Armas e Varões - A Guerra na Lírica de Arquíloco. pp. 29-65

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    FU N D A OE D " " i r l i ~ ~ N ESPPresidemc do cO~lse/!~~}furador

    AntontO Manoel:do's;S.Dt~.S Si lva

    Diretol~p;-e~rdg'~~t'Jos Cas r i l hoMa t~ i i'NNe to

    ." "

    P A U L A D A C U N H A C O R R AAsseSsor Editd~{aj

    jzio HernaniBon'W h: 'Jt ierre

    Conse/ll0 Ed[torl~h~d:j]1icoAguina!do JosG:qh ' ( ve s

    lvan. l Oscar C ~fu 'p '~\~Antonio Celso wagnti(?:anin

    Cark)s Erivany F an . t \ n t ifa USlO forest ' ..

    Jos Aluysio Reis deA~dr~deMarco Aur~lio N6gt1~~r~

    Maria SueliParrei ; ' 'd~~XudaRoberto Kraenkel ;'

    Rosa Maria Feiteiro Ca' ; 'alar iEd,'ror Executivo"

    Tulio Y. Kawata'

    Editoras AssistentesMaria Apparedda F.M:Busso!ot ti

    Maria Dolores Prades

    A R M A S E V A R E S

    A G U E R R A N A L R I C A D E A R Q U L O C O

    . " l# " ~ditoY'CI: , . , " . : : . K + E S P, . " I~ .

    FU~D.AO

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    E!.11bo~anos tenha restado ,muito pouco da obra de Arquloco, a '1importncia ,eo valor que os antigos lhe conferiam evidenciam-se pelas

    referncias quea ela fizeram poetas,. sofistas e filsofos, pelo trabalho Jque os gramticas lhe dedicaram, e pela constante aproximao ou

    confrontao de seus poemas cornos de Homero, At o incio destesculo, Arquloco ainda era definido como o "antpoda de Homero"(Schmid & Stahlin, 1929, p.3(9); a comparao do su!{;'etlvismo)rico

    CO m o ol?Jetivlsmo pico tend~ se tornado. desde Heg~l, um temaobrigatrio, presente em quase todas ,as histrias da literatura grega:

    A raref a de apert 'e ioar e~res acon tec imentos pert ence poes i a p ica namedida em que narra poet ca ll ien te . soh fo rma de amplo desenvolvimento.uma ao em si (Oral , assim CWlIO os cara. :t e res de onde d imana , quer na suag rav i dade suhs tanc i ll , quer nos seus avenrurosos encon t ros com ac ident es, ea ss im a p o e si a pi ca c o lo c a e m r el ev o o . p r pr io o bj er iv o n a s u a p r pr iaobje tividade.'

    A poesia l rica esr em oposio p ica . Tem por cont edo o subje ti vo , omundo i n te r io r , o n i ll lo que re f le t e, que sen te , que, em vez de ag ir , pers is t e

    P' . .t r ( l c rlcr gcr

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    n a s u a i n t er i o ri d a de e 50 po d e , pO r t a n to , t e r po r f o rma e p o r t 'm a expressodo sujeiw.~

    Se, para W ilamowtzMl1endorff (1913, p.IO), a obra de Arqulocopermanec ia Oit i- "n- '; :en lgmque ofende o ideal de moderao

    (sijrosjnc) grego", no nos admira que Nietzsche (Nascimento da Tragdia, cap,5, 6), dando continuidade a tiitiTong~ t~.~li__~o:te-rlh-es-o.lh'id .Arq uloco:a'LCrpow.:o cstudadq ~:el}l"sua poca, com--o--p-o-~I:dibriisiaopor exceifrici',-pslo"'o"piSlifue-po'lneo HO'mr.--"--

    'A l~i'turadspoenias JeArq"lc; tomado- 'comodlvfsor ' de guasentre poticas e universos dis tintos , tem sofrido J is tOres pela suaconstante oposio pica homrica; assim como, por exemplo, na obrade Bruno Sr:~~I"eSUl escol~, que ainda hoje tm grande int1uncia nosestudos clssicos.

    Desde os anos 50, surg iu uma s ri e de ' c~s ~- ao mtodo empre gado por Sn iTe"utros que, baseando s e' quase exclusivamente noeSlCffeXiCTda Iite;atra,buscavarri-:ChS'ttWr' rna-:'"Fi'istria do- s p r-

    rito" da Grcia an~ig;-:-, portnto, admirvelque '~p~;;~d~pr-bT~msaponmd~s- 'por arqulogos e t1tlogos, 'as~teses de Snell continuemvigorosas e a presena de seus l ivros em bibl iograt las das mais respei tveis univers idades just i tlque, alm das diversas tradues , uma s t ima edio de A descoberta do esprito (DE)~;'

    o seu mtodo e teses , adotados e desenvolVidos com algumas modi-f icaes ou ressalvas por alunos e seguidores , os hdenis tas integrantesda chamada "Snell-Frankel School" ." tambm exerceram influncia em

    2 H~gd (E.75. 19~3). 'Dii:kic (1

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    Alm disso, ao encontrar nos rexcoshomricos apenas palavras refe-ren tes a membros que, embora agregados ao corpo, s e r iam indepen-dentes , Snel! (DE 27) t raou paralelos entre l iteratura e artes grt icas ,constatando que a t lgurao do corpohtlmano no perodo geomtrico/arcaico seria at mais "primitiva'~ quea :d.e,nossas crianas, A seu ver, osdesenhos das crianas atuais enfat izari l t ronco como um centro com-pacto, revelando uma noo de unidaded'e que os homens hom~ricoscareciam (DE 27),7 Apenas no sculo. y, :teriam surgido tentativas deretratar o corpo humano como um tOdo. A~tes disso, ao ressalwr ms-culos e junes , os desenhos enfat izavama agil idade e a capacidade demovimento (DE 27). ,

