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Espécies do gênero "contratos da Administração" o Contratos administrativos. - Ajustes celebrados pela administração pública, nessa qualidade, com objetivos de interesse público, segundo regime jurídicode direito público, derrogatório e exor- bitante do direito comum. o Contratos de direito privado da Administração. - Ajustes em que a administração se despe de seus privilégios, submetendo-se a normas de direito prívado, embora ainda sofra a incidência de algumas normas de direito público. Características dos contratos administrativos o Presença do Poder blico agindo com suas prerrogativas. o Obediência à forma prescrita em lei. o Natureza intuito perso/1ae - Poisocontrato éfirmadoem razão das condições pes- soais do contratado, veríficadas na licitação. o Natureza de contrato de adesão - O particular simplesmente adereao contrato, sem poderintervir em seu conteúdo, qudeterminado pela administração. o Presença decláusulas exorbitantes - São cláusulas que osão encontradas, normal- mente, nos contratos de direito privado, e que conferem certosprivilégios à adminis- tração, em nome do interesse público, que se sobrepõe ao do contratado. Principais cláusulas exorbitantes o Poder de alterar unilateralmente o contrato. o Rescisão unilateral do contrato. o Fiscalização da execução do contrato. o Aplicação de penalidades em razão da inexecução total ou parcialdoajuste. o Exigência de garantia para os contratos. o Ocupação proviria - Em nome dacontinuidade de serviços públicos essenciais, a administração pode ocupar provisoriamente bens veis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, nos termos do artigo 58 da Lei de Licitações. o Restrições à possibilidade dealegar a exceção do contrato não cumprido (exceptio 110/1adimpleti cOl1tractus) - No contrato administrativo não se admite a alegação da "exceção do contrato não cumprido", ou seja: o particularnão pode deixar de cumprir sua parte no acordo mesmo que o Poder Público não tenha cumprido a sua, ressalvado o caso de ocorrer atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela administração decorrentes deobras, serviços ou fornecimento,ouparcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade blica, grave perturbação daordem interna ou guerra (cf. art. 78, Xv, da Leide Licitações). Equilíbrio econômico-financeiro do contrato - É a relação de igualdade forma- da entre as obrigações do contratante e a compensação econômica correspondente. Hipóteses de desequilíbrio econômico-financeiro o Fato do príncipe - Medida de ordem geral do PoderPúblico, não relacionada com o contrato, mas que nele reflete, alterando suaequação econômico-financeira. o Fato da Administração - Conduta ou comportamento da Administração que, como parte contratual, tome impossível a execução do contrato ou provoque seudese- quilíbrio econômico-financeiro.

Xv, - vtcarq.xpg.com.br · o Rescisão unilateral do contrato. ... Em nome da continuidade de serviços públicos essenciais, a administração pode ocupar provisoriamente bens móveis,

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Espécies do gênero "contratos da Administração"o Contratos administrativos.

- Ajustes celebrados pela administração pública, nessa qualidade, com objetivos deinteresse público, segundo regime jurídico de direito público, derrogatório e exor-bitante do direito comum.

o Contratos de direito privado da Administração.- Ajustes em que a administração se despe de seus privilégios, submetendo-se anormas de direito prívado, embora ainda sofra a incidência de algumas normas dedireito público.

Características dos contratos administrativoso Presença do Poder Público agindo com suas prerrogativas.o Obediência à forma prescrita em lei.o Natureza intuito perso/1ae - Pois o contrato é firmado em razão das condições pes-

soais do contratado, veríficadas na licitação.o Natureza de contrato de adesão - O particular simplesmente adere ao contrato, sem

poder intervir em seu conteúdo, que é determinado pela administração.o Presença de cláusulas exorbitantes - São cláusulas que não são encontradas, normal-

mente, nos contratos de direito privado, e que conferem certos privilégios à adminis-tração, em nome do interesse público, que se sobrepõe ao do contratado.

Principais cláusulas exorbitanteso Poder de alterar unilateralmente o contrato.o Rescisão unilateral do contrato.o Fiscalização da execução do contrato.o Aplicação de penalidades em razão da inexecução total ou parcial do ajuste.o Exigência de garantia para os contratos.o Ocupação provisória - Em nome da continuidade de serviços públicos essenciais,

a administração pode ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal eserviços vinculados ao objeto do contrato, nos termos do artigo 58 da Lei deLicitações.

o Restrições à possibilidade de alegar a exceção do contrato não cumprido (exceptio110/1adimpleti cOl1tractus) - No contrato administrativo não se admite a alegação da"exceção do contrato não cumprido", ou seja: o particular não pode deixar decumprir sua parte no acordo mesmo que o Poder Público não tenha cumprido a sua,ressalvado o caso de ocorrer atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pelaadministração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, járecebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbaçãoda ordem interna ou guerra (cf. art. 78, Xv, da Lei de Licitações).

Equilíbrio econômico-financeiro do contrato - É a relação de igualdade forma-da entre as obrigações do contratante e a compensação econômica correspondente.

