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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO ÂMBITO ESCOLAR Por: Rosane Gonçalves de Oliveira Miranda Orientador Profª. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2012

A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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Page 1: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO

ÂMBITO ESCOLAR

Por: Rosane Gonçalves de Oliveira Miranda

Orientador

Profª. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2012

Page 2: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO

ÂMBITO ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção

do grau de especialista em Administração e

Supervisão Escolar.

Por: . Rosane Gonçalves de Oliveira Miranda.

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AGRADECIMENTOS

....aos meus pais José e Isabel, meu

esposo e filhos, orientadora da

monografia e professores da pós AVM.

Page 4: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

4

DEDICATÓRIA

...dedico aos meus pais Jose e Isabel, meu

maridão e filhos.

Page 5: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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RESUMO

Nesta pesquisa bibliográfica busca-se elucidar o papel do Supervisor

educacional na atualidade, o seu verdadeiro papel, de que formas ele pode

ajudar na transformação da realidade que vivemos hoje.

Já que antigamente o Supervisor era visto como inspetor, alguém que só

se preocupava em controlar, medir era a principal estratégia que assegurava o

papel reprodutor na sociedade capitalista brasileira.

Vimos que na atualidade o Supervisor ainda não é visto da maneira que é

para ser visto. Enquanto profissional falta o reconhecimento de sua profissão, se

na década de 60 o Supervisor era visto apenas como aquele que tinha uma super

visão em relação ao trabalho do professorem sala de aula, hoje vemos que lhe

são atribuídas novas funções e responsabilidades no sentido de colaborar com o

bom andamento da escola e que favoreça a participação de todos.

Ao longo desta pesquisa bibliográfica veremos as reflexões de vários

autores perante a atuação do Supervisor escolar em seu cotidiano e que nos dá a

possibilidade de acreditar no avanço ao que se refere a sua profissionalidade.

Veremos como o trabalho do Supervisor é uma ferramenta essencial nos

dias de hoje pois ajuda tanto o professor quanto o aluno e de que maneira esse

profissional se tornou importante no âmbito escolar.

Assim como o gestor, coordenador e orientador fazem a diferença na

construção do espaço escolar veremos que o Supervisor é um dos atores

principais e que o mesmo precisa estar conectado com as necessidades da

comunidade e propor projetos que atendam aos anseios de todos que almejam

um futuro melhor.

Page 6: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

6

METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores

utilizados na realização desta pesquisa foram Márcia A. Aguiar, Libaneo, Revista

Escola Nova, Isabel Alarcão, Nilda &Garcia, Celso Vasconcellos, Mary Rangel,

Celestino Alves da Silva Junior, LDB e outros.

Iremos explicitar de que maneira o Supervisor cresceu e como foi feito as

mudanças no âmbito educacional. A diferença que o Supervisor faz hoje na

atualidade e seus desafios que precisa ainda enfrentar até sua profissão ser

reconhecida de fato e o que ele necessita fazer para que isto aconteça.

Page 7: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................8 CAPÍTULO I- O Supervisor e sua história............................................................10 CAPÍTULO II- O Verdadeiro Papel do Supervisor Escolar....................................19 CAPÍTULO III- A Diferença que o Supervisor Escolar faz no âmbito escolar.......27 CONCLUSÃO .......................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...........................................................................39

BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) ......................................................................40

ÍNDICE .................................................................................................................42

Page 8: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

8

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por objetivo reiterar alguns aspectos considerados

relevantes para o entendimento do aspecto legal, assim como um pensar sobre

as diferentes nomenclaturas e atribuições do Supervisor Educacional neste

estudo.

Este tema foi escolhido para elucidar qual a verdadeira função de um

Supervisor no âmbito escolar, o que realmente ele faz de fato no sistema escolar,

suas atribuições, suas especificidades e sua importância.

De onde surgiu a ideia de Supervisão na escola, até que ponto ajudou ou

não o processo escolar, influenciou ou ainda influencia? São considerações feitas

nesta pesquisa.

Veremos como diz Souza (1974), que a Supervisão é fruto da necessidade

de melhor adestramento de técnicas para a indústria e o comércio, estendendo-

se posteriormente, aos demais campos: militar, esportivo, político, educacional e

outros com o objetivo de alcançar um bom resultado do trabalho em realização.

Como é visto o Supervisor Educacional no Âmbito Escolar? Qual é o papel

do Supervisor na atualidade? Nesta pesquisa vermos de que forma o Supervisor

faz a diferença no âmbito escolar, como se dá sua formação.

