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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO
ÂMBITO ESCOLAR
Por: Rosane Gonçalves de Oliveira Miranda
Orientador
Profª. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO
ÂMBITO ESCOLAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção
do grau de especialista em Administração e
Supervisão Escolar.
Por: . Rosane Gonçalves de Oliveira Miranda.
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AGRADECIMENTOS
....aos meus pais José e Isabel, meu
esposo e filhos, orientadora da
monografia e professores da pós AVM.
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DEDICATÓRIA
...dedico aos meus pais Jose e Isabel, meu
maridão e filhos.
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RESUMO
Nesta pesquisa bibliográfica busca-se elucidar o papel do Supervisor
educacional na atualidade, o seu verdadeiro papel, de que formas ele pode
ajudar na transformação da realidade que vivemos hoje.
Já que antigamente o Supervisor era visto como inspetor, alguém que só
se preocupava em controlar, medir era a principal estratégia que assegurava o
papel reprodutor na sociedade capitalista brasileira.
Vimos que na atualidade o Supervisor ainda não é visto da maneira que é
para ser visto. Enquanto profissional falta o reconhecimento de sua profissão, se
na década de 60 o Supervisor era visto apenas como aquele que tinha uma super
visão em relação ao trabalho do professorem sala de aula, hoje vemos que lhe
são atribuídas novas funções e responsabilidades no sentido de colaborar com o
bom andamento da escola e que favoreça a participação de todos.
Ao longo desta pesquisa bibliográfica veremos as reflexões de vários
autores perante a atuação do Supervisor escolar em seu cotidiano e que nos dá a
possibilidade de acreditar no avanço ao que se refere a sua profissionalidade.
Veremos como o trabalho do Supervisor é uma ferramenta essencial nos
dias de hoje pois ajuda tanto o professor quanto o aluno e de que maneira esse
profissional se tornou importante no âmbito escolar.
Assim como o gestor, coordenador e orientador fazem a diferença na
construção do espaço escolar veremos que o Supervisor é um dos atores
principais e que o mesmo precisa estar conectado com as necessidades da
comunidade e propor projetos que atendam aos anseios de todos que almejam
um futuro melhor.
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METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores
utilizados na realização desta pesquisa foram Márcia A. Aguiar, Libaneo, Revista
Escola Nova, Isabel Alarcão, Nilda &Garcia, Celso Vasconcellos, Mary Rangel,
Celestino Alves da Silva Junior, LDB e outros.
Iremos explicitar de que maneira o Supervisor cresceu e como foi feito as
mudanças no âmbito educacional. A diferença que o Supervisor faz hoje na
atualidade e seus desafios que precisa ainda enfrentar até sua profissão ser
reconhecida de fato e o que ele necessita fazer para que isto aconteça.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................8 CAPÍTULO I- O Supervisor e sua história............................................................10 CAPÍTULO II- O Verdadeiro Papel do Supervisor Escolar....................................19 CAPÍTULO III- A Diferença que o Supervisor Escolar faz no âmbito escolar.......27 CONCLUSÃO .......................................................................................................38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...........................................................................39
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) ......................................................................40
ÍNDICE .................................................................................................................42
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INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem por objetivo reiterar alguns aspectos considerados
relevantes para o entendimento do aspecto legal, assim como um pensar sobre
as diferentes nomenclaturas e atribuições do Supervisor Educacional neste
estudo.
Este tema foi escolhido para elucidar qual a verdadeira função de um
Supervisor no âmbito escolar, o que realmente ele faz de fato no sistema escolar,
suas atribuições, suas especificidades e sua importância.
De onde surgiu a ideia de Supervisão na escola, até que ponto ajudou ou
não o processo escolar, influenciou ou ainda influencia? São considerações feitas
nesta pesquisa.
Veremos como diz Souza (1974), que a Supervisão é fruto da necessidade
de melhor adestramento de técnicas para a indústria e o comércio, estendendo-
se posteriormente, aos demais campos: militar, esportivo, político, educacional e
outros com o objetivo de alcançar um bom resultado do trabalho em realização.
Como é visto o Supervisor Educacional no Âmbito Escolar? Qual é o papel
do Supervisor na atualidade? Nesta pesquisa vermos de que forma o Supervisor
faz a diferença no âmbito escolar, como se dá sua formação.
A escola hoje tem papéis mais complexos do que antigamente como
educar hoje com a ajuda dos profissionais da educação, se houve grande
aceleração nas formas de educação imposta pela sociedade, como se dá esses
papéis na escola hoje?
Esse profissional precisa passar também por um processo de atuação, já
que é especialista da educação.
Como pesquisaremos a sua verdadeira função e responsabilidade do
Supervisor no âmbito escolar nos dias atuais, o que de fato esse profissional faz.
Visando contribuir para a qualidade do ensino na formação de profissionais
competentes e compromissados com uma atuação voltada para a melhoria do
ensino aprendizagem, necessária para a transformação social, realizou-se esta
pesquisa no sentido de ampliar a visão de conhecimento sobre a função que
deve desempenhar o pedagogo como supervisor escolar.
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O objetivo foi conhecer as principais funções de um Supervisor Escolar
possibilitando a divulgação para outros educadores.
Vários autores que deram sustentação teórica a esse trabalho foram:
Alarcão (2001), Ferreira (org), (2002), Gramsci (1982), Libâneo (2005), Revista
Nova Escola (2006), Saviani (1985), Vasconcellos(2006), Silva (1985), Silva
Junior (1997), Rangel(2011) e Freire( 2010).
No trabalho discorreu-se sobre a Importância do Supervisor Escolar e o
seu papel de pedagogo. Partindo desse conhecimento iniciou-se o texto sobre
supervisão com o Supervisor e sua história, seu crescimento, seu verdadeiro
papel e a diferença em que há do Supervisor, Coordenador e Orientador
Educacional. Vivenciamos um processo de transformações com o desafio maior
de nos adaptarmos às exigências e competências do futuro.
As mudanças são velozes, radicais e, num mundo globalizado, onde a
mídia e a tecnologia se fazem presentes em nossas vidas, devemos estar
atentos, pois “novas exigências se impõem para as políticas educacionais em
responder de forma comprometida, ampla e efetiva às necessidades reais e
urgentes de formação, qualificação e valorização dos/das profissionais da
educação, a fim de possibilitar, pelo trabalho educacional, a realização pessoal e
profissional que constrói verdadeiramente os cidadãos e cidadãs brasileiros”,
observa Ferreira.
Os objetivos desta pesquisa é considerar de que forma é possível
compreender melhor o que o Supervisor faz e estudar a diferença que ele tem
que fazer no ambiente escolar e também esclarecer as diferenças sobre o
Supervisor, o Coordenador e o Orientador Educacional.
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CAPÍTULO I
O SUPERVISOR E SUA HISTÓRIA A Supervisão educacional no Brasil foi oficializada com a LDB de 1971,
mas a ideia de supervisão existe desde a época dos Jesuítas intricada nas
funções de prefeito de estudos e de inspetor. Contemporaneamente, a
supervisão tem caráter político e transformador.
Nessa presente pesquisa abordaremos a Supervisão Educacional em
perspectivas histórica e política. No primeiro momento faremos um panorama
histórico, desde a época do Brasil Colonial ate os nossos dias. No segundo
momento abordaremos a supervisão em caráter crítico, político e social.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional respalda a função do
Supervisor no art.64-“A formação de profissionais de educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para
a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível
de pós-graduação à critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a
base comum nacional.”
