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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR BRUNO CÉSAR DA SILVA, brasileiro, solteiro, Defensor Público do Estado de São Paulo, classificado na 8ª Defensoria Pública de Bauru, com endereço para intimação na cidade de Bauru, Rua Raposo Tavares, 7-8, vem, com a devida vênia, impetrar ordem de HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR em favor Felipe Silva de Almeida, cuja qualificação segue devidamente delineada nas cópias que instruem o presente, que se encontra ilegalmente privado de sua liberdade de locomoção, por decisão proferida nos autos do procedimento para apuração de ato infracional, feito sob o n.º 0006484- 61.2013.8.26.0071 e n.º de ordem n.º 387/13, que tramitou perante a Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 32272726 1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL

HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR

BRUNO CÉSAR DA SILVA, brasileiro, solteiro, Defensor Público do Estado de São

Paulo, classificado na 8ª Defensoria Pública de Bauru, com endereço para intimação na cidade de

Bauru, Rua Raposo Tavares, 7-8, vem, com a devida vênia, impetrar ordem de HABEAS CORPUS

COM PEDIDO LIMINAR em favor Felipe Silva de Almeida, cuja qualificação segue devidamente

delineada nas cópias que instruem o presente, que se encontra ilegalmente privado de sua

liberdade de locomoção, por decisão proferida nos autos do procedimento para apuração de ato

infracional, feito sob o n.º 0006484-61.2013.8.26.0071 e n.º de ordem n.º 387/13, que

tramitou perante a Vara da Infância e Juventude de Bauru, contra ato praticado pelo EGRÉGIO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA no julgamento do habeas corpus 272.767-SP

(2013/0203924-1), nos termos que seguem.

O Paciente foi representado pela suspeita de prática de ato infracional equiparado ao

delito de tráfico de drogas, e encontra-se privado de sua liberdade de locomoção, em razão da

decretação da internação provisória e finalmente por sentença proferida pelo r. Juízo da Vara da

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727261

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Infância e Juventude da comarca de Bauru/SP, que o condenou a medida socioeducativa de

internação por prazo indeterminado.

Diante da patente ilegalidade, foi interposto Habeas Corpus junto ao Egrégio Superior

Tribunal de Justiça, atacando-se a ilegalidade da decisão de 2ª instância que manteve a

internação devido à gravidade “in abstrato” do delito de trafico de entorpecentes.

Contudo, entendeu por bem aquele Tribunal denegar o provimento da liminar,

fundamentando, que a decisão da restrição a liberdade do adolescente esteve correta, diante de

seu reiterado cometimento de infrações graves.

Decorre daí a ilegalidade do ato ora atacado através do presente remédio.

DA EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA DE INTERNAÇÃO

As hipóteses que autorizam a aplicação da medida de privação de liberdade vêm

taxativamente elencadas no artigo 122 do mencionado diploma legal, que dispõe:

“Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.”

Trata o caso em tela de ato infracional equiparado ao tráfico de entorpecentes,

conduta desprovida de qualquer violência ou grave ameaça a pessoa e, portanto, descabida a

aplicação de tal medida aos pacientes.

A medida socioeducativa de internação só está autorizada nas hipóteses previstas

taxativamente nos incisos do artigo 122 do ECA, devendo ser devidamente fundamentada a sua

imposição.

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727262

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O entendimento deste Tribunal Superior é tranquilo neste sentido:

HABEAS CORPUS – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO TRÁFICO DE ENTORPECENTES – INTERNAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – FALTA DE PREVISÃO LEGAL – A internação do menor é medida excepcional, cabível nas hipóteses taxativamente previstas em lei (art. 122 do ECA), dentre as quais não se enquadra o ato infracional equiparado ao tráfico de entorpecentes, praticado por menor sem antecedentes pertinentes. Writ concedido. (STJ – HC – 17374 – SP – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 29.10.2001 – p. 00230)

ATO INFRACIONAL – TRÁFICO DE ENTORPECENTES – INTERNAÇÃO – ILEGALIDADE – LEI Nº 8.069/90 – 1. Infringe a lei a decisão que, fora das hipóteses elencadas exaustivamente no artigo 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente, aplica medida de internação. 2. Ordem concedida. (STJ – HC 13084 – SP – 6ª T. – Rel. Min. Hamilton Carvalhido – DJU 23.10.2000 – p. 197).

CRIMINAL. HC. ECA. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. INTERNAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO. PERICULOSIDADE E GRAVIDADE DA CONDUTA. REITERAÇÃO NA PRÁTICA DE ATOS INFRACIONAIS. INOCORRÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. AFRONTA AOS OBJETIVOS DO SISTEMA. EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA EXTREMA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PLEITO DE FIXAÇÃO DE LIBERDADE ASSISTIDA. ANÁLISE PELO JULGADOR MONOCRÁTICO. (STJ – HC - 62777 / SP T5 - QUINTA TURMA – Rel. Min. Gilson Dipp – DJU 12.03.2007)

Também não se verifica no caso em exame a incidência do inciso II do citado

dispositivo, que se encarrega da hipótese de reiteração na prática de condutas graves.

Segundo o entendimento desse Nobre Tribunal, somente ocorre reiteração de

conduta infracional pelo menor, quando, no mínimo, são praticadas três ou mais condutas

infracionais graves.

Não há nos autos certidões que comprovem a reiteração de atos infracionais

considerados de natureza grave.

No presente caso, com bases nos documentos anexos, concluímos o equívoco

cometido pelo STJ, que afirmou ter o adolescente reiterado infrações graves, o que não se

comprova, de fato. Considerando que nos autos do processo de n.º 387/2013, este no qual o

adolescente foi julgado em 1ª Instância, nota-se a presença de um imputável e outro adolescente,

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727263

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Thiago Felipe Felix da Silva Almeida, ambos quem, de fato, seriam os condutores de reiterados

atos de condutas graves.

