vida, posto que temos um ministério espetacular como o ensino de Paulo em 2Coríntios 3.18. Sim,

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mesmo a nossa luz33 é de menor grandeza refletindo a grandeza de primeira da luz do Senhor.34 É o desafio de viver como cristão de que fala o apóstolo em Romanos 12.1,2."cumpre bem o teu ministério" (v.5b )O que há de ser feito com sinceridade e dependência do Espírito Santo com a dignidade da chamada que recebeu. Dennis Kinlaw salienta que o aspecto mais importante na pregação não é o preparo da mensagem, mas o do mensageiro. Isso significa que nossa prioridade máxima é ter momentos de comunhão com Jesus Cristo, pois chamou Jesus aos apóstolos "para que estivessem com ele" .35 E aos chamados levitas não foi designado, entre outros encargos "estar diante do Senhor servindo-o" ?36Os ministros da Nova Aliança, como os profetas do Antigo Testamento, agem cheios do Espírito do Senhor, e Lucas insiste nisso: com respeito aos Doze, , a Pedro, aos Sete, a Estevão, a Filipe, a Saulo, a Barnabé e Paulo. 37 A comunhão de Jesus Cristo e Seu Espírito capacitará o ministro da palavra a ver as pessoas e os fatos como Cristo os vê . Sim, as previsões divinas são inesgotáveis,"Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazeis" .38Isso explica João 14.23-26; 15.26,27; 16.7-13. O ministro da palavra vive rodeado de perigos e tentações , razão porque necessita ser energizado pelo poder do Alto. Afinal, não é um mero profissional, nem um mero conselheiro, não é um mero orador. É , sim , um ministro da Nova Aliança, da Palavra e das ordenanças.39 A palavra "ministro"tem uma origem interessante. Era o perfeito contrário de "magistrado" e de "mestre" para os antigos romanos. Magister era o encarregado de administrar a justiça porque havia nele algo mais que os outros, os quais não tinham esse magis, essa competêncai além. Por sua vez , minister era o que tinha um minus, algo menos que os outros porque a serviço dos outros, das autoridades e dos senhores. É mesmo. O pastor é um paradoxo: é mestre porém ministro; possui um magis, o ser pastor-mestre,40 e um minus, seu ministério, ou como coloca Paulo "sou o menor..." 41 Precisamos de lábios ungidos pela brasa do altar, tanto quanto nossos ouvidos, mãos , pés e olhos.42 Nossa vida interior vai se refletir no púlpito. É nesse ponto que vale a pena citar Lutero o qual dizia que três coisas fazem o pastor: a oração, a meditação e a tentação, visto que as três lhe abrem a consciência para compreeder as grandes , magníficas, abençoadas verdades espirituais.43 Para bem cumprir seu apostolado, o ministro evangélico precisa estudar. Ele que já conhece o poder transformador de Deus, precisa estudar para bem manejar a Escritura. Jesus Cristo o ressaltou,"Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" 44O pregador é intérprete da Bíblia, razão porque há de ser homem de estudo, de oração e profundamente inserido no tempo. Há de ter preparo teológico através das ciências bíblicas e teológicas, versado na Teologia Bíblica, na Teologia Sistemática, na Hermenêutica; homem de conhecimentos gerais, leitor de publicações especializadas, dos jornais diários, das revistas de comentário, da história. Há de ter preparo, e permanecer se preparando: é um homem sempre em formação, estudante perene da Bíblia, pesquisador de bons e variados comentários, estudante da teologia e profundo na doutrina.O pregador da Palavra de Deus há de se alimentar constantemente da meditação das Escrituras, como na ordem a Ezequiel : "Filho do homem...come este rolo, e vai fala à casa de Israel,"45 ou na experiência de Jeremias: "Acharam-se as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração" 46 É uma contradição (seria melhor dizer aberração?) a pregação não-teológica. Seria o mesmo que falar em mecanismo não-mecânico, ou medicina não-médica, motivo pelo qual não é possível desvincular o preparo teológico de um ministério bem cumprido.O apóstolo Paulo faz a Timóteo alguns apelos de cunho pessoal. Diz por exemplo:"...(que) pelejes a boa peleja, conservando a fé, e uma boa cosciência.". 47"Exercita-te a ti mesmo na piedade" .48"Aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino.."49 "Conjuro-te... que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo com parcialidade" .50"Segue a justiça, a piedade, a fé , o amor , a constância, a mansidão" .51

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"... guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs e profanas e as oposições da falsamente chamada ciência" .52"Conserva o modelo das sãs palavras..." 53 "Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro de que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ,54e outros tantos, e tantos outros de atualíssima aplicação na vida do obreiro do século atual.De onde vem a força do pastor? Com atribuições tão variadas , e por vinte e quatro horas à disposição do seu rebanho, as suas forças espirituais, emocionais e físicas provém de, pelo menos, duas fontes:Deus ("Posso todas as coisas naquele que me fortalece" 55) Aquele que chamou também o sustenta. Na experiência de chamada de algumas das personagens bíblicas, há um senso de inadequação, de estar aquém da vocação. Não foi assim com Amós?56 Com Jeremias?57 Com Ezequiel?58 Mas pelo poder do Senhor, a voz interior continua a falar: o desejo forte, continuado de fazer do ministério a ocupação suprema da vida: "Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!" 59Outra fonte é a sua igreja, por causa de duas importantes razões: o conceito do Sacerdócio dos Crentes porque, precisando o pastor das orações do seu rebanho, espera que ele tome parte ativa na intercessão pelo seu ministério. Como o apóstolo aos gentios rogou: "Irmãos, orai por nós" .60 O outro conceito é o de Igreja Ministrante, a dimensão pastoral da igreja como um todo. O ministro dá e recebe forças: pastoreia e é pastoreado. Bendito feedback.!... Se para o ministro jovem a palavra encorajadora é "ninguém despreze a tua mocidade..." ,61 para o pastor já experimentado nas lides do apostolado persiste a alegria de dizer com Paulo , "combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé" .62Utiliza-nosSenhor, tu nos chamaste.A inquietude que nos sobrevémquando ouvimos tua palavra, o comprova.Tu conheces nossa fraqueza.Tu sabes com que vacilidade perdemos nosso ânimo.Tu sabes como caminhamos com medo.Nisto confiamos.Trabalha em nós, se for a tua vontade.Utiliza-nos e faze-nos úteis.Não sabemos se resultará algode tudo o que fazemos em teu nome.Mas a ferramenta não precisa temerPelo sentido da obra.Nós somos teus instrumentos.Tu nos tomaste em tua mão.Utiliza-nos;Dá o que tu queres,quando tu queres e quando tu queres.Faze comigo a tua vontade,como melhor te agradar,e assim que te reconhecemos em tua obra.Coloca-me onde tu queres,E dispõe de mim livremente.Estou em tua mão.Volta-te e envia-me para onde tu queres.Sou teu servo.

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Estou preparado para tudo.Pois não quero viver para mim, e sim para ti,e isto, totalmentee de tal maneira que seja digno para ti.( Thomas von Kempen )BIBLIOGRAFIAANGEL, G. T. D. Exortar (Epitimao). Em: COENEN, Lothar (Org.). O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vol. 2. SP, Vida Nova. Trad. G. Chown. Pp. 178-179.BECKER, U. Evangelho, Evangelizar, Evangelista. Em: COENEN, Op. Cit., Vo. 2. Pp. 166-174.BRAUMANN, G. Exortar (Parakaleo). Em: COENEN, Op. Cit., Vol. 2. Pp. 176-177. BROWN, Lavonn D. La Vida de la Iglesia. El Paso, CBP, 1989 Trad. A. Canclini.BRUCE, F. F. Romanos - Introdução e Comentário. SP, Vida Nova-Mundo Cristão, 1979. Trad. O. Olivetti.________. Mito. Em: COENEN, Op. Cit., Vol 3. Pp. 184-187.CHRISTIANS, Clifford et al. (Orgs.) Who in the World.? Grand Rapids, Eerdmans, 1972.CLOWNEY, Edmund P. Preaching and Biblical Theology. Grand Rapids, Eerdmans, 1961.COENEN, L. Proclamação. Em: COENEN, Op. Cit., Vol. 3. Pp. 735-748.COMBLIN, José. O Provisório e o Definitivo. SP, Herder, 1968.COX, James W. A Guide to Biblical Preaching. Nashville, Abingdon, 1976.DODD, C. H. Segundo as Escrituras. SP, Paulinas, 1979. Trad. J. R. Vidigal.DONFRIED, Karl Paul. The Dynamic Word. San Francisco, Harper & Row, 1981.FALKENROTH, U. e BROWN C. Paciência (Makrothymia). Em: COENEN, Op. Cit.., Vol. 3. Pp. 374-378.FORD, D. W. Cleverley. The Ministry of the Word. Grand Rapids, Eerdmans, 1980.GÄRTNER, B. Revelação, Manifestar. Em: COENEN. Op. Cit. Vol. 4. Pp. 227-230.GOPPELT, Leonhard. Teologia do Novo Testamento. Vol. 2. São Leopoldo-Petrópolis, Sinodal-Vozes, 1982. Trad. I. Kayser.GREEN, Michael. Evangelism in the Early Church. Reimpr. Grand Rapids, Eerdmans, 1982. HARVEY, H. El Pastor, 5a ed. El Paso, CBP, 1975. Trad. A. Treviño.HINSON, E. Glenn. 1-2 Timothy and Titus. Em: ALLEN, Clifton J. (Org.) The Broadman Baptist Commentary. Vol. 11. Nashville, Broadman, 1971. KELLY, John N. D. Epístolas Pastorais - Introdução e Comentário. 1a reimpr.. SP, Vida Nova - Mundo Cristão, 1986. Trad. G. Chown.KINLAW, Dennis F. Pregação no Espírito. Venda Nova, Betânia, 1988. Trad. M. T. Lins.LACUEVA, Francisco. La Iglesia, Cuerpo de Cristo. 2a ed. Barcelona, CLIE, 1978. LEONARD, Bill J. La Naturaleza de la Iglesia. El Paso, CBP, 1989. Trad. R. Frangiotti.LISCHER, Richard. Speaking of Jesus - Finding the Words for Witness. Philadelphia, Fortress, 1982. LLOYD-JONES, D. Martyn. Pregação e Pregadores. 2a ed. SP, Fiel, 1986. Trad. J. M. Bentes.MARSH, John. Time, Season. Em: RICHARDSON, Alan (Org.) A Theological Word Book of the Bible. New York, Macmillan, 1962. Pp. 258-267.MARTINEZ, José M. Ministros de Jesucristo. Barcelona, CLIE, 1977.MILLER, Donald G. Fire in Thy Mouth. Grand Rapids, Baker, 1976.MITCHELL, Henry H. The Recovery of Preaching. San Francisco, Harper & Row, 1977.OATES, Wayne E. The Christian Pastor. 3a ed. revisada. Philadelpha, Westminster.RICHARDSON, Alan. Preaching, Teaching. Em: RICHARDSON, Op. Cit. Pp. 171-172.________. Intreodução à Teologia do Novo Testamento. SP, ASTE, 1966. Trad. J. C. Maraschin. ROBERTSON, A. T. Word Studies in the New Testament, Vol. 4. Nashville, Sunday School Board, 1931.ROSA, Merval. O Ministro Evangélico: Sua Identidade e Integridade. Duque de Caxias, AFE, 1982.SNAITH, N. H. Correct. Em: RICHARDSON, Op. Cit., P. 54.STOTT, John R. W. A Mensagem de 2Timóteo. 3a ed. SP, ABU, 1989. Trad. J. A. dal Bello.THOMPSON, William D. Preaching Biblically. Nashville, Abingdon, 1981.WUEST, Kenneth S. Wuest's Word Studies from the Greek New Testament. Vol. 2. Reimpr. Grand Rapids, Eerdmans, 1988.

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ZABATIERO, Júlio Paulo T. O emprego de basileia no Novo Testamento. Em: COENEN, Op. Cit. , Vol. 1. Pp. 41-162. 1 Js 1.9.2 Cit. Harvey. 3 Cf. Jo 14.21.4 2Tm 4.17.5 Cf. 1Tm 6.11; 2Tm 3.17.6 2Co 5.20.7 Mt 7.15; 24.11,24; 2Pe 2.1; 1Jo 4.1.8 Ap 13.11.9 2Tm 3.12.10 2Co 12.15.11 Rm 8.17.12 Cf. 2Ts 1.5; Mt 5.11,12; Lc 6.22; Jo 16.2; At 5.41; 8.1; 26.9-11; Fp 1.29; 2.17; Hb 10.32-36; Tg 1.2,3,12; 1Pe 2.19; 3.14; 4.13-16.13 Jo 11.35.14 Is 53.4,5,8; Hb 10.10.15 Cl 1.24.16 Cl 1.24,25; Cf. 2Tm 2.9-13; Fp 1.7,13,14,17; 2Pe 2.19-21.17 Veja nos termos de Isaías 40.28-31.18 Nm 11.12.19 Cf. 1Rs 19.1-4.20 1Co 4.9-13.21 2Tm 2.24,25; Cf. 1Pe 5.2,3; Gl 6.1.22 Ef 4.11; At 21.8; 2Tm 4.5.23Cf. Mc 3.14; Lc 6.13.24Cf. At. 6.1-6.25 2Co 4.1-5; Cf. 1Co 1.17; 1Ts 2.1-15.26 Cf. Ef 4.11.27 Jo 4.1-42; Cf. vv. 29,39; 9.24,25; At 22.1-21.28 At 2.14-36; 3.11-26; 4.7-30.29 Hb 4.7,2.30 Cf. Mt 4.23; At 15.35.31 Cit. LACUEVA, p. 207.32Cf. Mt 11.28; Mc 1.15; Jo 7.37; At 2.38; 17.30.33 Mt 5.14.34 Jo 8.12; 12.46.35 Mc 3.13.36 Dt 10.8.37 At 2.4; 4.8,6.3,5,10; 7.55; 8.29ss; 9.17; 13.4,9.38 Jo 15.5.39 2Co 3.5,6; Cf. 1Co 3.5; Ef 3.5-8; Cl 1.25.40 Ef 4.11.41 1Co 15.59.42 Is 6.6,7; Lv 8.23; Mt 6.22,23; Ap 3.18.43 1Co 2.14.44 Mt 22.29.45 Ez 3.1.46 Jr 15.16.47 1Tm1.18b,19a.48 1Tm 4.7b.

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49 1Tm 4.13ss.50 1Tm 5.21. 5051 1Tm 6.11.52 1Tm 6.20. 5253 2Tm 1.13.54 2Tm 2.15.55 Fp 4.13.56 Am 7.14,15.57 Jr 1.6,7.58 Ez 2.14.59 1Co 9.16.60 iTs 5.25.61 1Tm 4.12.62 2Tm 4.7. ISSO NUNCA FOI AMOR...ESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br

"O perfeito amor lança fora o medo" (1Jo 4.18) A cultura helênica expressou com uma variedade de palavras o que é traduzido em nossa língua como Amor. Os expressivos vocábulos Philia, Storge, Eros e Agape conceituam aspectos diferentes e profundos desse sentimento por vezes perturbador, por vezes perturbado. A leveza da palavra Philia fala do amor de amigo, do amor social, do amor cívico, ou do amor de afinidade. É a palavra que descreve o companheirismo, o amor pelo clube esportivo, ou pelos símbolos nacionais; é o amor que expressa a necessidade de compartilhar algo com alguém: é a Amizade.Storge, o amor familiar, faz referência ao amor natural dos pais para os filhos, do tio para o sobrinho, e vice-versa, e envolve reciprocidade, homogeneidade e uma aliança de sangue e de corações.Eros é o amor biológico, hormonal, visceral, sensorial, aquele atraído pela beleza, elegância, graça, pelas formas. É palavra de boa procedência, definindo o aspecto das diferenças sexuais. O Eros atrai o homem para a mulher e a mulher para o homem. Fora disso é perversão, pois nunca foi o amor planejado pelo Criador o de homem por outro homem, de uma mulher por outra mulher, de um adulto cobiçando sexualmente uma criança, ou de um ser humano tendo como objeto sexual um animal irracional. Todas essas perversões encontram reprovação na Escritura Sagrada: Levítico 18.22,23; 20.13,15,16. Eros é o instinto sexual. Paulo apresenta os reclamos do Eros em 1Coríntios 7.2-5 e 1Tessalonicenses 4.3-8.Agape é o amor que pode salvar o Eros da perversão porque o transforma e dá ao amor humano e biológico sua verdadeira dimensão que é a sagrada. É o amor-que-se-doa, o amor-sacrifício, o amor eterno, imutável e perfeito. Está nos lábios de Jesus em João 3.16; Paulo o cita em Romanos 5.5; 1 Coríntios 13; e João, o Evangelista, o menciona em 1João 4.16,18. Jesus Cristo é o supremo exemplo de Agape, entrega total para a salvação da esposa que é a Sua Igreja (cf. Ef 5.25-33).No entanto, como qualquer outro sentimento, o amor pode ficar enfermo ou perverso. Em Psicanálise, isso tem nome: Parafilia, caracterizada por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais intensos envolvendo objetos, atividades ou situações inusitadas causadoras de sofrimento. Apresenta, outrossim, um significado clínico com prejuízo para as boas relações sociais, bem como em outras áreas relevantes da vida. Parafilias envolvem geralmente objetos não-humanos, sofrimento ou humilhação, próprios ou do parceiro, ou crianças ou outras pessoas sem o seu consentimento.Estão nas manchetes dos jornais inúmeros e chocantes casos de perversão envolvendo figuras de autoridade como médicos, professores e religiosos, entre outros, vitimando inocentes e iludidas crianças e adolescentes. São casos de Pedofilia, Pederastia e Prostituição Infantil.PEDOFILIA

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Assim se chama o distúrbio de conduta sexual, no qual o indivíduo adulto sente desejo compulsivo por crianças e adolescentes. Tem caráter homossexual (quando envolve meninos) ou heterossexual (quando envolve meninas), por crianças ou pré-adolescentes. Tal perversão ocorre na maioria dos casos em homens de personalidade tímida, que se sentem impotentes e incapazes de obter satisfação sexual com mulheres adultas. No entanto, isso não pode ser chamado de amor...Indivíduos portadores de Pedofilia podem limitar sua atividade a despir e observar a criança, exibir-se, ou tocá-la e afagá-la. Essas e outras atividades aberrantes são geralmente explicadas com desculpas ou racionalizações de que possuem "valor educativo" para a criança, de que esta obtém "prazer sexual" com os atos praticados, ou de que a criança foi "sexualmente provocante".Alguns pedófilos ameaçam sua pequena vítima no sentido de evitar que suas ações sejam reveladas. Outros desenvolvem técnicas para obterem acesso aos menores, que podem incluir o ganho da confiança da mãe, e, até, se casam com uma mulher que tenha uma criança atraente.Na imensa maioria dos casos, os pedófilos são homens, muitos dos quais são dados ao alcoolismo ou são portadores de alguma forma de psicose. A idade se situa entre os 30 e 40 anos. Geralmente, têm forte convicção religiosa, apresentando ainda a característica de imaturidade e solidão. Isso explica, possivelmente, a onda de escândalos envolvendo tantos religiosos, como temos visto ultimamente, mas nunca foi amor!Há pedófilos em todas as classes sociais. Os mais perigosos são, com certeza, aqueles em quem a criança confia, como um amigo da família, um dos empregados da casa, ou aqueles que a criança idealiza por suas funções: um ministro religioso, um capelão, um professor, um técnico de esportes ou outra pessoa que tenha, como já observado, função de autoridade. O ato perverso destas pessoas acima de qualquer suspeita deixa profundas cicatrizes na alma da criança sob a forma de culpa e de angústia. O Pe. John McCloskey (www.catholicity.com/mccloskey), diretor do Catholic Information Center de Washington, tem buscado lidar com a crise que se instalou na Igreja Romana dos Estados Unidos, e, apesar dos inúmeros casos (que têm custado milhões de dólares em indenizações) terem ocorrido há muitos anos, tem afetado uma parte do clero, e causado danos à credibilidade daquela organização e ao prestígio do seu sacerdócio. Causou espécie, igualmente, verificar-se que a atitude dos bispos foi simplesmente realizar uma mudança de campo de ministério, mas não dar tratamento à parafilia. O resultado é que setores dissidentes do catolicismo norte-americano têm pedido a abolição do celibato sacerdotal, sobre o qual se tem lançado a culpa dos problemas.Pe. McCloskey não esconde os fatos, afirma,porém, que não existe uma "epidemia" de casos na Igreja Romana dos Estados Unidos, mas que esses eventos (que remontam aos anos 70, na maioria), foram cerca de vinte por ano, vieram à luz todos ao mesmo tempo, parecendo ser uma avalanche e uma tendência. Afirma ainda, que casos de homossexualismo têm recebido atenção dos superiores que mudam os sacerdotes de paróquias, submetem-nos a tratamento, suspendem-nos das funções e, em sendo ocaso, expulsam-nos definitivamente do sacerdócio. Geralmente, para evitar um processo civil um acordo econômico é feito.HOMOSSEXUALISMOÉ outro freqüente caso de Parafilia; perversão segundo a Escritura Sagrada e a Psicanálise (cf. Lv 18.22; 20.13; Mt 19.4; Rm 1.27-32; 1Co 6.9-11, 18). Tem-se utilizado a expressão Inversão Sexual para retratar o fato de pessoas que buscam como objeto sexual um parceiro do mesmo sexo. Por definição, no entanto, isso nunca foi amor...O Dr. Gastão Pereira da SILVA, um dos introdutores da Psicanálise no Brasil, diz em Vícios da Imaginação que "os indivíduos que renunciam a toda atividade sexual procriadora tomam o nome de homossexuais ou invertidos". A Grécia do V século a. C. o aceitava, e é normal no Xamanismo e nas rodas de Candomblé. É, no entanto, uma afirmação ampla que coloca dentro deste conceito aqueles que fizeram os votos de castidade no sacerdócio das Igrejas Católica Romana e Ortodoxa, bem como os que optaram pela chamada "vida consagrada" nos conventos, mosteiros das diversas Ordens religiosas. Por ser ampla, não prestigia o dom espiritual do celibato segundo os padrões do Novo Testamento (Mt 19.12; 1Co 7.1,8,17). Dá para entender, então, o tremendo conflito deste desvio com o interesse social e político das diversas nações aliado à pregação moral e espiritual dos segmentos religiosos.

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Em Doentes Célebres, Gastão, bem como Norman WINSKI em A Revolta dos Homossexuais, registram alguns famosos invertidos sexuais: Júlio César, Sócrates, Platão, Cellini, Shakespeare, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Verlaine, Nijinski, Proust, Gide, Andersen, Whitman, Byron. Também o afirma D. J. WEST acrescentando o nome de Tchaikovsky.A PROSTITUIÇÃO INFANTIL Não é uma Parafilia, mas, sim, uma monstruosidade. A prostituição é vista na Bíblia como uma abominação (cf. Dt 23.18; Mc 7.21; Gl 5.19). Sendo de menores, é execrável, não havendo palavras para descrever esse odioso, porém real fato em nosso país.Ela se inicia com muita carência afetiva e dor. Há muito de infantil naquelas meninas que perderam a infância e a inocência e já são mulheres. A TV mostrou num documentário uma bonequinha em cima da cama de uma menina prostituída, estando, ela mesma, agarrada a um ursinho. São meninas mal-amadas na própria casa paterna, e nas casas onde "trabalham". São extremamente mal-amadas, razão porque andam à busca de mais afetividade, nunca encontrando essa afeição. Consciência da realidade elas têm, sabem onde estão, e o que fazem, mas não conseguem se libertar. O cafetão representa, em muitos casos, a figura do pai, com a ênfase no homem poderoso que a protege. O pai que dá o alimento, o amparo da noite ou do dia, é o homem forte que explora e lucra. Por outro lado, os homens que se aproveitam sexualmente dessas menores são pervertidos, enfermos que se aproveitam da debilidade física e emocional dessas garotas, mas nunca foi amor...A Escritura Sagrada apresenta passagens que falam periférica mas implicitamente de prostituição de menores: "Deixai vir a mim as criancinhas, e não as impeçais porque das tais é o reino dos céus" (Marcos 10.14)"Aquele que escandalizar um destes pequeninos..., melhor seria que pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e se precipitasse na profundeza do mar" (Mateus 18.6);Os evangélicos buscamos repassar os valores cristãos. São valores de qualidade, de vida moral equilibrada. De modo geral, a nossa juventude não faz parte desse grupo de comportamento de risco que anda se prostituindo porque são rapazes e moças guiados por valores. Ninguém foi criado para ser prostituído, mas para honrar a Deus.Se isso nunca foi amor, que caracteriza o amor pleno, ungido, abençoador? Definições, existem-nas aos milhares. Luís de Camões num inspirado soneto explica que "Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer". E em todo o restante do soneto, tentando conceituar o que é o amor diz que é amor e sofrimento, desprendimento, doação e um paradoxo.A Palavra Santa, porém, é sempre esclarecedora e ensina que "o perfeito amor lança fora o medo" (1Jo 4.18), e Paulo, apóstolo, cantando as virtudes do Amor (Agape em 1Coríntios 13) explica pela intervenção do Espírito Santo que tem as qualidades da paciência e da benignidade, da ausência do ciúme (que é medo de perder), administra perfeitamente o orgulho e a soberba, guarda a conveniência em tudo, é respeitador, portanto, é altruísta, ama a verdade e a pureza de intenções.Isso é amor, e se não permear as intenções, pensamentos, palavras e ações é só barulho, trovão, ruído sem sentido. Basta comparar essas ungidas qualidades com as Parafilias, e estas serão vistas como as aberrações descritas pela Psicanálise freudiana, e, mais importante ainda, segundo o coração de Deus, que nos concede Seu Shalom como inteireza, justeza, plenitude, saúde e paz de mente, de corpo, de espírito, paz total e integral.

