4
X I ANNO DOMINGO, 8 DE OUTUBRO DE 1911 N.1 5J5 EMA N ARI O REPUBLICANO RADICAL Assigustura A»n«i- iSooo ré is; semestre, ioo reis. Pagamento adeantado. para fora: Anno. 1S200: semestre. 600; a -uiso. 20 reis. £) Para 0 Brazil: Anno. 2S1.00 reis • moeua ror te DÍR5CT0 R-PR0PRIETAR10 (í'ois5p«ssçáo e impressão) José Augusto Saloio Vi RUA CA N D i D O DOS REIS — 126, 2.- « 8 rap™ ™ seT™ Z . _ L m T u U 1 PssMfeações Annuncios— i.» publicação. 40 réis a linha, nas seguintes, 20 réis. Annuncios na 4.“ pagina, contracto especial. Os aúto- qusr sejam ou náo publicados. A JL DEÍiALLKGA EDITOR — José Cypriano Salgado Junior Com 0 entusiasmo proprio boLjcÍÍo povo portugucj, realísaram-se em Lisbôa as annunciabas íestas commemorativas òoprimeiro anniverea- rio(taproclamaçãobaRepublica Poríuque^a, venbo-seno imponentissimo cortejorepresentabas tobas as íerras bopai’. í Cp pois, jà, um anm r queum punhabobevalentesportuguesesbei- Í9U por terra o carcom ií)otrono b um traibor e beshabifoxt o palacio tias Mecessibabes. fioje rae^cs, pois, são becorribos que o povo besperfou ba letargia em quevivia, conquistoualiberbabe evèprosperara paíria queestremece. Quetobos: Povo, Àrmaba e Exército, como um so, saibam sem- pre, para sua íelicibabeeengranbecimentoba Paíria, compreender o historico babella manhã be 0 33^ OUTUSf^O* Viva a Patria! Viva a Republicai Abaixo os bespotas, os tiranos, os íabrões e es fraibflre»f Abaixo!>.. Assassinos! Foi ha annos já, mas pa- rece que foi ha dias. A di- ctadura de João Franco ti- nha chegado ao auge e o povo portuguez, muito es- pecialmente o de Lisbôa, respirava uma atmosféra ofegante de tirania e Je re- pressão Não se vivia bem na capital do paiz. O com- mercio encontrava-se qua- si paralisado, pois as se- nhoras receiavam sair á rua e a cada momento um motim fazia que as portas dos estabelecimentos- se cerrassem. Algumas cor- respondências pos-suimos desse tempo em que a li- berdade declarou guerra á opressão. Por ellas se vè ’ bem que a monarquia, prestes a afundar-se, de to- dos os meios lançava mão para mostrar que tinha for- ça. Mas.'., coitada d’ella, os seus movimentos de exaspero simplesmente fa- ziam que cada vez mais se enlameassem os seus pro- vocadores. O ministério, que então superintendia os negocios nacionais, era composto de elementos capazes das mais torpes iniquidades e da prática das maiores ignominias. O seu fito era 0 (Engrandecimento do po- der real. Para isso procu- rou aliciar o exercito por- tuguez, melhorando as con- dições de existencia dos seus oficiais, como se estes, só por isso, se não impor- tassem com o mal-estar da patria. O partido republicano, sentindo dia a dia engros- sarem-se as suas fileiras, aspirava ao momento o- nortuno para poder fazer valer os seus direitos e pa- ra conseguir a regeneração de Portugal. A lucta tinha d.e ser tenaz e, civis e mili- tares, uniam-se para heroi- camente offerecerem a sua vida em holocausto á felici- dade da patria. A policia de João Fran- co era, no emtanto, muita e, quando menos se espe- rava, dá-se a prisão dos di- rigentes do movimento re- volucionário. Antonio José de Almeida, Affonso Cos- ta, João Chagas, França Borges e outros são encer- rados em masmorras, guar- dados á vista por soldados da extincta guarda munici- pal. Estava prejudicada a revolução. Todos se retrai- » ram, mas a exaltação cres- cia de momento a momen- to. D. Carlos estava ausen- te e, a 3 i de Janeiro de 1907, o ministro Teixeira de Abreu levou á assinatu- ra real um decreto cujo conteúdo desconhecemos, mas cujo fim era uma vio- lentíssima perseguição ao partido republicano portu- guez. As reuniÕ.s eram cada vez mais frequentes e a a- gitação enorme que impe- rava em Lisbôa rapidamen- te se espalha pela provin- cia. Onde havia um núcleo de republicanos a respira- ção