9
XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a prática valorizando o Professor Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015 O USO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA CRÍTICA Camila da Silva Nunes Universidade Luterana do Brasil - ULBRA [email protected] Arno Bayer Universidade Luterana do Brasil - ULBRA [email protected] Resumo: O artigo apresenta um recorte do projeto de doutorado que está em desenvolvimento e tem como objetivo investigar se a utilização de um iBook no Ensino Superior, especificamente na disciplina de Estatística Aplicada à Administração, pode proporcionar uma Aprendizagem Significativa Crítica em relação à aprendizagem de Estatística. A investigação está alicerçada na Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica, na Educação Estatística Crítica e no uso das Tecnologias da Comunicação e Informação no ensino. O iBook será elaborado pelos pesquisadores e implementado com os alunos, valendo-se a pesquisa de entrevistas, mapas conceituais, diagramas vê, questionários, opiniões e discussões coletivas, sendo que os dados serão interpretados e analisados com base no referencial teórico, com a intenção de contribuir para uma Aprendizagem Significativa Crítica, voltada para uma Educação Estatística Crítica, por meio de recursos tecnológicos. Palavras-chave: Educação Estatística Crítica. Aprendizagem Significativa Crítica. Tecnologias da Comunicação e Informação. 1. Introdução As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão disponíveis para a humanidade, desde que o homem começou a escrever nas paredes das cavernas. Ao longo dos anos, essas tecnologias foram sendo aperfeiçoadas nos mais diversos segmentos sociais, como por exemplo: no trabalho, no lazer, na educação, dentre outros. Atualmente, as TIC são características fundamentais de progresso e globalização entre os povos. (COSTA, 2002). As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC) estão desafiando a humanidade pelas modificações econômicas, sociais e políticas, em um processo acelerado. Dessa forma, segundo refere Rocha (2011, p. 2), “para melhor observarmos os impactos das tecnologias na cultura da contemporaneidade devemos perceber a educação como um processo complexo, inacabado e em permanente transição.”

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática

Inovar a prática valorizando o Professor

Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

O USO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA CRÍTICA

Camila da Silva Nunes

Universidade Luterana do Brasil - ULBRA [email protected]

Arno Bayer

Universidade Luterana do Brasil - ULBRA [email protected]

Resumo: O artigo apresenta um recorte do projeto de doutorado que está em desenvolvimento e tem como objetivo investigar se a utilização de um iBook no Ensino Superior, especificamente na disciplina de Estatística Aplicada à Administração, pode proporcionar uma Aprendizagem Significativa Crítica em relação à aprendizagem de Estatística. A investigação está alicerçada na Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica, na Educação Estatística Crítica e no uso das Tecnologias da Comunicação e Informação no ensino. O iBook será elaborado pelos pesquisadores e implementado com os alunos, valendo-se a pesquisa de entrevistas, mapas conceituais, diagramas vê, questionários, opiniões e discussões coletivas, sendo que os dados serão interpretados e analisados com base no referencial teórico, com a intenção de contribuir para uma Aprendizagem Significativa Crítica, voltada para uma Educação Estatística Crítica, por meio de recursos tecnológicos.

Palavras-chave: Educação Estatística Crítica. Aprendizagem Significativa Crítica. Tecnologias da Comunicação e Informação.

1. Introdução

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão disponíveis para a

humanidade, desde que o homem começou a escrever nas paredes das cavernas. Ao longo

dos anos, essas tecnologias foram sendo aperfeiçoadas nos mais diversos segmentos

sociais, como por exemplo: no trabalho, no lazer, na educação, dentre outros. Atualmente,

as TIC são características fundamentais de progresso e globalização entre os povos.

(COSTA, 2002).

As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC) estão desafiando a

humanidade pelas modificações econômicas, sociais e políticas, em um processo

acelerado. Dessa forma, segundo refere Rocha (2011, p. 2), “para melhor observarmos os

impactos das tecnologias na cultura da contemporaneidade devemos perceber a educação

como um processo complexo, inacabado e em permanente transição.”

Page 2: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

Tendo em vista as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade, decidimos pesquisar

sobre o uso de tecnologias nas aulas de Estatística, por meio da elaboração e

implementação de um iBook (livro digital), para ensinar Estatística aos alunos do curso de

Administração de Empresas, visando a uma Aprendizagem Significativa Crítica do

conteúdo a ser estudado.

