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DESINFORMAÇÃO, PROPAGANDA E AS VAPOROSAS RELAÇÕES ENTRE INTERESSES CORPORATIVOS E POLÍTICOS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A CANNABIS. 1 Aryovaldo de CastroAZEVEDO JUNIOR 2 Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR Kennedy Baccarin da SILVA FILHO 3 Fernanda Santos FERDINANDI 4 Missouri StateUniversity RESUMO Há muito tempo os interesses econômicos pautam diretrizes políticas de modo a influenciar no comportamento social com a implementação de legislações que tendem a beneficiar o status quo de grupos que detém o poder em detrimento de interesses da sociedade. Esta relação comensalista, na qual os detentores do poder se beneficiam sem que haja prejuízo explicito à sociedade, é retratada neste artigo que estuda a relação entre interesses corporativos e a implementação de políticas proibicionistas relacionadas à cannabis, com o uso intensivo de desinformação e propaganda para a construção de uma imagem nociva com forte preconceito social. PALAVRAS-CHAVE:Propaganda; Oligopólios; Legislação; Maconha; Consumo. Introdução Não é necessário remontarmos a Aristóteles a fim de compreendermos o aspecto político da natureza humana. O 1 Trabalho apresentado no XPró-Pesq PP – Encontro de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda. De 22 a 24/05/2019 no CRP/ECA/USP. 2 Professor Doutor do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Paraná,[email protected] 3 MBA em Comunicaçãopela Missouri StateUniversity, [email protected] 4 MBA em Comunicação pela Missouri StateUniversity,[email protected] 1

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DESINFORMAÇÃO, PROPAGANDA E AS VAPOROSAS RELAÇÕES ENTRE INTERESSES CORPORATIVOS E POLÍTICOS: UM ESTUDO DE CASO

SOBRE A CANNABIS.1

Aryovaldo de CastroAZEVEDO JUNIOR2

Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PRKennedy Baccarin da SILVA FILHO3

Fernanda Santos FERDINANDI4

Missouri StateUniversity

RESUMOHá muito tempo os interesses econômicos pautam diretrizes políticas de modo a influenciar no comportamento social com a implementação de legislações que tendem a beneficiar o status quo de grupos que detém o poder em detrimento de interesses da sociedade. Esta relação comensalista, na qual os detentores do poder se beneficiam sem que haja prejuízo explicito à sociedade, é retratada neste artigo que estuda a relação entre interesses corporativos e a implementação de políticas proibicionistas relacionadas à cannabis, com o uso intensivo de desinformação e propaganda para a construção de uma imagem nociva com forte preconceito social.

PALAVRAS-CHAVE:Propaganda; Oligopólios; Legislação; Maconha; Consumo.

IntroduçãoNão é necessário remontarmos a Aristóteles a fim de compreendermos o aspecto

político da natureza humana. O outro, e a necessidade social de comunicar-se a outro,

parece estar além de temas de discussões filosóficas, pois é também ferramenta do

desenrolar evolutivo, nós, eu e você, nos comunicamos a todo instante, inclusive agora,

seja enquanto escrevo, seja enquanto você leitor, lê. A ordenação de elementos

discursivos com objetivos persuasivos ou a organização de ideias de modo a convencer

o outro a determinado tipo de comportamento é uma das principais características

humanas e deriva daí a percepção de que informação e desinformação seriam os dois

lados da moeda da comunicação persuasiva que, em última instância, caracteriza o

discurso da propaganda.

1 Trabalho apresentado no XPró-Pesq PP – Encontro de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda. De 22 a 24/05/2019 no CRP/ECA/USP.2Professor Doutor do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Paraná,[email protected] em Comunicaçãopela Missouri StateUniversity, [email protected] em Comunicação pela Missouri StateUniversity,[email protected]

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O termo “propaganda”, balizado pela Igreja Católica, surgiu, justamente para se referir à

dogmatização das crenças daquele grupo. Assim sendo, a propaganda está relacionada

com a formação de comportamentos, embasando-se diretamente no posicionamento

ideológico das pessoas. A propaganda, derivada do latim propagare, que significa

plantar. No caso, plantar uma ideia e fazer florescer comportamentos influenciados pelo

emissor da informação (AZEVEDO e PANKE, UFG, 2017).

