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(...) E a glória na guerra então garantiu Hrothgar. E o seu sucesso se seguiu da obediência dos homens, seus amigos de boa vontade, até vir varões jovens – um bando. Então, ele gerou, em sua cabeça, a idéia de construir um salão de hidromel muito suntuoso – igual a ele ninguém jamais veria. (...) As ordens dadas (eu ouvi dizer) para essa construção, por toda a terra, mundo-médio, (lar humano) migraram. Rápido, veio o reconhecimento: aquele salão era superior. Hrothgar chamou-o Heorot, o Salão das Hastes, pelo poder que lá havia em suas palavras, que eram soberanas. (versos 63-81). (...) por doze invernos tanta dor teve, pois, o povo Danes, então passando por essa magna mágoa. Mesmo em outros tempos, outras gerações ouviram (a prole do povo) patentes cantos sobre a guerra que Grendel contra Hrothgar travou. Atos hostis, por anos (tantos) a perdurar – prélio sem paz. Dos Danos, riquezas e trégua recusou Grendel. Sábio algum esperava, nos salões, por diferente decisão daquele monstro márcio – o qual, à noite; matava: (...) Assim, êmulo de humanos, estava o perverso monstro a perpetrar seu mal e sua afronta, habitando Heorot nas negras noites. Não tocava o trono assento-dádiva: Deus não deixava-o. (versos 145-156; 163-167) (...) Fiava o herói dos Getas na sua força grande – graça divina. Então, da gálea e, depois, da cota férrea despiu-se. A espada ornada (a melhor) entregou ao seu criado, a ordenar-lhe que cuidasse dos seus bélicos artefatos. Beowulf, ao deitar-se no leito, depôs verbos jactava-se no leito o herói: “Eu, cá, jamais digo que sou, em poder de pugna, sup’rior a Grendel – nem em façanhas de guerra. Não venho para deixa-lo sem vida com esta espada minha, embora isso eu pudesse. Posto, pois, que não possui prática de armas alguma, não há de atacar-me, nem de me perfurar o pavês, mesmo que possa ser, assim, tão poderoso o terror que ele traz. Se não temer ele lutar desarmado, sem lâmina enfrentar-nos-emos . Que escolha Deus sábio(Senhor sacro) o sobrevivente. (versos 567-687) (...) A sono solto dormiam. Só um pelo noturno repouso pagava como ocorria, quando ocupou Grendel o salão de ouro, até o fim fazer-se- lhe (mal vindo): após pecados, a morte; Viu-se (era sabido) que um vingativo ser, após o prélio, sobrevivera: tivera que habitar temíveis águas (fêmea guerreira nas frias ribeiras), quando, co´a espada, ao seu único irmão Caim matara – parente de mesmo pai – e, marcado pela morte, do humano júbilo fugira – fora para o ermo. (...) Humilhado, o algoz dos homens a umbria da morte procurara, pois, privado de júbilo. De desgraças jornada

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Page 1: file · Web viewE a glória na guerra então garantiu. Hrothgar. E o seu sucesso se seguiu. da obediência dos homens, seus amigos. de boa vontade, até vir varões

(...)E a glória na guerra então garantiuHrothgar. E o seu sucesso se seguiuda obediência dos homens, seus amigosde boa vontade, até vir varõesjovens – um bando. Então, ele gerou,em sua cabeça, a idéia de construirum salão de hidromel muito suntuoso –igual a ele ninguém jamais veria. (...)As ordens dadas (eu ouvi dizer)para essa construção, por toda a terra,mundo-médio, (lar humano) migraram.Rápido, veio o reconhecimento:aquele salão era superior.Hrothgar chamou-o Heorot, o Salãodas Hastes, pelo poder que lá haviaem suas palavras, que eram soberanas. (versos 63-81).

(...)por doze invernos tanta dor teve,pois, o povo Danes, então passandopor essa magna mágoa. Mesmo em outrostempos, outras gerações ouviram(a prole do povo) patentes cantossobre a guerra que Grendel contra Hrothgartravou. Atos hostis, por anos (tantos)a perdurar – prélio sem paz. Dos Danos,riquezas e trégua recusou Grendel.Sábio algum esperava, nos salões,por diferente decisão daquelemonstro márcio – o qual, à noite; matava:(...)Assim, êmulo de humanos, estavao perverso monstro a perpetrarseu mal e sua afronta, habitando Heorotnas negras noites. Não tocava o trono –assento-dádiva: Deus não deixava-o. (versos 145-156; 163-167)

(...)Fiava o herói dos Getas na sua forçagrande – graça divina. Então, da gáleae, depois, da cota férrea despiu-se.A espada ornada (a melhor) entregouao seu criado, a ordenar-lhe que cuidassedos seus bélicos artefatos. Beowulf,ao deitar-se no leito, depôs verbos –jactava-se no leito o herói: “Eu, cá, jamais digoque sou, em poder de pugna, sup’riora Grendel – nem em façanhas de guerra.Não venho para deixa-lo sem vidacom esta espada minha, embora isso eupudesse. Posto, pois, que não possui práticade armas alguma, não há de atacar-me,

nem de me perfurar o pavês, mesmoque possa ser, assim, tão poderosoo terror que ele traz. Se não temerele lutar desarmado, sem lâminaenfrentar-nos-emos . Que escolha Deussábio(Senhor sacro) o sobrevivente. (versos 567-687)