era ofegante. Aqui pa- ra Aldegallega é mandada a guarda municipal. Ia-se fazer substituir a vereação da camara por uma com- missão administrativa im- posta pelo govêrno aos munícipes. Para vergonha nossa houve quem aceitas- se essa imposição, mas isso mais fazia aumentar o odio á monarquia. Os proprios soldados da guarda munici- pal, após algumas horas de convivência entre nós, sol- tavam vivas á Republica. No Porto e em Coimbra o estado dos espiritos não era inferior e as povoações mais do norte de Portugal, ignorantes do significado d.a palavra Republica, olha- vam para tudo isto embas- bacadas, sem saber tradu- zir todo esse aparato bélico de que o sul estava cheio. Cada republicano em evi- dencia era seguido em to- cfos os seus passos por um d’esses homens que fazem o papel mesquinho de po- licia secreta. Assim se vi- via nesse nefasto tempo. Mas vem o trinta e um de janeiro, como acima ia- mos dizendo. O rei assinou o decreto e, para mostrar ás turbas que não receia a sua exaltação nem as suas » ameaças, pronõe-se apre- sentar-se em Lisbôa ao mesmo tempo que a re- pressão máxima iria ser posta execução. A capital portugueza es- tremece ao receber tal no- ticia. Era um desafio, um verdadeiro desafio, o acto que D. "Carlos vinha prati- car. Que consequencias te-, ria aquella loucura!?... O Terreiro do Paço en- che-se de soldados. A mul- tidão acotovéla-se, mas o- Ihando uns para os outros como que a perguntar se alguma novidade haveria. Lá vem a familia real, des- preocupada talvez, talvez sentindo no peito alguma opressão, espécie de resen- timento pelo futuro offere- cido ás familias republica- nas. N’isto soam uns tiros. D. Carlos e D. Luiz cáem varados pelas balas. Na rua ficam tambem dois cadáve- res conhecidos e um des- conhecido. As portas das masmorras abrem-se e de ellas saem os nossos actuais dirigentes. Respira-se mais suavemente. A liberdade é um facto. Quem fez isto, pergun- ta-se? Dois assassinos res- ponde-nos hoje um repu- blicano: Manuel Buiça e Al- fredo Costa. P aulino G omes." ------- ---------------- --Congresso Republicano Em harmonia, cora o § unico do art.0 6 da Lei Organica do Partido Republicano Portuguez e segundo a deliberação tomada no ultimo Congresso, realizado no Porto, » convocado 0 CoHgrss- so ordinário para os dias 27, 28 e 29 de outubro, n’esta cidade de Ltebôa. Deve «umprir-se, pa - ra a sua eonstituição, o art. 8.° da Lei Organica, que prescreve o seguinte: ■ Os congressos ordinários e ex- traordinários são constitaides: 1.°—Por delegados eleitos por sufrágio direto, um por cada som- missâo paroquial; a) Emquanto, porém., não esti- var regularmente organisade © recenseamento dos eleitores re- publicanos em cada fregu»«ia, poderão estes delegados ser elei- tos pelos membres effeetivo.s e substitutos das commissões para- quiais; 2.°—Pelos presidentes das com- missões districtais e municipais; S.°—Por um representante de cada associação, centro ou. escola^ que estejam filiados no partido; 4.°—Por um delegado da cada vereação ou junta de paroquia republicanas; 5.°—Pelos deputados e ex-de- putados republicanos;; 6.c—Pelo Direcíorio e antigos, membros do Directorio; 7.°—-Pelos membros da Junta. Administrativa; 8.°—Pelos membros, da. Junta Consultiva. 9.°—Pelos representantes dos jornais republicanos, sendo dois por cada jornal diario e um por cada um dos ou-tros. Os congressistas não têem que apresentar bilhete dá identidade. As credenciais que os mostra- rem kabilitados á representação de qualquer colectividade e q,ue a- presentarão no acto da abertura do Congrésso, constituem o unico titulo de admissão que. se. torna preciso. N’este Congresso, só' têem re- presentação as entidades reconhe- cidas até 5 de outubro de 1910.— Lisbôa, 29 de setembro de 1911. O secretario do Directorio, Eu- zebio Leão.