Hipóteses de desequilíbrio econômico-financeiroo Fato do príncipe - Medida de ordem geral do Poder Público, não relacionada com

o contrato, mas que nele reflete, alterando sua equação econômico-financeira.o Fato da Administração - Conduta ou comportamento da Administração que, como

parte contratual, tome impossível a execução do contrato ou provoque seu dese-quilíbrio econômico-financeiro.

• Teoria da imprevisão (ou álea econômica) - É o acontecimento externo ao contrato,alheio à vontade das partes, imprevisível e inevitável, que provoca grande desequi-líbrio no ajuste, onerando excessivamente a sua execução para o contratado.

• Fatos imprevistos (ou "interferências imprevistas") - Ocorrências materiais que nãotinham sido cogitadas pelas partes quando da celebração do contrato, mas que sur-preendentemente surgem em sua execução, dificultando ou onerando extraordina-riamente o prosseguimento e a conclusão dos trabalhos.

• Força maior e caso fortuito.

Extinção do contrato administrativo - Extingue-se o contrato:• pela conclusão de seu objeto;• pelo término de seu prazo;• em razão de força maior ou de caso fortuito;• pela rescisão;• pela anulação.

Convênios e consórcios• Convênios:

- acordos firmados pela Administração Pública com outras entidades públicas oucom organizações particulares, tendo por objetivo a execução de programas, proje-tos ou eventos de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

• Consórcios:- associações formadas por pessoas jurídicas políticas (União, Estados, DistritoFederal ou Municípios), com personalidade de direito público ou de direito privado,criadas por autorização legislativa, para a gestão associada de serviços públicos

1. Os contratos de direito privado da Administração não são puramente privados.Mesmo neles haverá incidência de normas de direito público, derrogando parcial-mente as normas de direito privado.

2. São permitidos contratos administrativos verbais somente para pequenas comprasde pronto pagamento (de valor não superior a 5% do limite estabelecido no artigo23, lI, "a", da Lei de Licitações e Contratos), feitas em regime de adiantamento.

3. Maria Sylvia Zanella di Pietro explica que o fato causado por ente diverso do contra-tante dá causa à teoria da imprevisão. Segundo a autora, se a situação que provocoudesequilíbrio econômico-financeiro tiver sido causada pela própria entidade contra-tante, cairemos no fato do príncipe ou no fato da Administração. Se foi uma pessoapública alheia ao contrato quem deu origem ao desequilíbrio, será aplicável a teoriada imprevisão.

4. A nulidade do contrato administrativo pode gerar indenização ao particular. A nuli-dade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que estehouver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regular-mente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, devendo ser promovida aresponsabilidade de quem lhe deu causa.

EM RESUMO

Conceito - Serviço público é a atividade material atribuída por lei aoEstado, exercida diretamente por ele ou por seus delegados, para satisfazerconcretamente as necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou par-cialmente público.

Critérios• Critério subjetivo - Analisa o instituto pela ótica de quem o presta.

• Critério material- Baseia-se na atividade exercida.

• Critério formal - Entende que serviço público é o prestado sob regi-me jurídico de direito público.

Classificação• Serviços públicos propriamente ditos e serviços de utilidade pública

- Serviços públicos propriamente ditos (ou indelegáveis) - São osprestados diretamente pelo Estado, diante de sua importância e essen-cialidade.

- Serviços de utilidade pública (ou delegáveis) - São os não tãoessenciais, mas sim úteis à sociedade, que podem ser prestados pelaAdministração Pública ou delegados a terceiros.

• Serviços uti singuli e serviços uti universi- Serviços uti singuli (ou individuais) - São os que têm usuários

determinados e utilização particular e mensurável para cada desti-natário.

- Serviços uti universi (ou gerais) - São os prestados à coletividade,sem usuários determinados.

Princípios• Princípio da continuidade do serviço público - Tendo como finalida-

de o atendimento às necessidades da sociedade, os serviços públicosnão podem ser interrompidos.

• Princípio da generalidade (ou da igualdade entre os usuários) - Osserviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possívele sem discriminação entre os beneficiários que possuam as mesmascondições para sua fruição.

• Princípio da modicidade das tarifas - O custo do serviço públicodeve ser módico, adequado ao poder aquisitivo do particular, evitandoa excessiva oneração daqueles que querem usufruí-lo.

• Princípio da atualidade - Os serviços públicos devem atender à con-dição de atualidade, que abrange a modernidade das técnicas, do equi-pamento e das instalações e sua conservação, assim como a melhoria ea expansão dos serviços.

Formas de prestação

• De maneira centralizada - São realizados diretamente pelo ente esta-tal, permanecendo na Administração Direta.

• De maneira descentralizada - São repassados a autarquias, funda-ções, empresas estatais, empresas privadas ou particulares individual-mente. A transferência do serviço pode dar-se por outorga (por meio delei, a uma entidade criada pelo Estado) ou por delegação (por contratoou ato unilateral, repassando apenas a execução do serviço).

Direito dos usuários - Os usuários têm direito ao serviço adequado,que é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,segurança, atualidade, generalidade, cortesia em sua prestação e modicida-de das tarifas.

