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Conforto Ambiental
O Conforto Ambiental pode ser definido como o bem estar geral do indivíduo sob os aspectos lumínico, acústico, olfativo e térmico.
Na realidade, outros “aspectos” do conforto são igualmente importantes
também para o arquiteto: respiratório, ergonômico, táctil, visual, ...
Os estímulos provenientes do ambiente – como luz, calor, som e odores – são captados pelos órgãos sensoriais e organizados pelo cérebro humano.
A partir daí, todo o conjunto de informações, que já faziam parte de uma
experiência própria, é posto em prática afim de que haja uma interpretação do fato corrente.
Este processo chama-se Percepção, que se desenvolve mediante a
adaptação do indivíduo ao meio, proporcionando uma modificação de sua sensibilidade frente aos estímulos característicos do local.
Conforto Lumínico - se traduz na ausência de esforço e fadiga visual no
desenvolvimento de qualquer tarefa que requeira atenção. Neste tipo de conforto, prevalece a sensação visual do ambiente que deve ser agradável ao indivíduo. O excesso ou carência de iluminação alteram de forma significativa a tarefa visual, tornando-a cansativa a tal ponto de considerá-la desconfortável. Deve existir, portanto, uma certa preocupação no que tange aos aspectos quantitativos e qualitativos de um projeto de iluminação, dada a sua importância na percepção do ambiente e até mesmo na atividade desenvolvida.
Os aspectos quantitativos referem-se ao total de lux1 necessário a
determinados ambientes segundo, por exemplo, os parâmetros de concentração visual exigidos para cada atividade, incidência da luz natural no plano de trabalho e dimensões das aberturas.
Já os aspectos qualitativos apresentam-se sob um caráter mais subjetivo
do projeto de iluminação, através da abordagem das sensações produzidas segundo diferenças de contraste de luminância2, utilização da luz difusa, sombreamento, dentre outros.
Conforto Acústico – determinado pelo nível, freqüência e tipo de ruído
encontrados no ambiente, assim como as propriedades dos materiais envolvidos na análise do espaço. A existência de fontes externas ou no próprio local considerado geram ruídos que devem ser considerados na disposição e absorção do material utilizado para a obtenção do conforto acústico.
Conforto Olfativo – relaciona-se diretamente com a composição dos
gases do ambiente no qual o indivíduo se insere. A presença de odores desagradáveis no meio tende a causar alterações a nível comportamental e até mesmo prejuízos à saúde. O controle dos agentes poluentes do ar e do desmatamento das florestas viria proporcionar uma melhoria da qualidade do ar atmosférico.
1 Lux – unidade de medida da Iluminância - relação entre o fluxo luminoso incidente
sobre uma superfície e a área desta superfície. 1 Lux = 1 Lúmen/ 1 m2
2 Luminância ou Brilho Fotométrico (L) - cd/m2
- Corresponde a uma determinada
intensidade luminosa refletida por uma superfície. É o brilho da superfície, ou da fonte
luminosa, mediante a exposição à luz.
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Conforto higrotérmico – corresponde a uma situação na qual o
organismo não recorre a mecanismos de termo-regulação diante de certas condições ambientais. Quando isto ocorre, define-se a zona de bem-estar higrotérmico, na qual o ser humano não necessita realizar um grande número de regulações térmicas, adaptando-se ao ambiente de tal forma que grande parte das pessoas, se perguntadas, apontariam tais condições como sendo agradáveis sob o ponto de vista de temperatura e umidade do ar.
Pode-se também definir Conforto higrotérmico como um estado de espírito
que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa3. O homem é um ser homeotérmico, ou seja, a temperatura interna do
organismo tende a permanecer constante independentemente das condições do clima.
Se o balanço de todas as trocas de calor a que está submetido o corpo for
nulo e a temperatura da pele e suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o Homem sente conforto térmico.
3 ASHRAE – [1993]. Handbook of Fundamentals. American Society of Heating
Refrigerating and Air Condionning Engineers, New York, USA.