Os aspectos socioeconômicos e políticos influenciaram a ação supervisora
por toda a história educacional brasileira. Apesar de ser reconhecida pela LDB de
1971 oficialmente, a ideia de supervisão tem origem no Período Colonial, quando
foi organizado o primeiro sistema educacional brasileiro.
Os Jesuítas foram os primeiros educadores. A educação não era
considerada um valor social importante para uma sociedade agrário-exportadora
dependente, na verdade era uma arma de controle social.
A tarefa educacional baseava-se na catequese e na instrução para os
indígenas, entretanto a educação dispensada aos filhos da elite colonial
mostrava-se diferenciada.
Em uma sociedade desigual a educação é elitista. Em 1549, organizam as
atividades educativas no Brasil. No plano de ensino aviado por Manuel da
Nóbrega a ideia de Supervisão não se manifesta apesar da função supervisora
estar presente.
O Plano de instrução estava fundamentado na Ratio Studiorium, cujo “ideal
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era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se
preocupava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio à
realidade da vida e da colônia” (VEIGA, 2004).
Formas dogmáticas de pensamento contra o pensamento crítico
maculavam a ação pedagógica dos jesuítas que privilegiava a memorização e o
raciocínio.
Assim, tornava-se impossível uma prática pedagógica que buscasse uma
perspectiva transformadora na educação. Explicita-se na Ratio Studiorium a ideia
de supervisão educacional na figura do prefeito de estudos.
Com a reforma dos Jesuítas e as Reformas Pombalinas o sistema de
ensino foi extinto e junto com ele o cargo de Prefeito de Estudos.
Então em relação aos aspectos educacionais houve um retrocesso, pois
alguns professores leigos começaram a ser admitidos para as aulas régias
introduzidas pelas reformas de Pombal.
A ideia de supervisão continuava presente, agora, englobada nos aspectos
político-administrativos (inspeção e direção) da figura do Diretor geral; e também
nos aspectos de direção, fiscalização, coordenação e orientação do ensino, na
figura dos Diretores dos Estudos.
Com a Independência do Brasil é formulada a primeira Lei para a instrução
pública (15 de outubro de 1827) que instituiu as Escolas de Primeiras Letras
baseadas no “Ensino Mútuo”, método que concentra no professor as funções de
docência e supervisão, ou seja, instruir os monitores e supervisionar as
atividades de ensino e aprendizagem dos alunos.
O regulamento educacional do Período Colonial estabelecia que a função
supervisora devesse ser exercida por agentes específicos para uma supervisão
permanente, essa missão foi atribuída ao Inspetor Geral que supervisionava
todas as escolas, colégios, casas de educação, etc. públicos e privados.
O Inspetor Geral ainda presidia exames dos professores e lhes conferia o
diploma, autorizava a Abertura de escolas privadas e revisava livros.
O inspetor deveria ser um elemento de prestigio pessoal e conhecimento
com pessoas importantes e com autoridades constituídas.
Suas atribuições incluíam fiscalizar e padronizar as rotinas escolares às
normas oficiais das autoridades centrais, por essa razão exercia essas funções
como “autoridade do sistema”, através de visitas corretivas e de registros
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permanentes para confecção de relatórios a serem encaminhados aos órgãos
centrais.
Com o objetivo de fiscalizar o grau maior ou menor de desvio da ação
pedagógica em relação aos padrões estabelecidos pela Lei.
1.1. O Supervisor e sua verdadeira função na história
Com a discussão sobre a organização de um sistema nacional de
educação, “a ideia de supervisão vai ganhando contornos mais nítidos ao mesmo
tempo em que as condições objetivas começavam a abrir perspectiva para se
conferir a essa ideia o estatuto de verdade prático”. (SAVIANI, 2003)
Pautava-se em dois requisitos: a organização administrativa e pedagógica
do sistema e a organização das escolas na forma de grupos escolares.
No inicio do Período Republicano, sob a influência do positivismo a
reforma de Benjamim Constant é aprovada, gerando supri missão do ensino
religioso nas escolas públicas e o Estado passa a assumir a laicidade.
A visão burguesa é disseminada pela escola, visando garantir a
consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Com a expansão
cafeeira o modelo econômico passa de agrario-exportador para o modelo urbano-
comercial-exportador.
A Pedagogia Tradicional se articula no Brasil com os pareceres de Rui
Barbosa e de Benjamin Constant. Nessa pedagogia a ênfase recai ao ensino
humanista da cultura geral centrado no professor, a relação pedagógica é
hierarquizada e verticalizada, “o método de ensino é calcado nos cinco passos
formais de Herbart”. (VEIGA, 2004)
O período conhecido como a Primeira República é marcado por um
processo de descentralização do controle e de maior organização dos serviços,
incluindo os educacionais. A função de Supervisor era exercida pelo inspetor que
deveria ser uma pessoa qualificada, experiente e sensível para com os técnicos
pedagógicos do processo de ensino-aprendizagem.
Dentre suas principais atribuições podemos citar: orientar, controlar,
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supervisionar, fiscalizar e inspecionar todo processo educacional através de
conferencias, palestras e visitas, acompanhar o desenvolvimento do currículo nos
estabelecimentos, com o objetivo de orientar pedagogicamente os professores
mais jovens, buscando eficiência, introduzindo inovações, modernizando os
métodos de ensino e promovendo um acompanhamento mais atento do currículo
pleno nos estabelecimentos.
Surgem então na década de 20, os profissionais da educação, também
conhecidos com “técnicos em escolarização” e concomitantemente é criada a
Associação Brasileira de Educação por iniciativa por Heitor Lira. A ABE foi um
elemento propulsor e estimulante aos técnicos de educação.
A reforma João Luis Alves em 1924 criou o Departamento Nacional de
Ensino e o Conselho Nacional de Ensino separando, assim, a parte administrativa
da parte técnica que antes estavam unidas num mesmo órgão o Conselho
Superior de Ensino.
Esse foi um passo importante para a criação do Ministério da Educação e
Saúde Publica e essa separação propiciou o surgimento da figura do Supervisor
distante da figura do inspetor e diretor.
A partir daí, ele é responsável pela parte técnica enquanto o diretor é
responsável pela parte administrativa.
Na década de 30, a sociedade brasileira sofre profundas transformações
sociais, econômicas e políticas que refletem no modelo educacional. A crise de
1929 desencadeia a decadência do café e a Revolução de 30.
Vargas empossado constitui o Ministério da Educação e Saúde Publica.
Por influência do Liberalismo é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Escola
Nova, preconizando a reconstrução social da escola na sociedade urbana
industrial.
Nesse contexto de mudança a educação passa a ter um caráter mais
técnico e a valorizar os meios de organização dos serviços educacionais, com o
objetivo de racionalizar o trabalho educativo dando relevância aos técnicos, entre
estes o Supervisor.
O suprimento do cargo de Supervisor Educacional está relacionado com
as vinculações do Brasil com os Estados Unidos.
O novo modelo econômico baseado no desenvolvimento e na injeção do
capital estrangeiro no país trouxe consigo não só os padrões econômicos
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americanos, mas também o modelo educacional americano, onde o Supervisor
tinha lugar de destaque dentro da escola.
Com a instalação da Ditadura Militar, a educação passa a ser oferecida
nos moldes da Pedagogia Tecnicista, há um descaminho. O autoritarismo e a
repressão são os alicerces dessa pedagogia, o trabalho é fragmentado e
mecanicista, da mesma forma que numa fábrica, busca-se a burocratização, a
eficácia e resultados imediatos.
1.2. O Supervisor e seu crescimento na história
O governo aprovou as Reformas de 1° e 2° graus e Universitária, sendo
que esta reformulou o Curso de Pedagogia que ganhou novas habilitações:
administração, inspeção, supervisão e orientação, com isso a função de
Supervisor Educacional é profissionalizada.