INDICAÇÃO DE LEITURASBAPTISTA, Walter Santos. Fora de Padrão. Salvador, Monografia não publicada, 1999.CHEMANA, Roland (Org.) Dicionário de Psicanálise Larousse-Artes Médicas. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1995. Trad. F. F. Settineri.CUNHA, Jurema Alcides (Org.) Dicionário de Termos de Psicanálise de Freud. Porto Alegre, Globo, 1970. "El crimen de la pederastia". Em: http://www.el-mundo.es/1997/ 06/26/opinion/26N0014.htmlLAASER, Mark R. O Pecado Secreto - curando as feridas do vício sexual. Curitiba, Luz e Vida, 1996. Trad. R. Castilhos.

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MASTERS, William H. e JOHNSON, Virginia E. A Conduta Sexual Humana. Rio, Civilização Brasileira, 1968. Trad. D. Costa. MCCLOSKEY, Padre John. "La Iglesia de E.U. Sacudida por los Casos de Pederastia de Sacerdotes". Em: http://www.catholicity.com/mccloskey/articles/pederastia.htmlLEVANDO A SÉRIO A PALAVRA DE DEUSESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br Texto básico: Lucas 8.5-8, 11, 15Não podemos levar Deus a sério quando desprezamos a Sua palavra, e não buscamos conhecê-la. Afinal, Jesus Cristo mesmo exortou, "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus"(Mt 22.19). Há quem conheça a Bíblia, mas seja ignorante do poder; há quem conheça o poder, mas é vazio da Palavra. Talvez alguém seja elogiado pregador, admirado professor da EBD e tem extraordinário domínio da Bíblia Sagrada, mas conhece o poder de Deus? O fato é sério.A Palavra há ser levada a sério porque, afinal, tudo com ela começou: os céus, a terra, o mar, a vegetação rasteira, as densas florestas tropicais, os primeiros invertebrados, os peixes, répteis, aves, mamíferos e nós também!A Palavra há de ser levada a sério porque tudo caminha de acordo com essa mesma Palavra (cf. Is 55.11), e tudo terminará de acordo com ela (cf. Mt 24.35; Ap 19.11,13). Não podemos esquecer as inúmeras referências à Palavra divina como em João 5.24; 8.51; 12.48; 14.15,21,23; 17.8,17; Romanos 10.8; Ef 6.17; Filipenses 2.13-16a; Colossenses 3.16; 1Tessalonicenses 2.13; Hebreus 4.12; Isaías 40.8; Jeremias 23.29.Levar a Palavra a sério é amá-la, estudá-la e viver por ela. É tê-la como regra de fé e prática, de doutrina e ética, de extrair dela (e somente de suas páginas) o que cremos e como nos conduzir neste mundo. É orar por um avivamento na Igreja (não é agitação...): é santo fogo num santo altar, queimando o indesejável em nossas mentes, consciências e ações. É desejar esse avivamento, essa energização do Espírito Santo e pautá-lo pela Santa Palavra.Levar a Palavra a sério é dela alimentar-se (cf. Dt 8.3). Há, aliás, uma bem-aventurança para quem leva a Palavra a sério em Lucas 11.28: "Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam", disse Jesus. É entendê-la como a poderosa e temível arma de Deus, pois é a espada do Espírito (Ef 6.17). Aliás, Jesus a usou para vencer Satanás que O tentava (Mt 4.3, 4, 6, 7, 9, 10)LEVAR A OBEDIÊNCIA A SÉRIOLevar a Palavra a sério é aprender a obedecer nos termos do Salmo 119.66: "Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos teus mandamentos". A esse propósito, Moody, o evangelista, afirmou que "O mundo está ainda para ver o que Deus pode fazer com uma pessoa que Lhe está totalmente entregue". Isso significa que nós precisamos relembrar nossa condição de servos.Sim; porque ou somos servos de Deus ou servos do Outro; ou andamos santamente ou caminhamos no pecado (Jô 8.34). Se você ainda é escravo de certos pecados, o Inimigo toma conta de cada pensamento seu, de cada ação sua, de cada palavra que profere. Mas se Jesus é o seu Senhor, você tem um jugo suave e um fardo leve, porque Ele, o Senhor, compartilha a sua carga. Não é melhor levar a obediência a sério?Uma área realmente delicada é a questão da obediência. Diz a Palavra de Deus: "Pois o pecado não terá domínio sobre vós" (Rm 6.14a). No entanto, saímos arrastando um fardo na alma, um pecado escondido, secreto, particular por ninguém conhecido. Onde fica a obediência à Palavra que diz que "o pecado não terá domínio sobre vós"?Qual o seu pecado, meu irmão? É irritação? A raiva fácil? A lavada e deslavada mentira? É a deslealdade? A falsidade? A traição? Seu pecado é a cobiça? O egoísmo? A avareza? Como é você, minha irmã dona de casa, com sua empregada? Você, irmão empresário, com seus funcionários? É do

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tipo que acerta algo com o empregado, e depois dos acordos na Justiça, toma o cheque das mãos do demitido? Vamos a Romanos 6.6, "pois sabemos isto, que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado".Viu? Deus toma a velha criatura em nós e a prega na cruz. É o grande favor que Ele nos faz (cf. Rm 6.7).LEVANDO A ORAÇÃO A SÉRIOLevar a Palavra a sério é, por todos os meios, e passando sobre todas as barreiras, manter uma vida de oração.E não é mesmo? Como levar a Palavra de Deus a sério sem oração, porque orar é estar com Jesus, andar com Jesus, falar com Jesus, manter comunhão com o Senhor? E não nos incentiva a Escritura a orar sem cessar? (cf. 1Ts 5.17; Lc 18.1ss; 21.36; Rm 12.12b)A negligência na oração é coisa antiga. Num livro editado em 1951 pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, o autor, Pr. Robert Lee, afirma que "A oração é a maior força no serviço cristão, e a mais negligenciada". E vemos na Palavra Santa que o Senhor quer· a oração com fé (Hb 11.6; Mc 11.20-26; cf. Mt 9.27ss);· que oremos definidamente (Mt 6.7,8; Mc 11.24);· a oração com submissão;· e a oração sem hipocrisia, pois hipocrisia é um teatro, mas oração é um ato de culto (Mt 6.5).E mais: não há lugar para pressa na oração. Pelo contrário, há princípios espirituais nela envolvidos: crer, louvar, desejar, pedir e obedecer. É tudo muito sistêmico. Você começa sua vida com a obediência, e faz o ciclo para chegar à obediência.Pois é; quando levo a Palavra de Deus a sério, quando levo a oração a sério, e peço que Deus tire um defeito meu, uma atitude da velha criatura (que já deveria estar na cruz), Ele remove esse defeito, essa atitude e coloca no lugar um atributo Seu:

COMO SOU Sou egoistaVivo triste pesarosoVivo sobrecarregado e lacrimosoJá não suporto ninguém, sou um poço de nervosismoSou áspero, rude, grosseiro Sou insensível, coração de pedra Tenho sido desleal e infiel Sou irascível e explosivo Tenho raiva fácil e incrível capacidade de ferir os outros ELE ME DÁAmorAlegriaPazPaciência Benignidade (Gentileza, Finura) Bondade Fidelidade (Digno de Confiança) Mansidão Domínio próprio Ele me dá o fruto do Espírito. Que bênção1 Tudo porque levo a Palavra foi levada a sério.Se é o seu caso, peça a Deus que mude seu velho, cansado e viciado coração pela mente de Cristo (cf. Fp 2.5-7; 1Co 2.16). Se o irmão ou a irmã anda com Espírito, Ele cria em você o desejo de orar porque Ele é o Espírito de súplicas e clamor. Ele intercede conosco quando oramos, e por nós (Rm 8.26,27). Oração é coisa séria. Andrew Murray fez uma impressionante afirmação ao dizer: "Deus governa o mundo pelas orações dos Seus santos". Sugestiva palavra a de Spurgeon que declarou: "Satanás nunca cutuca um

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cavalo morto", mas mexe com a igreja porque é viva. Então, esse é um ministério muito especial, e para me afinar, ajustar e adequar a ele, preciso desejar o que Deus deseja, ver como Deus vê e amar como Deus ama.LEVAR A SANTIFICAÇÃO A SÉRIOLevar a sério a Palavra é buscar a santidade. Deus exige que o Seu povo seja santo (1Pe 1.16). Afinal, santidade é libertação completa e perfeita do pecado (Rm 6.11,18), e em textos explícitos sobre santificação, diz a Escritura: "Esta é a vontade de Deus para a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição;... pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santificação" (1Ts 4.3,7), e "Segui a paz com todos, e a santificação; sem a santificação ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14, cf. 2Co 7.1; Ef 1.3,4). E diz igualmente, que tem um ponto de partida: "Mas, andemos segundo o que já alcançamos" (Fp 3.16).Levar a Palavra a sério é enfatizar a integridade. Que inspirador exemplo de integridade, o do profeta Daniel (6.1-16). Jogado na jaula dos leões for nele. Por que fizera algo errado? Não! Porque fizera algo correto: foi justiçado por fazer o certo. O apóstolo Pedro tem, uma palavra sobre isso na sua Primeira Carta 2.20,21: "Mas que glória é essa, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, porém, fazendo o bem, sois afligidos e o suportais com paciência, isto é agradável a Deus. Para isto fostes chamados, porque também Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais as suas pisadas". É; integridade tem a ver com santidade. Nos países de língua inglesa há um dito entre os cristãos: "Wholeness is holiness", ou seja, "Integridade é santidade".Santidade é "perfeito amor", aquele de que fala 1João 4.18. É um estado no qual não podem subsistir a cólera, a malícia, a blasfêmia, a hipocrisia, a inveja, o amor ao dinheiro, o mundanismo, a carnalidade, o engano, a mentira, as contendas. Tudo aquilo de que fala Gálatas 5.19-21.Santidade é uma situação em nós em que Deus é amado, e o coração confia nEle. Não é perfeição absoluta, pois só Deus é absolutamente perfeito. Não é a perfeição dos anjos de Deus. Nem a perfeição que nosso primeiro pai possuía antes da Queda. Santidade é obediência, é uma conta de diminuir, pois "Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, e fingimentos, e invejas, e toda a sorte de maledicências...", e, "Agora, porém, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca" (1Pe 2.1; Cl 3.8). Mas é uma conta de somar também: "Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de compaixão, de benignidade, de humildade, de mansidão, de longanimidade" (Cl 3.12). É como ensina Charles Swindoll: "Uma pessoa santa é aquela que possui um coração sensível para com Deus, e que leva Deus muito a sério porque tem fome e sede de Deus".Levar a Palavra de Deus a sério é buscar a pureza nas relações com o outro sexo. Isso nas relações conjugais, e no trato com o outro no namoro e no noivado. É pureza para não tratar com leviandade os sentimentos de uma moça ou de um rapaz. Santidade na vida, por isso. Quem é santo no domingo há de sê-lo igualmente na segunda-feira, na quinta-feira e no sábado. Jesus não teve uma vida dividida, esquizofrênica. Ao contrário, João 8.29 nos diz: "Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou só, pois faço sempre o que lhe agrada"; e Paulo nos exorta: "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1Co 10.31).J. Edwin Orr no seu já clássico Plena Submissão menciona exame de pecados:· Fala em pecados da língua· Pecados da impureza· Pecados do espírito.É a cólera, também chamada de "mau gênio"; é irritação, impaciência, amargura, ressentimento, exasperação, paixão, raiva e fúria. São as palavras ofensivas: o sarcasmo, a irreverência, a profanação. É tomar o Nome de Deus em coisa vazia (Ex 20.7); são, mesmo, as conversas paralelas ao Culto em andamento. É a crítica. Aliás, há crítica e crítica. Crítica é exercer juízo sobre algo ou alguém com discernimento, propriedade e conhecimento; e há crítica que fere e destrói. O problema da crítica ferina, maldosa, é que é feita sem conhecimento do criticado. Qual a diferença entre o amigo e o inimigo? Ambos falam dos seus defeitos, mas o amigo fala dos seus defeitos a você, e o inimigo fala dos seus defeitos aos

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outros e sem piedade. Qualquer pastor é alvo de crítica, muita crítica, impiedosa crítica. É uma figura paradoxal, pois é reconhecido por todos que a igreja tem necessidade de um guia espiritual, porque o Novo Testamento estabelece a presidência de líder espiritual (Ef 4.11,12; Hb 13.7,17), mas, ao mesmo tempo, há quem ponha pedras e espinhos para tornar difícil, sacrificial, quase impossível, a tarefa de um pastor. E isso não vem de Deus. É a leviandade, a conversa torpe, baixa, inconveniente. É a murmuração. Disse o Dr. Orr, "Quase toda igreja tem um murmurador, para o qual nada está direito" (p. 62). Por trás do que parece zelo, há muita crítica e baixa condição espiritual (cf. Fp 2.14).Dr. Orr fala em pecados do espírito: o orgulho (1Pe 5.5). Por incrível que pareça, há um orgulho ao contrário. O diácono de uma igreja me dizia: "Meu orgulho, pastor, é não ter orgulho". Tem o quê, então?A hipocrisia. Jesus a condenou em Mateus 23.28.É a falta de interesse na oração. Com as conseqüências: falta de interesse em testemunhar, falta de amor e incredulidade.O crente espera receber bênçãos, muitas bênçãos. E por que se perde essa bênção? Duas respostas: consagração imperfeita e fé imperfeita. Consagração pela metade é não levar a sério a Palavra. Que bonito e inspirador o que Paulo disse dos tessalonicenses: "De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na Macedônia e na Acaia. De vós, fez-se ouvir a palavra do senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares. A vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que não temos necessidade de falar coisa alguma" (1Ts 1.7,8).Pois é; a santificação é um projeto de cooperação com Deus e baseado em Filipenses 2.12,13 e Colossenses 3.12-14: "de sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também efetuais a vossa salvação com temor e tremor, pois Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade"."Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de compaixão, de benignidade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós. E, sobre tudo, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição".Que o Pai Celeste nos ajude neste cometimentoMINISTÉRIOS FIÉISESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br "...passei pregando o reino de Deus... não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus... estou limpo do sangue de todos" (Atos 20. 25 – 27).Não existe chamada mais honrosa e elevada que a divina para o ministério integral. É senso comum que qualquer outra atividade desenvolvida pelos cristãos tem sua pertinência na Causa de Cristo e não deve ser minimizada. No entanto, a Escritura Sagrada dá grande importância a homens e mulheres que foram separados como profetas, evangelistas, missionários e pastores. O apóstolo Paulo mesmo demonstrou uma clara visão do seu ministério, e suas cartas o revelam (1).O contexto da porção bíblica escolhida é que Paulo, apóstolo, está deixando um lugar onde tem exercido um ministério fiel e pleno de frutos. Paulo está com sentimentos divididos: está triste e alegre. É tristeza por deixar aqueles a quem ama, mas prazeroso por ter sido o instrumento de sua conversão. É, na verdade, uma despedida carregada de emoção. E há, no seu desenvolvimento, detalhes que merecem análise. Paulo menciona que sua palavra sempre foi destemida, havia transmitido a vontade de Deus sem quaisquer reservas; menciona, ainda, que sempre trabalhou com as próprias mãos para satisfazer as suas necessidades pessoais, nada cobiçou de outras pessoas, pelo contrário, seu trabalho, não o reservava para si, mas ajudava a suprir as necessidades de outros menos validos.

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Outra expressão de Paulo em sua despedida é o enfrentamento do futuro com confiança visto que depende unicamente do Espírito Santo. Mesmo não sabendo o que virá no dia seguinte, espera-o e o enfrenta com a plena consciência de toda a direção é do Espírito. Paulo recorda aos seus colegas de ministério algumas realidades próprias do seu múnus ministerial e profético: o dever que não é outro senão vigiar, alimentar, cuidar do rebanho do Senhor que lhes foi confiado, tarefa que ninguém escolhe, antes, pelo contrário, para ela é escolhido; o perigo a que estão sujeitos, bem na medida do pensamento contemporâneo de que "o preço da liberdade é a eterna vigilância". Os participantes da obra divina correm o perigo da contaminação do mundo, do secularismo, da inveja ou do sucesso. É verdadeiramente uma luta ingente, feroz e constante mantida pelos profetas, pastores, evangelistas, educadores, missionários, obreiros em geral para manter a pureza e a intocabilidade da Igreja de Jesus Cristo sob a sua liderança espiritual. Antes de sua partida, traz à memória de seus amados três características de seu próprio ministério, e, por extensão, de todos os fiéis ministros, missionários, profetas, obreiros do Reino de Deus.CARACTERÍSTICA 1:FIDELIDADE À DIVINA COMISSÃO"Passei pregando o reino de Deus" (v. 25). O método de Deus para a salvação dos perdidos não é outro senão a pregação, pois "aprouve a Deus salvar pela loucura da pregação...(2)" Outros métodos são auxiliares, contribuem, ajudam, não são, porém, prioritários.A palavra pregar é usada por Paulo cinqüenta e nove vezes nas suas cartas. Até mencionou que "Cristo não me enviou para batizar"(3). Da mesma forma, escreveu, "cheguei a Trôade para pregar o evangelho"(4), e a Timóteo exortou com a seguinte expressão: "Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo"(5).Para Paulo, precioso é o evangelho, não a sua vida(6). Esta convicção que queimava a sua consciência ela a reflete igualmente em Atos 21.13, Filipenses 1.19-26 e 3.8, entre outros tocantes exemplos de dedicação, consagração e abandono de seu espírito ao Espírito de Deus. Para o apóstolo, prioritário é pregar, proclamar essa mensagem abençoada e abençoadora de um evangelho eficaz para a salvação de todo aquele que crê. CARACTERÍSTICA 2: APRESENTAÇÃO PLENA"Não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus" (v. 27). Spurgeon fez referência a pregadores que enfatizavam apenas certas doutrinas. É o que podemos chamar de "evangelho light". Esses pregadores falam de doutrinas como o reavivamento, a cura divina, e outras igualmente populares. Entretanto, os ministros fiéis não se prendem a um assunto favorito, mas proclamam todas as Doutrinas da Graça. O apóstolo Paulo não se esquivava de fazê-lo. Não deixava de pregar porque certas verdades não satisfaziam os paladares de seus ouvintes porque um ministro fiel não se amedronta diante dos homens. Na verdade, o ministro fiel e destemido não busca a popularidade "amaciando" certas ênfases do evangelho que não apoiadas por alguns. Seu tema principal é a salvação, incluindo seus aspectos como a eleição, a justificação, a redenção, a santificação e a glorificação a serem explicados com toda a clareza possível, e tudo o mais que está contido na Palavra de Deus, ou como já foi resumido com muita pertinência, "o ser humano, o pecado e a graça".CARACTERÍSTICA 3: OBRIGAÇÃO SEM CULPA"Estou limpo do sangue de todos" (v. 26). Estas palavras são um eco de Ezequiel 33.1 - 9, "todo aquele que ouvir o som da trombeta, e não se der por avisado; e vier a espada, e o levar, o seu sangue será sobre a sua cabeça"(7).Diz a Bíblia na Linguagem de Hoje: "Esse alguém é responsável por sua própria morte". Paulo também o disse ecoando o profeta Ezequiel, "estou limpo do sangue de todos" (8), frase do missionário vertida pela BLH como "se algum de vocês se perder, eu não sou responsável"Paulo era, na verdade, um pregador tremendamente linear. Pregava todo o plano de Deus, e cumpria sua tarefa. A resposta dos ouvintes não era sua responsabilidade. A referência à culpa pela morte de alguém aplica-se, como se depreende, ao dever espiritual do missionário/evangelista pela apresentação fiel da mensagem de vida abundante: o pecador é advertido, a responsabilidade de atender ao convite

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para a bênção já lhe foi passada, e assim o pregador cumpriu o seu sagrado dever de ressaltar o pecado, a justiça e o juízo, deixando que o Espírito faça a obra de convencimento, e apelando para que se escolha a vida.Nosso problema, quantas vezes, tem sido o desejo de ver resultados visíveis em lugar de deixarmos os resultados com Deus. Pode o missionário, o evangelista, o pastor ficar tão ansioso e não se lembrar da recomendação bíblica, "Lança o teu pão sobre as águas", até porque nos garante a conclusão desta recomendação que "depois de muitos dias o acharás"(9). Garante a Escritura que a Palavra de Deus "não voltará vazia"(10), razão porque não precisamos nos preocupar com os resultados visíveis imediatos. O Senhor da seara é fiel, desse modo, os Seus servos devem ser fiéis na entrega da mensagem e na obrigação por causa de sua divina comissão.ÚLTIMO PENSAMENTOS"E eis agora sei..." (v. 25a). Gloriosa certeza! Extraordinária convicção! Em outro espaço, também o fez com a afirmação de "sei em quem pus a minha confiança e estou certo de que ele tem poder para me guardar na minha missão até ao dia marcado", o Dia do Juízo(11). Com esta expressão de fé e esperança, o apóstolo introduziu os pensamentos acima analisados. Sem qualquer sombra de dúvida, o missionário/profeta/pastor/obreiro/obreira dirá "EU SEI..!" Sim; tem conhecimento de sua pequenez, fragilidade e tremenda dependência de um Pai amoroso, cuidadoso, e sempre pronto a dar sustento emocional, espiritual e forças físicas para o desempenho da tarefa proposta. Há lobos vorazes rondando o rebanho, prontos a entrar no santo aprisco. Quanta deturpação doutrinária, quanta novidade penetrando como se fossem moderníssimos métodos de proclamação, e, no entanto, quanto poder nas palavras emanadas por vidas confiantes, corajosas, ousadas que podem afirmar "EU SEI...! EU CONHEÇO O SENHOR DA SEARA!"Que não passemos adiante a sagrada missão evangelizadora que o Senhor poderia ter confiado aos Seus anjos, por essência e definição Seus autênticos mensageiros e ministradores; porém, foi a nós que Ele o fez. Cabe-nos corresponder!NOTAS(1) Cf. 15.14ss.; 1Coríntios 16.10ss.; 2Coríntios 2.14-6.10; 10.1ss.; Colossenses 1.24-2.23; etc.(2) 1Coríntios 1.21b.(3) 1Coríntios 1.17.(4) 1Coríntios 2.12a.(5) 2Timóteo 4.2a.(6) Cf. Atos 20.24(7) Cf. v.4.(8) Cf. Atos 20.26b.(9) Eclesiastes 11.1.(10) Isaías 55.11.(11) 2Timóteo 1.12 (O Novo Testamento, Tradução Interconfessional, Lisboa, Sociedade Bíblica de Portugal, 1978)O VERBO E O PÚLPITOESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br o pregador e o seu auditórionuma abordagem psicanalíticaA Natureza da Psicanálise e a Natureza da PregaçãoPara se entender a Psicanálise, é preciso, antes de tudo, torná-la distinta de duas disciplinas com as quais freqüentemente é confundida.A Natureza da Psicanálise

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Quando se emprega o termo Psicanálise, a referência é "à descrição teórica da mente humana e ao sistema de psicoterapia a ela associado desenvolvido por Sigmund Freud em Viena", ensina KLINE (1). Utiliza-se a mesma designação para descrever sistemas semelhantes derivados da interpretação freudiana, como os de Adler, Jung, Fereczi, Reich, Klein, e outros tantos.A Psiquiatria, por outro lado, é um ramo da Medicina dedicado ao tratamento das doenças mentais. Observe-se que a Psicanálise busca o alívio destes distúrbios procurando revelar os fatores que os determinam, podendo ser, até, técnica da própria Psiquiatria, ao passo que, onde a Psicanálise não encontrar reconhecimento, a Psiquiatria pode não incluí-la.O terceiro termo é Psicologia, que é aplicado à ciência do comportamento. Existe, aliás, uma Psicologia Clínica que é essencial e basicamente psiquiátrica. Visto isso, verifica-se que a Psicanálise nasceu com um propósito de base terapêutica, e tem sido considerada, ao longo desses cem anos (2), como "o mais moderno e eficiente - embora longo e dispendioso - método de tratamento dos desequilíbrios mentais" (3). Gastão Pereira da SILVA a denomina de "terapêutica da sinceridade".(4) O objetivo é "abrir o Inconsciente" do analisando, já que o Inconsciente é a razão da Psicanálise. O psicanalista utiliza basicamente o que é externado pela palavra, seja a narrativa de memórias, o sonho, as parapraxias (atos falhos ou lapsus linguae), os chistes (gracejos) e, mesmo, o silêncio como resistência e modo de comunicação.(5)A Natureza da PregaçãoMORAES, num artigo de título altamente sugestivo, aponta para a "Cumplicidade na Pregação", quando esclarece que "tanto mais o pregador conhece e vive o conteúdo do seu sermão, tanto mais identificação há entre ele e a mensagem, tanto mais é possível ter ouvintes interessados e atentos" (6)Esse interesse e atenção do ouvinte vem andar paralelamente ao conceito freudiano de Transferência, ponto capital em Psicanálise. No tratamento psicanalítico, a Transferência é uma ocorrência importantíssima, visto que todo o curso da análise dela depende. Poderemos conceituá-la como a passagem dos afetos (7) do paciente para a pessoa do terapeuta ou analista. A Transferência não é uma conquista amorosa, embora haja um processo de "sedução" (no bom sentido, naturalmente), Não há, contudo, propósitos sexuais, mas de simpatia, ou "cumplicidade" para usar a expressão de MORAES. (8) O que sucede no consultório e divã do psicanalista vai suceder no santuário epúlpito quando este exerce um papel de "sedução" e se estabelece uma Transferência nos mesmos ou quase nos mesmos moldes da que acontece em psicoterapia. O livro de Ezequiel registra um como processo de Transferência dos filhos de Israel para com o excelente pregador que era esse profeta:"Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo... vêm a ti, como o povo costuma vir, e se asentam diante de ti como meu povo... Deveras, tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave, e que tange bem..." (9) Na realidade, MORAES apresenta características da cumplicidade na Pregação que podem ser as da Psicanálise, quando ele ensina que:A cumplicidade é um recurso necessário ao momento atual, sendo que o mesmo pode ser dito da Psicanálise. A cumplicidade na pregação começa a acontecer antes mesmo da entrega da mensagem. Na prática psicanalítica, a Transferência leva o paciente a antegozar o momento da sessão de análise. A cumplicidade na pregação exige do pregador um conhecimento do povo, seus problemas e anseios, o mesmo podendo ser afirmado do psicanalista que deve ser uma pessoa atualizada com o mundo e razoavelmente entendida em todas as áreas para poder conduzir a conversa com o seu paciente. A cumplicidade deve estar presente na introdução do sermão. E assim ocorre quando do início da sessão de terapia. A cumplicidade na pregação requer que a mensagem seja pregada com equilíbrio, do mesmo modo como o terapeuta conduzirá a sessão. A cumplicidade na pregação é uma realidade quando o povo tem a oportunidade de participar. Não havendo Resistência (outro termo freudiano), o paciente participa bem, saindo plenamente aliviado da sessão de terapia, como abençoado do Culto pela pregação.

