Aula 3 Gesto de Pessoas para o MPU Professor Alyson Barros
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MPU
Curso de Gesto de Pessoas nas Organizaes para o
cargo de Analista Administrativo do MPU
Aula 3
Sumrio Consideraes Iniciais ................................................................................................................... 2
Clima Organizacional ..................................................................................................................... 3
Diagnstico de Clima Organizacional ..................................................................................... 8
Tipos de Clima Organizacional ............................................................................................... 9
O clima organizacional bom e o ruim ................................................................................... 10
Diagnstico, Avaliao e Gerenciamento de Clima Organizacional. .................................. 13
Cultura Organizacional ................................................................................................................ 17
Funes da Cultura Organizacional ...................................................................................... 23
Tipos de Culturas Organizacionais ....................................................................................... 24
Anlise da Cultura Organizacional ....................................................................................... 25
Elementos da Cultura Organizacional .................................................................................. 29
O Papel dos Fundadores ........................................................................................................ 31
A relao da Cultura Organizacional e a Cultura Nacional: o Modelo de Hofstede .......... 32
Recrutamento ............................................................................................................................. 36
Etapas do processo de recrutamento ................................................................................... 37
Vantagens e desvantagens do recrutamento interno e externo ........................................ 39
Seleo de Pessoas ...................................................................................................................... 41
Questes ..................................................................................................................................... 50
Questes com Gabarito e Comentrios ...................................................................................... 62
Aula
3
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Consideraes Iniciais
Ol queridos colegas, como vo os estudos? Ansiosos pelo edital? Todos ns
estamos, espero que logo tenhamos notcias concretas sobre o nosso concurso.
Vamos comear?
Alyson Barros
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No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.
Albert Einstein
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Clima Organizacional
Vamos comear por um levantamento bsico de definies encontradas na
internet sobre o que o tal do clima organizacional. Como tarefa, sugiro que
pegue um lpis e anote ao lado de cada definio os pontos que voc julga
adequados ou no, certo?
Vamos l:
Clima Organizacional um conjunto de valores, atitudes e padres de
comportamento, formais e informais, existentes em uma organizao.
Flvio de Toledo e Benedito Milioni
Clima organizacional uma avaliao de at que ponto as expectativas das
pessoas esto sendo atendidas dentro da organizao.
Stanley M. Davis
Clima Organizacional um conjunto de valores ou atitudes que afetam a
maneira como as pessoas se relacionam umas com as outras e com a
organizao.
Warren G. Bennis
Clima Organizacional a qualidade do ambiente dentro da organizao, e
que percebida pelos membros dessa organizao como sendo boa ou no, e
que influenciam o seu comportamento.
George H. Litwin
O clima retrata o grau de satisfao material e emocional das pessoas no
trabalho. Observa-se que este clima influencia profundamente a produtividade
do indivduo e, conseqentemente da empresa. Assim sendo, o mesmo deve ser
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favorvel e proporcionar motivao e interesse nos colaboradores, alm de
uma boa relao entre os funcionrios e a empresa.
J. P. Luz
Poxa Alyson, agora me confundi. Na primeira definio o clima est
descrito como se fosse cultura organizacional e na segunda afirmativa temos a
definio e suporte organizacional. Esses conceitos sempre se confundem?
A resposta simples: temos muitos conceitos de clima, uns mais precisos
que outros e uns que envolvem mais dimenses que outros. Assim, precisamos
focar na banca.
Nesse ponto encontramos a primeira dica: voc tem de saber a definio
que a sua banca adotou nas provas passadas.
Vamos adiante ento. Finalmente, o que clima organizacional?
Clima um fenmeno perceptual duradouro, construdo com base na
experincia, multi-dimensional e compartilhado pelos membros de uma unidade
da organizao, cuja funo principal orientar e regular os comportamentos
individuais de acordo com os padres determinados por ela. um construto ligado
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atmosfera psicolgica de uma organizao. Apesar disso, no nico para toda a
organizao e varia de acordo com o ambiente.
Voc deve saber que as percepes sobre o clima de uma organizao so
aprendidas pelo indivduo e que essas percepes mudam ao longo do tempo (o
clima mutvel). Assim, mudanas organizacionais podem afetar diretamente o
clima. Alm disso, percepes favorveis do clima esto associadas a maior
envolvimento dos trabalhadores com a organizao e a menor estresse
ocupacional.
Esquematicamente temos que o clima :
a) Um fenmeno psicolgico
b) Aprendido
c) Mutvel
d) Multidimensional
e) Fenmeno social compartilhado
f) No uniforme dentro da mesma organizao
g) Est associado a maior envolvimento com a organizao e
menor estresse
Alm dos pontos elencados, relembro que em um mesmo espao fsico de
uma organizao existem vrias percepes de clima organizacional. Tambm
devo salientar que a comparao do clima organizacional com o conceito de clima
atmosfrico ocorre justamente por essa viso de que existem microclimas. J vi
uma questo falando que a metfora do clima atmosfrico ao clima organizacional
ocorre pela transitoriedade do mesmo. Fique alerta: o critrio de comparao
muito mais geoespacial (vrios climas em um mesmo ambiente de trabalho) que
temporal.
Creio que alguns comentrios so necessrios no entendimento da
multidimensionalidade do clima organizacional: nesse ponto que reside a
grande dificuldade de sua conceituao do clima organizacional. No sabemos
exatamente quais so os exatos elementos constitutivos do clima e nem em que
medida eles devem ser considerados observe que isso no quer dizer, em
hiptese alguma, que o clima no exista ou que seja de difcil identificao.
O Clima est relacionado com as seguintes variveis abaixo:
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Pelo esquema acima podemos ver que existe uma relao do clima
organizacional com todas as variveis acima representadas (e com outras mais).
Quem faz as questes para os concursos gosta de confundir esses
conceitos para ver se o candidato capaz de separar essas variveis
adequadamente. Aqui, ento, temos o papel de diferenciar o clima da cultura
organizacional.
Todos ns sabemos que a cultura composta por um conjunto de
elementos como normas, valores, crenas, regras, e constitui um modelo de
definio de padres de comportamento construdos ao longo da histria da
organizao. O clima organizacional, por sua vez, compreende um conjunto de
percepes globais compartilhadas pelos indivduos, referente s variveis
organizacionais que compem o ambiente de trabalho. Ficou mais simples no foi?
O Clima o Espelho da Cultura Organizacional. Grifou? Ento eu grifo para
voc: o clima o espelho da cultura organizacional. O clima reflete o universo da
empresa, que influenciado pela forma como as pessoas se comportam dentro da
organizao, sua satisfao e seu desempenho laboral. Para Luz (2006) o clima
afetado por fatores externo, entre eles esto s condies de sade, habitao,
lazer, famlia dos colaboradores, e a cultura organizacional, que uma das
principais causas. Pode-se afirmar que o clima organizacional uma consequncia
da cultura.
Clima Organizacional
Suporte, envolvimento com a tarefa,
significado do trabalho, etc.
Cultura Organizacional
Motivao do trabalhador,
satisfao, etc.
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um reflexo perfeito? No, como vimos no esquema anterior outros
processos tambm contribuem para a formao do clima (suporte, envolvimento,
motivao, satisfao, etc.).
Clima a atmosfera do ambiente de trabalho. Esse conceito de clima leva
em considerao uma complexa rede de expectativas e percepes individuais e de
grupo, permeada por referncias estratgicas, organizacionais e por componentes
estruturais do contexto do trabalho, que orienta e determina o comportamento de
seus integrantes, criando um ambiente com caractersticas prprias. Temos, ainda,
dois pontos importantes para fecharmos o conceito de clima organizacional:
1- O clima organizacional um fenmeno psicolgico e
social: psicolgico por envolver a percepo e interpretao e social por
envolver a interao com o ambiente organizacional.
2- O clima organizacional no pode ser criado
artificialmente: o clima pode ser induzido pela melhora das prticas
organizacionais, melhora do suporte, alinhamento da satisfao com a
produo, etc. Mas, no pode ser afetado diretamente pela gesto de
clima. Anotou isso? Raros so os autores que trabalham o clima como algo
gerencivel diretamente, a maioria prefere trabalhar com o conceito que
o clima o resultado de uma srie de fatores que devem ser readequados.
Nesse ltimo ponto gostaria de fazer algumas observaes. Um mau lder
influencia diretamente no clima organizacional? Sim. Um problema organizacional
pode afetar o clima? Sim. Inmeros seriam os exemplos que eu poderia dar de
circunstncias que poderiam influenciar diretamente o clima. O que quero que
fique claro para voc que o clima no pode ser criado artificialmente. Por mais
que voc tenha o controle de todas as variveis conhecidas no gerenciamento de
clima, o comportamento humano imprevisvel e o clima ir variar de acordo com
cada situao. Por isso, cuidado na hora de interpretar as questes. Entendido
isso?
Como se nota, existe uma ideia em comum nas definies trabalhadas at
agora: em todas elas, o Clima Organizacional est ligado, diretamente, maneira
como o trabalhador PERCEBE a organizao com a sua cultura, suas normas, seus
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usos e costumes, como ele INTERPRETA tudo isso e como ele REAGE, positiva ou
negativamente, a essa interpretao.