Conforme Sant’anna (2002), “propaganda compreende a ideia de implantar, de incluir

uma ideia, uma crença na mente alheia” (Sant’Anna, 2002, p. 75). Crenças e reflexos

que amiúde modificam o comportamento, o psiquismo e mesmo as convicções

religiosas, políticas ou filosóficas, que dialoga contemporaneamente com técnicas

publicitárias que visam ajustar-se aos interesses do público por meio de mensurações

variadas e, assim, garantir sua adesão (Sant’Anna et al. 2009, p. 335). Althusser (1974),

ao teorizar sobre os Aparelhos Ideológicos do Estado, sinalizava que entre os mais

poderosos estão justamente os que não possuem aparência repressora como escolas,

igrejas, associações e família. Para formular o conceito de ideologia, o autor formula

três hipóteses: a ideologia representa a relação imaginária de indivíduos com suas reais

condições de existência; a ideologia tem uma existência porque existe sempre num

aparelho e na sua prática ou suas práticas; a ideologia interpela indivíduos como

sujeitos.

Para Barthes (2003) toda a ideologia é linguagem, é discurso. E a ideosfera é um

sistema discursivo tão forte que um grande número de pessoas pode imitar, falar, sem

saber. Assim, para forjar comportamentos, deve-se influenciar o posicionamento

ideológico das pessoas e, para tal, incutir interpretações que organizam a superestrutura

das ideias de modo a naturalizar percepções (RAMOS, 2015). No contexto

contemporâneo e, como foco deste artigo, consideramos a propaganda como base de

sustentação ubíqua ao funcionamento do capitalismo e propomos um estudo de caso

sobre a o uso da (des)informação de modo a identificar a rede de interesses entre

corporações, mídia e política na criminalização da cannabis no decorrer do século XX

Propaganda e Negócios

Uma vez que evocamos essa instância primordial antropológica (a comunicação), é

necessário contextualizar a questão, afinal de contas o assunto deste artigo, a integração

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entre informação e desinformação na construção da percepção social da realidade,

fenômeno que remete a essa longa discussão sobre a comunicação entre pares na

sociedade, não obstante, uma vez que consideramos o contexto histórico, com foco nos

desdobramentos na área da comunicação mercadológica e suas consequências políticas,

aqui ao falarmos de propaganda estamos considerando estruturas macro sociais,

dinâmica composta por várias camadas e consequências práticas, nas quais buscamos

compreender o viés mercadológico no qual ações de informação e / ou desinformação,

usadas de modo orquestrado, geram repercussões sociais com, no caso, objetivos

comerciais influenciados por corporações.

A maior parte dos produtos culturais, como filmes, programas de televisão, música,

livros, revistas, jornais, publicidade, além da posse de sistemas de transmissão por cabo

ou satélite, está restrita a grandes empresas de comunicação e entretenimento, que

oligopolizam o sistema e têm, assim a capacidade de influenciar em comportamentos

sociais através de plataformas midiáticas (McChesney 1997). Assim, o constante fluxo

de estímulos influenciadores induz à padronização comportamental, levando à

massificação de atitudes e perpetuação de valores consumistas. Este é o campo da

indústria cultural: diversas formas de manutenção ou adequação de comportamentos

sociais aos interesses dos oligopólios ou, a representação ideológica de sustentação dos

oligopólios através da comunicação de massa (ADORNO apud COHN, 1986).