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O Dr. Wayne OATES, autor e co-autor de mais de cinqüenta livros na área de Cuidado Pastoral (10), menciona em seu aclamado The Christian Pastor a questão do Ensino Pastoral, o Ministério da Pregação e o Cuidado Pastoral.(11) Elaborando este tema, diz o mencionado professor do Seminário Batista de Louisville, que o relacionamento pregação-pastoral propõe um paradoxo na abordagem que o pastor usa para ir ao encontro da vida do seu povo em termos de alvos, ideais, objetivos e propósitos para viver no Reino de Deus. Aborda, ainda, que o bom pregador depende, tanto quanto o bom pastor, de algumas leis da personalidade, para a sua eficiência. Menciona, também, o estabelecimento de um Rapport, termo usado em certas áreas como Transferência o é na Psicanálise; no entanto, acrescenta OATES, vai levar tempo e um relaxamento paciente de suspeitas e defesas de todo tipo. (12)É natureza da Pregação, portanto, suprir as necessidades espirituais do povo de Deus através de uma pessoa idônea que comunique oralmente a mensagem divina extraída da Bíblia Sagrada com o poder e unção do Espírito Santo. Depreende-se que, por ser um recurso divinamente inspirado, a pregação assume as alturas de uma relação de ajuda.VOCABULÁRIO DA PSICANÁLISE Sem dúvida, expressões como consciente, inconsciente, ego, superego, mecanismo de defesa, repressão, regressão, projeção, ato falho, libido, fase oral, fase anal, fase fálico-genital, complexo de Édipo são largamente utilizadas pelo povo, apesar de o serem sem qualquer conceituação psicanalítica. São, no entanto, termos da Psicanálise freudiana. Torna-se imperativo entendê-las para uma abordagem psicanalítica da Pregação cristã.Inconsciente e Cia. Temos a chamada Teoria Topográfica, a qual trata, como diz o nome, da topografia do aparelho psíquico, que se divide em Inconsciente, Pré-consciente e Consciente. Filósofos, psicólogos e, naturalmente, psicanalistas admitem a existência de um Inconsciente. Thomas LIPPS afirmou que "o inconsciente deve ser considerado a base universal da vida psíquica". (13) Outrossim, MALEBRANCHE deduzia ser o Inconsciente originário de numerosas representações da impossibilidade da simultaneidade da apercepção. (14) E para Edward VON HARTMANN, os fenômenos inconscientes não estão submissos a uma regra da experiência, pois são sempre o "eterno inconsciente", de existência isolada, com propriedades transcendentes, e não passíveis de comprovação experimental.(15)

Para o Inconsciente vão, por assim dizer, as idéias censuradas ou recalcadas. Gastão Pereira da SILVA usa a figura metafórica de um "presídio" ou "enxovia" na qual se acumulam as "más tendências psíquicas" (16). Esse recalque que vai para o Inconsciente pode ser um desejo, um sentimento ou ódio, de qualquer maneira, algo inacessível à pessoa. A principal linguagem do Inconsciente é a dos sonhos, dos atos falhos e a dos chistes, já o destacamos. "Abrir o Inconsciente", repetimos, é o propósito da Psicanálise.O Pré-consciente, por sua vez, arquiva as idéias selecionadas que estão ao alcance do Consciente, que é usado no dia-a-dia, pois qualquer sensação que possa ser descrita é consciente. Ego, Superego e IdA denominada Teoria Estrutural destaca os três mecanismos da Personalidade: o Id, o Superego e o Ego. O Id repousa inteiramente no Inconsciente, sendo que sua energia está quase totalmente à disposição dos instintos básicos que são o Eros (instinto de vida, do bem, tudo o que é positivo, bom, justo, animado e animador) e o Tanatos instinto de morte, do mal, de negativo, injusto, e rebaixador). O Superego é um sistema de monitoramento e fonte de determinações morais e comportamentais, ou, como

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coloca HURDING, "uma voz 'interior paterna ou materna'"(17). O Ego, por seu lado, tem por objetivo maior a "autopreservação do organismo", e como função principal a coordenação de funções e impulsos internos, bem como fazer com que os mesmos se expressem no mundo exterior sem conflitos.Pulsão É um conceito-limite entre o psíquico e o somático. (18) Há quem use a palavra Instinto em lugar de Pulsão, embora Freud tenha usado Instinto para caracterizar um comportamento animal preformador, hereditário e característico de uma espécie. A Pulsão é um processo dinâmico que consiste em um impulso cuja fonte reside numa excitação corporal localizada. A fonte da pulsão, assim como sua meta, está no lado somático.O desenvolvimento progressivo da teoria das pulsões deve ser dividido em três etapas:Primeira etapa: caracteriza-se por um antagonismo entre a pulsão sexual e a pulsão de autoconservação. Segunda etapa. Nesta dá-se o surgimento do Narcisismo. Terceira etapa, que se constitui pela oposição entre a pulsão de vida (Eros) e a pulsão de morte (Tanatos). A Pulsão é distanciada do Instinto por ter uma característica própria: o ser sempre parcial. Não pode ser totalizada, nem domesticada, e não precisa de coisa alguma para se manifestar.TransferênciaReferindo-se a este tema, Karen HORNEY afirma ser, na sua opinião, "a mais importante descoberta de Freud", pelo fato de que é possível a utilização terapêutica das reações emocionais do paciente em relação ao analista e à situação analítica. Este assunto já foi objeto de tratamento mais acima.ResistênciaEm termos clínicos, Resistência é tudo o que interrompe o trabalho psicanalítico. Freud ensina que "a resistência acompanha o trabalho psicanalítico em todos os seus passos" (19) FREITAS destaca de modo simples que a verdadeira Resistência é o medo ou vergonha de pedir ajuda e reconhecer as próprias limitações, bem como admitir os próprios problemas e a dificuldade de pedir ajuda. (20)AnsiedadeA ansiedade é produzida pela competição existente em nossa sociedade, a qual se transfere para dentro de si. Sempre foi assim, e isso se torna agravado pela perda do Outro, pela perda de si mesmo e pela incapacidade frente ao novo. Essa ansiedade é chamada por HORNEY de "neurótica".(21) Impulsos hostis são a principal fonte de onde nasce a ansiedade neuróticaO VOCABULÁRIO DA PREGAÇÃO Há, igualmente, um vocabulário utilizado pelo pregador e que tem como fonte a Teologia cristã e a Doutrina bíblica. São ricas e plenas de significado as palavras que o constituem e que são empregadas na comunicação do evangelho. Os conceitos mais destacados são Graça, Fé, Salvação, Justifica0ção, Santificação, Glorificação.GraçaEfésios 2.8 declara que "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus". Graça é o amor de Deus que por força do pecado é imerecido pelo ser humano. É a mais expressiva das palavras do vocabulário da pregação.FéA fé é instrumental, básica e essencial, pois sem ela "é impossível agradar a Deus", como ensina Hebreus 6.11. A fé nos conduz à justificação, outro excelente vocábulo da fé cristã. (22)SalvaçãoA obra de restauração do ser humano pela graça divina mediante a fé pessoal é chamada de salvação, e compreende três fases: a justificação, a santificação e a glorificação. A primeira ocorre num momento crítico do kairos, ponto de retorno de caminhada, e se estende na busca da semelhança a Jesus Cristo naquilo que é denominado santificação. A glorificação, ápice da obra salvadora, ocorre tão-sómente na Glória Eterna.PazO resultado de toda a obra de salvação é trazer qualidade de vida ao convertido. Paz é a conseqüência da justificação.NEUROSE E SEXUALIDADE NA IGREJA Alguém jocosamente definiu o Neurótico como uma pessoa que constrói castelos no ar, o Psicótico como

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quem mora nele, e o Psicanalista como sendo aquele que cobra o aluguel. O fato é que a igreja é formada por uma quantidade de pessoas que podem ser classificadas como neuróticas, visto que "neurose é uma reação que afeta os aspectos de uma pessoa".(23) Difere do Psicótico porque a psicose implica na fragmentação de toda a personalidade. O fato é a que Neurose resulta de um mecanismo de defesa: os impulsos do Id não conseguem ser devidamente sublimados e isso faz com que as repressões do Superego ganhem maior expressão, surgindo deslocamentos doentios através dos Mecanismos de Defesa como a Compensação, Projeção, Racionalização, Conversão. (24)Os Neuróticos são pessoas que vivem com esses chamados Sintomas Neuróticos no seu dia a dia, sem qualquer alteração nas atividades normais. ELLIS esclarece o assunto com palavras simples: "Basicamente, é o indivíduo que age, com freqüência, de maneira ilógica, irracional, imprópria e infantil" (25). Certa gravidade surgirá quando o estado emocional se tornar por demais intenso e os sintomas se evidenciarem com muita clareza. Esses sintomas são principalmente a angústia, a ansiedade e as fobias. Mas há sempre a possibilidade de recuperação.Mas não é fácil reconhecer um Neurótico que não deve ser confundido com o Infeliz. O Neurótico é quem por defeitos herdados ou adquiridos em idade precoce, não sabe pensar com clareza, agir como pessoa adulta e fazer as coisas de modo eficiente. Muitos neuróticos têm grande talento, inteligência elevada e boa aparência, no entanto, a sua condição psíquica atrapalha a capacidade potencial e as realizações efetivas. Estes sofredores estão também na igreja portando dúvidas, indecisão, conflito, temor, ansiedade, sentimentos de inadequação, de culpa e autocensura, supersensibilidade e excesso de desconfiança, hostilidade, ressentimento, ineficiência, auto-engano, ausência de realismo, rigidez, timidez, afastamento, comportamento anti-social, insensatez, esquisitice, infelicidade, depressão, incapacidade de amar, egocentrismo, tensão, incapacidade de repousar, tendências obsessivas, inércia, falta de orientação, trabalho compulsivo, excesso de ambição, irresponsabilidade, fuga e autopunição, desejosos de uma libertação, de uma catarse, de uma ministração que lhes virá não somente de uma entrevista individual, de um trabalho de Psicoterapia de Grupo ou, ainda, do púlpito que transformará todo o Culto num grande espaço de Cuidado Pastoral, numa imensa relação de ajuda.(26) O que faz a Neurose é a Repressão, a luta travada no interior do indivíduo, numa repetição da exclamação de Paulo, o apóstolo, que diz: "não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço" (27). Essa tremenda Repressão ocorre geralmente em pessoas escravizadas a formas rígidas de educação e de moral, submissas que são a um implacável Superego e que vêem, quantas vezes, pecado e delito em atos que seriam considerados puros e normais por outras pessoas. Com a passagem do tempo, os afetos da psiquê fazem surgir enfermidades de natureza psicogênica, vestígios de sentimentos de culpa, e essas neuroses se mascaram e desnorteiam o indivíduo.PSICOPATOLOGIA E PROBLEMAS RELIGIOSOS Einstein afirmou certa ocasião que "A ciência sem religião é manca; a religião sem ciência é cega"(28) É um modo de dizer que não se pode prescindir de ambas as realidades; um modo de afirmar a verdade de ambas e como mutuamente podem se ajudar. Para o pastor/pregador, o conhecimento de si mesmo pela auto-análise e do aparato psíquico do seu rebanho pela análise de seu comportamento, suas angústias e necessidades é o mais poderoso instrumento para repassar a mensagem de que a esperança de cura existe: é só trabalhar com o kairos, o tempo de Deus, num labor paciente, tranqüilo, organizado através da terapêutica da palavra, do púlpito com mensagem preparada e ungida nos ditames de Jeremias 3.15, "Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência".Há, entretanto, certa qualidade de religião pessoal que pode ser classificada como enferma. Também estes estão nas igrejas. É a pessoa que, fazendo uma leitura ultralinear da Escritura Sagrada, transforma sua vida, a de familiares e a de outras pessoas num fardo tão pesado que quase não podem transportar. OATES no seu When Religion Gets Sick afirma que quando a religião fica enferma, prejudica de maneira total as funções básicas da vida.(29) Isso quer dizer que a disfunção é um critério para medir a enfermidade. Por exemplo, normal é a prática do jejum; recusar-se a se alimentar por ter medo do castigo de Deus, já é Neurose conduzindo a uma religião enferma.Há psicopatologias que conduzem a uma religião doente. A idolatria, em todas as suas formas e a superstição

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são exemplos de religião enferma; a religião que não ensina a perdoar e a olhar com fé e esperança o futuro e os dias maus; a religião da amargura, do ódio e da perseguição está seriamente doente. Uma abordagem psicanalítica da pregação e do pregador levará em conta esses defeitos na fé. Na verdade, se a fé for do tamanho da menor semente tem esperança; mas se a proclamada fé tiver um lado estragado, uma "banda podre" para usar expressão popular bem atual, o remédio é trabalhar o Id, o Superego e o Ego do seu portador e arrumar seu Inconsciente de tal maneira que as manifestações do Superego como em Colossenses 2.20s ("por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, como : não toques, não proves, não manuseies?") sejam substituídas por outros sentimentos como os estimulados por Paulo em Filipenses 4.8, que ensina, "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai". Este é um excelente roteiro para uma abertura do Inconsciente ou, se preferirem, para a solidez da consciência cristã. PSICOSSOMÁTICA E PREGAÇÃO Não podemos esquecer que o ser humano é um todo harmônico. Tanto a visão hebraica do 'adam (o ser humano) como Deus criou, quanto a Teoria Geral dos Sistemas tão bem conceituada por VON BERTALANFFY, são concordes em afirmar a unidade essencial da pessoa humana. Sempre ocorreu haver pessoas enfermas que sem apresentar lesões em órgãos do corpo, sofriam dos mesmos. Hoje essas pessoas são chamadas Neuróticas e tratadas de acordo, quando no passado a própria Medicina caminhava às cegas no tocante ao psiquismo humano. A importância à psiquê passou a ser dada com os estudos de Freud e seus discípulos. A própria Psicanálise nasceu do trabalho desenvolvido por Freud a partir de um caso de Histeria, que influenciou a cética Medicina, que passou a dar maior importância ao sistema psíquico, anteriormente ignorado.O surgimento da Medicina Psicossomática tirou os excessos tanto dos psicanalistas quanto dos médicos e colocou as coisas nos lugares adequados. Passou-se a compreender a interação corpo-mente. O psiquiatra MÁS DE AYALA fez uma equilibrada consideração quando afirmou que "Em todas as épocas, havia-se observado as influências que as emoções agudas exercem sobre as funções do corpo. A cada situação emocional - alegria, pena, vergonha, ira - acompanha uma síndrome psicossomática, que tem lugar no ritmo cardíaco, na respiração, na irrigação sangüínea, nas secreções, no sistema muscular, etc. Não obstante isso ser velho como o mundo, a Medicina não os levava em conta, pois essas trocas psicomotoras pertencem à vida normal e ela só estudava os doentes no hospital. Do mesmo modo como a Fisiologia acadêmica se fez sobre rãs descerebradas e cachorros narcotizados, o que levou Letemendi a dizer: à medicina humana falta homem e sobra rã".(30)Ao ocorrer um distúrbio somático, como o mau funcionamento de algum órgão, víscera ou glândula, o sistema psíquico recebe uma comunicação e inicia a manfestação de sintomas estranhos, muitas vezes diagnosticados como Neuroses quando são apenas descontrole orgânico. O contrário também ocorre: um distúrbio psíquico (não mental), mesmo momentâneo, transparece na forma de manifestações de colite, prisão de ventre, hemorróidas, constantes azias, hipertensão (ou hipotensão), taquicardia, má circulação nas mãos ou nos pés, dores musculares, alergias, urticárias, acne, sudorese excessiva, asma, bronquite crônica ou alérgica, rinite e laringite alérgicas, apnéia, diabetes, impotência, anorgasmia feminina, enurese, psoríase, vitiligo e tantas outras. Mulheres mal-amadas desenvolvem dores na coluna e dores de cabeça recorrentes; empregos inadequados ou mal recompensados trazem úlcera gástrica e enxaquecas. Os exemplos são inúmeros. A gravidez imaginária é um típico caso de psicossomatismo. Abortos ocorrem por problemas de ordem emocional, sejam eles medos, desgosto ou tensão nervosa. É um caso que a Psicanálise chama de Conversão. E esse povo está tanto nos consultórios dos psicanalistas quanto nos santuários para ouvir a ministração do púlpito, o qual, em havendo a inteligência mencionada em Jeremias 3.15, transformará a igreja e a sua mensagem numa enorme comunidade terapêutica. Não era sem motivo que Jesus Cristo dizia ao suplicante que lhe pedia a cura física, "Filho, tem bom ânimo; os teus pecados estão perdoados", ou, ainda, "Tem bom ânimo filha, a tua fé te salvou" (31) Estes são apenas dois exemplos do divino interesse de Jesus pelo homem total, que vive angustiado, sentindo-se culpado e necessitado de perdão.Angústia

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Uma jovem que sofria de Angústia, após consulta a um ginecologista, descobriu que portava um distúrbio nos ovários. Tratada, a Angústia desapareceu. A tireóide, quando funciona mal, é responsável por alterações de humor no indivíduo. Muita gente considerada fria, impulsiva, alienada ou angustiada porta distúrbios na sua tireóide.Para Freud, a Angústia define-se como sentimentos de medo e desamparo em relação a uma tensão de libido recalcada, uma expressão de libido reprimida. (32) MASSERMANN, citado por TALLAFERRO (33), propôs a seguinte conceituação "O afeto desagradável que acompanha uma tensão instintiva não satisfeita. É um sentimento difuso de mal-estar e apreensão que se reflete em distúrbios visceromotores e modificações da tensão muscular". GERKIN, falando das experiências de crise na vida hodierna e sua ministração pastoral, aborda o conceito de Angústia fazendo-a referir-se a uma dor aguda e profunda, sofrimento e aflição. (34)Vezes tantas, a Angústia aparece ao mesmo tempo que palpitações, transpiração, diarréia e respiração ofegante, fenômenos fisiológicos que podem surgir com ou sem a consciência da Angústia. Consiste este sentimento em uma sensação de desamparo em relação ao perigo. O perigo pode ser externo ou interno: o temor de uma enchente, da viagem numa estrada reconhecidamente perigosa, ou a fraqueza, covardia ou falta de iniciativa. Por essa razão, a Angústia é considerada um dos principais problemas da Neurose, e pode originar-se tanto na ordem psíquica quanto na somática ou em ambas ao mesmo tempo.Traumas de infância, medo de perdas, de ser abandonada, de não ser amada, temor da morte trazem Angústia, e esse povo quer direção segura do púlpito e orientação firme da Palavra de Deus, a qual coloca nos lábios de Jó expressões como, "falarei da angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma" (35), e na boca de Davi, "... consideraste a minha aflição, e conheceste as angústias da minha alma" (36).Depressão OATES ensina haver diferentes níveis de relacionamento na atividade do Cuidado Pastoral. É aí que psicanalista e pastor seguem rotas diferentes. É nos diferentes níveis de relacionamento que o ministro de Deus se torna amigo pessoal, vizinho, pastor-pregador, pastor-conselheiro e companheiro de outras atividades. Dependendo da situação em vista ou da emergência criada, o pastor deve saber o que fazer quando chamado a intervir. Isso vale igualmente no púlpito. Salienta, ainda, cinco níveis de Psicoterapia Pastoral, que são: o da Amizade, o do Conforto, o da Confissão, o do Ensino, o do Aconselhamento e Psicoterapia.Pessoas em Depressão enquadram-se no nível do conforto. Há uma ligação muito forte entre a Depressão e a Melancolia, visto que em ambas o paciente se submete a incontáveis auto-reprovações: sente-se indigno, impõe-se punições, e é como se uma força que tem a finalidade de destruí-lo se desenvolvesse. Rejeita a alimentação, passa o tempo a dormir, não cuida de si e não se importa com os outros.. É um quadro semelhante ao do luto. (37)Em muitas dessas pessoas, as razões para esta Depressão permanecem ignoradas no Inconsciente ou Pré-consciente, e as fazem precisar de um ministério de conforto que o púlpito deve trazer. É preciso ressaltar que a possibilidade de suicídio entre tais pessoas é altíssima, e que elas estão no nosso meio também . OATES, que é otimista nestes casos, afirma que a dor severa da depressão pode ser curada (38). Uma Terapia Breve, mesmo através da pregação, deve ter como primeiríssimo passo trabalhar a baixa auto-estima, seguindo-se a restauração da confiança pelas forças do Ego, o que o leigo chama de "massagear o ego", e a Bíblia destaca o "amar o próximo como a si mesmo" (39). O terceiro passo será a inversão da auto-agressão, seguido pelo estabelecimento de uma ligação da compreensão dos aspectos dinâmicos com a situação que precipitou a Depressão e as situações genéticas anteriores. O pregador há, ainda, de oferecer apoio através da disponibilidade expressa (se tem treinamento adequado para lidar com a situação) ou fazer referência a um profissional da área de saúde mental. O pastor deve estar alerta para o fato de que a tentativa ou ameaça de suicídio é um pedido de socorro. É evidente que o pastor/pregador tem ao seu dispor recursos alheios ao tratamento psicanalítico: a atuação do Espírito Santo e o poder da oração. (40)Sentimento de Culpa Para muitos psicanalistas e psicólogos, a idéia de Culpa é a causa de inúmeras perturbações psíquicas. No entanto, a realidade verificada é que estes sentimentos são tão universais quanto o medo, a fome e o amor.