A escola hoje tem papéis mais complexos do que antigamente como

educar hoje com a ajuda dos profissionais da educação, se houve grande

aceleração nas formas de educação imposta pela sociedade, como se dá esses

papéis na escola hoje?

Esse profissional precisa passar também por um processo de atuação, já

que é especialista da educação.

Como pesquisaremos a sua verdadeira função e responsabilidade do

Supervisor no âmbito escolar nos dias atuais, o que de fato esse profissional faz.

Visando contribuir para a qualidade do ensino na formação de profissionais

competentes e compromissados com uma atuação voltada para a melhoria do

ensino aprendizagem, necessária para a transformação social, realizou-se esta

pesquisa no sentido de ampliar a visão de conhecimento sobre a função que

deve desempenhar o pedagogo como supervisor escolar.

Page 9: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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O objetivo foi conhecer as principais funções de um Supervisor Escolar

possibilitando a divulgação para outros educadores.

Vários autores que deram sustentação teórica a esse trabalho foram:

Alarcão (2001), Ferreira (org), (2002), Gramsci (1982), Libâneo (2005), Revista

Nova Escola (2006), Saviani (1985), Vasconcellos(2006), Silva (1985), Silva

Junior (1997), Rangel(2011) e Freire( 2010).

No trabalho discorreu-se sobre a Importância do Supervisor Escolar e o

seu papel de pedagogo. Partindo desse conhecimento iniciou-se o texto sobre

supervisão com o Supervisor e sua história, seu crescimento, seu verdadeiro

papel e a diferença em que há do Supervisor, Coordenador e Orientador

Educacional. Vivenciamos um processo de transformações com o desafio maior

de nos adaptarmos às exigências e competências do futuro.

As mudanças são velozes, radicais e, num mundo globalizado, onde a

mídia e a tecnologia se fazem presentes em nossas vidas, devemos estar

atentos, pois “novas exigências se impõem para as políticas educacionais em

responder de forma comprometida, ampla e efetiva às necessidades reais e

urgentes de formação, qualificação e valorização dos/das profissionais da

educação, a fim de possibilitar, pelo trabalho educacional, a realização pessoal e

profissional que constrói verdadeiramente os cidadãos e cidadãs brasileiros”,

observa Ferreira.

Os objetivos desta pesquisa é considerar de que forma é possível

compreender melhor o que o Supervisor faz e estudar a diferença que ele tem

que fazer no ambiente escolar e também esclarecer as diferenças sobre o

Supervisor, o Coordenador e o Orientador Educacional.

Page 10: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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CAPÍTULO I

O SUPERVISOR E SUA HISTÓRIA A Supervisão educacional no Brasil foi oficializada com a LDB de 1971,

mas a ideia de supervisão existe desde a época dos Jesuítas intricada nas

funções de prefeito de estudos e de inspetor. Contemporaneamente, a

supervisão tem caráter político e transformador.

Nessa presente pesquisa abordaremos a Supervisão Educacional em

perspectivas histórica e política. No primeiro momento faremos um panorama

histórico, desde a época do Brasil Colonial ate os nossos dias. No segundo

momento abordaremos a supervisão em caráter crítico, político e social.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional respalda a função do

Supervisor no art.64-“A formação de profissionais de educação para

administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para

a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível

de pós-graduação à critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a

base comum nacional.”

Os aspectos socioeconômicos e políticos influenciaram a ação supervisora

por toda a história educacional brasileira. Apesar de ser reconhecida pela LDB de

1971 oficialmente, a ideia de supervisão tem origem no Período Colonial, quando

foi organizado o primeiro sistema educacional brasileiro.

Os Jesuítas foram os primeiros educadores. A educação não era

considerada um valor social importante para uma sociedade agrário-exportadora

dependente, na verdade era uma arma de controle social.

A tarefa educacional baseava-se na catequese e na instrução para os

indígenas, entretanto a educação dispensada aos filhos da elite colonial

mostrava-se diferenciada.

Em uma sociedade desigual a educação é elitista. Em 1549, organizam as

atividades educativas no Brasil. No plano de ensino aviado por Manuel da

Nóbrega a ideia de Supervisão não se manifesta apesar da função supervisora

estar presente.