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Arquitetura
Ao longo da História, a Arquitetura espontânea criou diversos sistemas
para assegurar a proteção e o conforto ambiental. Sentir-se confortável é uma das necessidades primárias buscadas pelo ser
humano devido às agressões do meio ambiente. Anteriormente o homem buscava através da interação Arquitetura-Clima as
soluções para resolver seus problemas de habitação. Com a revolução industrial surgiu o progresso e conseqüentemente a
poluição, provocando uma grande transformação nos conceitos arquitetônicos, que se modificaram até descaracterizar a relação Homem-Meio Ambiente.
Com o aparecimento da energia elétrica a Arquitetura se expandiu, sem
levar em consideração os diferentes fatores climáticos das várias regiões do planeta.
Os problemas decorrentes da falta de interação Arquitetura-Clima puderam
ser (pretensamente) resolvidos com relativa facilidade pela climatização artificial, surgindo assim o chamado “estilo internacional”, caracterizado por utilizar as mesmas normas de construção, tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul do planeta.
Atualmente as edificações se transformaram em grandes caixas
envidraçadas, que nos trópicos funcionam como verdadeiras estufas (quando bem projetadas são ótimas soluções para climas frios).
Nestas circunstâncias, para criar artificialmente conforto, é necessário
utilizar onerosos sistemas de condicionamento de ar que consomem grandes quantidades de energia elétrica e, cuja produção utiliza procedimentos agressores e poluidores do ambiente.
No início dos anos 70 surgiu a Arquitetura Solar como primeiro resultado
das preocupações com a questão energética e o problema ecológico. A Arquitetura Solar objetiva uma otimização da funcionalidade, no que diz
respeito à economia de energia. Entretanto, deixou de lado a estética, privilegiando a técnica. Assim produziu-se uma arquitetura cujos resultados mais se assemelhavam a máquinas.
Porém somente a partir de 1973, com o choque do petróleo, os ecologistas
são levados a sério e o problema da economia de energia passa a ser questão relevante no contexto das prioridades necessárias ao desenvolvimento.
A crise do petróleo e, por conseguinte o alto custo da geração de energia
elétrica, provoca o surgimento de uma nova preocupação: reduzir o consumo de energia na edificação, incentivando assim a pesquisa arquitetônica voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia efetivamente adaptada ao clima e às condições econômicas, sociais e culturais de cada região.
A Arquitetura Bioclimática surge com a finalidade de harmonizar
novamente as construções ao clima e características locais, tendo em conta a tecnologia e os conhecimentos disponíveis, os materiais e suas características físicas, químicas, mecânicas e estéticas, viabilizando sempre que possível a utilização dos sistemas passivos de climatização.
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A Arquitetura Bioclimática é considerada uma evolução da Arquitetura
Solar, porque não visa apenas ganhos energéticos, mas também o conforto e a estética, além do equilíbrio inverno-verão.
Esta forma de projetar produz uma arquitetura mais coerente. Segundo alguns autores, a Arquitetura Bio-Ecológica é, por sua vez,
uma evolução da Arquitetura Bioclimática. Além do interesse pela economia de energia, conforto, técnica e estética,
tem como objetivo a adequação da arquitetura ao meio ambiente num sentido mais amplo ➔ integrando a habitação humana ao sistema ecológico global, através:
da otimização dos recursos ambientais do sítio, da utilização de materiais alternativos e não-tóxicos nas construções, de uma infra-estrutura ecológica e de uma edificação autônoma energeticamente e auto-sustentável
mediante um paisagismo produtivo. Conclui-se que a Arquitetura Bio-ecológica trata de obter soluções para
resolver os problemas da habitação humana através da interação Arquitetura─Clima─Ecologia, sem prejuízos para o meio ambiente. Em conseqüência, os setores da construção civil e imobiliário devem
considerar a proteção ao meio ambiente como uma nova tarefa.
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Arquitetura e Clima
A história da Arquitetura apresenta registros significativos sobre concepção
das edificações integradas aos climas que remontam à antiga Roma. Por exemplo, na antiga Roma, o imperador Ulpiano criou o Heliocaminus4,
uma lei para garantir ao povo romano o século II DC o direito ao sol. No período clássico, Vitrúvio5 entendia a arquitetura como um espaço
habitável que deveria equilibrar os aspectos estruturais, funcionais e formais. Ou seja, ele preconizava que a construção das edificações estaria relacionada a três parâmetros – solidez, utilidade e beleza que caracterizam o triângulo conceitual desse arquiteto.