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Para FREUD, os Sentimentos de Culpa são o resultado de pressões sociais. Nascem na mente da criança quando os pais a castigam, e não são outra coisas senão o medo de perder o amor deles. É conseqüência da construção e do reforço do Superego. JUNG, por sua vez, afirma ser a recusa da aceitação plena de si mesmo. DE ODIER distingue entre "culpa funcional" e "culpa de valores", sendo a primeira a conseqüência de uma sugestão social, medo de tabus ou de perder o amor das outras pessoas. A "culpa de valores" é a consciência genuína de que se transgrediu uma norma autêntica; é o juízo livre que o ser humano faz de si próprio sob uma convicção moral (41). Martin BUBER, o pensador judeu, expõe a "culpa genuína" e a "culpa neurótica" à qual chama também de "irreal", e para quem a culpa genuína sempre gira em torno de alguma violação das relações humanas, constituindo uma ruptura na relação Eu-Tu.No conceito bíblico, a Culpa não pode ser separada do pecado: é desacato à autoridade de Deus, e nasce da transgressão de qualquer dos mandamentos revelados na Sua Palavra como bem o declara 1João 3.4: "Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade".A estas pessoas, o púlpito pode ministrar levando-as à Confissão, Reparação da falta cometida logo que possível e Renúncia do pecado. O púlpito que ministra ao culpado lhe dirá como Jesus "Nem eu te condeno. Vai, e não peques mais". (42)CONCLUSÃO: O RESULTADO A Pregação tem seu lado terapêutico como acima exposto. E o objetivo do púlpito evangélico é levar o crente em Jesus Cristo a crescer. Crescer "na graça e no conhecimento de Jesus Cristo", aperfeiçoá-lo para o desempenho do ministério do seu ministério, e levá-lo "à medida da estatura da plenitude de Cristo"; conduzindo-o à abundância de vida libertando-o de suas mazelas, afetos e complexos. (43)Esta relação de ajuda mantida pelo púlpito e ensino aumentará o conhecimento que cada um tem de si mesmo, levará o ouvinte/ovelha à auto-aceitação como um ato de maturidade, leva-lo-á a uma capacidade de estabelecer melhores relacionamentos com Deus, com os outros e com si mesmo, terá a confiança reforçada, liberdade de amar e alegria de viver porque tudo isso é o que a Psicanálise realiza e com muito mais propriedade a ministração cristã através da Pregação.FONTES PRIMÁRIASALEXANDER, Franz. Fundamentos da Psicanálise.Rio, Zahar, 1965. Trad. W. Dutra. BOSCH, Magda et alii (Orgs.) Freud e a Psicanálise. Rio, Salvat, 1979. Trad. M. E. V. da Silva e I. Garcia. BRABANT, Georges P. Chaves da Psicanálise 2a ed. Rio, Zahar, 1977. Trad. T. de O. Brito e V. D. Contrucci. ELLENS, J. Harold. Graça de Deus e Saúde Humana. São Leopoldo, Sinodal, 1982. Trad. E. R. S. De C. Hoersting. ELLIS, Albert. Como Viver Com Neuróticos - no trabalho ou no lar. SP, Brasiliense, 1970. Trad. I. S. LEAL. FREITAS, Luiz Carlos Teixeira de. Por que Fazer Terapia? SP, Ágora, 1985 GALVÃO, Manoel Dias. A Psicanálise. Manaus, Valer, 1999. GERKIN, Charles V. Crisis Experience In Modern Life - Theory and Theology in Pastoral Care. 2a impr. Nashville, Abingdon, 1980. HORNEY, Karen. A Personalidade Neurótica Do Nosso Tempo. 3a ed. Rio, Civilização Brasileira, 1964. Trad. O. A. Velho ________. Novos Rumos na Psicanálise. 2a ed. Rio, Civilização Brasileira, 1966. Trad. J. S. de C. Pereira. HURDING, Roger E. A Árvore da Cura - Modelos de Aconselhamento e de Psicoterapia. SP, Vida Nova, 1995. Trad. M. L. Redondo. KLINE, Paul. Psicologia e Teoria Freudiana - uma introdução. Rio, Imago, 1988. Trad. N. S. L. KUSNETZOFF, Juan Carlos. Introdução à Psicopatologia Psicanalítica. 2a ed. Rio, Nova fronteira, 1982. MARTINEZ, Jose M. Ministros de Jesuscristo - mnisterio y homiletica. Vol. 1. Tarrasa, CLIE, 1977. ________. Ministros de Jesuscristo - pastoral. Vol. 2. Tarrasa, CLIE, 1977. MIRA Y LOPEZ, E. Avaliação Crítica das Doutrinas Psicanalíticas. Rio, FGV, 1964. MORAES, Jilton. A Cumplicidade na Pregação. Em: Revista Teológica - Reflexão e Fé. Ano I, No 1 (Agosto de 1999). NUNBERG, Herman. Princípios da Psicanálise. Rio, Atheneu, 1989. Trad. I. Braun. OATES, Wayne. The Bible in Pastoral Care. Philadelphia, Westminster, 1953. ________. When Religion Gets Sick. Philadelphia, Westminster, 1970. ________. The Christian Pastor. 3a ed. Philadelphia, Westminster, 1982.

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(26) Cf. WILLIMON, William H. Worship as Pastoral Care.(27) Cf. Rom 7.15ss.(28) Citado por ZILBOORG, p. 128(29) OATES, p. 20.(30) Cit. SILVA, Valmir Adamor da, p. 20(31) Cf Mt 9.1-7; 20-22.(32) Cf. HORNEY, Novo Rumos na Psicanálise, p. 50.(33) Cf., p. 171.(34) Cf. p. 75.(35) Jó 7.11.(36) Sl 31.7.(37) Cf. NUNBERG , p. 154.(38) Cf. p. 201.(39) Cf. Mt 22.39.(40) SMALL sugere como traço adicional à Terapia Breve o que chama de "compreensão interna (insight) que, no caso do pastor/pregador, tem correspondência na Escritura Sagrada: 1Coríntios 12.10; Hebreus 4.12; 5.14.(41) Cf. MARTINEZ, Vol 2, p. 63.(42) Jo 8.11.(43) Cf. 2Pe 3.18; Ef 4.11-13; Jo 10.10.

PREGAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO: É MESMO NECESSÁRIA?ESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br D. Martyn Lloyd-Jones afirma em seu livro Pregação e Pregadores que "a mais urgente necessidade da Igreja hoje é de verdadeira pregação; e como é a maior e a mais urgente necessidade da igreja, é também, obviamente, a maior necessidade do mundo".(1) Essa necessidade certamente não mudou de figura desde a primeira publicação de Pregações e Pregadores em 1971.(2) O que mudou, no entanto, foi o interesse na pregação nos últimos vinte anos. Percebeu-se, no mundo cristão,(3) que não há substituto para a pregação. Antigas escolas liberais e tradicionais, que defendiam o uso de outras formas de ensino como substituto para a pregação, perceberam que esta antiga prática, de fato "não inventada pelo homem mas graciosamente criada por Deus",(4) ainda é, e sempre será, o mais efetivo meio de proclamar as Boas Novas.(5) Creio que o declínio na prática da pregação surgiu como fruto de vários fatores(6): (a) descrença na autoridade das Escrituras; (b) valorização exagerada da arte de falar (retórica); (c) confusão entre pregação e exposição filosófica de uma verdade ("helenização" do evangelho)(7); (d) massificação do evangelho (cultura "pop" e entretenimento). O despertamento para a pregação nos últimos vinte anos deu-se em reação a várias destas causas, porém nem sempre pelas razões corretas e de formas corretas. Por exemplo, o interesse de vários teólogos e pregadores modernos na pregação é uma reação à helenização do evangelho, porém, sem retorno à crença na autoridade das Escrituras.(8) O fato é que existe um "movimento" de pregação na igreja ao redor do mundo e também na igreja evangélica brasileira. Ora, se a prática da pregação que efetuamos não é apenas uma opção apresentada nas páginas do Novo Testamento, mas sobretudo uma ordem direta nos Evangelhos (Mc 3.14; 16.15), nos ensinos apostólicos (2 Tm 4.2), e uma prática clara em ambos (Mc 1.38; At 5.42), o que devemos pregar e como devemos pregar, isto é, o conteúdo e a forma da pregação, são assuntos de fundamental importância para a vida do pregador e, conseqüentemente, para a vida da igreja. Presumo que os leitores interessados neste artigo crêem na pregação e na autoridade das Escrituras. Este artigo tem a ver com o que devemos pregar, ou seja, o conteúdo da pregação. É realmente necessário pregar em passagens do Antigo Testamento? A pergunta pareceria desnecessária. Porém, é fato que pregações no Antigo Testamento são a exceção e não a regra nos púlpitos de nossas igrejas (as exceções servem para comprovar a regra). Se é verdade que os mestres da igreja, os pregadores da

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Palavra, devem anunciar "todo o desígnio de Deus", como Paulo havia feito durante seu ministério em Éfeso (At 20.27), então creio que a exposição das Escrituras do Antigo Testamento está faltando nos púlpitos de nossas igrejas. Duas questões pertinentes devem ser levantadas: (a) Por que devemos pregar em passagens do Antigo Testamento? (b) Por que não se prega tão freqüentemente textos do Antigo Testamento quanto se esperaria? Por que devemos pregar em textosdo Antigo Testamento? Gostaria de levantar apenas três aspectos sobre a necessidade de se pregar em textos do Antigo Testamento.(9) (1) Em primeiro lugar, deve-se considerar que, para uma exposição clara a respeito de Jesus e de todos os seus atributos como a Segunda Pessoa da Trindade e filho de Deus encarnado, é necessário entender o Antigo Testamento. Ambos, o Antigo e o Novo Testamentos, são incompletos na ausência um do outro. Jesus não é uma figura obscura vinda do nada para salvar a humanidade. Jesus é o Messias prometido a Israel por Deus Pai para salvar o seu povo. O caráter de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, é revelado nas páginas do Antigo Testamento de maneira grandiosa e gloriosa. No entanto, nos púlpitos e nas congregações ao redor do mundo, existe uma tremenda ignorância a respeito do Antigo Testamento e do seu conteúdo. Facilmente percebe-se neles um conhecimento do conteúdo do Novo Testamento, ao mesmo tempo em que demonstram uma falta de conhecimento do Antigo Testamento. O conhecimento do Novo Testamento que não é correspondido pelo conhecimento do Antigo, é uma contradição e uma impossibilidade. As Escrituras do Novo Testamento começam com uma referência ao Antigo Testamento e centenas de outras referências são feitas no seu corpo. A falta de entendimento do conteúdo do Antigo Testamento implica em uma falta de entendimento claro do texto do Novo Testamento. O próprio Senhor Jesus, quando pregava, começava "por Moisés, discorrendo por todos os profetas" e assim, "expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). (2) Para se entender corretamente o papel da Igreja como Corpo de Jesus Cristo é necessário entender o propósito de Deus na criação de Israel. O ensino do Novo Testamento a respeito de Israel só pode ser entendido à luz de toda a revelação de Deus, e não em compartimentos estanques. Não é sem motivo que se encontram tremendas divergências teológicas na área de eclesiologia, visto que o papel de Israel no Antigo Testamento é extremamente mal entendido. Um dos grandes perigos para a Igreja moderna é o de repetir os mesmos pecados da Igreja no Antigo Testamento, mesmo tendo à sua frente o exemplo de como não se deve agir. O mesmo problema se desdobra na área de escatologia, onde o Antigo Testamento, quando citado, na maioria das vezes é usado de maneira inadequada, senão absurda. É necessário que se compreenda que Jesus é o descendente de Abraão, pai de Israel, e sucessor de Davi, rei de Israel. Uma tentativa de se entender o papel da Igreja à parte destes fatos, levará a uma interpretação incorreta do seu papel. A verdadeira igreja de Jesus Cristo é edificada "sobre o fundamento dos apóstolos e profetas" (Ef 2.20). Grandes estudiosos do Novo Testamento são de fato aqueles que têm grande conhecimento do Antigo Testamento. (3) O povo de Deus não pode, de forma relevante, entender, participar e cumprir seu papel como filhos de Deus no mundo, sem uma compreensão adequada das Escrituras do Antigo Testamento. É óbvia, para pregadores e pastores com formação acadêmica, a necessidade de se compreender a criação e a queda da humanidade para se pregar, de forma coerente, pelo menos, a respeito de qualquer tema nas Escrituras. No ato da criação, Deus deu ao homem três mandatos: espiritual, social e cultural.(10) A possibilidade do cumprimento apropriado destes mandatos é proporcional ao que o povo de Deus conhece deles. Infelizmente, o conhecimento dessas ordens divinas é muitas vezes negado ao povo de Deus por seus pregadores. O Antigo Testamento é rico em ensinamentos sobre família, sociedade, culto e serviço, áreas em que o povo de Deus necessita grandemente de instrução. Em suma, para um ensino equilibrado e qualificado sobre vida cristã, é essencial que o povo de Deus conheça as Escrituras do Antigo Testamento. Por que não se prega tão freqüentementeno Antigo Testamento quanto se deve? Muitos aspectos da resposta a esta pergunta estão incluídos nas respostas à pergunta anterior. Entretanto, um outro é abordado aqui: Teologia Bíblica. A despeito da pressuposição básica com respeito à revelação proposicional e à infalibilidade das Escrituras na

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teologia de nossa igreja,(11) existem fatores que não permitem uma visão global do ensino das Escrituras. Entre estes, estão a dicotomização teológica entre Antigo e Novo Testamentos e a compartimentalização teológica dentro dos testamentos. É comum encontrar-se nos nossos currículos de seminário e literatura teológica a dicotomia Teologia Bíblica do Antigo Testamento vs. Teologia Bíblica do Novo Testamento. Essas divisões não são apenas reflexo de uma necessidade prática, porém, de um pressuposto teológico nem sempre muito claro: o de que existe mais de uma Teologia Bíblica. A prova mais evidente desse fato são nossos púlpitos, onde, via de regra, o Novo Testamento é destacado em prejuízo do Antigo Testamento. Em geral, Antigo e Novo Testamentos são colocados tão à parte um do outro que é necessária uma explicação complexa dos elos que os unem. Também dentro dos próprios testamentos a divisão é evidenciada quando se fala de teologia joanina, paulina, sinaítica, etc.(12) É natural que existam barreiras em termos históricos devido à distância temporal e cultural entre os Testamentos e a apropriação destes no cânon da Igreja. Essa barreira é também evidenciada pelo fato da revelação ter um caráter progressivo. Porém, o valor teológico de ambos os testamentos não é para ser comparado. Creio que este conceito está implícito nas Escrituras (Hb 1.1-4), assim como está explicitamente descrito no capítulo I da Confissão de Fé de Westminster. Deus se revelou progressivamente e é extremamente importante que as Escrituras sejam lidas e entendidas nesta perspectiva. Nas palavras de E. Clowney, "Essa revelação não foi dada em um só tempo nem na forma de um dicionário teológico".(13) Também um só Deus se revelou e isto nos mostra a unidade das Escrituras como revelação lógica e coerente.(14) Apesar deste conceito ser estudado freqüentemente sob o título de Teologia Dogmática (Sistemática), ele é parte do conceito central da Teologia Bíblica. Gerhardus Vos define Teologia Bíblica como "o ramo da teologia exegética que lida com o processo da auto-revelação de Deus depositada(15) na Bíblia".(16) Para uma exposição fiel da verdade das Escrituras é necessário que haja entendimento da Teologia Bíblica como um todo e equilíbrio na exposição dessa teologia. Para isto é necessário que haja equilíbrio na exposição entre Antigo e Novo Testamentos. Creio que uma Teologia Bíblica sem o devido equilíbrio é um dos principais motivos porque não há pregação mais consistente e sistemática das Escrituras do Antigo Testamento. Um pressuposto que leva ao desequilíbrio na Teologia Bíblica é o de que a familiaridade com a Teologia Sistemática é suficiente para promover um conhecimento abrangente das Escrituras. Teologia Sistemática e Teologia Bíblica são disciplinas distintas, porém interdependentes. A Teologia Sistemática séria não é apenas um amontoado de "textos-prova" descontextualizados. Quando elaborada com seriedade, ela leva em consideração a contribuição da Teologia Bíblica como matéria exegética. A Teologia Bíblica, quando também elaborada com seriedade, considera sempre a perspectiva abrangente da Teologia Sistemática. Assim, ambas as disciplinas são mantidas em uma tensão constante e renovada, conduzindo ao desenvolvimento de uma teologia sadia e relevante que, por sua vez, deve ser ministrada ao povo de Deus do púlpito de nossas igrejas, através da exposição equilibrada do Antigo e do Novo Testamentos.(17) O que devemos fazer? Penso que diante dos fatos devemos rever algumas de nossas tradições. Tradições podem ser benéficas ou maléficas, dependendo de como são passadas e recebidas por novas gerações. Em muitos casos, boas tradições sofrem distorção e acabam sendo praticadas sem objetivo, ou até mesmo hipócritamente. Basta ler as páginas do Novo Testamento e as críticas feitas por Jesus quanto às várias tradições dos israelitas da época. Se sabemos porque devemos pregar o Antigo Testamento e qual é a maior dificuldade de aproximação às Escrituras do Antigo Testamento, devemos também rever a nossa tradição quanto à pregação do mesmo. Essa revisão precisa acontecer em dois níveis: individual e coletivo. O nível individual concerne aos padrões que se adota quanto à pregação do Antigo Testamento. Temos mesmo o desejo de ensinar, como pregadores da Palavra, "todo conselho de Deus", e a convicção de que devemos fazê-lo? De que modo a congregação que nos escuta constantemente como pregadores da Palavra percebe as riquezas dos ensinamentos do Antigo Testamento? Como algo obscuro, sem sentido e até mesmo terrível de se ouvir e ler, e que só serve para algumas partes do exercício litúrgico? Uma parte das Escrituras que deve ser relegada a segundo plano? Se a resposta a estas questões é positiva, então a pregação das Escrituras no Novo Testamento também precisa ser revista. O nível coletivo concerne aos que estão a nossa volta e ministram a outros que são ou serão os pregadores da Palavra. Qual o papel e a importância da Teologia Bíblica? Como ela é ensinada nas instituições de sua igreja?

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Quais os frutos da mesma na proclamação do Evangelho? Qual a ênfase dada ao ensino de uma Teologia Bíblica que reflete a unidade das Escrituras? As respostas a estas questões devem nos ajudar a perceber quais as tradições que precisam de revisão.Notas1 D. Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (London: Hodder and Stoughton, 1981) 9. Traduzido para o Português como Pregação e Pregadores (São Paulo: Editora Fiel, 1984). As citações são da obra original em inglês, traduzidas pelo próprio autor. 2 O livro é a transcrição de uma série de palestras feitas por Lloyd-Jones no Westminster Theological Seminary, na Filadélfia, USA, em 1969. 3 Uso o termo "cristão" aqui da forma mais genérica possível. 4 R. Mohler, A Theology of Preaching, em Handbook of Contemporary Preaching, ed. Michael Duduit (Nashville, TN: Broadman Press, 1992) 13. 5 M. Duduit comenta: "Durante a década de 60 muitos `especialistas' proclamaram a morte do púlpito; proclamavam que a pregação havia deixado de ser relevante às necessidades da população média americana. Ironicamente, as últimas duas décadas presenciaram uma explosão de interesse na pregação dentro da igreja americana" (M. Duduit, ed., Handbook of Contemporary Preaching, 47). J. Holbert afirma: "O sermão, considerado às portas da morte como uma forma de comunicação fora de moda, está de volta" (Preaching the Old Testament: Proclamation and Narrative in the Hebrew Bible [Nashville: Abingdon Press, 1991] 9). 6 M. Lloyd-Jones expõe vários destes fatores de forma clara e mais extensa no capítulo 1 de Pregação e Pregadores, entitulado "A Primazia da Pregação." O capítulo introdutório da obra de John R. W. Stott, Between Two Worlds (Grand Rapids: Eerdmans, 1981) é também rico em demonstrar os motivos do declínio da pregação depois da segunda metade do século XX. 7 Chamo de "helenização do evangelho" a crença de que a forma de pregação deve se submeter a princípios de exposição comuns nos tempos do Novo Testamento e próprios da cultura greco-romana. Se estes princípios devem ser tomados por normativos, não há pregação no Antigo Testamento onde o ensino do povo de Deus era principalmente feito através de narração de eventos e da explicação dos atos de Deus na história. 8 Um exemplo representativo desta escola é J. Holbert, Preaching the Old Testament: Proclamation and Narrative in the Hebrew Bible. A lista de livros sobre pregação desta escola de pensamento é enorme, principalmente na área de Antigo Testamento. 9 Para um ponto de vista diverso a respeito de pregação no Antigo Testamento ver E. Achtemeier, Preaching from the Old Testament (Louisville: Westminster / John Knox Press,1989) 21-26. 10 Para um desenvolvimento mais completo destas idéias ver G. Van Groningen, Revelação Messiânica no Velho Testamento (Campinas, SP: Luz Para o Caminho, 1995). 11 Falo como ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, denominação confessional, e parte da chamada "linha evangélica" no Brasil. Definições, descrições e estereótipos variam em diferentes países. 12 Observe que esta dicotomização e compartimentalização é natural na teologia liberal onde o conceito de revelação proposicional e de unidade das Escrituras é totalmente desacreditado. 13 E. Clowney, Preaching and Biblical Theology (London: Tyndale, 1962) 15. 14 Para uma ampla discussão do conceito de unidade das Escrituras na área de Teologia Bíblica, verificar a descrição em Gerard Hasel, Teologia do Antigo Testamento: Questões Fundamentais no Debate Atual (Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 1975) e Brevard S. Childs, Biblical Theology In Crisis (Philadelphia: Westminster, 1970). Para uma perspectiva mais evangélica, ver Van Groningen, Revelação Messiânica. 15 O termo empregado por Vos "deposited" é certamente infeliz no debate teológico contemporâneo. Porém, isto não implica em que Vos não cria que toda a Escritura do Antigo e Novo Testamentos fosse a Palavra de Deus. 16 G. Vos, Biblical Theology: Old and New Testaments (Grand Rapids: Eerdmans, 1948) 13. 17 Clowney (Preaching and Biblical Theology, 9-19) discute com bastante clareza estes argumentos no primeiro capítulo de seu livro. Fonte: Revista Fides Reformata PREGAÇÃO - O LITERAL E O ANALÓGICOESTUDO SOBRE PREGAÇÃO

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Professor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br Usamos com muita normalidade imagens, analogias e ilustrações na conversação diária. Com efeito, fazemos poesia quando conversamos, e, como pregadores, realizamos a pregação como uma atividade poética. Se é criação, feitura, há de ser um poema. É lembrar que na língua grega, "feitura" se diz poeimia, de onde resulta a nossa palavra "poema". Pregação é igualmente uma atividade dramática. No ato de interpretar e repassar a palavra um verdadeiro sociodrama, ou, melhor ainda, um psicodrama, quando nos vemos, e nos descobrimos nos meandros e na mensagem do texto sagrado. Ainda mais: pregação é um canal de graças. Bênçãos sem conta descem nessa virtual escada de Jacó quando os anjos sobem levando o incenso e o fervor de nossas orações, e descem trazendo a bênção, a unção e a graça do trono de Deus.Eis-nos diante do texto. Temos necessidade de interpretá-lo. É preciso hermeneutizar porque o povo de Deus gasta considerável parte do seu tempo em cultos, Escolas Bíblicas, células ou pequenos grupos de crescimento discutindo documentos escritos que são os textos bíblicos. Também pelo fato de que estes textos constituem o cânon da Escritura da comunidade, e porque a igreja, apesar de ter o cânon fechado, serve a um Deus vivo e que dá direção. Ainda mais: a igreja necessita da interpretação dos textos bíblicos que reside na relação entre a igreja e as Escrituras. Relação que não é simples, visto que a autoridade da Escritura se faz presente, e ela informa, mas também corrige, confirma, encoraja e julga. É verdade. A Bíblia precisa ser interpretada por, pelo menos, dois motivos:

1. É composta por livros antigos pertencentes a uma cultura diferente da nossa:

2. Tem uma mensagem válida e permanente que deve ser aplicada a situações vividas hoje.Observe-se, no entanto, que a interpretação bíblica tem sido uma área de intenso conflito. Ou como o expressou Bultmann: "Não existe uma interpretação neutra da Bíblia". No entanto, faz-se a interpretação com base em:· diferentes formas de interpretar;· diferentes comunidades de intérpretes: judaísmo, protestantismo, catolicismo;· diferentes visões: científica, literária, pastoral, teológica.Ao lado do método histórico, também chamado de literal, tem sido largamente difundido o alegórico, que propõe que além do significado comum e óbvio de uma passagem bíblica expresso pelo primeiro, existe o significado real ou espiritual. Esse sistema foi desenvolvido pelos gregos c. 520 a. C. para a interpretação de Homero e Hesíodo. Mais adiante, intérpretes judeus , notadamente Aristóbulo (2o século a. C.) e Filo de Alexandria (1o século d.C.). Esse método alegórico foi muito usado até a Reforma. Era marcado pela pouca preocupação com o panorama histórico. "Jerusalém", por exemplo, podia ser a Cidade Santa, mas também a Igreja. Pedro, na sua Primeira Carta, descreve o diabo como um leão que ruge. No 5o século, Agostinho interpreta a arca como figura da Igreja. Suas dimensões representavam para ele o corpo humano de Cristo, e a porta ao lado da arca são as feridas no lado de Cristo crucificado. Na Idade Média, houve uma acentuada preferência pelo Cântico dos Cânticos. Nele, Salomão foi alegorizado como Jesus Cristo, e a Sulamita como a Igreja. Tem sido longa a história da interpretação e uso dessa interpretação na pregação cristã. Entre os judeus, três etapas marcam sua parte na história: de 300 a. C. a 200 d.C.; de 200 a 700; de 700 a 1100. A ausência do profetismo fez surgir a sinagoga e a figura do rabino, ou mestre, cuja tarefa era fundamentalmente harmonizar os textos entre si, e adaptar a escritura a toda circunstância. Deu-se a formação do corpo da Lei Oral (o Talmud) em contraposição à Lei Escrita (a Torah) já existente. Criou-se, afinal, um sistema vocálico pelo massoretas para a preservação da pronúncia do texto avocálico.A interpretação da Igreja Apostólica foi de tipológica, passando pela simbólica até a cristológica.. Isso significa

