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A Civilizao dos Brbaros
Cruz Visigtica
. O Reino Vndalo O estabelecimento dos Vndalos naEuropa e norte da frica.
. O Reino Ostrogodo A permanncia efmera dos odosna !t"lia.
. Espan#a Visigtica $ma monar%uia bem sucedida&
por'm comple(a& %ue go)ernou a Espan#a e mante)erela*+es com ,izncio durante s'culos.
http://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/o-reino-vndalo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/o-reino-ostrogodo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/espanha-visigtica.htmlhttp://4.bp.blogspot.com/__tpvm2sAn44/R_ugoySTGOI/AAAAAAAAAFs/0YYz0x5mT8g/s1600-h/Wisigoth_croix_votive.jpghttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/o-reino-vndalo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/o-reino-ostrogodo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/espanha-visigtica.html7/24/2019 75260217-A-Antiguidade-Tardia-em-Textos-A-Civilizacao-dos-Barbaros-Andre-Bueno.pdf
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. Os Reinos Anglo-a(+es Como )"cuo do poder romanopermitiu a cria*/o dos in0meros reinos da ,retan#a.
. O Reino 1ranco Entre os godos& os 1rancos alcan*aramo maior sucesso poss2)el na cria*/o de seu reino&afastando o perigo "rabe& construindo uma culturaprpria e definindo as lin#as gerais do %ue seria a !dade3'dia.
. Os 4,"rbaros ermnicos4- Como Roma con#eceu os
po)os 5b"rbaros6 germnicos& e seus primeiros contatos.
. A Ci)iliza*/o dos 4,"rbaros4 Os germanos tin#am o %uepodemos c#amar de 5ci)iliza*/o67 8este te(to& umadiscuss/o de seus aspectos culturais gerais 9comentadopor ,runa :eticia Colita;
. A ocupa*/o do imp'rio no decorrer dos s'culos V e V!
1ernanda Espinosa nos apresenta& no)amente& sele*+esdocumentais sobre a instala*/o dos b"rbaros no Ocidente.
. 3igra*+es ,"rbaras 9s'cs. V - V!!!;- $ma se%uncia de%uatro te(tos de
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O Reino Vndalo
?uando enserico morre& em @& os Vndalos s/o sen#ores do8orte de frica. Con)'m primeiro definir bem %ue eles s ocupam
apenas a parte oriental& a actual Bun2sia e o :este da Arg'lia o
resto& Da Africa es%uecida& como l#e c#ama C. Courtois& o maci*o
de Aures& os planaltos do Oeste& a 3auritnia& escapam-l#es como
tin#am de facto escapado F autoridade de Roma. Eles tm de se
defender das pil#agens %ue os pe%uenos c#efes ind2genas
organizam e da2 ad)ir" uma causa de fra%ueza.
A segunda caracter2stica da realeza )ndala ' a coe(istncia das
duas sociedades b"rbara e romana. A minoria )ndala 9GH.HHH; n/o
procurou fundir-se com os Romanos ou I0nicos& sobretudo por
raz+es militares e religiosas. Os reis %uiseram preser)ar o )alor
guerreiro dos seus #omens& e por isso impediram todos os
casamentos mistos e toda a con)ers/o ao catolicismo. Al'm disso&
enserico e =unerico 9@-@G@; perseguiram cruelmente a !greJa.
egundo Victor de Vita& #istoriador das persegui*+es& perto de KHHH
cl'rigos e leigos foram deportados para o ul da Bun2sia& en%uanto
os bispos eram e(ilados para a Crsega e a arden#a ou obrigados a
trabal#ar nas minas. 8umerosos catlicos se refugiar/o em
Espan#a& na "li.a e em !t"lia& le)ando consigo importantes
manuscritos& em especial os de anto Agostin#o.
Ao mesmo tempo %ue conser)am a sua religi/o& os Vndalos
conser)am as suas leis& os seus costumes& e cobram pesados
impostos Fs popula*+es.
8o entanto& e ' esta uma terceira caracter2stica da ocupa*/o& n/o
mudam em nada a organiza*/o administrati)a da frica romana.
Estabeleceram grandes dom2nios 9sortes;& mas mandam-nos culti)ar
pelo mesmo pessoal dei(am os romanos aumentar os impostos eJulgar as causas. O rei todo-poderoso ' o 0nico sen#or do reino&
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tendo o testamento de enserico proibido a di)is/o das terras entre
os seus #erdeiros. Continua a ser )ndalo& mas utiliza na sua corte
romanos %ue redigem as leis em latim e o aJudam na sua
administra*/o.
Certos pr2ncipes dei(am-se seduzir pela cultura antiga& tal como
B#rasamund 9@LM-KN;& %ue pretende ser telogo e compreender as
poesias dos letrados. O bispo de Ruspe& 1ulgncio& %ue %uer
con)ert-lo& escre)e-l#eP DVs promo)eis os estudos entre as
na*+es b"rbaras %ue #abitualmente rei)indicam a ignorncia como
seu apan"gio. Cumprimento interessado& sem d0)ida& mas %ue '
um refle(o da%uilo %ue se c#amou impropriamente o Drenascimento)ndalo.
O rei =ilderico& seu sucessor 9KN-KH;& protege igualmente os
letrados e imita mesmo o imperador bizantino. Al'm disso& os Jogos
recome*am em Cartago& constroem-se termas e a popula*/o pode
crer %ue nada mudou& pelo menos en%uanto a paz religiosa se
mant'm.
Ireciosos documentos& as @K t"buas c#amadas Albertini& do nome
do primeiro #istoriador %ue as estudou depois da sua descoberta a
sul de Bebessa& mostram %ue os contratos de )enda continua)am a
ser feitos de acordo com o direito romano. em o nome do rei
unt#amund inscrito em algumas delas& poder-se-iam ter tratado
da 'poca imperial.
8estas condi*+es& compreende-se o descontentamento dos
Dnacionalistas )ndalos e em KH o golpe de Estado de elimer&
primo do rei. Este acto pro)oca a inter)en*/o de
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O Reino Ostrogodo
Teodorico-o-Grande.Ainda mais ef'mero )ai ser o dom2nio gtico em !t"lia 9@L-KKK;.
3as toda a primeira parte ' ocupada pelo reinado de um 0nico
pr2ncipe& Beodorico 9@L-KNM;& um dos maiores dessa 'poca.
?uando o imperador en/o en)iou o c#efe ostrogodo para !t"lia&
confiou-l#e uma dura tarefaP a sucess/o dos imperadores romanos.
Beodorico compreendeu bem essa miss/o. ?uando escre)e ao im-
peradorP Do nosso reino ' uma imita*/o do Vosso& - isso n/o ' umasimples frmula& mas uma realidade.
Educado em ,izncio& tin#a pela cultura antiga uma grande
admira*/o e& para a manter& conser)a a organiza*/o administrati)a
do !mp'rio.
A sua corte& onde se encontram os grandes funcion"rios do passado
9prefeito do pretrio& condes das regi+es sagradas& etc.;& ' o ponto
de encontro dos guerreiros godos romanizados e dos nobres
romanos aliados F monar%uia. ra*as Fs cartas respeitantes F
administra*/o e reunidas por Cassiodoro em Variae e gra*as aos
papiros de Ra)ena& podemos tra*ar um %uadro da )ida social e da
situa*/o econmica italiana no in2cio do s'culo V!. Iode-se )erificar
%ue os problemas postos no s'culo !V preocupam ainda o go)erno
9crise frument"ria& e(tens/o da grande propriedade& etc.;.
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O enado& ao %ual Odoacro J" concedera o direito de cun#ar
moeda& gan#a de no)o um certo prest2gio e acol#e como um
imperador o b"rbaro& %ue em KHH )isita a cidade. Iara reatar a
tradi*/o imperial& Beodorico manda organizar Jogos& efectuar
grandes trabal#os 9secagem dos pntanos de Ra)ena e dos campos
romanos;& restaurar os grandes monumentos de Roma e construir
em Ra)ena& Ia)ia e Verona.
Os )izin#os da !t"lia tm de contar com este grande pr2ncipe. Os
reis b"rbaros aceitam as alian*as matrimoniais %ue Beodsio l#es
prop+e e os ,urg0ndios& %ue tin#am apro)eitado as perturba*+es de
@L para descer F !t"lia& tm de e)acuar a pen2nsula. Em KHG&Beodorico sal)a a monar%uia )isigtica de uma derrota total e
ocupa a Iro)en*a& assegurando assim a essa regi/o a prosperidade&
%ue manter" at' ao fim do s'culo V!. Enfim& ele protege a !t"lia&
recon%uistando a >alm"cia& a R'cia e a Iannia& %ue a fortaleza de
2rmio defende de no)o& e faz todos os esfor*os para %ue essa !t"lia
reconstitu2da fi%ue amiga)elmente independente do !mp'rio
,izantino. e Anast"cio 9@LS-KSG; espera)a ter& atra)'s de
Beodorico& alguma influncia no Ocidente& )iu em bre)edes)anecidas essas esperan*as as rela*+es entre os dois Estados&
%ue se manti)eram correctas durante esse reinado& tornaram-se
tensas durante o go)erno do seu sucessor&
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todos os dom2nios& mas& a maior parte das )ezes& #" a ilus/o de
uma reparti*/o de tarefas entre os dois elementos da popula*/o.
e numerosos italianos se dei(aram le)ar por esse duplo Jogo&
certos senadores romanos& por algum tempo aliados ao regime&
)ieram a reagir contra ele. Assim& o grande filsofo ,o'cio& mestre
do pal"cio e dos oficios& d"-se bem conta da ambiguidade dessa
situa*/oP todos os esfor*os do rei b"rbaro ser/o impotentes para
fazer dele um romano& de tal modo ' grande ainda a
incompreens/o e a rapacidade da sociedade gtica %ue o rodeia.
Como ,o'cio& certos senadores continuam a )er em ,izncio o
centro da ci)iliza*/o e mantm fre%Tentes rela*+es com osimperadores.
Em KN@& a pol2cia do rei descobre cartas trocadas entre o imperador
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obrin#o e sucessor do imperador
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Espan#a& tudo parece anunciar o fim de um Estado %ue parecia
fortemente consolidado. 8o interior& o fil#o de Alarico !! )-se
amea*ado por uma re)olta dos grandes e dos naturais da
Barraconense. A protec*/o do seu a)W Beodorico permite-l#e fazer
frente aos re)oltosos& mas& morto o rei ostrogodo 9KNM;& o seu
poder ' abalado. 8o e(terior& os 1rancos procuram tomar a
eptimnia e combatem Amalarico perto de 8arbona o rei '
assassinado pelos seus soldados 9KS;. urgem ent/o insurrei*+es no
Ia2s ,asco& re)oltas na Andaluzia& de %ue
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de ,raga& e assim se tornaram inimigos ferren#os dos ados. V"rias
campan#as foram necess"rias para destruir o reino sue)o& %ue& em
KGK& foi ane(ado F Espan#a )isigtica. A noroeste& para se defender
das re)oltas dos ,ascos& :eo)igildo funda Vitria& en%uanto a leste
fortifica 8arbona e Carcassona contra os ata%ues dos 1rancos. A sul
recon%uista Crdo)a e 3"laga aos ,izantinos& %ue em bre)e
de)er/o abandonar definiti)amente as costas do :e)ante espan#ol.