Nesse sentido:

“HABEAS CORPUS – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO USO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE – INTERNAÇÃO – REINCIDÊNCIA – IMPOSSIBILIDADE – I - A medida sócio-educativa de internação está autorizada nas hipóteses taxativamente previstas no art. 122 do ECA. II - A reiteração no cometimento de infrações capaz de ensejar a incidência da medida sócio-educativa da internação, a teor do art. 122, II, do ECA, ocorre quando praticados, no mínimo, 3 (três) atos infracionais graves. Cometidas apenas 2 (duas) práticas infracionais, como o foi na hipótese dos autos, tem-se a reincidência, circunstância imprópria a viabilizar a aplicação da referida medida. Habeas corpus concedido.” (STJ – HC 21153 – SP – 5ª T. – Rel. Min. Felix Fischer – DJU 31.05.2004 – p. 00332) (Ementas no mesmo sentido) JECA.122 JECA.122.II

“HABEAS CORPUS – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ATO INFRACIONAL EQUIPARADO A TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES – REINCIDÊNCIA – MEDIDA DE INTERNAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – A medida sócio-educativa de internação está autorizada nas hipóteses taxativamente previstas no art. 122 do ECA. - A reiteração no cometimento de outras infrações, para efeitos de incidência da medida de internação, a teor do art. 122, II, do ECA, ocorre quando praticados, no mínimo, três atos infracionais graves. No caso vertente, restou configurada a reincidência e não a reiteração, já que cometidas apenas duas práticas infracionais, razão pela qual tem-se como inviável a aplicação da referida medida. - Ordem concedida para que seja aplicada ao menor outra medida sócio-educativa, que não a de internação, permitindo-se que o paciente aguarde em liberdade assistida a prolação de novo decisório.” (STJ – HC 25190 – RJ – 5ª T. – Rel. Min. Jorge Scartezzini – DJU 19.12.2003 p. 00516) JECA.122 JECA.122.II

Quanto ao inciso III do mesmo artigo, não se fazem necessárias maiores

considerações, porque também não é o caso dos autos.

Por tudo isto que se vislumbra é que o Ilustre Magistrado sentenciante determinou

que se mantivesse a privação da liberdade do adolescente em discordância com a legislação

pertinente e, quando está em jogo o direito de ir e vir a interpretação da lei deve ser feita

restritivamente, sendo o rol do artigo 122 do mencionado diploma exaustivo, não permitindo

ampliação.

O Egrégio Tribunal de São Paulo também possui vários precedentes neste sentido, senão vejamos:

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727264

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Ilegalidade da decisão proferida pelo M.M. Juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Indaiatuba, que determinou a internação do paciente, aduzindo que o mesmo sofre costrangimento ilegal pelo fato da medida aplicada não se coadunar com os preceitos esculpidos no Estatuto da Criança e do Adolescente, contrariando, inclusive, a regra do art. 122 do mesmo diploma. Refere que o ato infracional equivalente ao tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei 6.368/76) foi cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, havendo precedentes jurisprudenciais do C.S.T.J., é tecnicamente primário e recebeu apenas medida de advertência relativamente ao ato infracional equivalente ao furto tentado. Daí por que, liminarmente concedo a ordem para determinar a imediata liberação do paciente, oficiando-se. (HABEAS CORPUS TJ/SP Nº 134.061.0/0-00).

HABEAS CORPUS – ato infracional. Busca nulidade da sentença por meio de habeas corpus. Sustentação da não aplicação da medida de internação, tendo em vista que o tráfico de drogas não é crime de grave ameaça ou violência à pessoa. A internação é medida excepcional ao caso em tela, tendo em vista que o fato não se revestiu de violência ou grave ameaça à pessoa, afastando-se assim o artigo 122, I do ECA e o adolescente é primário não se inserindo assim no inciso II do mesmo artigo. Ordem concedida para anular a sentença no que diz respeito a medida de internação aplicada, devendo o Juiz de primeiro grau aplicar outra medida em meio aberto. (HABEAS CORPUS TJ/SP Nº 127.417-0/0-00).

Nesse sentido, este Nobre Tribunal Superior de Justiça publicou a súmula de n.º 492,

que firma o entendimento acerca da impossibilidade de internação de adolescente que praticou

ato equiparado ao tráfico de drogas:

“O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.”

Toda súmula deve ser guiada e interpretada conforme os seus precedentes naquele

Tribunal. Os precedentes que ensejaram esse entendimento do Tribunal são no sentido de que,

somente baseado na gravidade abstrata do delito de tráfico de drogas, por ser um crime

hediondo, não justifica a internação do adolescente, em respeito ao inciso I do artigo 122, do

ECA.

Para isso, necessário seria que o adolescente se enquadrasse em uma das hipóteses

dos demais incisos do mesmo artigo, ou seja, em caso de prática anterior reiterada do mesmo

delito e que, ainda, tenha sentença condenatória transitada em julgado; ou, também, em caso de

descumprimento reiterado e injustificado de outra medida socioeducativa que lhe foi imposta.

