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Organização de Laboratórios em Conformidade com “Princípios de
Boas Práticas de Laboratório”
20 e 21 de Novembro de 2006
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Antecedentes Históricos
• Houve iniciativas em 1973 (Nova Zelândia e Dinamarca) e em 1976 (FDA nos EUA).
• Ao inspeccionar vários laboratórios, a FDA apercebeu-se de vários problemas na condução de estudos que eram submetidos à FDA. Os desvios observados incluiam:– Deficiência no arquivo de registos e dados em bruto.– Falta de pessoal habilitado e/ou devidamente treinado.– Condução das instalações e equipamentos.– Fraude.
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Instalação de Ensaios e Estudos• Estudo é uma experiência ou conjunto de experiências para
examinar um sistema em ensaio a fim de obter dados sobre as suas propriedades e/ou segurança do ponto de vista da saúde humana e ambiente.
• Instalação de ensaio é a designação que abrange pessoas, edifício e unidade(s) operacionais necessárias para a realização de um estudo.
• Atendendo à definição apresentada verifica-se que os estudos podem ser de natureza muito diversa mas têm tido especial importância os que tratam de substâncias usadas como produtos farmacêuticos ou agro-químicos.
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Os Princípios de Boas Práticas de Laboratório (1de2)
• Os Princípios de Boas Práticas de Laboratório resultaram da preocupação com a qualidade dos estudos destinados a avaliar riscos (saúde humana e meio ambiente) resultantes da utilização de substâncias químicas.
• São estabelecidas linhas de orientação sobre a organização dos laboratórios e condições em que os estudos devem decorrer para que os resultados sejam dignos de confiança.
• A confiança nos resultados de ensaios é sempre importante mas isso torna-se ainda mais sensível quando se pode pôr em risco saúde humana ou meio ambiente.
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Os Princípios de Boas Práticas de Laboratório (2de2)
• Em 1979-1980, um grupo de trabalho elaborou “OCDE, Principles of Good Laboratory Practice”, 1981.
• Tem havido actualizações que podem ser consultadas (http://www.oecd.org/ehs/).
• Há Directivas nº87/18/CEE de 18 de Dezembro e 99/11/CE de 8 de Março transpostas para o Direito Português pelo Decreto-Lei nº 99/2000 de 30 de Maio.
• Devem distinguir-se as designações:– reconhecimento (BPL)– acreditação de laboratórios (conformidade com a norma EN
ISO/CEI 17025).– Certificação de empresas (normas ISO 9000).
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Autoridades, Patrocinadores de Estudos e Instalação de Ensaios
• Relacionamentos entre:
Autoridades Regulamentadoras
Instalação de Ensaios
ESTUDOS
Patrocinadores de Estudos
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Estudos e Fases de Realização (1de2)
• Inicialmente pode haver contactos entre um eventual patrocinador e a Direcção da Instalação. Admitindo que esses contactos conduzem a um acordo e contrato, segue-se a realização do estudo:– Elaboração de um Plano de Estudo e eventuais
alterações que terão que ser assinadas pelo Director de Estudo e pelo Patrocinador.
– Condução do Estudo: realização dos ensaios e obtenção de dados em bruto.
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Estudos e Fases de Realização (1de2)
– Será elaborado um relatório escrito (em duplicado) contendo discussão e interpretação dos resultados que será enviado para o Patrocinador do Estudo que deverá assinar e devolver o duplicado assinado.
– A documentação do Estudo será encaminhada para o arquivo onde será guardada durante um prazo suficientemente longo.
• Em estudos complicados poderá haver subcontratação desde que a realização do estudo seja feita em ambiente BPL.
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Conformidade dum Laboratório com os Princípios de BPL
• Haverá que atender a todos os componentes da instalação de ensaio:
Meios materiais:Instalações
equipamentosreagentes
Recursos humanos
Organização
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Organigrama Geral para a Instalação de Ensaios (BPL)
Direcção
da Instalação de Ensaios
Unidade de Garantia de Qualidade
Directores de Estudose
ColaboradoresArquivo
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Generalidades sobre Pessoal da Instalação de Ensaios
• Deverá existir o pessoal suficiente (em número e qualificações) para a realização dos trabalhos e em Arquivo, deve existir o curriculum vitae actualizado de cada elemento do pessoal.