Por exemplo, o americanwayoflife espalhou-se pelos quatro cantos do mundo no século

XX, tornando-se seminal no processo de globalização cultural contemporâneo. Os

filmes hollywoodianos possibilitaram a apresentação do modo norte-americano de se

viver a vida, sua maneira de encarar problemas, suas soluções para eles, seu modo

particular de alcançar a felicidade e o próprio conceito de felicidade (AZEVEDO e

GONÇALVES, 2016). As informações sobre esse modo norte-americano de estar no

mundo nos eram dadas tanto no roteiro dos filmes, nas falas dos personagens, em suas

atitudes, como também na própria organização da imagem exibida, nos

enquadramentos, na montagem, na mise-en-scène.

O cinema americano propagandeia o estilo de vida e fomenta novos mercados que acabam por se verem associados a esta cultura. O presidente Herbert Hoover (1929/33) notava que “onde quer que o filme americano penetre, nós vendemos mais automóveis, mais bonés e mais vitrolas americanas”. (...) o conceito de americanwayoflife

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procura legitimar o sistema econômico e social dos EUA (...) (PEREIRA, 2012, p.220).

Nas décadas de 1930 e 1940, durante a gestão do democrata Franklin D. Roosevelt, os

EUAusaram a indústria cinematográfica como forma de propagar a Política de Boa

Vizinhançana América Latina, construindo uma identidade pan-americana como parte

do esforço de guerra (2a Guerra Mundial). Carmen Miranda e Zé Carioca são exemplos

desta dinâmica da propaganda no continente americano (ZAGNI, 2008).

(Des)Informação, corporações e maconha

A maconha tem sido presente na sociedade humana há pelo menos 7 mil anos, como

indicam relatos sobre seu uso medicinal na China, Grécia e Oriente Médio

(BUGIERMAN, 2011). A planta era também importantíssima na economia mundial, já

que durante centenas de anos o cânhamo era a principal matéria-prima de tecidos e

papéis, tendo sido empregado nas telas dos pintores da Renascença, nas velas dos

barcos das Grandes Navegações e até mesmo no papel da Declaração de Direitos que

fundou os Estados Unidos (BUGIERMAN, 2011, Posição 840/9). Desta relação

simbiótica, a maconha passou a ser criminalizada no início do século XX,

coincidentemente num período em que a indústria petrolífera crescia de importância e

os tecidos sintéticos começavam a ganhar mercado e tinham no cânhamo um forte

concorrente. Premissa válida também para a indústria farmacêutica, com o florescente

patenteamento de remédios tradicionais, geralmente derivados de plantas usadas há

séculos por seu valor medicinal, e que tinham seu princípio ativo isolado em

laboratórios, posteriormente registrados e patenteados para, posteriormente serem

comercializados com altas margens de lucro (BUGIERMAN, 2014, Posição 929)

Neste contexto concorrencial, em que indústrias floresciam e buscavam uma expansão

consistente, a desinformação tornou-se uma importante ferramenta para consolidar

reservas de mercado que buscavam eliminar um concorrente que estava entranhado na

sociedade humana, passando a fomentar a produção de conteúdos científicos,

jornalísticos e de entretenimento que pudessem criminalizar a maconha e, por

consequência, eliminar sua concorrência em importantes setores da economia. A relação

entre a criminalização da cannabis sativa com ações de propaganda obliterou a

percepção social a ponto de criminalizar internacionalmente uma planta fortemente

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presente na sociedade humana desde suas origens. Para tanto, normalmente estudos

científicos que mostraram seus benefícios não recebiam a divulgação adequada,

enquanto críticas eram supervalorizadas em coberturas jornalísticas enviesadas e em

produções culturais que vinculavam a maconha à criminalidade. Este tipo de ação

orquestrada ainda é presente no contexto contemporâneo, como demonstram

documentários como The TrueCost5, sobre a indústria da moda; Cowspiracy6, sobre a

indústria alimentícia; e Noam Chomsky And The Media: Manufacturing Consent7sobre a

indústria da propaganda. Todos corroboram a importância da (des)informação como

ferramenta de dominação. Como afirma o próprio Chomsky (1992) “A propaganda está

para a democracia assim como a violência está para a ditadura”.