Assim& o reinado do Dunificador nacional conclui-se por um saldo
positi)o. A corte de Boledo continua a ser famosa pelo seu fausto
DF romana& a sua moeda de ouro e mesmo a sua cultura. 3as& se a
unidade pol2tica ' realizada& se a fus/o social come*a a fazer daEspan#a uma grande na*/o& o arianismo do rei continua a ser um
obst"culo F unidade moral. As lutas com o seu fil#o =ermenegildo&
%ue os bispos catlicos e as cidades de sul apiam& parecem
refor*"-lo na sua posi*/o. O seu sucessor Recaredo& rei em KGM
n/o )ai adoptar essa pol2tica religiosa.
ob a influncia de :eandro& metropolita de e)il#a& dez meses
depois da sua subida ao poder& Recaredo fez& Juntamente com a suafam2lia& uma espetacular abJura*/o. O terceiro conc2lio de Boledo
9KGL; registrou essa con)ers/o e organizou a luta contra o
arianismo. En%uanto na "lia a con)ers/o de Cl)is pro)ocou a do
seu po)o& parece %ue em Espan#a a aristocracia gtica abandonou
mais lentamente as suas pr"ticas religiosas. >a2 nascer/o numerosos
conflitos %ue enfra%uecer/o a monar%uia )isigtica.
c; Caracter2sticas da monar%uia )isigtica.
A corte do rei& aula regia& lembra muito a corte de Ra)enaP o
pr2ncipe& %ue abandonou o )estu"rio b"rbaro& est" rodeado pelos
seus seniores e ' aJudado na sua administra*/o pelo conde da
cmara real& pelo conde do tesouro p0blico& pelo conde do
patrimnio& etc. Os actos da sua c#ancelaria& formalmente
semel#antes aos de ,izncio& s/o en)iados aos rectores das
pro)2ncias e aos curiales das cidades. 8esta corte& Romanos e adosencontram-se e os pr2ncipes gabam-se de serem letradosP Recaredo
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e os seus sucessores isebut e Reces)indo dei(aram-nos nas suas
poesias ou nas obras #agiogr"ficas as marcas do seu talento
liter"rio. Os nobres n/o podiam dei(ar de seguir este e(emplo.
?uando n/o residem em Boledo& os nobres culti)am& directamente
ou por meio dos colonos #ispano-romanos& as terras %ue a partil#a
l#es concedeu e %ue est/o situadas sobretudo no 8orte da 3eseta
9campos gticos;. Conser)am eles a sua prpria legisla*/o7 At'
meados do s'culo V!!& =ispano-Romanos e Visigodos tm uma dupla
legisla*/o& o ,re)i"rio& condensado da lei romana dada por Alarico
!!& e os cdigos )isigticos e sue)os. Em MK@& para completar a
fus/o& o rei Reces)indo suprime esta personalidade das leis epromulga um cdigo uno& o :iber
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seguida. O %ue podemos dizer ' %ue o deus catlico apia
constantemente os pr2ncipes nas suas lutas contra a aristocracia.
E estas lutas foram numerosas no s'culo V!!. ?uerer/o os nobres&
sobretudo se alguns se manti)eram arianos& libertar os soberanos
das garras do clero ou& mais pro)a)elmente& procurar/o tornar-se
independentes7 Certos #istoriadores& como anc#ez Albornoz& )em
na anar%uia do s'culo V!! aparecer J" elementos de )assalagemP o
rei cerca-se de uma corte de fi'is 9os gardingos; %ue& ligados por
Juramento e dotados de terras& o defenderiam da ambi*/o dos
grandes nobres. $m outro ponto dessa #istria permanece ainda
obscuroP o papel desempen#ado pela nobreza na in)as/o dos,"rbaros& no in2cio do s'culo V!!!. imbolizado pela trai*/o do
enigm"tico conde
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fraca Dromaniza*/o desse territrio e a encarni*ada resistncia
das popula*+es locais.
Roma ocupou a ,retan#a& mas n/o a ci)ilizou. Bodo um
e%uipamento militar dei(a sem d0)ida )est2giosP estradas
estrat'gicas& mural#as& cidades fortificadas onde se instalam
colnias militares& mas& %uando as legi+es recuam para o ul 9a
partir da segunda metade do s'culo !V; e& depois& %uando come*am
a dei(ar a il#a& em @H& a ac*/o romana ' em bre)e dilu2da e as
cidades de !or%ue& de :ondres& de :incoln& por algum tempo
prsperas& entram rapidamente em decadncia. O g'nio romano&
por todo o lado conseguira impor a l2ngua latina& fal#ou a%ui s oscl'rigos se recordar/o da linguagem dos ocupantes. 3ais ainda& '
preciso reparar %ue nem todas as regi+es montan#osas da !nglaterra
sofreram essa ocupa*/o os Celtas conser)aram ali Fs suas
institui*+es e& F partida das 0ltimas legi+es& podiam pensar em
recon%uistar as regi+es do udoeste. A in)as/o germnica n/o l#es
permitiu le)ar muito longe essa recon%uista.
Os Romanos tin#am lutado durante muito tempo contra aresistncia bret/& n/o sendo& pois& de espantar %ue esse po)o n/o
ten#a aceita do a ocupa*/o germnica. Iouco sabemos desta longa
lutaP as 0nicas fontes %uase contemporneas s/o uma passagem da
Vida dos ermanos& de Au(erre& e um op0sculo moralizador do
monge ildas. 3as& se os factos faltam& as lendas abundam e& se
entre os #eris da resistncia o rei Artur ' o mais popular& est"
longe de ser o 0nico. Confrontando te(tos #istricos e lend"rios&
parece %ue a con%uista germnica foi feita em duas fases.
Ior )olta de @KH-KHH& os in)asores instalam-se em pe%uenos grupos
nas regi+es orientaisP os
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Cornual#a e& o Ia2s de ales s/o o ref0gio das popula*+es c'lticas.
Vencidos& os ,ret+es n/o aceitam o dom2nio dos Anglo-a(+es
mesmo nas regi+es orientais& a fus/o n/o se fazP nem uma pala)ra
do britnico na l2ngua anglo-sa(nica& poucos nomes bret+es na
topon2mia da !nglaterra& nen#uma mistura de po)os. Al'm disso&
mesmo depois da con)ers/o religiosa dos Anglos-a(+es& os ,ret+es
opor/o a sua liturgia F dos ermnicos e as rela*+es entre as
diferentes ser/o nulas ou #ostis.
b; o in2cio das realezas anglo-sa(nicaso
!nstalados numa regi/o %ue nada conser)ou da ocupa*/o romana eonde os po)os locais recusam a fus/o& os con%uistadores )/o
manter-se fi'is Fs institui*+es germnicas. Eis& enfim& po)os %ue
nen#uma influncia )ai contaminar e isto ' para o #istoriador das
5in)as+es b"rbaras6 um precioso testemun#o. !nfelizmente para
ele& nada sabemos sobre o in2cio das realezas anglo-sa(nicas.
8esse ponto ainda as lendas nos descre)em a fi(a*/o dos primeiros
reis do Xent& de 3ercie ou de 8ort0mbria& mas a realidade dos
factos escapa-nos e a #istria desses reinos come*a a ser con#ecidano s'culo V!!. 3as os #istoriadores ingleses n/o %uerem aceitar esta
lacuna e& utilizando os dados da =istria Eclesi"stica& de ,ede
9morto em K;& o ,eoUulf& primeiro poema em l2ngua )ulgar& e
enfim as leis de At#elbert de Xent e de !ne de esse(& tentaram
reconstituir a sociedade anglo-sa(nica do s'culo V!. 1i(emos
alguns aspectos. Irimeiramente& a anar%uia pol2ticaP en%uanto os
reinos b"rbaros do continente con#ecem muito rapidamente uma
relati)a unidade pol2tica e se pode falar do reino dos 1rancos ou
dos Visigodos a partir do s'culo V!& n/o e(iste reino anglo-sa(nico
unificado. !nstalados em pe%uenos grupos isolados uns dos outros&
os po)os in)asores )/o formar principados independentes e
inimigos. 8/o sabemos o seu n0meroP falou-se da D#eptar%uia
inglesa& mas& de facto& a !nglaterra di)ide-se& n/o em sete
reinados& mas em dezasseis ou dezoito. Alguns deles& )/o& sem
d0)ida& crescendo F custa dos )izin#os e podem-se distinguir& nofim do s'culo V!& ,ernicie e >eirie 9!or%ue;& %ue formar/o a
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8ort0mbria& ao sul do rio =umber a East-Anglia e 3ercie 95marc#a6
contra os ,ret+es; e& por fim& os estados meridionais de Xent& Esse(
usse( e esse(.
Boda a #istria inglesa do s'culo V! ao s'culo !Y ' preenc#ida pela
luta de influncias desses pe%uenos reinos e delimitam-se os seus
per2odos falando da supremacia de Et#elbert de Xent 9fim do s'culo
V!;& de EdUin e de OsUa!d de 8ort0mbria 9primeira metade do
s'culo V!!;& de Offa& rei de 3ercie 9K-LM;& at' ao momento em
%ue o esse( dominar" definiti)amente& pouco antes das in)as+es
dinamar%uesas do s'culo !Y 9reinado do rei Alfredo;.
As institui*+es anglo-sa(nicas diferem conforme os reinos e a id'ia
de um Dsistema anglo-sa(nico primiti)o& concebida no fim do
s'culo Y!Y pelo grande #istoriador tubbs& est" agora ultrapassada.
As fontes do s'culo V!! %ue J" citamos mostram-nos os c#efes de
bandos %ue se tornaram reis rodeados de uma nobreza de
guerreiros& os Jo)ens educando-se Junto ao pr2ncipe& os )el#os
formando um consel#o pol2tico %ue mais tarde tomou o nome de
Uitenan-gemot 9assembl'ia dos anci/os;. Z antiga nobreza doscompan#eiros de armas 9t#anes; Junta-se& depois da con%uista& uma
no)a nobreza dotada de terras e encarregada de fun*+es
administrati)as& a dos eorls. Abai(o destas nobrezas& a base da
sociedade parece ser formada pela multid/o de camponeses li)res
9os ceorls;& depois pela dos escra)os libertos 9laets; - pelo menos no
Xent- e& finalmente& pela dos escra)os 9t#eoUs; )indos da ermnia
ou escol#idos entre os ,ret+es )encidos.
8o conJunto& essas institui*+es conser)am a marca do sistema
germnico e& se estud"ssemos a organiza*/o Judicial e as tarifas do
ergeld& ou a comunidade de aldeia 9toUns#ip; - cuJa origem '
ainda muito obscura -& ou& enfim& a religi/o dos Anglo-a(+es& esta
influncia germnica seria confirmada.
Os reinos de !nglaterra ficam durante muito tempo em contactocomas ci)iliza*+es escandina)as. A descoberta do barco funer"rio
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de utton Roo 9East Anglia; e do seu tesouro ' uma bril#ante
confirma*/o desse facto. $ma literatura em l2ngua )ulgar - o )el#o
ingls - constituir-se-" mais rapidamente do %ue no continente e
uma arte ser" criada& particularmente em 8ort0mbria 9ouri)esaria
e miniaturas;& cuJa influncia ser" grande no continente.
por R!C=E& I. As !n)as+es b"rbaras. :isboaP europa-Am'rica& sQd.