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que passagens do Antigo Testamento foram tidas como figuras e tipos das ações messiânicas para o primeiro caso. Quanto ao simbolismo, prevalece o sinal e o símbolo mais que a interpretação literal ou histórica. Na terceira, o eixo de pensamento é Cristo.Na interpretação patrística (séculos II a V), a Escritura possui um sentido espiritual oculto que deve ser descoberto. Para os Apologetas, o Antigo Testamento é sombra do Novo. O método largamente utilizado foi o tipológico. Nesse caso, algumas palavras do Evangelho devem ser lidas como alegoria. A Escola Alexandrina (Egito), que vigorou entre 180 e 450, conciliava a filosofia grega com a mensagem cristã, usando igualmente o método alegórico. Na verdade, os alexandrinos viam três sentidos na Bíblia:· literal· moral· alegóricoAssim, diziam que as funções da Bíblia eram: narrar o que acontecera; sugerir ensinos morais e exigir a busca do sentido profundo. O próprio Orígenes pontificava que para os principiantes era o sentido corporal; para os avançados, o psíquico; para os perfeitos, o espiritual.A Escola Antioquena (Síria, 280 a 500) buscava o sentido literal e histórico. Estudava o contexto para descobrir o sentido literal. Para isso, estudava a Bíblia palavra por palavra. Na busca do sentido típico, partiam para o antítipo através do tipo.Os Capadócios (Ásia Menor) situaram-se no meio caminho entre os alegóricos de Alexandria, e os histórico-literais de Antioquia.Na Idade Média (séculos VIII-XIV) foram estabelecidos os quatro sentidos da Escritura:· Literal, que mostra os fatos reais.· Alegórico, que ajuda a descobrir o mistério oculto· Moral, que orienta os costumes· Anagógico, que encaminha para as realidades transcendentaisRealmente, um longo caminho até hoje. LITERALIDADEÉ a significação conceitual imediata que o autor dá a suas palavras para expressar uma idéia. Para isso se serve das regras convencionais de gramática dentro de uma lógica de sentido comum, refletindo a situação histórica concreta em que vive o referido autor. Recebe também os nomes de Sentido Histórico e Lógico-Gramatical.Não se procura ver um sentido cabalístico desligado do contexto histórico. No entanto, o autor bíblico pode expressar suas idéias com palavras que hão de ser tomadas em sentido próprio. O sentido literal é o óbvio e geral, a exegese o esclarece prontamente. ANALOGIAEnsina Buttrick que "a pregação busca a linguagem metafórica porque Deus é uma misteriosa Presença-na-Ausência". Daí o aparente misterioso nome de Deus Eu-Sou-O-Que-Sou, que visa a dizer (o que não foi repassado pelos antigos tradutores) "Eu-Sou-O-Que-Sempre-Serei", "Eu-Serei-O-Que-Sempre-Tenho-Sido", "Eu-Continuarei-A-Ser-O-Que-Sempre-Fui", "Eu-Não-Mudo", ou, ainda, "Eu-Sou-O-Eterno".De fato, algumas vezes, onde não há uma definição formal, torna-se claro o significado pelo uso de alguma expressão análoga ou pela antítese, em sentido figurado ou metafórico. Nesse caso, há largo uso de sinédoques, metonímias, metáforas, ênfases, hipérboles e elipses. Entenda-se alegoria como uma metáfora continuada. De modo amplo, analogia é qualquer semelhança que se estabelece por um confronto. Pode haver algum grau de imperfeição, evidentemente., mas deve ficar sempre bem patente que a analogia fixa o significado da forma de uma palavra pela forma semelhante de outra conhecida. A palavra já determina o conceito, ana-ton-auton-logon, ou seja, "segundo o mesmo logos". Isso quer dizer que mantendo diversidade de duas coisas, é dado lugar a certa semelhança, embora pequena, que baste para manter a comparação. As essências são diversas, mas a relação é a mesma. E porque a "analogia é uma estrutura fundamental em todos os campos do ser e do saber, também se faz presente na interpretação da palavra de Deus. Aristóteles entendia que a denominação por analogia era o tipo mais importante de metáfora ou de sentido translato. A própria palavra "metáfora" significa "transporte"; transporte de conceitos, de idéias, de

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significados. Dizer que alguém "entrou pelo cano" é um metáfora, assim como algumas metáforas perderam esse sentido, como, por exemplo, quando alguém na Idade Média da língua portuguesa era perseguido por cães ferozes, e lembrando que a palavra "cão" no português antigo se dizia "perro", era uma pessoa "aperreada", alguém que estava em sérias dificuldades de ser destroçado por aqueles animais intratáveis. Diz-se que há uma "analogia", uma "correspondência". A linguagem já foi definida como uma dicionário de metáforas extintas. Entendendo assim, a Bíblia deve ser definida "como um complexo de metáforas válidas: metáforas e parábolas, que aludem às realidades divina e humana". Na Bíblia, há uma relação entre "loucura" e "pecado", portanto, "sabedoria" terá a ver com "retidão" e "piedade". A Bíblia usa fartamente a linguagem analógica, a linguagem de correspondência. Dizemos com a Bíblia que "o Senhor sobre ti levante o rosto..." "Deus é luz" e "se andarmos na luz, como ele está na luz..." , e que "o Verbo se fez carne, e habitou entre nós..." E tudo isso é linguagem da analogia.

Símbolos SagradosSem dúvida, o simbolismo bíblico é um dos assuntos mais difíceis, talvez, ou mesmo, delicado para ser tratado pelo intérprete da Bíblia Sagrada. Do Gênesis ao Apocalipse, símbolos são larga e fartamente utilizados, e caíam na sensibilidade dos ouvintes ou leitores porque uma lição espiritual e moral se encontrava implícita. A formação do Adam em suas modalidades de ish e ishah; Torre de Babel, a b'rith milah, a Escada de Jacó, a Sarça Ardente, a Cruz do Calvário, as línguas-como-de-fogo do Pentecostes, todo o variadíssimo desfile de animais fabulosos, números, cores, cidades, nuvens, lagos, praças ensinam que há pertinência para uma tentativa de extrair das metáforas, alegorias e hipérboles lições eternas plenas de concretude para a prática de vida do cristão das vésperas do século 21, e, particularmente, do obreiro e da obreira na Causa de Jesus Cristo.Verdades espirituais e oráculos proféticos foram transmitidos em símbolos que merecidamente podem receber o nome de sagrados, e, assim, a providência e a graça de Deus foram repassadas até hoje. Por causa deste caráter enigmático, há necessidade de intérpretes que tenham um discernimento sadio e apropriado, para que aquilo que se apresenta confuso, ilógico e fora de propósito, tome forma, razão e objetivo.O método apropriado e lógico de investigar os princípios do Simbolismo consiste fazer uma comparação entre os variados símbolos bíblicos, especialmente aqueles que se fazem acompanhar de uma solução autorizada. É possível que haja quem negue a realidade de certos relatos ou de detalhes nesses relatos. Há quem negue a espada flamejante "ao oriente do jardim do Éden", por não entender o simbolismo do fogo, sinal da presença, da direção, da glória ou da justiça de Deus. O sangue é um elemento freqüentemente lembrado por seu altíssimo simbolismo espiritual. Da Antiga à Nova Aliança, o sangue se faz presente; presente e marcante. O Sangue como Símbolo Sangue em hebraico é dam. É palavra tão importante que aparece 360 vezes no Antigo Testamento. O livro de Levítico (Vaiykra) tem a maior freqüência com 88 registros, sendo seguido por Ezequiel com 55 menções. A grosso modo, é possível dividir a menção do sangue em duas partes: .O derramamento de sangue como resultado de violência resultando geralmente em morte, como no caso de guerra ou assassinato..O derramamento de sangue, sempre resultando em morte, como ato litúrgico: sacrifício ou consagração a Deus. O sangue simboliza a vida: o sangue da vítima é a vida que é passada através da morte. Por essa razão, quando se afirma que alguém é "salvo pelo sangue de Cristo" está, na verdade, dizendo que somos salvos pela vida de Cristo, e deste modo, participamos de Sua vida. Outra interpretação enfatiza que o sangue no Antigo Testamento denota não a vida, mas a morte, ou seja, a vida que é oferecida na morte. Que seja esclarecido, no entanto, que não há nos conceitos veterotestamentários qualquer preocupação com morbidez das divindades que regiam o mundo do além (como imaginavam os vizinhos pagãos do povo de Israel).Examinar, portanto, símbolos é buscar sentido, as idéias, o que queremos expressar. E a expressão requer signos (palavras, vocábulos, gestual). Lembremos, entretanto, que estamos tratando de um mundo e de uma mente que diferem substancialmente da nossa: somos cidadãos ocidentais, latinos, beirando o século 21, de

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mentalidade helênica, com capacidade de pensar em abstrações; os livros que compõem o Antigo Testamento refletem um modo de vida oriental, semita, de 3 mil anos passados, com imensa tendência de pensar em termos concretos. Portanto, o figurativo, o plástico, o gráfico seria o signo para dar sentido às expressões que não poderiam ser traduzidas por vocábulos, aquilo que Saussure chamou de significante, de ordem material e que se situa no plano da expressão.AlegoriaÉ um recurso de linguagem que consiste na representação de uma idéia abstrata por uma figura dotada de atributos que sugerem aquela mesma abstração. Ensina Fountain que a alegoria é a extensão da metáfora, quando metáfora, por sua vez, indica semelhança entre duas coisas diferentes, declarando que uma é a outra. A alegoria é uma forma de interpretação. Segundo Hansen, "Decifra significações tidas como verdades sagradas, ocultas na natureza sob a aparência das coisas e também na linguagem figurada dos textos das Escrituras, que revelam um 'sentido espiritual'". De acordo com a alegoria hermenêutica, existe uma prosa do mundo a ser pesquisada no mundo da prosa bíblica. E adianta o mencionado Hansen que "se as coisas podem ser consideradas signos na ordem da natureza, é porque são signos na ordem da revelação... os da Escritura designam coisas e estas, por sua vez, designam verdades morais".

É precisamente uma verdade moral e espiritual que se procura abordar no exame de material extraído do livro do Levítico. O texto escolhido vem do capítulo 8 que trata da consagração de Arão e seus filhos. Remetemos o leitor ao estudo Consagrado para Cuidar, amostra do que foi trabalhado em um trecho da palavra de Deus, e já publicado na página Bíblia World Net. FONTES PRIMÁRIAS1. Almeida, Antonio. Manual de Hermenêutica Sagrada. 2ª ed. SP, Presbiteriana, 1985. 2. Alter, Robert. The World of Biblical Literature. BasicBooks, 1992.3. Angus, Joseph. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Vol. I. Ed. Revista e aumentada. Rio, CPB, 1951. Trad. J. S. Figueiredo. 303 p. 4. Buttrick, David. Homiletic - moves and structures. 4a impr. Philadelphia, Fortress, 1989. 497 p. 5. Carmo, Maria e Dias, M. Carlos. Introdução ao Texto Literário. Lisboa, Didáctica, 1976.6. Carone Netto, Modesto. Metáfora e Montagem. SP, Perspectiva, 1974. 7. Charpentier, E. et al. (Orgs.) Iniciação à Análise Estrutural. SP, Paulinas, 1983. Trad. Carlos D. Vido.8. Cherubim, Sebastião. Dicionário de Figuras de Linguagem. SP, Pioneira, 1989.9. Clements, Ronald E. "Levítico". In: Allen, Clifton J. (Org.) Comentário Bíblico Broadman. Vol. 2. Rio, JUERP, 1990. Trad. A. A. Boorne. Pp. 15 - 96.10. Cordero, Maximiliano Garcia. Problemática de la Bíblia - los grandes interrogantes de la Escritura.Madri, B.A.C., 1971. 460 p. 11. Coreth, Emerich. Questões Fundamentais de Hermenêutica. SP, E.P.U., 1973. Trad. C. L. de Matos.12. Craddock, Fred B. Preaching. Nashville, Abingdon, 1985. 224 p. 13. Croatto, J. Severino. Hermenêutica Bíblica. São Leopoldo-São Paulo, Sinodal-Paulinas, 1986. Trad. H. Reimer.14. Fountain, Thomas. Claves de Interpretación Bíblica. 3ª ed. revista e corrigida. El Paso, CBP, 1977. 15. Garzón, Juan Manuel. Literatura Preceptiva y Nociones de Estética. Nova Edição. Córdoba, Assandri, 1955.16. Hamilton Victor P. "Dam" (Blood) In: Harris, R. Laird et al. (Orgs.) Theological Wordbook of the Old Testament. Vol. I. 2ª impr. Chicago, Moody Press, 1981. Pp. 190-191.17. Hansen, João Adolfo. Alegoria. SP, Atual, 1986.18. Newport, John P. e Cannon, William. Why Christians Fight Over the Bible. Nashville, Thomas Nelson, 1974. 165 p. 19. Pontes, Eunice (Org.) A Metáfora. 2ª ed. Campinas, UNICAMP, 1990.20. Sánchez, Tomás Parra. Um Livro Chamado Bíblia. SP, Paulinas, 1996. Trad. V. da Silva. 78 p. 21. Söhngen, G. "Analogia". In: Fries, Heinrich (Org.) Dicionário de Teologia - Conceitos Fundamentais da Teologia Atual. Vol. I. São Paulo, Loyola, 1970. Trad. PCBR. Pp. 91 - 106. 22. Teles, Gilberto Mendonça. Retórica do Silêncio I. 2ª ed. Rio, José Olympio, 1989.

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23. Terry, M. S. Hermeneutica Bíblica. Buenos Aires, Metodista, s/d. Trad. D. Hall.24. Virkler, Henry A.. Hermenêutica Avançada. 2ª ed. SP, Vida, 1998. Trad. L. A. Caruso.FONTES SECUNDÁRIAS1. Caird, G. B. The Language and Imagery of the Bible. Philadelphia, Westminster, 1980.2. Fuller, Reginald H. The Use of the Bible in Preaching. Philadelphia, Fortress, 1981.3. Girardi, Marc. Os Símbolos na Bíblia. SP, Paulus, 1997. Trad. B. Lemos.4. Kaiser, Jr. Walter C. The Old Testament in Contemporary Preaching. 3ª impr. Grand Rapids, Baker, 1979. 5. Knierim, Rolf P. A Interpretação do Antigo Testamento.São Bernardo do Campo: Editeo, 1990. Trad. P. P. Schütz.6. Mateos, Juan e Camacho, Fernando. Evangelho, Figuras e Simbolos. SP, Paulinas, 1992. Trad. I.F.L. Ferreira.QUE É UM PASTOR?ESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br De acordo com Efésios no capítulo 4, os versos 11e 12, o ministério da Palavra é um dom especial de Jesus Cristo à Sua igreja, havendo um objetivo definido para esse ministério. O propósito é o treinamento dos crentes; é o estimulo à obra do discipulado; é o crescimento do crente individual e da igreja como corpo forte, robusto, poderoso. É, ainda, a consecução do múltiplo propósito que Jesus tem para Sua igreja que é o de derrubar as portas do inferno, o de resgatar vidas das mãos de Satanás, de batizar essas pessoas e de discipulá-las. E esses dom foram dados por Deus em resposta às orações do Seu povo. O povo de Deus pedia. Em Mateus 9.37, 38 está registrado: "Jesus diz aos discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie ceifeiros para a sua seara". Por isso, o que se requer daquele que busca o ministério da Palavra é uma convicção da chamada especial da parte de Deus. Não pode ser uma pessoa que não tenha chamada, porque o ministério, o pastorado, o episcopado não pode ser abraçado como se escolhe uma profissão. Lembro-me de um moço que me procurou uma ocasião e disse que achava que Deus o estava chamando para o ministério. Perguntei-lhe, "Qual é a evidência que você tem de que Deus está chamando você para ser pastor?" Ele não era ovelha minha, era de uma outra igreja e viu escrito na parte externa do templo ACONSELHAMENTO, então entrou e veio se aconselhar. Respondeu-me: "Pastor, eu acho que Deus está me chamando para o ministério porque já fiz o vestibular três vezes e fui reprovado. Então eu acho que é por isso que Deus está me chamando para ser pastor". Disse-lhe que não fosse para o seminário, que ele estava muito enganado, porque Deus não chama fracassados nem desocupados. Quando Jesus Cristo chamou os seus apóstolos, todos estavam trabalhando. Todos estavam na sua profissão, consertando redes, pescando ou no escritório como fiscal de rendas. Relatos da Bíblia mostram que quando Deus ou o Senhor Jesus Cristo chamou, o vocacionado estava numa atividade como Moisés que apascentava ovelhas. Ou como Davi que também apascentava ovelhas e os outros que acabei de mencionar. A Escritura Sagrada enfatiza a vocação divina, um sentimento tão forte naquele que é chamado que levou Isaías, que estava cultuando no templo, a exclamar como está registrado em Isaías no capítulo 6, no final do verso 8 onde ele diz: "Envia-me a mim". A mesma coisa aconteceu com Amós. Amós estava apascentando o gado e quando ele estava pastoreando o gado, ouviu a palavra do Senhor. E respondeu "Eu não era profeta, nem filho de profeta". Ele está falando aqui a Amazias. "Mas boieiro e cultivador." Era agricultor. "Mas o Senhor me tirou de após o gado e me disse: Vai, profetiza o meu povo Israel." É assim que Deus faz. É assim que Deus age. Ou como dizia o saudoso pastor Valdívio Coelho, "Uma chamada divina, que envolve um preparo divino para uma obra divina". E isso tem base bíblica, 2Coríntios, capítulo 3, fala sobre esse assunto. Por essa razão, se alguém entra no ministério sem chamada vai ser um infeliz; mas, se você também ouviu a chamada e não entrou no ministério, vai ser tremendamente infeliz por uma razão, e essa razão está na palavra de Jesus Cristo em João no capítulo 15 que diz "Não fostes vós que me escolhestes mas fui eu que vos escolhei e vos designei para que vades e deis fruto." E se alguém abandona essa chamada há de ser infeliz. Por isso a pergunta base é: Que é um pastor? Estamos trabalhando em cima de um tema que já foi objeto de reflexão. Talvez temos agora alguma variante. E quero dizer aos irmãos, especialmente os crentes mais novos, aqueles que estão ainda se preparando para o

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batismo, Que é um Pastor? O PASTOR É UM PROFETA E essa é uma palavra muito interessante, no entanto, ninguém queira que eu adivinhe o futuro. Profeta não é isso. Profecia não é adivinhação do futuro. Na mente de muitas pessoas significa uma predição do futuro, uma adivinhação. Talvez na linha daquele povo que diz assim: "Previsões para o ano 2000". Não, isso não é ser profeta. No entanto, a palavra tem conotação muito mais ampla, muito mais profunda e mais consistente e séria porque pela Bíblia Sagrada, profeta é quem fala em nome de Deus, é o porta-voz de Deus. E a Bíblia ensina que isso é um carisma. 1Coríntios capítulo12 menciona entre os dons o de profecia. E porque profetiza, ou seja, por que proclama a palavra do Senhor, porque edifica, exorta, consola homens individualmente e a igreja como um todo, quando a proclamação não existe, vai chegar a derrota e na Palavra Santa está com toda clareza e com toda as palavras a expressão de Provérbios 29 que fala "Não havendo profecia o povo se corrompe". Portanto, a função primária, basilar, fundamental do profeta é se colocar entre Deus e a pessoa humana e comunicar o propósito eterno, comunicar a sua vontade. Sem dúvida alguma irmãos há uma tradição milenar atrás de cada sermão que é pregado de qualquer púlpito cristão. E mesmo assim, cada sermão deve ser atual. Apesar de uma tradição milenar desde o tempo dos profetas, cada sermão deve advertir sobre o pecar, deve advertir sobre a justiça e deve advertir sobre o juízo de Deus. Cada sermão há de chamar a atenção para as conseqüências morais e espirituais da conduta do ouvinte. E aquele que é arrependido deve apontar a misericórdia e deve apontar o perdão de Deus e a bênção da vida com Deus. Por isso, a palavra do profeta nunca é: "Assim eu digo", "assim diz Walter Baptista", não. A palavra do profeta é: "Assim diz o Senhor". "Ou palavra do Senhor que veio a...". Como está na Bíblia Sagrada. Como profeta, o ministro da palavra tem mensagem. Mensagem de luz, mensagem de vida, mensagem de conforto, de inspiração, de salvação que deve ser sempre fiel e reta e ortodoxa. Palavra de orientação para a vida porque Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Cada profeta então é uma sentinela guardando a doutrina que veio dos lábios do Senhor e do ensino apostólico. Sentinela e pastor. Acontece que hoje está muito fácil se chamar "pastor". Há tantos desqualificados sendo chamados de "pastor" que é uma verdadeira calamidade. É um quadro que vemos amiúde. Mas a Bíblia mostra que não é assim. A Bíblia diz que sempre existiram aproveitadores, que sempre existiram mal intencionados, que sempre existiram cavadores de lucro. E a palavra de Deus vai dizer assim, "Estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para sua ganância, todos sem exceção" (Is 56.11). É como está colocado. Querem ver mais? Jeremias 14:14, "Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em meu nome, não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que vos profetizam".Há outros textos da palavra. Nunca foi tão fácil para alguns, talvez devêssemos dizer para tantos, reivindicarem, falarem em nome do Senhor, explorando uma pessoa simples, incauta e até mesmo aquele que está desejosa de ser manipulada. Nunca foi tão fácil como nos dias de hoje, e, no entanto, a palavra do Senhor é tão clara sobre este assunto porque diz em Jeremias 3:15 "Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência". Por isso, Paulo recomenda "Não desprezeis as profecias". Pastor é, então, o quê? Um profeta. O PASTOR É UM ANJO. Agora ninguém espere ver um par de asas nas costas do pastor Walter nem debaixo do paletó. É porque tem uma história que diz que o pastor foi almoçar na casa de uma família. E quando chegou, a menininha da família começou a andar por trás da cadeira do pastor. Ia lá e vinha cá, fazia a volta e ia, olhava e mexia e tocava no pastor. Aí a mão disse: "Rosinha pára com isso, menina! Que história é essa, você andando para lá e para cá?!". A menina respondeu: "Eu estou procurando as asas: a senhora não disse que o pastor é um anjo...". Então há quem queira ver essas asas nas costas do pastor. Mas vamos entender irmãos. Porque a palavra "anjo" tem significado. Anjo é aquele que traz uma mensagem, um mensageiro. E Paulo se refere a isso quando em Gálatas no capítulo 4.14, ele diz: "Embora minha enfermidade na carne vos fosse uma tentação, não me rejeitastes, nem me desprezastes antes me recebestes

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como a um anjo de Deus". E no Apocalipse também a palavra "anjo" é usada largamente quando as sete cartas são enviadas ao pastor, ao anjo, da igreja de Filadélfia e às demais. A pregação é algo extraordinário! Fico fascinado pela pregação. Quando saio de férias, recomendam-me: "Pastor, não leve o paletó: porque se levar o paletó, vai ter que pregar em algum lugar", mas, eu sempre levo o paletó. Pregar não cansa. Pregar não me cansa. Sou fascinado pela pregação. Spurgeon, o grande Charles Spurgeon, entrou em um auditório que recém-inaugurado em Londres, o Albert Hall. Naquele tempo não havia microfone, nem ampliação de som. Tudo era à viva voz, e aquele auditório havia sido construído dentro dos mais modernos recursos de acústica da época. E o evangelista havia ouvido falar sobre isso. Entrou no auditório, que estava completamente vazio. Quando ali chegou, foi para o palco, e com a voz poderosa de pregador, exclamou: "EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!!!"e repetiu, "EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!!!" Experimentou e saiu convencido de que a acústica era excelente. Quando chegou à porta. um homem o procurou e disse: "O senhor que é o pastor Spurgeon?" Ele disse: "Sou eu". Continuou o homem, "Só quero dizer que aceito a Jesus Cristo. Eu sou pedreiro, estava trabalhando na sala do lado quando ouvi o senhor falar lá dentro. E essa palavra me tocou". A pregação dele foi só isso: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". O homem ficou convencido dessa verdade e se converteu. É necessário que haja da parte do pastor verdadeira conversão. Como poderia ele falar de uma experiência que não conhece? O que se pode dizer de uma determinada fruta, o seu gosto, se nunca se experimentou da mesma? Quando eu estava em Singapura, falaram de uma fruta chamada durian. É da família da jaca, da fruta-pão, da pinha, da graviola. Essa fruta é um pouco maior que uma graviola; mais espinhenta que a jaca, e dizem que é a fruta mais saborosa do mundo. Essa foi a declaração que ouvi por lá, e li, até, afirmando esse fato. Fomos, finalmente, apresentados à durian. Se é mais saborosa, não sei porque não tive coragem de experimentar. No entanto, eu sei que é a mais fedorenta do mundo... Fede que nem esgoto. Dizem que quando se come um bago da fruta, é algo deliciossíssimo. Não tive coragem porque o fedor era de esgoto em dia de chuva. Meus amados, não posso falar do sabor da durian porque não o conheço.Outra coisa que o pastor deve ter é piedade cristã para resistir ao escrutínio das outras pessoas. Está na palavra em 1Timóteo 4.12. O apostolo Paulo ele diz o seguinte ao jovem pastor Timóteo, "Ninguém despreze a tua mocidade: mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na amor, no espírito, na fé, na pureza". No boletim de hoje, foi transcrita uma palavra do Pr Nilson Fanini bem parecida com essa. Como o pastor tem sido vítima de cobranças fiscais. Sua vida é vasculhada e os procuradores de agulha no palheiro usam lente de aumento sobre as falhas do ministro do evangelho. Por quê? Para orar com ele? Nem sempre. Ele precisa ter uma fé sadia também e ter uma fé que seja ortodoxa. Aliás, se não for ortodoxa nem é sadia nem é fé. Que não seja amante de novidades. Hoje é um tempo em que se ama a novidade. Nós preferimos ficar com a Palavra sempre. Há muita novidade barateando o culto divino, nós preferimos o culto digno do nome do Senhor. Há muito culto que satisfaz mais ao ego dos chamados pastores que realmente às necessidades do povo. Pois é, o pastor é um anjo. Por isso ele precisa de ter todas essas características aí. Ele precisa conhecer a Deus, andar com Deus, ter comunhão com Ele. Ele precisa conhecer as ciências teológicas. Ele tem que ter capacidade mental e eu diria capacidade acadêmica, conhecimento bíblico adequado. Ele pode não saber tudo, é verdade, mas o que ele sabe, deve saber bem e ele deve continuar aprendendo, lendo, lendo muito para saber cada vez mais. Por isso, não é demais até lembrar que Paulo tinha muito amor pelos livros, por isso pediu que quando viesse, Timóteo trouxesse o livro. Precisa conhecer o ser humano também, conhecer as ciências humanas, conhecer a pedagogia, conhecer a psicologia, conhecer as relações humanas, conhecer aquilo em que o ser humano é forte e aquilo que o ser humano é fraco. Agir para aquilo que é forte na sua ovelha continue forte e progrida até e aquilo que é fraco seja colocado com resistências, fortaleza e ele possa crescer igualmente. Como mensageiro de Deus, como anjo de Deus, deve fortalecer aquele que está triste, animar o cansado, levantar o que está derrubado na vida, o joelho tremente, consolar aquele que está desconsolado, fortalecer o debilitado e mostrar o caminho ao que está indeciso.