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727265

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Senão, vejamos alguns julgados usados como precedentes para a elaboração da nova

súmula:

PENAL. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO DELITO DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. INTERNAÇÃO POR TEMPO INDETERMINADO. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA MAIS SEVERA APLICADA SEM MOTIVAÇÃO IDÔNEA. VIOLAÇÃO AO ART. 122 DO ECA. FLAGRANTE ILEGALIDADE A SER SANADA. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. I. A medida extrema de internação só está autorizada nas hipóteses previstas taxativamente nos incisos do art. 122 do ECA, pois a segregação do adolescente é medida de exceção, devendo ser aplicada e mantida somente quando evidenciada sua necessidade, em observância ao espírito do Estatuto, que visa à reintegração do menor à sociedade. II. Não se admite a aplicação de medida mais gravosa com esteio na gravidade genérica do ato infracional ou na natureza hedionda do crime de tráfico de drogas, assim como nas condições pessoais do adolescente, dada a sua excepcionalidade. III. Menor que não ostenta passagem anterior pela Vara da Infância e da Juventude e, por conseguinte, não descumpriu medida socioeducativa anteriormente imposta. IV. Não se mostra possível a pronta fixação da liberdade assistida ou de semiliberdade ao menor, devendo o Julgador monocrático, o qual possui maior proximidade com os fatos, examinar detidamente a questão e fixar a medida socioeducativa mais adequada ao caso, respeitando os ditames legais. V. Deve ser concedida parcialmente a ordem tão somente para afastar a aplicação da medida socioeducativa de internação, mantendo-se, no mais, o teor da sentença proferida pelo Juízo da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de São Gonçalo, devendo o adolescente aguardar tal desfecho em semiliberdade. VI. Ordem parcialmente concedida, nos termos do voto do Relator. (HC 213778 / RJ Relator Ministro GILSON DIPP QUINTA TURMA DJe 28/05/2012

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL EQUIVALENTE ATRÁFICO DE DROGAS. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. ART. 122, I,DO ECA. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. FUNDAMENTO INIDÔNEO. ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO. RECONHECIMENTO. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPLEMENTO DA MOTIVAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. EMBARGOS ACOLHIDOS. DECISÃO MANTIDA. 1. Diante do recente julgamento da Sexta Turma, em que se decidiu pela possibilidade de, dependendo do caso concreto, mitigar o disposto no art. 122, I, do Estatuto da Criança e do Adolescente, faz-se necessário suprir a omissão do acórdão e avaliar se, na hipótese, a imposição de medida socioeducativa de internação foi devidamente justificada. 2. O acórdão embargado, que anulou a sentença de primeiro grau, deve ser mantido, pois o magistrado a quo impôs a medida mais gravosa apenas em razão da gravidade abstrata do delito de tráfico, ressaltando os malefícios que causam à sociedade. Tal fundamento não é suficiente para excepcionar o disposto no art. 122, I, do Estatuto da Criança e do Adolescente . 3. Embora o Tribunal de origem tenha ressaltado as circunstâncias concretas da prisão, a quantidade e qualidade do entorpecente e o fato de ter sido apreendida arma de fogo, tal circunstância se deu em recurso de apelação exclusivo da Defesa, em que não se admite a apresentação de nova motivação em detrimento do réu, sob pena de reformatio in pejus. 4. Embargos acolhidos para suprir a omissão do acórdão, mantendo a anulação da sentença de primeiro grau. (EDcl no AgRg no Ag 989671 / RR Relatora

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727266

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Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA SEXTA TURMA STJ DJe 13/10/2008)

HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA MEDIDA DE INTERNAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO. GRAVIDADE ABSTRATA DA INFRAÇÃO. REITERAÇÃO NÃO-DEMONSTRADA. ART. 122 DO ECA. ROL TAXATIVO. ILEGALIDADE CONFIGURADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. O art. 122 da Lei n. 8.069/1990 estabelece que a internação do adolescente somente será cabível quando o ato infracional for perpetrado com violência ou grave ameaça à pessoa ou na hipótese de reiteração na prática de outras infrações graves ou de descumprimento reiterado e injustificado de medida prévia. 2. A prática de ato infracional equiparado ao delito de tráfico de entorpecentes, em virtude da sua gravidade abstrata, por si só, não autoriza a segregação dos menores. 3. É assente na jurisprudência desta Corte o entendimento no sentido de que "a reiteração prevista nos incisos II e III do art. 122 do ECA, não se confunde com o conceito de reincidência, de sorte que, para sua configuração, é necessária a prática de, pelo menos, 3 atos anteriores, seja infração grave ou medida anteriormente imposta, respectivamente." (Habeas corpus n.º 90.920/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Quinta Turma, julgado em 06/05/2008 e DJe 26/05/2008). 4. In casu, não obstante contar com quatro registros em sua folha de antecedentes, o menor fora beneficiado com a remissão em duas oportunidades, razão pela qual não há que se falar em reiteração, uma vez que o art. 127 do ECA determina que aludido instituto não implica reconhecimento de responsabilidade nem vale como antecedentes. Precedentes. 5. Ordem concedida para reformar o aresto do Tribunal a quo e restabelecer a decisão singular, que aplicou ao adolescente a medida socioeducativa de liberdade assistida. (HC 164819 / SP Relator Ministro JORGE MUSSI QUINTA TURMA DJe 18/10/2010)

HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO CRIME DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTE. ART. 122 DA LEI N.º 8.069/90. ROL TAXATIVO. INTERNAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Em razão do princípio da excepcionalidade, a medida de internação somente é possível nas hipóteses previstas no art. 122 da Lei nº 8.069/90, ou seja, quando o ato infracional for praticado com grave ameaça ou violência contra a pessoa, ressalvadas as hipóteses nas quais outras medidas menos severas forem suficientemente adequadas; quando houver o reiterado cometimento de outras infrações graves; ou ainda, quando haja o descumprimento reiterável e justificável de medida anteriormente imposta. 2. Nos termos da orientação deste Superior Tribunal de Justiça, a internação, medida socioeducativa extrema, somente está autorizada nas hipóteses taxativamente elencadas no art. 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. Na hipótese, o ato infracional cometido pelo adolescente - equiparado ao crime de tráfico ilícito de drogas -, embora seja socialmente reprovável, é desprovido de violência ou grave ameaça à pessoa. Não há, portanto, como subsistir, na espécie, a medida excepcional imposta, porquanto a conduta perpetrada pelo paciente e suas condições pessoais não se amoldam às hipóteses do art. 122 do ECA. 4. Ordem concedida para, afastada a internação, aplicar ao paciente na medida socioeducativa de liberdade assistida. (HC 236694 / PE Ministro OG FERNANDES SEXTA TURMA Dje 16/05/2012)

Dessa forma, segundo o entendimento deste Nobre Tribunal Superior de

Justiça, traduzido pela súmula 492, não é possível em hipótese alguma, com base no inciso

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727267

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I do artigo 122 do ECA, a aplicação de medida de internação ao adolescente que praticou

ato análogo ao tráfico ilícito de entorpecentes, haja vista que tal conduta não é permeada

por grave violência ou ameaça à pessoa, requisito legal para a aplicação desta medida.