O Supervisor Educacional é um especialista em educação, exercia sua
função como controlador do processo de produção assumindo características de
coordenação e direção do trabalho, ou seja, atuando como elemento mediador
(como uma função técnica que está a “serviço de”).
Exercia essa função através de treinamento de professores para discutir e
difundir os fundamentos de organização dos processos de trabalho e do controle
sobre ele buscando a aplicação do conceito de racionalidade à administração e
do processo com o objetivo de aumentar a produtividade da mão-de-obra e a
melhoria de seu desempenho.
A função do Supervisor Educacional reflete o contexto histórico do período
marcado pelo desenvolvimento nacional e de estabilidade política, altamente
mecanicista, utilitário, burocrático e pragmático.
Nos anos 70, em todos os estados da Federação, a Supervisão ganhou
força institucional com a nova Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1° e 2°
graus, lei 5.692/71(Brasil, Congresso Nacional, 1971).
No Novo Estado do Rio de Janeiro, a Supervisão, a partir de 1975, adquiriu
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contornos relevantes, em virtude da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de
Janeiro.
A denominação de Supervisão Educacional engloba atividades de
assistência técnico-pedagógica e de inspeção administrativa, tornando-se mais
abrangente para atingir não só a escola como todo o sistema.
Assim o novo estado do Rio de Janeiro viu-se na contingência de
estruturar os órgãos do novo governo e, dentre estes, o que seria responsável
pela Educação e Cultura: a Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio
de Janeiro (Seec/RJ).
O relatório do grupo de Trabalho de Planejamento do Sistema Educacional
do novo estado do Rio de Janeiro (Secretaria de Educação e Cultura, 1975)
continha, na sua introdução, a declaração dos princípios que iriam nortear a
filosofia e a política de educação do grupo. No texto, a educação foi definida
como:
(...) o processo de melhoria do entendimento humano e seus objetivos
convergem para a formação e aperfeiçoamento do homem, sob todos
os aspectos no decorrer de toda a sua vida.(p.1)
Para Moulin (1975, p.24), a educação no novo estado foi caracterizada
como um processo global e permanente: a formação do homem integral só
poderia concebida dentro de um processo educativo global, em que múltiplas
agências seriam utilizadas e no qual a comunidade se tornaria e agente e sujeito
do processo, vindo, então, a instituir-se numa “comunidade educativa”. O aspecto
de continuidade, isto é, a educação que acompanha o indivíduo no decorrer de
toda a sua vida, dá ao processo o caráter de “educação permanente”.
E qual seria o papel da escola nesse cenário? No documento oficial da
Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, intitulado “O
processo de regionalização na área de educação e cultura” (1975, p.13), a escola
deveria fazer parte integrante e integradora de uma “comunidade educativa”, que
iria além dos seus rumos, possibilitando um verdadeiro intercâmbio para, de fato,
atingir todos os homens e o homem todo. Nesse sentido, tal objetivo só seria
atingido por uma escola viva, na qual interagissem todos os setores da
comunidade.
A existência de Centros Regionais de Educação, Cultura e Trabalho e
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Núcleos Comunitários pretendeu dar viabilidade ao projeto de cidade educativa,
abrindo perspectivas para a solução integrada dos problemas que desafiavam a
operosidade e a imaginação dos setores responsáveis pelo empreendimento
educativo (Lima1979).
Nesse empreendimento, a Supervisão Educacional teve papel importante,
uma vez que o supervisor foi o único técnico da Secretaria de Educação ter
acesso sistemático aos níveis regional (núcleo) e local (escola), levando as
diretrizes emanadas da Secretaria Estadual de Educação, bem como trazendo os
problemas encontrados nos núcleos e nas escolas para que fossem
solucionados, colaborando, dessa forma, para a manutenção de um fluxo de
informações efetivo.
Na estrutura da nova Secretaria de Educação, a Supervisão Educacional
foi organizada como uma das Assessorias do Departamento de Educação e logo
depois transformada em Coordenação de Supervisão Educacional-Ecsupe
(Souza1978).
Assim, o Sistema de Supervisão Educacional foi estruturado em três
níveis: central, regional e local (Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de
Educação,1981), atendendo ao processo de regionalização do governo pós-
fusão.
No cenário nacional, a supervisão escolar tornou-se uma “função meio”,
que garantiria “(...) a eficiência da tarefa educativa, através do controle da
produtividade do trabalho docente” (Lacerda1983, p.75).
Nessa perspectiva, pretendia-se que a supervisão configurasse um serviço
técnico, independente de qualquer opção política e ideológica, ou seja, um
serviço “neutro”.
No entanto, para Romanelli: esta pretensa neutralidade técnica é uma
força que busca camuflar, com a racionalidade das decisões técnicas, o
fortalecimento de uma determinada estrutura de poder que procura, sob várias
formas, substituir a participação social pela decisão de poucos. (1984, p.231)
Nessa visão, infere-se que a supervisão foi imposta à educação brasileira
como necessidade de “modernização”, a fim de garantir a “qualidade do ensino”,
mas também, para assegurar a hegemonia da classe dominante entendida como:
(...) capacidade de direção cultural e ideológica que é apropriada por uma
classe exercida sobre o conjunto da sociedade civil, articulando, de tal forma,
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seus interesses particulares com os das demais classes, de modo que eles
venham a se constituir em interesse geral. (Cury1985. p.53)
Como caráter, a supervisão escolar desenvolveu uma prática voltada para
os aspectos tecnoburocráticos do ensino, em que o controle era a principal
estratégia que iria assegurar seu papel reprodutor na sociedade capitalista
brasileira.
Confirmando essa tese, a formação do supervisor se dá voltada para o
desenvolvimento de uma concepção de supervisão escolar funcionalista,
concepção que percebe a escola de modo passivo, na qual qualquer mudança é
vista com um desequilíbrio no estado homeostático, negando-se, portanto, o
caráter dinâmico e evolutivo da instituição da escola e da sociedade
(Medeiros1985, p.24).
A visão funcionalista enfatizava a necessidade e a importância da definição
de papeis a seres desempenhados pelos elementos que integravam a instituição.
Assim, (...) um papel é compreendido como uma cristalização de uma relação de
forças, tendo por efeito o reconhecimento de que uma sequência de práticas
deve ser estruturada de certa maneira e não de outra. (Silva 1981, p.9)
O tipo de formação baseada na concepção funcionalista da supervisão
tem, entre outros indicadores:
o A ênfase no processo de “como fazer”, ou seja, nos meios, sem a
percepção dos fins, de quem está a serviço:
o O controle da ação pedagógica do docente, como meio de garantir
a “qualidade do ensino”;
o A inculcação e a defesa da ideologia dominante, através de meios
considerados neutros, tais como: livros didáticos, métodos e
técnicas de ensino (Medeiros 1985, p.25).
Na década de 80, a crise socioeconômica e a Nova Republica dão início a
uma nova fase. A luta operária ganha força e os professores lutam pela
reconquistas do direito de participar da definição da política educacional e da luta
pela recuperação da escola pública.
A primeira Conferência brasileira de Educação constitui um espaço para
discussão e disseminação da concepção crítica da educação e a Pedagogia
Crítica ganham espaço no cenário educacional
A crítica ao “funcionalismo” na supervisão e, de modo geral, nas
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especialidades pedagógicas (administração e orientação educacional)
radicalizou-se no Brasil nos anos 80, a ponto de acentuarem-se posições em
favor de eliminá-los das escolas.
Entretanto, os próprios fatos da realidade “falam mais altos”, mostrando
que o serviço supervisor tem na sua especificidade, uma atuação necessária à
organização e ao encaminhamento do trabalho pedagógico.