A concluso que o Clima Organizacional no pode ser criado pela
organizao, no sentido literal de se produzir alguma coisa num determinado
momento, mas algo que j existe, vivo e atuante, dentro dela, resultante,
principalmente, de fatores internos, das decises tomadas e da maneira como o
pessoal administrado pelos seus chefes, e atinge o colaborador, diretamente, no
que diz respeito percepo que ele tem da empresa, induzindo-o a determinado
comportamento.
Diagnstico de Clima Organizacional
O conceito de diagnstico de clima organizacional no est expresso no
edital, porm, julgo que seja interessante traar algumas pinceladas. Sabemos que
o clima organizacional um indicador tanto dos pontos fortes da organizao
como da necessidade de melhorar e mudar. Assim, o ideal que o diagnstico de
clima organizacional levante medidas precisas que eliminem os aspectos
desfavorveis, mantenham os favorveis e comecem a tratar os aspectos que
eventualmente no tenham apresentado tendncia ntida de opinio. Mas essa a
consequncia da aplicao do resultado dessa pesquisa. O seu objetivo, per si,
identificar as variveis do clima organizacional presentes e as suas formas de
relao com os indivduos. Esse o primeiro ponto para uma estratgia de gesto
de clima organizacional.
No diagnstico de clima, ampliamos a compreenso do ambiente
organizacional em seus critrios comportamentais e de integrao com as normas
e a questo social. possvel levantar problemas, causas de problemas e, algumas
vezes, encontrar solues para os mesmos. Dessa linha de base traada, possvel
criar uma estratgia de gesto de clima organizacional. Mas da voc deve
perguntar: como gerir um clima organizacional?
De modo bem resumido, o gerenciamento comea pela responsabilizao das
reas (em especial os que patrocinam as mudanas organizacionais). Esse
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gerenciamento serve, inicialmente para orientar os processos de tomada de
deciso de toda a organizao. Seja de organizar uma linha hierrquica compatvel
com as atribuies do departamento ou de fomentar discusses mais srias dos
funcionrios. Obviamente que nem sempre isso acontece, mas, um bom
administrador deve manter-se ciente do clima organizacional para saber como
aumentar a eficincia produtiva.
Outro ponto importante que por abordar temas como as percepes e
expectativas de funcionrios, os estudos de clima trazem tona tanto a lgica das
trocas internas que ocorrem nos ambientes de trabalho como a noo do contrato
firmado entre as organizaes e os trabalhadores. Em outras palavras, uma das
variveis mais significativas no clima organizacional o suporte. Os trabalhadores
sempre avaliam o equilbrio entre as contrapartidas que recebem em troca da
dedicao e do trabalho que realizam. Assim, sempre que a insatisfao supera o
grau de satisfao com a organizao, o compromisso do profissional sofre um
desgaste que pode culminar na ruptura do contrato psicolgico de trabalho e, em
alguns casos, da prpria relao formal.
Observe que a atuao do gestor de pessoas no clima organizacional no
depende s das variveis da empresa, e deve levar em conta, aspectos dinmicos
interpessoais e at de traos de personalidade individuais. Destacou esse ltimo
ponto? Vou clarificar um pouco mais. Sabemos que ningum motiva ningum e que
a construo do significado do trabalho e do prprio papel dependem, no-
exclusivamente, do modo como interpretamos a situao. Dito isso, vemos que at
os fatores de personalidade influenciam no fenmeno do clima organizacional.
Tipos de Clima Organizacional
Podemos falar em tipologia de clima organizacional? Sinceramente acho
arriscado. Alm de no ter encontrado qualquer definio cobrada em prova, at
ento s trabalhamos com a classificao em forma de dades (bom/ruim,
adequado/inadequado, saudvel/iatrognico, etc.). Alm disso, em uma mesma
organizao existem diversos climas e microclimas. Dito isso, a identificao dos
tipos de clima cumpre apenas uma funo didtica.
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Mas, mesmo para os mais incautos, como eu, encontrei uma classificao
de clima organizacional para alm das dades que citei. Edela (1978) cita uma
classificao dos tipos de clima organizacional. Para essa autora existem:
a) O Clima desumano, onde dada excessiva importncia
tecnologia;
b) O Clima tenso, onde h forte presso ao cumprimento de
normas rgidas, burocrticas em que os resultados podem levar a punies
e/ou demisses;
c) O clima de tranquilidade e confiana, onde existe plena
aceitao dos afetos, sem descuidasse de preceitos e do trabalho.
Dito isso, vamos, ento, definir o que o clima bom (satisfatrio, saudvel,
etc.) e o clima ruim (insatisfatrio, iatrognico, estressante, etc.).
O clima organizacional bom e o ruim
Antes de entrarmos nesse assunto, fao-te uma pergunta: quando digo que
um clima organizacional de determinado departamento bom, o que podemos
inferir?
Essa a pergunta vital de nossa aula. Podemos inferir que algumas
variveis devem ser gerenciadas para a administrao do clima e a obteno de
resultados favorveis. No podemos afirmar que essas variveis devam ser todas
necessariamente elevadas, mas que a resultante delas deva ser positiva para que o
clima seja positivo. Assim, as dimenses que podemos descrever como sendo
pressupostos para o clima so:
a) Satisfao dos trabalhadores
b) Suporte
c) Comunicao interpessoal
d) Cultura
e) Bom relacionamento
f) Etc.
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Quando essas dimenses so bem gerenciadas, a consequncia ser um
ciclo virtuoso de clima organizacional. Quais so os pontos presentes no fenmeno
organizacional que podemos utilizar, ento, para afirmar que o clima
organizacional est sendo bem gerido? Eis uma pequena lista, no exaustiva:
a) Produtividade
b) Comprometimento
c) Motivao
d) Assiduidade
e) Defesa dos valores organizacionais
f) Inovao
g) Etc.
E um clima organizacional ruim? mais fcil ainda identificar. Temos a
mesma base de dimenses que devem ser gerenciadas, mas que, por n
circunstncias, no so devidamente trabalhadas. A consequncia desse fato so os
problemas de comunicao, desmotivao, aumento dos gastos com recrutamento
e seleo, retrabalho, aumento com gastos indenizatrios, aumento da militncia
sindical, reduo da qualidade e quantidade da produo, aumento dos acidentes
de trabalho, instabilidade emocional, falta de realizao pessoal e sentido no
trabalho, aumento das reclamaes trabalhistas, aumento do turnover (rotao de
pessoas), etc. Na esfera individual podemos, ainda, encontrar de doenas
psicossomticas at a sndrome de burnout, absentesmo, gastos com despesas
mdicas, alm de risco de contaminao de equipes inteiras de trabalho,
comprometendo a produtividade e os resultados gerais da empresa.
Creio que nesse ponto voc j conseguiu identificar 3 instncias diferentes:
as dimenses de influncia no clima (inputs), o clima organizacional em si e as
consequncias do clima organizacional (outputs):
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Ateno: preciso entender que o clima positivo pode gerar motivao enquanto
que o clima negativo pode gerar insatisfao.
Ateno: O clima propcio para o aumento da eficcia organizacional (a eficcia
diz respeito realizao dos objetivos).
Por fim, em um estudo relacionando clima organizacional com alcoolismo,
Cruvinel e Ronzani (2011) introduzem o tema de forma bem interessante:
Dessa forma, diversos estudos vm mostrando evidncias substanciais dos
benefcios da utilizao de instrumentos de triagem (como o Alcohol Use Disorders
Identification Test - Audit) associados a intervenes breves, em servios de
Ateno Primria Sade (APS), como forma de introduzir intervenes
preventivas que venham a mudar a realidade epidemiolgica do consumo de
lcool.
...
No entanto, alguns estudos mostram que, apesar da eficcia da
interveno breve e da aplicabilidade do instrumento de rastreamento Audit,
existem dificuldades para implantar programas de preveno e promoo de sade
relacionados ao lcool. Em Juiz de Fora, pesquisa realizada com profissionais de
APS, mostrou algumas dessas limitaes: dificuldade para trabalharem equipe,
pouca motivao dos profissionais, alta rotatividade dos mesmos, sobrecarga de
trabalho, falta de infraestrutura adequada, burocratizao do trabalho e falta de
Dim
ens
es
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Cli
ma
ClimaClima Bom
Clima Ruim
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organizao das equipes (Ronzaniet al., 2005), resultado semelhante ao obtido nas
atividades desenvolvidas na Zona da Mata Mineira (Ronzani et al., 2009).
Diante desse contexto, percebe-se que muitos dos obstculos relacionados
implantao esto ligados a fatores organizacionais, como, por exemplo,
dificuldades nos trabalhos em equipe e organizao dos servios, em detrimento
da aplicabilidade e eficcia das estratgias propostas. Em alguns pases, foram
desenvolvidos estudos que apontam uma relao entre fatores organizacionais e
qualidade dos servios de sade, destacando-se a associao entre Clima
Organizacional (CO) e os cuidados oferecidos pelos profissionais.
Fonte: Cruvinel, E.,Ronzani, T. M. (2011). Clima organizacional e atividades de
prevenoao uso de risco de lcool. Estudos de Psicologia I Campinas I 28(2) I 209-
217 I abril junho.
Diagnstico, Avaliao e Gerenciamento de Clima Organizacional.