    Novamente, Snel1 no leva em considerao uma palavra que, ell)Homero, representa o corpo vivo na sua totalidade: dll/as.~

    Traz conseqncias mais graves no admitir qu~h' :l1a_~.!!1J1Qf1lerouma m:epo de uniltid-e-n m'bllOdo esprir', Ta' ! como 5neH (DE 28-9) no havia eno-ntr;d~-~~~'p~'~~~-~'ho;i;s um termo para o corpovivo como um todo, mas apenas para meinBf~sdis t intos. assim tambm

    afirmou no haver uma palavra que desigr~sea "alma" ou o "espri tO"enquanto unidade , mas apenas um num'erde t ermos ref erentes argos corporais com funes distintas: ps y ) ! h i , nos, thyms.'"

    Se o homem homrico ignowva a ex is tncia da a lma enquantOunidade, assim como a dicolOmia corpo/alma, I,. tampouco poderia co-nhecer sentimentos/emoes" mis tos" e "maverdadeira ref1exo", deEi

    nida como "um dilogo da alma consigo prpria", porque, em Homero, atenso ou contradio no ocorria em um s rgo, mas somente entrergos distintos (DE 43). N_ohavendo reflexo. no haveria a noo deresponsabilidade humana. Conclui se que a "alma" do homem homrico,por nao s e r unlt r a . carece .ae t lmponto cent ra l pa ra que pos sa s er

    considerada fo_ote de emoes ou Wli~(Dt

    44-5) ; no perce-bendo em si a origem_de seus poderes ou decises, ele atribua todainiciativa e sua execuo obra dos deuses ou de agentes externos: II

    Os rgos espirituais, d[Yllls e n"s, so ar ta l pomo concebidos comomeros rgos que no podem const ituir por s i mesmos a verdadeira or igemde uma emoo: , a a lma como'pr8con kinoCIII, como "primeiro motor" , t a lcomo Ar is tte!es a concebe, ou em geral a id ia de um dememo cemral quedomine todo o , s is tema .orgnico, ,a lgoque Homero ainda no conhece. Aat ividade espir i tual e anfm. ica consis te na influncia de foras que atuam apartir de fora, e'o hornem enc~rltra.s~ merc d e l l1ltplos poderes que se lheimpel e o podeti! dominar,

    Em primeiro lugar, evidente que a concepo de prton klilOn,desenvolvida por Aristteles , no se encontraria em Homero;12 nem aalma humana (que pode ser considerada um "motor imvel") , jamaisseria um "primeiro motor", "causa de todas as coisas , "Deus"Y,EmHomero, as "fontes de impulsos" so o nos, a phrn, a I

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    ou o c!lyms, que , como a pS'ykh, ul1:;a:espde c.le "princpio vital";quando abandona o corpo, h um colapspAo "s is tema orgnico".

    Se fal ta em Homero um vocbulo que. rena em si todos os aspectoSde psvkh, thyms, e nos, isso no~i'lifica que os homens de suapoc; no t iv-essem cincia de s i enquan;L?Mma unidade,11 Embora no

    haja na pica riflcxo sobre a "pessoa",":a~~ri idade dela se expressa nafala e atos das personagens; l~' Hoiner?;~_s, 'representa como "agemesunitrios". Se a "pessoa" for definida,c:m~'o que organiza e reneatividades emotivas e intelecLivas no' indivduo, o s imples emprego dopronome "eu" implica, por s i , tal no?,; :' ,(Sh,arples, 1983, p. 7n.12;Gaskin, 101.)0.p.2, 7). , .

    Snell arrola, entre importantes desenvolyimemos do perodo l rico, asnovas concepes ue tI{vmse psykh. Se,' em Homero, o thyms no eramais que um "rgo das emoes anmicas':,queno diferia basicamentedos c.lemais rgos corporais, os lricos, nb,'o'conceberiam como tal (DE103). O emprego de thyms em alguns fragmentos de Arq uloco (fr.128,

    114W) apontaria para uma "concepo abstrata da alma" que Homeroignorava (DE 1 0 3 ).]( ' Com a "nova dimens,o~;.,fescobena por Arquloco eSafo, isto , a diferenLiao da "alma". dq~,rgos t lsicos. os l r icosteriam chegado dicotomia corpo/alma , iflexi ,s tente em Homero (DE104). No entanto, as passagens da I!ada ;[tas herudLiw (ser "lgo ' lue se CXp,ll!'e"

    I 'r .115[)K: "da lma um /rig C 's' tfUl' se ~xpn r p~m. O s ' m i snOlvcis so "I.kml", "S

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    espcie de vapor ou sopro mido , i,(cf ,t!?ymi) a tivo nos pulmes(phrnes) que impele o sujei to ao' infundindo Ihe coragem.22 l)nians(1054, p.5U) o det lne como o "alento, a respirao que conscinciava ri ve l, d inmica , que muda s egndoas mudanas de s entimentos epensamentos . pensamento e sentimento sendo di tkilmente separveis"nesse perodo,2: \ Dentro dos phrnes; o chyms (vapor/sopro) interage

    com o ar externo, podendo aumentarou det lnhar, Assim. ativo durantea v ida e jamais mencionado aps ,a 'mor te . quando, ao abandonar ocorpo, cessam a respirao e a conscincia. Nesse sentido. o t!?vms podeser considerado um princpio vi tal ; consmntemente associado ao pensare sentir.