E chega-se aos 90 reconhecendo-se que a supervisão pode fazer uso da
técnica, sem a conotação de “tecnicismo”.
Trata-se, portanto, de uma função que, contextualizada, insere-se nos
fundamentos e nos processos pedagógicos, auxiliando e promovendo a
coordenação das atividades desse processo e sua atualização, pelo estudo e
pelas práticas da Supervisão Educacional.
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CAPÍTULO II
O VERDADEIRO PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR
“Supervisor” o que procura a “visão sobre”, no interesse da função coordenadora e articuladora de ações é também quem estimula oportunidades de discussão coletiva, crítica e contextualizada do trabalho. Mary Rangel
No projeto de Lei n° 290/2003 do Deputado Nelson Härter vemos a
regulamentação da profissão de supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, e
dá outras providências.
Art. 1°- A profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar,
regula-se por esta lei.
Art. 2°- O Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, tem como
objetivo de trabalho articular crítica e construtivamente o processo educacional
motivando a discussão coletiva da Comunidade Escolar acerca da inovação da
prática educativa a fim de garantir o ingresso, a permanência e o sucesso dos
alunos, através de currículos que atendam às reais necessidades da clientela
escolar, atuando no âmbito dos sistemas educacionais Federal, Estadual e
Municipal, em seus diferentes níveis e modalidades de ensino e em instituições
públicas e privadas.
Art. 3°- O exercício da profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor
Escolar, é exclusivo dos portadores de diploma de curso superior, devidamente
registrado pela Universidade formadora e/ou por Universidade indicada pelo
Conselho Nacional de Educação, nas seguintes modalidades;
I – de licenciatura plena em Pedagogia, habilitação em Supervisão
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Educacional, ou Supervisão Escolar;
II – de pós-graduação em Supervisão Educacional, ou Supervisão Escolar;
III – emitido por instituições estrangeiras de ensino superior, congêneres,
devidamente revalidados e registrados como equivalente ao diploma mencionado
nos incisos I e II, na forma de legislação em vigor.
Art. 4° - São atribuições do Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar,
a coordenação do processo de construção coletiva e execução da Proposta
Pedagógica, dos planos de Estudo e dos Regimentos Escolares, além das
seguintes:
I – investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar o currículo em
integração com outros profissionais da Educação e integrantes da Comunidade;
II – supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula
estabelecidos legalmente;
III – velar pelo cumprimento do plano de trabalho dos docentes nos
estabelecimentos de ensino;
IV – assegurar o processo de avaliação da aprendizagem escolar e a
recuperação dos alunos com menor rendimento, em colaboração com todos os
segmentos da Comunidade Escolar, objetivando a definição de prioridades e a
melhoria da qualidade de ensino;
V – promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional,
estimulando o espírito de investigação e a criatividade dos profissionais da
educação;
VI – emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;
VII – planejar e coordenar atividades de atualização no campo
educacional;
VIII - propiciar condições para a formação permanente dos educadores
com as famílias e a comunidade, criando processos de integração com a escola;
IX - promover ações que objetivem a articulação dos educadores com as
famílias e a comunidade, criando processos de integração com a escola;
X- assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e privadas
nos aspectos concernentes à ação pedagógica.
Art. 5°- É direito dos Supervisores Educacionais se organizarem em
entidades de classe.
Art. 6° - Os sistemas de ensino que congreguem em seus quadros, o
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Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, devem regulamentar, em
documento específico, a carreira desse profissional, definindo as condições de
ingress0o, os critérios de progressão e a remuneração.
Art. 7°- Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
(PROJETO DE LEI N° 290/2003)
(Deputado Nelson Härter)
2.1- O perfil de um Supervisor Escolar
“Supervisão” encaminha o sentido de “visão-sobre”, necessária à
percepção ampla dos aspectos e dos componentes das atividades
supervisionadas.
Tratando-se das atividades escolares e da supervisão pedagógica (aqui
entendida como supervisão que, na escola, se faz no âmbito do processo de
ensino-aprendizagem), a “visão-sobre” alcança os fatores inerentes às relações
entre alunos, professores, conteúdos, métodos e contexto do ensino.
O supervisor é o articulador do Projeto Político-Pedagógico, da instituição,
com os campos administrativos e comunitários, deve circular entre os elementos
do processo educacional cabendo-lhe a sistematização e integração do trabalho
no conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade.
O foco da atenção do supervisor no trabalho de formação é tanto individual
quanto coletivo, para contribuir com o aperfeiçoamento profissional de cada
professor e ao mesmo tempo ajudar a constituí-los enquanto grupos.
O papel do Supervisor é mediar à relação professor/aluno no processo de
ensino-aprendizagem, acolher o professor em sua realidade, criticar os
acontecimentos, instigando a compreensão própria de participação do professor
em questões educacionais.
A ação supervisora deve estar fundamentada em três dimensões básicas:
atitudinal, procedimental e conceitual. A dimensão atitudinal está ligada a um
valor, a ética, a moral, a todos os valores de uma prática.
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As relações que se estabelecem no processo de ensino-aprendizagem
convocam a atenção dos educadores, pela importância social do conhecimento-
objeto desse processo e dos sujeitos a quem esse conhecimento se destina.
No caso dos educadores-supervisores, pela especificidade de seu
trabalho, solicita-se uma atenção especial às oportunidades de estudo (de
reflexão téorico-prática) e de coordenação (organização comum do trabalho), no
interesse em que as decisões e as ações referidas ao ato de ensinar e aprender
se façam de modo fundamentado e articulado.
Com referência a esta pesquisa bibliográfica, o supervisor apresenta-se,
então, como um líder (reconhecido pela competência, pela identificação com os
interesses coletivos) que mobiliza que dinamiza encontros para discussão e
atualização teórica das práticas.
E entre os vários objetivos desta “mobilização” ao estudo, destacam-se
novamente, a consciência do propósito das ações e a ampliação (político-social)
dos princípios e dos conceitos que as orientam.
Desse modo, evitam-se a rotinização e a mecanização das ações,
entendendo-se que o processo de ensino-aprendizagem é contextualizado e
socialmente comprometido. Assim, ao se “estudar” este processo, observam-se
as suas implicações, os seus porquês e para quem.
E porque a prática social se impõe como origem e finalidade da prática
pedagógica, o estudo (as oportunidades de encontros, neste sentido,
coordenados e mobilizados pelo supervisor) encaminha-se na direção de
compreender e praticar o ensino, no interesse de assegurar a aprendizagem do
conhecimento crítico-social.
O estudo do ato de ensinar e aprender (mobilizado, dinamizado, liderado
pelo educador-supervisor) leva, então, em conta o compromisso de garantir o
alcance do conhecimento pelo aluno (e também pelo professor), entendendo-se a
importância desse conhecimento para a prática social.
O supervisor constitui-se em um agente de mudanças, no sentido de
dinamizar o trabalho de equipe e para tal é preciso ser um líder funcional, que
motive lideranças em todos os grupos de atuação do processo educacional.
A Supervisão educacional pode atuar como participação da construção da
sociedade quando reconhece o seu papel como ator social e exercer a sua
função política com consciência e comprometimento.
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Na sociedade moderna, não existe o técnico isolado. O processo
educacional, nos seus vários momentos-planejamento, implementação e
avaliação - deve ser fruto da contribuição de uma equipe. Antes de tudo, o
supervisor pedagógico é membro de uma equipe.