O Reino #ranco
a; >esaparecimento da realeza borgon#esa.
Cl)is n/o conseguira ane(ar o reino borgon#s& %ue parecia
destinado a formar um encla)e no reino franco. A posi*/o e a
organiza*/o da ,orgon#a pareciam dar a esta realeza #ipteses de
perdurar.
En%uadrado pelos planaltos de C#ampan#e e do
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igismundo 9KSM-KN;. Budo parecia anunciar um grande reino.
!nfelizmente para igismundo& os )izin#os do seu reino eram
demasiado ousados. Retomando os proJectos de seu pai&
encoraJados pela m/e& Clotilde& sobrin#a e )2tima de ondebaud&
os fil#os de Cl)is in)adiram a ,urg0ndia em KN.& en%uanto& no
ul& os seus aliados astro gados ocupa)am as plan2cies do ,ai(o
Rdano e igismundo foi aprisionado e torturado& mas o seu irm/o
odomar conseguiu manter-se at' K.@. $m no)o ata%ue dos
1rancos obrigou-o a fugir e o seu reino foi partil#ado entre
C#ildeberto& Clot"rio e o seu sobrin#o Beodeberto. Eles ocuparam
mesmo a Iro)en*a& %ue os sucessores de Beodorico& amea*ados por
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de)ido a uma influncia eclesi"stica. >a mesma forma& o e(erc2cio
da Justi*a muitas )ezes se confunde com a percep*/o dos direitos
de Justi*a. O 5pal"cio6 continua a ser uma esp'cie de
acampamento %ue se desloca segundo as necessidades materiais os
dignat"rios %ue seguem o rei s/o os camerarius& %ue toma conta das
cmaras& em especial da do tesouro& o maJor domus& administrador
da )illa real& o sinisc#al& c#efe dos lacaios& ou o marisc#al&
respons")el pelas ca)alari*as. em d0)ida& de)emos igualmente
mencionar o referend"rio& de %ue dependem os ser)i*os
administrati)os do rei. O mero)2ngio %ue reina sobre popula*+es
romanas dei(ou& com efeito& numerosos autos escritos& todos
redigidos por galo-romanos e %ue lembrariam os autos imperiais seas regras do latim neles fossem obser)adas&
Iara fazer aplicar os editos nas diferentes regi+es do seu reino& os
principes en)iam condes francos ou romanos& %ue& nos limites da
cidade& tm plenos poderesP mandam aumentar os impostos
segundo o #"bito imperial e as ta(as indirectas 9alfndegas&
peagens& direitos sobre as mercadorias& portagens& etc.; para maior
pro)eito do tesouro real recrutam os e('rcitos %uando rebentauma guerra com um soberano )izin#o dirigem os debates do
tribunal 9mallus; e s/o aJudados nessa tarefa por a%ueles %ue os
te(tos c#amam ,oni =omines& ou ratc#imbourgs& sem d0)ida os
not")eis da cidade. Os abusos de poder do conde n/o s/o raros&
mas s/o denunciados por a%uele %ue se torna uma esp'cie de
defensor da cidade& o bispo.
O bispo mero)2ngio '& com efeito& igualmente poderoso. endo& em
geral& galo-romano 9dos KM bispos reunidos nos conc2lios& entre @K
e KM& NG tm nomes de origem germnica;& os bispos tm a
confian*a do rei e a simpatia das popula*+es. >e origem
aristocr"tica& s/o %uase os 0nicos a ter uma cultura e& o %ue ' mais
importante& possuem numerosas terras. Estes bens& %ue a caridade
e a piedade dos fi'is aumentam continuamente e %ue mais tarde.
gra*as ao pri)il'gio de imunidade& escapar/o ao controlo fiscal dorei& permitem-l#es sustentar os seus cl'rigos& resgatar os cati)os&
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socorrer os pobres& construir igreJas ou monumentos de interesse
p0blico 9fortifica*+es& di%ues& etc.;. A isto acrescenta-se o prest2gio
religioso desses 4#omens de >eus& pregadores ou taumaturgos&
%ue& no meio da anar%uia geral do s'culo V!!& aumenta
constantemente.
c; A preponderncia austrasiana nos s'culos V!! Q V!!!. - A ac*/o dos
bispos contribui em parte para realizar a fus/o entre os di)ersos
po)os da "lia. ?uando regrio de Bours escre)e a =istria dos
1rancos& conta& na )erdade& a #istria de todos a%ueles %ue s/o
s0bditos dos 3ero)2ngios e %ue& conscientemente ou n/o& se sentem
solid"rios no mesmo destino. 3as essa fus/o realizou-se %uasee(clusi)amente nas regi+es compreendidas entre o :oire& o 3arne e
o Escalda 98ustria;. 8outros lados& a influncia germnica foi
muito fraca 9A%uitnia& ,orgon#a& Iro)en*a;& nula 9Armrica; ou
preponderante 9regi+es do :este;.
/o essas regi+es& c#amadas Austr"sia no s'culo V!!& %ue no decurso
das guerras ci)is %ue se seguem ao reinado de >agoberto 9MNL-ML;&
)/o decidir a sorte da "lia 1ranca. $ma fam2lia descendente deIepino de :anden 9perto de :iege; e de Arnoul& bispo de 3etz&
consegue impor a sua pol2tica aos reis mero)2ngios e& gra*as a
Iepino de =erstal& )ence os 8eustrianos 9MG;. A morte deste
pro)oca de no)o a anar%uia& mas um dos seus bastardos& Carlos&
restabelece a situa*/o e tem a sorte de deter perto de Ioitiers uma
in)as/o mu*ulmana 9N;. >esta )ez& a fam2lia austrasiana gan#a
uma situa*/o slida e o fil#o de Carlos& Iepino-o-,re)e& pode
aprisionar o 0ltimo mero)2ngio e tomar o seu lugar. Iara realizar o
%ue se c#amou o Dgolpe de Estado de KS& Iepino apoiou-se nas
for*as germnicas do reino& cuJo centro de gra)idade se desloca das
regi+es mar2timas para os )ales do 3osa e do Reno. 3as te)e
sobretudo o apoio da !greJa e do arcebispo de 3og0ncia& /o
,onif"cio& com %uem realizara a reforma eclesi"stica na "lia.
Al'm disso& consultado o papa& este apro)ou a mudan*a de
dinastia. Enfim& ' sagrado o no)o rei F maneira dos reis )isigodos. Aalian*a %ue se estabelece entre a igreJa catlica e a fam2lia
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carol2ngia est" destinada a ter futuro.
por R!C=E& I. As !n)as+es b"rbaras. :isboaP europa-Am'rica& sQd.
Os $Brbaros %er&nicos$
Ior )olta de NH a.C.& I2teas de 3arsel#a empreendeu um p'riplo
de e(plora*/o comercial em busca de mbar e de estan#o. Bra*ou
sua rota at' o mar ,"ltico e a embocadura de Ems& entrando& pela
primeira )ez& em contato com o mundo germnico. :ogo
estabeleceram-se outros contatos com as )anguardas das primeiras
migra*+es no mar 8egro 9fins do s'culo l!! a.C.; e na "lia& 8rica&
Espan#a e !t"lia 9SS a SHS a.C.;.
Os romanos at' ent/o descon#eciam %ue& na retaguarda de seus
inimigos celtas& encontra)am-se os po)os germnicos. Celta e galo
eram termos utilizados indistintamente para nomear os #abitantes
do norte e centro da Europa. O mundo celta& efmero sen#or desta
regi/o& apenas pro)isoriamente& impedia a e(pans/o germnica. Osgalos gozaram de um tal prest2gio %ue suas institui*+es foram
imitadas pelos germanos at' na Escandin")ia.
O #istoriador grego IosidWnio publicou& nas )'speras da con%uista
romana da "lia 9s'culo ! a.C.;& o relato de suas )iagens atra)'s do
OcidenteP dele se originou a teoria segundo a %ual a pala)ra
germano designa)a o conJunto de po)os instalados entre os rios
Reno e V2stula. Estrab/o& gegrafo de origem grega 9s'culo S;&Julgou %ue o termo era um )oc"bulo latino ad)indo de germen.
ermani indicaria a%ueles %ue esta)am unidos pelo sangue.
3odernamente& :ot considerou germano como um termo c'ltico
empregado pelos remenses em rela*/o a seus )izin#os do leste.
Iara 3itre& parece %ue a pala)ra era estran#a F prpria l2ngua
germnica& sendo aplicada& em princ2pio& pelos romanos aos galos.
3usset tamb'm concorda com essa opini/o ao assegurar %ue o
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termo n/o era de origem germnica e se referia Fs tribos semi-
celtas da margem es%uerda do Reno& os germani cisr#enani&
aumentando assim a possibilidade do )oc"bulo ser c'!tico. A
distin*/o entre os po)os galo e germnico apresentou-se entre os
romanos nas obras de C'sar& Estrab/o& Il2nio& O Vel#o& B"cito e
Itolomeu. Os %uatro 0ltimos autores tentaram elaborar algumas
s2nteses& fa)orecidos aps um s'culo de guerras e contatos
comerciais.
A origem dos germanos ' incerta. ,asicamente e(istem trs
#ipteses. Alguns estudiosos alem/es acreditam %ue os germanos
seJam indo-europeus )indos da R0ssia oriental. Outros consideram-nos como nrdicos %ue ocupa)am as regi+es escandina)as e b"lticas
e esta)am isolados pela floresta germnica. 8a !dade do ,ronze&
estes po)os receberam o aporte de outros po)os& dos %uais
adotaram a l2ngua indo-europ'ia. A ci)iliza*/o germnica estaria
influenciada pelos celtas e il2rios& e at' pelos po)os mediterrneos.
Esta #iptese ' a mais aceit")el pela #istoriografia. A 0ltima foi
formulada por B"cito& %ue os ) como autctones.
Os autores latinos elaboraram di)ersas classifica*+es dos germanosP
Il2nio adotou o crit'rio topogr"fico - )andili 9compreende os
burgundiones& os )arini& os c#arini e os gu- tones;& istaeones 9po)o
0nico de nome modificado& os sicambrios;& ingae)ones 9compreende
os cimbri& os teutones e os c#auci;& #ermiones 9compreende os
suebi& os #ermunduri& os c#etti e os c#erusci; e peucini ou
basternae. Ior sua )ez& B"cito seguiu a genealogia m2ticaP o
progenitor comum& manuus 9#omem;& e seus trs fil#os&
antepassados dos ingae)ones& #ermiones e istae)ones.
A maioria das tentati)as de classifica*/o das tribos baseou-se na
origem genealgica& efetuadas por #istoriadores interessados&
principalmente& no aspecto etnolgico& desde Estrab/o at' B"cito.
Ior'm& diferem entre si na denomina*/o das tribos e nem
coincidem nos grandes grupos. Estas di)ergncias e(pressam tal)ezas sucessi)as fases do desen)ol)imento #istrico.