O Plano de instrução estava fundamentado na Ratio Studiorium, cujo “ideal

Page 11: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se

preocupava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio à

realidade da vida e da colônia” (VEIGA, 2004).

Formas dogmáticas de pensamento contra o pensamento crítico

maculavam a ação pedagógica dos jesuítas que privilegiava a memorização e o

raciocínio.

Assim, tornava-se impossível uma prática pedagógica que buscasse uma

perspectiva transformadora na educação. Explicita-se na Ratio Studiorium a ideia

de supervisão educacional na figura do prefeito de estudos.

Com a reforma dos Jesuítas e as Reformas Pombalinas o sistema de

ensino foi extinto e junto com ele o cargo de Prefeito de Estudos.

Então em relação aos aspectos educacionais houve um retrocesso, pois

alguns professores leigos começaram a ser admitidos para as aulas régias

introduzidas pelas reformas de Pombal.

A ideia de supervisão continuava presente, agora, englobada nos aspectos

político-administrativos (inspeção e direção) da figura do Diretor geral; e também

nos aspectos de direção, fiscalização, coordenação e orientação do ensino, na

figura dos Diretores dos Estudos.

Com a Independência do Brasil é formulada a primeira Lei para a instrução

pública (15 de outubro de 1827) que instituiu as Escolas de Primeiras Letras

baseadas no “Ensino Mútuo”, método que concentra no professor as funções de

docência e supervisão, ou seja, instruir os monitores e supervisionar as

atividades de ensino e aprendizagem dos alunos.

O regulamento educacional do Período Colonial estabelecia que a função

supervisora devesse ser exercida por agentes específicos para uma supervisão

permanente, essa missão foi atribuída ao Inspetor Geral que supervisionava

todas as escolas, colégios, casas de educação, etc. públicos e privados.

O Inspetor Geral ainda presidia exames dos professores e lhes conferia o

diploma, autorizava a Abertura de escolas privadas e revisava livros.

O inspetor deveria ser um elemento de prestigio pessoal e conhecimento

com pessoas importantes e com autoridades constituídas.

Suas atribuições incluíam fiscalizar e padronizar as rotinas escolares às

normas oficiais das autoridades centrais, por essa razão exercia essas funções

como “autoridade do sistema”, através de visitas corretivas e de registros

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permanentes para confecção de relatórios a serem encaminhados aos órgãos

centrais.

Com o objetivo de fiscalizar o grau maior ou menor de desvio da ação

pedagógica em relação aos padrões estabelecidos pela Lei.

1.1. O Supervisor e sua verdadeira função na história

Com a discussão sobre a organização de um sistema nacional de

educação, “a ideia de supervisão vai ganhando contornos mais nítidos ao mesmo

tempo em que as condições objetivas começavam a abrir perspectiva para se

conferir a essa ideia o estatuto de verdade prático”. (SAVIANI, 2003)

Pautava-se em dois requisitos: a organização administrativa e pedagógica

do sistema e a organização das escolas na forma de grupos escolares.

No inicio do Período Republicano, sob a influência do positivismo a

reforma de Benjamim Constant é aprovada, gerando supri missão do ensino

religioso nas escolas públicas e o Estado passa a assumir a laicidade.

A visão burguesa é disseminada pela escola, visando garantir a

consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Com a expansão

cafeeira o modelo econômico passa de agrario-exportador para o modelo urbano-

comercial-exportador.

A Pedagogia Tradicional se articula no Brasil com os pareceres de Rui

Barbosa e de Benjamin Constant. Nessa pedagogia a ênfase recai ao ensino

humanista da cultura geral centrado no professor, a relação pedagógica é

hierarquizada e verticalizada, “o método de ensino é calcado nos cinco passos

formais de Herbart”. (VEIGA, 2004)

O período conhecido como a Primeira República é marcado por um

processo de descentralização do controle e de maior organização dos serviços,

incluindo os educacionais. A função de Supervisor era exercida pelo inspetor que

deveria ser uma pessoa qualificada, experiente e sensível para com os técnicos

pedagógicos do processo de ensino-aprendizagem.

Dentre suas principais atribuições podemos citar: orientar, controlar,

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supervisionar, fiscalizar e inspecionar todo processo educacional através de

conferencias, palestras e visitas, acompanhar o desenvolvimento do currículo nos

estabelecimentos, com o objetivo de orientar pedagogicamente os professores

mais jovens, buscando eficiência, introduzindo inovações, modernizando os

métodos de ensino e promovendo um acompanhamento mais atento do currículo

pleno nos estabelecimentos.