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Como anjo de Deus é mensageiro do Espírito de Deus, da fé, da esperança, do amor, da salvação e da libertação e do perdão que vem de Deus. Por isso, como mensageiro de Deus, como mensageiro da palavra divina, sinto ao meu lado quando prego, as testemunhas do Senhor, essa legião de testemunhas de que Hebreus fala. Sinto ao meu lado Elias e Moisés e Isaías e Jeremias e Ezequiel e Daniel e Oséias, Joel, Amós e os apóstolos. Não é que esteja tendo visões nem fantasmas juntos de mim, mas, na mesma linha, na mesma tradição e na mesma palavra que eles anunciaram e pregaram ao seu povo.Primeira coisa que nós dissemos é que o pastor é um profeta. Segunda coisa, o pastor é um anjo, mas há uma terceira o pastor é um homem. Descobri que ser anjo não é difícil e que também não é difícil ser profeta. Difícil é ser humano. Pastores são não somente humanos mas precisam ser plenamente humanos. Razão porque todo pastor pede uma dose de compreensão, uma dose de paciência e uma dose de tolerância. Isso é dito porque há quem espere que o pastor, qualquer pastor de qualquer igreja em qualquer lugar, seja um bom pregador e que tenha dois bons sermões todo domingo e que tenha um bom estudo em todo Culto de Oração e que atenda no gabinete a qualquer hora do dia, inclusive no seu dia de folga, e que seja somente sorrisos; que não canse e que não desanime em certas horas, e que não tenha tristezas e que tenha inclusive p condão de fazer a maravilha das maravilhas que é estar em dois lugares ao mesmo tempo. Talvez, se possível for, em três lugares ao mesmo tempo, como já tem acontecido comigo, dois compromissos, três compromissos e a pessoa fica zangada porque a só se pode atender a um deles. O Pastor é um homem num mundo de homens. Em 2Timóteo 3, apresentam-se as condições do mundo nos últimos dias. Essas condições que estão aqui em 1Timóteo 3:1-5 são as nossas condições hoje. Aliás, 2Timóteo 3:1-5, "Sabe, que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos",e aí segue com um catálogo de coisas do nosso tempo. É nesse mundo que nós exercemos o ministério. São dias difíceis. E a descrição do coração desses homens ímpios é a de um povo que se distancia de Deus, de um povo que transgride as leis da decência. É um povo saturado de orgulho, de lascívia, com novas formas de piedade, negando, porém, o Deus vivo e verdadeiro. E Paulo fala de blasfêmia; fala de ingratidão, de calúnia, de atrevimento, de orgulho. Por isso, enquanto o mundo desce a ladeira do inferno, Timóteo, o jovem pastor, é exortado à fidelidade à palavra de Deus bem como todos os outros pastores. Porque de hora em hora o mundo piora. Mas como o pastor é um servo da palavra, ele deve manter na consciência que ele pertence ao seu povo. Ao povo que o Senhor lhe confiou. Ele pertence à palavra que ele anuncia. Ele pertence a Deus que o escolheu e o comprou e o fez ministro de Sua palavra. Isso quer dizer que há de ser homem de oração e totalmente submisso e consagrado a Cristo e à Sua causa, pois sem Deus na vida, não tem o que oferecer, não tem o que dizer a quem busca o seu conselho ou a quem vai ouvir os seus sermões. O pastor é um homem no mundo dos homens, mas é um homem de Deus. Ele é um símbolo diz o doutor Wayne Oates em um livro sobre este assunto. Que ele é um símbolo da fé cristã, um símbolo do evangelho, um símbolo da graça e é por esse motivo que lá na Segunda Carta aos Coríntios, no capítulo 4 está dito da seguinte maneira: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Levando sempre por toda a parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos".É homem que se apropria portanto da verdade divina e a repassa a suas ovelhas. Ele é um mestre e é um ministro. Aí eu quero explicar a palavra mestre e a palavra ministro. Os irmãos sabem que a palavra mestre vem do latim magister, de onde vem magistério, de onde vem magistrado, de onde vem magistratura. E essa palavra magister, ela guarda uma raiz, magis, que quer dizer "mais". Por que é que o mestre, o magister ou o magistrado eram procurados? Porque tinham algo a mais a oferecer. Mas ele é um ministro. Ministro vem de minister onde está a raiz minus que quer dizer menos. Ministro era o escravo. Ministro quer dizer isso aí. Pensa-se que hoje a palavra "ministro" é pomposa e nós dizemos o primeiro escalão do governo, os ministros. Ministro quer dizer escravo. Porque era uma pessoa que tinha de menos. Não o procuravam porque tinha de mais, mas, sim tinha de menos. Por isso, era ele que tinha que carregar cargas, transportar uma mesa, pegar uma coisa ali adiante, fazer isso. Trabalho pesado era do

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minister, do escravo. O pastor é ao mesmo tempo um mestre e um ministro. Ele ao mesmo tempo passa e repassa aquilo que ele tem de mais, mas, ao mesmo tempo ele também sendo mestre, ele é um servo, é um ministro. É um homem de Deus mas não é um super-homem, é um ser humano vulnerável, e é por esse motivo que ele busca ser fortalecido pelo poder do Alto. É vulnerável por isso, infelizmente, comete o pecado de envelhecer. Dizem que uma igreja estava procurando um pastor. A Comissão de Sucessão Pastoral entrevistou um determinado obreiro já maduro e ficou muito satisfeita com os resultados da entrevista, quando alguém se lembrou de fazer uma perguntinha que estragou tudo: "Pastor, quantos anos o senhor tem?" Responde o candidato, "Tenho sessenta e dois." Aí, a igreja sentiu que a Comissão murchou, porque ele tinha sessenta e dois anos: não foi convidado... Virou moda fazer o perfil do pastor. Uma igreja em nossa cidade, quando foi escolher o novo pastor, fez o "perfil do pastor". Entre outras coisas dizia que o pastor deveria ter até determinada idade. Nilson Fanini não poderia ser pastor daquela igreja, Billy Graham. Nenhum desses grandes homens de Deus podia ser pastor. Porque já haviam passado daquela idade. O único perfil que conheço e reconheço é o que está no Novo Testamento, na palavra de Deus: 1Timóteo 3; Tito 1;1Pedro 5. O pastor é humano, muito humano, é vulnerável, razão porque ele busca o poder de Deus; e não pode ter medo de responsabilidades; não pode ter medo de críticas e não pode ter medo do aparente fracasso. Pastores são profetas, são anjos e são homens, simples homens, mas, pastores são cooperadores, são facilitadores na obra do Senhor e o ministro do evangelho é um servo voluntário como Jesus e há de caracterizar-se pela unção do Espírito debaixo de cujo poder vive. E já que um enorme muro de separação existe e sempre tem existido entre os homens (Paulo fala disso em Efésios 2), ao ministro do evangelho é confiada a causa da reconciliação porque já chegou a boa nova de que em Jesus Cristo há salvação, a barreira foi quebrada e nós somos feitos um. O que é necessário é amar a Cristo. Porque quando isso acontece, esse amor de Cristo se estende naturalmente àqueles a quem Jesus Cristo também ama, o Seu rebanho. Jesus perguntou a Pedro: "Pedro, tu me amas? Simão, filho de Jonas, tu me amas verdadeiramente?" A pergunta foi essa. A pergunta foi Pedro agapos me? Tu me amas verdadeiramente? E Pedro deu uma resposta infeliz. Os irmãos viram que na Bíblia, Pedro dizer assim: "Senhor, Tu sabes que eu Te amo." Mas Jesus perguntou três vezes, "Senhor, Tu sabes que eu Te amo". Ele não disse agapo te. Pedro, agapos me? Ele devia responder, "Agapo te". Ele disse: "Filo te" é outra palavra. Filo, vem de filos que quer dizer amigo. "Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo". Foi isso que Pedro respondeu para Jesus, que pergunta de novo: "Pedro, tu me amas de verdade?". "Ó Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo." E finalmente, a resposta, "Senhor, Tu sabe todas as coisas. Tu sabes que eu te amo". Por isso, Jesus disse, "Apascenta os meus cordeirinhos, pastoreia minhas ovelhas." O amor a Jesus Cristo meus irmãos, é condição sine qua non para que um ministro do evangelho possa se sustentar no evangelho da Palavra, no ministério e sempre nesse amor a Cristo, a Deus, e aos irmãos.

VOX DEI: A TEOLOGIA REFORMADA DA PREGAÇÃOESTUDO SOBRE PREGAÇÃOProfessor Dr. Antony Steff Gilson de OliveiraReverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRBwww.fatebra.com.br A pregação, como uma forma distinta de comunicação da vontade de Deus revelada na sua Palavra, está em declínio. Em muitas igrejas ela tem sido substituída por um número cada vez maior de atividades. Há 30 anos atrás, o Dr. Martyn Lloyd-Jones foi convidado a proferir uma série de conferências no Westminster Theological Seminary, em Filadélfia. Nessas palestras, publicadas em 1971 com o título Pregação e Pregadores, ele enfatizou que a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro, e explicou que estava ressaltando isso “por causa da tendência, hoje, de depreciar a pregação em prol de várias outras formas de atividade.”1 A situação não melhorou. John J. Timmerman observou, quase vinte anos depois, que “em muitas igrejas o sermão é uma ilha que diminui cada vez mais em um mar turbulento de atividades.”2Mesmo igrejas de tradição reformada parecem estar sucumbindo paulatina, mas progressivamente, a essa tendência, e o lugar da pregação no culto tem perdido importância. John Frame, teólogo de tradição

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reformada, publicou há dois anos o livro Culto em Espírito e em Verdade: Um Estudo Estimulante dos Princípios e Práticas do Culto Bíblico. No livro o autor nega, entre outras coisas, que a pregação seja função restrita dos ministros da Palavra, ou mesmo dos presbíteros em geral, considera a dramatização e o diálogo métodos legítimos de ensino no culto público, e não vê razão pela qual um culto público não possa ser inteiramente musical.3 David Engelsma, outro reformado conhecido, observa, entretanto, que com base na negação de qualquer distinção entre o culto público oficial e o culto familiar, John Frame faz uma interpretação tão ampla do princípio regulador reformado, que este acaba se tornando sem sentido.4Muitas são as razões para o declínio contemporâneo da pregação. O surgimento de novos meios de comunicação e de novas mídias interativas, a aversão do homem pós-moderno pela verdade objetiva ou absoluta, a secularização da sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e a própria corrupção da pregação, em muitos púlpitos degenerada em eloqüência de palavras, demonstração de sabedoria humana, elucubrações metafísicas, meio de entretenimento, ou embromação pastoral dominical, certamente são algumas delas.5 Uma das principais razões, entretanto, diz respeito à concepção moderna da pregação, muitas vezes encarada como atividade meramente humana e pouco relevante, cuja eficácia depende fundamentalmente das habilidades naturais ou capacidade do pregador.Todas estas tendências, influências e concepções produziram resultados devastadores sobre a pregação nos meios evangélicos. Ela tornou-se como que um apêndice no culto público, e as conseqüências, sem dúvida, se têm feito sentir na vida da igreja. Na perspectiva reformada, o declínio do lugar da pregação no evangelicalismo moderno é uma constatação seríssima. Se a teologia reformada com relação à pregação reflete o ensino bíblico, então muito do estado presente da igreja cristã, se explica como resultado desse declínio da pregação. Meu propósito com este artigo é apresentar, resumidamente, o ensino reformado concernente à natureza, importância, eficácia e propósito da pregação.

I. A NATUREZA DA PREGAÇÃOO conceito reformado de palavra de Deus é mais amplo do que aquele geralmente compreendido pela expressão. Ele inclui a palavra escrita: a Bíblia; a palavra encarnada: Cristo; a palavra simbolizada ou representada: os sacramentos do batismo e da ceia; e a palavra proclamada: a pregação.6 Na teologia reformada, portanto, a pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Esta concepção de pregação é professada no primeiro capítulo da Segunda Confissão Helvética, de Bullinger, nos seguintes termos: A Pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Por isso, quando a Palavra de Deus é presentemente pregada na igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a própria palavra de Deus é proclamada e recebida pelos féis; e que nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu...Isto não significa identificação absoluta da palavra pregada com a palavra escrita. As Escrituras são definitivas e supremas, inerentemente normativas, enquanto que a autoridade da pregação é sempre delas derivada e a elas subordinada.7 Não significa também que a pregação seja inspirada ou inerrante. Os pregadores, por mais fiéis que sejam na exposição das Escrituras, não são preservados do erro como o foram os autores bíblicos. Muito menos significa que os ministros da Palavra sejam instrumentos de novas revelações do Espírito. O próprio documento reformado acima citado repudia essa idéia, ao afirmar que “nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu.”A pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus, primeiro porque é na condição de porta-voz, de embaixador, de representante comissionado por Deus, que o pregador fala (2 Co 5.20). “A natureza da obra do pregador,” observa Dabney, “é determinada pela palavra empregada para descrevê-la pelo Espírito Santo. O pregador é um arauto.”8 A pregação é palavra de Deus porque é entregue em nome de Deus, e debaixo da sua autoridade. Em segundo lugar, a pregação é palavra de Deus em virtude do seu conteúdo. Parker observa que a pregação recebe seu status de palavra de Deus das Escrituras. A pregação “é palavra de Deus, porque transmite a mensagem bíblica, que é a mensagem ou Palavra de Deus.”9 Enquanto a pregação refletir fielmente a Palavra de Deus, ela tem a mesma autoridade, e requer dos ouvintes a mesma obediência.10 Robert L. Dabney observa que o uso do termo arauto para descrever o ofício do pregador encerra duas implicações. Primeiro, que não lhe compete inventar sua mensagem, mas transmiti-la e explicá-la. Segundo, que o arauto

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...não transmite a mensagem como mero instrumento sonoro, como uma trombeta ou tambor; ele é um meio inteligente de comunicação...; ele tem um cérebro, além de uma língua; e espera-se que ele entregue e explique de tal maneira a mente do seu senhor, que os ouvintes recebam, não apenas os sons mecânicos, mas o verdadeiro significado da mensagem.”11 Pregação, definiu Phillips Brooks, é a comunicação da verdade de Deus através da personalidade do pregador.12 Assim como a palavra inspirada não deixa de ser divina, embora escrita por autores humanos em pleno uso de suas peculiaridades humanas, assim também a palavra pregada não deixa de ser de Deus por ser mediada pela personalidade do pregador.Na verdade, mais do que mero instrumento de comunicação da vontade de Deus, a pregação, na concepção reformada, é um dos meios pelos quais Cristo se faz presente na igreja. Assim como a fé reformada crê na real presença espiritual de Cristo nos sacramentos, crê também na sua real presença espiritual na pregação, pela qual ele salva os eleitos e edifica e governa a igreja.13 Essa concepção, em certo sentido sacramental da pregação, considerada como que uma epifania de Cristo,14 é afirmada freqüentemente por Calvino nas Institutas e em seus comentários.15 Leith observa que, nas Institutas (4.14.26), Calvino cita Agostinho, o qual referia-se às palavras como sinais, porquanto na sua concepção, “na pregação, o Espírito Santo usa as palavras do pregador como ocasião para a presença de Deus em graça e em misericórdia,” e, “nesse sentido, as palavras do sermão são comparáveis aos elementos dos sacramentos.”16A concepção reformada de pregação como vox Dei é compartilhada por Lutero. Comentando João 4.9-10, o reformador pergunta: “Quem está falando [na pregação]? O pastor? De modo nenhum! Vocês não ouvem o pastor. A voz é dele, é claro, mas as palavras que ele emprega são na realidade faladas pelo meu Deus.”17 Condenando a tendência católica romana de transformar em sacramento tudo o que os apóstolos fizeram, Lutero afirma que se alguma dessas práticas tivesse que ser sacramentalizada, que a pregação o fosse.18Foi Calvino, entretanto, quem elaborou mais detalhadamente a questão da natureza da pregação como “a voz de Deus.”19 Em seu comentário de Isaías ele afirma que na pregação “a palavra sai da boca de Deus de tal maneira que ela de igual modo sai da boca de homens; pois Deus não fala abertamente do céu, mas emprega homens como seus instrumentos, a fim de que, pela agência deles, ele possa fazer conhecida a sua vontade.”20 Comentando Gálatas 4.19, “até ser Cristo formado em vós,” Calvino enfatiza a eficácia do ministério da Palavra, afirmando que porque Deus “...emprega ministros e a pregação como seus instrumentos para este propósito, lhe apraz atribuir a eles a obra que ele mesmo realiza, pelo poder do seu Espírito, em cooperação com os labores do homem.”21 Para Calvino, a leitura e meditação privadas das Escrituras não substituem o culto público, pois “entre os muitos nobres dons com os quais Deus adornou a raça humana, um dos mais notáveis é que ele condescende consagrar bocas e línguas de homens para o seu serviço, fazendo com que a sua própria voz seja ouvida neles.”22 Por isso, quem despreza a pregação despreza a Deus, porque ele não fala por novas revelações do céu, mas pela voz de seus ministros, a quem confiou a pregação da sua Palavra.23 Ao falar Deus aos homens por meio da pregação, Calvino identifica dois benefícios: “...por um lado, ele [Deus], por meio de um teste admirável, prova a nossa obediência, quando ouvimos seus ministros exatamente como ouviríamos a ele mesmo; enquanto que, por outro, ele leva em consideração a nossa fraqueza ao dirigir-se a nós de maneira humana, por meio de intérpretes, a fim de que possa atrair-nos a si mesmo, ao invés de afastar-nos por seu trovão.”24 Os puritanos não pensavam de modo diferente. Eles viam o pregador da Palavra como um porta-voz de Deus.25 Eles afirmavam que “na fiel exposição da Palavra, Deus mesmo está pregando, e que se um homem está fazendo uma verdadeira exposição das Escrituras, Deus está falando, pois é a palavra de Deus, e não a palavra do homem.”26 “Não pode haver dúvida de que para estes adoradores, a pregação da Palavra tornou-se um sacramento verbal.’’27 John Owen, por exemplo, escreveu que “Cristo nos chama a si... nas pregações do evangelho, pelas quais ele é evidentemente crucificado diante de nossos olhos” (Gl 3.1).28 Mencionando a mesma passagem bíblica, Paul Helm comenta que, na pregação, os Gálatas como que viram a Cristo com seus próprios olhos.29 Ele também observa que “os protestantes geralmente enfatizam que a graça conferida nos sacramentos não é de natureza diferente e, certamente, não superior àquela conferida na pregação fiel... assim como os sacramentos são emblemas visíveis da graça de Deus, assim também é a pregação fiel.”30

II. A RELEVÂNCIA DA PREGAÇÃO

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Em virtude dessa elevada concepção da pregação como vox Dei, a fé reformada atribui à proclamação pública da Palavra de Deus a maior importância. Na tradição reformada a pregação é considerada como o principal meio de graça, como a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra, como o elemento central do culto, como marca genuína da verdadeira igreja e como o meio por excelência pelo qual é exercido o poder das chaves.A. O Principal Meio de GraçaNa teologia reformada a pregação é um meio de graça. Ela e a ministração dos sacramentos são as ordenanças pelas quais o pacto da graça é administrado na nova dispensação.31 De fato, na concepção reformada, a pregação é o mais excelente meio pelo qual a graça de Deus é conferida aos homens,32 suplantando inclusive os sacramentos. Os sacramentos não são indispensáveis; a pregação é. Os sacramentos não têm sentido sem a pregação da Palavra, sendo-lhe subordinados.33 Os sacramentos servem apenas para edificar a igreja; a pregação, além disso, é o meio por excelência pelo qual a fé é suscitada; é o poder de Deus para a salvação.34 Os sacramentos são como que apêndices à pregação do evangelho.35 É assim que reformadores e puritanos interpretam as palavras de Paulo em 1 Coríntios 1.17: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho.” Para Calvino, os sacramentos não têm sentido sem a pregação do evangelho.36 Quando a ministração dos sacramentos é dissociada da pregação, eles tendem a ser considerados como práticas mágicas.37 A idéia puritana quanto à relevância da pregação não é diferente. Lloyd-Jones observou que “os puritanos asseveravam também que o sermão é mais importante que as ordenanças ou quaisquer cerimônias. Alegavam que ele é um ato de culto semelhante à eucaristia, e mais central no serviço da igreja. As ordenanças, diziam eles, selam a palavra pregada e, portanto, são subordinadas a ela.”38 Comentando Efésios 4.11, Hodge explica o papel do pregador como canal da operação do Espírito como segue:Assim como no corpo humano há certos canais por meio dos quais a influência vital flui da cabeça para os membros, os quais são necessários à sua comunicação, assim também há certos meios divinamente designados para a distribuição do Espírito Santo, de Cristo para os diversos membros do seu corpo. Quais canais de influência divina são esses, pelos quais a igreja é sustentada e impulsionada, é claramente indicado no verso 11, no qual o apóstolo diz: “Cristo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos.” É, portanto, através do ministério da Palavra que a influência divina flui de Cristo, o cabeça, para todos os membros do seu corpo; de modo que onde o ministério falha, a influência divina falha. Isto não significa que os ministros, na qualidade de homens ou oficiais, sejam de tal modo canais do Espírito para os membros da igreja, que sem a intervenção ministerial deles, ninguém se torna participante do Espírito Santo. Significa, sim, que os ministros, na condição de despenseiros da verdade, são, portanto, os canais da comunicação divina. Pelos dons da revelação e inspiração, Cristo constituiu uns apóstolos e outros profetas para a comunicação e registro da sua verdade; e pela vocação interna do seu Espírito, ele constitui outros evangelistas e outros pastores, com vistas à sua constante proclamação e persuasão. E é somente (no que diz respeito aos adultos) em conexão com a verdade assim revelada e pregada, que o Espírito Santo é comunicado.39 Que graças são comunicadas por meio da pregação? A pregação é o meio pelo qual as pessoas adultas e capazes são externamente chamadas para a salvação.40 É a causa instrumental da fé e principal meio pelo qual a fé é aumentada e fortalecida, a igreja é edificada e o Reino de Deus é promovido no mundo.41 Pela pregação da Palavra a igreja é ensinada, convencida, reprovada, exortada e confortada.42 B. A Tarefa Primordial da Igreja e do PregadorNa concepção reformada, a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra.43 Em suas mensagens e escritos, os reformadores condenam insistente e duramente o clero romano por negligenciar a pregação. Incapacitados para a tarefa, os sacerdotes católicos delegavam a função a outros,44 e dedicavam-se a atividades secundárias, ou mesmo à ociosidade e à luxúria. A superficialidade e leviandade com que as pessoas participavam da missa era, para Lutero, culpa dos bispos e sacerdotes, que não pregavam nem ensinavam as pessoas a ouvir a pregação.45 Ele considera que:...não há praga mais cruel da ira de Deus do que quando ele envia fome [escassez] de ouvir sua Palavra, como diz Amós [8.11s], como também não existe maior graça do que quando envia sua Palavra, conforme o Salmo 107.20: “Enviou sua Palavra e os sarou, e os livrou de sua perdição.” Também Cristo não foi enviado para