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A #istoriografia moderna utiliza-se de duas categoriasP geogr"fica e
lingT2stica. Ric#' e :ot& apesar de adotarem a geogr"fica& diferem
nas suas classifica*+es. O primeiro analisa o momento da in)as/o do
s'culo V e di)ide os po)os germnicos em trs grupos. 8o leste& os
godos& )indos do ,"ltico& na $crnia& no s'culo l!!& repartem-se em
)isigodos 9godos 4s"bios4;& a oeste do >nieper& e em ostrogodos
9godos 4bril#antes4;& a leste do mesmo rio. =" ainda os g'pidos& %ue
descem do ,"ltico e se instalam sobre a B#iza& n/o longe dos
)ndalos #asdings. Os )ndalos silings& por sua )ez& ocupam a il'-
sia e comprimem os marcomanos na ,a)iera. Os burgundios&
origin"rios tal)ez da il#a b"ltica de ,orn#olm 9borg#undar#olm;&empurrados pelos g'pidos& encamin#am-se do Oder em dire*/o ao
Reno. 8o outro grupo& a oeste& est/o os alamanos& congregando
di)ersos po)os 9ali mann;& %ue se estabelecem sobre o 3ain. Os
francos absor)em os sicambrios& c#ama)os& bructeros& c#attos etc.
e di)idem-se em dois segmentosP ripu"rios& sobre a margem do
Rena& de ,onn a ColWnia& e s"lios& entre o Reno e o Escalda. O
0ltimo grupo& localizado ao norte& seria o dos escandina)os& anglos&
)arnes e Jutos. Entre a foz do Elba e do eser& instalam-se ossa(+es e fr2sios& e& mais a leste& entre o Elba e o Oder& os
lombardos.
:ot opta por urna biparti*/oP germanos ocidentais e os
setentrionais e orientais. Os primeiros se subdi)idiriam em
ingae)ones 9cimbrios& teut+es& anglos& )arnes& sa(+es e fr2sios;& na
pen2nsula da
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A distin*/o pela l2ngua desen)ol)eu-se a partir da gram"tica
comparada& no come*o do s'culo Y!Y. Bradicionalmente& di)ide-se
em trs dialetosP nrdico 9escandina)o antigo e l2nguas modernas
surgidas a partir dele;& sticos 9burgundio& )ndalo& rugio& bastamo&
todos desaparecidos; e )'sticos 9francos& alamanos& b")aros&
lombardos& anglos& sa(+es& fr2sios alem/o& #olands e ingls
modernos;. Contudo& esta classifica*/o est" sofrendo uma re)is/o&
em )ista da pro(imidade relati)a do nrdico com o gtico e dialetos
afins& originando o seguinte es%uemaP germnico continental
9francos& alamanos& b")aros& lombardos ... ; germnico do mar do
8orte 9anglo-sa(/o& fr2sio; e tal)ez um germnico do Elba por fim&godo-escandina)o 9dialetos nrdicos e sticos na classifica*/o
tradicional;.
Apesar de tudo& continua ainda em %uest/o %uais eram os po)os
%ue esta)am compreendidos nos di)ersos grupos e(istentes. obre
isto ' dif2cil c#egar a um acordo nas circunstncias atuais& pois as
grandes di)is+es& %ue da literatura antiga surgiram&
fundamentaram-se em princ2pios distintos e compreendiamsomente urna parte de toda a ermnia. >e fato& e(istem muitas
possibilidades de classifica*/o segundo a importncia %ue se
concedeu& e ainda se concede& ao idioma& origem& traFi*/o tribal&
determinadas institui*+es da )ida social e do culto& e& sobretudo
tamb'm& F prpria ordena*/o dos grupos. omente %uando a
transmiss/o de dados da tradi*/o se realizou sob condi*+es muito
fa)or")eis ' %ue foi poss2)el incorporar com e(atid/o a um mapa
moderno o cat"logo de po)os da Antiguidade e combin"-los com os
estudos de classifica*/o ar%ueolgica.
Ior O8O:E $ERRA& 3. Os Io)os ,"rbaros. /o IauloP tica&
SLG.
A Civilizao dos $Brbaros$
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] na obra de B"cito& ermania& %ue se obt'm uma )is/o mais
detal#ada dos costumes e da )ida dos po)os germ-& nicos. O autor
nasceu em KK& foi %uestor e pretor em GG& sob a dinastia 1l")ia&
cWnsul nos tempos de 8er)a& alcan*ou seu mais alto posto oficial
sob BraJano& com a administra*/o da sia. Em ermania& a
manifesta simpatia de B"cito pelos germanos e seu con#ecimento
deste po)o fazem crer %ue fora fil#o do procurador e%Testre da
pro)2ncia dos belgas. ] bem poss2)el %ue B"cito ten#a
desempen#ado um cargo pr(imo F ermnia& na ,'lgica& durante
sua ausncia de %uatro anos de Roma& o %ue facilitou o relato sobre
a%uele territrio e seu po)o& ad)ers"rio tem2)el do !mp'rio
Romano. Ior'm& n/o ' como um inimigo %ue ele o descre)e nosseus mais di)ersos aspectos. Ainda %ue a ermania ten#a se
baseado& em parte& nos antigos relatos& B"cito tamb'm empregou
material contemporneo& da2 a )igncia de sua obra. Caso se con-
siderem as fontes ar%ueolgicas& %ue em muitas ocasi+es
completam e mel#oram o relato de B"cito& tem-se a possibilidade&
pouco fre%Tente para outros po)os& de obter um corte trans)ersal
dessa regi/o at' fins do s'culo !. Este per2odo ' um momento
considerado fundamental no processo de forma*/o dos diferentespo)os& %ue se constitu2ram na%uele conJunto #istrico e cuJa
organiza*/o interna pode se distinguir da dos )izin#os com toda a
nitidez. A obra de B"cito torna-se& portanto& imprescind2)el para a
compreens/o da 4ci)iliza*/o b"rbara4 & %ue ' comple(a e )ariada.
Ior'm& ater-se-" Fs caracter2sticas mais gerais dos germanos
Aspecto social
Os germanos descon#eciam Estado e cidade. ua )ida social esta)a
centrada na comunidade& na tribo& no cl/& enfim& na fam2lia& em
%ue o indi)2duo encontra)a sua raz/o de ser. A base de toda a
estrutura social esta)a na sippe 9comunidade de lin#agem %ue
assegura)a a prote*/o ao grupo de pessoas sob sua autoridade;.
8uma posi*/o superior esta)a a centena 9fundamentada no distritoou gau;& organismo com fun*+es Judiciais e de recrutamento
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militar.
>entro da fam2lia& o pai e(ercia autoridade absoluta sobre esposa e
fil#osP a infidelidade feminina era castigada com a morte e
rep0dio& J" %ue a mul#er era a guardi/ da pureza as fil#as& sempre
tuteladas& passa)am da autoridade paterna para a do marido
atra)'s da )enda e em troca de um dote 9animais ou armas; os
fil#os encontra)am-se& at' os dez ou %uinze anos& sob a autoridade
do pai e ocupados com tarefas dom'sticas e o culti)o da terra&
%uando ent/o eram armados como guerreiros pelo seu progenitor
para integrarem a corte do c#efe. 3esmo assim& o Jo)em
continua)a Juridicamente na sua fam2lia& %ue era respons")el porsuas faltas& d2)idas e )ingan*a. A mul#er participa)a intensamente
da )ida do marido. ?uando do casamento& a esposa torna)a-se en-
carregada da transmiss/o ao fil#o do seu dote em armas e animais e
da)a uma arma ao esposo para mostrar %ue esta)a pronta a di)idir
o perigo da ocupa*/o de guerreiro.
A solidariedade familiar era tamb'm compro)ada pelo pagamento
das d2)idas& li%uida*/o do Uergeld 9pre*o do sangue; oucompensa*/o pecuni"ria& %uando eram criminosos& e )ingan*a&
%uando eram )2timas& atra)'s da guerra pri)ada 9faida;. O Uergeld
foi criado para diminuir os e(cessos da )ingan*a pri)ada e
restabelecer a ordem deseJada pelos deuses. Iara isso& estipula)a-
se uma %uantia proporcional F importncia do delito ou F posi*/o
social da )2tima. Iodia inclusi)e #a)er transmiss/o de d2)idas& como
ocorria com os s"lios 9c#renecruda;.
O elemento social fundamental eram os #omens li)res& os
guerreiros& cuJa morte implica)a uma indeniza*/o ele)ada. Al'm de
portarem armas& tin#am o direito de e(por nas assembl'ias sua
opini/o. Em um escal/o inferior& esta)am os semili)res& oriundos.
de po)os )encidos. Eram numerosos& mas tal)ez n/o constitu2ssem
maioria em todos os lugares. Ior 0ltimo #a)ia os escra)os&
dom'sticos ou dedicados ao culti)o das terras. Eram cati)os&prisioneiros de guerra ou de)edores insol)entes& %ue esta)am
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ligados F cultura do\ solo. Iodiam ser resgatados& tornando-se
semili)res por'm& n/o faziam parte do po)o germnico& pois
somente uma fam2lia da)a ao germano possibilidade de ser li)re.
Ric#' acrescenta uma aristocracia de nascimento 9lin#agem; ou de
)alor& propriet"ria da maior parte das terras %ue dirigiria a tribo
9adalingi;. Este grupo tin#a a prerrogati)a de ser)ir nas tropas de
ca)alaria& influncia da )izin#an*a dos po)os iranianos %ue faziam
grande uso do ca)alo. O consider")el grau de influncia da nobreza
germnica pelo )i)er da%uele po)o de ginetes pode ser e)idenciado
pela situa*/o %ue se apresentou na 'poca das grandes 4in)as+es
b"rbaras4. Ior'm& 3usset considera du)idosa a e(istncia& em
muitos po)os& de uma nobreza estran#a Fs fam2lias reais.
Aspecto poltico
O car"ter militar ' o tra*o mais t2pico da sociedade germnica. A
guerra era a raz/o de ser do germano& %ue de)ia sempre estar
preparado para o ata%ue. uas armas eram principalmente
ofensi)asP lan*as& espadas longas com duplo corte e mac#ados. Aorganiza*/o dos e('rcitos 4b"rbaros4 descansa)a no ser)i*o de todos
os #omens li)res em estado de combater& e%uipar-se e alimentar-
se& pelo menos& para uma curta e(pedi*/o. As mul#eres tamb'm
da)am sua contribui*/o& incenti)ando os guerreiros. Estes& caso
fossem )encidos& se mata)am no campo de batal#a ou se
entrinc#eira)am nas fortalezas da floresta& esperando uma no)a
ocasi/o. Os ac#ados ar%ueolgicos confirmaram toda essa
belicosidade& pois nos t0mulos encontraram-se grandes %uantidades
de armas.
$ma das principais ati)idades dos germanos esta)a ligada F guerraP
a metalurgia das armas& arte na %ual eram insuper")eis. Esta
superioridade t'cnica proporciona)a uma )antagem garantida aos
germanos nas guerras %ue empreendiam. omada F t'cnica& #a)ia
tamb'm a estrat'gia. B"cito& ao se referir aos c#attos& re)ela %uepossu2am um autntico e('rcito profissional pro)ido de um corpo
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de engen#eiros e dotado de per2cia para manobrar& fortificar-se
sobre o prprio terreno e escol#er os c#efes mais capazes.