XI ANNO DOMINGO, 8 DE OUTUBRO DE 1911 N · 2020. 2. 11. · Por ellas se vè ’ bem que a monarquia, prestes a afundar-se, de to dos os meios lançava mão para mostrar que tinha

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • X I ANNO D O M I N G O , 8 D E O U T U B R O D E 1 9 1 1 N .1 5 J5

    EM A N A R I O R E P U B L IC A N O R A D IC A L

    A s s i g u s t u r aA»n«i- iSooo réis; semestre, ioo reis. Pagamento adeantado. para fora: A nno . 1S200: semestre. 600; a -uiso. 20 reis. £)Para 0 Brazil: A nno. 2S1.00 reis • moeua ror te

    DÍR 5CT0 R-PR0PRIETAR10

    (í 'o is5p«ssçáo e im p r e s s ã o )

    José Augusto SaloioVi R U A C A N D i D O D O S R E IS — 126, 2.- « 8rap™ ™ seT ™ Z. _ L m T u U 1

    PssMfeaçõesA n n u n cio s— i.» publicação. 40 réis a linha, nas seguintes,

    20 réis. A nnuncios na 4.“ pagina, contracto especial. Os aúto-q u sr sejam ou náo publicados.

    A J L D E Í i A L L K G A EDITOR— José Cypriano Salgado Jun ior

    Com 0 entusiasmo proprio bo L jc ÍÍo povo portugucj, realísaram-se em Lisbôa as annunciabas íestas commemorativas òo primeiro anniverea- rio (ta proclamação ba Republica Poríuquê a, venbo-se no imponentissimo cortejo representabas tobas as íerras bo pai’.

    í Cp pois, jà, um anmr que um punhabo be valentes portugueses bei- Í9U por terra o carcomií)o trono b um traibor e beshabifoxt o palacio tias Mecessibabes.

    fioje raê cs, pois, são becorribos que o povo besperfou ba letargia

    em que vivia, conquistou a liberbabe evè prosperara paíria que estremece. Que tobos: Povo, Àrmaba e Exército, como um so, saibam sem

    pre, para sua íelicibabe e engranbecimento ba Paíria, compreender o historico ba bella manhã be 0 33̂ OUTUSf̂ O*

    Viva a Patria! Viva a Republicai Abaixo os bespotas, os tiranos, os íabrões e es fraibflre»f Abaixo!>..

    Assassinos!Foi ha annos já, mas pa

    rece que foi ha dias. A di- ctadura de João Franco tinha chegado ao auge e o povo portuguez, muito especialmente o de Lisbôa, respirava uma atmosféra ofegante de tirania e Je repressão Não se vivia bem na capital do paiz. O commercio encontrava-se quasi paralisado, pois as senhoras receiavam sair á rua e a cada momento um motim fazia que as portas dos estabelecimentos- se cerrassem. Algumas correspondências pos-suimos desse tempo em que a liberdade declarou guerra á opressão. Por ellas se vè ’ bem que a monarquia, prestes a afundar-se, de todos os meios lançava mão para mostrar que tinha força. Mas.'., coitada d’ella, os seus movimentos de exaspero simplesmente faziam que cada vez mais se enlameassem os seus provocadores.

    O ministério, que então superintendia os negocios nacionais, era composto de elementos capazes das mais torpes iniquidades e da prática das maiores ignominias. O seu fito era 0 (Engrandecimento do poder real. Para isso procurou aliciar o exercito portuguez, melhorando as con

    dições de existencia dos seus oficiais, como se estes, só por isso, se não importassem com o mal-estar da patria.

    O partido republicano, sentindo dia a dia engrossarem-se as suas fileiras, aspirava ao momento o- nortuno para poder fazer valer os seus direitos e para conseguir a regeneração de Portugal. A lucta tinhad.e ser tenaz e, civis e militares, uniam-se para heroicamente offerecerem a sua vida em holocausto á felicidade da patria.

    A policia de João Franco era, no emtanto, muitae, quando menos se esperava, dá-se a prisão dos dirigentes do movimento revolucionário. Antonio José de Almeida, Affonso Costa, João Chagas, França Borges e outros são encerrados em masmorras, guardados á vista por soldados da extincta guarda municipal. Estava prejudicada a revolução. Todos se retrai-

    »

    ram, mas a exaltação crescia de momento a momento. D. Carlos estava ausente e, a 3 i de Janeiro de 1907, o ministro Teixeira de Abreu levou á assinatura real um decreto cujo conteúdo desconhecemos, mas cujo fim era uma violentíssima perseguição ao partido republicano portuguez.

    As reuniÕ.s eram cada vez mais frequentes e a a

    gitação enorme que imperava em Lisbôa rapidamente se espalha pela provincia. Onde havia um núcleo de republicanos a respiração era ofegante. Aqui para Aldegallega é mandada a guarda municipal. Ia-se fazer substituir a vereação da camara por uma commissão administrativa imposta pelo govêrno aos munícipes. Para vergonha nossa houve quem aceitasse essa imposição, mas isso mais fazia aumentar o odio á monarquia. Os proprios soldados da guarda municipal, após algumas horas de convivência entre nós, soltavam vivas á Republica.

    No Porto e em Coimbra o estado dos espiritos não era inferior e as povoações mais do norte de Portugal, ignorantes do significadod.a palavra Republica, olhavam para tudo isto embasbacadas, sem saber traduzir todo esse aparato bélico de que o sul estava cheio. Cada republicano em evidencia era seguido em to- cfos os seus passos por um d’esses homens que fazem o papel mesquinho de policia secreta. Assim se vivia nesse nefasto tempo.