• As qualificações técnico-profissionais devem estar devidamente documentadas (com os certificados).
• Deve ter sido feita a atribuição de funções e responsabilidades de cada elemento do pessoal que deverá ter posição definida no organigrama da Instalação.
• Deve existir um plano de actualização e formação do pessoal.
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Direcção da Instalação de Ensaios
• As funções da Direcção incluem pelo menos:– Assegurar a existência de condições de trabalho que
permitam a conformidade com os Princípios de BPL.– Contactos com autoridades e instituições de
reconhecimento para tratar do processo de reconhecimento e visitas de inspecção.
– Contactos para realização de contratos de estudos.– Atribuição de pessoal para a realização dos estudos
designadamente a escolha do Director de cada estudo e colaboradores bem como elemento(s) de contacto com patrocinadores de estudos.
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Director de Estudo
• Tem a responsabilidade global do estudo.• Tem que concordar com o plano de estudo.
• Assegura que os resultados das experiências são devidamente registados e documentados.
• É responsável pelo relatório final do estudo.• Assegura que a documentação (informação)
referente ao estudo é transferida para o Arquivo.
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Arquivo• É mais do que um simples armazém de documentos (o
tempo de arquivo pode alongar-se até 30 anos).• Deverá existir segurança contra alterações da informação
existente em arquivo por factores intencionais ou acidentais (incêndio, inundação, insectos e roedores).
• Tem que haver acesso condicionado ao local do arquivo e à informação arquivada.
• Conterá obrigatoriamente os originais de: procedimentos habituais de funcionamento, curricula do pessoal, documentação relativa a estudos incluindo dados em bruto.
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Unidade de Garantia de Qualidade
• A Unidade de Garantia de Qualidade (UGQ) tem funções de auditoria interna na instalação de ensaios e não pode ser executante de estudos que vai auditar.
• Tem a responsabilidade de verificar que a Instalação de ensaios funciona de modo a estar em conformidade com os Princípios de Boas Práticas de Laboratório e que os estudos decorrem em conformidade com esses princípios.
• Tem que assegurar contactos com autoridades regulamentadoras e instituições de reconhecimento, em especial, durante as visitas de inspecção.
• Há um conjunto de tarefas obrigatórias que vai ter de executar.
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Tarefas Obrigatórias da UGQ• Elaboração de um programa de garantia de qualidade.• Inspecção periódica às instalações e aos procedimentos
para verificar se há desvios ou não-conformidades com os Princípios das BPL.
• Inspecções obrigatórias às várias fases de realização de cada estudo (planeamento, condução e relatório).
• Contactos com autoridades regulamentadoras e instituições de reconhecimento que poderão ser nacionais ou estrangeiras.
• Elaboração de relatórios de inspecções.
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Dificuldades da UGQ
• Contactos com os Directores e outros executantes dos estudos.
• Numa fase de implementação do sistema pode originar confusão de responsabilidades.
• Contactos com a Direcção a quem tem que comunicar prontamente e por escrito os resultados das inspecções.
• Contacto com os auditores de autoridades (nacionais e estrangeiras).
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Inconvenientes e Vantagens da UGQ
• Maior sobrecarga da organização contribuindo para maiores custos dos estudos.
• Aumento do tempo de realização dos estudos que não será muito significativo.
• O pessoal que executa os estudos acabará por encarar a actividade da UGQ como uma excelente ajuda para manter a organização de acordo com os princípios de BPL.
• Contribui para tornar a organização mais consistente e é indispensável que funcione para estar em conformidade com os Princípios de BPL
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Instalações
• Edifício: dimensões e materiais de construção adequados.
• Deve possibilitar a separação de diferentes actividades como, por exemplo, manipulação de amostras em estudo e substâncias de ensaio.
• As áreas de armazenamento devem também estar protegidas contra infestação e/ou contaminação e refrigeradas no caso de ser necessário.
• Encaminhamento apropriado de lixos e efluentes.
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Equipamentos e Reagentes• Os equipamentos devem ter especificações
adequadas e estar localizados de modo conveniente.
• Os fornecedores devem ser qualificados e capazes de dar assistência técnica.