    o nos no t ampouco um 6rgopermanente com loca li zaoprecisa. As etimologias propostas (noldi ="vou". ou n ="movimen-to-me em lquido", "nado") sugerem'a noo de "uma conscincia commovimento ou props itO de te rminado" (Onians, 1954 , p .82 ). l ' nos"no idntico ao thyms. ma s comose' fosse uma corrente dentro deleque o det ine e cont;ola. o que faz a dif~rena entre a conscincia no

    controlada e a intel igente que tem propsi to. No intelecto puro, masdinmico e emocional" ( l)nians , 1954. p.83).Apsykh em l-Iomero. como o nos e o'chyms, no sendo rgo, no

    possui loca li zao de tinida , Mas, ao contrr io dess es , a psykh noparece exercer nenhuma at ividade ou part cipao na conscincia habi-tual do ser vivo, Ao deixar O corpo com o'thyms na hora da mone , oque res ta do homem no Hades. Por es tar presente no corpo vivo e no nomor to . a lguns ju lgam que a psykhC em Homero s e ja um "pr inc p io devida" (Lovibond, 1901, p.35). interes :s; p.5 7) e Sl'holicld (1991. p,2~),

    27 IIrLjufloco (Ir.2 13W?), SimniLics (1r.S53.2PA1iJ).Tl'C'gnid

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    Esses grupos religiosos (de certo)t\9.cl(j.,..:-aberrantes") tiveram, se-gundo Vernant (1973, p.35-6), "um Bar>.~lA~:cisivona origem da pessoa esua histria no homem ocidentaln:.P9is,;a,,:\d~scobena da interioridade"estaria vinculada ao duallsmo somato:p~ic~lgico. Por meio da sepa-rao e definio da alma por opoSio'a9,COfPO q lle ela teria conq uis

    t ado "objet iv idade e exi sl nc ia". Se ti s sa poca a a lma a inda noexprimia "a singularidade dos sujeito,5, ,pois,. associada ao damn, umprlncpio divino", ela era" apareotadaaoque.aoima toda nacureza", esseser ia , porm, um pr ime iro mamemo ri . . : 'e laborao progressiva domundo da experincia interior face ao unfvr~o exterior" .,,0

    1 1 ) E ~ 'O E S ~ l I S T A S , R E F L E X A O E R E S P O N S A B I L I D A D E H U M A N A

    o homem homrico, segundo as teses de 50eH (L?":_1~Lc!.e.s_QnJJ~siaemo~is tas e uma~-~i~la~e,~~~~!!.~Xo por n~:J t ;,o!!. t: .r~I].~~~~ ~)Uconl1itos em um- g.ni,\:'Q_~_q.r.g,~,Q.':.....ma.s......somenteeJl~re".s~~~_'~~~gos"~ls-tii1tS,-Em:'-;;i '~'eiro lugar, j vimos que dnos, psykh ou thyms,effibr m ateriais e corporais , no so "rgos" propriamente di tos ,: '1Alm disso. alguns crt icos interessados t io 'proble~~' :in.iciat iva e_.~,ares pon sa bil idad e J1Ll D !(J.~ D !l. .D--_-')l~i..,- n tiga;. taJl! ,b,!Tl~~ ?..!!.!!.~sd ewoltf(iY'i0, 'p. '3~), q~~_.~.?q~I~~;>-Oformular ,'-,cogit.ay_a, dividido emseu corao';-~'~ indic~ ~ capacidade do home~r~0!!1ric.() q~_.~0perimentartenso ou contra(~i.~'iQe_m..u.;_l:_~~~~~"~.ti.e~4~~5:P5_o/.

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    AS aes "duplamente motivadas':: (2,);'-.enu tlo, ,ku,es neS,as passagens no' seria mais tl(>ljllC tun 'mo

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    .: 't li fiOl 'tCt1:Ct

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    coma o sucedido, esse no hesi ta em~tacarHeitor, e o faz recrocel ler.Menelau vem a r r i ::; ,

    Dodds (1988, p.2

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    P a r a d et in i r o s modo s d e "v o n t ad e ;: ~ '\ d ec i s o " e " e sc o l h a" e n t re o sg r egos , V e rnan t ( 1977) i nve s t i gou o s s l ! i4 i t ' d ,O s u e hckn (hekoLsion),kn (akoLsios), proarcsis, bOllcus;~:ib,9{~S,(s em Aris t teles (EN, EE),c h e g an d o co n c lu s o d e q ue , s e h a v ia ,l i. n ;1 a J o rm a d e v o n t ad e , e l a e s ta v a" am a rr a d a p e lo t emo r q u e o d i v in b i rl $ '~W ~ ; i: as d e c is e s e r am " s eme s co l ha ", s e gu id a s p e la " re s po n sa bh i d~ d e nd e pe n de n te m en t e d a s

    i n t enes" (p . 37 , 30 ) ."2 N o have i - i , , ' r h i :' r Ci a an t i ga , l l v r e e s co l ha ev o n t a de p r op r iam e n te d i ta s ; a s in s t n c i ~~ : d e, d' ec i s o a u t n oma a p o n -t ad a s po r Lesky r esu l t a ri am d e uma 'p ro j e ~ td nd ev id a ,

    N a tica a Nicmaco ( 1 I I I a22 -24) : a ' o ;~ ' invo lu n t ri a " (akoLsion)s e d s o b c o er o (bm) ou i gno r nc ia r ) ( di> gnoian), e n qu an to a"volunt r ia" (hekolsion) " pa re c er ia s r, aq u el aq u e t em su a o ri ge m n 9p rpr i o agen t e qu e conhece a s c i r cunS t nc i as . p a rt i< .: u l a re s em qu e e f et u as u a a o (prksis)" . M a s t am b m i n cl ue m -s e e n tr e a s a es " vo l un -t r ia s " a s p a ss io n a is c a us a da s p el a i ra (c!i thYJnn) o u p e lo d e s ej o(epithyman): c a s o c o n t r r io , n o s e r ia p o s s ~ e l a d m it i r q u e o s o ut ro sa n im a is o u a s c r ia n a s a g em " v ol un c a ri n1en t e " (EN l111a24-27) .