O diagnstico de clima organizacional uma pesquisa. Como toda
pesquisa, o diagnstico deve seguir pressupostos e orientaes bsicas aplicadas
s circunstncias de cada caso. Sabemos que o clima organizacional um indicador
tanto dos pontos fortes da organizao como da necessidade de melhorar e mudar.
Assim, o ideal que o diagnstico de clima organizacional levante medidas
precisas e objetivas e, tambm, dados que j possam ser ligados a propostas de
trabalho. Assim, o objetivo da pesquisa de clima organizacional, em si, identificar
as variveis do clima organizacional presentes e as suas formas de relao com os
indivduos. Esse o primeiro ponto para uma estratgia de gesto de clima
organizacional.
Os estudos sobre clima organizacional permitem avaliar a qualidade do
ambiente de trabalho, em um dado momento, a partir da percepo de seus
integrantes. Esses estudos de clima devem ser mensurados atravs de itens
objetivos e essa preocupao ocorre porque o clima organizacional no pode ser
realizado de forma direta, mas a partir das dimenses que exaustivamente temos
falados at ento. Dependendo de como voc conceba o clima organizacional, a
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avaliao do clima organizacional pode assumir vrios vieses. Assim, o primeiro
passo para estudar adequadamente o clima a definio das dimenses que fazem
parte do mesmo.
No estudo de Tagliocolo e Arajo (sem data), por exemplo, so avaliadas
quatro dimenses: Resistncia mudana, Estresse, Liderana e Motivao.
Resistncia
mudana
Estresse Liderana Motivao
Relacionamento
com as mudanas
Relacionamento
com as aes do
dia-a-dia
Relacionamento
lder/colaborador
Relacionamento
intrapessoal
Colaborao dos
funcionrios para
a implantao e
adequao a um
novo sistema.
Amenizar o
estresse com
aes que visem o
bem estar dentro
das organizaes
Administrar
pessoas,
desenvolver a
organizao de
forma eficaz e
eficiente.
A organizao cria
estmulos para
motivar o
funcionrio
(percepes).
Eles justificam da seguinte maneira:
A dimenso resistncia mudana est relacionado com as alteraes das
rotinas de trabalho por outra mais eficiente e envolve a participao dos
funcionrios neste processo de implantao e adequao a um novo sistema. A
dimenso estresse est relacionado com asaes rotineiras, o que envolve o
relacionamento com as demais pessoas. O estresse afeta aprodutividade do
funcionrio, e pode ser causado tanto por fatores pessoais quanto
organizacionais, cabe ao administrador desenvolver aes que amenizem os
impactos negativos do estresse. A dimenso liderana relacionalder e
colaborador, bons lderes influenciam e motivao seus colaboradores, sua equipe
de trabalho, e assim a organizao se torna mais eficiente e eficaz. Bonslderes
geram mais resultados positivos. A dimenso motivao est mais ligada a
aspectos internos do que externos, as organizaes podem gerar estmulos
externos, mas cada funcionrio ter uma percepo se motivando ou no.
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Fonte: Tagliocolo, C, e Arajo, G. C., sem data. Clima Organizacional: um estudo
sobre as quatro dimenses de anlise. SEGeT Simpsio de Excelncia em Gesto e
Tecnologia. Faculdades Integradas Rui Barbosa - FIRB
Esse foi um exemplo das diretrizes que norteiam o clima organizacional.
De modo geral, no h uma receita de bolo para realizar tal tipo de pesquisa. O que
existe uma sequncia mais ou menos lgica do que deve ser feito para organizar a
pesquisa de clima. Obviamente o primeiro passo a definio do marco conceitual.
Depois disso, levanta-se o foco da pesquisa de clima organizacional e o grupo que
ser pesquisado. Definem-se os instrumentos para avaliar tais quesitos e, aps
isso, deve ocorrer a consolidao dos dados e a interpretao do mesmo.
na fase da interpretao que ocorre a avaliao do clima organizacional.
Nesse ponto, possvel julgar os dados achados luz do marco conceitual, das
problemticas encontradas e das perspectivas apontadas.
No diagnstico de clima, ampliamos a compreenso do ambiente
organizacional em seus critrios comportamentais e de integrao com as normas
e a questo social. possvel levantar problemas, causas de problemas e, algumas
vezes, encontrar solues para os mesmos. Dessa linha de base traada a partir da
pesquisa de clima organizacional possvel criar uma estratgia de gesto de clima
organizacional. Mas voc deve perguntar: como gerir um clima organizacional?
Antes de tudo, o que voc precisa saber para concursos uma distino
simples entre a gesto de climas organizacionais e a gesto de culturas
organizacionais. A gesto de clima pode ser pontual e episdica, ou seja, pode ser
muito mais focal e simples que a gesto de cultura organizacional. Voc j deve ter
deduzido corretamente que tal fato ocorre pela maleabilidade e pelo foco de cada
clima (microclimas), essa deduo est correta.
De modo bem resumido, o gerenciamento comea pela responsabilizao
das reas (em especial os que patrocinam as mudanas organizacionais). Esse
gerenciamento serve, inicialmente para orientar os processos de tomada de
deciso de toda a organizao. Seja de organizar uma linha hierrquica compatvel
com as atribuies do departamento ou de fomentar discusses mais srias dos
funcionrios. Obviamente que nem sempre isso acontece, mas, um bom
administrador deve manter-se ciente do clima organizacional para saber como
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aumentar a eficincia produtiva. Para concursos, alm desse alinhamento
estratgico e o patrocnio, voc deve saber que o gerenciamento do clima ocorre
pela administrao dos Inputs (descritos anteriormente) e das suas relaes.
Dentre essas relaes j vi citaes como: adequar as metas de trabalho para que
os trabalhadores no se sintam desmotivados, reduo dos conflitos gerenciais
com a definio de papis claros e factveis e a melhora dos processos de
comunicao mediante a criao de ouvidoria.
Que fique claro que nenhuma ao isolada, na prtica, ir melhorar o
clima. Mas, na gesto do clima deve-se partir sempre de dados fiis a realidade (eis
a importncia de uma boa pesquisa de clima) e de propostas articuladas de
trabalho. Para finalizar esse tpico lembro de uma conversa que recentemente
participei com um servidor que, alm da brilhante experincia organizacional, era
responsvel por escolher com quais consultorias a sua instituio pblica iria
contratar. Isso no cai no seu concurso, mas voc deve saber. Ele disse: conheo
mais de 50 ferramentas de gesto dos mais variados tipos, todas funcionam nos
livros, mas nenhuma funciona sem liderana e patrocnio.
Pense nisso.
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Cultura Organizacional
A cultura, em si, tida como o padro de desenvolvimento refletido nos
sistemas sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais cotidianos.
Tambm vista como o grau de refinamento evidente em tais sistemas de crenas
e prticas. o que caracteriza uma religio, um time de futebol ou um povo. o
parmetro para os nossos comportamentos e expectativas da realidade. Apesar de
a nossa aula ser centrada na cultura organizacional, voc ir ver que algumas vezes
a cultura humana estar refletida na cultura organizacional, seja na identificao
de seus elementos, seja na comparao da cultura nacional com a cultura
organizacional.
A cultura organizacional associada muitas vezes a prticas e
comportamentos intrnsecos empresa, que determinam a forma e as prioridades
com que as coisas so efetuadas dentro dela. H tambm quem associe a cultura
mensagem referida no texto da sua misso, enquanto responsabilidade econmico-
social como propsito da empresa. Importa-nos saber que a partir da dcada de
80 que emerge o termo cultura organizacional como objeto especfico de
produo de conhecimentos cientficos. Esse fenmeno ocorreu pelo sucesso
empresarial do mercado japons. O conceito de cultura organizacional tomou um
impulso importante na dcada de 90 (Ferreira, Seidl, 2009) e, atualmente, a
abordagem de Schein aparece como campe de citaes na literatura (Schein
apud Fleury et al. 1996):
"cultura organizacional o conjunto de pressupostos bsicos que um grupo
inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas
de adaptao externa e integrao interna e que funcionaram bem o
suficiente para serem considerados vlidos e ensinados a novos membros
como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relao a esses
problemas".
Assim, esse autor define a cultura como um modelo de pressupostos
bsicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de
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aprendizagem, a fim de lidar com problemas de adaptao (externa) e integrao
(interna). Ela um padro de assuntos bsicos compartilhados que um grupo
aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptao externa e
integrao interna, e que funciona bem a ponto de ser considerado vlido e
desejvel para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de
perceber, pensar e sentir em relao queles problemas. Assim, as iniciativas bem-
sucedidas para mudar aspectos do ambiente de trabalho podem contribuir para a
introduo de novas prticas e valores junto a um grupo, promovendo mudanas
culturais ao longo prazo.
Srour (1998), por sua vez, define a cultura organizacional da seguinte
forma:
"a cultura aprendida, transmitida e partilhada. No decorre de uma
herana biolgica ou gentica, porm resulta de uma aprendizagem
socialmente condicionada. A cultura organizacional exprime ento a
identidade da organizao. construda ao longo do tempo e serve de chave
para distinguir diferentes coletividades".
Daft (1999), define a cultura organizacional da seguinte forma:
"a cultura de uma organizao geralmente comea com um fundador ou um
lder pioneiro que articula e implanta ideias e valores particulares como viso,
uma filosofia ou uma estratgia comercial".