    Mas vem o trinta e um de janeiro, como acima ia- mos dizendo. O rei assinou o decreto e, para mostrar ás turbas que não receia a sua exaltação nem as suas »ameaças, pronõe-se apresentar-se em Lisbôa ao

    mesmo tempo que a repressão máxima iria ser posta execução.

    A capital portugueza estremece ao receber tal noticia. Era um desafio, um verdadeiro desafio, o acto que D. "Carlos vinha praticar. Que consequencias te-, ria aquella loucura!?...

    O Terreiro do Paço en- che-se de soldados. A multidão acotovéla-se, mas o- Ihando uns para os outros como que a perguntar se alguma novidade haveria. Lá vem a familia real, despreocupada talvez, talvez sentindo no peito alguma opressão, espécie de resen- timento pelo futuro offerecido ás familias republicanas. N’isto soam uns tiros. D. Carlos e D. Luiz cáem varados pelas balas. Na rua ficam tambem dois cadáveres conhecidos e um desconhecido. As portas das masmorras abrem-se e de ellas saem os nossos actuais dirigentes. Respira-se mais suavemente. A liberdade é um facto.

    Quem fez isto, pergunta-se? Dois assassinos responde-nos hoje um republicano: Manuel Buiça e Alfredo Costa.

    P au lino G omes."------- ---------------- --—

    Congresso Republicano

    Em harmonia, cora o § unico do art.0 6 da Lei Organica do Partido Republicano Portuguez e segundo a deliberação tomada no ultimo Congresso, realizado

    no Porto, » convocado 0 CoHgrss- so ordinário para os dias 27, 28 e 29 de outubro, n’esta cidade de Ltebôa. Deve «umprir-se, para a sua eonstituição, o art. 8.° da Lei Organica, que prescreve o seguinte: ■

    Os congressos ordinários e extraordinários são constitaides:

    1.°—Por delegados eleitos por sufrágio direto, um por cada som- missâo paroquial;

    a) Emquanto, porém., não estivar regularmente organisade © recenseamento dos eleitores republicanos em cada fregu»«ia, poderão estes delegados ser eleitos pelos membres effeetivo.s e substitutos das commissões para- quiais;

    2.°—Pelos presidentes das commissões districtais e municipais;

    S.°—Por um representante de cada associação, centro ou. escola^ que estejam filiados no partido;

    4.°—Por um delegado da cada vereação ou junta de paroquia republicanas;

    5.°—Pelos deputados e ex-de- putados republicanos;;

    6.c—Pelo Direcíorio e antigos, membros do Directorio;

    7.°—-Pelos membros da Junta. Administrativa;

    8.°—Pelos membros, da. Junta Consultiva.

    9.°—Pelos representantes dos jornais republicanos, sendo dois por cada jornal diario e um por cada um dos ou-tros.

    Os congressistas não têem que apresentar bilhete dá identidade.

    As credenciais que os mostrarem kabilitados á representação de qualquer colectividade e q,ue a- presentarão no acto da abertura do Congrésso, constituem o unico titulo de admissão que. se. torna preciso.

    N’este Congresso, só' têem representação as entidades reconhecidas até 5 de outubro de 1910.— Lisbôa, 29 de setembro de 1911. O secretario do Directorio, Euzebio Leão.

  • O D O M Í N G Ò

    C O F R E P I E O L i §

    TRA N SFO RM A ÇÃ ON u m cèrro erguia-se o castello antigo, N obre morada de senhores feudaes, D i\em velhos qtie elle fôra abrigo,Dos velhos amos de seus velhos paes.

    Paredes negras, jd de lia tantos annos ■Ninguém se lembra das vêr alvejar. Muitos invernos lhe fizeram damnos,E as altas torres vão a desabar.

    Junto ào castello ha uma velha igreja, Nas torres, sinos, para chamar ds re\as, E d noite a lua meigaftiente beija,

    -Aquellas torres que nos dão tristezas.

    Os annos seguem, vão-se derrubando D o alto da serra, no castello antigo,Os largos muros que nos vão deixando Saudades, como d algum-'velho afitigo.

    N o campanario, já de noite, ás véçés, Contava o povo, mas muito em segredo, Que tinham visto muitos camponeses,

    íPhantasmas brancos que metiam medo.

    Passaram annos, no castello àgotã Ouvem-se !vo\es chilrear contentes; ílluminados pela lu\ d aurora H a labios frescos, sempre sorridentes.

    O sino agora já não chama as rê\j~s Ouve-se ás ve^es, mas só por cantar. .» Pois desse monte fugiram tristezas Desde que a -infancia f o i ali pousar.