Voltando à questão da maconha, por exemplo, a primeira legislação em nível federal

nos Estados Unidos a proibir a cannabis para usos terapêuticos, industriais e recreativos

intitulada Marijuana TaxAct8 foi proposta ao Congresso americano em 1937 por Harry

J. Anslinger, então diretor da FBN (Federal Bureau ofNarcotics), órgão governamental

responsável pelo controle de substâncias narcóticas na época. A medida basicamente

estipulava tarifas e procedimentos burocráticos impraticáveis para o uso comum da

cannabis como remédio, resultando em sua retirada da farmacopeia americana alguns

anos mais tarde. Como argumento de sua proposta, Anslinger utilizou do relato de

supostos especialistas para mistificar aspectos nefastos da droga (DOLCE, 2016, p 20).

Embora organizações como a AMA (American Medical Association) tenham atestado

“não conhecer nenhuma evidência de que a marijuana era uma droga perigosa” e que

por isso se posicionavam contra a legislação restritiva proposta por Anslinger, tais

argumentos foram ignorados e os congressistas passaram a proposta de lei no

Congresso, emagosto de 1937, corroborando a ação de alguns estados americanos que já

haviam imposto leis contrárias ao uso da cannabis motivados pelo medo das ondas de

imigrantes mexicanos, que eram associados ao submundo, violência e comportamento

antissocial por conta do consumo da marijuana, oportunamente renomeada para

potencializar o vínculo com a comunidade latina. Essa corrente migratória de mexicanos

assustava grande parte da população norte americana e, somada aos interesses de 5https://www.netflix.com/br/title/800456676 https://www.netflix.com/br/title/800337727https://www.youtube.com/watch?time_continue=10&v=dDLEJS8cERc8 http://www.druglibrary.org/schaffer/hemp/taxact/mjtaxact.htm

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indústrias de bebidas alcoólicas, recentemente liberadas para o consumo legal, após

anos de proibição pela Lei Seca9, permitiu que a FBN, após a aprovação de leis como a

Marijuana Act, ampliasse suas técnicas de ação contra as drogas nos EUA se valendo de

um contexto que mesclava o medo da população aos interesses de lucro de algumas

corporações que, associados a parte da imprensa, conseguiam influenciar a opinião

pública e, consequentemente, os congressistas.

Em 1937 o diretor da FBN escreveu e publicou em jornais e revistas sob controle de

William Randolph Hearst10, milionário da época que comandava os principais jornais de

cobertura nacional no território americano, o artigo Marihuana: AssassinofYouth11no

qual argumentava que o uso da erva, ainda pouco conhecida pela população, era

indutora de comportamentos “imorais” como a relação sexual interracial, assassinatos e

insanidades variadas.

A FBN, na mesma linha polemista, financiou a produção de filmes educativos sobre a

maconha, com roteiros cinematográficos que retratavam acannabis como capaz de levar

pessoas a cometer os mais diversos tipos de crimes. Um dos títulos mais marcantes

desse contexto foi o ReeferMadness12que mostra jovens sobre o efeito da erva se

divertindo de forma promíscua.Essa hiperbólica e alarmista campanha de

propagandaencabeçada pela FBN foi a primeira responsável pela disseminação de

informações equivocadas sobre a cannabis, com influência na construção da opinião

pública norte americana, justificando diversas movimentações políticas contrárias a

cannabis que aconteceram no decorrer dos anos em que Anslinger comandava a guerra

às drogas. O ápice de seu trabalho político foi a Single

ConventiononNarcoticDrugs(United Nations, 1961), que classificava as diversas drogas

existentes em diferentes categorias de risco, sendo acannabis classificada na categoria

mais perigosa, ao lado da heroína (!). Esta Convenção estipulava regras de combate e de

penalização de usuários e traficantes em escala internacional, de acordo com a estrutura

inicial construída na América e focada em algumas drogas notadamente estrangeiras,