Solidez
Utilidade Beleza Conceito vitruviano
Hoje em dia, a arquitetura também deve ser vista como um elemento que precisa ter eficiência energética/conforto.
Solidez Utilidade Beleza Conforto Amb./Efic. Energ. Conceito atual Desta forma o triângulo conceitual de Vitrúvio pode ser acrescido de um
vértice (eficiência energética/conforto ambiental), transformando-se no conceito ideal para a arquitetura contemporânea.
O clima é um fator decisivo na formulação arquitetônica e no conforto
ambiental dos indivíduos. Assim, o primeiro princípio utilizado era geralmente aproveitar as características desejáveis do clima enquanto se procurava evitar as indesejáveis.
4 ENARCH’83 [1983]. Architettura bioclimatica- bioclimatic architecture. De Luca
Editore, Roma, Italy. 5 VITRUVIO, M. L. [1982]. Los diez libros de arquitectura. Editora Iberia S.A., Barcelona,
Espanha.
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A forma tradicional de se conceber a arquitetura, integrando os parâmetros do clima local e os recursos naturais de onde será implantado o edifício, é conhecida como Arquitetura Vernacular.
No conceito arquitetura vernacular, a escolha do partido arquitetônico leva em conta parâmetros como:
a orientação dada à implantação do edifício,
a radiação solar incidente com a proteção das fachadas do edifício,
a utilização da ventilação natural
a proteção às intempéries. No conceito mais amplo de habitação vernacular são consideradas
relações recíprocas entre variáveis e fatores físico-materiais, sociais e culturais e fatores individuais dos habitantes. Ainda no conceito, tradições ditam e sugerem o resultado das interações, mas não, necessariamente, determinam a forma dos edifícios.
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Comentários finais:
A arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto: conforto
higrotérmico, lumínico, olfativo e acústico. Como uma de suas funções, a arquitetura deve oferecer condições compatíveis ao conforto humano no interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas.
A arquitetura deve criar espaços, tanto interiores como exteriores, ajustados
a normas de habitabilidade física e de segurança, determinadas pelas necessidades dos indivíduos. “A qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu ambiente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som deve ser incorporado ao conceito de espaço em si”. (Louis Khan – 1901-1974, um dos grandes nomes da arquitetura mundial do século XX – WWW.vitruvius.com.br)
A arquitetura é naturalmente muito mais que isso, uma vez que o projeto
terá que resolver múltiplos problemas funcionais e estéticos dentro de complexas solicitações sócio-econômicas, culturais e tecnológicas.
A arquitetura é fruto de todo um contexto social, econômico, político,
cultural, tecnológico e geo-climático por que passa uma determinada sociedade.
Arquitetura, antes de tudo, é Síntese.
Não se faz arquitetura se somente são enfocados unilateralmente os
problemas físicos, ou os funcionais, ou os estéticos, ou os econômicos. Será arquitetura (daí sua enorme complexidade), na medida em que sejam solucionadas integralmente todas as exigências que cercam o indivíduo, devidamente ponderadas de acordo com o tema em estudo
As exigências programáticas não cerceiam e sim orientam, inclusive
estimulam, a capacidade criadora do arquiteto.
A racionalização do uso da energia está diretamente associada com a adequação da arquitetura ao clima, procurando evitar (ou reduzir) a utilização de sistemas de condicionamento artificial do ar (refrigerar e/ou aquecer os ambientes), bem como os sistemas de iluminação artificial no período diurno.
O conhecimento do clima, dos mecanismos de troca de calor e do
comportamento térmico dos materiais permite uma consciente intervenção da arquitetura, ao incorporar os dados relativos ao meio ambiente externo de modo a aproveitar o que o clima apresenta de agradável e amenizar seus aspectos negativos.
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Imprimir ao edifício características que proporcionem uma resposta ambiental conveniente: não implica um acréscimo obrigatório de custo de construção;
ao contrário, deve resultar em redução do custo de utilização e de
manutenção;
propiciar condições ambientais internas agradáveis aos ocupantes.
➔ Base da interdependência entre os conceitos de Conforto Ambiental e Eficiência Energética.