Os obJeti)os fundamentais eram de ordem militar& e as 0nicas
subdi)is+es slidas encontra)am-se no e('rcito. A base da
#ierar%uia social caracteriza)a^se por uma institui*/o es-
sencialmente guerreira& o s'%uito 9comitatus;& formado pelos
c#efes %ue congrega)am grupos de Jo)ens guerreiros %ue #a)iam
prestado Juramento e cuJa fidelidade tin#a sido pro)ada. Os c#efes
e seus Jo)ens compan#eiros eram organizados para o combate por
tribos. Iosteriormente& adotaram-se as di)is+es territoriais. O
mando esta)a nas m/os de c#efes #eredit"rios ou dos ricos %ue seac#a)am F cabe*a de um importante comitatus. Cria)a-se assim um
setor de pessoas dependentes e um grupo de #omens li)res para o
ser)i*o de armas na guerra e nas e(pedi*+es de botim. O
enri%uecimento dos c#efes fa)oreceu sua transforma*/o em
propriet"rios. >este setor& surgiu o grupo dirigente da forma*/o
pol2tica& seJa em uma esp'cie de principado ou em forma de
monar%uia. 1oi desta nobreza %ue sa2ram os c#efes do e('rcito da
'poca tardia.
Em tempo de paz& os poderosos somente tin#am a autoridade %ue
l#e conferiam sua influncia social e n0mero de fi'is. Os reis
acrescenta)am F sua autoridade o prest2gio religioso. Ior'm& o
)erdadeiro poder pertencia F assembl'ia local de #omens li)res
9mallus;& %ue era celebrada periodicamente ao ar li)re. $ma )ez
por ano& os grupos se reuniam em um lugar sagrado& perto de uma
"r)ore ou montan#a& para discutir a elei*/o do c#efe& empreender
a guerra ou Julgar contendas entre as tribos.
Em tempo de guerra& os c#efes #eredit"rios ou escol#idos 9duces;
tin#am um poder %uase absoluto& e(ceto no %ue diz respeito aos
direitos elementares& como o botim. A ri)alidade entre os cl/s
originou&..se dos esfor*os em obter influncia na dire*/o dos grupos
pol2ticos& o %ue ocasiona)a duradouras guerras.
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8a 'poca das in)as+es& os po)os germnicos apresenta)am-se
distintamente do %ue retratou B"cito. Alguns constitu2ram-se em
c'lulas elementares muito coerentes& mas pouco numerosas&
en%uanto outros forma)am )astas confedera*+es& constantemente
suJeitas F absor*/o ou dissolu*/o. =a)ia tamb'm graus
intermedi"rios. 8essas associa*+es maiores entra)am )"rios
elementosaglutinadoresP sociolgicos 9comunidade de
antepassados& matrimWnios mistos;& religiosos 9comunidade de
culto;& geogr"ficos 9regi/o #abitada;& lingT2sticos 9particularidades
dialetais;& econWmicos 9botim; e 'tnicos. Contudo& na maioria das
)ezes& o determinante era pol2tico. ?uase todos os po)os %ue di)i-
diram o sa%ue do !mp'rio ti)eram como agregador uma realezadin"stica& o %ue n/o era um tra*o primiti)o dos germanos segundo
B"cito e C'sar. Estes fala)am em suas obras de numerosos po)os
4republicanos4. A monar%uia era uma institui*/o %ue domina)a na
parte oriental do limes imperial.
A luta com Roma e a di)is/o dos despoJos fa)oreceram a realeza.
Esta tin#a um duplo car"terP religioso e militar& cuJa intensidade de
cada tipo de poder )aria)a de acordo com o po)o.
A sobre)i)ncia das confedera*+es& sobretudo as maiores& dependia
do sucesso %ue obtin#am. Repetidos fracassos acarreta)am a
dissolu*/o e o desaparecimento de seu nome. eus componentes
gan#a)am sua liberdade ou entra)am para outros agrupamentos.
Estes podiam ser de dois tiposP um grupo reduzido& %ue defendia o
seu nome e a dinastia& e outro composto de camadas e(ternas
supostas. O primeiro& por sua e(tens/o& era mais f"cil de ser
ani%uilado por'm& en%uanto subsistia& era dotado de forte
4conscincia 'tnica4.
Aspecto econmico
Os germanos eram simultaneamente guerreiros e camponeses&situa*/o esta figurada no seu instrumento& a frncica& %ue n/o era
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apenas uma lan*a& pois ser)ia igualmente para o arroteamento. As
guerras tin#am fre%Tentemente como obJeti)o a con%uista de no)as
terras e a a%uisi*/o de m/o-de-obra ser)il. 8a 'poca das col#eitas&
interrompiam-se as guerras.
A )ida econWmica era muito di)ersa segundo a regi/o. Os sa(+es e
fr2siosabitantes das plan2cies 0midas& pratica)am a pecu"ria
bo)ina. Os germanos dos bos%ues faziam& em "reas %ueimadas& um
culti)o mais ou menos intermitente& organizado pela coleti)idade
os das estepes concediam grande importncia F cria*/o e%Testre.
Assim& os germanos )i)iam da pecu"ria 9bois& ca)alos e o)el#as; e
agricultura& Juntamente com a pesca e a ca*a.
O reban#o 9uma esp'cie de bem da c.omuna; pasta)a na terra em
pousio. >e acordo com a regi/o& culti)a)a-se& com uma t'cnica
rudimentar& trigo& a)eia ou lin#o& a cada dois ou trs anos. As
condi*+es de solo n/o aJuda)am.
Os germanos instala)am-se em clareiras por alguns anos& onde arro-
tea)am o terreno com pesadas c#arruas. Esgotadas as terras&procura)am no)as. Ric#' ) este seminomadismo como uma
e(plica*/o para o fracasso de os germanos formarem um Estado
est")el. A e(istncia de ricas terras ultrapassando o limes imperial
9Reno e >an0bio; foi uma moti)a*/o para as in)as+es. Iara culti)ar
o solo& emprega)am-se os antigos prisioneiros de guerra&
transformados em escra)os ou semili)res. 8essa ati)idade& de)e-se
destacar ainda a participa*/o da mul#er& %ue se ocupa)a desse
afazer en%uanto os #omens esta)am nas guerras. Apenas os #omens
li)res possu2am a terra. Apesar da e(istncia da propriedade
indi)idual& a e(plora*/o das terras era sempre coleti)a& de)ido Fs
condi*+es da agricultura& %ue e(igiam um acordo de alternncia da
pecu"ria com o culti)o. >a terra os germanos tira)am os meios para
sua alimenta*/o& #abita*/o 9barro ou madeira; e )estimenta.
O artesanato era modesto& principalmente a cermiclt e atecelagem. >esen)ol)eu-se a ati)idade de metalurgia& por ser
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essencial F guerra para confec*/o de armas& carros de combate e
barcos. Os germanos tin#am uma t'cnica apurada& em %ue
emprega)am o endurecimento do a*o pelo azote. =a)ia inclusi)e
fa*an#as lend"rias en)ol)endo ferreiros 93imir e ieland;.
A ouri)esaria era outra ati)idade em %ue os germanos se
destacaram de)ido ao seu car"ter decorati)o. 12bulas& placas de
cintur+es e outros artefatos possu2am suas superf2cies totalmente
decoradas com figuras de animais estilizados ou com abstra*+es
geom'tricas 9c2rculos& cruz gamada ete.;. A ilustra*/o zoomrfica
era caracter2stica da 4arte das estepes4 transmitida aos gados e&
depois& aos outros germanos& pelos s"rmatas.
As ati)idades comerciais e(istiam& #" longo tempo& entre os po)os
nrdicos e mediterrneos& e& cada )ez mais& se )olta)am para o
!mp'rio Romano. Apesar da penetra*/o de moedas romanas em
grande %uantidade na ermnia e Escandin")ia& elas n/o foram
utilizadas para troca& pois o padr/o era ainda o gado ou as barras
ou argolas de metal precioso. Essa regi/o continua)a refrat"ria F
)ida urbana.
Aspecto religioso
] dif2cil afirmar se #ou)e uma unidade religiosa entre os germanos.
!gnora-se o culto de alguns po)os essenciais& como os godos. As
fontes escasseiam no per2odo entre B"cito e as miss+es crist/s.
Assim& #" informa*+es muito antigas 9C'sar e B"cito; ou mais
recentes 9Edda escandina)a;. Contudo& os trabal#os ar%ueolgicos
aJudam na elucida*/odeste %uadro.
>e uma primeira 'poca& C'sar mostra a grande diferen*a entre os
galos e os germanos ao se referir F e(istncia de um corpo
sacerdotal entre os primeiros 9druidas;. Os germanos n/o tin#am
uma casta sacerdotal entretanto& alguns deles podiam ter a fun*/ode 4padre4& o %ue n/o durou muito tempo. Estes foram substitu2dos
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pelos pais de fam2lia ou c#efes de tribo %uando das assembl'ias ou
liba*+es rituais de )in#o. Eram os c#efes das fam2lias %ue dirigiam
os sacrif2cios dom'sticos. As mul#eres tin#am um papel de
desta%ue como profetisas 9por e(emplo& V'leda; ou m"gicas. Banto
os 4padres4 como essas mul#eres con#eciam o car"ter secreto das
runas 9escritura germnica;. Iarece %ue tin#am um )alor
decorati)o e m"gico para a prote*/o dos guerreiros& Esses sinais
eram gra)ados em madeira& armas& Jias ou pedras& resguardando
seus portadores.
8/o #a)ia templos. Os rituais ocorriam nos bos%ues sagrados& picos
de montan#as ou pr(imos de fontes ou "r)ores& em certas datas9solst2cio& lua no)a;. Iratica)am-se ent/o sacrif2cios animais ou
#umanos& presididos pelos 4padres4.
=a)ia trs reuni+es anuais para obter boa col#eita& crescimento das
plantas e )itrias nas guerras. Estas tamb'm podiam ser
comemoradas com sacrif2cios de armas e prisioneiros. 1aziam-se
prociss+es com carros de combate& bem como algumas pr"ticas
adi)in#atrias.
Os germanos adora)am essencialmente a natureza e suas for*as&
%ue atua)am como em um campo de batal#a& em %ue se
defronta)am os deuses. O esp2rito belicista desse po)o n/o poderia
estar ausente da sua religi/o. Encontra)am-se no pante/o
germnico grandes figuras di)inas& tais comoP otan 9ou Odin;& %ue
preside o com'rcio& combates e tempestades - deus aristocr"tico
por e(celncia BiUaz& %ue dirige o c'u e protege as assembl'ias
>onar 9ou B#or;& sen#or dos raios e %ue ' in)ocado antes de ir F
guerra 8ert#us& a deusa da fecundidade& festeJada na prima)era
9sempre presente nas sociedades agr"rias; 1re_a& di)indade do
amor e do fogo. Alguns desses nomes est/o presentes no
calend"rioP ter*a-feira ' o dia de BiUaz 9Buesda_;& %uinta-feira& de
>anar 9B#ursda_; e se(ta-feira de 1re_a 91rida_;. !gualmente
e(istem numerosos seres in)is2)eis& esp2ritos e gigantes& e(pressosna literatura germnica. Entre os esp2ritos malignos& sobressai :o`i&
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%ue& com a aJuda dos deuses& criou o #omem& dotando-o assim de
uma parte boa e outra m". B"cito re)elou a e(istncia de poemas&
cantos #ericos e mitolgicos& in)ocando alguns #eris em rela*/o
direta com os deusesP Buisto& ,uri& 3arin e !ngo.