    S egundo A r i s t t c le s (EN [ 113b 1 0 -2 2 ), s e p ie c e q u e o h omem a u t o r d es u a s a e s e n o p o d emo s b u sc a r a s or i g n s d e n os s a s a es s e n o emn s p r pr io s , c o n se q en te m en t e a s a e s c u ja s o r ig e ns e s t o e m n s( e l a s p rp r ia s d epend endo d e n s ) s o vo lu n ' t r i a s (hc/wlsia).

    N o en t a n to , ~ ~ r n ~Q.U I0 !? ,y .4 u .~ - ,) ,. n o r e c o n h e c e nd o o s c o n c ei to sde hekn e kn c omo p er t en c e n te s s c a t eg o r ia s d a I'ontade,"" n e g a q u ea a o d e a lg u m q ue < lge IIckan s e ja " in t en c io n a l" , o u s e r e al iz en e c e ss a r iam e n te a p s r e tl e x o e d eL i5 o po r q u e, emb o ra s e ja " v o l u n t r i a" n o s e n ti d o d e u m l a ~ o n o c o a g i d a p o r q ua l q ue r f o r a e x t e rn a ,e l a s u r g e d o thyms o u d a cpitl1yma.

    A proar6'sis ( " e s co lha" ) "vo lun t r ia " (hekosion), p o rm meno sa b ra n ge n te , p o is a n im a is e c ri an as (/ogoi, " s er e s i r r a ci o n a is " ) s o

    c a p az e s d e a es " v o lu n t r i as " , m a s n o deproarcsis (EN l111b7-l) .

    P r eced id a po r uma d e l i b e ra o (probeboult:umnon) q u e e n v o lv e lgos edinoia(EN 1112a 14 -16 ) ; aproafresis t em p o r o b je t o o q u e '' p o s s v e l er e a li z v eL p e l o s u je i to , e c n c e rr i .e a o s m e i os s o b n o s s o c o n t ro l e (EN1111 b20 -30 ) : A d e l i be r a o (boL/Cusis) q u e a n t e ce d e a proaresist ambm d i z r es p e it e i a o s m e io s ,' :s e jam e s s es v ri o s o u u m , S,' e t emob je t o s p r t ic o s . C a b e a e l a a v e ri g ua r a s a es r e a li z v e is : o q ue e s t . em

    no s s o p o d e r, o q u e po d e s er o b ti d o p o r n o s s a a g n c ia (EN 1112a18-b9) .O ob je t o d a bolclIsls o m e sm o d a proaresis, e xc e to q u e, a o s e r" es c ol hi do ", e le j f o i p o r e la d e te r mi n ad o (EN 1112b32-1113a7) .Conseqen t emen t e , aproaresls t em c omo o b je t o a l g o q u e s e d e se j a a p sa del iberao: o d e s e j o d e l i be r ado (bolclltikl.:rcksis) de a l go emnos sop o de r : d e l ib e ra m o s, d e po i s e s co l he m o s e d e se ja m o s d e ac o rd o c o m adel iberao (EN 11 139al-15) ,

    Q u a n to bolesis ("aspirao" ['1), q u e p o d e t e r q u a lq u e r o b je t o e q u ed i z r e s pe i t o a o s f in s d a a o (EN 111 [b20-30 ), p a r a V e rnanc ( 1977,p .4 1 ) o p r o bl em a c o n s is t e n o f a t o d e s er r e l a ti v a a u m f im " q ue l h e impos t o e qu e e l a , a a sp ir a o [botesis], n o e s c o lh e u ". M a s n o c a b e bOl/sLc::e s co l he r , e sim , "qu e r e r ". " " L) q u e s e " q u e r " o b em , o u o q u ep a re c e s e r b om . e i st o , o q u e s e " q u e r ", o h omem e s c o lh e (EN 1113a1555.). O h o m em b o m "a s pi ra " a o bem porqu e j u l ga co r r e t amen te (krneionhs) c a d a c o i s a , o qu e , e o q u e p a re c e s e r b o m: d e o ut ro m o d o, am a io r ia p o de e s co lh e r m a l p o r c a us a d e u m e rr o d e j ul ga m e nt o q u ea c a rr e ta a " as p ir a 50 " d o m a l (EN 1113a25 55 . ).

    M u i to s , C omo d i z V e r n an t ( 1 9 77 , p .4 1 ) , a c r ed i tam que a proaresisr e pr e se n t a " o l iv r e p o d e r d e e s c o lh a " ; p a ra o u t ro s , uma "ve rd ad e ir ac a pa c id a de d e q ue re r " q u e p e r ma n ec e a c im a d o s a p et it es . S e gu in d oG au th ier & l a li f ( 1 0 58 -1 9 50 ), V e r n a nt r e c us a amb a s a s l e it u ra s p o r qu e aproarcsL n o i n d ep e n d en t e n em d a pa r te d e s e j an t e d a alm a (reksis),n em d o i n te l e ct o (nos) (EN 1 1 3 94 1 1 7 -2 0 ). ' D e f a t o , p a ra u m a b o ae s c o lh a , s o n e c e ss ri o s u m p r in c p i o v e r da d e ir o (Igon alth) " e umdese j o co r r e t o (reksln orthn)(EN 1 1 3%23 -2 7 ). S e p o d emo s e s c o lh e rc o i sa s b o a s o ' u m s ( o q u e d e te rm in a r n o s s o c a r te r ), s e s c o lh emo s oq u e n o s p a r e c e b om , o q u e , p o r s u a v e z , a v a li a do p e la o p i n i o (dksa).M as V e rnanc ( l oc . c iL ) a fi rma qu e '1 1 . op o d a proaresls no s e ' d en t r eo b em e o ma l , en t r e o s q u a i s t e r i a l i v r e pod e r d e e s co l ha" .