Em suma, a internação é medida extrema que somente deve ser aplicada diante de ato

infracional que contenha violência ou grave ameaça à pessoa, ou quando se verifica a frustração

de outras medidas anteriormente impostas.

Ademais, em entrevista com o setor técnico, a genitora do adolescente “contou que este

é trabalhador. Começou a trabalhar com 11 (onze) anos de idade e sempre contribui com

as despesas da casa” e define-o como “um jovem esforçado, cooperativo e voltado para a

família” (fls. 58).

Quanto à sua formação educacional, o setor técnico declarou que “não conseguiu

aprender a ler e escrever, apesar de ter freqüentado aulas de reforço. (...) contou que

freqüentou a APAE e, posteriormente foi encaminhado para o Capsi”, ficando evidente o seu

esforço para melhorar.

Em relação a sua produtividade laboral, o estudo relatou que o adolescente

“trabalhou no Supermercado São João, em bicicletaria e nos últimos meses como servente

de pedreiro”, sua genitora acrescentou que “Igor trabalhou como vendedor ambulante,

auxiliar de funilaria, oficina de estofados, padaria como entregador de pães e quando foi

preso estava, junto com o filho, providenciando documentos para este ingressar no

supermercado Confiança, como empacotador.”

Quanto à excepcionalidade da medida, vejamos os julgados a seguir colacionados:

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. WRIT IMPETRADO CONTRA DECISÃO LIMINAR.SUPERVENIÊNCIA DE ACÓRDÃO. FLAGRANTE ILEGALIDADE CONFIGURADA. ECA.ATO INFRACIONAL EQUIPARADO A TRÁFICO DE ENTORPECENTES. INTERNAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO. ATO INFRACIONAL SEM VIOLÊNCIA À PESSOA. GRAVIDADE E HEDIONDEZ DA CONDUTA. MOTIVAÇÃO GENÉRICA. AFRONTA AOS OBJETIVOS DO SISTEMA. CONSTRANGIMENTO

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727268

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ILEGAL CONFIGURADO. EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA EXTREMA. ORDEM CONCEDIDA.I. Nos termos do entendimento reiteradamente firmado por esta Corte, assim como pelo

Supremo Tribunal Federal, não cabe habeas corpus contra indeferimento de liminar, a não ser em casos de evidente e flagrante ilegalidade, sob pena de indevida supressão de instância.

II. A superveniência de julgamento do mérito da ordem originária prejudicaria o presente mandamus, o que, contudo, será afastado na hipótese, em razão da constatação de flagrante ilegalidade.

III. A medida extrema de internação só está autorizada nas hipóteses previstas taxativamente nos incisos do art. 122 do ECA, pois a segregação do menor é medida de exceção, devendo ser aplicada e mantida somente quando evidenciada sua necessidade, em observância ao espírito do Estatuto, que visa à reintegração do menor à sociedade.

IV. Em que pese o ato infracional praticado pelo menor – equiparado ao crime de tráfico de droga - ser revestido de alto grau de reprovação,tal conduta é desprovida de violência ou grave ameaça à pessoa, afastando a hipótese do art. 122, inciso I, do ECA.

V. A simples alusão à gravidade genérica do fato praticado ou à natureza hedionda da conduta é motivação genérica que não se presta para fundamentar a medida de internação, até mesmo por sua excepcionalidade, restando caracterizada a afronta aos objetivos do sistema.

VI. A ausência de respaldo familiar adequado, o atraso escolar do jovem e o fato de o mesmo ser usuário de drogas não permitem,isoladamente, a imposição da medida socioeducativa mais gravosa.

VII. Devem ser reformados o acórdão recorrido e a sentença do Juízo processante, tão somente no tocante à medida imposta, a fim de que outra decisão seja prolatada, afastando-se a aplicação de internação, e permitindo que o adolescente aguarde tal desfecho em liberdade assistida.

VIII. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator. (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Relator: Ministro Gilson Dipp, Órgão julgador: Quinta Turma, data julgamento 28/06/2011)

A medida tem como princípio basilar a excepcionalidade, ou seja, somente poderá

incidir quando a hipótese avistada for algumas daquelas insculpidas no supramencionado

dispositivo legal, além da necessidade de sopesar a necessidade social, educacional e correcional

para a retirada do adolescente do seu convívio familiar e social.

DO CABIMENTO DA PRESENTE IMPETRAÇÃO

Quanto ao cabimento do presente writ, temos que não há que se falar em

reapreciação de matéria já analisada ou de um sucedâneo recursal.

Muito embora haja a Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal que veda o

conhecimento de habeas corpus por Tribunais Superiores quando existe tão somente decisão

Rua Raposo Tavares, 7-8, Higienópolis – Bauru/SP – CEP: 17013-031 – Tel: (14) 322727269

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liminar sobre o caso, tal determinação é usada exclusivamente no âmbito penal e não no âmbito

da infância e juventude.

Isso ocorre, pois a tramitação processual e as penas aplicadas na esfera criminal se

dão por tempo considerável, podendo ser aguardada a decisão de mérito. Já no âmbito da

infância e juventude, o prazo para a conclusão da apuração de atos infracionais é previamente

determinado e o tempo de cumprimento das medidas socioeducativas é de no máximo 3 anos.