A religi/o germnica caracteriza)a-se por %uatro elementosP o
car"ter escatolgico& pois tudo foi criado e& portanto& de)ia
terminar& seJam deuses ou #omens o pensamento fatalista& ao
pre)er %ue a grande batal#a entre os deuses e os esp2ritos malignos
ani%uilaria a todos a cren*a em uma )ida aps a morte 9al#alla e
=el;& e(pressa na incinera*/o ou inuma*/o com os utens2lios& armas
e adornos dos mortos o esp2rito b'lico& prprio de uma aristocraciaguerreira& %ue pri)ilegia os sentimentos de #onra e fidelidade&
recompensando-os guerreiros& %uando mortos em batal#a& com uma
)ida entre os deuses no al#alla& le)ado-os pelas )al%u2rias
donzelas guerreiras fil#as de otan& o referido fatalismo foi
atenuado com a esperan*a de surgir um mundo de paz& aps a
guerra final& no %ue ressucitariam os fil#os dos deuses e #omens.
Contudo& nessa e(istncia predomina)a a guerra e a morte.
Aspecto cultural
A produ*/o art2stica e cultural dos germanos esta)a profundamente
interligada ao seu esp2rito guerreiro. 8o decorrer dos ban%uetes& os
cantores impro)isa)am poemas 'picos em #onra aos #eris
germnicos. A epop'ia e a lenda dos #eris germnicos )incula)am-
se F mitologia germnica acima descrita. Os cantos 'picos
constitu2am uma manifesta*/o das )irtudes )alorizadas por esse
po)o. 8o centro desta epop'ia& ressalta)a-se o #eri& descendente
de um personagem di)ino.
Cada tribo ou cl/ tin#a sua saga& esp'cie de lenda em %ue se fazia
uma recorda*/o gloriosa dos antepassados. Era a e(press/o liter"ria
mais elementar. 3itre cita a tipologia elaborada por onzagueRe_nold para classificar essas manifesta*+es po'ticas centradas nos
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#eris. Assim& apresentaram-se cinco ciclosP ostrogticos
9Ermanarico e Beodorico; franco 9igfrido; burgundio 9unt#er e
seus irm/os e a #ero2na Xriem#ild; lombardo 9rei Rot#ari& Ortmit&
=ugdietric# e sua fil#a oldfdietric#; a%uitnio 9alter ou
out#ier;. Estes comp+em os ciclos da ermnia do continente.
1altam& contudo& os ciclos da ermnia do mar& com os poemas de
Xudrun e ,oeUulf& os dois de origem danesa. O poema dos
nibelungos& e(press/o significati)a da epop'ia germnica& foi
imortalizado e popularizado pela or%uestra*/o do compositor
alem/o agner& no s'culo Y!Y.
Os caracteres r0nicos& originados na >inamarca& no s'culo l!& e porinfluncia mediterrnea& possu2am muito mais uma fun*/o m"gica
do %ue de escrita. em prestar grandes ser)i*os F )ida intelectual&
subsistiu no continente at' o s'culo V!!& na !nglaterra at' o !Y e na
Escandin")ia at' o YV. Com a con)ers/o dos godos ao arianismo& no
s'culo !V& surgiu um tipo de alfabeto inspirado no grego e no
r0nico. Este foi criado pelo bispo ariano $lfilas ou ulfila 9SS-
G;& %ue traduziu a ,2blia em l2ngua gtica& facilitando assim a sua
tarefa religiosa.
A ouri)esaria& como e(posto anteriormente& te)e seu papel de
desta%ue como uma das mais importantes manifesta*+es art2sticas
dos germanos. A destreza e o gosto germnicos se re)elam com
grande esplendor nessa arte& na %ual foram mestres.
por O8O:E $ERRA& 3. Os po)os b"rbaros. /o IauloP tica&
SLG.
Comentrio, por Bruna Leticia Colita
O texto nos trs uma idia inicial dos poos !r!aros, um texto
de lin"ua"em de #cil compreenss$o, e ideal para aqueles que tem
#asc%nio por &nti"uidade Tardia e pelos poos !r!aros, pois com otexto sanamos rias d'idas quanto a conceitos, reli"i$o, modo de
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ida, sustento, produ($o, l%n"uas, ori"ens, arte, e "uerra.
Como podemos er no texto, a pr)pria palara *"ermano+ n$o de
'nica interpreta($o, arias de#ini(es e poss%eis ori"ens como
podemos destacar con/unto de poos diididos pelo rio Reno e
0%stula, unidos pelo san"ue 1"rmen 2 "ermani3, termo cltico,
semi-cltico,e nas entre-linas entende-se que eles n$o se
coneciam como "ermanos ou semi- clticos.
& ori"em destes poos tam!m n$o exata, no texto destaca-se
trs ip)teses mas nenuma, com total exatid$o4 com a
istorio"ra#ia moderna outros princ%pios s$o tomados para asdiis5es, s$o eles "eo"r#ico e lin"6istico, pelos "e)"ra#os Ric
e Lot.
Tam!em oue uma distin($o dos poos "erm7nicos atras da
l%n"ua.
& sociedade em que os !r!aros iiam colocada por Tcito e nos
lea a uma interpreta($o de muita disciplina, responsa!ilidade,con/unto da #am%lia, ordem, pol%tica, e principalmente "uerras,
como ine/eis a muitas or"ani8a(es sociais.
Basicamente o omem !r!aro estaa desde crian(a sendo
preparado para ser um "rande "uerreiro, sem medo da morte,
cresciam numa cultura diretamente relacionada com a reli"i$o, e
nesta aiam rios deuses, e o alalla um lu"ar esperado por
todos, porm somente !ons "uerreiros seriam rece!idos na 9casa
dos deuses:.
;ram "uerreiros e camponeses, iiam como semi-n5mades, pois
estaam sempre !uscando noas terras para o plantio, e assim seu
sustento4 e como o clima n$o cola!oraa, estaam sempre em
!usca de noas terras , isso tale8 /usti#ique tantas !atalas e
inases.
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;ram "randes artistas, suas armas eram de excelente qualidade e
e#icacia, e "randes "uerreiros #oram os ce#es de exrcitos da
poca tardia.
Os cantos e poemas destes poos estaam muito relacionados com
o esp%rto "uerreiro, relem!raam os mortos, e #a8iam inculos com
a mitolo"ia, e sempre os relem!raam como er)is. Gostaam
muito da nature8a, estaam sempre a admirando e seus cultos
eram normalmente ao ar lire, os colarese 9amuletos: usados por
esses poos, eram #eitos a m$o, al"umas e8s de madeira, #erro,
ouro demonstrando assim suas cren(as ou admira($o.
O que conclu%mos deste texto precis$o que o autor tenta nos
passar da ma"nitude destes poos, suas ori"ens e desenolimento,
!rae8a e capacidade, que muitas e8es passam desaperce!idas
por n)s, pelo #ato do estudo ser #eito atras de #atos
arqueol)"icos e literatura anti"a.
Os !r!aros deixaram muitas ra%8es em nossa sociedade e n$o
podemos deixar mais uma e8 a cance de desendarmos essasciili8a(es passarem desaperce!idas.
A oc'pao do i&p(rio no decorrer dos s(c'los V e V)
;< cerca de um sculo 1#ins do sculo =0 a #ins do sculo 03 o
=mprio Romano do Ocidente #oi ocupado por uma primeira "rande
a"a inasora e diidido numa srie de unidades pol%ticas de idainstel e por e8es mesmo e#mera. & rapide8 e a !rutalidade da
ocupa($o, destruindo os quadros da administra($o romana, n$o
puderam contudo #a8er desaparecer a cultura su!/acente, a qual
se #oi impondo s tri!os inasoras. ;sta situa($o modi#icou-se no
entanto no decorrer dos sculos 0 e 0=4 >oas a"as "ermanas,
a"ora numa in#iltra($o mais lenta mas mais se"ura, se apropriaram
do solo da Rom7nia. Os ?rancos, lan(ando os #undamentos de uma
na($o estel, os &lamanos e os Baros #ixando-se ao lon"o do
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Reno e do @an'!io, os &n"los e os Aaxes ocupando a Bretana, os
Lom!ardos trocando a an)nia pela en%nsula =tlica, operaram
uma "ermani8a($o pro"ressia de astas 8onas do =mprio. ela
primeira e8 o latim so#reu um recuo n%tido na sua rea
lin"u%stica.
O,RE A OR!E3 >O 1RA8CO
muito o!scura a ori"em do poo #ranco. Gre"orio de Tours, nos
passos cle!res que a se"uir transcreemos, re"istou al"umas
explica(es mais ou menos lendrias correntes na sua poca1sculo 0=3.
obre os reis dos 1rancos& ignora-se %ual ten#a sido o primeiro de
entre elesP com efeito& se bem %ue na sua =istria ulp2cio
Ale(andre 9S; fale muito destes po)os 9N;& toda)ia n/o nomeia de
maneira alguma o seu. primeiro reiP diz apenas %ue eles tin#am
du%ues. ... 3uitos autores contam %ue estes po)os sa2ram da
Iannia e %ue se estabeleceram primeiro na margem do Renotendo em seguida atra)essado este rio& passaram F Bur2ngia 9; e a2
nas aldeias ou nas cidades escol#eram reis cabeludos idos buscar F
primeira& e& se assim posso dizer& F mais nobre das suas fam2lias.
!sto foi pro)ado mais tarde pelas )itrias de Cl)is& %ue contaremos
em seguida. :emos nos 1astos consulares 9@; %ue o rei dos 1rancos
Beodomiro& fil#o de Ricimer e de scila e sua m/e& morreram pela
espada. >iz-se tamb'm %ue ent/o Cldio& not")el entre o seu po)o&
tanto por m'ritos prprios como por nobreza& foi feito rei dos
1rancos. Ocupa)a no termo dos Bur2ngios a fortaleza de >ispargum
9K;. 8essas mesmas partes& ou seJa em direc*/o ao sul e at' ao rio
:oire& #abita)am os Romanos. Iara l" do :oire domina)am os odos
9M; os ,urg0ndios& seguidores da seita dos Arianos& #abita)am do
outro lado do Rdano %ue ban#a a cidade de :_on. Cldio& tendo
en)iado batedores para a cidade de Cambrai e mandado e(plorar
toda a regi/o& pWs-se ele prprio em seguida a camin#o& esmagou osRomanos e apoderou-se da cidade. Residindo a2 por pouco tempo&
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ocupou tudo at' ao rio omme. =" %uem pretenda %ue o rei
3ero)eu& de %uem C#ilderico 9; foi fil#o& era da sua estirpe. 3as
este po)o mostrou-se sempre entregue a cultos fan"ticos sem ter
%ual%uer con#ecimento do )erdadeiro >eus. 1ez imagens das
florestas e das "guas& dos p"ssaros& dos animais sel)agens e dos
outros elementos aos %uais tin#a por #"bito prestar um culto di)ino
e oferecer sacrif2cios. ...
ancti eorgii 1lorentii regorii& Episcopi Buronensis& =istoriae
Ecclesiasticae 1rancorum. l2b. l!& !Y-Y& com trad. francesa e re)is/o
de iest&no ,rabante. 9M; Estabelecidos na A%uitnia& desde @SG& como
federados. 9; A e(istncia #istrica de 3ero)eu ' du)idosa. com
C#ilderico& pai de Cl)is& a genealogia dos reis francos se torna
mais clara.
