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Lei n.º 4.732, de 25 de setembro de 2018. Dispõe sobre a Política Municipal de Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente, regulamentando a Formação e Atuação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar, dispondo sobre o Fundo Municipal para a Criança e o Adolescente de Santa Bárbara DO Sul, dando ainda outras providências. TÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO I Da Política Municipal de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente Art. 1º. A política municipal de proteção aos direitos da criança e do adolescente dar-se-á segundo o disposto nesta lei, observadas as seguintes linhas de ação: I – concepção, planejamento e execução de políticas sociais básicas; II – disponibilização de políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem; III – disponibilização de serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;

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Lei n.º 4.732, de 25 de setembro de 2018.

Dispõe sobre a Política Municipal de Proteção aos Direitos da Criança e do Adolescente, regulamentando a Formação e Atuação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar, dispondo sobre o Fundo Municipal para a Criança e o Adolescente de Santa Bárbara DO Sul, dando ainda outras providências.

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO I

Da Política Municipal de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente

Art. 1º. A política municipal de proteção aos direitos da criança e do adolescente dar-se-á segundo o disposto nesta lei, observadas as seguintes linhas de ação:

I – concepção, planejamento e execução de políticas sociais básicas;

II – disponibilização de políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem;

III – disponibilização de serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;

IV – oferta de serviço de identificação e localização de pais, responsáveis, crianças e adolescentes desaparecidos;

V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente;

VI – execução de políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes;

VII – promoção de campanhas de estímulo a adoção e guarda, de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar,especificamente inter-racial, de crianças ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências, além de grupos de irmãos.

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Parágrafo Único. O Município criará, fomentará ou subsidiará os programas e serviços a que alude o presente artigo, inclusive mediante compra de vagas, podendo integrar consórcio ou celebrar convênios com organizações não governamentais, visando à manutenção de serviços, além de instituir, manter ou subsidiar entidades de atendimento, na forma da lei.

Art. 2º. O atendimento à criança e ao adolescente visa:

I – à proteção de sua vida e de sua saúde;

II – à liberdade, o respeito e a dignidade como pessoa em processo de desenvolvimento e como sujeito de direitos civis, humanos e sociais;

III – à criação e à educação no seio da família ou, excepcionalmente, em família substituta.

§ 1°. O direito à vida e à saúde é assegurado mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

§ 2°. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;

II – opinião e expressão;

III – crença e culto religiosos;

IV – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

V – brincar, praticar esportes e divertir-se;

VI – participar da vida política, na forma da lei; e

VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.

§ 3°. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança ou do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

§ 4°. O direito à convivência familiar implica em ser a criança ou o adolescente criados e educados no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária em ambiente livre de pessoas de má-formação ou dependentes de bebidas alcoólicas ou entorpecentes.

CAPÍTULO II

Dos Órgãos e Instrumentos da Política Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

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Art. 3°. São órgãos e instrumentos da política de proteção e atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente:

I – O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – COMDICA;

II – O Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – FUMDICA;

III – O Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo – SIMASE;

IV – O Conselho Tutelar.

TÍTULO II

DOS ÓRGÃOS E INSTRUMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO I

Do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santa Bárbara do Sul– COMDICA

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 4°. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santa Bárbara do Sul– COMDICA, criado pela Lei Municipal N.º 1.194/91 alterada pelas Leis N.º 1.840/98, 2.133/01, 2.535/2005, 2.839/2006, 3.737/2011, 4.018/2013, 4.314/2014 e 4.346/2015 como órgão deliberativo, fiscalizador, normatizador, controlador e de cooperação governamental, e que tem a finalidade de auxiliar a Administração na orientação, deliberação e controle da matéria de sua competência, passa a ser regido pelas disposições desta Lei.

Parágrafo único. O COMDICA ficará diretamente vinculado ao Gabinete do Prefeito Municipal, Secretaria Municipal de Assistência Social e funcionará em consonância com os Conselhos Estadual e Federal dos Direitos da Criança e do Adolescente, articulando-se com os demais órgãos municipais.

Art. 5°. O Poder Público Municipal deverá garantir espaço físico adequado para o funcionamento do COMDICA, cuja localização será amplamente divulgada.

Parágrafo único. Será prevista dotação orçamentária específica para o custeio de despesas relativas às atividades do COMDICA.

Art. 6°. O COMDICA é o órgão encarregado do estudo e da busca de soluções para os problemas relativos à criança e ao adolescente, especialmente no que se refere ao

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planejamento e à execução de programas de proteção e socioeducativos a eles destinados, especialmente em regime de:

I – proteção, orientação e apoio sociofamiliar;

II – atendimento socioeducativo em meio aberto, inclusive sob a forma de liberdade assistida;

III – acolhimento familiar e institucional;

Parágrafo único: O COMDICA poderá atuar, excepcionalmente, no planejamento e no apoio a medidas socioeducativas em meio fechado, inclusive em nível de internação, observadas as disposições da Lei Federal nº 12.594/2012.

SEÇÃO II

Da Competência

Art. 7°. Compete ao COMDICA:

I – elaborar seu Regimento Interno, encaminhando-o ao Prefeito Municipal para Decreto e publicação na imprensa oficial do Município;

II – escolher, dentre seus membros, na forma do Regimento, o Presidente, o Vice-Presidente, o Primeiro e o Segundo Secretários e Primeiro e o Segundo Tesoureiros;

III – formular a política municipal de proteção, promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, definindo prioridades e controlando as ações de execução em todos os níveis;

IV – deliberar sobre a implementação de programas e serviços destinados ao atendimento de crianças e adolescentes, bem como sobre a criação de entidades governamentais ou sobre a criação, integração, manutenção, exclusão ou encerramento de consórcios de atendimento;

V – deliberar sobre o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, fixando critérios de utilização dos recursos, mediante planos de aplicação que deverão ser condizentes com as metas e ações previstas nesta Lei;

VI – propor modificações nas estruturas das secretarias e demais órgãos da Administração Municipal ligados à promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;

VII – propor e auxiliar na realização de conferências locais, destinadas à promoção de políticas públicas destinadas a assegurar os direitos das crianças e dos adolescentes;

VIII – opinar sobre a política de formação de pessoal com vista à qualificação do atendimento da criança e do adolescente;

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IX – manter intercâmbio com entidades internacionais, federais e estaduais congêneres, ou que tenham atuação na proteção, promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;

X – realizar e incentivar campanhas promocionais de conscientização dos direitos da criança e do adolescente;

XI – estabelecer critérios, bem como organizar, juntamente com a Poder Executivo e Secretaria Municipal de Assistência Social a eleição dos Conselheiros Tutelares, na forma da lei;

XII – exercer as funções deliberativas e de controle do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo;

XIII – confeccionar e fazer cumprir o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo;

XIV – divulgar amplamente à comunidade, por meio da imprensa oficial do Município:

a) o calendário de suas reuniões;

b) as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente;

c) as rotinas relativas ao emprego de recursos do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;

XV - opinar sobre a destinação de recursos e espaços públicos para programações culturais, esportivas, de saúde, educação e de lazer, voltadas para a criança e o adolescente;

XVI - proceder ao registro das entidades não governamentais e a inscrição dos programas de proteção e socioeducativos de entidades governamentais e não governamentais, na forma dos artigos 90 e 91 da Lei nº 8.069/90;

XVII - dar posse aos membros do Conselho Tutelar e adotar as providências relativas ao preenchimento de vagas por concessão de licença, recesso, exoneração ou aplicação de penalidades, nas hipóteses previstas e reguladas em lei;

XVIII - fiscalizar externamente a atuação dos membros do Conselho Tutelar, controlando a efetividade, o cumprimento de suas obrigações e a observância das vedações e impedimentos a que estão sujeitos;

XIX - provocar a instauração de sindicância e processo administrativo para averiguar fatos que possam comprometer a atuação do Conselho Tutelar ou implicar na aplicação de penalidades ou perda de mandato de seus membros.

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§ 1°. O COMDICA executará o controle das atividades referidas nos incisos deste artigo, no âmbito municipal, em cooperação com os demais órgãos da Administração, quando for o caso, visando a integrá-las com as atividades assemelhadas dos municípios limítrofes e integrantes da mesma região.

§ 2°. O COMDICA baixará, na forma de seu Regimento Interno, os provimentos, resoluções, portarias ou outros atos necessários ao desempenho de suas atribuições.