    Tambem as aves teem lá abrigõ-.N o •campanario vivem andorinhas.Onde era dantes o castello -antigo,-Fei[-se uma escola para as criancinhas.

    À l d a G u e r r e i r o .

    P a r a s i t a sN o meio duma fe ira , uns poucos de palhaços Andavam a mostrar em cima dum jumento Um aborto infeli\, sem mãos, sem pés, sem braços, Aborto que lhes dava um grande rendimento.

    Os MagroS histriões, hypoàrilàs, dèVassoè, Exploravam assim a flor do sentimento,E o monstro arregalava os grandes olhos baços, Uns olhos sem calor e sem entendimento.

    E toda à gente deu esmola aos taes ciganos'; Deram esmola até mendigos quasi nus.E è t i, âo vêr este quadro, apóstolos romanos.

    E u leinbrèi-me de vós, funambulos da Cru Que àndaes pelo universo ha mil e tantos annos -Exliibindo, explorando o corpo de Jesus.

    G u er r a J c n q u eiro .

    RUDIMENTOS DE POLITICA E DE CIVISMOSer liVrê-pensàdor: E’ cada um seguir a moral e a

    politica que mais agradam ao seu espirito.O livre-pensador não se preocupa com as religiões

    ou credos politicos estabelecidos pela tradição.— C. A. Fernandes.

    ANNO DEPOISHa um anno já que a Republi

    ca Portugueza é uma realidade palpavel e ao nosso espirito evo- cador ainda parece que foi hon tem que se deu a humartitaria revolução que a proclamou. E de então para cá quantas esperanças perdidas! Quantas desilItisSes desfeitas! Sina,, a desillusão, o

    desespero que invade os sinceros republicanos, que amargura os revolucionários, nao provém do regimen que livremente proclamaram e qae defenderão através de tudo, mas sim dos pseudo-re- publieanos que, nada arriscando na madrugada de 4 de Outubro de 1910, se apoderaram da Republica, arvorando-se em seus mentores, falseatklo a sua missão e pactuando criminosamente com

    os adversarios da véspera. ' O que é feito dos inflamados

    tribunos que nos comicios constantemente ameaçavam a «ominosa» com a justiceira vindicta da cólera popular n’uma rubra madrugada rehabilitadorá? Que ■prometteram ao povo electrisado •pór uma rethorica incendiaria, embora sediça, de com elle ver- -ter o sèú sangue de revolucionário «sanscullote» do alto das barricadas? Sim, o que é feito d’e'l- les?

    Degeneraram, nao ha dúvida, nos mais acommodaficios e grotescos conselheiros, dignos ému- los de «Pacheco»-, atraiçoando ignobilmente todo um passado de propaganda e os principios que fizeram grande e temido o partido republicano historico.

    Ningtiem os Viu na rifa batendo se ao lado do povo, chefiando-to, fia Rotunda ou em Alcanta- ra. Ninguém-os lobrigou tão pouco no ataque aos quartéis como horas antes na histórica reunião da rua da Es.perança tinham pro metido. Mas, em compensação, toda a gente -os vê -irr.pávidos col- laborandt) coin afã n’uma politica tfHmihosâ, que irrisoriamente de-, nominam «d’atraeção»-, quando, com mais propriedade se póde a-, pelidar de traição. Todo o mundo os enxerga mancommunados com odiosos «caciques» da extincta monarquia, n’uma pressa insofrida e immoral de constituirêm partido e clientella, embora para o conseguir pontapeiem velhos e dedicados correligionários e desgostem organisaçÕes partidarias existentes UO paiz.

    E o resultado de tudo isto, de tanta imbecilidade de paz com tanta vileza, estamos nós agora presenceando com o levantar da grimpa dos adversarios, ainda hontem humilhados e reduzidos á mais simples expressão, è já a- gora esperançados n’ilnâa próxima e fêroz «revanclre», qtre ha dias deu tos primeiros signaes Tia capital 'do norte « arredores.

    São póde-, pois, restar dúvida que a orientação d ’esíes coriphe us do conselheirismo republicano, a prosegúir, pode traíer áRepu biica, que outros fizeram para elles disfruetar sérias complicações, se o patriotismo do povo não se iizer sentir mais uma vez e de maneira bem eloquente junto d’aquelles que tão facilmente esqueceram o que deviam a um passado de Coherencia e de ho nestidade politica. Só o poso. pois, é que póde obstar á conti nuâção de uma'tão criminosa politica, que ameaça frustrai1 por completo os propositos do generoso movimento de que hoje festejámos o primeiro anniversario. E só elle é capa?, de defender a Republica se, por Centura alguma vez ella perigar, pois que, como no 4 de Outubro, ninguém seria capaz de os ver—aos conselheiros da Republica—arriscar a «vida» para defeza do regimen vigente, que é hoje o mais segu ro penhor da nossa condição de nação livre e indépêndente e a mais sorridente esperança de melhoria do nosso bem estar so0ial.

