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Sem Opção Veículo: ISTOÉ Dinheiro - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto: Economia - Página: online - Publicação: 22/06/20 URL Original: https://www.istoedinheiro.com.br/whatsapp-quer-ser-seu-novo-banco/ WhatsApp quer ser seu novo banco WhatsApp quer ser seu novo banco Aplicativo anuncia ferramenta de pagamentos e transferências para usuários do Brasil e gera empolgação para uns e desconfiança em outros. Beto Silva 19/06/20 - 10h30 - Atualizado em 19/06/20 - 11h03 O WhatsApp começou como um simples aplicativo de mensagens. Tornou-se um dos principais serviços de transmissão de notícias. Também é usado como ferramenta para divulgar produtos e serviços. E ganhou o mundo. São 2 bilhões de usuários em 180 países. E agora, 11 anos após ser criado, entra no mercado financeiro ao permitir pagamentos e transferências entre usuários. “Estamos facilitando o envio e o recebimento de dinheiro assim como o compartilhamento de fotos”, disse Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, dona do WhatsApp, na segunda-feira (15), em anúncio que gerou um misto de empolgação e desconfiança no Brasil, primeiro país a receber a atualização do sistema. A novidade já começou a ser liberada para algumas pessoas, tanto para o sistema IOS quanto para o Android. O acesso ao recurso será aos poucos. A opção ‘pagamento’ será incluída no menu de ações. Inicialmente, a parceria prevê transações com cartões de débito ou crédito de sil, Nubank e Sicredi, das bandeiras Mastercard e Visa. A processadora é a Cielo. O serviço pode ser usado por pessoas físicas e jurídicas. Usuários poderão transferir dinheiro para outras pessoas, como pagar a mensalidade do aluguel da quadra de futebol com amigos e passar valores a familiares, além de quitar compras sem cobranças adicionais. Já as pequenas e médias empresas, que utilizam o WhatsApp Business (versão corporativa do app), pagarão taxa fixa de 3,99% do valor de cada transação para receber os pagamentos de clientes. Assim, o WhatsApp incrementa sua monetização como provedor de receita do grupo Facebook – que também inclui o Instagram e outras redes –, que faturou globalmente US$ 70,7 bilhões em 2019. CICLO DE VENDA O lançamento do WhatsApp Pay mexeu com o mercado brasileiro. Afinal, são 130 milhões de usuários no

WhatsApp quer ser seu novo bancoA plataforma de mensagens não se cadastrou na primeira chamada para participar do Pix. Pode, no entanto, participar por meio Pode, no entanto, participar

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SemOpção

Veículo: ISTOÉ Dinheiro - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado -Assunto: Economia - Página: online - Publicação: 22/06/20URL Original:https://www.istoedinheiro.com.br/whatsapp-quer-ser-seu-novo-banco/

WhatsApp quer ser seu novo bancoWhatsApp quer ser seu novo bancoAplicativo anuncia ferramenta de pagamentos e transferências parausuários do Brasil e gera empolgação para uns e desconfiança em outros.Beto Silva19/06/20 - 10h30 - Atualizado em 19/06/20 - 11h03 O WhatsApp começou como um simples aplicativo de mensagens. Tornou-se um dos principais serviços de transmissão denotícias. Também é usado como ferramenta para divulgar produtos e serviços. E ganhou o mundo. São 2 bilhões de usuários em180 países. E agora, 11 anos após ser criado, entra no mercado financeiro ao permitir pagamentos e transferências entreusuários. “Estamos facilitando o envio e o recebimento de dinheiro assim como o compartilhamento de fotos”, disse MarkZuckerberg, CEO do Facebook, dona do WhatsApp, na segunda-feira (15), em anúncio que gerou um misto de empolgação edesconfiança no Brasil, primeiro país a receber a atualização do sistema.A novidade já começou a ser liberada para algumas pessoas, tanto para o sistema IOS quanto para o Android. O acesso aorecurso será aos poucos. A opção ‘pagamento’ será incluída no menu de ações. Inicialmente, a parceria prevê transações comc a r t õ e s d e d é b i t o o u c r é d i t o d e B a n c o d o B r a

sil, Nubank e Sicredi, das bandeiras Mastercard e Visa. A processadora é a Cielo.O serviço pode ser usado por pessoas físicas e jurídicas. Usuários poderão transferir dinheiro para outras pessoas, como pagar amensalidade do aluguel da quadra de futebol com amigos e passar valores a familiares, além de quitar compras sem cobrançasadicionais. Já as pequenas e médias empresas, que utilizam o WhatsApp Business (versão corporativa do app), pagarão taxa fixade 3,99% do valor de cada transação para receber os pagamentos de clientes. Assim, o WhatsApp incrementa sua monetizaçãocomo provedor de receita do grupo Facebook – que também inclui o Instagram e outras redes –, que faturou globalmente US$70,7 bilhões em 2019. CICLO DE VENDA O lançamento do WhatsApp Pay mexeu com o mercado brasileiro. Afinal, são 130 milhões de usuários no