Nesse sentido, discorre a Ilustre Defensora Pública do Estado de São Paulo, Bruna

Rigo Leopoldi Ribeiro Nunes, que a aplicação da Súmula 691:

“Dentro do âmbito penal, a defesa, aguarda as decisões de mérito e, mesmo tardiamente, consegue levar a pretensa ilegalidade à apreciação dos Tribunais Superiores que poderão conceder a liberdade ao paciente, alterando assim o entendimento dos Tribunais de Justiça.

Esta situação, por outro lado, não ocorre nos habeas corpus impetrados a favor dos adolescentes. Tal fato se deve principalmente em função da celeridade do procedimento. Como se observa no ECA, há determinação expressa de um prazo máximo para sua conclusão na hipótese de o adolescente encontra-se internado provisoriamente (45 dias). No mesmo sentido, existe menção exaustiva do termo “desde logo” nas normas relativas a Apuração de Ato Infracional. Por fim, sabe-se que o prazo máximo de cumprimento da medida de internação e semiliberdade é de 3 (três) anos.

Somadas a estas regras processuais encontram-se os princípios atinentes às medidas restritivas de liberdade. Neste âmbito regem os relevantes princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, conforme determinação Constitucional.” (NUNES, Bruna Rigo Leopoldi Ribeiro. Anuais do II Congresso Nacional de Defensores Públicos da Infância e Juventude . A Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal não pode ser aplicada quando se tratar de habeas corpus impetrado em favor de adolescente acusado da prática de ato infracional para não restringir o direito constitucional de acesso a justiça. p. 59).

Assim, levando-se em consideração o tempo de julgamento de um habeas corpus por

um Tribunal de Justiça, nota-se que há uma incompatibilidade entre o prazo para a análise do

processo e o prazo de cumprimento da medida socioeducativa.

Portanto, se aplicado o teor da súmula no âmbito infracional, a apreciação do caso por

Tribunais Superiores teria que aguardar todo o trâmite de apreciação e julgamento do mérito

pelos Tribunais de Justiça, para que só então houvesse a impetração de habeas corpus perante os

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Tribunais Superiores, tornando-se muitas vezes tardia ou desnecessária a manifestação destes

em relação ao caso, e suprimindo o acesso a todos os órgãos jurisdicionais.

Neste sentido, o próprio STF vem afastando a aplicação de sua súmula para o caso de

adolescentes internados:

“DECISÃO: vistos, etc. Trata-se de habeas corpus, aparelhado com pedido de medida liminar, impetrado contra decisão de ministro do Superior Tribunal de Justiça (relator do HC 245.560). Decisão que indeferiu liminarmente o habeas corpus ali requestado, à falta de seus pressupostos. 2. Pois bem, alega o impetrante que o paciente responde pela suposta prática de ato infracional equiparado ao delito tipificado no art. 33 da Lei 11.343/2006. Afirma que a representação contra o menor foi julgada procedente, sendo-lhe aplicada medida socioeducativa de liberdade assistida. Contra essa decisão, manejou-se recurso de apelação, provido para determinar a imposição ao paciente de medida socioeducativa de internação. Aduz, por fim, constrangimento ilegal suportado pelo paciente e requer “... o conhecimento do presente Habeas Corpus, a concessão da ordem em liminar, para determinar a revogação imediata da internação, com a consequente expedição de mandado de desinternação e, ao final, requer seja confirmada a ordem, cassando a decisão da autoridade coatora, expedindo o competente alvará de soltura”. Donde o pleito de superação da Súmula 691/STF. 3. Feito esse aligeirado relato da causa, decido. Fazendo-o, pontuo, de saída, que o poder de cautela dos magistrados é exercido num juízo prefacial em que se mesclam num mesmo tom a urgência da decisão e a impossibilidade de aprofundamento analítico do caso. Se se prefere, impõe-se aos magistrados condicionar seus provimentos acautelatórios à presença, nos autos, dos requisitos da plausibilidade do direito (fumus boni juris) e do perigo da demora da prestação jurisdicional (periculum in mora), perceptíveis de plano. Requisitos a ser aferidos primo oculi, portanto. Não sendo de se exigir do julgador uma aprofundada incursão no mérito do pedido ou na dissecação dos fatos que lhe dão suporte, sob pena de antecipação do próprio conteúdo da decisão definitiva. 4. No caso, tenho por configurados os requisitos necessários à concessão do provimento cautelar requestado, apesar do óbice da Súmula 691 deste Supremo Tribunal Federal. 5. Com efeito, é firme a jurisprudência deste STF no sentido da inadmissibilidade de impetração sucessiva de habeas corpus , sem o julgamento de mérito do HC anteriormente impetrado (cf. HC 79.776, Rel. Min. Moreira Alves; HC 76.347-QO, Rel. Min. Moreira Alves; HC 79.238, Rel. Min. Moreira Alves; HC 79.748, Rel. Min. Celso de Mello; e HC 79.775, Rel. Min. Maurício Corrêa). Jurisprudência, essa, que deu origem à Súmula 691/STF, segundo a qual não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar . 6. Sucede que esse entendimento jurisprudencial sumular comporta abrandamento, quando de logo avulta que o cerceio à liberdade de locomoção do paciente decorre de ilegalidade ou de abuso de poder (inciso LXVIII

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do art. 5º da CF/88). O que me parece ser o caso dos autos. Caso em que identifico a plausibilidade jurídica do pedido veiculado na impetração. 7. De saída, consigno, que a Constituição assegura o mais amplo acesso aos direitos de prestação positiva e um particular conjunto normativo-tutelar (arts. 227 e 228 da Constituição Federal) aos indivíduos em desenvolvimento. Conjunto, esse, do qual pinço o seguinte aspecto: “§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: V- obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa de liberdade”. (...) 15. Esse o quadro, não obstante o óbice da Súmula 691/STF, defiro a medida cautelar requestada. O que faço para suspender os efeitos do acórdão que reformou a decisão de primeiro grau. 16. Comunique-se, com a máxima urgência. (Supremo Tribunal Federal; Medida Cautelar no Habeas Corpus 114450, Min. Presidente Ayres Brito, 23 de julho de 2012)

