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Economia Aplicada
20 de maio de 2016
José Júlio Senna
XVIII Seminário Anual de Metas para a Inflação
Economia Aplicada
Introdução
2
Central Banking. Adaptação de “Lições e Perspectivas”. Balanço e Desafios.
Bancos centrais reagem às circunstâncias. Que se modificaram muito nos últimos 50
anos.
Mensagem: até o início dos anos 2000 BCs desempenharam muito bem o seu papel.
Mais difícil dali por diante (hoje principalmente). Há tarefas que os BCs não
conseguem cumprir. O que esteve ao seu alcance foi feito. Deixarei de fora questões
de regulação e de ações “macro prudenciais”.
Beleza de um ambiente acadêmico livre e competitivo. Arcabouço teórico para lidar
com a inflação estava pronto antes mesmo de a inflação tornar-se um grande
problema. Inflação como fenômeno monetário. CP vertical.
Economia Aplicada
A Conquista da Inflação
3
Anos 70. Inflação em alta. Alemanha e Suíça preparadas para enfrentá-la. BW
era obstáculo. Líder (EUA) deixou de cumprir o seu papel. Países importavam
inflação dos EUA. Inexistia liberdade para política monetária independente.
Ruína do BW. Câmbio flexível abriu espaço. Era a mudança institucional que se
esperava. Alemães e suíços saíram na frente no combate à inflação. Metas.
EUA vieram atrás. Coragem e firmeza do Fed. Enfrentou o inimigo público no. 1
(inflação). Volcker e as expectativas. BC sozinho. Fiscal atrapalhou (supply-side
economics).
Economia Aplicada
A Conquista da Inflação
4
BCs foram fazendo o que estava ao seu alcance. Europa nos anos 80. Inflação
cedeu. Particularmente nos países que adotaram o Sistema Monetário Europeu
(ERM, 1979-1992). Âncora cambial. Precursor da moeda única. Ajudou muito a
decisão política de buscar maior integração. Alemanha no centro do EMS.
Políticas monetárias ajustadas à do líder. Inflação cedeu em outros países
europeus também.
Fundamental: BCs lideraram a busca da estabilidade. Saíram na frente dos
acadêmicos no reconhecimento dos altos custos da inflação. Até o final dos
anos 80, acreditava-se que esses custos eram baixos e neutralizáveis por meio
de indexação.
Economia Aplicada
Desinflaçao nos EUA e na Europa (ERM)
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Nota: dados anuais; ERM = European Exchange Rate Mechanism; países ERM = Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Itália, Espanha e Reino Unido. Fontes: OCDE; BLS.
em %
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10
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79
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88
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89
19
90
19
91
19
92
ERM (CPI) EUA (CPI)
Economia Aplicada
Consolidação da Grande Conquista
6
Final dos anos 80 e início dos 90. Consolidação da conquista. Surgimento de
um novo regime: Inflation Targeting. Monetary targeting serviu de base.
Transparência e certa flexibilidade. Sobreveio a “Grande Moderação”.
Historiadores econômicos (Minsky e Kindleberger ) já haviam ensinado.
Ambiente estável propicia instabilidade. Propensão a risco. Crédito. Bolhas. Foi
a grande lição não absorvida pelos BCs. Situação exigia políticas específicas
para conter crédito (alertas do BIS). Mas não é este o nosso assunto.
Economia Aplicada
A “Grande Moderação” nos EUA. Volatilidade Reduzida (PIB).
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Nota: dados trimestrais. Fonte: BEA. Últimos dados: 2007.IV.
YoY, em %
-5-4-3-2-10123456789
101112131415
mar
-48
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mar
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-70
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mar
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mar
-92
mar
-94
mar
-96
mar
-98
mar
-00
mar
-02
mar
-04
mar
-06
σ (48Q1 – 84Q4) = 3,1%
µ (85Q1 – 07Q4) = 3,2%
µ (48Q1 – 84Q4) = 3,6%
σ (48Q1 – 84Q4) = 1,3%
Economia Aplicada
A Surpresa dos Anos 2000
8
BCs surpreenderam nos anos 2000. Juros muito baixos. Críticas pesadas.
Alimentaram as bolhas. Greenspan no foco.
Summers e o renascimento da tese da “Estagnação Secular” (2013). O juro
real de equilíbrio estaria caindo. BCs teriam percebido esse movimento. Se
não acompanhassem, desastre para a atividade econômica. Ficou muito
claro o trade-off entre atividade econômica e estabilidade financeira.
Economia Aplicada
Período Antes da Crise: Apoio à Hipótese da SecStag. Estímulos Não Produziram Economia Aquecida (EUA).