§ 3°. O COMDICA poderá, para o desempenho de suas atribuições, credenciar fiscais ou observadores, instituir comissões, grupos de trabalho ou de assessoramento para o desenvolvimento de atividades específicas, segundo suas necessidades, com atuação permanente ou temporária, devendo ser observadas as normas imperativas e a autorização do Poder Executivo quando importarem em contratação ou remuneração de pessoal.

SEÇÃOIII Dos Membros

Art. 8°. O COMDICA será composto por 12 (doze) membros titulares e respectivos suplentes, sendo que:

I – Órgãos Governamentais:

a) Secretaria Municipal de Assistência Social;

b) Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto;

c) Secretaria Municipal da Saúde;

d) Câmara Municipal de Vereadores;

e) Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo;

f) Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente;

II – Órgãos Não Governamentais:

a) Rotary Clube;

b) EMATER;

c) Associação de Combate ao Câncer;

d) Círculos de Pais e Mestres das Escolas Estaduais e Municipais;

e) Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE;

f) Associação Osiel da Silva dos Deficientes Santa-barbarenses – AOSDEFISA.

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§ 1°. Os membros titulares e suplentes que representarem o Poder Executivo serão indicados pelo Prefeito Municipal.

§ 2°. Os membros representantes de entidades serão escolhidos por deliberação do COMDICA, na forma de seu Regimento Interno.

Art. 9°. Não poderão integrar o COMDICA:

I – membros de Conselhos de políticas públicas;

II – representantes de órgãos de outras esferas governamentais;

III – ocupantes de cargo em comissão e/ou função de confiança do Poder Público, na qualidade de representante de organização da sociedade civil;

IV – Conselheiros Tutelares;

V – membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Poder Judiciário;

VI - Poder Legislativo quando agente político

Art. 10. Os membros do COMDICA e seus suplentes exercerão o mandato pelo período de 2 (dois) anos, permitida uma recondução.

Parágrafo único. A função de membro do COMDICA é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.

Art. 11. O membro do COMDICA terá seu mandato cassado quando:

I – não comparecer por 03 (três) reuniões consecutivas ou 06 (seis) intercaladas no período de 01 (um) ano, sem apresentar justificativa; e/ou

II – incorrer em ato incompatível com a função que desempenha, inclusive, com os princípios constitucionais que norteiam a Administração Pública, e as normas que tratam da proteção dos direitos da criança e do adolescente.

§ 1°. A cassação do mandato demandará a instauração de procedimento administrativo específico, a ser instaurado no âmbito do próprio Conselho, por despacho do Presidente, com a garantia do contraditório e ampla defesa.

§ 2°. Ao procedimento, no que couber, aplicar-se-ão as regras relativas à cassação do mandato dos Conselheiros Tutelares.

§ 3°. A decisão de cassação do mandato deverá ser tomada pela maioria absoluta dos integrantes do COMDICA, vedado o voto do próprio membro posto em julgamento.

§ 4° Sendo cassado o mandato do conselheiro em exercício, o suplente passará à condição de titular, cabendo ao Poder Executivo ou à entidade a qual pertencer o Conselheiro desligado a indicação de um novo representante, no prazo de 15 (quinze) dias.

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Art. 12. Os membros do COMDICA reunir-se-ão, no mínimo, a cada mês, e, extraordinariamente, quando necessário, em sessões abertas ao público.

Art. 13. As reuniões e o funcionamento do COMDICA seguirão o disposto no seu Regimento Interno.

SEÇÃO IV

Do Registro de Entidades

Art. 14. As entidades não governamentais somente poderão funcionar depois de registradas junto ao COMDICA.

Art. 15. O COMDICA deverá expedir e fazer publicar resolução, indicando a relação de documentos a serem apresentados pelas organizações da sociedade civil para fins de registro, considerando a regulamentação constante na legislação federal pertinente.

§ 1°. Os documentos a serem exigidos visam comprovar a regularidade jurídica e a capacidade da entidade de garantir a política de atendimento compatível com os princípios desta lei e do Estatuto da Criança e do Adolescente.

§ 2°. O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao COMDICA, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado o disposto no § 1º deste artigo.

§ 3°. O COMDICA providenciará a publicação, na imprensa oficial do Município, do registro das entidades que preencherem os requisitos exigidos.

Art. 16. O COMDICA negará registro à entidade que:

I – não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;

II – não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;

III – esteja irregularmente constituída;

IV – tenha em seus quadros pessoas inidôneas.

V – não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado, expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto neste artigo e na legislação federal correlata, o COMDICA poderá definir outras situações nas quais o registro das organizações da sociedade civil será negado, por meio de resolução.

Art. 17. Verificada, a qualquer momento, a ocorrência de alguma das hipóteses previstas no art. 16 desta Lei, poderá ser cassado o registro concedido pelo COMDICA.

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Art. 18. O COMDICA deverá comunicar à Autoridade Judiciária, ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar:

I – a relação de entidades não governamentais registradas junto ao COMDICA para fins de funcionamento;

II – a cassação de registro concedido à entidade;

III – o comprovado atendimento a criança ou adolescente por entidade sem o registro de que trata o art. 7º desta Lei.

CAPÍTULO II

Do Fundo Municipal Dos Direitos da Criança e do Adolescente – FUMDICA

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 19. O Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – FUMDICA tem por finalidade facilitar a captação, o repasse e a aplicação dos recursos destinados ao desenvolvimento das ações e programas de atendimento a crianças, adolescentes e suas famílias residentes no Município de Santa Bárbara do Sul, sendo regulado na forma dos dispositivos seguintes.

§ 1°. As ações de que trata o caput deste artigo referem-se prioritariamente aos programas de prevenção e proteção especial à criança e ao adolescente expostos à situação de risco pessoal e social, cuja necessidade de atenção extrapole o âmbito de atuação das políticas sociais básicas.

§ 2°. Dependerá de deliberação expressa do COMDICA a autorização para aplicação de recursos do Fundo em outros tipos de programas que não os estabelecidos no parágrafo anterior.

§ 3°. Os recursos do Fundo serão administrados segundo os planos de ação e aplicação elaborados pelo COMDICA e incluídos na legislação orçamentária de cada ano.

SEÇÃO II

Dos recursos e ativos do Fundo

Art. 20. Constituem recursos do FUMDICA:

I – os aprovados em lei municipal, constantes do orçamento público;

II – os recebidos de pessoas físicas e jurídicas, públicas ou privadas, em doação;

III – os auxílios e subvenções específicos concedidos por órgãos públicos;

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IV – os provenientes de multas impostas judicialmente em ações que visem à proteção de interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e da adolescência;

V – os provenientes de financiamentos obtidos em instituições públicas ou privadas;

VI – os rendimentos das aplicações financeiras de suas disponibilidades e dos demais bens; e

VII – os recursos públicos que lhes forem repassados por outras esferas de governo;

VIII - transferências de recursos financeiros oriundos dos Conselhos Nacional e Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente;

IX - recursos advindos de convênios, acordos e contratos firmados entre o Município e instituições privadas e públicas, nacionais e internacionais, federais, estaduais e municipais, para repasse a entidades executoras de programas integrantes do Plano de Aplicação;

X – outros recursos que porventura lhe forem destinados.

Art. 21. Constituem ativos do Fundo:

I - a disponibilidade monetária em bancos, oriunda das receitas especificadas no artigo anterior;

II - direitos que porventura vierem a se constituir;

III - bens móveis e imóveis, destinados à execução dos programas e projetos do plano de aplicação.

Parágrafo Único. Anualmente processar-se-á o inventário dos bens e direitos vinculados ao Fundo, que pertencem à Prefeitura Municipal.

Art. 22. Os recursos financeiros destinados ao Fundo, através da Fazenda Municipal, serão a ele repassados mensalmente.

SEÇÃO III

Da aplicação dos recursos

Art. 23. Os recursos do FUMDICA, após aprovação, pelo COMDICA, do plano de aplicação a ele encaminhado pelo Poder Executivo e Secretaria Municipal de Assistência Social destinar-se-ão ao financiamento das seguintes ações governamentais e não-governamentais:

I – desenvolvimento de programas e serviços complementares ou inovadores relacionados à política de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente;

II – acolhimento, sob a forma de guarda, de criança e de adolescente órfão ou abandonado;

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III – programas e projetos de pesquisa e de estudos, elaboração de diagnósticos, sistemas de informações, monitoramento e avaliação das políticas públicas de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente;

IV – programas e projetos de capacitação e formação profissional continuada dos órgãos da política de atendimento aos direitos da criança e do adolescente;

V – ações de fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, com ênfase na mobilização social e na articulação para a defesa dos direitos da criança e do adolescente;

VI –respeitar o estabelecido na Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014 e Resoluções do CONANDA.