2.2- Responsabilidades de um Supervisor Escolar
Segundo “Carvalho, (I.M.)” O líder que obtém os melhores resultados é
aquele que desempenha bem vários papéis: que se dedica mais a planejar e a
providenciar os meios necessários à ação do que a controlar a atuação de cada
membro do grupo e o desenvolvimento de cada fase do trabalho; que sabe
delegar; que prefere estimular e apoiar a criticar; que consegue unir o grupo,
criando atmosfera cooperativa; que desenvolve a lealdade dos membros para
com o grupo; (...)
A educação é vista, hoje, como processo orientado para a realização
individual e social do educando, sujeito desse processo. Visa o desenvolvimento
da pessoa humana em sua integridade, a fim de ampliar a sua capacidade de
modificar o meio em que vive, satisfazendo, assim, as suas necessidades.
A educação não se processa de forma individualizada, porém num
contexto social, organizado de forma mais abrangente e ambiciosa, em condições
previamente estabelecidas, tomando um caráter bastante formal, restringindo ou
dificultando os propósitos iniciais.
Assim considerada a questão, tanto o conceito de educação vigente como
a maneira de conceber a escola e sua função social determinarão o sentido
prevalecente da supervisão, o aperfeiçoamento do trabalho educativo e definição
das bases mais seguras para se atingir os objetivos estabelecidos.
(ALONSO, 1992, p. 168).
A “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dá respaldo para a
função de Supervisor, no artigo 64-” A formação de profissionais de educação
para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional
24
pra a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em
nível de pós-graduação a critério da instituição de ensino garantida nesta
formação, a base comum nacional.
Os aspectos socioeconômicos e políticos influenciaram a ção supervisora
por toda a história educacional brasileira.
O Supervisor educacional é então um profissional especialista em
educação e como função política, reflexiva, crítica, assumida, inovadora,
decisória, transformadora, libertadora e criativa em todas as situações.
Acredito que o Supervisor, por meio das atividades baseadas na pesquisa
do trabalho realizado no dia a dia da escola, identifica os espaços que pode
ocupar ao problematizar o trabalho do professor regente de classe.
Por ser o trabalho do professor o que dá sentido ao trabalho do Supervisor,
este não pode ser predeterminado ou preanunciado como sendo necessário. O
trabalho do Supervisor está tramado na ação do professor.
Como as escolas não são iguais- são unidades diferentes ligadas a um
mesmo sistema de ensino -, a forma que o supervisor utiliza para investigar seu
espaço não pode ser a mesma. Cada escola possui especificidade em termos de
comunidade, alunos, professores e administração.
Cada escola tem sua própria forma de encaminhar o trabalho do
Supervisor, considerando suas necessidades, seus desejos e os projetos de
desenvolvimento como unidade de sistema de ensino.
A sensibilidade é uma das grandes virtudes da função supervisora, a
capacidade de perceber o outro, reconhecer seu potencial, valor, características e
evitar generalizações, dar leveza ao trabalho da formação, além disso, passar
confiança, conquistar a confiança de todos não se utilizando de autoritarismo,
mas buscando construir um relacionamento baseado na confiança, através de
atitudes concretas no cotidiano de trabalho.
É necessário que o Supervisor veja que para se concretizar um processo é
necessário assumir responsabilidades por seus atos, querer o bem, não
prejudicar o outro, ter ética e transparência entre os membros do grupo para que
não faça naufragar as tentativas de mudanças do processo educacional.
Cabe ao Supervisor coordenar o planejamento, a implementação e o
controle do processo ensino-aprendizagem, prestar assistência técnico-
pedagógico a todos os elementos envolvidos no processo ensino-aprendizagem
25
e é responsável pelo fluxo das informações, no seu campo de ação, dentro do
processo ensino-aprendizagem.
Na função básica de coordenar o planejamento, a implementação e o
controle do processo ensino aprendizagem, cabe ao Supervisor garantir a
eficiência do processo e a eficácia do produto, consonância com a filosofia
educacional da escola e com as orientações e determinações da LDB.
Somente o microcurrículo tornará significativo as diretrizes oriundas da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois somente ele pode equacionar
a problemática inerente a cada escola, permitindo uma ção engajada na
realidade que, sofrendo o impacto do que foi planejado, será mantida ou
modificada.
Uma vez que, “em um a sociedade moderna, complexa e em rápida
mudança, a Educação só será adequada se o professor conhecer o mundo social
de que provêm seus discípulos, para o qual têm de ser preparados, e se ele for
capaz de avaliar a maior parte do que fazer em termos de resultados sociais.”
(Mannheim, K..)
Na sua função básica de assistir técnica e pedagogicamente aos
elementos envolvidos no processo, sempre em estreita relação com o orientador
educacional, o Supervisor será menos um elemento de gabinete e mais de ação.
Na unidade escolar, o aperfeiçoamento e a atualização do pessoal
envolvido no processo ensino-aprendizagem é atribuição do Supervisor que, de
forma criadora, observando as condições existentes, deve utilizar a formação
continuada em suas múltiplas possibilidades e formas.
“É preciso não esquecer que, se o aluno é o centro de toda a atividade
educacional, o professor é instrumento dessa dinamização, que necessita de
constante e continuada assistência. Só o professor que se sente apoiado por uma
estrutura tecnicamente forte e segura, poderá colaborar, efetiva e
conscientemente, para a consecução dos objetivos educacionais e operacionais
da escola”. (Wenzel, m. de L.)
A personalidade do Supervisor dentro da escola, atuando com pessoas,
recria atividades, métodos e técnicas. Dentre as inúmeras atividades da
Supervisão pedagógica, apontamos algumas consideradas básicas para a
dinamização da equipe pedagógica.
O Supervisor precisa manter o corpo docente atualizado quanto à:
26
elaboração dos planos, legislação de ensino, métodos e técnicas de ensino, a
problemática da educação em nosso tempo e a bibliografia em educação.
É preciso orientar o corpo docente quanto aos sistemas de avaliação e
recuperação, a adaptação e complementação de programas, ao preenchimento
de atas, formulários, diários de classe, fichas de planejamento e avaliação.
E em ação conjunta com a O.E., os professores no sentido de atenderem seus
alunos em suas características, visando a uma formação holística do sujeito,
considerando a dimensão pessoal, profissional e cidadã de cada um.
A função do supervisor no contexto histórico brasileiro é
fundamentalmente político e não técnico como se difunde. Para não contribuir
para esse reforçamento o supervisor deve mudar de atitude, assumindo seu
papel político explicitamente.
Antes de qualquer coisa o supervisor é educador e precisa está
comprometido com a mudança, não somente ter a habilitação em Pedagogia, não
ser somente um pré-requisito, mas ser consciente de seu papel no processo
histórico e do seu lugar dentro da escola e fora dela.
Segundo Saviani, a Supervisão em educação é entendida como uma
função educativa, como tal, tem a característica técnica-política de
instrumentalizar o povo para determinados fins de participação social.
Ele necessita compreender e ultrapassar a percepção da escola brasileira
na sociedade capitalista buscando a transformação, tendo clareza das suas
posições políticas e educativo sendo sujeito ativo desse processo histórico dele e
dos atores para que se procedam as mudanças requeridas no momento atual.
27
CAPÍTULO III
A DIFERENÇA QUE O SUPERVISOR ESCOLAR FAZ NO
ÂMBITO ESCOLAR
A educação é uma manifestação de atividade social. Apesar de
esquematizar a educação partindo da posição que o homem precisa ser moldado
pela sociedade, a relação estabelecida entre o indivíduo e a sociedade através da
educação, está fundamentada nas suas origens.