2. Aprendizagem Significativa Crítica

Inicialmente, a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) foi desenvolvida por

Ausubel e este alicerçou-se em um ponto de vista cognitivo, enfatizando que são

necessárias duas condições para que a aprendizagem ocorra de forma significativa: (a)

disposição do aluno para aprender e (b) o material didático desenvolvido deve ser

potencialmente significativo para o aluno, além de ser construído a partir dos seus

conhecimentos prévios.

Posteriormente, a TAS recebeu contribuições de Novak, Gowin e Moreira, dentre

outros pesquisadores que acabaram trazendo, de certa forma, uma visão humanista acerca

da teoria, na qual o conhecimento humano está integrado aos pensamentos, sentimentos e

ações do indivíduo. Dando continuidade às pesquisas relacionadas à TAS, o pesquisador

Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele denomina de Aprendizagem

Significativa Crítica, da qual vamos tratar a seguir.

Dessa forma, Aprendizagem Significativa Crítica, segundo afirma Moreira (2014,

p. 226), “é aquela perspectiva que permite ao sujeito fazer parte de sua cultura e, ao mesmo

tempo, estar fora dela”. Essa assertiva expressa que, em função das necessidades impostas

pelo mundo contemporâneo, adquirir novos conhecimentos de maneira significativa não é

suficiente, por isso, além de adquirir os conhecimentos de modo significativo, é necessário

obtê-los criticamente.

Em vista desse aspecto, a Aprendizagem Significativa Crítica, criada e divulgada

por Moreira, trata “de uma perspectiva antropológica em relação às atividades de seu grupo

social que permite ao indivíduo participar de tais atividades, mas, ao mesmo tempo,

reconhecer quando a realidade está se afastando tanto que não está mais sendo captada pelo

grupo.” (MOREIRA, 2014, p. 226).

Page 3: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

Em sua obra, Moreira (2008, p. 55) destaca-se que “ao mesmo tempo em que é

preciso viver nessa sociedade, integrar-se a ela, é necessário também ser crítico dela,

distanciar-se dela e de seus conhecimentos quando ela está perdendo o rumo.” Nesse

sentido, é por intermédio da Aprendizagem Significativa Crítica conforme ressalta Moreira

(2010, p. 7) “que o aluno poderá fazer parte de sua cultura e, ao mesmo tempo, não ser

subjugado por ela, por seus ritos, mitos e ideologias”.

Deste modo, a construção de uma Aprendizagem Significativa Crítica, conforme

observa Moreira (2010, p. 4), implica, também, a capacidade de “aprender a aprender, que

permitirá à pessoa lidar frutiferamente com a mudança, e sobreviver”. E por uma questão

de sobrevivência, faz-se necessário mudar o foco da aprendizagem e do ensino que busca

facilitá-la. De acordo com a lição de Moreira (2010, p. 20), o foco da aprendizagem

deveria estar na Aprendizagem Significativa Crítica que:

[…] permitirá ao sujeito fazer parte de sua cultura e, ao mesmo tempo, estar fora dela, manejar a informação, criticamente, sem sentir-se impotente frente a ela; usufruir a tecnologia sem idolatrá-la; mudar sem ser dominado pela mudança; viver em uma economia de mercado sem deixar que este resolva sua vida; aceitar a globalização sem aceitar suas perversidades; conviver com a incerteza, a relatividade, a causalidade múltipla, a construção metafórica do conhecimento, a probabilidade das coisas, a não dicotomização das diferenças, a recursividade das representações mentais; rejeitar as verdades fixas, as certezas, as definições absolutas, as entidades isoladas.

Para isso, sugere-se que, no ensino, sejam observados os princípios facilitadores de

uma Aprendizagem Significativa Crítica, elaborados e destacados por Moreira (2000,

2008, 2010, 2011), os quais enfatizamos a seguir.

1. Aprender que aprendemos a partir do que já sabemos. (Princípio do conhecimento

prévio).

2. Aprender/ensinar perguntas ao invés de respostas. (Princípio da interação social e do

questionamento).

3. Aprender a partir de distintos materiais educativos. (Princípio da não centralidade do

livro de texto).

4. Aprender que somos perceptores e representadores do mundo. (Princípio do aprendiz

como perceptor/representador).