Art. 24. É vedada a utilização dos recursos do FUMDICA em despesas não identificadas diretamente com as suas finalidades, de acordo com os objetivos determinados na Lei da sua instituição, em especial nas seguintes situações:

I – aplicação dos valores sem a prévia deliberação do COMDICA;

II – manutenção e funcionamento do Conselho Tutelar, bem como quaisquer outras despesas relacionadas aos seus serviços;

III – manutenção e funcionamento do COMDICA;

IV – financiamento das políticas públicas sociais básicas, em caráter continuado e que disponham de fundo específico, nos termos da legislação pertinente; e

V – investimentos em aquisição, construção, reforma, manutenção e/ou aluguel de imóveis públicos e/ou privados, ainda que de uso exclusivo da política dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 25. Caberá ao COMDICA fazer publicar, inclusive por meio da imprensa oficial do Município:

I - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos do FUMDICA.

II - a relação de projetos beneficiados com recursos do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente em cada ano-calendário, além do valor dos recursos previstos para implementação das ações, por projeto;

III - o total dos recursos percebidos pelo Fundo e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados dos sistemas informatizados cabíveis;

IV – os critérios de avaliação dos resultados dos projetos beneficiados.

Art. 26. Da publicação dos editais, do julgamento dos projetos e da destinação de valores será dada ciência ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.

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Parágrafo único. Submeter-se-á à fiscalização do Ministério Público, em especial, a destinação dos recursos a que alude o art. 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Art. 27. O COMDICA manterá cadastro com o registro e a inscrição dos programas das entidades governamentais e das organizações da sociedade civil, com seus regimes de atendimento, que pleiteiem ou sejam beneficiários de recursos do FUMDICA.

§ 1° É vedada a participação dos membros do COMDICA na comissão de avaliação e seleção dos programas apresentados pelas entidades governamentais e das organizações da sociedade civil de que sejam representantes e que possam vir a ser beneficiários dos recursos do FUMDICA.

§ 2° O registro e a inscrição de novos programas de promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente, bem como o recadastramento daqueles já vinculados ao Município, para fins de aferição de recursos, deverá ocorrer no prazo máximo de 2 (dois) anos, podendo ser efetuada em menor tempo.

§ 3° O registro e a inscrição, para fins de cadastramento e de recadastramento de que trata o § 2º deste artigo, ocorrerá por meio de convocação dos interessados, mediante publicação de edital de chamada pública na imprensa oficial do Município, na forma de regulamento aprovado por Resolução do COMDICA.

§ 4° Será negado registro e inscrição do programa que não respeite os princípios estabelecidos na legislação que trata dos direitos da criança e do adolescente e/ou seja incompatível com a política de promoção dos direitos da criança e do adolescente traçada pelo COMDICA.

SEÇÃO IV

Da Administração do Fundo

Art. 28. O FUMDICA será gerido pelo Prefeito Municipal, observadas as diretrizes emanadas do COMDICA.

§ 1°. A contabilidade do Fundo se insere na contabilidade geral do Município e tem por objetivo evidenciar a situação financeira e patrimonial do próprio Fundo, observados os padrões e normas estabelecidas na legislação pertinente.

§ 2°. A Secretaria Municipal da Fazenda e Planejamento manterá os controles contábeis e financeiros das movimentações dos recursos do FUMDICA, obedecido ao disposto na legislação pertinente.

§ 3°. Os recursos do FUMDICA serão depositados em conta especial em estabelecimento oficial de crédito, na forma de regulamento.

§ 4°. Obedecida à programação financeira previamente aprovada, o excesso de caixa existente será aplicado no mercado de capitais, através de banco oficial.

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Art. 29. Cabe ao Poder Executivo Municipal, após deliberação, aprovação, registro e inscrição dos programas relacionados à política da criança e do adolescente pelo COMDICA, formalizar os convênios para repasse de recursos do FUMDICA, bem como a sua operacionalização, fiscalização, controle e julgamento de prestações de contas.

Art. 30. Aplicam-se aos repasses de recursos do FUMDICA para entidades governamentais e não governamentais, subsidiariamente, a legislação que estabelece as normas gerais de licitação, bem como as normas municipais que dispõem sobre os convênios celebrados no âmbito da Administração Direta e Indireta do Município, no que couber.

Art. 31. Sem prejuízo da atuação dos demais órgãos e entidades com incumbências semelhantes, o COMDICA e o Poder Executivo Municipal fiscalizarão a execução dos convênios que envolvem o repasse de recursos do FUMDICA.

§ 1° Todos os atos de fiscalização deverão ser registrados em planilhas ou diários, os quais serão mantidos em arquivo pelo COMDICA.

§ 2° Em qualquer hipótese, o gestor do FUMDICA poderá intervir junto ao(s) fiscal(is), de modo a garantir a boa e regular aplicação dos recursos transferidos às entidades convenentes.

§ 3º Os membros do COMDICA, quando tiverem ciência de alguma irregularidade na execução de convênios que envolvam recursos do FUMDICA, seja pelo descumprimento de obrigações da entidade beneficiária ou por parte da própria Administração Pública, deverão informar ao Prefeito, por escrito e mediante protocolo, os fatos e/ou atos do seu conhecimento, de forma detalhada.

§ 4° É facultado ao COMDICA encaminhar cópia da comunicação de que trata o § 3º deste artigo ao(s) fiscal(is) do convênio e à Unidade Central de Controle Interno, sem prejuízo da comunicação à Autoridade Policial ou ao Ministério Público, conforme o caso.

Art. 32. A entidade beneficiária dos recursos do FUMDICA estará obrigada a prestar contas do valor recebido, no prazo máximo e na forma estabelecidos no termo de convênio firmado pelo Poder Executivo.

§ 1° A prestação de contas deverá ser protocolada na Secretaria Municipal da Fazenda e Planejamento, contendo os documentos previstos no termo de convênio assinado, bem como outros que vierem a ser objeto de regulamento próprio, e formará processo administrativo próprio.

§ 2° O recebimento da prestação de contas não implica a sua aceitação como regular, o que dependerá de análise e decisão fundamentada.

§ 3° Após o processamento da prestação de contas, que deverá assegurar o contraditório e a ampla defesa à entidade interessada, o processo será encaminhado ao COMDICA, para deliberação e parecer sobre o cumprimento dos objetivos propostos.

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§ 4° A manifestação do COMDICA é requisito para o regular julgamento da prestação de contas, embora não gere efeito vinculante em relação aos aspectos técnicos, que deverão ser analisados pela Administração Pública.

CAPÍTULO III

DO SISTEMA MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

Art. 33. Fica instituído o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo – SIMASE, conjunto de regras, serviços e ações destinadas à execução de medidas socioeducativas em meio aberto destinado a prestar assistência especializada às crianças e aos adolescentes autores de ato infracional, cuja forma de execução está prevista no Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo.

Art. 34. Para o cumprimento dos objetivos do SIMASE deverá ser elaborado o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com os Planos Nacionais e Estaduais.

§ 1° O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo deverá contemplar ações articuladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e o esporte, para os adolescentes atendidos, em conformidade com os princípios elencados na legislação que trata dos direitos da criança e do adolescente.

§ 2° O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo indicará o órgão administrativo que terá funções executiva e de gestão do SIMASE.

§ 3° O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo será submetido à deliberação do COMDICA.

Art. 35. Ao órgão executivo gestor do SIMASE compete:

I – formular, instituir, coordenar e manter o Sistema, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo Estado;

II – criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto;

III – editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do Sistema;

IV – cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e

V – cofinanciar a execução de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto.

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Art. 36. O Poder Executivo Municipal poderá regulamentar, na forma da lei, a operacionalização do SIMASE.

CAPÍTULO IV

DO CONSELHO TUTELAR

SEÇÃO I

Da Criação e Manutenção dos Conselhos Tutelares

Art. 37. O Conselho Tutelar é o órgão municipal de defesa dos direitos da criança e do adolescente, conforme previsto na Lei nº 8.069/1990.