“DECISÃO HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL – INADEQUAÇÃO. INTERNAÇÃO – AUSÊNCIA DE ENQUADRAMENTO NO ARTIGO 122 DA LEI Nº 8.069/90 – IMPLEMENTO DE LIMINAR DE OFÍCIO. 1. O Gabinete prestou as seguintes informações: O paciente, recolhido em 2 de março de 2013, foi denunciado pela suposta prática de ato infracional correspondente ao delito definido no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 (tráfico ilícito de entorpecentes). O Juízo da Seção da Infância e Juventude da Comarca de Bauru/SP determinou a internação provisória. Entendeu ser medida “imperiosa” à garantia da ordem pública. Consignou haver o adolescente cometido “crime grave”. Asseverou tratar-se de “pessoa perigosa, com hábitos antissociais e que está inapta para a vida em sociedade”, razão pela qual, “em liberdade, com certeza, voltará a delinqüir”. Contra essa decisão, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo/SP impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado, buscando a concessão de liberdade. O relator, desembargador Antônio Carlos Tristão Ribeiro, indeferiu a liminar. Destacou a ausência de constrangimento ilegal. Argumentou que os pontos suscitados demandavam amplo exame das circunstâncias do caso, situação inviável ante os limites da cognição sumária. No Superior Tribunal de Justiça – Habeas Corpus nº 268.971/SP –, a defesa sustentou a ilegalidade da medida socioeducativa de internação. O relator, ministro Campos Marques, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, convocado, indeferiu, liminarmente, o pedido de habeas. Entendeu cabível e apropriada a sanção imposta. Apontou inexistir decisão de mérito capaz de inaugurar a competência do Superior Tribunal de Justiça, fazendo incidir à espécie o Verbete nº 691 da Súmula do Supremo. Neste habeas, a impetrante procura demonstrar a inadequação do pronunciamento formalizado pelo Juízo, ressaltando a falta de enquadramento do caso no artigo 122 da Lei nº 8.069/90. Articula com o Verbete nº 492 da Súmula do Supremo, segundo o qual “o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente”. Sustenta não haver ocorrido a prática de violência. Salienta existir evidente constrangimento a justificar o afastamento do Verbete nº 691 da Súmula do Supremo. Requer, liminarmente, seja determinada a liberação do paciente e a entrega à família. No mérito, pretende a confirmação da providência, bem como a imposição de medida socioeducativa diversa da

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internação. O processo encontra-se instruído para exame do pedido de concessão de liminar. 2. Este habeas ganha contornos de substitutivo do recurso ordinário constitucional. Mostra-se, assim, inadequado. O quadro retratado, no entanto, autoriza o implemento de liminar de ofício. Conforme decorre do artigo 12 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90 –, a internação é providência excepcional. Apenas surge cabível quando se cuidar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ocorrer reiteração no cometimento de infrações graves ou houver o descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta. Nota-se que, na decisão proferida no Processo nº 161/13, o Juízo da Seção Infância e Juventude da Justiça de São Paulo não aludiu a uma dessas premissas. Apontou que o adolescente teria praticado crime grave e que estaria em jogo a saúde pública. Partiu, então, para a presunção do extravagante, ou seja, que, em liberdade, voltaria a delinquir, ressaltando, com base na imputação, tratar-se de pessoa perigosa. 3. Defiro a liminar, de ofício, para afastar a internação. O menor, com o acompanhamento da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, deverá ser entregue à família. 4. Colham o parecer da Procuradoria Geral da República. 5. Publiquem. Brasília – residência –, 30 de maio de 2013, às 18h25. Ministro MARCO AURÉLIO Relator”.

(Supremo Tribunal Federal; Medida Cautelar no Habeas Corpus 117633, Min. Relator Marco Aurélio, 30 de maio de 2013)

O STJ também vem afastando a aplicação da súmula no caso de internações de

adolescentes pela prática de ato infracional de tráfico, como no julgamento da liminar do HC

270.166/SP, Ministra Relatora Assusete Magalhães, de 31 de maio de 2013, onde concluiu em

caso análogo que “evidenciando-se possível ilegalidade, admito o presente Habeas corpus, a fim

de que, processado o feito e colhidas as informações, melhor se delibere sobre a superação, in

casu, da Súmula 691/STF.”

Nesse mesmo sentido:

“HABEAS CORPUS Nº 269.966 - SP (2013/0137589-6)RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIORIMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULOADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULOIMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOPACIENTE : A B C (INTERNADO)EMENTAHABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSOORDINÁRIO. DESVIRTUAMENTO. PRECEDENTES. LIMINAR. INDEFERIMENTO. SÚMULA 691/STF. EXCEPCIONALIDADE CONFIGURADA. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO CRIME DE TRÁFICO DEDROGAS. INTERNAÇÃO. EXCEPCIONALIDADE.

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GRAVIDADE ABSTRATA DA CONDUTA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE SEMILIBERDADE QUE SEMOSTRA DEVIDA.Pedido a que se nega seguimento. Habeas corpus concedido, de ofício, nos termos do dispositivo.”

DA MEDIDA LIMINAR

Além disso, o remédio heróico que ora se faz uso visa impedir, ou mesmo sanar

qualquer constrangimento ilegal experimentado pelo paciente em sua liberdade de locomoção.

Patente esta que não necessitamos analisar qualquer prova para saber que a decisão

atacada viola direito líquido e certo do paciente, consistente em ver mantido seu estado de

liberdade, pois de plano verifica-se a ausência das três hipóteses que legitimariam a decretação

da internação.

Nesta esteira, o habeas corpus é medida hábil para prevenir e sanar constrangimento

ilegal contido em sentença condenatória, mesmo que esta ainda seja passível de ataque através

da via recursal.