9 https://super.abril.com.br/historia/o-que-foi-a-lei-seca/10 https://expresso.pt/blogues/opiniao_daniel_oliveira_antes_pelo_contrario/ascensao-e-queda-de-william-randolph-hearst=f729368#gs.4xa7es11https://origins.osu.edu/article/2437/images12https://bostonhassle.com/event/thc-double-feature-reefer-madness-marihuana

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como a marijuana, cocaína e heroína, ignorando desde o início o tabaco e o álcool,

drogas consolidadas e largamente comercializadas nos EUA.

Nixon, hippies e a cannabis

Anos mais tarde outro político norte americano, desta vez o então presidente

republicano Richard Nixon, viria a ignorar a ciência mais uma vez em prol de

umadogmática visão unilateral contrária a maconha, fortemente inspirada pelo legado

deAnslinger. Nixon praticou uma política de restrição às liberdades individuais

referentes ao uso de drogas, sem restrições ao orçamento no combate ao tráfico de

entorpecentes, especialmente os vindos dos países latino americanos. Em busca de

argumentos para justificar sua empreitada, o então presidente montou a

NationalCommisionon Marijuana andDrug Abuse encabeçada pelo governador

republicano da Pennsylvania Raymond P. Shafer, em busca de desenvolver um relatório

favorável ao combate à cannabis (DOLCE, 2016, p 27). O objetivo de Nixon era claro:

conseguir apoio da ciência para justificar uma ofensiva agressiva contra as drogas,

especialmente contra a cannabis. Intitulado Marihuana: a SignalofMisunderstanding, o

trabalho da Comissão tratava de vários dos aspectos legais, medicinais, psicológicos e

culturais da cannabis e propunha uma política de desencorajamento do uso de maconha

(UNCDAM, 1972).

A Comissão estruturada por Nixon chegou à conclusão de que o Estado deveria

concentrar esforços em impedir o tráfico internacional e de grandes traficantes, mas não

deveria penalizar com encarceramento usuários e o comércio casual de maconha entre

amigos. Esse resultado, oposto ao esperado, desagradou a Richard Nixon e o levou a

desmantelar a Comissão. O então presidente desconsiderou todos os ajustes de lei

propostos pelo grupo e todos os argumentos apresentados, mantendo a cannabis e todos

os seus produtos, inclusive o CBD13, que já era reconhecido pelo seu potencial

medicinal, na lista I de substâncias controladas, ao lado da heroína. Seu posicionamento

deu início a uma nova era de desinformação acerca da cannabis com a propagação de

dados e informações sem fundamentação científica, mas que serviam de suporte a ações

de governos aliados aos EUA ao redor do mundo.

13O canabidiol (CBD) é uma das 113 substâncias químicas canabinoides encontradas na Cannabis sativa,não produz euforia nem intoxicação, agindo em outros sistemas de sinalização cerebral, com potenciais efeitos terapêuticos.

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O processo pós-Nixon

Alguns anos depois de Nixon, o democrata Jimmy Carter se posicionou de forma mais

favorável à flexibilização das leis contra a cannabis nos EUA, tendo inclusive

anunciado que pretendia promover uma política de não apreensão de pessoas que

carregassem até 28 gramas de maconha consigo, seguindo as sugestões da pesquisa

patrocinada (e ignorada) por Nixon. No entanto, este posicionamento foi abalado

politicamente quando seu conselheiro de política sobre drogas, Dr. Peter Bourne, foi

flagrado inalando cocaína em uma comemoração de Natal da NationalOrganization for

theReformof Marijuana Law (NORML) em 1977 (DOLCE, 2016). Embora Bourne

tenha negado, a pressão midiática obrigou Carter a desistir do seu programa de

flexibilização de política sobre drogas. Esse fato abriu espaço para que o próximo

presidente, o republicano Ronald Reagan, fosse eleito posicionando-se com firmeza

sobre o tema, chegando a declarar que as drogas eram o problema número um da

América. Ele reviveu a guerra às drogas de Nixon e transferiu bilhões de dólares que

iam para programas decombate às drogas. Em um ano de governo Reagan, os empregos

relacionados ao combate ao crime e ao sistema carcerário norte americano aumentaram