No me estenderei ressaltando a importncia da cultura para organizaes
por acreditar que:
a Cultura o principal ativo da empresa.
Assim, est acima de qualquer objeo discutir o seu grau de importncia.
Para as instituies vital entender a cultura vigente no ambiente interno e
externo para planejarem aes. Fao um adendo aqui: um planejamento
estratgico sem considerar a cultura organizacional uma pea de fico!
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Mas, o que forma a cultura? Naturalmente ela possui regras e valores
ticos associados, mas a sua gnese est na cognio humana. Assim, por exemplo,
a cultura formada por padres repetitivos de regras expostas em qualquer lugar.
Esse lugar pode ser no clima organizacional. Encontramos o nosso primeiro
problema na definio da cultura organizacional: existe uma cultura formal e outra
informal?
Se falarmos baseados na definio strictu sensu, no existem duas culturas
paralelas coexistindo. Porm, existe uma diferenciao quanto gnese da cultura:
a cultura formal aquela representada por todos os procedimentos padres em
uma organizao (fruto de negociao e comunicao formal) e a cultura informal
formada atravs da criao dos grupos informais (comunicao informal). A
soma da cultura organizacional formal e da informal a prpria cultura
organizacional. Aqui estamos falando de um aspecto temporal da formao da
cultura. Ou seja, a cultura reflete um dado momento da organizao - de um lado a
constncia dos valores arraigados pela instituio, e do outro a fluidez das relaes
dos grupos informais.
Porm, veja que isso pode gerar alguma confuso: advirto que a natureza
da cultura organizacional informal (no tem forma). Em outras palavras, a
cultura organizacional representa as normas informais e no-escritas que
orientam o comportamento dos membros de uma organizao no dia-a-dia e que
direcionam suas aes para a realizao dos objetivos organizacionais. Estamos
falando de um aspecto de caracterstica da cultura. Elementos da cultura de um
grupo certamente exercem influncia sobre a percepo de seus integrantes acerca
do ambiente no qual convivem (a cultura influenciando no clima). Desse modo, de
uma forma mais simples para concursos, a cultura organizacional o conjunto de
hbitos e crenas, estabelecidos atravs de normas, valores, atitudes e expectativas
compartilhadas por todos os membros da organizao. A cultura espelha a
mentalidade que predomina em uma organizao e muitos aspectos da cultura
organizacional so percebidos facilmente, enquanto outros so menos visveis e de
difcil percepo. A sua parte superior perfeitamente visvel, contudo, a sua parte
inferior fica oculta e totalmente fora da viso das pessoas.
Apesar de alguns acreditarem na existncia de um conjunto bem
delimitado de conhecimentos formais e outro separado de conhecimentos
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informais, devo advertir que essa diferenciao no possvel. Existem
conhecimentos formais e informais que coexistem na cultura organizacional e se
influenciam. A cultura organizacional mostra aspectos formais e facilmente
perceptveis, como as polticas e diretrizes, os mtodos e procedimentos, os
objetivos, a estrutura organizacional e a tecnologia adotada; porm oculta aspectos
informais, como as percepes, sentimentos, atitudes, valores, interaes
informais, normas grupais e etc. Esses aspectos ocultos da cultura organizacional
so os mais difceis no s de compreender e de interpretar, como tambm de
mudar ou de sofrer transformaes. Destaco que esses conhecimentos informais
podem definir a misso e provocar o nascimento e o estabelecimento dos objetivos
formais da organizao.
Alguns autores consideram, ainda, que existe apenas uma cultura na
organizao (cultura dominante) e que essa expressa os valores compartilhados
pela maioria dos membros de uma organizao. Observe que a cultura dominante
tem uma viso macro da organizao e trata apenas dos valores centrais. Existem
tambm as subculturas dentro das organizaes, que podem ser definidas por
designaes de departamentos ou experincias comuns a seus membros. Nelas,
alm dos valores essenciais da cultura dominante, so includos valores especficos
daqueles grupos. Destaco que existe, ainda, a contracultura. Essa representa o
movimento de oposio em relao a cultura e sempre advinda da insatisfao e
da busca de mudanas. Voc percebeu que novamente vemos a relao de cultura
com grupos formais e informais? Fique atento: dependendo da banca estaremos
falando da mesma coisa.
Como foi possvel perceber, a cultura organizacional um lento processo de
sedimentao: o que deu certo permanece e vai sendo reproduzido. Nessa lgica,
os conhecimentos informais se materializam em contedos formais. Uma vez que
tenham funcionado suficientemente bem para serem considerados vlidos, tais
pressupostos so ensinados aos demais membros da organizao como a maneira
certa de se perceber, pensar e sentir em relao queles problemas.
Todas as organizaes apresentam duas faces distintas e intimamente inter-
relacionadas: a organizao formal e a organizao informal. A organizao
formal a estrutura de relaes profissionais entre pessoas, planejada no sentido
de facilitar a realizao dos objetivos globais da organizao. A organizao formal
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a organizao oficialmente adotada e geralmente caracterizada pelo
organograma e pelos manuais de organizao e ela espelha a maneira lgica e
racional como a organizao se estrutura a fim de coordenar e integrar os esforos
de todos os membros.
- Os principais aspectos apresentados pela organizao formal so:
- Os rgos, como departamentos, divises, sees, setores etc.
- Os cargos, de diretores, de gerentes, se supervisores, de funcionrios,
de operrios etc.
- A hierarquia de autoridade, como autoridade e responsabilidade
previamente definidas.
- Os objetivos e os planos definidos para alcan-los adequadamente.
- A tecnologia, que constitui o modo de realizar o trabalho dentro da
organizao.
A organizao informal, por sua vez, remete ao outro lado da organizao
formal e representam tudo o que no est compreendido na definio anterior. A
organizao informal a rede de relacionamentos e interaes que se desenvolve
espontaneamente entre as pessoas que ocupam posies na organizao formal.
Envolve afetos, interesses, amizades, fofocas, formas de comunicao, etc. Esses
padres de comportamentos e relacionamentos no constam no organograma. As
principais caractersticas da organizao informal so:
- Grupos informais que se desenvolvem de acordo com os
interesses comuns e a identificao entre as pessoas. Podem ser
blocos de interesses, crculos de amizades, "panelas" etc.
- Atitudes e comportamentos que manifestam percepes
favorveis ou desfavorveis as prticas administrativas.
- Normas de trabalho que os diversos grupos estabelecem
como padro de desempenho aceitvel nas suas atividades e que so
impostas a todos os seus membros, independentemente das normas
formais e oficiais da organizao.
- Padres de liderana que podem conferir autoridade informal
e certas pessoas, independentemente de sua posio na organizao
formal.
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Toda organizao precisa ter alguma dose de estabilidade como
complemento ou suplemento mudana. Mudana aps mudana sem estabilidade
alguma resulta quase sempre em caos e tenso entre membros da organizao.
Segundo Fleury (1991), h vrios caminhos para se desvendar a cultura de
uma organizao. Dentre eles destacam-se:
1. O Histrico das Organizaes: o momento de criao de uma
organizao e sua insero no contexto poltico e econmico da poca
propiciam o pano de fundo necessrio para compreenso da natureza da
organizao, suas metas, seus objetivos. O fundador neste contexto tem um
papel fundamental, pois ele detm a concepo global sobre o projeto da
organizao e tem o poder para estrutur-la, desenvolv-la e tecer
elementos simblicos consistentes com esta viso.
2. Os incidentes crticos por que passou a organizao, tais como
crises, expanses, pontos de inflexo, de fracassos ou sucessos tambm so
formadores de sua histria. Nestes momentos, o tecido simblico se revela
mais facilmente ao pesquisador, pois certos valores importantes de serem
preservados ou, pelo contrrio, questionados, emergem com maior nitidez;
3. O Processo de Socializao de Novos Membros: o momento de
socializao crucial para a reproduo do universo simblico. atravs
das estratgias de integrao do indivduo organizao que os valores e
comportamento vo sendo transmitidos e incorporados pelos novos
membros. As estratgias mais usuais so os programas de treinamento e
integrao de novos funcionrios. Os rituais de socializao desempenham
ao mesmo tempo o papel de incluso do indivduo ao grupo e delimitao
do processo de excluso dos demais;
4. As Polticas de Recursos Humanos: as polticas de recursos
humanos tm papel relevante no processo de construo de identidade da
organizao por serem as mediadoras da relao entre capital e trabalho.