Parágrafo único. Para a criação, composição e funcionamento do Conselho Tutelar deverão ser observados, tanto quanto possível, as diversidades étnicas, culturais do país, considerando as demandas das comunidades remanescentes de quilombo e outras comunidades tradicionais.

Art. 38. No Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, em cumprimento ao disposto no art. 132 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Art. 39. A Lei Orçamentária Municipal deverá estabelecer, preferencialmente, dotação específica para implantação, manutenção, funcionamento do Conselho Tutelar, bem como para o processo de escolha dos conselheiros tutelares, custeio com remuneração, formação continuada e execução de suas atividades.

§1° Para a finalidade do caput, devem ser consideradas as seguintes despesas:

a) custeio com mobiliário, água, luz, telefone fixo e móvel, internet, computadores, fax, entre outros necessários ao bom funcionamento dos Conselhos Tutelares;

b)formação continuada para os membros do Conselho Tutelar;

c) custeio de despesas dos conselheiros inerentes ao exercício de suas atribuições, inclusive diárias e transporte, quando necessário deslocamento para outro município;

d) espaço adequado para a sede do Conselho Tutelar, seja por meio de aquisição, seja por locação, bem como sua manutenção;

e)transporte adequado, permanente e exclusivo para o exercício da função, incluindo sua manutenção e segurança da sede e de todo o seu patrimônio;

f) processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar.

§2° Qualquer cidadão poderá requerer aos Poderes Executivo e Legislativo, assim como ao Ministério Público competente a adoção das medidas administrativas e judiciais cabíveis em caso de descumprimento das disposições constantes do caput deste artigo.

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§3° A gestão orçamentária e administrativa do Conselho Tutelar ficará, a cargo do Gabinete do Prefeito e Secretaria Municipal de Assistência Social.

§4° Cabe ao Poder Executivo garantir quadro de equipe administrativa permanente, com perfil adequado às especificidades das atribuições do Conselho Tutelar.

§5° O Conselho Tutelar requisitará os serviços nas áreas de educação, saúde, assistência social, entre outras, com a devida urgência, de forma a atender ao disposto no artigo 4°, parágrafo único, e no artigo 136, inciso III, alínea "a", da Lei n° 8.069, de 1990.

SEÇÃO II

Do Processo de Escolha dos Membros do Conselho Tutelar

Art. 40. O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar deverá observar as seguintes diretrizes:

I - Processo de escolha mediante sufrágio universal e direto, pelo voto facultativo e secreto dos eleitores do Município, realizado em data unificada em todo território nacional, a cada quatro anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial, sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;

II - candidatura individual, não sendo admitida a composição de chapas;

III - fiscalização pelo Ministério Público;

IV - a posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.

Art. 41. Os 5 (cinco) candidatos mais votados juntamente com os demais candidatos seguintes considerados suplentes, seguindo-se a ordem decrescente de votação serão nomeados e empossados pelo Chefe do Poder Executivo Municipal.

§1° O mandato será de 4 (quatro) anos, permitida uma recondução, mediante novo processo de escolha.

§2° O conselheiro tutelar titular que tiver exercido o cargo por período consecutivo superior a um mandato e meio não poderá participar do processo de escolha subsequente.

Art. 42. Caberá à Secretaria Municipal de Assistência Social e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, com a antecedência de no mínimo 06 (seis) meses, publicar o edital do processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, observadas as disposições contidas na Lei n° 8.069, de 1990, e na legislação local referente ao Conselho Tutelar.

§1° O edital do processo de escolha deverá prever, entre outras disposições:

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a) o calendário com as datas e os prazos para registro de candidaturas, impugnações, recursos e outras fases do certame, de forma que o processo de escolha se inicie com no mínimo 6 (seis) meses antes do dia estabelecido para o certame;

b) a documentação a ser exigida dos candidatos, como forma de comprovar o preenchimento dos requisitos previstos no art. 133 da Lei n° 8.069, de 1990;

c) as regras de divulgação do processo de escolha, contendo as condutas permitidas e vedadas aos candidatos, com as sanções previstas em lei.

d) criação e composição de comissão especial encarregada de realizar o processo de escolha;

e) formação dos candidatos escolhidos como titulares e dos 5 (cinco) primeiros candidatos suplentes.

§2° O Edital do processo de escolha para o Conselho Tutelar não poderá estabelecer outros requisitos além daqueles exigidos dos candidatos pela Lei n° 8.069, de 1990, e pela legislação local correlata.

Art. 43. A relação de condutas ilícitas e vedadas seguirá o disposto na legislação local com a aplicação de sanções de modo a evitar o abuso do poder político, econômico, religioso, institucional e dos meios de comunicação, dentre outros.

Art. 44. Caberá à Secretaria Municipal de Assistência Social e ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente conferir ampla publicidade ao processo de escolha dos membros para o Conselho Tutelar, mediante publicação de Edital de Convocação do pleito no diário oficial do Município, ou meio equivalente, afixação em locais de amplo acesso ao público, chamadas de rádio, jornais e outros meios de divulgação.

§1° A divulgação do processo de escolha deverá ser acompanhada de informações sobre as atribuições do Conselho Tutelar e sobre a importância da participação de todos os cidadãos, na condição de candidatos ou eleitores, servindo de instrumento de mobilização popular em torno da causa da infância e da juventude, conforme dispõe o art. 88, inciso VII, da Lei nº 8.069, de 1990.

§2° Obter junto à Justiça Eleitoral o empréstimo de urnas eletrônicas, bem como elaborar o software respectivo, observadas as disposições das resoluções aplicáveis expedidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e Tribunal Regional Eleitoral da localidade.

§3° Em caso de impossibilidade de obtenção de urnas eletrônicas, obter junto à Justiça Eleitoral o empréstimo de urnas comuns e o fornecimento das listas de eleitores a fim de que votação seja feita manualmente.

Art. 45. O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar será realizado em locais públicos de fácil acesso, observando os requisitos essenciais de acessibilidade.

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Art. 46. A Secretaria Municipal de Assistência Social e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente deverão delegar a condução do processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar local a uma comissão especial, a qual deverá ser constituída por composição paritária entre conselheiros representantes do governo e da sociedade civil, observados os mesmos impedimentos legais previstos em lei.

§1° A composição, assim como as atribuições da comissão referida no caput deste artigo, devem constar na resolução regulamentadora do processo de escolha.

§2° A comissão especial encarregada de realizar o processo de escolha deverá analisar os pedidos de registro de candidatura e dar ampla publicidade à relação dos pretendentes inscritos, facultando a qualquer cidadão impugnar, no prazo de 5 (cinco) dias contados da publicação, candidatos que não atendam os requisitos exigidos, indicando os elementos probatórios.

§3° Diante da impugnação de candidatos ao Conselho Tutelar em razão do não preenchimento dos requisitos legais ou da prática de condutas ilícitas ou vedadas, cabe à comissão especial eleitoral:

I - notificar os candidatos, concedendo-lhes prazo para apresentação de defesa;

II - realizar reunião para decidir acerca da impugnação da candidatura, podendo, se necessário, ouvir testemunhas eventualmente arroladas, determinar a juntada de documentos e a realização de outras diligências.

§4° Das decisões da comissão especial eleitoral caberá recurso à Secretaria Municipal de Assistência Social e à plenária do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que se reunirá, em caráter extraordinário, para decisão com o máximo de celeridade.

§5° Esgotada a fase recursal, a comissão especial encarregada de realizar o processo de escolha fará publicar a relação dos candidatos habilitados, com cópia ao Ministério Público.

§6° Cabe ainda à comissão especial encarregada de realizar o processo de escolha:

I - realizar reunião destinada a dar conhecimento formal das regras do processo de escolha aos candidatos considerados habilitados, que firmarão compromisso de respeitá-las, sob pena de imposição das sanções previstas nesta Lei;

II - estimular e facilitar o encaminhamento de notificação de fatos que constituam violação das regras de divulgação do processo de escolha por parte dos candidatos ou à sua ordem;

III - analisar e decidir, em primeira instância administrativa, os pedidos de impugnação e outros incidentes ocorridos no dia da votação;

IV - providenciar a confecção das cédulas, conforme modelo a ser aprovado;

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V - escolher e divulgar os locais do processo de escolha;

VI - selecionar, preferencialmente junto aos órgãos públicos municipais, os mesários e escrutinadores, bem como, seus respectivos suplentes, que serão previamente orientados sobre como proceder no dia do processo de escolha, na forma da resolução regulamentadora do pleito;

VII - solicitar, junto ao comando da Brigada Militar ou Guarda Municipal local, a designação de efetivo para garantir a ordem e segurança dos locais do processo de escolha e apuração;

VIII - divulgar, imediatamente após a apuração, o resultado oficial do processo de escolha;

IX - resolver os casos omissos.