    52 S egunuo V ern : Jn l (107, p ,39 ), p ; )r a ns a vO l l la J e r eL ju e r : J ex is l m ' ia J c ; 1. aLOS

    ~xdu s ivU II 1~l1 lc I Iwnu Ilo ,; l ju e . : on ' ;l i lu um uma con j ul a un il i caL la : 2 . u n ta no~ o J ~

    in Jiv ft l uo ~ t i o im l iv J l lo enquanto ageme : 3 . no~ 'c s J e , m ri lo c cu lp ; ) p e s so a l; 4 .respons ;)bil iJ ;) tle subjetiva (no lug;)r Jo lTim~ objelivo); 5. 'anlise u:Js J iwrsas motlal]

    udes Je jnl~nfro e ;) reuliz;)o os aIOS,

    53 C 1 '. L 5J p ar a o , on m s d ~ sJ e H o m e ro , J ~ Ilck(n L'dkon, lr ;)uuziuos h;)bilUalmcf\LC por

    "volunlar iamenLe", "ele bolO graJo"l "irwolunL;)r iamenLC". "cons trangido", "ue mau gra

    Jo". e a relao de !,,'knn (om 5:JllS(rilO f'(:'1l/1 ("esejar"),54 ""au/C'lr", o lL'rmo L'mpregailo 'por Vernulll , 6 lr : li l l lz iJo por ":lspirar a '" na, 'diuo

    br'asildra (1977). ' '. ,

    .55 C f, Rackl1am (1934). YUL'lrauz bC'llc.

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    Para Vernant ( loc. CiL),as formasde . .)'Cl.r:ttaqee c8colha em Aristtelesno so "livres", mas "necessrias" . .N9{e~tanto, embora sejam neces-srias, trata-se de uma necessidadede 'prdem. interna, humana, e noexterna ao agente; no necessidadedivina:ou imposta por outro, senopelas suas prprias faculdades. Vernamdnsiste em que o "agente" no "um centro aUlonomo de deci8o, fontev.rdadeira de seus atos", porque

    "o que pe o sujeito em movimento stripreum 'fim' que orienta, comoque d o ext er io r, s ua con du ta : s ej a ' O " o bj et o p ar a o qu a l t en deespon taneamente seu desejo, se ja o q u e ', a : ' ret lexo apresenta a seupensamento como um bem" (p.46-8): '

    e sp ri to e da a lma , ou s e ja . concepo europi a da Fi losot ia , da ci enda , da[llora[ e, I1wis tarde, da rel igio europia . ( DE 16 )

    o indivduo, s e el l: j8 a ssume sua panlul ar idi rde , s e a ssume a re sponsab li -d ade de l odo s o s a t vs r ea li za do s po r e l e d ' bom g ra dv . p er manec e muitClfechado na s de te rl ll ina .; es de s eu c a r t er :"Qui ro e s tr ei tamente pr eso sdi sposi< ;e s i n te rna s qUI: L:Oi1Iandam a prtk' dos v .: ios e vi rt ude s, pa ral ibertar-se plenamenle como centro de deciso . .p~ssoal e a t1rl l lar-se , enquall toauts, em sua ve rdade ir a dimenso de ag~rit':"';

    .:;".

    Snell pane ele um ponto de vista . .negativo, procurando, .entre osgregos, noes que e les desconheciam, e n i sto segue Wi lamowi tz -Mllendorff , Stenzel e toda u 'ma tradio que chega a um "certo dficit G

    da alma" dos antigos, aos quais faltariam "conceitos como oeu, senticmento, mente, corao, humildade, conscincia de si (Selbststimmung),responsabilidade", em suma, o que seja" interno, pessoal" (Seel, 1953,p.294).

    Tal quadro resulta em grande parte do mtodo lexicogrfIco pelo qual 16'j-se de

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    inter ior do homem grego", da sua "organizao mental"."" A psicologiade Meyerson, ao negar a existncia ele "um suje ito inter ior fixo" comfunes ps ico lgi ca s permanent es . p rocurava t ra a r o percu rso dah is t ri a d o e sp r it o h um an o a tr av s d e s u as o br as , i nd ic an dotranformaes ocorridas em sua a t ividade mental . Ao mesmo tempo,

    Gemet estudava os e lementos da t ransio de um universo inte lectualmtico-religloso a outro "totalmente diverso": o dap/is grega. Oadventodo direito, da moeda, a instituio da polftlca, o nascimento da filO'sofiae da histria , testemunhariam "uma mesma revoluo" no plano socia l emental : o homem se t ransformava tanto "dentro de si prprio, como emseu ambiente" (Vernant & Schiavone, 1080-1901, p.32-4).