A educação não é efetiva numa realidade isolada a radicalização do
processo capitalista associado é uma opção acelerada de modernização. Com o
objetivo de alcançar o modelo implantado atingindo a acumulação do capital, se
faz necessário a formação de certo profissional, daí as implicações do modelo
econômico na educação: qualificar profissionais técnicos para atender as
necessidades do mercado de trabalho.
De acordo com esta ideologia a contribuição da educação é dupla, trata-se
de uma educação técnica, reduzida aos aspectos técnicos que deturpa o sentido
da verdadeira ação educativa e global.
O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia,
cria situações próprias para seu exercício, produz os métodos, estabelece regras
e tempos e constitui executores especializados. É quando surgem escola,
professor, diretor e supervisor.
Segundo Nogueira, a categoria ao se posicionar por ser agente de
transformação da realidade social vigente, por uma nova política nacional de
supervisão educacional e pelo comprometimento com a concepção de educação
e de escola que atenda aos anseios da sociedade brasileira numa perspectiva
democrática e democratizadora.
Será no interior de uma escola democrática, destinada à formação das
potencialidades dos indivíduos onde a supervisão poderá tornar-se uma ação
coletiva dos agentes educativos apropriadores do mundo objetivo, autônomos e
28
conscientes.
A história do profissional, do grupo e da instituição nos ajudará a perceber
o que acontece no presente, possibilitando uma aproximação mais adequada á
realidade.
Segundo Mary Rangel, a competência a ser construída pelos supervisores,
em qualquer nível que atuem, deve se revelar primeiro na sua capacidade de
visualizar claramente qual pode e deve ser o papel da supervisão exercida por
um educador.
Essa competência compartilhada precisa, em cada momento e espaço,
assumir, na ação, a dimensão técnica e o compromisso político do saber-fazer. O
compromisso com a mudança, para nós, define o olhar voltado para os fins da
educação, para o ensino, para o aluno e não a “fidelidade” ao sistema.
A coerência com esse compromisso impulsiona a ação para a vivência de
valores que rompem efetivamente com o vínculo de submissão, com a relação
estabelecida com função reguladora e normativa, que impõe um saber vindo de
fora, em vez de auxiliar a construção de um saber coletivamente refletido e
autoconstruído.
Os valores dessa ordem, vivenciados na prática, colocarão os supervisores
ao lado dos professores para, juntos, montarem um projeto de escola que
possibilite ao aluno, qualquer que seja ele, a compreensão do significado dos
saber construído pela humanidade.
É preciso que o compromisso político do educador-supervisor faça uso do
discurso e dos espaços instituídos, fazendo uma reinterpretação crítica da
burocracia imperante no sistema, a fim de colocá-la a serviço da finalidade
educativa da escola.
Provocando a reflexão sobre sua prática, tendo em vista a qualidade do
ensino a ser oferecido à grande massa da população brasileira, o supervisor terá
a oportunidade de redefinir seu papel, revertendo o fluxo, colocando o sistema a
serviço da escola, impedindo que ela continue tarefeira do sistema, desviando-se
cada vez mais de sua função social.
Na relação entre educação e sociedade é preciso notar não só os
compromissos da educação (com o conhecimento e a sua finalidade crítico-
social), como também os compromisso do Estado com a educação. É este mais
um sentido, uma direção, um motivo de liderança do Supervisor.
29
Daquele que se propõe conceitualmente à visão-sobre, à coordenação
(“ordenação” comum, coletiva, do trabalho, observando as articulações das
diversas atividades e a consciência dos seu fins) espera-se, também, que lidere
as reivindicações do direito da educação e dos educadores ao dever (que se
realiza no apoio, nos recursos, nas prioridades) da escola.
A qualificação do trabalho educativo e dos profissionais que o realizam
inclui-se, então, como meta e motivação da liderança que o supervisor assume
na especificidade e na competência e no compromisso de seu papel.
Confirmam-se então a ideia, o princípio de que o supervisor não é um
técnico encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos, um controlador de
produção, sua função e seu papel assumem uma posição social e politicamente
maior, de líder, de coordenador, que estimula o grupo à compreensão-
contextualizada e crítica- de suas ações e, também de seus direitos.
Nesse processo, professor e supervisor têm seu projeto próprio de
trabalho: o primeiro, o que o aluno produz; e o segundo, o que o professor
produz.
No diálogo do professor com o supervisor surgem as formas para
encaminhar o acompanhamento da aprendizagem dos alunos.
Assim, o supervisor torna-se um parceiro político-pedagógico do professor
que contribui para integrar e desintegrar, organizar e desorganizar o pensamento
do professor num movimento de participação continuada, no qual os saberes e os
conhecimentos se confrontam.
É também indispensável que se entenda que o espaço ocupado pelo
supervisor na escola não lhe garante privilégios, pelo fato de não estar regendo
classe; ao contrário, atribui-lhe um trabalho amplo na escola, envolvendo a ação
dos professores, o anseio da comunidade e o desejo dos alunos.
Essa ação requer do supervisor habilidades e conhecimentos para
participar. Ao mesmo tempo, é interessante que o supervisor observe o que se
desenvolve no dia a dia da escola, sempre recomeçado, registre as falas que
ouve, os gestos que revelam os pensamentos necessários para o refletir da ação
vivida pelos professores que como homens e mulheres trabalhadores(as),
carregam o fardo da sociedade capitalista.
Esta sociedade tem uma forma própria de organizar suas instituições
sociais, forma esta na qual se enquadra a escola, encarregada de desenvolver
30
ensino e educação.
O eixo central do trabalho do Supervisor é a qualificação do processo de
ensino como forma de possibilitar a efetiva aprendizagem por parte de todos,
então, algumas práticas empíricas que objetivam renovar a prática educativa
podem ser utilizadas como estratégias complementares de trabalho entre elas
podemos citar a interação com os docentes, a visão estratégica e atualizada e a
redução do caráter burocrático ao mínimo.
O Supervisor pode se valer de oportunidades para conseguir o seu objetivo
máximo: melhorar a situação ensino-aprendizagem através de aperfeiçoamento
do professor. Seriam ocasiões possíveis, criadas e utilizadas pelo Supervisor
para realizar a sua tarefa.
As reuniões de pais e mestres são uma dessas oportunidades, elas
devem constituir oportunidade de crescimento pessoal e de todas as pessoas
envolvidas devem ser participantes ativos, serve para o estudo conjunto das
responsabilidades de todos os atores educacionais, pelos resultados obtidos,
precisa ser planejada para atender aos objetivos previstos.
Os supervisores precisam ser bem preparados, atualizados, dinâmicos e
preocupados com o destino dos alunos e com as responsabilidades da escola
para com a comunidade.
A mobilização de todos os elementos responsáveis pelo processo
pedagógico e a organização funcional e flexível da estrutura exigirá uma perfeita
definição das varias atribuições e atividades, bem como de normas de trabalho
claras e precisas por parte do Supervisor.
Medina, 1995, diz que o “Supervisor moderno deve ser uma pessoa capaz,
preparada sob o ponto de vista educacional e psicológico, especialista no
processo democrático do grupo”.
O trabalho dos profissionais da educação em especial da Supervisão
educacional é traduzir o novo processo pedagógico em curso na sociedade
mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com base nas
condições concretas dadas, promover articulações necessárias para construir
alternativas que ponham a educação a serviço do desenvolvimento de relações
verdadeiramente democráticas.
31
3.1- Os desafios de um Supervisor Escolar no âmbito educacional
Para desenvolver o trabalho idealizado por Ferreira, o Supervisor precisa
ser um constante pesquisador, é necessário que ele antecipe conhecimentos
para o grupo de professores, leia muito, não só conteúdos específicos, mas
também livros, jornais e revistas diferentes.