9
Notas: preços imóveis: Case Shiller 10; ações; S&P; dívida das famílias: % do PIB; juro real de PM, crescimento do PIB e inflação: média. Fontes: Bloomberg; FED; BEA
Economia Aplicada
Período Antes da Crise: Apoio à Hipótese da SecStag. Estímulos Não Produziram Economia Aquecida (Zona do Euro).
10
Nota: ações = média aritmética de seis países: Alemanha, França, Portugal, Espanha , Irlanda e Grécia; dívida das famílias e dos bancos: % do PIB; juro real de PM, crescimento do PIB e inflação: média. Fontes: Bloomberg; ECB; Eurostat.
Economia Aplicada
Período Pós-Crise. Economias Avançadas: Crescimento Abaixo do Par. Estagnação Secular?
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Fonte: WEO / FMI (abril/2016).
3,1
2,72,7
1,6
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
anos 80 anso 90 2000 - 07 2011 - 15
média 1980 – 2015 = 2,4%
em %
Economia Aplicada
Estagnação Secular
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Estagnação Secular. Possíveis fatores explicativos. Aumento da
desigualdade. Crescimento populacional em queda. Retração da
propensão a investir.
Hipóteses legítimas. Fenômenos citados são verdadeiros.
Dificuldade: falta demonstração empírica da influência direta dos
mencionados fatores.
Economia Aplicada
Interpretação Alternativa. Desaceleração da Produtividade (Nova Rodada).
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Nota: EUA = Nonfarm Business Sector: Real Output Per Hour of All Persons. Fontes: Fed St. Louis; OCDE.
Economia Aplicada
Dois Debates: Futuro da Produtividade e Natureza do Fenômeno
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Futuro: pessimistas dizem que nada será igual às revoluções I e II. A
IRIII já teria se esgotado. Otimistas dizem que não. Alguns lembram
efeitos em ondas.
Natureza: erros de medida? PIB? Estudos recentes mostram
desaceleração mesmo. Sendo assim, quadro atual seria problema
de oferta?
Difícil aceitar hipótese mais radical. Mas a produtividade pode ter
seu papel. Ajuda a explicar juro baixo e crescimento lento. Mas não
explicaria inflação baixa.
Economia Aplicada
Economias Avançadas: Inflação < 2,0% em Mais de 90% dos Casos.
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Nota: amostra de 39 países. Fonte: WEO / IMF (abril/2016).
2,6%
25,6%
71,8%
5,1%
23,1%
71,8%
28,2%
64,1%
7,7%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
π<=0 0<π<2 2<π<10
2005 2010 2015
Economia Aplicada
Inflação Mundial: Quase 50% dos Países com Inflação < 2,0%.
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Nota: amostra de 191 países. Fonte: WEO / IMF (abril/2016).
3,1%
15,7%
63,4%
17,8%
4,2%
13,1%
68,6%
14,1%
21,5%
28,3%
37,7%
12,6%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
π<=0 0<π<2 2<π<10 π>10
2005 2010 2015
Economia Aplicada
Reação dos Principais BCs. Queda dos Juros Reais de Política Monetária (EUA e ZE).
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Nota: juros nominais = dados de fim de período; inflação EUA = PCE; juro real = juro nominal – inflação (12 meses). Últimos dados: março/16 (EUA); abril/16 (zona do euro). Fontes: Fed; ECB; Bloomberg.
em %
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-1
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t-9
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t-9
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t-0
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ou
t-0
4
jul-
05
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ou
t-0
7
jul-
08
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09
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-10
ou
t-1
0
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11
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ou
t-1
3
jul-
14
abr-
15
jan
-16
EUA zona do euro
Economia Aplicada
Juros Nominais Negativos em Alguns Países. Influência Sobre Decisões de Consumir versus Poupar.
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Nota: interpolação dos dados quando não há dado disponível para um determinado prazo. Fonte: Bloomberg.
Economia Aplicada
Possibilidade Concreta: Juro de Equilíbrio Negativo. Problema que BCs Não Resolvem.
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Economia Aplicada
O Grande Desafio
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Permanece o dilema entre crescimento e estabilidade financeira (e problemas
alocativos de modo geral). Queda do juro de equilíbrio continua pautando os BCs.
Juros nominais negativos em vários lugares. Preocupação especial: impacto sobre
as decisões de poupar vs. consumir. Efeito renda pode superar efeito substituição.
Conclusão. Circunstâncias atuais não favorecem os BCs. Durante décadas fizeram o
que estava ao seu alcance. Lideraram a busca da estabilidade de preços. Êxito
inegável.
Agora, porém, aparentemente enfrentam juro real de equilíbrio abaixo de zero. É um
fenômeno do setor real. Não está ao alcance dos BCs resolver esse tipo de problema.
Administrar esta situação é o grande desafio.