36% e 86%, respectivamente (DOLCE, 2016). Sua administração também aumentou

consideravelmente as penas com relação ao cultivo, posse e venda de cannabis e lançou

satélites para vistoriar áreas da América do Sul e Central a fim de erradicar plantações

de coca e maconha em vários dos países vizinhos. Ronald Reagan junto de sua esposa

Nancytambém lançou uma das primeiras e mais icônicas campanhas antidrogas,

intituladaJust Say No14.

A campanha era parte do programa criado pela administração Reagan chamado DARE

(Drug Abuse ResistanceEducation) e Nancy foi sua porta-voz. Pela primeira vez,

policiais começaram a ir até as escolas falar diretamente com os jovens americanos e

descrever as drogas como algo perigoso do qual eles deveriam se afastar por questões

morais. O usuário fora pintado nessa época como uma pessoa “imoral” e aceitar o uso

de drogas foi descrito como um comportamento repreensível pela sociedade.

Campanhas como a Just Say Noprosperaram e foram exportadas para países parceiros,

como o Brasil, onde foi intitulada como Programa Educacional de Resistência às

14https://medium.com/@drcarlhart/below-is-my-interview-with-the-takeaway-about-nancy-reagan-s- infamous-campaign-ad6c214f46c1

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Drogas e à Violência (PROERD) e desde 1993 está presente em todos os estados

brasileiros seguindo as mesmas bases da estrutura criada nos EUA, sendo ministrado

pela Polícia Militar15, que visita escolas levando mensagens antidrogas para crianças de

várias idades.

Além deste tipo de ação, o governo norte americano ficou mais criativo na propagação

de mensagens antidrogas na administração do democrata Bill Clinton, quando o

ONDCP (Office ofNationalDrugControlPolicy) investiu cerca de 25 milhões de dólares

por ano nas cinco maiores empresas de televisão norte-americanas para editar roteiros

dos principais programas televisivos da época como The Beverly Hills, 90210; Sabrina,

theTeenageWitch; The Drew Carey Show; The Practice; Boy Meets World; 7th Heaven;

General Hospital; entre outros, com o uso de merchandiding editorial com mensagens

antidrogas em suas tramas. (DOLCE,2016, p 37). O discurso promovido era

basicamente retratar usuários e traficantes de forma negativa, reforçando a mensagem

de imoralidade iniciada anos atrás pelos governos anteriores de forma mais incisiva e

subliminar.

A nova era da maconha

Durante a administração do democrata Barack Obama se criou um ambiente favorável à

flexibilização das leis quanto ao uso recreativo e medicinal da maconha nos Estados

Unidos. Atualmente, a maconha se tornou legalizada para uso recreativo (também

chamado de uso adulto) em 10 dos 50 estados norte-americanos. Existem também 33

estados que já permitem o uso medicinal da cannabis (BERKE & GOULD, 2019). A

Califórnia, um dos estados mais importantes para a economia americana, regulamentou

totalmente o uso da cannabis recreativa em 2016 através da Proposição 6416, permitindo

a criação de uma indústria bilionária na região. As projeções para o mercado da

cannabis nos EUA para os próximos anos é de aproximadamente US$150 bilhões em

2025, segundo dados da empresa de pesquisa de mercado Grand ViewResearch (2018),

considerando os investimentos crescentes associados à legalização nos EUA e Canadá

e o desenvolvimento de novos produtos e serviços para atender à crescente demanda.