Entre as tarefas do Supervisor estão ajudar a elaborar e aplicar o projeto
da escola, dar orientação em questões pedagógicas e principalmente, atuar na
formação contínua dos professores.
O Supervisor faz a transposição da teoria para a prática escolar, reflete
sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa teorias para fundamentar o fazer
e o pensar dos docentes.
Um bom supervisor deve apresentar em seu perfil as seguintes
características como já foi pesquisado neste trabalho: auxiliador, orientador,
acessível, eficiente, capaz, produtivo, colaborador, atencioso e estar acima de
tudo aberto a mudanças.
A Supervisão Escolar passa então a ser uma ferramenta de atuação tem
como principio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o modificar e para isto
é necessário que esteja firmado em nossa essência o querer moldar pessoas.
Cunha, diz o seguinte: “É imperioso que o profissional de educação
contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a
resolução de problemas e enfrentamentos de desafios na escola.” (2006.p.271)
Apontado o primeiro passo, que é o querer, passemos para outro, o fazer.
Para se construir sociedades humanas é preciso interessar-se em pessoas, já
que pessoas são mais importantes que coisas, precisamos criar uma cultura do
fazer, do preocupar-se, do incomodar-se com este sistema que hoje se faz
presente.
A diferença está em aceitar as crianças como vêm, mas não deixá-las sair
da mesma forma que entraram. É preciso estar num processo de simbiose onde
passemos a sentir o que nossos pequeninos sentem e compreendem como
podemos ser instrumentos de ajuste social no contexto que se apresenta na
escola.
Isto só é possível se estivermos imbuídos de um espírito de altruísmo, já
32
que nem sempre a supervisão escolar terá a seu dispor a estrutura necessária
para desenvolver seus projetos e suas metas.
Logo chegamos ao entendimento que precisamos ser realmente ser
apaixonados por gente, amar as pessoas verdadeiramente, onde todo professor,
educador, supervisor, gestor, etc. precisa dessas características.
O segredo do sucesso está em ouvir os educandos em suas dificuldades e
necessidades, buscar estabelecer entre educandos e educadores um canal de
comunicação que vise dar a eles a condição de serem ouvidos.
A escola pode ajudar muito neste sentido, desde que todos os envolvidos
contribuam com sua parcela de ajuda comprometendo-se com o desenvolvimento
social, educacional e familiar de todos os educandos.
Segundo Ferreira (2003, p.10) “O papel da escola hoje é formar pessoas
fortalecidas por seu conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente
corretas, capazes de autocrítica, solidárias com o mundo exterior e capacitadas
tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização profissional”.
O desafio para o profissional da Supervisão Escolar é enorme, ele terá que
muitas vezes ser um visionário, já que o reflexo de suas ações poderá acontecer
talvez no futuro e a construção do educando só será sentida no decorrer dos
anos, já que o trabalho de supervisores e professores é feito coletivamente.
Não podemos vislumbrar como as nossas ações afetarão aqueles que nos
são confiados, ou de que forma afetarão todos que rodeiam ou que sonham com
a escola mais justa e mais humana. O que podemos ter certeza é que o futuro
não será o mesmo.
Existe muita negatividade dentro das escolas e como pedagogos, em
nossa prática docente sempre nos encontramos com estas soluções e
poderemos até vivenciar esta desesperança que às vezes se abate sobre nossos
próprios ombros. Sem dúvida construindo bases sólidas de conhecimento,
relacionamento e respeito poderão mudar este estado de coisas que hoje se
abate no sistema educacional brasileiro.
Cabe então ao Supervisor criar, portanto condições próprias para este
grande projeto de vida e construir grandes valores no espaço da escola criando
uma onda de relacionamento com as famílias, comunidade, escola e governo.
Os desafios são enormes, falta de estrutura, recursos escassos, má
vontade dos educadores, dos alunos, dos funcionários, enfim uma série de coisas
33
que dificultam o trabalho do Supervisor, mas não o impede que o mesmo possa
criar em sua atividade profissional meios de mudar esta realidade e fazer com
que esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara e se transforme na
escola dos nossos sonhos.
O Supervisor escolar deve ser uma ponte de acesso entre todos,
possibilitando um maior conhecimento entre os participantes desta grande
aventura que é a formação de pessoas para a sociedade.
Somente sendo um profissional antenado com estas características e com
as necessidades de todos os envolvidos tendo um forte senso de
responsabilidade e de iniciativa não esperando por quem não vem é que seremos
profissionais de sucesso e cidadãos realizados.
Diante das diferentes e diversificadas funções do Supervisor escolar,
podemos citar como a de maior relevância a de coordenador, onde a organização
do trabalho é comum, onde a unificação dos alunos, professores, equipe
pedagógica e direção de escola.
Ferreira diz “que ressignificar e revalorizar a supervisão, reconceitua-se, de
modo a compreendê-la na sua ação de natureza educativa e, portanto
sociopedagógica, no campo didático e curricular do seu trabalho, no seu
encaminhamento de coordenador.”
Na verdade não deveríamos ser chamados de Supervisores escolares,
mas sim de administradores de vidas, pois muitas delas dependerão de nossas
decisões e de como elas afetaram a vida de nossos alunos.
Segundo Libâneo (2005, p.33): “O pedagogo é o profissional que atua em
várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligada à
organização e aos processos de transformação e assimilação de saberes e
modos de ação, tendo em vista objetos de formação humana previamente
definida em sua contextualização histórica. “(2005, p.33)
A LDB diz que no Art.64. A formação de profissionais de educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para
a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em
nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino garantida, nesta
formação, a base comum nacional.
Portanto o pedagogo é o único profissional habilitado por lei e formação a
preparar, a administrar e avaliar currículos, orçamentos e programas escolares
34
além de poder atuar em atividades de pesquisa.
O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um
profissional qualificado para atuar em vários campos de trabalho educativos para
atender as demandas sócio-educativas de tipo formal e não-formal, decorrentes
das novas realidades, novas tecnologias, novos atores sociais e mudanças
profissionais.
Configura-se então uma realidade desafiadora, e, consequentemente, a
necessidade de uma revisão de papéis, de uma ressignificação da ação
Supervisora no sentido de conquistar autoridade através do conhecimento e da
contribuição com a aprendizagem dos professores.
Como ‘líder’ dos professores, ‘líder em potencial’, o Supervisor Escolar,
segundo Freitas (2003, p. 16):
“Precisa-se empenhar “em desenvolver habilidades
da equipe, identificar e comunicar valor e o
potencial de cada um, possibilitando, desta forma
uma motivação permanente”.
São muitos os desafios a serem vencidos pelos supervisores escolares
dentro de seu local de trabalho, mas é emergente que eles se afirmem enquanto
profissionais de educação para recuperarem o seu espaço que é de fato e de
direito.
“Sua carreira é o que você faz em sua vida. Gosto
do exemplo do designer, que junta seus trabalhos
num portfólio e os apresenta às empresas. Cada
projeto precisa ter uma explicação, uma lógica, uma
história. É a sua assinatura. No caso do profissional,
não importa necessariamente o cargo nem o
trabalho, mas os projetos dos quais participou e
como contribuiu. Cabe a você tornar cada projeto
uma grande experiência”.
(TOM PETERS, Revista VOCÊ S/A.2003: ed.65)
Nossa proposta para reflexão é a de que o Supervisor, apesar de todas as
atribuições inerentes à função e da atual desvalorização profissional, assuma o
35
papel de co-agente na construção de uma prática empreendedora na gestão
pedagógica.