5. Aprender que a linguagem está totalmente implicada em quaisquer e em todas as

tentativas humanas de perceber a realidade. (Princípio do conhecimento como linguagem).

Page 4: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

6. Aprender que o significado está nas pessoas, não nas palavras. (Princípio da consciência

semântica).

7. Aprender que o ser humano aprende corrigindo seus erros. (Princípio da aprendizagem

pelo erro).

8. Aprender a desaprender, a não usar conceitos e estratégias irrelevantes para a

sobrevivência. (Princípio da desaprendizagem).

9. Aprender que as perguntas são instrumentos de percepção e que definições e metáforas

são instrumentos para pensar. (Princípio da incerteza do conhecimento).

10. Aprender a partir de distintas estratégias de ensino. (Princípio da não utilização do

quadro-de-giz).

11. Aprender que simplesmente repetir a narrativa de outra pessoa não estimula a

compreensão. (Princípio do abandono da narrativa).

Conforme observa Moreira (2011, p. 177), “Na sociedade contemporânea, não tem

sentido adquirir conhecimentos, ainda que significativamente, sem questionar esses

conhecimentos.” Pois o conhecimento humano é construído em grande escala e muda

rapidamente. Deste modo, “Aprender de maneira significativa e crítica permitirá ao

aprendiz lidar não só com a quantidade e com as incertezas do conhecimento, mas também

com as incertezas e mudanças da vida contemporânea.” (MOREIRA, 2011, p. 177).

3. Educação Estatística Crítica

O termo Educação Estatística Crítica surgiu, pela primeira vez, por meio do

pesquisador Celso Ribeiro Campos, em 2007, na sua tese de doutoramento. Da sua

pesquisa emergiu o termo Educação Estatística Crítica, que se associou a três ideias no

Ensino de Estatística: liberdade individual, ética e justiça social. (SAMPAIO, 2010).

Conforme Sampaio (2010, p. 52):

[...] estas três ideias vêm sendo incentivadas pela: valorização do conhecimento reflexivo e a preparação do estudante para interpretar o mundo, praticar o discurso da responsabilidade social e a linguagem crítica; pela desierarquização e democratização do ambiente pedagógico de sala de aula; pelos projetos com a problematização e tematização do ensino; pelo trabalho com dados reais, contextualizados; pelo estimulo ao debate e ao diálogo.

Page 5: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

A ideia de Educação Estatística Crítica, segundo leciona Campos (2007 p.

108), é “[...] congregar os objetivos da Educação Estatística com os da Educação

Crítica, de forma a produzir uma pedagogia democrática, reflexiva, engajada em

sua função maior de responsabilidade social para com os educandos.”

Dessa forma, a Educação Estatística Crítica deve ser contextualizada e,

conforme defende Campos (2007, p. 109), deve ocorrer “[...] dentro de um

ambiente mais humanista, de mais diálogo, mais comprometido com princípios

democráticos e de cidadania.”

Uma Educação Estatística que se proponha a seguir os princípios da Educação

Crítica, segundo evidencia Campos (2007) e Campos, Wodewotzki e Jacobini (2013), deve

envolver aspectos tais como:

1. Problematizar o ensino, trabalhar a Estatística por meio de projetos, valendo-se dos

princípios da modelagem matemática.

2. Permitir aos alunos que trabalhem individualmente e em grupos.

3. Utilizar exemplos reais, trabalhar com dados reais, sempre contextualizados dentro de

uma realidade condizente com a realidade do aluno.

4. Favorecer e incentivar o debate e o diálogo entre os alunos e com o professor.

5. Desierarquizar o ambiente de sala de aula, assumir uma postura democrática de trabalho

pedagógico, delegar responsabilidades aos alunos.

6. Incentivar os alunos a analisar e interpretar os resultados, valorizar a escrita.

7. Tematizar o ensino, ou seja, privilegiar atividades que possibilitem o debate de questões

sociais e políticas relacionadas ao contexto real de vida dos alunos.

8. Promover julgamentos sobre a validade das ideias e das conclusões, fomentar a

criticidade e cobrar dos alunos o seu posicionamento perante os questionamentos

levantados nos debates, compartilhando com a classe suas justificativas e conclusões.

Page 6: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

9. Preparar o aluno para interpretar o mundo, praticar o discurso da responsabilidade

social, incentivar a liberdade individual e a justiça social, engajar os alunos em uma missão

maior de aperfeiçoar a sociedade em que vivem.