§7° O Ministério Público será notificado de todas as reuniões deliberativas a serem realizadas pela comissão especial encarregada de realizar o processo de escolha pela Secretaria Municipal de Assistência Social e pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, bem como de todas as decisões nelas proferidas e de todos os incidentes verificados.

Art. 47. São requisitos para a candidatura a membro do Conselho Tutelar:

I - reconhecida idoneidade moral;

II - idade superior a 21 anos;

III - instrução de ensino médio completo;

IV - residência no município por mais de 5 (cinco) anos, bem como apresentar certidão de antecedentes policiais e alvarás de folha corrida judicial da Comarca;

V - não ter tido suspendido os seus direitos políticos;

VI - quitação com as obrigações militares e eleitorais;

VII - experiência na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;

§ 1° A inscrição preliminar dos candidatos dar-se-á mediante o preenchimento dos requisitos do caput deste artigo.

§ 2° A nominata dos candidatos habilitados será publicada, por edital, pela comissão eleitoral, no prazo de 2 (dois) dias do encerramento da inscrição preliminar, que convocará os inscritos para a realização da prova seletiva.

§ 3° Todos os candidatos ao cargo de Conselheiro Tutelar serão submetidos a prova escrita, de caráter eliminatório, e prova de títulos, de caráter classificatório. Para a prova de

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títulos deverão ser considerados e pontuados: cursos de doutorado, mestrado, pós-graduação e graduação, em qualquer área do conhecimento, e a habilitação para dirigir veículos automotores, categoria B.

Art. 48. A inscrição definitiva será deferida aos candidatos que preencham, além dos requisitos anteriores, concomitantemente, os seguintes:

I – obtenham o mínimo de 50% (cinquenta por cento) de acertos em prova escrita objetiva, realizada sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social, COMDICA e supervisão do Ministério Público;

II – a prova será constituída por 40 (quarenta) questões de conhecimentos do Estatuto da Criança e do Adolescente e Constituição Federal.

III – os candidatos que obtiverem a pontuação mínima exigida na prova escrita objetiva serão convocados para a apresentação dos títulos, no prazo de 5 (cinco) dias.

§1°Aplicadas as provas, a comissão eleitoral fará divulgar os resultados e a nominata dos candidatos que tiveram suas inscrições definitivas admitidas, abrindo-se o prazo de 5 (cinco) dias para pedidos de reconsideração, seguindo-se igual prazo para recurso ao plenário do COMDICA, que decidirá administrativamente em última instância, fazendo publicar a nominata definitiva dos candidatos aptos a participarem do processo de escolha e a data em que serão coletados os votos.

§ 2°Todas as publicações relativas ao processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar será afixada nos locais em que costumeiramente serão afixados os editais do município, sendo facultativa a publicação na imprensa.

§3°Qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos poderá impugnar, fundamentadamente, as candidaturas.

§4°Desde o encerramento da inscrição preliminar os documentos dos candidatos ficarão à disposição, em horário e local previamente designados pela Secretaria Municipal de Assistência Social e pelo COMDICA, para exame pela autoridades que atuam na Justiça da Infância e Juventude da Comarca, eleitores, candidatos e membros do COMDICA.

Art. 49. O processo de escolha para o Conselho Tutelar ocorrerá com o número mínimo de 10 (dez) pretendentes devidamente habilitados.

§1° Caso o número de pretendentes habilitados seja inferior a 10 (dez), a Secretaria Municipal de Assistência Social e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente poderá suspender o trâmite do processo de escolha e reabrir prazo para inscrição de novas candidaturas, sem prejuízo da garantia de posse dos novos conselheiros ao término do mandato em curso.

§2° Em qualquer caso, a Secretaria Municipal de Assistência Social e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente deverá envidar esforços para que o

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número de candidatos seja o maior possível, de modo a ampliar as opções de escolha pelos eleitores e obter um número maior de suplentes.

Art. 50. O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.

§1° O resultado do processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar deverá ser publicado no Diário Oficial do Município, ou meio equivalente.

§2° A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.

§3° Os Conselheiros Tutelares eleitos e que demonstrarem possuir, na data da posse, aptidão física e mental para o cargo, serão empossados em Sessão Solene pelo Chefe do Poder Executivo, Secretaria Municipal de Assistência Social e Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

§4° A aptidão física e mental será comprovada mediante atestado de médico especialista que declare que eventuais limitações existentes não impossibilitam o desenvolvimento da função.

§5° Será tornado sem efeito o provimento do cargo se o Conselheiro Tutelar eleito não tomar posse do cargo na data ordinariamente prevista, admitida a prorrogação justificada, a pedido do interessado pelo prazo de 5 (cinco) dias. A posse poderá dar-se mediante procuração específica.

Art. 51. Ocorrendo vacância ou afastamento de quaisquer dos membros titulares do Conselho Tutelar, o Poder Executivo Municipal convocará imediatamente o suplente para o preenchimento da vaga.

§1° Os Conselheiros Tutelares suplentes serão convocados de acordo com a ordem de votação e receberão remuneração proporcional aos dias que atuarem no órgão, sem prejuízo da remuneração dos titulares quando em gozo de licenças e férias regulamentares.

§2° No caso da inexistência de suplentes, caberá à Secretaria Muncipal de Assistência Social e ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente realizarem processo de escolha suplementar para o preenchimento das vagas.

§3° A homologação da candidatura de membros do Conselho Tutelar a cargos eletivos deverá implicar em afastamento do mandato, por incompatibilidade com o exercício da função.

SEÇÃO III

Da Propaganda Eleitoral

Art. 52. A propaganda eleitoral será permitida, nos moldes da legislação eleitoral vigente.

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§ 1°. É vedado o abuso do poder econômico e do poder político, e todas as despesas com propaganda deverão ter seus custos documentalmente comprovados junto à Secretaria Muncipal de Assistência Social e COMDICA, na forma contábil - balancete de receita e despesa.

§ 2°. Toda a propaganda eleitoral será realizada sob responsabilidade dos candidatos, imputando-lhes solidariamente os excessos praticados por seus simpatizantes.

§ 3°. Nos cinco dias anteriores à realização da eleição não será permitida a divulgação, por qualquer meio, de resultados de pesquisas ou testes pré-eleitorais.

§ 4°. É expressamente vedado o transporte gratuito de eleitores ou quaisquer manifestações que objetivem viciar a livre manifestação dos eleitores.

§ 5°. Constatada a infração aos dispositivos acima, a Secretaria Muncipal de Assistência Social e o COMDICA, avaliando os fatos poderão, de plano cassar a candidatura do faltoso ou, na hipótese de já ter sido eleito, sobrestar sua posse, iniciando-se o processo para cassação do mandato, no qual serão observados o rito e os prazos do processo administrativo disciplinar.

SEÇÃO IV

Do Funcionamento do Conselho Tutelar

Art. 53. O Conselho Tutelar funcionará em local de fácil acesso, preferencialmente já

constituído como referência de atendimento à população.

§1° A sede do Conselho Tutelar deverá oferecer espaço físico e instalações que permitam o adequado desempenho das atribuições e competências dos conselheiros e o acolhimento digno ao público, contendo, no mínimo:

I - placa indicativa da sede do Conselho;

II - sala reservada para o atendimento e recepção ao público;

III - sala reservada para o atendimento dos casos;

IV - sala reservada para os serviços administrativos; e

V - sala reservada para os Conselheiros Tutelares.

§2° O número de salas deverá atender a demanda, de modo a possibilitar atendimentos

simultâneos, evitando prejuízos à imagem e à intimidade das crianças e adolescentes atendidos.

Art. 54. Observados os parâmetros e normas definidas pela Lei nº 8.069, de1990 e pela legislação local, compete ao Conselho Tutelar a elaboração e aprovação do seu Regimento.