Política tarifllrhl - Pelo uso do serviço público concedido, os particu-lares pagam uma tariÜl, cujo valor é fixado pelo preço da proposta vence-dora da licitação e preservado pelas regras de revisão previstas na lei, nocdital e no contrato. Excepcionalmente, poderá o poder concedente prever,em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outrasfontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias oude projetos associados, com ou sem exclusividade, com vista a favorecer amodicidade das tarifas.

Concessão de serviço público - É a delegação da prestação do serviçopúblico, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade deconcorrência, à pessoa jurídica ou ao consórcio de empresas que demonstrecapacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determi-nado. A modalidade licitatória cabível é, em regra, a concorrência.

Responsabilidade das concessionárias - A responsabi lidade das pres-tadoras de serviço público pelos danos causados a terceiros será objetiva,diante do disposto no artigo 37, § 6.°, da Constituição Federal. No caso deinsolvência das concessionárias, o poder concedente responderá subsidia-

riamente pelos danos por elas causados, mas desde que esses danos decor-ram da execução do serviço público.

Extinção da concessão de serviço público - A concessão extingue-se por:• advento do termo contratual;• encampação (retomada do serviço pelo poder concedente durante o

prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei auto-rizativa específica e após prévio pagamento da indenização);

• caducidade (decorrente da inexecução total ou parcial do contrato);• rescisão (o contrato poderá ser rescindido por iniciativa da concessioná-

ria, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder con-cedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim);

• anulação;• falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou inca-

pacidade do titular, no caso de empresa individual;• rescisão amigável (defendida pela doutrina).

A extinção da concessão traz as seguintes conseqüências:• Retomam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e pri-

vilégios transferidos à concessionária, conforme previsto no edital eestabelecido no contrato.

• O serviço será imediatamente assumido pelo poder concedente, proce-dendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários.

• A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utiliza-ção, pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis.

Permissão de serviço público - É a delegação, a título precano,mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder con-cedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seudesempenho, por sua conta e risco. Aplicam-se às permissões as mesmasregras das concessões.

Autorização - Há duas interpretações:• medida de poder de polícia que libera ao particular uma conduta cujo

exercício dependa de manifestação de concordância pela Admi-nistração, consistindo em um serviço não propriamente público, massim de interesse privado do particular;

• casos efetivamente relativos a serviços públicos, quando se tratar deresolver emergencialmente dada situação até a adoção do procedimen-to cabível para realizar a concessão ou a permissão.

Parcerias público-privadas (PPPs) - Constituem nova maneira derealizar concessões de serviços públicos, trazendo como principal caracte-

rística a participação do Poder Público como parceiro-financiador daempresa concessionária. Não constitui parceria público-privada a conces-são comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obraspúblicas de que trata a Lei 8.987/95, quando não envolver contraprestaçãopecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

• Espécies

- Concessão patrocinada - É a concessão de serviços públicos ou deobras públicas de que trata a Lei 8.987/95, quando envolver, adicio-nalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária doparceiro público ao parceiro privado.

- Concessão administrativa - É o contrato de prestação de serviços deque a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, aindaque envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

• Possibilidade de aplicação - É vedada a celebração de contrato de par-ceria público-privada:- cujo valor do contrato seja inferior a 20 milhões de reais;- cujo período de prestação do serviço seja inferior a cinco anos;- que tenha como objeto único O fornecimento de mão-de-obra, o forne-

cimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.• A Lei das PPPs prevê ainda a indelegabilidade das funções de regulação,

jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividadesexclusivas do Estado.

• Características específicas

- Previsão de penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao par-ceiro privado em caso de inadimplemento contratuaJ.

- Repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso for-tuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária.

- Necessidade de constituição de uma sociedade de propósito específi-co, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria, antes da cele-bração do contrato.

- Existência de regras específicas de licitação, inclusive com a possibi-lidade de o edital prever a inversão da ordem das fases de habilitaçãoe julgamento.

- Previsão legal de que seu contrato possa trazer cláusulas com oemprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclu-sive a arbitragem, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionadosao contrato.

PRESTE ATENÇÃO _F

1. A outorga distingue-se da delegação. A outorga é dada por lei, normal-mente por tempo indeterminado, só podendo ser retirada ou modifica-da por outra lei. A delegação é concedida por ato administrativo (con-trato ou ato unilateral) e costuma ter prazo certo, podendo ser revoga-da, modificada e anulada, como todo ato administrativo. Na outorga,pode ocorrer a transferência do serviço ou somente de sua execução.Na delegação, só a execução do serviço é transferida.

2. No caso de insolvência das concessionárias, o poder concedente res-ponderá subsidiariamente pelos danos por elas causados a terceiros,mas desde que esses danos decorram da execução do serviço público.Isso quer dizer que os prejuízos causados pela concessionária em ativi-dade que não esteja diretamente ligada à própria prestação do serviçopúbl ico não são suportados subsidiariamente pelo poder eoncedente nocaso de insolvência da concessionária.