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outra tarefa do que para [pregar] a Palavra; também o apostolado, o episcopado e toda ordem clerical para outra coisa não foram chamados e instituídos do que para o ministério da Palavra.46 Para Lutero, “...quem não prega a Palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é sacerdote de maneira alguma... quem não é anjo (mensageiro) do Senhor dos Exércitos ou quem é chamado para outra coisa que não para o angelato (por assim dizer), certamente não é sacerdote... Por isso também são chamados de pastores, porque devem apascentar, isto é, ensinar. O múnus do sacerdote é pregar. O ministério da Palavra faz o sacerdote e o bispo.”47 Calvino também condena repetidas vezes os sacerdotes e bispos por não pregarem o evangelho.48 Comentando Atos 1.21-22, quando Barsabás e Matias são indicados para preencher a vaga de Judas no apostolado, como testemunhas da ressurreição de Cristo, Calvino conclui com isso que o ensino e a pregação são funções essenciais do ministério.49 A Forma de Governo Eclesiástico Presbiteriano relaciona, entre as atribuições do ministro da Palavra, juntamente com a oração e a administração dos sacramentos, “alimentar o rebanho pela pregação da Palavra, de acordo com a qual deve ensinar, convencer, reprovar, exortar e confortar.”50 Esses documentos presbiterianos simplesmente refletem a concepção puritana. William Bradshaw, autor de uma das obras mais antigas sobre os puritanos comenta que, para eles, “o mais elevado e supremo ofício e autoridade do pastor é pregar o evangelho solene e publicamente à congregação.”51 Packer cita Owen para demonstrar que a pregação era, para os puritanos, “o principal dever de um pastor. De acordo com o exemplo dos apóstolos, eles devem livrar-se de todo impedimento a fim de que possam dedicar-se totalmente à Palavra e à oração.”52 Jonathan Edwards considerava a pregação do evangelho o principal dever do ministro.53 Em uma carta, ele comentou: Devemos ser fiéis em cada parte das nossas obras ministeriais, e nos empenhar para magnificar nosso ofício. De maneira particular, devemos atentar para a nossa pregação, a fim de que ela seja não apenas sã, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e perscrutadora; bem pertinente à época e tempos em que vivemos, labutando diligentemente para isso.54 Dentre as passagens bíblicas que fundamentam essa característica da pregação reformada, as seguintes podem ser mencionadas: com relação a Jesus, Lucas 12.14 e João 6.14-15; com relação aos apóstolos, Atos 6.1-7 e 1 Coríntios 1.17; com relação aos evangelistas, precursores do ministério permanente da pregação da Palavra, 1 Timóteo 5.15; e com relação aos ministros permanentes da Palavra, Romanos 10.13-17 e 2 Timóteo 4.1-4.C. A Centralidade da Pregação no CultoNo culto medieval, a pregação era considerada, no máximo, como elemento preparatório para a ministração e recepção dos sacramentos. Na concepção reformado-puritana, “a leitura das Escrituras, com santo temor, a sã pregação da Palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus com entendimento, fé e reverência...,” são os principais elementos do culto a Deus na dispensação da graça.55 A Reforma restaurou a pregação à sua posição bíblica, conferindo a ela a centralidade no culto público.56Na antiga dispensação, o elemento central do culto público era o sacrifício, uma pregação simbólica apontando para o sacrifício de Cristo. Na nova dispensação, havendo Cristo oferecido a si mesmo como o Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo, não há mais lugar para sacrifícios. A pregação da Palavra é a legítima substituta do sacrifício como atividade central do culto na dispensação da graça. O que o sacrifício proclamava de forma simbólica e pictórica na antiga dispensação, deve ser agora anunciado de forma oral, pela leitura e pregação da Palavra.Com o propósito de restaurar a igreja em Genebra ao modelo bíblico, Calvino e outros redigiram as Ordenanças Eclesiásticas, um manual de governo eclesiástico e de culto. De acordo com as Ordenanças, a pregação da Palavra deveria ser o elemento essencial do culto público e a tarefa essencial e central do ministério pastoral.57 No seu prefácio aos sermões de Calvino sobre o Salmo 119, Boice observa: Quando a Reforma Protestante aconteceu no século XVI e as verdades da Bíblia, que por longo tempo haviam sido obscurecidas pelas tradições da igreja medieval, novamente tornaram-se conhecidas, houve uma imediata elevação das Escrituras nos cultos protestantes. João Calvino, em particular, pôs isto em prática de modo pleno, ordenando que os altares (há muito o centro da missa latina) fossem removidos das igrejas e que o púlpito com uma Bíblia aberta sobre ele fosse colocado no centro do prédio.58

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Lutero também “...considerava a pregação como a parte central do culto público e colocava a pregação da Palavra até mesmo acima da sua leitura.”59 Timothy George descreve assim a contribuição de Lutero para a pregação:Lutero recuperou a doutrina paulina da proclamação: a fé vem pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus... (Rm 10.17). Lutero não inventou a pregação mas a elevou a um novo status dentro do culto cristão... O sermão era a melhor e mais necessária parte da missa. Lutero investiu-o de uma qualidade quase sacramental, tornando-o o núcleo da liturgia... O culto protestante centrava-se ao redor do púlpito e da Bíblia aberta, com o pregador encarando a congregação, e não em volta de um altar com o sacerdote realizando um ritual semi-secreto. O ofício da pregação era tão importante que até mesmo os membros banidos da igreja não deviam ser excluídos de seus benefícios.60Quanto aos puritanos, eles “anelavam ver a pregação da Palavra de Deus tornar-se central no culto.”61 O culto puritano culminava no sermão. Ryken observa que “os puritanos fizeram da leitura e exposição das Escrituras o evento principal do culto.” A pratica puritana da “profetização” (prophesying), um tipo de escola de profetas em que ministros pregavam um após o outro, com vistas ao treinamento de pregadores menos experientes,62 “contribuiu mais do que qualquer outro meio para promover e estabelecer a nova religião na Inglaterra” na época.63

D. A Marca Essencial da Verdadeira IgrejaPorquanto na pregação Cristo fala e se faz presente, governando e ensinando a igreja, a fé reformada é unânime em considerar que a pregação da Palavra é uma das marcas da verdadeira igreja. Diversos símbolos de fé reformados, dentre os quais a Confissão Belga (artigo 29), a Confissão Escocesa de 1560 (artigo 18), a Confissão da Igreja Inglesa em Genebra de 1556 (artigos 26-28), a Confissão de Fé Francesa de 1559, e a Segunda Confissão Helvética de 1566 (capítulo 17) professam que a “pregação pura do evangelho,” a “verdadeira pregação da Palavra de Deus,” é uma das marcas pelas quais a verdadeira igreja de Cristo pode ser reconhecida neste mundo. Lutero escreveu que “unicamente Cristo é o cabeça da cristandade. Ele age através do evangelho pregado, do Batismo e da Ceia do Senhor, os quais, portanto, são também os sinais pelos quais a verdadeira igreja se identifica.”64 Para Calvino, Satanás tenta destruir a igreja fazendo desaparecer a pregação pura.65 Conseqüentemente, ... os sinais pelos quais a igreja é reconhecida são a pregação da Palavra e a observância dos sacramentos, pois estes, onde quer que existam, produzem fruto e prosperam pela bênção de Deus. Eu não estou dizendo que onde quer que a Palavra seja pregada os frutos imediatamente apareçam; mas que, onde quer que seja recebida e habite por algum tempo, ela sempre manifesta sua eficácia. Mas isto quando a pregação do evangelho é ouvida com reverência, e os sacramentos não são negligenciados...66De fato, dentre as três marcas da verdadeira igreja geralmente reconhecidas (a pregação, a ministração dos sacramentos e o exercício da disciplina), a pregação é considerada a mais importante. Primeiro, porque inclui as outras duas: como vimos, na concepção reformada, os sacramentos não podem ser dissociados da Palavra, nem o exercício da disciplina. Segundo, porque é através da pregação verdadeira da Palavra que os eleitos são congregados e edificados. Berkhof, por exemplo, afirma que, “estritamente falando, pode-se dizer que a pregação verdadeira da Palavra e seu reconhecimento como o modelo da doutrina e da vida é a única marca da igreja. Sem ela não há igreja, e ela determina a reta administração dos sacramentos e o exercício fiel da disciplina eclesiástica.”67Herman Hoeksema, outro teólogo reformado, escreveu: ...podemos dizer que a única marca distintiva importante da verdadeira igreja é a pura pregação da Palavra de Deus. Onde a Palavra de Deus é pregada e ouvida, aí está a igreja de Deus. Onde esta Palavra não é pregada, aí a igreja não está presente. E onde esta Palavra é adulterada, a igreja deve arrepender-se ou morrerá.68 III. A EFICÁCIA DA PREGAÇÃOEmbora tendo elevada concepção da pregação, a fé reformada não atribui à palavra pregada eficácia automática, mecânica ou mágica,69 e nem a associa primordialmente às habilidades e capacidades pessoais do pregador ou dos ouvintes. A eficácia da pregação, na teologia reformada, depende fundamentalmente da operação do Espírito Santo e da responsabilidade humana do pregador e dos ouvintes. A. A Eficácia da Pregação e as Habilidades Pessoais do Pregador

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Com base em 1 Coríntios 2.1-4 e 2 Coríntios 3.5, a fé reformada sustenta que a eficácia da pregação não depende, em primeiro lugar, da eloqüência, linguagem elaborada, gesticulação premeditada ou da capacidade intelectual do pregador. Um pregador pode ser eloqüente, pode gesticular bem, evidenciar grande capacidade intelectual e, no entanto, sua pregação pode ser completamente ineficaz. De fato, estas coisas podem tornar-se até em empecilho para a genuína promoção do reino de Deus. O ideal reformado-puritano da pregação inclui linguagem simples e gesticulação natural.B. A Obra do Espírito Santo para a Eficácia da PregaçãoNo entendimento reformado, a eficácia da pregação depende principalmente da obra do Espírito,70 que ocorre em três instâncias: na preparação do sermão, na entrega da mensagem e na recepção da mensagem por ocasião da pregação.Com relação ao pregador, a eficácia da pregação depende da capacitação do Espírito para a tarefa (2 Co 3.5-6). É o Espírito Santo quem confere poder à pregação (1 Co 2.4-5 e 1 Ts 1.5). Calvino escreveu que “nenhum mortal está por si mesmo qualificado para a pregação do evangelho, a não ser que Deus o revista com o seu Espírito.”71 Para ele, como observou seu biógrafo Thomas Smith, “as qualificações que habilitam qualquer homem para este elevado ofício [da pregação] só podem ser conferidas por Deus, através de Cristo, e pela operação eficaz do Espírito Santo.”72A eficácia da pregação depende da ação iluminadora do Espírito Santo na preparação do sermão e da unção do Espírito na entrega da mensagem. Na preparação, a escolha do texto ou do livro a ser exposto e a determinação da sua extensão; a compreensão do seu propósito, sentido, argumentação, significado e aplicação; e a elaboração da mensagem (redigida, em forma de esboço, ou apenas de idéias gerais); tudo depende especialmente da operação interna do Espírito Santo na mente e no coração do pregador. Se o Espírito Santo não assistir o pregador no seu labor exegético, o resultado do seu trabalho será insuficiente, por maior que seja o seu conhecimento e por mais diligente que seja no seu trabalho. Na entrega da mensagem, a eficácia varia na proporção da dependência do pregador da assistência do Espírito, e não da confiança no seu preparo ou habilidades naturais. Havendo se empenhado para compreender o texto e preparar a mensagem e suplicado pela iluminação do Espírito, no momento da pregação o pregador precisa confiar-se completamente à assistência do Espírito Santo, dando lugar a que ele intervenha na entrega da mensagem.Com relação ao ouvinte, a eficácia da pregação depende, em última instância, da ação iluminadora interna do Espírito Santo na sua mente e coração. É ele quem abre o coração dos ouvintes para que compreendam a mensagem (At 16.14). É ele quem escreve a mensagem no coração dos ouvintes (2 Co 3.3). Somente ele faz resplandecer o evangelho no coração, “para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Co 4.6). A pregação em si mesma, por mais verdadeira que seja, e por mais ungido que seja o pregador, é inútil. Não porque falte poder a ela. Mas, por causa da cegueira espiritual do homem natural, a palavra pregada só se torna eficaz pela operação interna imprescindível do Espírito Santo, “o Mestre interior,” que a acompanha.73 Em contraste com a posição arminiana, a fé reformada enfatiza que “é Deus somente, na pessoa do Espírito Santo, quem pode tornar e torna eficaz a pregação.74 A depravação do coração humano não permite dissociar a palavra pregada da operação do Espírito.75 É este o ensino de Calvino sobre o assunto, e aqueles que o investigam raramente deixam de observar o fato.76 Para ele, “assim como a pregação é o instrumento da fé, assim também o Espírito Santo torna a pregação eficaz.”77 Em seu comentário de Isaías, ele escreveu que “o Espírito está ligado à Palavra, porque, sem a eficácia do Espírito, a pregação do evangelho de nada adiantaria, mas permaneceria infrutífera.”78 E em seu comentário do livro de Atos, ele deixa claro que depende do poder secreto do Espírito Santo que a pregação dos ministros do evangelho seja eficaz.79 A vocação eficaz, explica Calvino, consiste de um duplo chamado: externo, pela pregação da Palavra, e interno, pela iluminação do Espírito, que enraíza a palavra pregada.80 Em seu comentário de Miquéias, por exemplo, o reformador observa que “o governo peculiar de Deus existe no âmbito da igreja, onde pela Palavra e Espírito, ele dobra os corações dos homens à obediência, de modo que eles o seguem voluntária e livremente, sendo ensinados interna e externamente — internamente pela influência do Espírito, externamente pela pregação da Palavra.”81 O fato de que o apóstolo Paulo chama a sua pregação em 2 Coríntios 3.8 de “ministério do Espírito,” mostra a Calvino quão relacionados estão a pregação da Palavra e o Espírito.82 Para ele, “o Espírito exerce o seu ofício pela pregação do evangelho.”83

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A Confissão de Fé de Westminster afirma que é pelo ministério (da Palavra), tornado eficiente pela presença de Cristo e pelo seu Espírito, que os santos são congregados e aperfeiçoados nesta vida.84 O Catecismo Maior de Westminster reconhece que é o Espírito Santo quem torna a pregação da Palavra o meio especialmente eficaz para a salvação: “O Espírito de Deus torna a leitura, e especialmente a pregação da Palavra, um meio eficaz para iluminar, convencer e humilhar os pecadores; para lhes tirar toda confiança em si mesmos e os atrair a Cristo; para os conformar à sua imagem e os sujeitar à sua vontade; para os fortalecer contra as tentações e corrupções; para os edificar na graça e estabelecer os seus corações em santidade e conforto mediante a fé para a salvação.”85 C. A Responsabilidade do Pregador e dos Ouvintes para a Eficácia da PregaçãoComo vimos, a fé reformada condiciona a eficácia da pregação primordialmente à obra do Espírito no pregador e nos ouvintes. Isso, entretanto, não ocorre em detrimento da responsabilidade humana de um e de outros. A eficácia da pregação depende também da fidelidade do pregador em não adulterar ou mercadejar a Palavra de Deus (2 Co 2.17 e 4.2) e do uso correto que fizer da Palavra, o qual, por sua vez, dependerá da sua fidelidade no preparo. Depende, ainda, da responsabilidade dos ouvintes em receberem com atenção, reverência, fé e obediência a palavra pregada (Rm 1.5; 15.26).Os ministros da Palavra são descritos nas Escrituras como “presbíteros que se afadigam na Palavra e no ensino” (1 Tm 5.17), são exortados a manejarem bem a Palavra da verdade (2 Tm 2.15) e a não se tornarem negligentes na preparação para a tarefa (2 Tm 4.14). Da perseverança deles nestes deveres dependerá também a eficácia da pregação para a salvação dos ouvintes (v. 16).Quanto aos ouvintes, são instados nas Escrituras a considerarem atentamente a Palavra e a não serem negligentes, mas operosos praticantes (Tg 1.25); a “acolherem com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21b); a tornarem-se “praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22).Reformadores e puritanos enfatizaram bastante a responsabilidade dos ouvintes para a eficácia da pregação. A teologia reformada da palavra pregada resultou em uma teologia reformada da palavra ouvida.86 Especialmente com relação à edificação dos crentes, esta responsabilidade inclui o devido preparo prévio para ouvir a pregação, a atitude correta ao ouvir a palavra pregada, e o uso apropriado posterior da mensagem ouvida. A preparação prévia requer oração, apetite e um espírito ensinável. Somente uma semana vivida pensando nas coisas do alto, onde Cristo vive, deixa o crente preparado para ouvir a pregação (Cl 3.1-2; 2 Co 4.18). A atitude ao ouvir exige reverência, atenção, humildade e fé (Hb 4.1-2), características daqueles que discernem a real natureza do culto e da pregação. O uso apropriado posterior inclui meditação, oração e prática da mensagem ouvida (Tg 1.21-25).87 Lutero escreveu que “incorre em grave pecado quem não ouve [a pregação do] evangelho e despreza semelhante tesouro...”88 Para Calvino, “a pregação é um ato corporativo da igreja toda.” A congregação participa da pregação tão ativamente quanto participa da ceia.89 Por isso, ele insiste em que os ouvintes venham preparados para receber a mensagem.90 Ele enfatizou que a pregação da Palavra precisa ser ouvida “com grande reverência”, “bastante atenção,” e “sobriedade para o nosso proveito.” Acima de tudo, disse ele, “precisamos orar continuamente para que o generoso e gracioso Senhor nos conceda seu Espírito, a fim de que por ele a semente da Palavra de Deus seja vivificada em nossos corações.”91 Calvino menciona também a necessidade de humildade para receber a palavra pregada, mas observa que é o próprio Espírito Santo quem torna uma pessoa desejosa de ser ensinada pela Palavra.92 William Perkins, um dos pais do puritanismo inglês, escreveu que...a responsabilidade daqueles que ouvem a pregação da Palavra de Deus, é submeterem-se a ela... O dever de vocês é ouvir a Palavra de Deus, pacientemente, submeter-se a ela, ser ensinados e instruídos, e mesmo ser perscrutados e repreendidos, e ter os seus pecados descobertos e as corrupções arrancadas.93 Whitefield pregou um sermão especificamente sobre o assunto, intitulado Instruções sobre Como Ouvir Sermões, baseado em Lucas 8.18, “Vede, pois, como ouvis.”94 Eis suas instruções: 1) venha ouvir, não por curiosidade, mas motivado por um sincero desejo de conhecer e praticar seus deveres; 2) “não apenas prepare seu coração de antemão para ouvir, mas também atente diligentemente para as coisas que forem faladas da Palavra de Deus”; 3) não tenha prevenção contra o ministro a que Deus constituiu bispo (supervisor) e embaixador sobre você;95 4) aplique tudo o que ouvir ao seu próprio coração; 5) ore, antes,

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durante e depois do sermão, a fim de que Deus conceda poder ao pregador e habilite você a praticar a mensagem.O Breve Catecismo de Westminster, na resposta à pergunta de número 90, “Como se deve ler e ouvir a Palavra a fim de que ela se torne eficaz para salvação?” resume assim a responsabilidade do ouvinte na pregação: “Para que a Palavra se torne eficaz para a salvação, devemos ouvi-la com diligência, preparação e oração, recebê-la com fé e amor, guardá-la em nossos corações e praticá-la em nossas vidas.” Já o Catecismo Maior de Westminster, na resposta à pergunta de número 160, afirma: Exige-se dos que ouvem a palavra pregada que atendam a ela com diligência, preparação e oração; que comparem com as Escrituras aquilo que ouvem; que recebam a verdade com fé, amor, mansidão e prontidão de espírito, como a palavra de Deus; que meditem nela e conversem a seu respeito uns com os outros; que a escondam nos seus corações e produzam os devidos frutos em suas vidas.

D. ConclusãoEstas considerações sobre a obra do Espírito e a responsabilidade humana para a eficácia da pregação não devem levar o leitor a pensar que a pregação da Palavra só se torna eficaz quando obtém resposta positiva dos ouvintes. A genuína pregação do evangelho nunca é vã. Os legítimos pregadores do evangelho são sempre conduzidos por Deus em triunfo, pois por meio deles se manifesta em todo lugar a fragrância do conhecimento de Deus. Eles são, diante de Deus, o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos, como nos que se perdem. “Para com estes cheiro de morte para morte; para com aqueles aroma de vida para vida” (2 Co 2.14-16).96 Mesmo quando rejeitada, a eficácia da palavra pregada se manifesta tornando indesculpáveis os réprobos, os quais, afirma Calvino, são cegados e estupeficados ainda mais pela pregação da Palavra.97 Ou a pregação nos aproxima de Deus, ou nos coloca mais perto do inferno.98 IV. O PROPÓSITO DA PREGAÇÃO REFORMADAEm alguns círculos evangélicos em nossos dias, a pregação parece ter como propósito o entretenimento do auditório, a exacerbação das emoções, o bem-estar material e emocional dos ouvintes e a promoção do próprio pregador ou da sua denominação. Ricardo Gondim, pastor da Assembléia de Deus, reconhece que os púlpitos brasileiros “estão cada vez mais empobrecidos. Pastores animam seus auditórios com frases de efeito, contentam suas igrejas com mensagens superficiais...” Ele admite que necessitamos de uma nova Reforma no cristianismo, a qual deve começar pelo púlpito.99 Em outro artigo, o mesmo autor comenta que “há uma tendência de transformar a igreja em big business. Pior, big business do lazer espiritual.” Ele continua: “Pastores e padres abandonaram sua vocação de portadores de boas novas. Assumiram novos papéis: animadores de auditório e levantadores de fundos. O púlpito transformou-se em mero palco. A igreja, simples platéia... Sermões podem ser facilmente confundidos com palestras de neurolingüística.”100 O propósito da pregação reformada é completamente diferente. Ela tem objetivos claros e elevados com relação ao texto que está sendo pregado, com relação aos ouvintes e, especialmente, com relação a Deus e ao seu reino neste mundo. A. Com Relação ao TextoUma das qualidades mais marcantes da pregação reformada consiste na determinação de fazer do propósito do texto o propósito do sermão. Reformadores e puritanos compreenderam que cada passagem das Escrituras tem propósito(s) específico(s). Por isso, fizeram grande esforço para entender o texto, para discernir o seu propósito(s), para proclamar fielmente a mensagem bíblica e aplicá-la em consonância com o propósito divino. Lutero, por exemplo, afirma que “a principal tarefa do pregador é ensinar corretamente, procurar os pontos [doutrinas] principais e bases do seu texto, e instruir e ensinar de tal maneira os ouvintes que eles entendam corretamente [o texto].”101 Ele assim descreve o dever do pregador: ...ele deve saber ensinar e admoestar. Quando prega uma doutrina, deve, primeiramente, caracterizá-la. Em segundo lugar, deve defini-la, descrevê-la e explicá-la. Em terceiro lugar, deve apresentar passagens bíblicas que a comprovem e confirmem. Em quarto lugar, deve explicá-la e declará-la com exemplos. Em quinto lugar, deve adorná-la com comparações. E, finalmente, deve admoestar e despertar os preguiçosos, reprovar veementemente todos os desobedientes, todas as falsas doutrinas e seus autores...102A pregação de Zuínglio é geralmente “direcionada ao propósito de libertar seus ouvintes do mundo de superstições e da falsa religião.” E isto ele fez, na avaliação de Bullinger, “pela verdade divina e com ela, e não