10. Utilizar bases tecnológicas no ensino, valorizando e desenvolvendo competências de

caráter instrumental para o aluno que vive em uma sociedade eminentemente tecnológica.

11. Valorizar o conhecimento reflexivo em conjunto com o conhecimento tecnológico para

o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o papel da Estatística no contexto

social e político no qual o estudante se encontra inserido.

12. Adotar um ritmo próprio, um timing flexível para o desenvolvimento dos temas.

13. Combinar o conhecimento produtivo e diretivo.

14. Evidenciar o currículo oculto, debater o mesmo com os estudantes, permitindo que eles

participem das decisões tomadas e do controle do processo educacional.

15. Avaliar constantemente o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento e da literatura

estatística.

16. Desmistificar o processo de avaliação do aluno, permitindo que ele participe das

decisões e assuma responsabilidades sobre esse processo.

Os autores destacam que existem três princípios básicos que podem possibilitar o

engajamento dos professores na prática educativa proposta por eles. Segundo sustenta

Campos (2007), esses princípios são: (I) Contextualizar os dados de um problema

estatístico, preferencialmente utilizando dados reais; (II) Incentivar a interpretação e

análise dos resultados obtidos e (III) Socializar o tema, ou seja, inseri-lo em um contexto

político/social e promover debates sobre as questões levantadas.

Assim, corroborando a visão desses autores, também compreendemos que o

objetivo de ensinar Estatística, conforme argumenta Campos (2007, p. 110):

[...] deve sempre estar acompanhado do objetivo de desenvolver a criticidade e o engajamento dos estudantes nas questões políticas e sociais relevantes para a sua realidade como cidadãos que vivem numa sociedade democrática e que lutam por justiça social em um ambiente humanizado e desalienado.

Page 7: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

Desse modo, em vista desse contexto, entendemos que é fundamental propiciar

discussões sobre a Estatística, principalmente aquela voltada para uma Educação Crítica.

Salientamos, ainda, as possibilidades e potencialidades que as ferramentas tecnológicas

podem trazer para uma Educação Estatística Crítica, servindo como facilitadoras da

aprendizagem.

4. Tecnologias da Comunicação e Informação – TIC

Atualmente, estamos presenciando um período jamais experimentado pela

sociedade, onde as novas descobertas impulsionam a economia e auxiliam na vida das

pessoas. Nesse sentido, as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (NTIC), além

de serem integradoras, tornaram mais prático o dia a dia da população (COSTA, 2014).

As tecnologias educativas, segundo afirma Couvaneiro (2014, p. 15), “ficaram

marcadamente alteradas com o aparecimento da internet (e de tudo o que nela cabe), mas

também desde que o seu acesso se tornou mais fácil, mais rápido e mais imediato.” No

entanto, Mercado (2002, p. 163), ao observar esse panorama, ressalta que:

Precisamos estar conscientes de que não é somente a introdução da tecnologia, dos computadores, que trará mudanças na aprendizagem dos alunos. Os computadores, a internet e os softwares são ferramentas ricas em possibilidades que contribuem para a melhoria do nível de aprendizagem, desde que haja uma reformulação no currículo, que se criem novas metodologias, se repense qual o significado da aprendizagem.

Em consonância com as ponderações de Mercado (2002), Costa (2014, p. 30)

também ressalta que “[...] a informática aplicada aos processos educacionais pode oferecer

um caminho de mudanças para a velha escola. É claro que nunca como “salvadora da

pátria”, porém como mais uma ferramenta a serviço dos professores.”

Dessa forma, acreditamos que essas ferramentas tecnológicas podem servir como

facilitadoras para uma Aprendizagem Significativa Crítica do conteúdo de Estatística. Por

isso, propomos, neste artigo, a elaboração e implementação de iBook, com alunos do

Ensino Superior, que cursam disciplinas voltadas para a área de Estatística.

Oportuno neste momento, uma pergunta. Mas, afinal, o que é um iBook? O iBook é

um aplicativo da Apple, que serve para realizar a leitura de livros digitais. Conforme

leciona Couvaneiro (2014, p. 23), os “iBooks são livros multimídia digitais interativos que

permitem incluir vários tipos de exercícios com feedback e correção imediata”.