A 1!YAO >O A8:O E >O AYE 8A ,REBA8=A 9]C$:O V;.
& istorio"ra#ia medieal in"lesa locali8a o desem!arque an"lo-
sax)nico na Gr$-Bretana em meados do sculo 0. &ssim no-lo di8
o treco que se se"ue do enerel Beda 1DEF-EF3.
8o @@L.o ano da encarna*/o do en#or& tendo 3arciano 9S; com
Valentiniano 9N; obtido o reino& o @M.o a partir de Augusto& dete)e-
o por sete anos. Ent/o o po)o dos Anglos ou a(+es& con)idado pelorei citado& arribou F ,retan#a 9; em trs longos na)ios e por ordem
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do mesmo rei recebeu como local de permanncia a parte oriental
da il#a& como para combater a fa)or da p"tria& mas na realidade a
fim de a con%uistar. !niciada a batal#a com os inimigos %ue do
norte tin#am )indo para a luta& os a(+es obti)eram a )itria. Ior
isso mandaram para casa a not2cia tanto da fertilidade da il#a como
da in'rcia dos ,ret+es e imediatamente l#es foi en)iada uma frota
maior& transportando um grupo mais forte de #omens de armas& os
%uais Juntos F coorte anterior constitu2ram um e('rcito in)enc2)el.
Os %ue c#egaram& obti)e
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c#lesUig. 9; Os c#amados $plandis# Angles. 9G; Os
8ort#umbrianos. 9L; O rio =umber.
O RE! >O OBROO>O BEO>OR!CO VE8CE$ O>OACRO E
EBA,E:ECE$-E 8A !B:!A 9@L;
;ducado em Constantinopla, para onde aia sido eniado como
re#m em crian(a, Teodorico conecia de perto todos os meandros
pol%ticos do =mprio do Oriente. ;ste conecimento proporcionou-
le a cria($o do estado ostro"odo na =tlia. & o!ra de Hordanes que
inclui o relato aqui transcrito data de meados do sculo 0=.
?uando o imperador en/o 9S; ou)iu %ue Beodorico tin#a sido
nomeado rei do seu po)o 9N;& recebeu com prazer a not2cia da
nomea*/o e con)idou-o a )ir para Junto de si na cidade.
Recebendo-o com todas as #onras& colocou-o entre os grandes do
seu pal"cio. Algum tempo depois en/o& para l#e aumentar as
#onrarias nas armas& adoptou-o como fil#o e concedeu-l#e& F sua
custa& um triunfo na cidade.
Beodorico foi tamb'm feito cWnsul ordin"rio 9;& o %ue se diz ser a
benesse suprema e a mais alta #onra no mundo. 8em isto foi tudo&
pois en/o ergueu di"nte do pal"cio\ real uma est"tua e%uestre
para glria da%uele grande #omem.
Entretanto Beodorico& sabendo %ue a sua tribo& estabeleci"a na
l2ria& esta)a longe de )i)er com bem estar e abundncia& pediu
licen*a ao imperador para abandonar Constantinopla e ir libertar o
Ocidente Dda tirania do rei dos Burcilingos e dos Rugios 9@;.
Beodorico dei(ou pois a cidade real e )oltou para Junto dos seus.
Em compan#ia de toda a tribo dos ados& %ue l#e deu o seu
consentimento unnime& partiu para ocidente. Camin#ou a direito
de irmium 9K; at' F )izin#an*a da Iannia e& a)an*ando noterritrio da Ven'cia at' Junto da Ionte de ontius 9M;& acampou
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a2. Bendo feito alto por algum tempo& a fim de dar descanso aos
corpos dos #omens e dos animais de carga& Odoacro en)iou contra
ele uma for*a armada& com a %ual se encontrou nos campos de
Verona& destruindo-a e fazendo nela grande mortandade. Ent/o
desfez o acampamento e a)an*ou pela !t"lia com a maior ousadia.
Atra)essando o rio Io& assentou campo perto da cidade real de
Ra)ena& cerca do terceiro marco mili"rio a partir da cidade& no
lugar c#amado Iineta. ?uando Odoacro )iu isto& fortificou-se
dentro da cidade. 1re%uentes )ezes atacou o e('rcito dos odos
durante a noite fazendo surtidas furti)amente com os seus #omens&
e n/o uma ou duas )ezes& mas muitas e assim combateu durante
%uase trs anos completos. 3as trabal#ou em )/o& por%ue toda a!t"lia por fim c#amou a Beodorico o seu sen#or e a Rep0blica
obedeceu aos seus deseJos. 3as Odoacro& com os seus poucos
partid"rios e os romanos %ue esta)am presentes sofria
%uotidianamente com a guerra e a fome em Ra)ena. Visto %ue nada
conseguia& en)iou uma embai(ada e pediu clemncia 9;. Beodorico
primeiro concedeu-l#a& mas depois tirou-l#e a )ida.
1oi no terceiro ano depois da sua entrada na !t"lia& como dissemos&%ue Beodorico& por consel#o do imperador en/o& pWs de lado o
traJe de cidad/o pri)ado e o )estu"rio da sua ra*a e adoptou uma
)este com um manto real& )isto ter-se transformado& agora& no
dirigente tanto dos odos como dos Romanos.
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A !8VAAO >A !BA:!A IE:O :O3,AR>O 9KMG;
& desloca($o dos Lom!ardos em direc($o en%nsula =tlica #oi,
moment7neamente, de consequncias desastrosas. or um lado, a
=tlia, onde os Lom!ardos n$o conse"uiram esta!elecer um estado
unitrio e or"ani8ado, caiu na anarquia. or outro, a#ixa($o dos
Iaros na an)nia eio cortar durante sculos as comunica(es
entre o &dritico e o Bltico. aulo @icono 1sculo 0===3, o autor
do treco que se transcree, era um lom!ardo que redi"iu com
certa parcialidade a ist)ria do seu poo.
8a )erdade& Albo2no 9S;& antes de partir para a !t"lia com Os:ombardos& pediu au(2lio aos seus )el#os amigos a(+es a fim de
entrar na%uela espa*osa terra e ocup"-!a com maiores efecti)os.
Acorreram ao apelo mais de )inte mil sa(+es 9N;& acompan#ados
pelas mul#eres e os fil#os& para com ele penetrarem na !t"lia.
Bendo con#ecimento disto& Clot"rio e igeberto& reis dos 1rancos&
colocaram ue)os e outros po)os nos locais de onde tin#am sa2do os
a(+es 9;. Ent/o Albo2no entregou aos seus amigos =unos os
prprios territrios& ou seJa a Iannia& sob a condi*/o de %ue& seem %ual%uer altura fosse necess"rio aos :ombardos )oltar para tr"s&
tornariam a pedir a%uelas terras 9@;.
Iortanto os :ombardos& abandonada a Iannia& com as mul#eres&
os fil#os e todas as alfaias& precipitaram-se na !t"lia para a ocupar.
Bin#am #abitado a Iannia durante %uarenta e dois anos. >ela
sa2ram no ms de Abril& pela primeira indic*/o 9K;& no dia seguinte
F santa I"scoa& cuJa festi)idade se deu na%uele ano de acordo com
os c"lculos da raz/o no prprio dia das Calendas de Abril 9M;&
%uin#entos e sessenta e oito anos depois da encarna*/o do en#or.
Iaulus >iaconus& =istoria :angobardorum& in 3onumenta
ermaniae =istorica - criptores Rerum :angobardicarum et
!talicarum& aec. V!-!Y& =anno)er& SGG& p. M.
9S; Rei dos :ombardos de KMS a KN. 9N; Al'm dos a(+es& ter-se-
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iam unido a Albo2no ,")aros& ue)os& ,0lgaros& 'pidas e "rmatas&
entre outros. 9; Os reis francos procura)am estabelecer
protectorados no a(e& ,a)iera e Iannia. 9@; Este acordo foi feito
por um prazo de duzentos anos& n/o com os =unos& mas sim com os
)aras. 9K; 8o primeiro ano de um ciclo de %uinze anos. 9M; A S de
Abril.
:EOV!!:>O BE8BO$ A $8!1!CAO pO:2B!CA >A EIA8=A 9KMG-KGM;
O reinado de Leoi"ildo marcou um "rande aan(o no processo de
uni#ica($o pol%tica do estado isi"odo e de #ortalecimento dopoder real. Aanto =sidoro de Aeila 1c. FDJ-DD3, autor do texto
que se se"ue, um contempor7neo dos eentos que nele re"istou.
8a era de MHM 9S;& no terceiro ano do go)erno de
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Asturia. 9K; ona das Ast0rias. 9M; As for*as bizantinas %ue #a)iam
ocupado a fai(a costeira entre >enia e C"diz. 9; Em KGK.
por Espinosa& 1. Antologia de te(tos #istricos medie)ais& :isboa& "
da Costa& SLN
*igra"es Brbaras +s(cs, V - V)))
3!RAE E !8VAE
esaparece somente em
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S@K& sob o ata%ue dos turcos.
Enfim& se as in)as+es b"rbaras dessa 'poca[ desempen#aram um
papel determinante na e)olu*/o do mundo ocidental e na
desloca*/o do !mp'rio& s/o elas apenas um episdio importante&
mais marcante& de uma longa s'rie de a)an*os ou infiltra*+es& de
aspectos muito )ariados& desde #" muito amea*adores& mas
contidos pelos limes em todas as fronteiras do !mp'rio
intensificaram-se a partir do s'culo !!l& acalmando-se bem mais
tarde diante da resistncia obstinada dos no)os reinos e imp'rios.
Boda a #istria da Europa permanece seriamente marcada pelos
ata%ues de po)os #ostis& %ue& constantemente& retorna)am F cargapelos mesmos camin#os. Aps um curto inter)alo& no tempo dos
primeiros carol2ngios& os escandina)os retomaram& no s'culo !Y& as
rotas seguidas %uatrocentos anos antes pelos con%uistadores
sa(+es& dos piratas da 1r2sia em dire*/o F !nglaterra& Fs costas
francesas do mar do 8orte e da 3anc#a. 8o sul& na mesma 'poca&
os mu*ulmanos& como outrora os )ndalos de enserico& retm o
3editerrneo ocidental& as il#as e as regi+es do trigo. A leste&
apesar das poderosas contra-ofensi)as da cristandade& as )agas sesucedem %uase 2ninterruptamente& ao longo de toda a nossa !dade
3'dia aos germanos se sucedem primeiramente os esla)os& os
#0ngaros e depois todos os po)os turcos pro)enientes da Asia
CentralP b0lgaros& petc#enegues& `ubanos& mongois principalmenteP
os de engis-C/ por )olta de SNKH& os de Bamerl/o no in2cio do
s'culo Y!V.