Analisando as polticas explcitas e principalmente as polticas implcitas de
recursos humanos de uma organizao possvel decifrar e interpretar os
padres culturais desta organizao;
5. O Processo de Comunicao: a comunicao um dos elementos
essenciais no processo de criao, transmisso e cristalizao do universo
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simblico de uma organizao. preciso identificar os meios formais orais
(contatos diretos, reunies, telefonemas) e escritos (jornais, circulares,
memorandos e os meios informais, como por exemplo a "rdio-corredor". O
mapeamento dos meios permite o desvendar das relaes entre categorias,
grupos e reas da organizao;
6. A Organizao do Processo de Trabalho: a anlise da organizao
do processo de trabalho em sua componente tecnolgica e em sua
componente social, como forma de gesto da fora de trabalho, possibilita a
identificao das categorias presentes na relao de trabalho. Assim, ela
importante para desvendar aspectos formadores da identidade
organizacional, alm de fornecer o referencial para se decifrar a dimenso
poltico-construtiva do elemento simblico. Ou seja, para se questionar
como elementos simblicos ocultam ou instrumentalizam relaes de poder
preciso rebater a anlise para o plano concreto das relaes entre os
agentes no processo de trabalho;
7. As Tcnicas de Investigao: derivam das propostas terico-
metodolgicas desenvolvidas pelos autores. Na nfase quantitativa utiliza-
se levantamento de opinio, atravs de questionrios, escalas, entrevistas,
etc. Na nfase qualitativa utilizam-se dados secundrios da prpria
organizao (documentos, relatrios manuais de pessoal, organogramas,
jornais, etc.). As tcnicas mais utilizadas para coleta de dados primrios so
entrevistas, observao participante e no participante e dinmicas de
grupo, com uso de jogos e simulaes.
Funes da Cultura Organizacional
Para qu serve a cultura organizacional? Simples: ela fornece a coeso e a
identidade para a organizao. Oferece aos funcionrios uma sensao de
pertencimento e uma orientao para o comprometimento. Isso reduz a
ambiguidade, na medida em que informa o modo como as coisas devem ser feitas,
e define como o trabalho deve ser executado. Alm de tudo isso, a cultura tambm
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ajuda na resoluo de problemas internos, diminui conflitos e diferenas, faz o
controle da gesto, e desenvolve uma imagem positiva da organizao na mente de
quem a conhece.
Advirto que essas caractersticas citadas servem para o mercado interno.
Do ponto de vista externo, a cultura organizacional faz a distino de uma
organizao de outra.
Advirto, ainda, que uma cultura forte (conceito de Robbins) pode ser
negativa na medida em que se torna uma barreira para mudanas, inibe a
criatividade e a amplitude de atuao do funcionrio, ou cristaliza prticas ruins
para a organizao. Nesses casos, a cultura responsvel por impedir que a
empresa progrida, colocando obstculos a mudanas, diversidade, a fuses ou
aquisies.
Tipos de Culturas Organizacionais
Curiosidade: Robbins (1999) realiza uma
diferenciao entre culturas fortes e culturas fracas,
sendo esta intensidade definida a partir do grau em
que a cultura organizacional afeta diretamente os
padres de comportamento e de valores de seus
empregados, ou seja, quanto mais forte a cultura de
uma organizao, mais ela afetar a maneira de agir e
de se comportar de seus trabalhadores.
Existem culturas organizacionais adaptativas e outras no adaptativas. As
primeiras se caracterizam pela sua maleabilidade e flexibilidade, enquanto as
seguintes, por sua rigidez e conservantismo. Observe a classificao da cultura em
relao a normas de comportamento e a valores compartilhados.
a) Normas de Comportamentos
Cultura Adaptativa: os administradores prestam ateno a todos os
aspectos, especialmente os clientes, e iniciam a mudana quando precisam
servir seus legtimos interesses, mesmo que isso signifique assumir riscos.
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Cultura No-Adaptativa: Os administradores tendem a comportar-se
poltica e burocraticamente de modo isolado. Como resultado, eles no
modificam suas estratgias prontamente para ajustar ou ganhar vantagens
com a mudana em seus ambientes de trabalho.
b) Valores Compartilhados
Cultura Adaptativa: Os administradores cuidam profundamente dos
clientes, investidores e empregados. Eles atribuem grande valor as pessoas
e aos processos que podem criar mudanas teis como liderana acima e
abaixo da hierarquia administrativa.
Cultura No-Adaptativa: Os administradores cuidam principalmente
de si mesmos, de seu grupo imediato de trabalho ou de algum produto,
tecnologia associado com seu grupo de trabalho. Eles atribuem mais valor
ordem e reduo de riscos nos processos administrativos do que s
iniciativas.
Anlise da Cultura Organizacional
Veremos os principais autores e suas descries de quais elementos
devemos utilizar para entender a cultura organizacional. O primeiro deles Srour
(1998), que identifica quatro campos para anlise da cultura nas organizaes:
Saber ideolgico evidncias doutrinrias, no-demonstrveis,
retricas;
Saber cientfico evidncias explicativas, demonstrveis, know-why;
Saber artstico expresses estticas;
Saber tcnico procedimentos, regras operatrias, know-how.
Para Schein (mais cobrado em concursos), a anlise deve considerar
outras dimenses: artefatos, valores compartilhados e pressuposies bsicas.
a) Artefatos (ou artificialidade observveis):
constituem o primeiro nvel da cultura, o mais superficial, visvel e
perceptvel. So as coisas que cada um v, ouve e sente quando se
depara com organizao cuja cultura no lhe familiar. Artefatos so
todas aquelas coisas que, no seu conjunto, definem e revelam uma
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cultura. Incluem produtos, servios e padres de comportamento
dos membros de uma organizao. Quando se percorre os escritrios
de uma organizao, pode-se notar como as pessoas se vestem, como
elas falam, sobre o que conversam, como se comportam, quais as
coisas lhes so importantes e relevantes. Os artefatos so todas as
coisas ou eventos que podem nos indicar visual ou auditivamente
como a cultura da organizao. Os smbolos, as historias, os heris,
os lemas, as cerimnias anuais so tambm exemplos de artefatos.
b) Valores compartilhados: constituem o segundo nvel
da cultura. So os valores relevantes que se tornam importantes
para as pessoas e que definem as razes pelas quais elas fazem o que
fazem. Funcionam como justificativas aceitas por todos os membros.
Em muitas culturas organizacionais, os valores so criados
originalmente pelos fundadores da organizao.
c) Pressuposies bsicas: constituem o terceiro nvel da
cultura organizacional, o mais intimo, profundo e oculto. So as
crenas inconscientes, percepes, sentimentos e pressuposies
dominantes em que os membros da organizao acreditam. A cultura
prescreve a maneira certa de fazer as coisas, adotada na organizao,
muitas vezes, atravs de pressuposies no-escritas ou sequer
faladas. Muitas empresas de cosmticos assumem previamente que
toda estratgia de marketing deve focalizar a propaganda e
promoes sobre seus produtos para aumentar a beleza das
mulheres.
Stephen Robbins, por sua vez, destaca dez pontos que, quando agregados,
captam a essncia da cultura organizacional:
- Identificao: at que ponto cada colaborador se identifica
mais com a organizao do que com a sua prpria profisso;
- nfase no Grupo: traduz em que medida o trabalho
na organizao est organizado na base de equipes ou na base
individual;
- Foco nas Pessoas: at que ponto as decises de gesto tm
em considerao o impacto nos membros da organizao;
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- Integrao Departamental: em que medida os diferentes
departamentos ou divises atuam de forma coordenada e inter-
dependente;
- Controle: de que forma as regras, os regulamentos e a
superviso direta so usados para controlar o comportamento
individual;
- Tolerncia ao Risco: at que ponto os membros
da organizao so encorajados a ser agressivos, inovadores e a
enfrentar o risco;
- Critrios de Recompensa: de que forma so atribudas as
recompensas e quais os fatores que as determinam;
- Tolerncia de Conflitos: em que medida os membros
da organizao so encorajados a encarar os conflitos com
esprito de abertura;
- Orientao para os resultados: at que ponto a gesto est
mais orientada para os resultados do que para os meios;
- Sistema Aberto ou Fechado: em que medida
a organizao est atenta sua envolvente externa e atua em
resposta s suas alteraes.
Alm disso, Robbins (1999) aponta sete caractersticas bsicas referentes
ao entendimento da cultura organizacional, partindo do pressuposto de que estas
so, tambm, resultado de um sistema de significados compartilhado pelos
membros daquele grupo. So elas: inovao e tomada de riscos; ateno a detalhes;
orientao para resultados; orientao para equipes; orientao para pessoas;
agressividade e estabilidade.
Inovao e assuno de riscos: o grau em que os funcionrios so
estimulados a inovar e assumir riscos.
Ateno aos detalhes: o grau em que se espera que os funcionrios
demonstrem preciso, anlise e ateno aos detalhes.
Orientao para os resultados: o grau em que os dirigentes focam
mais os resultados do que as tcnicas e os processos empregados para seu alcance.
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Orientao para as pessoas: o grau em que as decises dos
dirigentes levam em considerao o efeito dos resultados sobre as pessoas dentro
da organizao.
Orientao para as equipes: o grau em que as atividades de
trabalho so mais organizadas em termos de equipes do que de indivduos.
Agressividade: o grau em que as pessoas so competitivas e
agressivas em vez de dceis e acomodadas.
Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais enfatizam
a manuteno do status quo em contraste com o crescimento.