A concessão da ordem liminarmente é medida que se mostra de suma importância.

Vejamos.

O paciente se encontra custodiado desde 25 de fevereiro de 2013 na Fundação CASA,

sendo que atualmente está na unidade de Bauru/SP.

Postergar a internação do adolescente até o julgamento do mérito do habeas corpus

significa privar por um tempo ainda maior a sua liberdade imotivadamente, inclusive com a

possibilidade do julgamento final se tornar inócuo, pois o paciente poderá ter cumprido

injustamente toda a medida de internação no decorrer do tramitar desta ação. Portanto, se faz

presente o periculum in mora.

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O fumus boni iuris restou evidenciado na fundamentação deste writ. A medida de

internação é excepcional e possui aplicação nos casos tratados expressamente pela lei. O

paciente não se enquadra em nenhum destes casos, fazendo com que a manutenção desta

medida só prorrogue a situação de ilegalidade, estando a matéria já sumulada por este egrégio

tribunal no enunciado 492.

Logo, demonstrados os requisitos autorizadores da liminar, requer desde já a sua

concessão

DA NECESSIDADE DE ELABORAÇÃO DE SÚMULA VINCULANTE SOBRE O TEMA

A Súmula Vinculante tem sua previsão legal na Emenda Constitucional nº45, que

incluiu o art.103-A na Constituição Federal, e é regulamentada pela Lei nº. 11.417/2006. Seu

objeto é determinar qual a interpretação que deve ser dada às normas acerca das quais haja

discussão relevante, que acarrete grave insegurança jurídica. A edição, revisão e cancelamento

do enunciado da Súmula dependerão de decisão tomada por dois terços dos membros do STF,

em sessão plenária.

Para que determinada matéria possa ser levada como proposta para elaboração de

Súmula Vinculante, é preciso que preencha os requisitos estabelecidos no art. 2º, caput, da Lei n.

11.417, a saber: a) reiteradas decisões a respeito de matéria constitucional; b) existência de

controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre estes e a administração pública sobre

determinada norma; c) controvérsia que acarrete grave insegurança jurídica; d) relevante

multiplicação de processos sobre idêntica questão.

A questão em tela preenche todos os requisitos necessários estabelecidos na lei e

demonstra a necessidade latente de ser objeto de súmula vinculante, senão, vejamos:

Sobre o tema, e conforme já referido anteriormente, o STJ elaborou a Súmula nº. 492,

que versa expressamente sobre a impossibilidade da internação baseando-se apenas na

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gravidade abstrata do ato infracional equiparado ao crime de tráfico de drogas, uma vez que não

está prevista no artigo 122 do ECA. No mesmo sentido está o entendimento do STF, que se

materializa nos seguintes julgados:

EMENTA : HABEAS CORPUS. ATOS INFRACIONAIS EQUIPARADOS AOS DELITOS DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA PROTETIVA DE INTERNAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A Constituição assegura o mais amplo acesso aos direitos de prestação positiva e um particular conjunto normativo-tutelar (arts. 227 e 228 da Constituição Federal) aos indivíduos em peculiar situação de desenvolvimento da personalidade. Conjunto timbrado pela excepcionalidade e brevidade das medidas eventualmente restritivas de liberdade (inciso V do § 3º do art. 227 da CF). 2. Nessa mesma linha de orientação, a legislação menorista – Estatuto da Criança e do Adolescente – faz da medida socioeducativa de internação uma exceção. Exceção de que pode lançar mão o magistrado nas situações do art. 122 da Lei 8.069/1990. 3. A mera alusão à gravidade abstrata do ato infracional supostamente protagonizado pelo paciente não permite, por si só, a aplicação da medida de internação. 4. Ordem deferida para cassar a desfundamentada ordem de internação e determinar ao Juízo Processante que aplique medida protetiva de natureza diversa. (STF – HC – 105917/PE – Segunda Turma – Min. Relator Ayres Britto – DJe – 112 – Divulgação 10.06.2011 – Publicação 13.06.2011).

HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. INTERNAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO. ROL TAXATIVO DO ART. 122 DO ECA. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. RESSALVA DO PONTO DE VISTA DO RELATOR. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DO WRIT. ORDEM CONCEDIDA PARA ANULAR A SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU TÃO SOMENTE NO TOCANTE À MEDIDA DE INTERNAÇÃO, A FIM DE QUE O OUTRO DECISUM SEJA PROLATADO. 1. Esta Corte já pacificou de que a gravidade do ato infracional equiparado ao tráfico de entorpecentes, por si só, não autoriza a aplicação da medida socioeducativa de internação. Ressalva do ponto de vista do Relator. 2. No que diz respeito à reiteração, exige-se, para se aplicar a medida de internação, a prática de, no mínimo, três ou mais condutas infracionais graves (cf. HC 190.864/RS, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJe 28.02.2011). 3. Parecer ministerial pela denegação do writ. 4. Ordem concedida para anular a sentença de primeiro grau tão somente no tocante à medida de internação, a fim de que outro decisum seja prolatado, devendo, enquanto isso, permanecer o menor em liberdade assistida, se