    De outro modo. para responder s pergun tas "o que significa dizerque o homem mudou?" ,e por que escolher a Grcia para acompanharta is mudanas, Vernant (p;35).a t1rma seu dbito para com Hern .an:nFrnkele Bruno Snel! . A partir deles, convenceu-se de "que a Grcia foi oteat ro de uma profunda mutao, inte lectual ou espiri tual. qudndicouo curso da histria do homem no Ocidente" (loc . c it ,) . Mas e le assinalat rs divergncias de sua perspect iva , a da antropologia histrica, emrelao dos mestres a lemes. E~primeiro lugar, suas questes seriam 1"mais diferenciadas. menos globais", i sto , ele no se prope a estudar"o e sp r it o o u p en sa me nt o e m g e ra l" , m as a lg um as m u da nasespecficas na atividade mental. 6\}

    A segunda diferena diz respeitO aos mtodos, Apesar de tambmrecorrerem iconografia e , rel igio em suas anlises, Snell e Frankeltm como fonte primria a l i teratura , os textos poticos, t1!osficos e

    ele um s poeta , compondo dentro da t radio oral com tudo o que issoacarre ta , seria possvel obter dos poemas um retra to do homem da poca

    de Homero? o q ue s e p re te nd e, e mb or a m ul to re nh a s id o d it o a c er ca d a

    estilizao da pica homrica, o que deVe Ser'levado em conta quando se

    procura extra ir dos poemas uma "visode mundo" do perodo. E se oesti lo, considerado por Snel! e frankel. como o produto de uma fasehiStrica espedfica, for determinado artts'plo,gncl'o e no pela poca(Rosler. 1080, p.2Ll ; Seel, 1053, p,311);:3 .questo do gneros poticos

    assume importncia maior,Talvez o estranhamento do homemmdernoante o homrico se deva

    em grande medida linguagem potica dalliada e da odissia. cujos"modo me tafrco de expresso" e car ter 'mis "sensve I" seriam traosgenricos e/ou particulares do autor (Seel, 1053, p.3l)4):

    , ."Devems consid': :f .H a possibi lidade de gu .e o que t .: :mos ace iw como

    evidnc i as da percepo ! im i tada do homel1 hml ' co se jam ,de f a to , con-

    venes a r t s ti cas de um poe ta U escola d e pLisia. que exercem tremendaint 1unc ia embora se jam pessoai s e no- represen t at ivas; a poss i bi l dade deque as pel '

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    ( fr . 4W ) , q u a s e n o s m e smo s t e rmo s , A p on t an d o p a ra a s d i fe r e n a s e n t re oho mem da !!ada e o da Odl~,_

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    "cri de coeur". O seu objetivo no,,.:::aJ:expresso. mas o discurso. diz)ohnson (1982, p.30). a descrio ;u d'~iberao acerca da realillade daspaiX6~' in"tern's-.sua natureza e s i& : f icado. Mas at essa detlniao nsat ist iHria, pois se a descriqde:tcl '0feSe esperanas do indivduo"tem sido considerada um trao geri . tie .dalrlca que f igura de modosecundrio na pica (Fowler, 1987, p.6~h'hasw folhear l ima antologiade l rica arcaica para perceber que unYgrande n mero desses poemasno se ocupa de tais temas. C.'

    E se uma cara[erst~~~lZ5:qentcna.-:-ltrica "propriamente dita" ~odiscUfS'-- r;-~j~meira pessoa dosingltque versa sobre opinies esentimentos de uma personagem cOtiheida;ou elo "eu" l r ico, no lciwconsidr-l um "d'e'Senvolvimentb\;:donoy-o-perlodo, pois j -t~~iaexi~.tido-nTrlc.:ifi]terria tO ~ iato de:rnjros'aeffnrrem'-TIiig~gar~aica por excluso - simplesmente om t 'poesi que no pica

    r ne~ dramtica - ~_::~.;.~{~~_~~~~,!,!cUI~.~,.~.nnt~~_a.s~?_ ~e.~~~[ar

    rest:belecer tra~~.::?.~,un~: a.o~r~st~~gi:y~~~ ..~e!!l c0l1te0d~.'..~~a.:.~.:r:~~.toe modo de pe!formance (d. Fowler, 1987.,,;p:l5n.l). .

    , - tmoem7Tmpi-ov 've (que~-~~"- :- ~~ 'm:"que foram composcos,

    alguns poemas marciais de Arquloco.n,o:,y.essem um a "funo social"comparvel dos versos de (alino e Tirtu; ', ';

    [Arqul0~oJ experimentou de um modo novo e pr0fund0 a nova realidadeda vida. Por iSS0, 05 :;eus ~anws de guerra );:,no servem. omo em CalinLJeTineu, para animar o:; guerreir0s: J no',so::meras arengas em- verso. umaajuda para o cir~o cerrado dos cOlllbatntes';;n;as afaslam-se dessa t'un,;usocial. CLJI1l0nos seus cantos guerreiros, esse' poema [ t r. 79D) solta-se aqui dewda D rdncia prtica. !Urna-se portador dos sl1limel1t0S pessoais. ([lE96) ",

    Esse julgamento de Snell soa contraditrio em vis ta de seu reonhe-cimento de que os poetas arcaicos no compunham, como os modernos,

    monlogos solitrios (DE 111) . Tanto a l ri ca pr- li te r r ia , quamo aarcaica, sempre dirigidas a uma segunda pessoa ou a um grupo, jamaisforam (ou fingiram ser) um "discurso para s i" (Se!l!!gcsprach).'7 IS : iO algo_que s ocorre muiLO m~!~._~a!d~.

    75 Dovcr (I

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    percepo mais agudl de s i em sua particularidade, o que seria "algo derealmente novo" no mundo grego. , . . '

    Por 11m, supor que a d iv is o ( segUr idoSne ll , " inexi st en te em Homero" 7

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    espirlw s teria sido "descoberto" aps;.t:i0mero (DE 11_7)."" Quanto ao pes soa l conscien te, o per iodol r i2o"represemaria uma " fase dedesenvolvimento" entre Homem, que a desconhecia, e o homem clss icodo sculo v, com o qual ela chega suafi:ma plena.