O prprio Robbins afirma que cada uma dessas caractersticas existe
dentro de um continuum que vai do baixo ao alto grau, e sua avaliao revela a
complexidade da cultura organizacional. Segundo o mesmo autor, se a cultura
sobrevive e d certo, consegue resolver os problemas que a organizao encontra
no seu dia a dia, acontece o processo denominado de institucionalizao cultural,
isto , a organizao assume vida prpria, independente de seus fundadores e ou
quaisquer de seus membros, e adquire a imortalidade. A organizao passa a ter
valor por si mesma, independentemente dos bens e servios que produz.
interessante salientar que, para Robins (2008), a cultura pode orientar
comportamentos a ponto de substituir a formalizao. Um alto nvel de
formalizao gera previsibilidade, ordem e consistncia, mas a cultura pode fazer o
mesmo sem a necessidade de imposies externas, regras e regulamentos. So,
assim, dois caminhos para se chegar ao mesmo fim e para orientar o
comportamento dos funcionrios. A diferena que, atravs da cultura, essa
orientao introjetada medida em que as pessoas aceitam e internalizam
determinados valores.
Robbins tambm salienta que existem papis positivos e papis negativos
da cultura organizacional. Eis a breve sistematizao:
Cultura Organizacional
Papel Positivo Papel Negativo
- proporciona senso de identidade
- atua como divisor de fronteiras entre
uma organizao e outra
- pode se constituir como barreiras
s mudanas necessrias
- pode se tornar barreira
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- favorece o comprometimento com
algo maior que os interesses individuais
de cada um
- estimula a estabilidade do contexto
social (mostrando os padres
adequados aos funcionrios, diminui
ndo a ambiguidade no ambiente de
trabalho)
diversidade (dificultando a contratao
de novos funcionrios que no sejam
parecidos com a maioria dos membros
da organizao)
- pode ser uma barreira a fuses e
aquisies
Por fim, Rousseau (1990) pressupe um modelo visto como camadas
variveis em relao subjetividade e acessibilidade, dentre os quais podem ser
observados de maneira mais concreta: artefatos, padres de comportamento,
normas comportamentais e valores fundamentais.
Elementos da Cultura Organizacional
Esse tpico a continuao do anterior. Apenas separei por uma questo
didtica: agrupei aqui os conceitos desagregados existentes na literatura e que no
esto associados a autores famosos. Eis um pequeno compndio de elementos da
cultura organizacional (a lista no exaustiva):
Valores - So definies do que importante para atingir o sucesso.
Crenas e pressupostos - So geralmente utilizados como sinnimos para
expressar aquilo que tido como verdade na organizao.
Ritos, rituais e cerimnias - So atividades planejadas para tornar a
cultura mais visvel e coesa. Seriam os processos de integrao, admisso, e etc.
Estrias e mitos - So narraes e eventos que informam sobre os mitos
das organizaes, s vezes sem sustentaes nos fatos.
Tabus - So proibies, com nfase no no permitido.
Heris - So os personagens, natos ou criados, que condensam a fora da
organizao.
Normas - So as regras que falam sobre o comportamento esperado e
adotado pelo grupo.
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Processo de comunicao - Inclui a rede de relaes, papis informais,
"rdio peo," e etc.. Tm a funo de transmitir e administrar a cultura.
Smbolos - objetos e aes ou eventos dotados de significados especiais e
que permitem aos membros da organizao trocar de ideias complexas e
mensagens emocionais (so representaes que comunicam mensagens), como
por exemplo: logotipos das empresas, bandeiras e marcas comerciais, titulao
(ttulos oficiais), instalaes especiais para refeies, automveis de luxo, tamanho
ou moblia de um escritrio, os quais podem receber um status simblico.
Todos esses elementos fazem parte da cultura organizacional, que
funciona como uma argamassa, uma cola, que ajuda a manter a organizao coesa.
Na anlise da cultura, Smirchich (Fleury, 1987) prope duas linhas de
pesquisa:
1. A cultura como uma varivel, como alguma coisa que a
organizao tem: ligada ao modelo sistmico de organizao, tem um
objetivo normativo realizar diagnsticos com anlises comparativas que
subsidiem a elaborao de estratgias de ao das empresas. Por sua vez,
esta linha de pesquisa considera dois tipos de variveis:
a. como varivel independente, externa organizao (a
cultura da sociedade em que se insere a organizao e que trazida
para dentro por seus membros);
b. como varivel interna organizao (as organizaes
produzem bens, servios e produtos culturais como lendas, ritos,
smbolos); resultado do desempenho e de representaes dos
indivduos nas organizaes;
2. A cultura como raiz da prpria organizao, algo que a
organizao : esta segunda abordagem procura ir alm da viso
instrumental da organizao para pens-la como um fenmeno social
derivado do conceito antropolgico de cultura. Dentro dessa abordagem, a
autora coloca trs correntes antropolgicas que embasariam as pesquisas
sobre cultura organizacional:
a. Cognitivista: cultura definida como um sistema de
conhecimentos e crenas compartilhados. importante determinar
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quais as regras existentes em uma determinada cultura e como seus
membros veem o mundo;
b. Estruturalista: a cultura se constitui de signos e
smbolos. convencional, arbitrria e estruturada. constitutiva da
ao social sendo, portanto, indissocivel desta;
c. Simblica: define cultura como um sistema de smbolos e
significados compartilhados que necessita ser decifrado e
interpretado. As pessoas procuram decifrar a organizao em termos
de pautar e adequar o seu prprio comportamento.
O Papel dos Fundadores
De uns tempos para c tenho percebido algumas questes falando das
relaes entre a cultura organizacional e os fundadores (patriarcas). Creio que
seria pretenso minha organizar essa aula sem dedicar alguns comentrios com
relao a esse ponto.
Os fundadores tem a cultura primal. Os fundadores perpetram os
princpios bsicos da administrao, sua filosofia e valores, e indicam a direo
para guiar procedimentos, para ditar como as coisas devem acontecer. Eles so a
fonte primria da cultura e o nico momento (momento da fundao) em que se
pode planejar a cultura organizacional antes da organizao j estar em
movimento. Considerando que as empresas comeam pequenas, a importncia dos
fundadores na imposio de sua viso facilitada sobre seus membros.
Novamente devemos prestar homenagens a Robbins (2002), que
descreveu trs etapas para o desenvolvimento/implantao da cultura dos
fundadores:
a) Fundadores contratam o que est alinhado aos seus critrios;
b) Fundadores doutrinam novos funcionrios com a cultura da empresa j
em andamento;
c) O comportamento dos fundadores serve como modelo, encorajando a
identificao dos funcionrios.
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Ele ainda destaca que, quando a empresa tem sucesso, a personalidade dos
fundadores ou de seus executivos marcantes, passa a ser parte integrante da
cultura organizacional.
A relao da Cultura Organizacional e a Cultura Nacional: o Modelo de
Hofstede
Um modelo que se destaca, no s por cair em concursos, mas pelo
brilhante paralelo feito, o modelo de anlise cultural de Hofstede. Para esse
autor, a cultura o modo de pensar, de sentir e de reagir de um grupo humano,
sobretudo recebida e transmitida pelos smbolos, e que representa sua identidade
especfica: ela inclui os objetos concretos produzidos pelo grupo. O corao da
cultura constitudo de ideias tradicionais e de valores que esto ligados. Ele criou
um modelo de estudo da cultura humana e seu foco foi tanto a cultura
organizacional quanto a nacional. Ele relacionou a cultura nacional com o modus
operandi das organizaes de cada pas.
Geert Hofstede indica 4 dimenses como sendo as variveis que
caracterizam as culturas nacionais e que tendem a prevalecer nas organizaes
das respectivas nacionalidades. Essas dimenses partem de seu famoso estudo
com funcionrios da IBM em mais de 40 pases. As dimenses so:
I - Distncia do Poder DH (distncia hierrquica)
Reflete o quanto os membros menos poderosos de uma civilizao
aceitam e esperam distribuio desigual de poder na sociedade. a medida
a partir dos sistemas de valores daqueles que tem menos poder. A dimenso
Distncia do Poder est diretamente relacionada com a forma encontrada
por diferentes sociedades para lidar com a questo fundamental de gerir as
desigualdades entre os indivduos. Quando a distncia hierrquica
pequena, os funcionrios tm mais liberdade com os chefes. Quando a
distncia grande, a liberdade reduzida (e a desigualdade aumenta).
II - Individualismo (I)
a tendncia organizao grupal onde identificamos o interesse
do grupo sobre o interesse do indivduo ou vice versa. No coletivismo, os
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membros de uma sociedade so responsveis pelos que esto sua volta.
Ele d uma ideia da discusso na qual as pessoas aceitam a interferncia do
grupo na determinao de suas vidas. Os indivduos pertencem a uma ou
mais comunidades das quais no podem se destacar. O grupo protege o
interesse dos seus membros e espera destes, sua lealdade constante. No
individualismo, ao contrrio, os laos entre os indivduos so pouco firmes:
cada um deve ocupar-se de si mesmo e da sua famlia mais prxima.
III Masculinidade - M (dimenso da quantidade na vida versus a
qualidade de vida)
Diz respeito ao grau em que a sociedade encoraja e recompensa
comportamentos caracterizados por adjetivos masculinos ou femininos e
divises de papis por gnero. Interessante salientar que, para o autor,
quanto mais fortemente distintos forem estes papis, mais masculina a
sociedade. Os valores tradicionais sociais masculinos que predominam na
sociedade masculina so: o heri quem executa, e realizar mais
importante do que estar; o grandioso bonito, sendo o pequeno deplorvel;
o vencedor exaltado, ocorrendo o contrrio como o derrotado; trazem
admirao as pessoas que so agressivas, enquanto manter e buscar mais
qualidade de vida e relacionamento aspecto secundrio. Destaca-se, ainda,
que culturas masculinas e femininas criam igualmente diferentes modelos
de chefe. O chefe masculino revela auto-afirmao, deciso, e
agressivo. Toma as suas decises isoladamente, com base em fatos, mais
do que apoiado na deciso grupal. No tem importncia que ele seja
ligeiramente machista. Numa sociedade feminina, o chefe o menos visvel,
atua mais por intuio do que por deciso e est habituado a procurar o
consenso. Os dois tipos de cultura exigem, no entanto, que os chefes sejam
pessoas de recursos dotados de uma inteligncia e dinamismo acima da
mdia.