    Por isso é cabido o conselho ao povo de que, muito embora

    j festejando o primeiro anriiversa- ! rio da proclamação dá Republica.! se não deixe embalar com o ean- ' tar da sereia, vigiando atento o | desenrolar do trama que, contra j a Republica, antigos republicanos, j de par coni ignóbeis cacique do regimen deposto, estão urdindo.

    A Republica tem que ser, tanto quanto possivel, democrática, progressiva e radical, de contrario, nào será o preconisado regimen de socego e been-esíar que

    os caudilhos no tempo dos comicios prometiam ao povo. Só as sim ella satisfará todos os patriotas e corresponderá ao momento historico que a tornou possivel.

    Que os pseudo-repnblicanos pênsem Visto, sendo doloroso que após um anno dè Republica ainda haja ensejo de escrever artigos d’este 'theor.

    Â id o .

    íLommeníartos & Not teias© es m e as ai «lo

    A proposito d’tima noticia inserta no número passado d’este jornal subordinada á epigrafe «Aturai os e . . . » em que devido a uma informação d’ultiràa hora censurámos o estado do matadouro, veio queixar-se-nos a esta redacção o fiscal d’aque;lle ediíi cio municipal de que a acusação íyão tem nada de verdadeira pois que agora, mais do que nunca, o matadouro está iiasmelhorès condições hygiemeas e as rezes que ali se têem abatido são de boa qualidade.

    Folgámos immenso 'que assim seja.® §>eÍ82B3?H*«

    Fui a Lisbôa 'è pór isso não pude falar-te, fiz os possiveis esforços, mas quando vim só vi tua mãe -k o quintal. ,

    A M B N T íl. S S S T S è â iÉ iV êJaíòsse l i t t h a . . .

    Quando se iniciaram as obras no predio onde está installada a Associâçãò 'de Classe Marítima houve logo quem regorgitasse o seu contentamento supondo que. aquella associação tivesse fallido (Eu logo vi—dissê-se — quC isto não durava muito tempo! Esta é a primeira e as -outras tambem hão de ir pelo mesmo caminho!»

    Parece impossível mas é verdade, qne n’uma terracomo esta, «o mâior baluarte . . . ‘da Republica», haja quem seja tão rancoroso para com os pequeninos.

    Vale ser invejoso mas não tanto, senhores-.

    Â Associação Maritimâ é todas as associações de claáse, de esta villa, cada vez estão mais vigorosas e mais independentes.

    Infelizmente já não acontece o mesmo com outras associações.

    E quem tem a culpa?«© Hlsisl'©»

    Com este titulo iniciou â sua. publicação em Alcácer do Sal um novo jóimál d'e clásse trabalhadora. E ’ quinzenarro.

    Apetecemos-lhe longa e feliz existencia.

    I la s s s iaFoi morto nâ 'rua com tim tiro

    o presidente do Supremo Tribu- ttal. O auctor do âttentado, voltando a arma para si, feriu-se mortalmente.A s so e i a çâo I* S s e d o r i a

    Na séde d’esta associação rea- lisou-se na segunda feira passada uma conferencia sobre a «utilidade das associações de classe e de socorros mutuos», falando os nossos amigos Manuel Luiz Dias e o dr. Paulino Gomes que foram muito aplaudidos. Os oradores haviâm sido. para aquelle íim, convidados pelo presidente da direcção da Associação.SSíts&caçâo M ova

    Assim se intitula lima revista mensal do Instituto Grandella que começou a -publicar-se no Porto.

    Agradecemos a honra da visita.,4po3iseIlsaTí«S»

    O eminente estadista dr. Affonso Costa, no seu discurso tle inauguração no domingo passado

    no Centro Republicano Democra* ta, dirigindo-se ao govêrno, diz;

    «Nãô fa ç a le is d e excépçào^ hão estabeleça t r ib n n a e s espeeia- es, não fuxile ninguém, mas aplique severamente a lei. Os que estão presos por terem conspira- do contra a Republica têem go- sado de todos os favores da politica de atracção, fazendo livremente actos-, recebendo visitas-, dando se a luxos de todas as na- turezàs è a todos os prazeTes-, até ás satisfações da carne. E ’ preciso que isso acabe, pois qne o momento em que descobre uma conspiração, que certamente 'tem ramificações, não é o mais pro- prio para benevolencias. Recolham-se os criminosos ás prisões-, meta-se cada um em swa cela, para que não possam mais armar- se e concerí&r-se pará uma revolta , consinta-se-lhés qne falem ás familias embora a monarquia não o consentisse, mas diante de Uma guarda de confiança. Esta é â obra immediatà, a mais simples, que ficará concluída com o julgamento de todos os conspiradores. Mas liã depois d’-ellâ um a obra mais larga, mais àmpla: defender o terreno conquistado para quebrar a s armas do jesuitismo, fazer as grandes reformas financeiras -e económicas para interessar o paiz inteiro na marcha da Republica. Esta é a politica da coordenação, contraposta á da attraccão qué significou um apelo aos adversarios declarados para que viessem governar».