    Snell (1930a, p. 1.57) sugere q ue suas~~cluses sejam confrontadas

    com a FilosQ/ia da Histria hegeliana. besde HegeJ . uma constC:.!l teafirmar a incxislncia da "conscincia moral" na GrCT'"ntiga."J IstO ,n51iV'i- 'ienLre os gregosuma "morllade individual" (Moralftat),cujo desenvolvimento associado ao cri.~tiart ismo, mas uma "moral i-dade tica" (Sittlichkcit), que a "culpabu responsabil idade de umagente . . , perante seu feito (Tat) , independentemente de seu conheci-mentO e inteno" ( lnwood, 1002, p.102). A cultura grega antiga, e noapenas Homero (como em Snell) , seria o mundo da "bela moralidade"(schone SittlichJ~cic) carente do "princpio da imerioridade" (Prinzip der

    Innerlichkt) e da "cincia da subjet ividade" (das BclVusstscin derSuqjectivitiit) (Hegel, FH),'''

    Assim tambm, Zut:ker havia concludo,em.sua tese sobreSyncdesis

    - Consdentia (1028), pela inexis tncia de uma no~o precisa de cons cincia (Gcwisscn) no mundo antigo . Haver ia , no pe rrodo sof is ti co , arepresentao da boa e da m conscincia do sujei to acerca de seus atos,o que envolvia uma discusso sobre voJuntariedade/involuntariedade eresponsabilidade do agente. Mas faltaria a Scrates, ou a Plato, umaconscincia moral,"2 sendo A ristreles (EN 1nOb 181 IIIb3, 114Llb2224, 115Llb2':Jsg) o q l te mais se teria aproximado desse conceito desen-volvido mais tarde por esticos e epicuristas (Zucker, 1028, p. 7-16).

    Divergindo da tese hegelia na, Sne1!..D2;?,.o~a~p),f\Je.s..~I~.lli.:tQL_$~el(1053), emre outros, apontaram para a presena de uma conscinciamoral em diversos momentoS da his tria grega antiga. Mas o que Snel!

    emende por consdncia_ e por que a exclui de Hom.e!.9'?

    Como na maioria dos es tudos sobre conscincia na Grcia antiga,Snel l pa r te da equiva lncia de syncidesis e conscientia, examinandotambm as formas verbais _~yneidnai, syngignskcin e, principalmente,a locuo syncidnai 11call ti. Essas expresses no ocorrem na pica e,segundo Snel! (103Llb, p.2 '6) , nem poderiam porque, a seu ver, toda

    forma de conhecimento em Homero se d por meio da viso.A. .:conscincia" homrica seria uma apreenso imediata e visual do

    obje to . No havia conscinc ia no s ent ido ' de uma ret lexo sobre s iprpr io porque , embora o homem homrico udes se " re fl et ir " s o s euthvms ou phrn. esses seriam "rgos ffs icos" e no partes do "eu"c~hcetiid' c~ ijl - L i ~ _t o~ 9.j ~~ 1~ ~.J 2~ ~~ p o~ '~ ga s; cll(p.~i ~yncidnai no exi st e em Homem, "poi s d izemos apenasmetaforicamente que duas pessoas vem algo com os mesmos olhos".Com os termos syndnai e synginsin, "abandona-s e a e sf era daviso" e esse seria o primeiro momento da ciso do "eu" cuja expressoplena se encOntrl na expresso "syncidnai h C C 1 1 1 ti" (ioc. ciL).

    Embora constate a ocorrncia da locuo "synciclnai heaut6t" emSafo (fr .26LP),"3 Snell no admite haver nem nessa passagem nem emtoda a lr ica uma conscincia propriamente di ta. Isso porque, a seu ver, osujei to na lf rica pode ter um eStado (Lagc) como objeto da conscincia,mas no um ato (Tat). N o entanto, ele considera essa "consclncia lrica"(a "ret1exo sobre o es tado prprio") como um desenvolvimento s igni-I1caUvo .), qu e prepara o caminho rumo conscincia da ao prpriaque o homem grego alcana no sculov.

    jBIX/lw

    J't'tlVIX[~ 'Yp

    . e U Bw.lO]vo')lf: /lci]":-ICJ'r(J.1t[vtwv, O'(vOVtaJi

    5 jaE/lcit'

    8" DE (55); "co"o primiLivo ,e s~lm lig:.tJo :.to~ J~us~s e no de~peflou :.tinJa para :.t

    eonse;cnda Ja SLt~prpria 1illerdaJ~.

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    E m He r u o to ( 3 .5 3, 5 .8 6 , 5 ,9 !) , 5neH ( 1 93 0 b, p .2 6- 7) v s ur g ir a"conscincfa str/cto scnsll", e s s a a v a l i a o ' m or a l q u e t em p o r o b jt :t ou ma a o p r p r ia d o s u je i to , N a t r a g d i a, a s E r ni a s d e L ) re S te s re p re -s e nt ar ia m u m a " ob je li va o d a c on s ci n i; ia ", u m p r im e ir o p as so n o" d es e n v ol v im e n to d o m i to c o n s ci n ci a r e fl e xi v a ", e x pr e ss a n o s c le -b r e s ve r so s d e Eu r p i d c s (0/: 365-6): , ) : ' p e rg u n ta d e M e n e la u : "L ) q u e