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por outro motivo não estiver internado”. (...) Nessa linha de orientação, a legislação específica – Estatuto da Criança e do Adolescente – a faz da medida socioeducativa de internação uma exceção. A conformação do sistema de proteção à criança e ao adolescente constante da Carta Republicana de 1988, portanto, não se coaduna com interpretação que implique o agravamento da situação do menor. 5. De mais a mais, as medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990) estão evidentemente escalonadas em graus de gravidade quanto ao ato infracional praticado e à condição do menor. (...) 6. Prossigo para ressaltar que a interpretação conferida pelo Superior Tribunal de Justiça, que determina seja considerada, no mínimo, a prática de três infrações para configurar a reiteração (inciso II do art. 122 da Lei 8.069/1990), é sim perfeitamente compatível com o sistema protetivo consagrado na Constituição da República e detalhado no Estatuto, o qual dispõe, nos arts. 121 e 122, de modo expresso, a excepcionalidade da medida. 7. Nesse mesmo sentido, confira-se a ementa do HC 105.917, da minha relatoria: “HABEAS CORPUS. ATOS INFRACIONAIS EQUIPARADOS AOS DELITOS DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA PROTETIVA DE INTERNAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A Constituição assegura o mais amplo acesso aos direitos de prestação positiva e um particular conjunto normativo-tutelar (arts. 227 e 228 da Constituição Federal) aos indivíduos em peculiar situação de desenvolvimento da personalidade. Conjunto timbrado pela excepcionalidade e brevidade das medidas eventualmente restritivas de liberdade (inciso V do § 3º do art. 227 da CF). 2. Nessa mesma linha de orientação, a legislação menorista Estatuto da Criança e do Adolescente faz da medida socioeducativa de internação uma exceção. Exceção de que pode lançar mão o magistrado nas situações do art. 122 da Lei 8.069/1990. 3. A mera alusão à gravidade abstrata do ato infracional supostamente protagonizado pelo paciente não permite, por si só, a aplicação da medida de internação. 4. Ordem deferida para cassar a desfundamentada ordem de internação e determinar ao Juízo Processante que aplique medida protetiva de natureza diversa”. Ante o exposto, e frente ao art. 38 da Lei 8.038/1990 e ao inciso IX do art. 21 do RI/STF, nego seguimento ao recurso. (STF – Recurso Extraordinário – 659580/DF – Rel. Min. Ayres Britto - DJe-230 Divulgação 02/12/2011 – Publicação 05/12/2011)

Contudo, não obstante o STJ e o STF tenham firmado seu entendimento nesse sentido,

tem-se decidido de forma diversa em instâncias inferiores, o que gera enorme insegurança

jurídica em toda a sociedade e, mais grave ainda, geram diversos atos de constrangimento ilegal

em todo o país.

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A Súmula nº. 492 nasceu da urgência social advinda da grande quantidade de

constrangimentos ilegais praticados face adolescentes que tiveram seu direito de liberdade

violado. Dessa maneira, quando editada, sua repercussão foi enorme para toda a sociedade, que

viu nela finalmente a possibilidade de um entendimento uno sobre o tema, garantindo igualdade

no julgamento dos casos que tais. Entretanto, ao invés disso, tem-se que os julgamentos

contraditórios entre os Tribunais se mantiveram, acabando por tirar a credibilidade da

população em relação ao sistema judiciário brasileiro.

Além disso, tem-se que o adolescente que recebeu a internação como medida

socioeducativa nas primeiras instâncias é forçado a cumpri-la por cerca de oito a nove meses até

que obtenha a decisão final sobre sua situação. Isso significa que nesses oito ou nove meses, o

adolescente cumpre injustamente medida que não lhe era cabível, enquanto discute-se, no plano

teórico, matéria cujo entendimento já foi consolidado nos Tribunais superiores. Tal realidade é

injustificável e fere diretamente o direito constitucional à liberdade do adolescente, tendo em

vista que este é obrigado a aguardar o trâmite judicial que obriga que se chegue aos Tribunais

Superiores para que seja aplicado entendimento que já foi unificado. Assim, aquilo que deveria

ser medida de caráter excepcional acaba extrapolando o razoável, sem qualquer justificativa

plausível.

Situações similares, com as mesmas incongruências acima apontadas, abarrotam o

sistema judiciário diariamente. Como exemplo, ainda que em pequena escala, podemos citar a

atuação desta Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Município de Bauru, que impetra ao

menos 30 Habeas Corpus todos os meses nos Tribunais Superiores.

Inclusive, tendo em vista a gravidade e a multiplicidade de processos versando sobre a

mesma matéria, foi realizada pesquisa entre os anos de 2010 e 2012 a fim de se verificar as

proporções dessa realidade. Chegou-se a comprovar, na amostra de 2012, que o número de

Habeas Corpus impetrados em casos de internação por ato infracional equiparado ao tráfico

correspondia a 86% de todos os habeas corpus da área da infância infracional (Fonte: DPSP,

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Relatório de Estudo: o uso do habeas corpus pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo –

disponível em: http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/0/RELAT%C3%93RIO

%2022112012%20vers%C3%A3o%20final%20sem%20revis%C3%A3o%2023112012.pdf).

Ora, tendo em vista todo o quadro exposto, percebe-se quão grave é manter a

matéria sem um entendimento uniforme, e quão urgente revela-se a aplicação homogênea da

mesma medida socioeducativa em casos que tais. Somente assim os princípios constitucionais

da celeridade processual e da segurança jurídica serão efetivamente respeitados.

Assim, requer-se que Vossa Excelência encaminhe a matéria à mesa plenária de ofício,

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para que se possa ser discutido e elaborado enunciado de Súmula, que vede expressamente a

aplicação da medida de internação para adolescentes que pratiquem ato infracional equiparado

ao delito de tráfico, uma vez que essa é a interpretação a ser dada de acordo com o artigo 122 do

ECA.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja recebido o presente writ, uma vez verificado o

constrangimento ilegal experimentado pelo paciente, face ao desrespeito à norma jurídica

apresentada, seja concedida a medida LIMINARMENTE para determinar a LIBERAÇÃO DO

PACIENTE e entrega a família, e, ao final, após colhidas as informações da digna autoridade

coatora, seja tornada definitiva a liminar concedida, com a imposição de medida socioeducativa

diversa da internação, como obra de serena e imparcial Justiça.

Termos em que pede deferimento.

Bauru, 11 de outubro de 2013.

BRUNO CÉSAR DA SILVADEFENSOR PÚBLICO DE BAURU

JOÃO PAULO PEREIRA DE CAMPOSDEFENSOR PÚBLICO DE BAURU

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