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§1° A proposta do Regimento Interno deverá ser encaminhada ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para apreciação, sendo lhes facultado, o envio de propostas de alteração.

§2° Uma vez aprovado, o Regimento Interno do Conselho Tutelar será publicado, afixado em local visível na sede do órgão e encaminhado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público.

Art. 55. O Conselho Tutelar funcionará da seguinte forma:

§ 1°. De segunda à sexta-feira, das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30 horas, em sua sede, com no mínimo, 03 (três) Conselheiros.

§ 2°. Fora destes horários o atendimento será assegurado através de plantões, desde que garantido o acesso da população aos serviços e conhecidos os locais e formas de atendimento, devendo as escalas serem organizadas com a aprovação da Secretaria Muncipal de Assistência Social e do COMDICA, que poderão propor as modificações que se façam necessárias ao bom desempenho das atribuições inerentes ao órgão.

§ 3°. Semanalmente reunir-se-á o colegiado, pelo menos 1 (uma) vez, em sessões com 5 (cinco) Conselheiros para avaliação e ratificação ou não do atendimento individualizado que tenha sido prestado pelos Conselheiros.

Art. 56. Todos os membros do Conselho Tutelar serão submetidos à mesma carga horária semanal de trabalho, bem como aos mesmos períodos de plantão ou sobreaviso, sendo vedado qualquer tratamento desigual.

§1°. O disposto no caput não impede a divisão de tarefas entre os conselheiros, para fins de realização de diligências, atendimento descentralizado em comunidades distantes da sede, fiscalização de entidades, programas e outras atividades externas, sem prejuízo do caráter colegiado das decisões tomadas pelo Conselho.

§2° O Conselho Tutelar elegerá o Coordenador, Vice-Coordenador e o 1º e 2º Secretários do Conselho Tutelar, com mandato de um ano, serão escolhidos por seus pares, logo na primeira Seção.

§3° Na falta ou impedimento do Coordenador, assumirá a coordenação dos trabalhos, sucessivamente, seu vice ou qualquer dos Conselheiros presentes.

Art. 57. As decisões do Conselho Tutelar serão tomadas por maioria dos conselheiros presentes e na forma do seu Regimento Interno.

§1° As medidas de caráter emergencial, tomadas durante os plantões, serão comunicadas ao colegiado no primeiro dia útil subsequente, para ratificação ou retificação.

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§2° As decisões serão motivadas e comunicadas formalmente aos interessados, mediante documento escrito, no prazo máximo de quarenta e oito horas, sem prejuízo de seu registro em arquivo próprio, na sede do Conselho.

§3° Se não localizado, o interessado será intimado através de publicação do extrato da decisão na sede do Conselho Tutelar, admitindo-se outras formas de publicação, de acordo com o disposto na legislação local.

§4º É garantido ao Ministério Público e à autoridade judiciária o acesso irrestrito aos registros do Conselho Tutelar, resguardado o sigilo perante terceiros.

§5º Os demais interessados ou procuradores legalmente constituídos terão acesso às atas das sessões deliberativas e registros do Conselho Tutelar que lhes digam respeito, ressalvadas as informações que coloquem em risco a imagem ou a integridade física ou psíquica da criança ou adolescente, bem como a segurança de terceiros.

§6º Para os efeitos deste artigo, são considerados interessados os pais ou responsável legal da criança ou adolescente atendido, bem como os destinatários das medidas aplicadas e das requisições de serviço efetuadas.

Art. 58. É vedado ao Conselho Tutelar executar serviços e programas de atendimento, os quais devem ser requisitados aos órgãos encarregados da execução de políticas públicas.

Art. 59. Cabe ao Poder Executivo Municipal fornecer ao Conselho Tutelar os meios necessários para sistematização de informações relativas às demandas e deficiências na estrutura de atendimento à população de crianças e adolescentes, tendo como base o Sistema de Informação para a Infância e Adolescência – SIPIA, ou sistema equivalente.

§1º O Conselho Tutelar encaminhará relatório trimestral à Secretaria Municipal de Assistência Social e ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente, ao Ministério Público e ao juiz da Vara da Infância e da Juventude, contendo a síntese dos dados referentes ao exercício de suas atribuições, bem como as demandas e deficiências na implementação das políticas públicas, de modo que sejam definidas estratégias e deliberadas providências necessárias para solucionar os problemas existentes.

§2º Cabe aos órgãos públicos responsáveis pelo atendimento de crianças e adolescentes com atuação no município, auxiliar o Conselho Tutelar na coleta de dados e no encaminhamento das informações relativas às demandas e deficiências das políticas públicas à Secretaria Muncipal de Assistência Social e ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

§3º Cabe a Secretaria Municipal de Assistência Social juntamente com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente a definição do plano de implantação do SIPIA para o Conselho Tutelar.

SEÇÃO V

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Da Autonomia do Conselho Tutelar e sua Articulação com os Demais Órgãos na Garantiados Direitos da Criança e do Adolescente

Art. 60. A autoridade do Conselho Tutelar para tomar providências e aplicar medidas de proteção, e/ou pertinentes aos pais e responsáveis, decorrentes da lei, sendo efetivada em nome da sociedade para que cesse a ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 61. O Conselho Tutelar exercerá exclusivamente as atribuições previstas na Lei nº 8.069, de 1990, não podendo ser criadas novas atribuições por ato de quaisquer outras autoridades do Poder Judiciário, Ministério Público, do Poder Legislativo ou do Poder Executivo municipal, estadual ou do Distrito Federal.

Art. 62. A atuação do Conselho Tutelar deve ser voltada à solução efetiva e definitiva dos casos atendidos, com o objetivo de desjudicializar, desburocratizar e agilizar o atendimento crianças e dos adolescentes, ressalvado as disposições previstas na Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990.

Art. 63. O caráter resolutivo da intervenção do Conselho Tutelar não impede que o Poder Judiciário seja informado das providências tomadas ou acionado, sempre que necessário.

Art. 64. As decisões do Conselho Tutelar proferidas no âmbito de suas atribuições e obedecidas as formalidades legais, têm eficácia plena e são passíveis de execução imediata.

§1° Cabe ao destinatário da decisão, em caso de discordância, ou a qualquer interessado requerer ao Poder Judiciário sua revisão, na forma prevista pelo art. 137, da Lei n° 8.069, de1990.

§2° Enquanto não suspensa ou revista pelo Poder Judiciário, a decisão proferida pelo Conselho Tutelar deve ser imediata e integralmente cumprida pelo seu destinatário, sob pena da prática da infração administrativa prevista no art. 249, da Lei n° 8.069, de 1990.

Art. 65. É vedado o exercício das atribuições inerentes ao Conselho Tutelar por pessoas estranhas ao órgão ou que não tenham sido escolhidas pela comunidade no processo democrático a que alude a Seção II desta Lei, sendo nulos os atos por elas praticados.

Art. 66. O Conselho Tutelar articulará ações para o estrito cumprimento de suas atribuições de modo a agilizar o atendimento junto aos órgãos governamentais e não governamentais encarregados da execução das políticas de atendimento de crianças, adolescentes e suas respectivas famílias.

Parágrafo único. Articulação similar será também efetuada junto às Polícias Civil e Militar, Ministério Público, Judiciário e Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, de modo que seu acionamento seja efetuado com o máximo de urgência, sempre que necessário.

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Art. 67. No exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar não se subordina ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, com o qual deve manter uma relação de parceria, essencial ao trabalho conjunto dessas duas instâncias de promoção, proteção, defesa e garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.

§1° Na hipótese de atentado à autonomia do Conselho Tutelar, deverá o órgão noticiar às autoridades responsáveis para apuração da conduta do agente violador para conhecimento e adoção das medidas cabíveis.

§2° Os Conselhos Estadual, Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente também serão comunicados na hipótese de atentado à autonomia do Conselho Tutelar, para acompanhar a apuração dos fatos.

Art. 68. O exercício da autonomia do Conselho Tutelar não isenta seu membro de responder pelas obrigações funcionais e administrativas junto ao órgão ao qual está vinculado, conforme previsão legal.