Em 2016, Obama declarou que “acreditava que a cannabis deveria ser tratada como um

problema de saúde pública, similar ao tabaco e o álcool” (WENNER, 2016). O intuito

15 http://www4.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/dpcdh/index.php/proerd-2/16https://www.drugpolicy.org/sites/default/files/documents/AUMA_Prop%2064_Frequently_Asked_Questions.pdf

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de Obama era de fato descriminalizar a maconha a nível nacional, mas fora impedido

por questões políticas de se posicionar de forma mais direta sobre o assunto o que

impediu avanços do tema a nível federal (INGRAHAM, 2016; ADAMS, 2017).

Agora, na administração do republicano DonaldTrump,opresidente emite sinais

contraditórios sobre o tema. Se Trump já afirmou que o assunto deve ser deixado para

as jurisdições estaduais; logo no início de seu mandato nomeou Jeff Sessions,

conhecido pelo seu posicionamento contrário a cannabis, como seu procurador geral

(SIEMASZKO, 2018; LYNCH, 2018). No entanto, o mesmo Sessions acabou sendo

exonerado por Trump (FORDE, HASLETT & LEVINE, 2018) e pouco tempo antes de

deixar o Departamento de Justiça afirmou que a indústria relacionada à cannabisestava

livre para prosseguir, desde que estivessem dentro das normais legais de cada estado

(ANGELL, 2017). Nesta linha mais neoliberal, Trump também deu outro passo

importante em favor do setor, legalizando o cânhamo em nível federal, através da Farm

Bill de 2018 (CARREL, 2018). Cânhamo é a variedade de maconha que contém menos

de 0,3% de THC, substância considerada mais psicoativa da maconha. Dessa forma, ele

não é capaz de agir de forma psicotrópica, mas pode ser utilizado para a produção de

diversos produtos à base de cannabise também serve para a produção de CBD,

cannabinoide conhecido pelo seu potencial terapêutico, abrindo diversas possibilidades

para a indústria da maconha medicinal crescer.

O impacto no posicionamento global da cannabis

Conforme os EUAavançam rumo à legalização da cannabis, após um século de

desinformação e perseguição promovido por variadas administrações federais, outros

países também tomam medidas na mesma direção. O Uruguai foi a primeira nação a

legalizar completamente a cannabis, sob a administração progressista de José Mujicaem

2012. Em 2018 o Canadá se tornou o segundo país a legalizar completamente a

maconha em nível federal. Nações como África do Sul, Peru, México, Israel e a União

Europeia como um todo também adotaram medidas que descriminalizaram o uso,

legalizaram a produção medicinal ou regulamentaram o cânhamo e o CBD nesses

últimos anos.Em 2011, um grupo importante de líderes mundiais divulgou um relatório

através da Comissão Global de Políticas Sobre Drogas17 em que se posicionava de

17http://www.globalcommissionondrugs.org/wp-content/uploads/2017/10/GCDP_WaronDrugs_PT.pdf

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forma contrária a atual política global de guerra às drogas, argumentando que ela havia

falhado em seus objetivos. Entre os apoiadores do projeto estavam o ex-presidente do

Brasil Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ex-presidente do México Ernesto Zedillo,

ex-presidente da Colômbia César Gaviria, além de lideranças da União Europeia e de

instituições internacionais relacionadas a saúde e aos direitos humanos.