• Devem existir manuais e procedimentos de manutenção e calibração.
• Os livros de registos devem estar actualizados.• Reagentes: atender a especificações, condições de
conservação e prazos de validade.
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Validação de Instrumentos e de Métodos de Análise
• A Validação dum Método de Ensaio (de Análise) é o procedimento utilizado para provar que esse método de análise é adequado e suficientemente rigoroso o fim em vista.
• Deverão existir procedimentos escritos para verificar se os equipamentos existentes no Laboratório estão ou não a trabalhar de acordo com as especificações necessárias aos trabalhos a executar o que corresponde a vários tipos de
• A validação de “hardwares” e de “softwares” de computadores para laboratório é difícil mas cada vez mais se torna indispensável.
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Informação e Documentação• A documentação existente deve cobrir, pelo
menos, as seguintes áreas:– Dados sobre pessoal.– Procedimentos habituais de funcionamento do
laboratório e protocolos experimentais.– Livros de registos de equipamentos e padrões.– Documentação relativa aos estudos realizados.
• Assegurar que toda a informação relevante está acessível ao pessoal da instalação e que informação confidencial ou reservada está apenas acessível a pessoal autorizado.
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Informação: Correcções e Actualizações de Informação
• As correcções em livros de registo ou em dados em bruto:– Não devem ocultar o que estava escrito.– Deve ser explícito o motivo da alteração (e podem usar-
se abreviaturas para os mais frequentes). – Data da alteração e rubrica de quem a realizou.
• Nas actualizações de informação designadamente nova versão dum procedimento devem ser recolhidas e destruídas as cópias da versão anterior.
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Informação Respeitante a Estudos (1de2)
• Na metodologia BPL é indispensável dar grande atenção à documentação relativa a cada estudo que deve conter pelo menos:– Plano de estudo é plano escrito antes de se iniciar o
estudo contendo uma descrição do trabalho que vai ser realizado e que terá de ser aprovado e assinado por Director de estudo, Direcção e Patrocinador.
– Dados em bruto correspondem à primeira forma de resultados inteligíveis por seres humanos. Pode ser discutível a melhor forma destes resultados ficarem registados.
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Informação Respeitante a Estudos (2de2)
– Textos complementares sobre realização do estudo (por exemplo, pormenores experimentais) e destinado a esclarecer aspectos que não se considerem adequados para ser incluídos no relatório.
– Relatório(s) de estudo. Deve existir um relatório final para cada estudo que é assinado pelo Director de Estudo que assume a responsabilidade pelo trabalho realizado.
• Pode haver alterações a plano e relatório.• No final do estudo, o Director de Estudo deverá
assegurar que toda esta documentação produzida nas várias fases de realização do estudo vai ser encaminhada para arquivo onde será guardada.
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Considerações finais sobre a Organização BPL (1de3)
• Há maior quantidade de trabalho, designadamente elaboração de documentos, que significa aumento de custos (estimado em 30% superior aos custos normais). Há que adaptar as mentalidades do pessoal para este esforço suplementar.
• Minimiza-se a duplicação de ensaios reduzindo o número de ensaios e animais utilizados em experiências e diminuindo custos globais dos estudos. O reconhecimento dos laboratórios de outros países pode ser um passo importante para reduzir as barreiras não alfandegárias à circulação de produtos.
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Considerações finais sobre a Organização BPL (2de3)
• É de esperar uma maior confiança para os resultados de estudos realizados em ambiente BPL pois, na medida do possível, estão menos sujeitos a erros e durante um período longo (~30 anos), o trabalho realizado poderá ser inspeccionado e eventualmente re-interpretado.
• É previsível a extensão desta metodologia para outros tipos de laboratórios de estudos como, por exemplo, aqueles em que se realizam projectos de investigação.
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Considerações finais sobre a Organização BPL (3de3)
• Há uma série de cuidados a ter nos trabalhos e que, sendo obrigatórios nesta metodologia de organização, também devem ser seguidos nos outros laboratórios tais como a necessidade de dispor de procedimentos escritos, registar com cuidado as observações feitas conservar os registos de dados.
• Assim, na exposição destes assuntos, evitar-se-á estar sempre a repetir os cuidados básicos a ter nos trabalhos de laboratório.