    sofres? QL1(~ mal t e ab al e? ", L) r eS te s r e spon1"'1

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    Esse t r ab lho d~ l 'a nc r i n i ( l 0 7l ) ) t em o .mr i to d e se r o ma i s ex au s ti voe a b ra n g eme n o e xame d u s o c or r n c i as d o s t ermo s e s c ol h id o s , r e v el a nd ot am b m m a io r v a ri ed a de d e co n st ru es e s en li ll os , D is c ut e- se , p orexemplo, O empr e g o d e syndnai ( s em o p r o n ome r e t1 e x iv o ) c omo L Ic i nc i a p an i cu lu r (consclltia p r iv a d a) d a Dk em Slon ( t ' r .4 . i5W ) , noc o n te xLO d e u m ju l gam e Il lo mo r a l a c e rc a d e a e s i J lh e i as . S o t amb me s tu da d as p as sa g en s e m q u e !:>ynciclnai+ u m d a ti vo ( qu e n o s ej a op r on ome r e tl e xi v o ) s ig n i t1 c a " c omp a rt il h a r u m s a be r q u e c o n c e rn e a umOUt ro", o qu e pod e ou no envo lve r uma av l i a o t i c a ( l 'a nc r i n , 1070 ,p ,4 5- 9) , D a a p o ss ib il id a de d o s 5.Jlncdotcs s e r em ' \: on sp ir ado r e s"( T u c di d es 1 . 20 ), o u s e rv i rem c omo t e s temu nh as , p o is c omp a rt il h am ac i nc i a d o a t o com o ageme . " "

    Q u amo a o empr e go d o v e rb o c om o p ro n ome r e t1 e x iv o {"~vnddnaihealttotj, Can c r in i ( p ,2 8 , 4 4 ) d is c o rd a d e q u e a (On s tr u ~ o impl iq u e ,c omo a f irm am S n e ll e O Ut ro s , um a " d iv i s o d a s u bj e ti v id a d e" , e q u e ae s t r ut u r a em s i exp r es s e o t i po d e re t l exi v i d ade na qu a l o " eu " su j e it o eob j e t o . A s eu ve r , synddnai r e fe r e -s e a u m " sa b er c ompa r ti lh a d o ", s e ja

    c o m o u tr os ( em u m g ru po o u c rc u lo r es tr it o) , o u c o n si go p r pr io(healltol). L1 me smo v a l e p a ra o s dem a is v e r bo s d a m e sma f o rm a o (.syn+ v e r bo d e c o n he c im e n to ) : o r a ~ L lm " s ab e r em s i c ompa r ti lh a d o c omo u tr o s" , o r a u m " s a be r e m sI , s c o n si g o p r p r io " e , d a i, " u m c o n h e -c im en tO p ri v a do , p a rt ic u la r ", c u jo s o b je t o s s o v ri o s ( p, 23 , 4 4 ), P o r -tanto, syncldnai hcauti pode inc/ush'c, ma s n o n e c e ss a ri am en t e, s e ra " ex pr e ss o d e u ma c o n s c i n c ia mo r al "; i s to , a c o n s ci n ci a d o s u je i toc om r e la o a u m a to o u s i tu a o p r p r ia q u a li fi c ad a em t e rmo s mo r ai s "(p.51-70).'02

    Por t1m, retomemos conf ron l a~o , suge r i d a po r SneH, de su a s t e s e sc om a FilosQ/ia da Histria d e He g e l. S e , po r u m l a do , o h omem g r e go d oscu lo v pos su i, s egundo Sne l l , uma "mora l i d ad e" (Moralitit), por OUt ro ,

    n a da m ai s e s tr an h o d o q u e e s s e s e u " ho m em h o m ri t: :o ", c uj asc a ra c te r s t ic a s p a re c em a s s em e lh a r -s e s a t ri bu d a s p o r H e g e l f a s e d oe sp r i t o d o mundo od en t a l (Filos(}fia da Histria, Wcrkc 12, p .142) : I,'"

    l) m u n do o r ie n r al t e m CO lH O s e u p r in c i pi o p r x i mo l s u bs t l n ci ll i d l de d otko (Sitt/irlien), < l p ri me ir a v i t ri a s o br e o a rb t ri o q u e s u bm e rg e n e SS ls u bs l an c i al id < J de . A s d e te r mi n a e s t ic a s s i io p r o l' e ri d l s C 0 l 11 0 l e is , d e mo d o

    qUL: < l v o n t a d e sub j el i v l r e gi d a p e la s l ~ is c o mo s e p o r L 1 1 l lp o d er e x te r io r , dem o do q u e t Ll do q u e i n te r n o, c a r~ [ e r. c o n s d n d< l , l ib e rd a d e t a rm a l, n o a g e ,

    e i s s o p o rq u e a s l e is s e i l' n p6 e m l pe n a s d e u t 1W 1 1 1 l l 1 ei r u L : X le r n

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    que, sob int1ucncia do NascilllCnco da Trw;/ia, que apontou pura

    aspectos demonacos e irracionais na religiosidadL: grega, alguns hele-

    nistas foram longe demais, estul tando os gregos, panicularmente

    Ilomero, como se fossem antroplogos investigando Lima tribo primitiva

    com padres l 'Omponamentais e estruturas de pensamento absoluta-

    mente diversos (Lloyd-jones, j ')83, p.157),

    iJuase dez ,11105mais larde. Vernant (108

    1111:'11101'c)S:;i~l1inc uma poca de imponantes trans-

    formaes associadas reintrocluo tia escrita, ao "ressurgimento" nas

    l8 Sllodgra~~(107I, p.11 :iS,)L' IW~ (I ')(\3, [l.8'), Pari! o~ f)['ollklllas relalivos a