IV - Controle da Incerteza FI (Fuga Insegurana)
Analisa a extenso da ansiedade que as pessoas sentem ao encarar
situaes inesperadas ou incertas. o grau em que a sociedade reduz a
incerteza pelo uso das invenes sociais face s situaes desconhecidas. a
maneira como as sociedades se comportam em relao ao desconhecido. A
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gesto da incerteza faz parte de todas as instituies humanas em todos os
pases, pois, como seres humanos temos a ansiedade de no saber o que ir
acontecer no dia de amanh, dada a incerteza do futuro. Cabe a cada
sociedade desenvolver mecanismos para aliviar esta ansiedade, por meio de
inovaes tecnolgicas, das leis e religies. A incerteza, de acordo com
Hofstede essencialmente uma experincia subjetiva, um sentimento. O
controle da incerteza no local de trabalho, nos pases de elevado ndice de
controle da incerteza, feito atravs de numerosas leis, formais e informais,
que controlam as obrigaes e os direitos de empregadores e assalariados.
De outro modo, nos pases de baixo ndice de controle da incerteza, s se
estabelecem normas em casos de absoluta necessidade, existindo uma
averso emocional face s regras formais.
Alguns autores, posteriormente, adicionaram a dimenso Orientao a
Longo Prazo - OLP. Essa dimenso corresponde aos valores positivos de
austeridade e tenacidade e aos valores negativos de respeito pelas tradies e
conformismo social - o medo do que os outros diro . Os valores associados ao
curto prazo so o respeito pelas tradies e o cumprimento das obrigaes sociais.
J os associados a uma viso de longo prazo (dito "verdade") so a economia e a
perseverana. O prprio autor associa o longo prazo aos valores da virtude.
Para Nogueira (sd), encontramos alguns elementos de Hofstede
caractersticos das organizaes:
Os smbolos so palavras, objetos e gestos de significado convencional. No
nvel da cultura nacional, os smbolos correspondem linguagem. No nvel da
cultura organizacional, os smbolos correspondem a abreviaturas, grias, maneiras
de trajar e posies de status;
Os heris so pessoas imaginrias ou reais, vivas ou mortas, indicadas
como modelos de comportamento.
Os ritos so atividades tecnicamente suprfluas, mas socialmente
significativas no contexto de determinada cultura.
Os valores constituem o nvel mais profundo de uma cultura. So
sentimentos amplos, muitas vezes inconscientes e indiscutveis, envolvendo
categorias ticas, estticas, ideolgicas, tais categorias so compartilhadas pelos
integrantes de um grupo ou por seus lderes.
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Esses conceitos permitem a compreenso da cultura organizacional e, assim
como ele props dimenses para a compreenso da cultura nacional, tambm
descreveu dimenses para a compreenso da cultura organizacional (Nogueira,
sd):
a) Interesse maior por meios versus Interesse maior por fins que
significa, no primeiro caso preferncia por rotinas tcnicas e
burocrticas, versus preferncia por resultados;
b) Interesse pelo indivduo ou pela funo que significa preocupao
com a produtividade e com o bem estar do indivduo ou, no caso, da
funo, preocupao somente com a produtividade;
c) Corporativismo versus Esprito de equipe, no primeiro caso as
pessoas identificam-se com a prpria profisso, no segundo caso a
referncia principal a organizao;
d) Sistemas abertos versus Sistemas fechados parmetro ligado ao tipo
de comunicao externa e interna e facilidade de aceitar os estranhos
ou recm-chegados;
e) Controle interno rgido versus Controle interno flexvel
corresponde importncia atribuda formalizao e pontualidade
dentro da empresa;
f) Pragmatismo ou Rigidez nas relaes, principalmente no que diz aos
clientes; corresponde ao mximo de flexibilidade no setor de servios e
grande rigidez na aplicao das leis.
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Recrutamento
Recrutamento o processo que visa localizar e atrair o maior nmero
possvel de candidatos aptos a ocupar os cargos vagos na organizao. A
necessidade do incio de um processo de recrutamento se d essencialmente para a
composio do quadro funcional de uma organizao. Ao iniciar este
procedimento, cabe ao gestor responsvel efetuar um levantamento se existe a
necessidade de abertura de preenchimento de alguma vaga que esteja em aberto
ou criao de um novo cargo. Assim, o recrutamento tem por objetivo
disponibilizar, para posterior seleo, um nmero adequado de candidatos aptos,
em tempo hbil e a baixo custo.
O MRH o Mercado de Recursos Humanos. O recrutamento um processo
de duas mos: ele comunica e divulga oportunidades de emprego, ao mesmo
tempo em que atrai os candidatos para o processo seletivo. Se o recrutamento
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apenas comunica e divulga, ele no atinge seus objetivos bsicos. O fundamental
que atraia e traga candidatos para serem selecionados.
O processo decisrio que ir fundamentar a seleo. Mas, em seu prprio
escopo existe um conjunto de decises que devem ser tomadas acerca dos
melhores procedimentos para gerir um recrutamento alinhado com os objetivos da
organizao. Assim, as tcnicas utilizadas devem estar coerentes com as polticas
organizacionais e com orientada sempre para a misso da organizao.
Etapas do processo de recrutamento
Vamos delinear, agora, as etapas dos processos envolvidos no
recrutamento. Separarei em 4 etapas para que fique mais simples o entendimento.
Etapa I - Anlise da requisio de pessoal
Etapa destinada a anlise dos motivos do aparecimento da vaga e a
urgncia do suprimento da vaga: (demisso, aumento do quadro, cargo novo,
mudana no perfil do cargo, sada do antigo ocupante, etc.). Nessa etapa entra a
anlise do Perfil Profissiogrfico do cargo. Esse termo conhecido como Perfil
Profissiogrfico Profissional (PPP) e a descrio da funo em si. Esse perfil
profissiogrfico inclui itens como objetivos, tarefas, funes, autonomia,
responsabilidades, caractersticas pessoais e profissionais do ocupante, etc. Alm
disso, deve-se definir quais as competncias de acesso para o PPP desenhado.
Essas competncias de acesso constituem definies dos fatores exigveis e
desejveis no perfil do cargo e as ofertas da empresa para os possveis candidatos.
Alm disso, deve-se fazer um levantamento das necessidades e expectativas da
chefia imediata.
Etapa II - Definio do tipo de recrutamento a ser realizado
A partir da anlise das polticas e normas da organizao, da anlise do
mercado de trabalho e do mercado de mo de obra e da anlise dos pontos
positivos e negativos do tipo de recrutamento possvel escolher o melhor tipo de
recrutamento. Voc certamente j deve ter ouvido falar dos tipos de recrutamento
existentes. O recrutamento externo tem como objetivo buscar por profissionais
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com novos e atualizados ideais, almejando uma inovao para a empresa. No
recrutamento interno, ocorre a possibilidade de crescimento para os
funcionrios daquela instituio, os empregados esto sujeitos a promoes e at
possveis transferncias de setor, ou em muitos casos at de cidade. As empresas
investem no recrutamento interno, buscando a reteno e fidelizao de seus
talentos, serve como uma motivao para que os empregados atuais tenham a
possibilidade de agregar conhecimento e desenvolver novas prticas de trabalho.
Vamos ver isso de forma mais esquematizada:
a) Recrutamento Interno - o processo de recrutamento, realizado na
prpria organizao, onde se procura suprir a vaga com candidatos internos. Como
vantagens desse modo de recrutamento, destacamos (use seu marcador e textos!):
um processo mais rpido e mais barato;
A organizao tem conhecimento prvio dos candidatos;
Os candidatos j esto ambientados com a organizao;
O tempo de adaptao ao novo cargo menor;
Contribui para um maior empenho e satisfao dos empregados.
Encontramos as seguintes desvantagens:
Pode gerar uma nova vaga mais difcil de ser preenchida;
Pode sofrer resistncia da chefia do candidato;
Em caso de insucesso, o retorno ao antigo cargo muito difcil;
Reduz nvel de renovao do quadro de funcionrios;
O nmero de candidatos disponveis menor.
b) Recrutamento Externo - o processo de recrutamento realizado
fora da organizao, onde se procura suprir a vaga existente com profissionais
disponveis no mercado. Como vantagens temos:
O universo de recrutamento maior, oferecendo mais candidatos;
Proporciona a renovao do quadro de funcionrios;
Aproveita os investimentos de outras empresas na formao do
candidato;
Oportunidade de ampliar os requisitos a serem exigidos dos
candidatos;
Proporciona a formao de um banco de dados de candidatos.
