4ª Visita
“Festa de doze pra treze.”
12/05/2007
Cheguei na “Festa do dia doze pra treze”, que é assim chamada pelos
membros do grupo de Congado, às vinte horas, momento em que os
participantes da banda, seus familiares e alguns vizinhos realizavam
uma ladainha na casa de Seu Zeca. Este evento reunia um grande
número de pessoas na sala da referida casa, em torno de um altar
composto por velas, flores, incensos, orações e bandeiras com a figura
de Nossa Senhora do Rosário. Havia também um panfleto de Nossa
Senhora de Aparecida e as imagens de Rainha Isabel, Santa Efigênia e
São Benedito. Na reunião, entoavam as músicas que já havíamos
ouvido na festa e se rezava orações católicas.
Nos fundos da casa se reunia também um grande número de
pessoas, das quais grande parte eram mulheres envolvidas na
feitura do café para momentos posteriores da festa. Na varanda
da frente da casa e na calçada também se aglomerava uma
significativa quantidade de pessoas que tentava ouvir o que era
dito dentro da casa e uma outra porção que não estava
minimamente preocupada no que se dizia lá dentro. O
movimento na rua era grande, num primeiro lance de vista era a
maior concentração de pessoas no distrito. Carros tocando funk
passavam repetidas vezes fazendo com que o grupo tivesse de
elevar o tom de voz para conseguir ser ouvido.
Interior da casa de Seu Zeca,
onde se realizava a ladainha.
Altar da ladainha
Fundos da casa de Seu Zeca, onde
mulheres preparam café e comidas
para a Festa.
Frente da casa de Seu Zeca no
momento da ladainha.
Ao questionar aos dançadores do Congo sobre o sentido do evento, eles
respondem que ele tem por intenção festejar em torno da figura da Princesa
Isabel, como marco da abolição da escravatura comemorada no dia treze de
maio. Avançando um pouco nas conversas, o grupo revela que neste dia
também é comemorado o dia de São Benedito. Juquita disse que este dia
juntamente com o dia da Festa do Rosário em outubro são os momentos
mais importantes do Congado.
Após a realização da ladainha, o
grupo de congadeiros deixa a casa
para ganhar o espaço da rua, onde
realizam as performances que
desempenham também nos ensaios e
na Festa do Rosário. As músicas
entoadas são, inclusive, as mesmas.