(...)A sono solto dormiam. Só umpelo noturno repouso pagavacomo ocorria, quando ocupou Grendelo salão de ouro, até o fim fazer-se-lhe(mal vindo): após pecados, a morte;Viu-se (era sabido) que um vingativoser, após o prélio, sobrevivera:tivera que habitar temíveis águas(fêmea guerreira nas frias ribeiras),quando, co´a espada, ao seu único irmão Caimmatara – parente de mesmo pai –e, marcado pela morte, do humanojúbilo fugira – fora para o ermo.(...)Humilhado, o algoz dos homens a umbriada morte procurara, pois, privado dejúbilo. De desgraças jornadaa mãe fez para a desforra de seu filho –lúgubre no âmago, de vingança ávida.Foi a Heorot. Dormiam Danos de Anéis.Adentrou ela o salão. Mais ataquesfez ela, então: desforra ao filho seu. (versos 1251-1265; 1275-1282)

(...)Ou fama, com Hrunting, hei de fazer,ou ela há de me levar à morte” O lordedos Getas, depois de (com tal denodo)expressar aqueles verbos, então,não haveria, pois, de réplica aguardaralguma. E a água recebeu, agitada,ao guerreiro. Algum tempo ele gastoupara discernir o fundo. Descobriu,logo, o estranho ser, ao encontro do qualtal homem descia. A devoradora(ávida) há meio século nas águasEstava. Golpe de garra, Ao guerreiroO monstro tocou, mas não fez mal: malhade prélio (elos em laços) protegia-lheo corpo – cota contra seu cruel golpede odiosos dedos. Desceu, a detê-lop´la malha de anéis, a loba do marrumo ao lar seu, no fundo.(...)Ele se deu conta de que estavanum adverso salão sem água – seuas enchentes evitava. Então,reparou luz de fogo, lume rútilo.

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O bravo foi bispar aquela fêmea-Mulher do mar. Deu, co´a espada marcial,Golpe. Cantou, gládio de guerra, um cantoávido: lâmina de anéis, eis a armana cabeça do ser cravada apósdeixar a mão do herói. Mas, divisouo ser que, lâmina de luta, o gládionão lhe ameaçava a vida. A arma falhou,embora fendesse os elmos e as cotasdaqueles em batalhas, destinavam-sea morrer. Pela primeiravez, preciosa peça, a espada no prélionão fizera lá valer sua fama. (versos 1291-1505; 1512-1528)

(...)Vira o varão u´a espada de vitórias,entre as armas – lâmina artificiadapor gigantes. Gume rígido, glóriade lutadores. Excelente e esplêndida,era a melhor espada, e a maior. Obrade gigantes, nunca os homens, nos jogosde gládios, conseguiam combater co´ela.De Scyld esse herói chegara-se, então,(irado estava – letal e implacável)à arma p´lo cinto que lhe cingia o cabo anelado. Aflito e irado, atacara:co´a ponta atingira, pois, o pescoçodo monstro, quando os anéis se quebraram(de osso). Cravara-lhe o gume no corpofadado a falecer. Ao chão, fora ela.Espada ensangüentada. Ele, feliz. (versos 1557-1573)

(...)Ambos, por direito ancestral, alitinham, naturalmente, terras (mais,porém, Hygelac possuía, por terposição superior). Porém, Beowulfteria o reino, co´os tombos (na guerrade gládios) de Hygelac e de Heardred(sobrinho de Hereric, lá sofrendo –Rasgado o escudo – espada de heróis:Danos, atrozes, em triunfal ataque).Beowulf, protetor do povo, tão bemReinaria sua terra natal (reisábio), por cinqüenta invernos. Sob ´scuranoite, começaria um dragão, contudo,(de ouro guardião, num outeiro-sepulcro,alta pedra) a ataca-los: via haveria –lá dentro, dos homens desconhecia –de achar um ladrão tão astuto, então,que (o dragão a dormir) despojaria-odo cintilante ouro pagão. Sob fúria,ao acordar, ele atacaria o arrebalde. (versos 2200-2220)

(...)Verbos ditos. Veio o dragão malévolo –colérico. De chispas coruscante,o monstro, outra vez, contra os seus odiosos inimigos investiu. Incendiou,´té o cabo, o broquel com flamas em fluxo,quais vagas. A cota não conseguiuguardar o jovem lutador de guerra.Mas, pele jogou sob o pavês do amigo,com denodo, depois que o seu ardera.Então, o marcial rei (na mente, glória,outra vez), co´o gládio de guerra, golpedesferiu (o impelia a força da ira)no crânio do ser. E quebrou-se Nægling:gorou o antigo gládio gris de beowulf –pelas feridas que fizera era elaenrijada. O fado não fez o férreogládio o auxiliar na guerra. Fortea mão é desse que maneou espadaspara além da dureza delas – assimouvi. Mas bem não estava o bravo homem.Rumo a ele o dragão de fogo ropeu,(p´la terceira vez, quando teve chance)Terrível, quente e cruel: luta intentavaCo´afiadas presas prendeu-lhe o pescoço.E Beowulf de sangue banhado estava:O licor da vida de lá vertia um jorro. (versos 2668-2693)

(...)O rei, pois, aos sentidos retornou.Então, brandiu ele sua espada afiada –gume de guerra que estava guardadosob seu arnês. Co´ela atravessandoo dragão, o herói, que era defensordos Getas ao meio cortou-o – monstro.Fizeram o hoste ter derrota. Foio valor que levou dele a vida. Ambosaniquilaram-no – nobres aliados. (versos 2705-2713)