    Muito bera. Basta de complâ- cencias. E ’ tempo de acabar com essa politica de agna morna que só tem prejudicado á Republica e incommodado o paiz3.

    I^ropagasiíla ád .. IJrré * 8®câB8as5S5?3iil» c eleiçãoRealisou-se no domingo passa

    do, no teatro Aldegallense, um grande comicio de propaganda do livre pensamento.

    Aberto o comicio pelo nosso a- migo Francisco .Maria Relogio^ este convidou para a presidencia o nosso amigo dr. Paulino Gomes, o qual, por sua vez, nomeou para o secretariarem os no.sj sos amigos José Theodosi‘0 dâ Silva e Armando Antunes. O presidente depois dè explicar os fins d’aquella reunião lê as adesões qne se encontram sobre a meza e dá a palavra aos oradores inscriptos Começando pelo sfi

    -C.yrillo de Carvalho e seguindo- se-lhe os srs. José Reis, Manuel Luiz Dias, Eurieo de Campos a Jose do Yaiie qne dissertaram largamente sobre o l iv r e -pensamento custando-lhes isso demorados aplausos. O menino Horacio Ferreira Saloio, filho do nosso director-, recitou uma linda poe ̂sia intitulada «Satan», que lho valeu fartos aplausos. Falaram ainda os srs. Oliveira, Mário Gomes e Alvaro Valente.

    A nova Junta Local ficou com" posta dos srs. dr. Manuel Pailli* 110 Gomes, Manuel de Medeiros Junior, Manuel Luiz Dias, José Theodosio da Silva e Jo.ào Antonio Pereira Braga. Findo o comi* cio foi offerecido aos oradores o mais livres pensadores na impoi1' tante fábrica de gazozas e refri* gerantes do nosáo amigo Joss Theodosio da Silva, urn bello jantar que decorreu animadíssimo, trocando se muitos e e n tu siásticos brindes.«© xi l l l s t a»

    E ’ este o titulo d’iim novo collega qtie sahirá á luz da publicidade em Lisbôa por todo es‘9 mez, e que terá como .director o sr. Silva Juaior.

  • O D O M I N G O 3S S aailiílos a s s o l d a d a d o s

    Quando em quasi todo o paiz se festeja com entusiástico patriotismo o prioieiro anniversario da implantação da Republica, os b&udidos da extincta monarquia pagos em Hespanha pela cana jha jesuítica entram armados em Portugal no louco intuito d’uma resiauração monafquica. Foi batida essa horda de sicários, mas não é tudo'; o govêrno precisa reprimir irtergieamente esses assoldadados malfeitores e seus cúmplices. Já é tempo para acabar com contemplações-, e pôr-se de ir.do a politica d’atracção qúe só tem dado prejuizo á Republica. E’ urgehte exterminar de vez essa canalha infame e desprezi- vel!

    Vá, Kiaós á obra! Às prisões qne serviram para as represalias da canalha defensora do regimen de crápula e roubo são as mesmas que podem servir hoje para corrigir bandidos assoldadados.

    Quem com ferro mata . . *

    R o ía s d c 3

  • o D O M I N G ORelojoaria CRUZGrande e completo sortimen

    to de relogios de ouro, prata e a- ço para homem e senhora assim como de meza e de parede por preços excessivamente baratos.

    Executam-se todos os concertos em relogios e objectos douro e de prata.

    Tambem se vendem objectos de ouro e de prata por preços sem competencia.

    Todos os concertos e bem assim todos os objectos vendidos n’esta casa se garantem s*OE5. 2 AKXOS.