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País, sendo cada vez mais utilizado para divulgar e gerar negócios. A ferramenta completa o ciclo de venda dentro daplataforma, de maneira fácil e ágil, o que entusiasmou alguns setores. O principal deles relacionado a vendas diretas. Segundopesquisa nacional de perfil desenvolvida por uma consultoria independente a pedido da Associação Brasileira de Empresas deVendas Diretas (ABEVD), o WhatsApp é o principal canal de vendas de 84,7% dos empreendedores independentes do setor,formado por 4 milhões de empreendedores, que comercializaram 2,5 bilhões de itens (produtos e serviços) em 2019 e geraramum volume de negócios de R$ 45 bilhões. Os dados foram coletados em janeiro e fevereiro e, portanto, não captam a aceleraçãodigital ocasionada pela pandemia. O aplicativo, que já era uma das principais alternativas de vendas antes do isolamento social,tornou-se ainda mais importante e foi adotado, inclusive, por grandes redes varejistas.

MARK ZUCKERBERG CEO do Facebook, dona do WhatsApp, fez o anúncio da entrada do aplicativo no serviço de pagamentos etransferências. (Crédito:Divulgação)“É um divisor de águas. Ajuda na recuperação da economia neste momento de crise causada pela Covid-19”, diz RenatoMendes, mentor da Endeavor Brasil, especialista em startups e empreendedorismo. “A nova função de pagamentos só ajudaráos comerciantes a se adaptarem à economia digital, ao ‘novo normal’. Mais uma vez vemos na tecnologia uma saída para ocrescimento e a recuperação financeira”, afirma Ricardo Zanlorenzi, CEO da Nexcore, especializada em soluções ematendimento e comunicação omnichannel para empresas otimizarem e personalizarem o relacionamento com clientes. “É umaexperiência de uso interessante”, diz Carlos Netto, CEO da Matera, empresa de tecnologia voltada para o mercado financeiro,fintechs e gestão de risco.TCHAU, TED Se o pagamento pelo WhatsApp agrega principalmente para as vendas diretas, na mesma esteira o Banco Central– que “monitora” a ação do aplicativo – coloca o Pix em funcionamento a partir de novembro. Esse sistema de pagamentosinstantâneos permitirá a realização de transferências e quitações de forma rápida, com baixo custo de operação. A expectativa éque substitua os tradicionais DOC e TED. Pode ser a contenção do avanço do WhatsApp Pay. “O Pix deve trazer equilíbrio”,afirma Carlos Netto. E sob a ótica dos grandes bancos, num primeiro instante, não assusta, já que as transações têm de estar vinculadas a cartões.Ou seja, está no bojo da adquirência e o app só faz a intermediação. Os bancos, inclusive, têm a possibilidade de se movimentarpara criar ferramentas e fazer transações diretas, sem passar pelo WhatsApp. O problema estaria na funcionalidade do sistema,que teria de ser tão bom ou melhor do que a mensageria. Missão difícil, já que, pelo WhatsApp, ao mesmo tempo e sem sair doaplicativo, a pessoa divulga, lança ofertas, absorve pedidos e recebe os pagamentos.A plataforma de mensagens não se cadastrou na primeira chamada para participar do Pix. Pode, no entanto, participar por meiode uma parceira, no caso a Cielo, que promoveria a convergência e a interoperabilidade. A opção de escolha ficaria a cargo docliente: pelo WhatsApp, Pix, débito ou crédito. Bom para gerar competitividade.Já as fintechs e wallets digitais, como Pic-Pay e Mercado Pago, olham a chegada do WhatsApp Pay com atenção. Renato Mendesentende que as soluções podem não continuar restritas como agora, no lançamento. “Pode caminhar para uma carteira digital

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em um futuro próximo, com oferta e antecipação de crédito, por exemplo”, afirma. Deve ser a próxima mensagem deZuckerberg pelo WhatsApp ao mercado financeiro.