Page 8: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

Já o iBooks Author é um recurso tecnológico da Apple que o professor pode

utilizar para criar os seus próprios livros interativos e organizar suas aulas ou unidades

didáticas. Segundo destacam Baig e LeVitus (2014, p. 222), a Apple apresentou “um

software gratuito para o Mac, chamado iBooks Author, para encorajar os professores e

outros profissionais a produzirem seus próprios livros interativos para o ensino.” Cabe

salientar, que a palavra Mac, referida pelos autores, significa o computador ou notebook da

Apple.

Pesquisas realizadas por Couvaneiro (2014, p. 22) ressaltam que “a Apple inc.

(Apple) apresenta o iPad como sendo o tablet ideal para a educação, sendo capaz de

transformar não só o ensino como a aprendizagem”. É importante ressaltar, ainda, que os

iBooks (livros eletrônicos da Apple) podem ser lidos no iPad, por meio do aplicativo

iBooks que pode ser obtido gratuitamente na App Store e vem com acesso à iBookstore da

Apple, que é um lugar convidativo para navegar e comprar livros 24 horas por dia. (BAIG

E LEVITUS, 2014).

A seguir, consideramos algumas vantagens na utilização do iBook, que são

destacadas por Baig e LeVitus (2014, p. 214):

1. Sem restrições de peso ou volume: Você pode carregar quantos iBooks quiser quando

for viajar, sem ter que carregar peso em excesso.

2. Fontes flexíveis e tamanho do tipo: Com os e-books, ou o que a Apple prefere chamar

de iBook, você pode mudar o tamanho do texto e das fontes dinamicamente – bem útil para

pessoas com baixa acuidade visual.

3. Obter o significado de uma palavra imediatamente: Não é mais necessário pesquisar em

um dicionário físico. Você pode buscar uma palavra desconhecida imediatamente.

4. Pesquisar com facilidade: Precisa pesquisar um determinado assunto? Digite o termo

que está procurando e encontre cada menção ao assunto no livro que você está lendo.

5. Resultados da Pesquisa

A presente pesquisa está em desenvolvimento e requer estudos mais avançados

sobre a Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica, a Educação Estatística Crítica e o

uso de tecnologias no curso de Administração de Empresas, especificamente na disciplina

Page 9: XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Inovar a ...ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/anais-do-egem/assets/2015/... · Marco Antonio Moreira acrescentou-se à teoria o que ele

XII Encontro Gaúcho de Educação Matemática Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

de Estatística Aplicada à Administração. Partindo dessas considerações, pretendemos

trabalhar com alunos do Ensino Superior, objetivando implementar e investigar a utilização

de um Ibook na aprendizagem da Educação Estatística Crítica, verificando como a

utilização desse recurso pode contribuir para uma Aprendizagem Significativa Crítica

desse conteúdo.

6. Referências

BAIG, Edward C.; LEVITUS, Bob “Dr. Mac”. iPad para leigos. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2014.

COSTA, Ivanilson. Novas tecnologias e aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2ª edição, 2014.

CAMPOS, Celso Ribeiro; JACOBINI, Otávio Roberto; WODEWOTZKI, Maria Lúcia Lorenzetti. Educação Estatística: Teoria e prática em ambientes de modelagem matemática. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2ª edição, 2013. (Coleção Tendências em Educação Matemática.)

COUVANEIRO, Sílvia Roda. iPad na aula de Língua Inglesa: tecnologias móveis para desenvolver a comunicação oral. Dissertação de mestrado. Universidade de Lisboa, 2014.

MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Novas tecnologias na educação: reflexões sobre a prática. Maceió: EDUFAL, 2002.

MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem Significativa Crítica. Atas do III Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, Lisboa (Peniche), 2000.

MOREIRA, Marco Antonio; MASINI, Elcie F. Salzano. Aprendizagem Significativa: condições para ocorrência e lacunas que levam a comprometimentos. São Paulo: Vetor, 2008.

MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem Significativa Crítica. Porto Alegre: Instituto de Física da UFRGS. 2ª edição, 2010.

MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem Significativa: a teoria e textos complementares. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2011.

MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 2014.

ROCHA, Termisia Luiza. Percepção do professor acerca do uso das mídias e da tecnologia na prática pedagógica. Cadernos da FUCAMP, v.10, n.13, p.1-10, 2011.