SEÇÃO VI

Dos Princípios e Cautelas a Serem Observados no Atendimento pelo Conselho Tutelar

Art. 69. No exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar deverá observar as normas e princípios contidos na Constituição, na Lei n° 8.069, de 1990, na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, promulgada pelo Decreto n° 99.710, de 21 de novembro de 1990, bem como nas Resoluções do CONANDA, especialmente:

I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos;

II - proteção integral e prioritária dos direitos da criança e do adolescente;

III - responsabilidade da família, da comunidade da sociedade em geral, e do Poder Público pela plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e adolescentes;

IV - municipalização da política de atendimento a crianças e adolescentes;

V - respeito à intimidade, e à imagem da criança e do adolescente;

VI - intervenção precoce, logo que a situação de perigo seja conhecida;

VII - intervenção minima das autoridades e instituições na promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente;

VIII - proporcionalidade e atualidade da intervenção tutelar;

IX - intervenção tutelar que incentive a responsabilidade parental com a criança e o adolescente;

X - prevalência das medidas que mantenham ou reintegrem a criança e o adolescente na sua familia natural ou extensa ou, se isto não for possivel, em familia substituta;

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XI - obrigatoriedade da informação à criança e ao adolescente, respeitada sua idade e capacidade de compreensão, assim como aos seus pais ou responsável, acerca dos seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como se processa;

XII - oitiva obrigatória e participação da criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, responsável ou de pessoa por si indicada, nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, de modo que sua opinião seja devidamente considerada pelo Conselho Tutelar.

Art. 70. No caso de atendimento de crianças e adolescentes de comunidades remanescentes de quilombo e outras comunidades tradicionais, o Conselho Tutelar deverá:

I - submeter o caso à análise de organizações sociais reconhecidas por essas comunidades, bem como os representantes de órgãos públicos especializados, quando couber;

II - considerar e respeitar, na aplicação das medidas de proteção, a identidade sociocultural, costumes, tradições e lideranças, bem como suas instituições, desde que não sejam incompativeis com os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição e pela Lei n° 8.069, de 1990.

Art. 71. No exercicio da atribuição prevista no art. 95, da Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, constatando a existência de irregularidade na entidade fiscalizada ou no programa de atendimento executado, o Conselho Tutelar comunicará o fato à Secretaria Muncipal de Assistência Social e ao Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e ao Ministério Público, na forma do art. 191 da mesma lei.

Art. 72. Para o exercicio de suas atribuições, o membro do Conselho Tutelar poderá ingressar e transitar livremente:

I - nas salas de sessões do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;

II - nas salas e dependências das delegacias e demais órgãos de segurança pública;

III - nas entidades de atendimento nas quais se encontrem crianças e adolescentes;

IV - em qualquer recinto público ou privado no qual se encontrem crianças e adolescentes, ressalvada a garantia constitucional de inviolabilidade de domicilio.

Parágrafo único. Sempre que necessário o integrante do Conselho Tutelar poderá requisitar o auxilio dos órgãos locais de segurança pública, observados os principios constitucionais da proteção integral e da prioridade absoluta à criança e ao adolescente.

Art. 73. Em qualquer caso, deverá ser preservada a identidade da criança ou adolescente atendido pelo Conselho Tutelar.

§1° O membro do Conselho Tutelar poderá se abster de pronunciar publicamente acerca dos casos atendidos pelo órgão.

Page 28:  · Web viewParágrafo único: O COMDICA poderá atuar, excepcionalmente, no planejamento e no apoio a medidas socioeducativas em meio fechado, inclusive em nível de internação,

§2° O membro do Conselho Tutelar será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar.

§3° A responsabilidade pelo uso e divulgação indevidos de informações referentes ao atendimento de crianças e adolescentes se estende aos funcionários e auxiliares a disposição do Conselho Tutelar.

Art. 74. As requisições efetuadas pelo Conselho Tutelar às autoridades, órgãos e entidades da Administração Pública direta, indireta ou fundacional, dos Poderes Legislativo e Executivo Municipal serão cumpridas de forma gratuita e prioritária, respeitando-se os principios da razoabilidade e legalidade.

SEÇÃO VII

Da Função, Qualificação e Direitos dos Membros do Conselho Tutelar

Art. 75. A função de membro do Conselho Tutelar exige dedicação exclusiva, vedado o exercício concomitante de qualquer outra atividade pública ou privada.

Art. 76. Os Conselheiros Tutelares, no exercício de suas funções, terão direito a uma remuneração mensal, o pagamento e os reajustes serão efetivados, nas mesmas datas, bases e condições dos demais servidores municipais locais.

Parágrafo Único: Em deslocamentos para participação em cursos, seminários ou estudos de aperfeiçoamento, devidamente autorizados pelo Poder Executivo, ouvida a Secretaria Muncipal de Assistência Social e o COMDICA, que implique despesas com transporte, hospedagem ou alimentação, o Conselheiro Tutelar terá direito a diárias ou ressarcimento das despesas que comprovadamente efetuar, observado o Estatuto dos Serviços Públicos Municipais.

SEÇÃO VIII

Dos Deveres e Vedações dos Membros do Conselho Tutelar

Art. 77. Sem prejuízo das disposições específicas contidas nesta lei, são deveres dos membros do Conselho Tutelar:

I - manter conduta pública e particular ilibada;

II - zelar pelo prestígio da instituição;

III - indicar os fundamentos de seus pronunciamentos administrativos, submetendo sua manifestação à deliberação do colegiado;

IV - obedecer aos prazos regimentais para suas manifestações e exercício das demais atribuições;

Page 29:  · Web viewParágrafo único: O COMDICA poderá atuar, excepcionalmente, no planejamento e no apoio a medidas socioeducativas em meio fechado, inclusive em nível de internação,

V - comparecer às sessões deliberativas do Conselho Tutelar e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, conforme dispuser o Regimento Interno;

VI - desempenhar suas funções com zelo, presteza e dedicação;

VII - declarar-se suspeitos ou impedidos, nos termos desta Resolução;

VIII - adotar, nos limites de suas atribuições, as medidas cabíveis em face de irregularidade no atendimento a crianças, adolescentes e famílias;

IX - tratar com urbanidade os interessados, testemunhas, funcionários e auxiliares do Conselho Tutelar e dos demais integrantes de órgãos de defesa dos direitos da criança e do adolescente;

X - residir no Município;

XI - prestar as informações solicitadas pelas autoridades públicas e pelas pessoas que tenham legítimo interesse ou seus procuradores legalmente constituídos;

XII - identificar-se em suas manifestações funcionais;

XIII - atender aos interessados, a qualquer momento, nos casos urgentes.

§ 1°. Em qualquer caso, a atuação do membro do Conselho Tutelar será voltada à defesa dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes, cabendo-lhe, com o apoio do colegiado, tomar as medidas necessárias à proteção integral que lhes é devida.

§ 2°. São impedidos de servir no mesmo Conselho Tutelar os cônjuges, companheiros, mesmo que em união homoafetiva, ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive. Estende-se o impedimento do caput ao conselheiro tutelar em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude da mesma Comarca.

Art. 78. É vedado aos conselheiros tutelares:

I - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, vantagem pessoal de qualquer natureza;

II - exercer atividade no horário fixado na lei municipal para o funcionamento do Conselho Tutelar;

III - utilizar-se do Conselho Tutelar para o exercício de propaganda e atividade político-partidária;

IV - ausentar-se da sede do Conselho Tutelar durante o expediente, salvo quando em diligências ou por necessidade do serviço;

V - opor resistência injustificada ao andamento do serviço;

Page 30:  · Web viewParágrafo único: O COMDICA poderá atuar, excepcionalmente, no planejamento e no apoio a medidas socioeducativas em meio fechado, inclusive em nível de internação,

VI - delegar a pessoa que não seja membro do Conselho Tutelar o desempenho da atribuição que seja de sua responsabilidade;

VII - valer-se da função para lograr proveito pessoal ou de outrem;

VIII - receber comissões, presentes ou vantagens de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;

IX - proceder de forma desidiosa;

X - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício da função e com o horário de trabalho;

XI - exceder no exercício da função, abusando de suas atribuições específicas nos termos previstos na legislação vigente;

XII - deixar de submeter ao Colegiado as decisões individuais referentes a aplicação de medidas protetivas a crianças, adolescentes, pais ou responsáveis previstas nos arts. 101 e 129 da Lei n° 8.069, de 1990;

XIII - descumprir os deveres funcionais previstos em lei;

XIV – utilizar recursos humanos ou materiais públicos em serviços ou atividades particulares.