Ao professor compete adotar uma postura de parceria e, como mediador,
propor situações de aprendizagem desafiadoras, tornando a sala de aula num
espaço prazeroso de transformação, de pesquisa, de investigação, que permita
ser o aluno o construtor de um novo saber, tornando-o capaz de interagir de
forma crítica, ética e inovadora na sociedade.
3.2- O sentido de ser um Supervisor Escolar
O ato de supervisionar deve buscar uma relação entre a objetividade e a
subjetividade das relações que se estabelecem no interior da instituição escolar e
não perder de vista o sentido de uma educação de qualidade.
O trabalho do Supervisor na escola requer um olhar atento, que perceba
as nuances que esteja disposto a instigar mudanças, que respeite diferenças e
que busque no processo do ensino a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade.
O Supervisor escolar deve contribuir para uma educação de qualidade,
baseada no ensino de que tenha significado dentro do processo pedagógico e
atuar com responsabilidade pensando na função social da escola no que se
refere na formação de sujeitos de direitos e deveres.
O Supervisor deve procurar ter consciência clara dos conceitos e crenças
que determinam sua maneira de agir, dos fins que pretende atingir e dos meios a
utilizar. Isto corresponde à filosofia que baseia sua pratica supervisora.
Então o Supervisor moderno deve ser uma pessoa capaz, preparada sob o
ponto de vista educacional e psicológico, especialista no processo democrático
do grupo. (Medina,1995).
Os princípios do Supervisor escolar é ter consciência das articulações e
implicações entre pedagogia, educação, didática, informação, conhecimento e
sociedade.
36
A atuação do Supervisor escolar deve contribuir para o efetivo
aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem, seus efeitos e perspectivas.
É preciso acompanhar a prática de sala de aula dos professores, promover
a formação continuada dos professores. Acompanhar e coordenar as reuniões de
planejamento (plano de ação-reflexão-ação) e realizar encontros entre alunos e
professores, organizar sessões de estudo da proposta pedagógica.
O Supervisor escolar deve sugerir e viabilizar cursos, palestras,
seminários, estudo orientado, etc. Deve criar espaços de elaboração–retomada-
aplicação-execução e avaliação do plano envolvendo a escola.
Nossa proposta para reflexão é a de que o Supervisor, apesar de todas as
atribuições inerentes à função e da atual desvalorização profissional, assuma o
papel do co-agente na construção de uma prática, empreendedora na gestão
pedagógica.
Ao professor compete adotar uma postura de parceria e, como mediador,
propor situações de aprendizagem desafiadoras, tornando a sala de aula num
espaço prazeroso de transformação, de pesquisa, de investigação, que permita
ser o aluno o construtor de um novo saber, tornando-o capaz de interagir de
forma crítica, ética e inovadora na sociedade.
Sendo sua ação pautada pela ética, responsabilidade, sensibilidade,
transparência e trabalhando em equipe, tendo perseverança, comprometimento e
cumplicidade, estaremos em constante busca da qualidade do ensino e, dessa
forma nós tornaremos “parceiros-políticos-pedagógicos”, do professor, pois é o
trabalho do professor regente de classe que dá sentido ao trabalho do Supervisor
no interior da escola.
O trabalho do professor abre espaço e indica o objeto de ação/reflexão, ou
de reflexão/ação para o desenvolvimento da ação supervisora” nos orienta
Medina.
E para que essa parceria pedagógica seja consistente e compartilhada por
todos e crie condições favoráveis ao desenvolvimento de habilidades que levem
“a aprender”, a aprender a ser, a tornar-se, a criar-se, a participar, a transformar o
ambiente em que vivem.
Há necessidade de que o Supervisor seja um profissional competente para
37
enfrentar todas as adversidades e tenhamos consciência, enquanto gestores
educacionais, que novas competências, neste século XXI, são necessárias para o
nosso fazer tendo em vista que a sociedade da informação deve ser encarada
como um fenômeno irreversível e o conhecimento como fator essencial de
competitividade.
Nesse sentido enquanto articuladores do processo do professor, nosso
grande desafio, numa sociedade de informação, temos que fazer diferente.
E o que é fazer diferente? É sermos inovadores, estarmos ligados no
momento, mergulharmos no desconhecido, vivenciarmos experiências
enriquecedoras, ter a cultura do trabalho em equipe e nesse sentido, vale
ressaltar que uma das nossas funções.
Segundo Medina, “É preciso reinventar o nosso fazer, repensar novas
estratégias, façamos diferente, pois existe espaço para a ação supervisora e este
espaço pode ser ocupado por aqueles supervisores que desejarem problematizar,
responder e duvidar, refletir, reagir e agir a respeito do seu próprio trabalho, cujo
objeto é a produção do professor e do aluno no ato de ensinar e aprender.”
Desta forma seremos co-agentes na formação integral dos alunos que
deve ser entendida como saber essencial, isto é, aquela que proporciona ao ser
humano, o saber inovar, saber sentir, saber fazer, saber refletir, saber ser
crítico,saber ser ético e principalmente saber atuar com competência para
analisar o cenário e as tendências do mercado de trabalho, lembrando que a
educação por si só não faz milagres.
A educação tem de fazer parte de um projeto integral de sociedade,
portanto façamos nossa parte enquanto educadores agentes de supervisão e
defensores da qualidade de ensino.
38
CONCLUSÃO
Neste trabalho monográfico foi concluído que o Supervisor teve sua função
mudada de inspetor ou aquele que só tinha a função de controle para a função de
auxiliador, orientador, dinâmico, acessível, eficaz, capaz, apoiador, colaborador,
facilitador, atualizado e criativo.
A Supervisão escolar passa a ser então uma ferramenta de atuação e tem
como principio o fazer, o agir, o movimentar-se, é imperioso que este profissional
contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a
resolução de problemas e enfrentamentos de desafios no dia a dia.
O Supervisor escolar na atualidade deve ser capaz de pensar e agir com
inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores esses que requerem
habilidades para exercerem suas atividades de forma responsável e
comprometida. É visto como um instrumento necessário para a mudança das
escolas.
Com este trabalho monográfico visamos identificar e explicitar a
transformação que houve desta profissão, o que de fato é ser um supervisor
escolar, seu perfil, responsabilidades e desafios enfrentados por ele.
Com tudo isso, tentamos propiciar uma visão geral e abrangente do
Supervisor no Âmbito escolar e a forma de que ele é capaz de superar e
transformar os desafios vividos pela sua profissão.
39
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www.portalsaofrancisco.com.br
www.athena.biblioteca.unesp.br
www.webartigos.com
www.portal.mec.gov.br
www.escolanova.com.br
42
ÍNDICE
Folha De Rosto...............................................................................................2
Agradecimentos..............................................................................................3
Dedicatória......................................................................................................4
Resumo...........................................................................................................5
Metodologia.....................................................................................................6
Sumário...........................................................................................................7
Introdução.......................................................................................................8
CAPÍTULO I
O Supervisor E Sua História...........................................................................10
1.1 – O Supervisor e sua verdadeira função na história.................................12
1.2 – O Supervisor e seu crescimento na história..........................................14
CAPÍTULO II
O Verdadeiro Papel Do Supervisor Escolar....................................................19
2.1 – O perfil de um Supervisor escolar..........................................................21
2.2 – Responsabilidades de um Supervisor Escolar.......................................23
CAPÍTULO III
A Diferença Que O Supervisor Escolar Faz No Âmbito Escolar.......................27
3.1 - Os desafios de um Supervisor Escolar no âmbito educacional................31
3.2 - O sentido de ser um Supervisor Escolar ................................................35
CONCLUSÃO................................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.........................................................................39
BIBLIOGRAFIA CITADA....................................................................................40
WEBGRAFIA.....................................................................................................41
ÍNDICE...............................................................................................................42