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Como desvantagens temos:
Pode gerar insatisfao nos funcionrios que pleiteavam o cargo;
Tempo maior de adaptao e treinamento do novo funcionrio;
Desconhecimento mtuo: Empresa e Candidato;
Normalmente mais caro e moroso.
Etapa III Veiculao da informao da vaga em canais de comunicao.
Em caso de recrutamento interno, divulgam-se as informaes da
vaga nos meios de comunicao oficial da empresa (mural, jornal interno, e-mail,
etc.). No recrutamento externo, podemos utilizar:
Jornal interno e externo Sindicatos, Associaes, Conselhos
Rdio Revistas especializadas
Empresas de recrutamento e seleo Banco de dados da empresa
Indicaes internas e externas Lderes comunitrios
Congressos, seminrios e outros. Escolas de formao profissional
Internet SINE, CIEE, SENAI, SENAC
Veculos ou postos de recrutamento Outros...
Etapa IV Encaminhamento para o processo de seleo de pessoas.
Vantagens e desvantagens do recrutamento interno e externo
Para finalizar, considerando a banca, nada melhor que ter na ponta da linga
a literalidade apresentada por Chiavenato sobre as Vantagens e Desvantagens do
Recrutamento Interno e Externo.
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Recrutamento Interno
Prs Contras
1. Aproveita melhor o potencial humano da organizao. 2. Motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais funcionrios. 3. Incentiva a permanncia e a fidelidade dos funcionrios a organizao. 4. Ideal para situaes de estabilidade e pouca mudana ambiental. 5. No requer socializao organizacional de novos membros. 6. Probabilidade de melhor seleo, pois os candidatos so bem conhecidos. 7. Custa financeiramente menos do que fazer recrutamento externo.
1. Pode bloquear a entrada de novas ideias, experincias e expectativas. 2. Facilita o conservantismo e favorece a rotina atual. 3. Mantm quase inalterado o atual patrimnio humano da organizao. 4. Ideal para empresas burocrticas e mecansticas. 5. Mantem e conserva a cultura organizacional existente. 6. Funciona como um sistema fechado de reciclagem continua.
Recrutamento Externo
Prs Contras
1. Introduz sangue novo na organizao: talentos, habilidades e expectativas. 2. Enriquece o patrimnio humano, pelo aporte de novos talentos e habilidades. 3. Aumenta o capital intelectual ao incluir novos conhecimentos e destrezas. 4. Renova a cultura organizacional e a enriquece com novas aspiraes. 5. Incentiva a interao da organizao com o MRH. 6. Indicado para enriquecer mais intensa e rapidamente o capital intelectual.
1. Afeta negativamente a motivao dos atuais funcionrios da organizao. 2. Reduz a fidelidade dos funcionrios ao oferecer oportunidades a estranhos. 3. Requer aplicao de tcnicas seletivas para escolha dos candidatos externos. Isso significa custos operacionais. 4. Exige esquemas de socializao organizacional para os novos funcionrios. 5. E mais custoso, oneroso, demorado e inseguro que o recrutamento interno.
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Seleo de Pessoas
Aps o recrutamento vem a fase de seleo. Toda seleo precedida pela fase do
recrutamento? Sim, toda seleo precedida pela fase do recrutamento. Toda fase
de recrutamento seguida pela seleo? No, pode ocorrer algum problema no
meio do caminho e a seleo pode ser cancelada (como j vi muito acontecer).
A seleo de pessoal o processo de escolha do profissional que melhor
ocuparia o cargo vago na organizao, atravs da comparao das caractersticas
pessoais e profissionais do candidato com as exigncias do cargo. Essa comparao
ocorre entre os candidatos e entre o candidato e o cargo a ser preenchido:
Vamos por partes ento. A maioria dos autores escrevem que seleo o processo
de escolha de candidatos entre aqueles recrutados. Porm, aps isso, no existe um
consenso absoluto entre os autores, mas todos seguem praticamente a mesma
estrutura de etapas. O nico consenso que existe a da importncia das
entrevistas. Assim, para o planejamento de um adequado processo de seleo
temos:
a) Triagem de pessoas (levantamento das pessoas advindas do
recrutamento)
Levantamento de currculos
b) Aplicao das tcnicas de seleo de pessoas
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Testes de Conhecimento
Testes Psicolgicos
Entrevistas
Tcnicas Situacionais
Entrevistas Situacionais
Dinmicas de Grupo
c) Consolidao do dados levantados para fornecer um feed-
back para os entrevistados e um resultado para a organizao
contratante.
Cada uma das tcnicas de seleo tem como objetivo verificar um
determinado aspecto da personalidade do candidato. Os testes psicomtricos
permitem identificar e avaliar aspectos da personalidade e aptides do candidato.
As tcnicas vivenciais procuram avaliar como o candidato reage a situaes que
podem ser encontradas no cotidiano do cargo pretendido e tambm como cada
candidato se relaciona com as demais pessoas. J a entrevista, de acordo com o
momento no qual utilizada, pode atender a objetivos distintos. Entrevistas de
triagem, em geral, realizadas no processo de recrutamento ou como primeira fase
do processo de seleo, buscam confirmar as informaes detalhadas pelo
candidato em seu currculo ou na ficha de solicitao de emprego. Permitem
tambm ao selecionador formar uma primeira impresso a respeito do candidato.
Alm disso, o entrevistador pode fornecer ao candidato, no momento da entrevista
de triagem, informaes sobre o cargo disputado, sobre a empresa e sanar dvidas
sobre o processo, verificando o interesse do candidato em participar da seleo.
A entrevista a tcnica mais utilizada nos processos seletivos. A ampla
utilizao dessa tcnica se deve a alguns fatores como: o baixo custo, a facilidade
de sua aplicao, a adaptao desta tcnica a diversas fases do processo seletivo e a
riqueza de informaes, sensaes e impresses sobre o candidato que a entrevista
possibilita ao selecionador. A tcnica permite o contato direto com o candidato,
possibilitando sanar dvidas e esclarecer alguns pontos que possam ter surgido no
processo de recrutamento, ou mesmo, durante a aplicao de outras tcnicas de
seleo. Apesar de sua aplicao ser to comum, a entrevista nem sempre
conduzida com o cuidado necessrio, de forma a permitir a obteno de dados
confiveis e a transmisso de boa imagem da empresa e do entrevistador. Por isso,
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nem sempre garante o sucesso do processo seletivo. Como todas as outras
ferramentas de seleo, deve ser planejada e aplicada de forma organizada e,
sempre que possvel, em conjunto com outras tcnicas que permitam avaliar as
diversas facetas do candidato.
A Entrevista deve ser utilizada como um recurso complementar do
processo seletivo, exercendo um papel integrador em relao s demais formas de
seleo, j que as caractersticas dos candidatos constituem um todo e no uma
justaposio de traos isolados, os quais necessitam ser integrados e combinados
numa personalidade global.
Para Chiavenato a entrevista permite o contato face-a-face do
entrevistador com o candidato. Essa interao direta possibilita ao selecionador
enxergar o candidato em sua totalidade e avaliar suas reaes com relao a
algumas questes. Essa seria uma das vantagens da entrevista na selao. Em
contrapartida, como desvantagem, o mesmo autor acredita que a entrevista uma
tcnica altamente subjetiva, com grande margem de erro e variao. Dependendo
do momento, o candidato pode no se sair bem na entrevista, por isso a tcnica no
permite comparar vrios candidatos entre si. Apesar de parecer simples, exige
bastante experincia e treinamento do entrevistador, alm de grande
conhecimento a respeito do cargo disponvel e suas caractersticas bsicas.
Na entrevista de seleo, para o entrevistador deve estar bem clara para o
entrevistador qual a caracterstica, ou qualidade, mais importante da pessoa que se
pretende admitir. Tal caracterstica pode ser claramente identificada por meio da
anlise do desempenho do cargo disponvel nos anos e meses anteriores. O
recrutador deve tambm entender por qual motivo esse cargo encontra-se
disponvel. Assim, poder identificar mais facilmente o perfil mais apropriado para
a vaga. Alm disso, o entrevistador da seleo deve trazer, na hora da entrevista,
uma lista das principais responsabilidades inerentes ao cargo.
Chiavenato afirma que a entrevista de seleo como uma caixa-preta,
ainda totalmente desconhecido pelo entrevistador e a empresa. Utilizando
perguntas e estmulos que so as entradas do processo, o entrevistador incentiva o
candidato a reagir por meio de respostas que sero decisivas quanto sua
permanncia no processo seletivo.
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As decises do entrevistador sero influenciadas pelas impresses que ele
tem dos entrevistados, baseadas nas atitudes, comportamentos, respostas e at
mesmo na forma de se vestir de cada candidato.
Alguns cuidados devem ser tomados pelo entrevistador no momento de
avaliar possveis influncias do entrevistado na avaliao positiva da entrevista.
Assim, sua habilidade em identificar comportamentos simulados ou forados deve
ser posta em prtica para evitar influncias. Almeida apresenta um quadro das
principais estratgias utilizadas pelos candidatos para criar uma determinada
impresso no entrevistador.
comum vermos a utilizao de entrevistas de seleo estruturadas. Essas
visam obter um resultado comparativo mais objetivo dos atributos que busca-se
estudar. As entrevistas abertas ou semi-estruturadas, por sua vez, tendem a
investigas questes mais qualitativas dos entrevistados.