Art. 79. O membro do Conselho Tutelar será declarado impedido de analisar o caso quando:

I - a situação atendida envolver cônjuge, companheiro, ou parentes em linha reta colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive;

II - for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer dos interessados;

III - algum dos interessados for credor ou devedor do membro do Conselho Tutelar, de seu cônjuge, companheiro, ainda que em união homoafetiva, ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive;

IV - tiver interesse na solução do caso em favor de um dos interessados.

§1° O membro do Conselho Tutelar também poderá declarar suspeição por motivo de foro íntimo.

§2° O interessado poderá requerer ao Colegiado o afastamento do membro do Conselho Tutelar que considere impedido, nas hipóteses desse artigo.

SEÇÃO IX

Do Processo de Cassação,Vacância e Convocação dos Suplentes

Art. 80. Dentre outras causas estabelecidas na legislação municipal ou do Distrito Federal, a vacância da função de membro do Conselho Tutelar decorrerá de:

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I - renúncia;

II - posse e exercício em outro cargo, emprego ou função pública ou privada;

III - aplicação de sanção administrativa dedestituição da função;

IV - falecimento;

V - condenação por sentença transitada em julgado pela prática de crime que comprometa a sua idoneidade moral.

Art. 81. Constituem penalidades administrativas passíveis de serem aplicadas aos membros do Conselho Tutelar, dentre outras a serem previstas na legislação local:

I - advertência;

II - suspensão do exercício da função;

III - destituição do mandato.

Parágrafo Único. Quaisquer das penalidades aplicadas deverão ser precedidas de parecer do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Art. 82. Na aplicação das penalidades administrativas, deverão ser consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a sociedade ou serviço público, os antecedentes no exercício da função, assim como as circunstâncias agravantes e atenuantes previstas no Código Penal.

Art. 83. As penalidades de suspensão do exercício da função e de destituição do mandato poderão ser aplicadas ao Conselheiro Tutelar nos casos de descumprimento de suas atribuições, prática de crimes que comprometam sua idoneidade moral ou conduta incompatível com a confiança outorgada pela comunidade.

Parágrafo único. De acordo com a gravidade da conduta ou para garantia da instrução do procedimento disciplinar, poderá ser determinado o afastamento liminar do Conselheiro Tutelar até a conclusão da investigação.

Art. 84. Aplica-se aos membros do Conselho Tutelar, no que couber, o regime disciplinar correlato ao funcionalismo público municipal.

§1° As situações de afastamento ou cassação de mandato de Conselheiro Tutelar deverão ser precedidas de sindicância e processo administrativo, assegurando-se a imparcialidade dos responsáveis pela apuração, e o direito ao contraditório e à ampla defesa.

§2° Na omissão da legislação específica relativa ao Conselho Tutelar, a apuração das infrações éticas e disciplinares de seus integrantes utilizará como parâmetro o disposto na legislação local aplicável aos demais servidores públicos.

Page 32:  · Web viewParágrafo único: O COMDICA poderá atuar, excepcionalmente, no planejamento e no apoio a medidas socioeducativas em meio fechado, inclusive em nível de internação,

§3° O processo administrativo para apuração das infrações éticas e disciplinares cometidas por membros do Conselho Tutelar deverá ser conduzido, no ínterim do COMDICA, por membros vinculados ao serviço público municipal.

Art. 85. Havendo indícios da prática de crime por parte do Conselheiro Tutelar, o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente ou o órgão responsável pela apuração da infração administrativa, comunicará o fato ao Ministério Público para adoção das medidas legais.

Art. 86. Será exonerado de oficio o Conselheiro Tutelar que:

I - Não entrar em exercício, no prazo de 5 (cinco) dias de sua posse;

II - Incorrer nos impedimentos do artigo 140, da Lei 8.069/90.

III - Findar o mandato para o qual foi eleito.

§ 1º. O ato de exoneração do Conselheiro Tutelar será assinado pelo Prefeito Municipal, por resolução do COMDICA e/ou a pedido do interessado.

§ 2º. Qualquer recurso que venha a ser interposto não terá efeito suspensivo.

Art. 87. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

I - condenação pela prática de crime;

II - abandono de cargo;

III- inassiduidade habitual;

IV - improbidade administrativa dolosa;

V- incontinência pública e conduta incompatível com o cargo;

VI- reincidência na prática de infrações, apesar de aplicação de outras penalidades.

Art. 88. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de quinze dias consecutivos.

Art. 89. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.

Art. 90. A ação disciplinar prescreverá:

I - em 2 (dois) anos, quanto às infrações puníveis com demissão;

II - em um ano, quanto à suspensão;

III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.

§ 1°. O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.

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§ 2°. A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.

§ 3°. Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

Art. 91. Caberá ao COMDICA, formular as representações e adotar todas as providências para a observância das vedações e cumprimento dos deveres inerentes aos integrantes do Conselho Tutelar.

§ 1º. Para a apuração de fatos que possam ensejar medidas disciplinares ou exoneração de Conselheiros Tutelares, o COMDICA poderá efetuar averiguações preliminares ou instaurar sindicâncias, uma vez comprovados os fatos.

§ 2º. O COMDICA representará, sempre que entender oportuno, ao Ministério Público, para as providências que não sejam de sua própria competência.

Art. 92. O Conselho Tutelar funcionará sempre e com no mínimo os 05 (cinco) membros. Convocar-se-ão os suplentes de Conselheiros Tutelares nos seguintes casos:

I – Durante as férias do titular;

II – Quando as licenças, a que fazem jus, os titulares excedem 15 (quinze) dias;

III – Na hipótese de afastamento não remunerado previsto na Lei;

IV – No caso de renúncia do Conselheiro titular;

§ 1º Findado o período de convocação do suplente, com base nas hipóteses previstas nos incisos acima, o Conselheiro titular será imediatamente reconduzido ao Conselho respectivo.

§ 2º O suplente de Conselheiro Tutelar perceberá a remuneração e os direitos decorrentes do exercício do cargo, quando substituir o titular do Conselho, nas hipóteses previstas nos incisos deste artigo.

§ 3º A convocação do suplente obedecerá estritamente à ordem resultante da eleição.

§ 4º O COMDICA comunicará ao Poder Executivo Municipal, imediatamente, os casos de vacância e afastamento do titular, independente do motivo, por prazo igual ou superior a trinta (30) dias.

§ 5º A Secretaria Muncipal de Assistência Social juntamente com o COMDICA, a partir do recebimento formal do comunicado, convocarão no prazo de 48 horas, o suplente mais votado para assumir as funções do conselheiro tutelar.

TÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

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Art. 93. Qualquer cidadão, bem como o Conselho Tutelar e o COMDICA, são partes legítimas para requerer aos Poderes Executivo e Legislativo, assim como ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, a apuração do descumprimento das normas de garantia dos direitos das crianças e adolescentes, especialmente as contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente e nesta lei, bem como requerer a implementação desses atos normativos por meio de medidas administrativas e judiciais.

Art. 94. As deliberações do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA, no seu âmbito de competência, são vinculantes e obrigatórias para a Administração Pública, respeitando-se os princípios constitucionais da prevenção, prioridade absoluta, razoabilidade e legalidade.

Art. 95. A Secretaria Muncipal de Assistência Social e o COMDICA, em conjunto com o Conselho Tutelar, deverá promover ampla e permanente mobilização da sociedade acerca da importância e do papel do Conselho Tutelar.

Art. 96. Aplicam-se subsidiariamente à presente lei as disposições constantes na Lei Municipal de Diretrizes Orçamentárias, no Regime Jurídico Único do Servidor Público do Município de Santa Bárbara do Sul.

Art. 97. As despesas decorrentes da presente lei correrão às expensas das dotações orçamentárias próprias.

Art. 98. Fica por esta lei ratificada a elaboração do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo.

Art. 99. O COMDICA e o Conselho Tutelar atualizarão seu Regimento Interno, no prazo de 90 (noventa) dias, contados da entrada em vigor da presente lei.

Art. 100. Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei Municipal N.º 1.194/91 alterada pela Lei N.º 1.840/98, 2.133/01, 2.535/2005, 2.839/2006, 3.737/2011, 4.018/2013, 4.314/2014 e 4.346/2015.

Art. 101. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Santa Bárbara do Sul, 25 de setembro de 2018

Mario Roberto Utzig Filho

Prefeito Municipal

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