Após décadas do tratado internacional de drogas e do endosso de políticas que

promoviam a guerra às drogas em todo o mundo, a ONU, sob comando do secretário

geralAntónio Manuel de Oliveira Guterres, começou vagarosamente a se posicionar de

forma mais flexível (SOMERSET, 2018). O atual secretário fora responsável pela

descriminalização de todas as drogas em Portugal quando era primeiro ministro e deve

espelhar sua bem-sucedida política doméstica no novo cargo. Em 2018 Organização

Mundial da Saúde (OMS), órgão da ONU, pela primeira vez em décadas, organizou um

encontro para discutir os efeitos danosos e terapêuticos da cannabis à saúde e, em

fevereiro de 2019, a instituição divulgou um parecer em que sugere uma classificação

mais branda da maconha em tratados internacionais posicionando a planta e todos os

seus derivados na Schedule I, ao lado de outra substâncias menos nocivas e com

potencial terapêutico (ÉPOCA NEGÓCIOS, 2019). A OMS também sugeriu que

extratos puros de cannabis ricos em CBD e com menos de 0,2% não sejam classificados

como perigosos na convenção em vigor, já que não apresentam riscos graves à saúde.

Esse novo posicionamento da ONU aponta para mudanças nas leis internacionais nos

próximos anos. Em 2019 está marcado para acontecer a próxima Sessão Especial da

Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o problema global de droga no âmbito da

United Nations Office onDrugsand Crime(UNODC18), reunião que em 1998 deu origem

ao tratado internacional que prometia “eliminar as drogas” em 10 anos e em 2009

ratificou a mesma posição, mesmo diante dos evidentes resultados negativos. Relatório da Comissão de Políticas sobre Drogas de 2011

18https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html

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Fonte: http://www.globalcommissionondrugs.org/wp-content/uploads/2017/10/GCDP_WaronDrugs_PT.pdf

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mudanças estruturais realizadas por nações como Uruguai, Canadá e EUA quanto a

forma de lidar com a cannabis, a repercussão de ações realizadas pela ONU quanto a

descriminalização e o aumento da difusão de informação científica desmistificando

aspectos prejudiciais associados ao CDB e ao THC estabelecem um novo cenário

internacional, no qual variadas empresas veem o potencial econômico relacionado à

exploração comercial da maconha e seus derivados.

Se no início do século XX interesses corporativos foram catalisadores da

implementação de políticas proibicionistas, no século XXI o caminho oposto tem tudo

para ser trilhado, com a pressão corporativa servindo para a descriminalização e para a

regulamentação das atividades relacionadas à exploração comercial da maconha.

Matérias jornalísticas variadas indicam a consolidação deste mercado e a atenção que

grandes corporações têm dedicado para analisar a maconha como um investimento com

alto potencial de retorno, enquanto pressupomos que ações de Relações Públicas tendem

a acelerar atualizações em legislações nacionais de modo a possibilitar que o mercado

da maconha se globalize como forma não só de diminuir a violência infrutífera dos anos

de políticas de criminalização e guerra às drogas, mas principalmente por novas

oportunidades de negócios em mercados estagnados, como os da indústria do tabaco e

das bebidas alcoólicas (SOMERSET, 2018; PACHECO, 2018; SANDOVAL, 2018).

Some-se a isto o potencial terapêutico do CBD, o potencial lúdico do THC, as diversas

formas de produtos e serviços associados à maconha e concluímos que o mercado da

maconha tende a se consolidar e a percepção da sociedade quanto a esta planta tende a

ser cada vez mais desmistificada com a difusão de informações científicas difundidas

12

Page 13: €¦  · Web viewO outro, e a necessidade social de comunicar-se a outro, parece estar além de temas de discussões filosóficas, pois é também ferramenta do desenrolar evolutivo,

por coberturas jornalísticas idôneas, muitas vezes sustentadas por publicidade de marcas

variadas interessadas na ampliação de mercados cannabicos, e que também fomentam

o desenvolvimento de produtos culturais variados que tratem a maconha sob uma ótima

progressista, na qual a criminalização soará antiquada e reacionária. Esta nova indústria

tem potencialpara fazer uma forte intervenção informacional na sociedade, a ponto de

torná-la mais crítica e racional quanto aos malefícios e benefícios derivados da

cannabis sativa, reduzindo os estereótipos e preconceitos associados a ela durante o

século XX, decorrentes de ações orquestradas entre corporações e políticos.

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