Al'm disso& essas incurs+es em dire*/o ao Ocidente s/o apenas um
aspecto& o menos importante sem d0)ida& das grandes migra*+es de
ca)aleiros nWmades da sia Central& %ue& no mesmo per2odo& do
s'culo V ao YV& atacam ininterruptamente o !mp'rio c#ins& onde&
de SNMH a SMG& impuseram a dinastia mongol dos uan. Iode-se&
assim& estabelecer um certo paralelo entre as dificuldades do
!mp'rio romano de Constantinopla ou dos reinos crist/os do
Ocidente e as do mundo c#ins& entre os limes aps as defesas maisfle(2)eis das cidades e dos castelos da Europa e a mural#a da C#ina.
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Em certa medidaP& essas grandes migra*+es de po)os& geralmente
nWmades& pro)enientes das estepes da Europa oriental ou da Asia&
determinam os destinos dos mundos sedent"rios do nosso Ocidente
e os da sia e(tremo\oriental.
OR!E8 >A 3!RAE
] naturalmente imposs2)el dada a falta de informa*+es precisas&
atribuir-l#es causas bem n2tidasP esses b"rbaros s/o ainda muito
mal con#ecidos e seu enfo%ue #istrico ' muito arriscado e
delicado. 8/o se pode& de um modo seguro& in)ocar e(clusi)amentenem uma degrada*/o clim"tica %ue ti)esse afastado os pastores das
plan2cies mais ele)adas em dire*/o a terras mel#ores& nem uma
e(pans/o demo gr"fica suficientemente dram"tica& nem mesmo
estruturas sociais particulares %ue pro)ocassem a emigra*/o de
numerosos membros do cl/ em busca de no)a sorte. ] e)idente
apenas %ue a e(trema mobilidade desses nWmades-criadores das
estepes& agricuitores em %ueimadas de florestas da ermnia ou
ainda piratas do mar. fa)oreciaP empreendimentos arriscados elong2n%uos. Essa mobilidade& al'm disso& marca& durante toda a
!dade 3'dia e por )ezes& bem mais tarde& nossos po)os do
Ocidente& nascidos dessas misturas 'tnicas.
Iara o romano& o b"rbaro ' antes de tudo um soldado.
1re%Tentemente atribuiu-se o (ito das in)as+es a uma indiscut2)el
superioridade militarP ca)alaria mais le)e e r"pida& dom2nio
absoluto da ent/o dif2cil arte de forJar as armas. >e fato& esses
b"rbaros combatem& ao %ue parece& de uma maneira bem diferente
dos romanosP arcos de ca)aleiros #unos montados em ca)alos
r"pidos& espadas longas e lan*as de ca)aleiros )ndalos ou
alamanos& gl"dios mais curtos de infantes francos. 3as o mobili"rio
funer"rio& encontrado nos t0mulos de cidades de soldados& indica
com precis/o apenas as armas dos francos& correspondentes ao
per2odo do s'culo V!& bem posterior Fs primeiras in)as+es. Essasarmas s/o todas ofensi)asP o mac#ado de um s gume - o c'lebre
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francisca - atirado de longe sobre o inimigo& a espada longa com
dois gumes& o gl"dio ou scarama( de um s gume. l"dios e espadas
demonstram $ma desconcertante #abilidade na arte de ligar os
metais& de temperar o a*o& de soldar pe*as cuidadosamente
produzidas. Essas armas trabal#adas com e(traordin"rio esmero&
cuJos pun#os e bain#as s/o fre%Tentemente decorados com
desen#os incrustados de fios de ouro ou prata e pedras preciosas&
assumem ent/o um )alor simblico. Representam a sorte e o
orgul#o do guerreiro. ,em mais tarde& as c#ansolSs de geste e o
ritual da ca)alaria contam ainda o amor do #omem li)re por sua
espada. Essas espadas e armas sobrepuJam de longe as dos
romanos& muito inferiores sobre o corpo feito de um fino fol#eadode )"rias lminas de ferro tenro e a*os muito el"sticos e- slidos&
at' oito ou dez Fs )ezes& os artes/os germnicos c#apea)am e
solda)am os gumes de a*os temperados e submetidos F
cementa*/o& e(traduros& t/o cortantes e resistentes como os a*os
especiais atuais 9E. alin;.
Iarecem raros& entretanto& os grandes feitos de armas ou os
combates decisi)os %ue atraem a aten*/o dos cronistas& como a)itria dos godos em Andrinopla contra as tropas de Valncio 9L de
agosto de G; ou a desastrosa tra)essia do limes sobre o Reno 9S
de dezembro de @HM; pelos )ndalos e seus aliados& ou ainda as
brutais con%uistas da Espan#a pelos mesmos )ndalos 9@HL;& do
Au)ergne pelos )isigodos.
Com maior fre%Tncia& os b"rbaros introduzem-se no !mp'rio sem
c#o%ues& F custa de acordos )ariados %ue l#es abriam
pacificamente o limesP infiltra*+es lentas e insens2)eis& migra*+es
mais %ue in)as+es. Roma& s'culos aps& recruta)a mercen"rios
b"rbaros& ca)aleiros ou infantes& para seus corpos au(iliaresP assim
os riparioli& %ue guarda)am as margens do Rdano e do Reno. A
alguns de seus c#efes confia)a at' mesmo comandos militares e a
tarefa de repelir ata%ues de no)os b"rbaros& ainda estrangeiros&
mas impacientes por ser)ir...ou pil#ar o !mp'rio. 8as fronteiras e&por )ezes& no interior distante& instala)a& para defender e repo)oar
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os campos& colWnias de guerreiros germnicos& antigos prisioneiros
Fs )ezes& de in2cio submetidos a uma rigorosa disciplina militar e
se)eramente isolados das popula*+es romanizadas. A lembran*a
desses laeti - letos - mante)e-se por muito tempo em certos
topWnimos 9Aleman#a em rela*/o aos alamanos& por e(emplo;. A
ambi*/o dos b"rbaros era obter dos romanos a #ospitalidade& %ue
l#es assegura)a terras em troca de ser)i*os militares e do respeito
Fs leis do !mp'rio. As tribos& popula*+es ou po)os inteiros&
obtin#am assim um foedus& tratado %ue precisa)a as condi*+es de
estabelecimento dos federados em terras abandonadas ou nos
dom2nios de grandes propriet"rios romanos. Esses acordos& %ue
re)i)em certas tradi*+es prprias ao aloJamento de soldados doe('rcito imperial em campan#a& atribu2am a cada fam2lia b"rbara
uma parte - sors - das terras do 4#ospedeiro4 9um ter*o ou dois
ter*os& conforme ocaso;& en%uanto os bos%ues e os pastos
permaneciam fre%Tentemente indi)is2)eis. Os guerreiros federados
foram com fre%Tncia aliados fi'is de Roma& ")idos a defender-l#e
as fronteiras.
O IOVO ,R,ARO
Os gregos& depois os romanos& designa)am pelo nome de b"rbaros
todos os po)os declaradamente estrangeiros& rebeldes F sua
ci)iliza*/o& seu modo de )ida& suas estruturas econWmicas e sociais&
sua cultura& e mesmo F sua l2ngua. >e fato& o b"rbaro& ao longo de
todo o !mp'rio& ' o #omem das estepes ou das florestas& nWmade
mesmo nas cidadelas de agricultores& incapaz em todo caso de
assimilar a ci)iliza*/o greco-romana& essencialmente urbana. Ior
)olta do s'culo V& a pala)ra ' sobretudo cWmoda para dissimular
uma ignorncia %uase total dos po)os al'm do limes. Ainda #oJe& a
#istria dos b"rbaros& %ue& do s'culo !!! ao Y!& atacam o Ocidente.
permanece bem mal con#ecida. Os seus prprios nomes s/o por
)ezes incertosP esses po)os formam muitas )ezes )astas
confedera*+es& inst")eis. compostas por tribos de origens muitodi)ersas& %ue se )alem do po)o )encedor& adotam seu nome& para
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depois troc"-lo assim %ue mude a sua sorte.
Iode-se& entretanto& distinguirP
- Os po)os iranianos de ra*a branca& %ue& pro)enientes das altas
plan2cies do Bur%uest/o e do X#orassan na Asia Central& se
estabeleceram nas estepes Fs margens do 3ar 8egro s/o os citas&
os s"rmatas e depois& principalmente& os alanos& sen#ores de um
grande imp'rio.
- Os asi"ticos nWmades de ra*a amarela& %ue se podem %ualificar
como turcos& sucessi)amente os #unos e os ")aros.
- 3ais numerosos& os germanos& )asto grupo 'tnico& na realidade
muito #eterogneo& sem d0)ida origin"rio das pro)2ncias
meridionais da Escandin")ia e cuJas primeiras migra*+es remontam
ao segundo milnio antes de Cristo. >etidos longo tempo pelos
celtas 9s'culo& V ao l!;& os germanos continuaram em seguida seu
a)an*o em dire*/o ao sul& c#ocando-se ent/o com os romanos. >a2
os ata%ues espetaculares de duas popula*+es germnicas& osteut+es e os cimbros& )encidos por 3"rio na Iro)en*a e na !t"lia do
8orte 9SHN-SHS a.C.;. 8o s'culo !V de nossa era& os germanos
formam em toda a Europa& fora do limes romano& poderosas
confedera*+es de nomes di)ersos& distintas sem d0)ida por suas
caracter2sticas 'tnicas& suas l2nguas cada )ez mais di)ersificadas&
seus gneros de )ida e suas ati)idades sobretudoP os gados da
estepe& pastores nWmades& os germanos das florestas da Europa
central& os sa(+es e os fris+es das margens nrdicas& criadores de
gado& marin#eiros e piratas.
A !8VAE ER38!CA
Em K& os #unos& pro)enientes da sia& destru2ram o !mp'rio alano
das margens do C"spio& deslocaram todos os seus inimigos emdire*/o ao oeste e fundaram& no in2cio do s'culo V& na Europa
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assinatura de um foedus 9@K;& con%uistam as mel#ores pro)2ncias
romanas. Os borg0ndios& %ue foram sempre au(iliares do !mp'rio&
estabelecem-se primeiramente no Reino 9foedus de @S;& fundando
a seguir um poderoso reino& %ue tendo como ei(o suas duas
capitais& :_on e enebra& re0ne as regi+es do aona e do Rdano
at' o rio >urance. 8as fronteiras das pro)2ncias mais ocidentais& J"
enfra%uecidas& afirma-se& por'm& a espantosa sorte pol2tica dos
francos& po)o por muito tempo obscuro& antes uma confedera*/o
de popula*+es mais ou menos autWnomas& %ue Jamais tentaram
ata%ues frontais contra o limes& infiltrando-se& entretanto&
lentamente eram soldados do e('rcito imperial em toda a "lia&
colonos militares estabelecidos muito cedo na ,'lgica e nasmargens do Reno 9o primeiro foedus data do fim do s'culo !l!; e
depois nas terras abandonadas pelas defesas romanas. 3ais tarde&
outros po)os francos& %ue #a)iam permanecido na ermnia&
apro)eitaram-se da abertura oferecida pelos )ndalos em @HM e se
instalaram como con%uistadores nos )ales do m'dio Reno e do
3osela& tomando as fortalezas e de)astando as cidades ainda
prsperas.
8ascido por )olta de @MK& Cl)is tornou-se& apro(imadamente em
@GS& C#efe dos francos s"lios da regi/o de Bournai e&
pacientemente& con%uistou ou reuniu num )asto reino todas as
pro)2ncias da "lia do 8orte.
$ma segunda )aga de in)as+es terrestres atinge& bem mais tarde