    57—R. ALMIRANTE CÂNDIDO DOS REIS—59

    549 A L D E G A L L E G A

    J O S É S E Q U E I R A J U N I O R , F I L H O— C O M -

    SFÍIO TA . ® I IÃ T 8 HS®Esta casa encarrega-se de todas as obras que di

    zem respeito á sua arte, assim como concertos em pul- verisadores, garantindo-se o bom acabamento e o material empregado. Encontram-se tambem bocais, vidros, torçidas-) pós para as formigas, raticida, brochas, pin- ©eis, ett. Tudo por preços baratíssimos.

    i — Rua da Bella Vista— Largo da Calçada, 21A L D E G A L L E G A 546

    J O S É D A S I L V A T M M O T E ORelojoaria e í) umes ar ia

    SEM RIV A L5y3

    O proprietário d’este estabelecimento roga a sun numerosa freguezia a fineza de visitar a sua relojoaria e ourivesa ria onde se encontra um completo sorti io de relogios em prata e aço dos melhores fabricantes. R eb gios de sala e des pertadores por preços sem competencia. Com pleto sortido em todos os artigos de ouro e prata por preços que desafiam toda a concorrência. Esta casa tem officina montada com todos os aperfeiçoamentos.modernos para a qual contratou um official hab.litado para todo o genero de trabalhos, tais como: concertos em relogios de todos os systemas. gravura em todos os géneros, concertos em ouro e prata. Fabnca qualquer objecto em ouro ou prata median e encommenda e com to da a rapidez. Doura, prateia e metalisa qualquer objecto. Fabricação de peças para pequena mechnnica. Concertos em gram ôphones, caixas de musica e apparelhos electricos. etc. Garantem-se todos os trabalhos sob pena de se devolver as im portâncias jus,tas quando estes náo estejam á vontade do freguez. T rabalhos para os collegas, 20 °[o de desconto.

    Todos os trabalhos são garantidos por 11111 auno

    PRAÇA DA REPUBLICA, 6 8 , 7 0 E 71(V ulg o, Praça Serpa Pinto)

    - ---- A L D E G A L L E G A = —

    M H

    TYPOGRAPHEsta casa acha-se devidamen

    te habilitada a executar com a maior rapide\ e perfeita execu-

    A .medicina vegetal, será a prim itiva, mas é a mais natural, a mais prom pta. a mais barata e a menos perigosa. Com várias nom enclaturas, fórmulas caprichosas, rótulos bonitos e reclames extravagantes, os m édicos receitam e as pharmacias vendem sem pre «por alto preço», extractos dozeados de plantas tão vulgares, que ern qualqner quintal se en:ontram sem custo E ’ uma industria lega], scientifica, necessaria, mas que só póde existir pela exploração dos enferm os, nem sempre ricos. O D IC C IO N A R IO DE M E D IC IN A V E G E T A L (ao al^ ince de todos) por Çarlos M arques, é portanto, util em todas as casas.— O t.° volum e, de 176 páginas, indica «os signaes que çaracterisam as principaes enfermidades e a sua cura pela therapeutica vegetal», raizes, folhas, flores e fructos* et#.'— 0 2.0 vol. tambem de 176 pág. trata da «deseripçáo botanica e emprego medicinal» das principaes plantas portuguezas e b rnzildras.

    Cada volum e custa apenas 200 rs. (pelo correio 220 rs.) e encontram se já á venda nas principais livrarias do reino, ilhas, Africa e Brazil. Os pedidos àevem ser dirigidos ao editor,

    F R A N C IS C O S IL V A

    Rua de S. Bento, 216-B

    1ção todos os trabalhos concernentes d sita arte, tais como: bilhetes de visita, papel e envelop- pes timbrados, memoranduns, ‘facturas, prospectos,program-

    mas, participações diversas, c ir- culares. livros, rapei commer- cial, rótulos para expediente de farmácia, etc , etc,

    impressões de luxo a côres, a ouro , prata, bronze e cobre.

    Em carregvse de brochuras, cartonagens e encadernações.

    BILH ETES DE VISITAEm cartão especial a 200, Soo, 400, 5oo, 600 e 700 réis o cento.

    C om posição c im p ressão be jornaes cm íobos os form atos para 0 que tem m ateria í s u f iciente c m aqu in as apr,opriaí>as

    R. ALMIRANTE C AKTDIDO DOS REIS, 120

    A L D E G A L L E G AENCYCLOPEDIA

    DAS FAMILIAS

    Revista illustrada de instrucção e recreio. A publicação mais util e económica que se publica em Portugal. R. Drario de Noticias, 93— Lisbôa.

    \ miftf.iiij]Com escriptorio na rua

    João de Deus, n.° j 3. Encarrega-se de solicitar em todas as repartições da comarca e fóra d’ella, por preços muito diminutos.

    NOVO MUNDOIllustração semanal

    Cada anno, 2 volumes de mais de 5oo páginas e 1:000 ilíustrações, cada um, por 2^000 réis.

    Assigna-se na Praça de S. Bento, 28-1.0— Lisbôa.

    BIBLIOTHECA

    HISTOS.IOAPopular e Illustrada

    Edição da casa ALFREDO I)A- YID, Encadernador

    30, 32, R. Serpa Pinto, 34, 36Lisbôa

    ffiisiôr-ia da ^R,eveluçlofFraneeça

    A publicação mais barata que até agora se tem feito no paiz!!