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com frivolidades humanas.”103 O labor exegético de Calvino a fim de compreender e transmitir o sentido real do texto bíblico em sua pregação é amplamente reconhecido. “Como pregador, Calvino tinha um ardente desejo, qual seja, de levar seus ouvintes a um entendimento preciso do que Deus está dizendo à congregação na passagem escolhida das Escrituras e o que aquilo significava para os diferentes tipos de pessoas que estavam ouvindo a pregação.”104 Ele mesmo testifica que, quando assumia o púlpito, não era para expor ali seus sonhos e imaginações, mas para transmitir fielmente, sem nenhum acréscimo, o que havia recebido.105 Calvino descreve o propósito geral da pregação do seguinte modo:Nisto consiste o poder supremo com o qual os pastores da igreja, seja qual for o nome pelo qual sejam chamados deveriam ser investidos: serem ousados na proclamação da Palavra de Deus, exortando toda virtude, glória, sabedoria e autoridade do mundo a se submeter e obedecer sua majestade; ordenar que todos, dos maiores aos menores confiem no seu poder [de Deus] para edificar a casa de Cristo e destruir a casa de Satanás; alimentar as ovelhas e expulsar os lobos; instruir e exortar os dóceis; acusar e subjugar os rebeldes e petulantes, ligar e desligar; em suma, queimar (to fire) e fulminar, mas tudo de acordo com a Palavra de Deus.106 O que Dargan escreveu com relação à pregação de Lutero, pode certamente ser generalizado como ilustrativo do propósito da pregação dos reformadores em geral: “O contexto é considerado, e o real sentido e intenção dos autores das Escrituras é buscado e respeitado.”107 Packer menciona um comentário bastante elucidativo de um pregador puritano com relação à determinação reformado-puritana no sentido de discernir o propósito do texto e fazer dele o propósito da pregação: Eu nunca preguei, a não ser que me sentisse convencido de haver descoberto a vontade de Deus com relação ao sentido da passagem. Meu propósito é extrair da Escritura o que ali está... Sou muito zeloso quanto a isso: nunca falar mais nem menos do que acredito ser a mente do Espírito na passagem que estou expondo.108 B. Com Relação aos Ouvintes1. Alcançar e Converter o CoraçãoReformadores e puritanos queriam, com a pregação, informar o intelecto, mover as afeições e motivar a vontade.109 Entretanto, o alvo estava além do intelecto, dos sentimentos e das emoções. Eles almejavam alcançar e converter o coração, o próprio centro da alma humana.110 E isto eles buscavam, não por meio de manipulação retórica da audiência, mas através da pregação fiel da Palavra de Deus.111Em uma de suas obras, Lutero resume assim o propósito da pregação: “Estimular os pecadores a sentirem seus pecados e despertar neles o desejo pelo tesouro” do evangelho.112 Em outra obra, ele deplora o fato de que não poucos pregam a Cristo meramente com a intenção de comover os sentimentos humanos, ao invés de promover neles a fé em Cristo.113 Calvino escreveu que “o propósito pelo qual a Palavra de Deus é pregada é nos iluminar com o verdadeiro conhecimento de Deus, fazer com que nos voltemos para Deus, e nos reconciliar com ele.”114 Para os pregadores puritanos, o sucesso da pregação não deve ser avaliado apenas pelo que acontece na igreja, mas pelo seu efeito nas vidas dos ouvintes que estão fora da mesma.115 O Catecismo Maior de Westminster exorta os ministros da Palavra a pregarem “...com sinceridade..., procurando converter, edificar e salvar as almas.”116 A salvação da alma é o grande propósito da pregação reformada com relação àqueles que se encontram em estado de pecado.117 2. Mediar Encontros com DeusComo o coração é alcançado e convertido? Quando pecadores têm um encontro verdadeiro com Deus mediado pela pregação do evangelho. Packer resume o propósito da pregação reformada como “mediar encontros com Deus.” Para ele, a pregação de Lutero, Latimer, Knox, Baxter, Bunyan, Whitefield, Edwards, McCheyne, Spurgeon, Ryle, Lloyd-Jones, entre outros, não tencionava apenas informar os ouvintes, mas fazer com que a “pregação se tornasse o meio de encontro de Deus com seus ouvintes,” pela exposição e aplicação das verdades das Escrituras.118 Para Lloyd-Jones, “o propósito primeiro e primordial da pregação não é somente fornecer informação mas produzir uma impressão...”;119 é colocar os homens diante de Deus, propiciando um encontro verdadeiro com ele.120 Em suas próprias palavras, o propósito da pregação “é dar a homens e mulheres a sensação de Deus e da sua presença.”121 Ao fazer essas afirmativas, Lloyd-Jones segue de perto a tradição puritana.1223. Restaurar a Imagem de Deus no Homem

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A conversão, entretanto, é apenas o começo. Na concepção reformada, o evangelho deve ser pregado com o objetivo de restaurar nos ouvintes a imagem de Deus corrompida na queda.Calvino relaciona a restauração da imagem de Deus no ser humano com o ministério da Palavra. Para ele, a restauração da imago Dei no coração humano é obra do Espírito Santo de Deus por meio da pregação da Palavra.123 Ele interpreta o pedido de Paulo em 2 Tessalonicenses 3:1 no seguinte sentido: “Que sua pregação possa manifestar seu poder e eficácia para renovar o homem de conformidade com a imagem e semelhança de Deus.”124 A “reforma” e “edificação” da vida dos ouvintes, segundo Calvino, é o propósito geral da pregação com relação à igreja.125 Os puritanos relacionavam igualmente o propósito da pregação com a restauração da imagem de Deus no homem. Peter Lewis, um estudioso do movimento puritano escreveu que para eles, “o fim principal da pregação... era a glorificação de Deus na restauração da sua imagem nas almas e vidas dos homens.”126 Dennis Johnson, um autor reformado contemporâneo, assevera na mesma linha que a pregação não se exaure na evangelização e no ensino. Seu telos é a maturidade espiritual dos ouvintes. Ele afirma, com base em Romanos 8.29, Colossenses 3.10-11 e Efésios 4.24, que “o alvo da pregação não é plenamente alcançado senão quando um rebelde se torna filho de Deus. A pregação cristã, o evangelho apostólico, tem como seu propósito nada menos do que a conformidade completa de cada filho de Deus à perfeita imagem do Filho: Cristo.”127 C. Com Relação a DeusA restauração da imago Dei na alma e na vida do homem, não é, contudo, o propósito principal da pregação reformada. O propósito maior da pregação reformada consiste em promover o reino e a glória de Deus e destruir o reino de Satanás. Reformadores e puritanos anelavam com a pregação da Palavra, por um lado, avançar com a obra de Deus no mundo, libertando pecadores da escravidão de Satanás, e edificar os santos, instruindo-os a viver para a glória de Deus; e, por outro lado, desmascarar e lançar por terra a obra do diabo. Na proclamação do evangelho a glória de Deus resplandece na face de Cristo (2 Co 4.6), assim como a glória de Deus é proclamada na obra da criação (Sl 19).Parker afirma que, para Calvino, “o propósito do pregador é direcionado antes de mais nada para Deus. Ele prega a fim de que Deus seja glorificado.”128 Comentando 2 Corintios 2.15 (“somos para com Deus o bom perfume de Cristo”), Calvino afirma que “temos aqui uma passagem notável, porque nela somos ensinados que seja qual for o resultado da nossa pregação, ainda assim ela é agradável a Deus..., porque Deus é glorificado mesmo quando o evangelho resulta na ruína dos ímpios.”129 Calvino afirma que os crentes da antiga dispensação “foram exortados a buscarem a face de Deus no santuário... (Sl 27.8; 100.2; 105.4) por nenhuma outra razão, senão porque o ensino da lei e as exortações dos profetas eram uma imagem viva de Deus, assim como Paulo afirma que na sua pregação a glória de Deus resplandece na face de Cristo (2 Co 4.6).”130 Benoît, um autor reformado francês, observa que “fazer da salvação o fim da religião significa, segundo Calvino, colocar o homem no centro e fazer de Deus um simples meio com vistas a um fim pessoal.” Ele continua, afirmando que, para Calvino, “a salvação individual não é o propósito final da pregação do evangelho. Ela tem um propósito muito mais elevado: a manifestação da glória de Deus...”131 Para o Sínodo de Dort, também, nota Peter Jong, o propósito último da pregação “é a glória de Deus na salvação de pecadores.”132 Na tradição puritana, o Catecismo Maior de Westminster exorta os ministros da Palavra a pregarem... “tendo por alvo a glória de Deus.” 133 Joseph Pipa, estudioso da pregação puritana, afirma que “o grande propósito do sermão puritano era transformar a vida das pessoas e equipá-las para viver para a glória de Deus.”134Embora anelasse profundamente a conversão de almas para Cristo, Spurgeon não considerava esse o fim maior da pregação. Ele enfatiza insistentemente que a glória de Deus, sim, é o principal propósito da pregação. Ele escreveu que “nada deveria ser o alvo do pregador a não ser a glória de Deus através da pregação do evangelho da salvação.”135 “Vocês e eu,” disse ele em um de seus sermões, “somos constrangidos a pregar o evangelho, mesmo que nenhuma alma jamais seja convertida por ele; pois o grande propósito do evangelho é a glória de Deus, visto que Deus é glorificado mesmo naqueles que rejeitam o evangelho.”136 “Preguem o evangelho tendo em vista unicamente a glória de Deus,” adverte Spurgeon, “ou então, segurem suas línguas.”137

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V. CONCLUSÃOEm muitos círculos evangélicos contemporâneos e até mesmo entre reformados, o surgimento de novos meios de comunicação, a aversão do homem moderno por verdades objetivas, a secularização da sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e especialmente a concepção moderna da pregação como uma atividade meramente humana, têm resultado em evidente declínio da pregação. Outras atividades têm tomado o seu lugar no culto, e a pregação têm sido relegada a um plano secundário no culto e na vida da igreja.Na concepção reformada, entretanto, a pregação pública da Palavra de Deus é considerada não como palavra de homem, mas como vox Dei. Na proclamação solene da Palavra de Deus por arautos comissionados pelo próprio Deus, Cristo se faz presente, fala e governa a igreja. A fé reformada tem uma concepção quase que sacramental da pregação. Ela professa a real presença espiritual de Cristo na pregação, assim como na Ceia.Em virtude dessa elevada concepção quanto à sua natureza, a teologia reformada atribui grande importância à pregação. Na teologia reformada, a pregação é imprescindível. É o principal meio de graça, a tarefa primordial da igreja e do ministro, o principal elemento de culto na dispensação da graça; constitui-se em marca essencial da verdadeira igreja, e meio pelo qual o reino de Deus é aberto ou fechado aos pecadores. Isto não significa que a fé reformada atribua eficácia automática à pregação. A eficácia da pregação também não está, primordialmente, nas habilidades pessoais do pregador ou dos ouvintes. Está, sim, na operação do Espírito Santo, tanto na preparação e entrega da mensagem, como na sua recepção. Os pregadores devem laborar na interpretação da Palavra, e transmiti-la fielmente. Os ouvintes, devem receber com atenção, reverência, fé e obediência a palavra pregada. Contudo, somente o Espírito Santo pode conferir eficácia à pregação, assistindo e capacitando o pregador, e iluminando e convencendo os ouvintes do pecado e da graça de Deus em Cristo. Não obstante, independentemente da resposta dos ouvintes, a genuína pregação do evangelho nunca é vã. O reino de Deus é promovido também na condenação dos réprobos.O propósito da pregação reformada consiste na fidelidade ao sentido, significado e propósito do texto; na conversão e restauração da imagem de Deus nos ouvintes; e na promoção do reino e da glória de Deus no mundo. Que a vox Dei seja ouvida em nossos púlpitos, para a conversão dos perdidos, para a restauração da imago Dei na alma e na vida dos ouvintes, com vistas à promoção do reino e da glória de Deus no mundo.

Obs.: Este artigo é parte de um dos capítulos da dissertação de Doutorado em Ministério que está sendo elaborada pelo autor com o tema: “Hermenêutica e Pregação: Manual de Hermenêutica Reformada para Pregadores.” D. Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (Londres: Hodder and Stoughton, 1985 [1971]), 26. John J. Timmerman, Through a Glass Lightly (Grand Rapids: Eerdmans, 1987). Citado em David J. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (1),” The Standard Bearer 74/8 (1998). Internet: http://www.prca.org/standard_bearer; acessado em 05/09/98. Ver também Paul Helm, “Preaching and Grace,” The Banner of Truth 117 (s/d), 8. John M. Frame, Worship in Spirit and Truth: A Refreshing Study of the Principles and Practice of Biblical Worship (Presbyterian & Reformed, 1996), 91-94, 114. Ver a resenha dessa obra por T. J. Ralston, em Bibliotheca Sacra 155 (Jan-Mar 1998), 124-5. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (1).” No livro Pregação e Pregadores, Lloyd-Jones menciona algumas razões bem particulares para a presente depreciação da pregação, que também merecem ser consideradas, dentre as quais: os “pulpiteiros,” os profissionais do púlpito do século passado e do início deste século, os quais davam valor exagerado à forma e ao estilo elaborado do sermão; a ênfase moderna em aconselhamento pessoal (hoje degenerado em clínicas pastorais de aconselhamento psicológico); e o ritualismo, que enfatiza formas elaboradas de culto, atribuindo-lhes certa conotação religiosa (ver Lloyd-Jones, Preaching and Preachers, 16-18 e 36-40). Para um estudo da perspectiva reformada sobre a relação entre a palavra escrita, pregada e representada, ver o segundo capítulo de Pierre Ch. Marcel, El Bautismo: Sacramento del Pacto de Gracia (Rijswijk: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1968), 33-61. T. H. L. Parker, Calvin’s Preaching (Edinburgh: T&T Clark, 1992), 23. Ver Robert L. Dabney, Sacred Rhetoric: A Course of Lectures on Preaching (Edimburgo e Pensilvânia: Banner of

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Truth, 1979 [1870]), 36. Parker, Calvin’s Preaching, 23. Ver também Pierre Ch. Marcel, The Relevance of Preaching, trad. Rob Roy McGregor (Grand Rapids: Baker, 1977), 21-22, 30-31, 61-62; J. J. Van der Walt, “Prediking wat God van die Woord laat kom,” em God aan die Woord, ed. Van der Walt (Potchefstroom: Departement Diakoniologie, Potchefstroom University for Christian Higher Education, 1985), 11; e David J. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (2),” The Standard Bearer 74/9 (1998). Dabney, Sacred Rhetoric, 37-8. Phillips Brooks, Eight Lectures on Preaching, reimp. da 5ª edição (Londres: SPCK, 1959), 5. Ver John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, trad. Christopher Fetherstone, ed. Henry Beveridge (Albany, Oregon: Ages, 1998), 25-26 e 238. Como coloca Richard Stuaffer, em “Les Discours a la premiere personne dans les sermons de Calvin,” em Regards Contemporains sur Jean Calvin (citado por Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31). Ver, por exemplo, Institutas 1.11.7, onde, combatendo o emprego de símbolos visíveis para representar a presença de Cristo no culto, Calvino afirma que é “...pela verdadeira pregação do Evangelho,” e não por cruzes, que “Cristo é retratado como crucificado diante de nós.” Ver também John Calvin, Commentary on the Prophet Isaiah, vol. 2, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1998), 331; e John Calvin, Commentary On the Prophet Jeremiah, vol. 2, trad. e ed. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1998), 403. Ver Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31. Leith cita as Institutas 4.1.6 e 4.14.9-19, para corroborar sua afirmativa. Verificar também a citação de T. H. L. Parker, comparando o sermão com a eucaristia (Peter Lewis, “Preaching from Calvin to Bunyan,” Puritan/Westminster Conference [1985], 36). Martin Luther, Luther’s Works, ed. Jaroslav Pelikan, trad. Martin H. Bertram, vol. 22, Sermons on the Gospel of St. John Chapters 1-4, American Edition (St. Louis: Concordia Publishing House, 1957), 528 (citado por Carl C. Fickenscher II, “The Contribution of the Reformation to Preaching,” Concordia Theological Quarterly 58/4 [1994], 263). Martinho Lutero, “Do Cativeiro Babilônico da Igreja: Um Prelúdio de Martinho Lutero,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 399. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 291. John Calvin, Commentary On the Prophet Isaiah, vol. 2, 434 (ver pp. 50, 112, 341). Ver também Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 291; John Calvin, Commentary on the Prophet Haggai (Albany, Oregon: Ages, 1998), 24; e John Calvin, Commentary on Matthew, Mark and Luke, vol. 1, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1997), 43. John Calvin, Commentary on the Epistle to Galatians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 116. Ver também Institutas 4.1.5; e John Calvin, Commentary On the Epistle to the Ephesians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47. Institutas 4.1.5. Ver também Calvin, Commentary on the Prophet Haggai, 1.12, 25. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 340. Institutas 4.1.5. Ver John Calvin, Harmony of the Law, vol. 1., trad. Charles William Bingham (Albany, Oregon: Ages, 1998 ), 252. James I. Packer, A Quest for Godliness: The Puritan Vision of the Christian Life (Wheaton, Illinois: Crossway Books, 1990), 284. Ver Martin Lloyd-Jones, “A Pregação,” em Os Puritanos: Suas Origens e Seus Sucessores, trad. Odayr Olivetti (São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1991), 385. Leland Ryken, Santos no Mundo: Os Puritanos como Realmente Eram (São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 1992), 135. John Owen, The Doctrine of Justification by Faith (Albany, Oregon: Ages, 1997), 78. Helm, “Preaching and Grace,” 10. Ibid., 12. Ver também George Whitefield, “Sermon 38 — The Indwelling of the Spirit: The Common Privilege of All Believers,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 569. Catecismo Maior de Westminster, resposta 35. Ver também Confissão de Fé de Westminster, 7:6.

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James I. Packer, “Mouthpiece for God: Preaching and the Bible,” em Truth & Power: The Place of Scripture in the Christian Life (Wheaton, Illinois: Harold Shaw Publishers, 1996), 158. Ver Martinho Lutero, “Um Sermão a respeito do Novo Testamento, isto é, a respeito da Santa Missa,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 271. Ver Institutas 4.14.14 e 4.17.39; Marcel, El Bautismo, 55-58; e “The Directory for the Publick Worship of God,” 379. Institutas 4.16.28. Ibid., 4.14.5. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 363. Lloyd-Jones, “A Pregação,” 385. Whitefield também menciona a pregação como meio de graça (ver George Whitefield, “Sermon 32: A Penitent Heart: The Best New Year’s Gift,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 445. Charles Hodge, An Exposition of Ephesians (Albany, Oregon: Ages, 1997), 167-68. Confissão de Fé de Westminster, 10:3. Ver Confissão de Fé de Westminster, 14:1 e 25:3, e “The Form of Presbyterial Church Government,” em Westminster Confession of Faith (Glasgow: Free Presbyterian Publication, 1994), section 1. “The Form of Presbyterial Church Government,” section 3. Packer, A Quest for Godliness, 281. Especialmente a pregadores itinerantes, como os dominicanos e franciscanos. Martinho Lutero, “Das Boas Obras,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 97. Martinho Lutero, “Tratado de Martinho Lutero sobre a Liberdade Cristã,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 438. Lutero, “Do Cativeiro Babilônico da Igreja,” 415-16. Institutas 4.5.13. Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 52. Seção 3. Ver também “The Directory for the Publick Worship of God,” 379. Citado em Lloyd-Jones, “A Pregação,” 382. Packer, A Quest for Godliness, 282. Ver Sereno E. Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” em The Works of Jonathan Edwards, vol. 1 (Albany, Oregon: Ages, 1997), 86. Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” 293. Confissão de Fé de Westminster, 21:5. Ver Fickenscher, “The Contribution of the Reformation to Preaching,” 263-64. J. H. Merle d’Aubigné, History of the Reformation in the Time of Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), vol. 7, 82. James Montgomery Boice, prefácio a Sermons on Psalm 119, by John Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7. Clyde E. Fant, Jr. e William M. Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching: An Encyclopedia of Preaching (Waco, Texas: Word Books, 1971), vol. 2, 9. Timothy George, Teologia dos Reformadores, trad. Gérson Dudus e Valéria Fontana (São Paulo: Vida Nova, 1994), 91-92 R. T. Kendall, “Puritans in the Pulpit and ‘Such as run to hear Preaching,’” Westminster/Puritan Conference (1990), 87. Lloyd-Jones, “A Pregação,” 138-139. Kendall, “Puritans in the Pulpit,” 87. Martinho Lutero, “A Respeito do Papado em Roma contra o Celebérrimo Romanista de Leipzig,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 199 Institutas 4.1.11.

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Ibid., 4.1.10. Ver também John Calvin, “Prefatory Address,” em Institutes of the Christian Religion (Albany, Oregon: Ages, 1996), 27. Louis Berkhof, Teologia Sistematica, 3ª ed. espanhola (revisada), trad. Felipe Delgado Cortés (Grand Rapids: T.E.L.L., 1976), 689. Herman Hoeksma, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 1985), 620. O autor explica a razão dessa primazia na página seguinte. Peter Y. De Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” The Banner of Truth 63 (s/d), 30. Ver Dabney, Sacred Rhetoric, 36. John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, vol. 3 (Albany, Oregon: Ages, 1997), 296. Thomas Smith, Calvin and His Enemies (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47. Ver Institutas 2.2.20. De Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” 30. Ibid., 27-28. Ver, por exemplo, Parker, Calvin’s Preaching, 29, e Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31-32. John Calvin, Commentary On the Epistle to the Ephesians, 17. John Calvin, Commentary On the Prophet Isaiah, vol. 2, 516. Ver John Calvin, Sermons on Psalm 119, 249. John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 777. William Wileman, John Calvin: His Life, Teaching and Influence (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47. Ver John Calvin, Commentary on the Prophet Hosea (Albany, Oregon: Ages, 1998), 103; e John Calvin, Commentary on the Epistle of James (Albany, Oregon: Ages, 1998), 21. John Calvin, Commentary on the Prophet Micah, trad. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1998), 97. Ver também John Calvin, Commentary on First Epistle to the Thessalonians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7-8. Institutas 1.9.3. John Calvin, The Commentaries on the Epistle of Paul the Apostle to the Hebrews, trad. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1996), 88. Confissão de Fé de Westminster, 25:3. Catecismo Maior, 155. Ver a pergunta e a resposta 89 do Breve Catecismo: “Como a Palavra se torna eficaz para a salvação? Resposta: O Espírito de Deus torna a leitura, especialmente a pregação da Palavra, meios eficazes para convencer e converter os pecadores, para os edificar em santidade e conforto, por meio da fé para a salvação.” Peter H. Lewis, The Genius of Puritanism (Morgan, Pensilvânia: Soli Deo Gloria Publications, 1996), 53. Para este uso triplo (anterior, no momento e posterior) da palavra pregada, ver resumo de Joel Beek, do ensino de Thomas Watson no livro Heaven Taken by Storm (Joel R. Beek “Hearing the Word in a Puritan Way,” Banner of Sovereign Grace 4/5 [1996], 120-21). Ver também Peter Lewis, “The Puritans in the Pew,” em The Genius of Puritanism, 53-62. Lutero, “Das Boas Obras,” 128. Parker, Calvin’s Preaching, 48. Ibid., 49. Ibid., 18. Ibid., 51. William Perkins, “The Calling of the Ministry,” em The Art of Prophesying: With The Calling of the Ministry (Edimburgo e Carlisle, Pensilvânia: Banner of Truth, 1996), 118-119. George Whitefield, “Sermon 28: Directions How to Hear Sermons,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 385-393. O ponto também é objeto da exortação de William Perkins: “Você não deve ficar com raiva e se rebelar, nem deve odiar o ministro, nem recorrer à crítica pessoal contra ele. Ao invés disso, submeta-se ao Evangelho, porque é a mensagem e ministério para a sua salvação (The Art of Prophesying, 119). Ver John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, vol. 4, 226. Institutas 3.24.12. John Preston, citado em Ryken, Santos no Mundo, 103.

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Ricardo Gondim, “Como a Pena de um Destro Escritor,” Ultimato 253 (1998), 50-51. Ibid., “A Cultura Pop Chegou para Ficar?,” Ultimato 257 (1999), 44-45. Martin Luther, Table Talk (Albany, Oregon: Ages, 1997), 248. Ibid., 202. Ver Fant, Jr. e Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching, vol. 2, 87. Allan Harman, “The Reformed Confessions and Our Preaching,” The Banner of Truth 115, 24. Fant, Jr. e Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching, vol. 2, 144. Institutas 4.8.9. Edwin Charles Dargan, A History of Preaching, vol. 1, From the Apostolic Fathers to the Great Reformers, A.D. 70-1572 (Grand Rapids: Michigan, 1974), 390. Packer, A Quest for Godliness, 284. Ver Iain Murray, “Some Thoughts on our Preaching,” The Banner of Truth 140 (1975), 21; e Pipa, William Perkins on Preaching, part 2. Lewis, “Preaching from Calvin to Bunyan,” 49. Ver também Sinclair B. Ferguson, prefácio de Perkins, The Art of Prophesying, x. Ryken, Santos no Mundo, 115. Lutero, “Das Boas Obras,” 128. Martinho Lutero, “Tratado de Martinho Lutero sobre a Liberdade Cristã,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 446. John Calvin, Commentary on the Gospel According to John, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1968), 445. Ryken, Santos no Mundo, 115-16. Catecismo Maior de Westminster, resposta 159. Ver John Cobin, “Spurgeon’s View of Preaching,” The Banner of Truth 310 (1989), 23. Packer, “Mouthpiece for God,” 158-59. Jung, “An Evaluation of the Principles and Methods of the Preaching of D. M. Lloyd-Jones,” 36. Ibid. Citado em Murray, “Dr. Lloyd-Jones on ‘Preaching and Preachers’,” 18. Ver também Lewis, “Preaching from Calvin to Bunyan,” 45. Ver John Calvin, Commentary On the Epistle to Philemon (Albany, Oregon: Ages, 1998), 8; Calvin, Commentary on the Epistle of James, 21; and Calvin, Sermons on the Deity of Christ, 208-209. John Calvin, Commentary on the Second Epistle to the Thessalonians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 37-8. Parker, Calvin’s Preaching, 46-7. Lewis, Genius of Puritanism, 48. Dennis E. Johnson, “What’s a Young Preacher to Do? Toward Reconciling Rival Approaches to Reformed Preaching” (Apostila para cursos de homilética no Westminster Theological Seminary, na Califórnia), 24. Parker, Calvin’s Preaching, 46. John Calvin, Commentary on the Second Epistle to the Corinthians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 61. Institutas, 4.1.5. Jean-Mare Berthoud, “La Formation des Pasteurs et la Prédication de Calvin,” La Revue Réformée 201 (1998); Internet; http://www.asi.fr/cle/rr/98/bert.htm. Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” 34. Catecismo Maior de Westminster, resposta 159. Joseph Pipa, “Sermão Puritano: Um Novo Modelo de Exposição,” texto não publicado, 4. Charles Spurgeon, “The Ministry Needed by the Churches and Measures for Providing it,” The Sword and the Trowel 3 (1871), 58. Charles Spurgeon, “Cheer For the Worker, and Hope For London,” em Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 26 (Albany, Oregon: Age, 1997), 796. Charles Spurgeon, “The Rat-Catcher’s Idea,” The Sword and the Trowel, vol. 7 (1983-84), 524. Fonte: Revista Fides Reformata

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