Surgem então na década de 20, os profissionais da educação, também

conhecidos com “técnicos em escolarização” e concomitantemente é criada a

Associação Brasileira de Educação por iniciativa por Heitor Lira. A ABE foi um

elemento propulsor e estimulante aos técnicos de educação.

A reforma João Luis Alves em 1924 criou o Departamento Nacional de

Ensino e o Conselho Nacional de Ensino separando, assim, a parte administrativa

da parte técnica que antes estavam unidas num mesmo órgão o Conselho

Superior de Ensino.

Esse foi um passo importante para a criação do Ministério da Educação e

Saúde Publica e essa separação propiciou o surgimento da figura do Supervisor

distante da figura do inspetor e diretor.

A partir daí, ele é responsável pela parte técnica enquanto o diretor é

responsável pela parte administrativa.

Na década de 30, a sociedade brasileira sofre profundas transformações

sociais, econômicas e políticas que refletem no modelo educacional. A crise de

1929 desencadeia a decadência do café e a Revolução de 30.

Vargas empossado constitui o Ministério da Educação e Saúde Publica.

Por influência do Liberalismo é lançado o Manifesto dos Pioneiros da Escola

Nova, preconizando a reconstrução social da escola na sociedade urbana

industrial.

Nesse contexto de mudança a educação passa a ter um caráter mais

técnico e a valorizar os meios de organização dos serviços educacionais, com o

objetivo de racionalizar o trabalho educativo dando relevância aos técnicos, entre

estes o Supervisor.

O suprimento do cargo de Supervisor Educacional está relacionado com

as vinculações do Brasil com os Estados Unidos.

O novo modelo econômico baseado no desenvolvimento e na injeção do

capital estrangeiro no país trouxe consigo não só os padrões econômicos

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americanos, mas também o modelo educacional americano, onde o Supervisor

tinha lugar de destaque dentro da escola.

Com a instalação da Ditadura Militar, a educação passa a ser oferecida

nos moldes da Pedagogia Tecnicista, há um descaminho. O autoritarismo e a

repressão são os alicerces dessa pedagogia, o trabalho é fragmentado e

mecanicista, da mesma forma que numa fábrica, busca-se a burocratização, a

eficácia e resultados imediatos.

1.2. O Supervisor e seu crescimento na história

O governo aprovou as Reformas de 1° e 2° graus e Universitária, sendo

que esta reformulou o Curso de Pedagogia que ganhou novas habilitações:

administração, inspeção, supervisão e orientação, com isso a função de

Supervisor Educacional é profissionalizada.

O Supervisor Educacional é um especialista em educação, exercia sua

função como controlador do processo de produção assumindo características de

coordenação e direção do trabalho, ou seja, atuando como elemento mediador

(como uma função técnica que está a “serviço de”).

Exercia essa função através de treinamento de professores para discutir e

difundir os fundamentos de organização dos processos de trabalho e do controle

sobre ele buscando a aplicação do conceito de racionalidade à administração e

do processo com o objetivo de aumentar a produtividade da mão-de-obra e a

melhoria de seu desempenho.

A função do Supervisor Educacional reflete o contexto histórico do período

marcado pelo desenvolvimento nacional e de estabilidade política, altamente

mecanicista, utilitário, burocrático e pragmático.

Nos anos 70, em todos os estados da Federação, a Supervisão ganhou

força institucional com a nova Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1° e 2°

graus, lei 5.692/71(Brasil, Congresso Nacional, 1971).

No Novo Estado do Rio de Janeiro, a Supervisão, a partir de 1975, adquiriu

Page 15: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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contornos relevantes, em virtude da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de

Janeiro.

A denominação de Supervisão Educacional engloba atividades de

assistência técnico-pedagógica e de inspeção administrativa, tornando-se mais

abrangente para atingir não só a escola como todo o sistema.

Assim o novo estado do Rio de Janeiro viu-se na contingência de

estruturar os órgãos do novo governo e, dentre estes, o que seria responsável

pela Educação e Cultura: a Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio

de Janeiro (Seec/RJ).

O relatório do grupo de Trabalho de Planejamento do Sistema Educacional

do novo estado do Rio de Janeiro (Secretaria de Educação e Cultura, 1975)

continha, na sua introdução, a declaração dos princípios que iriam nortear a

filosofia e a política de educação do grupo. No texto, a educação foi definida

como:

(...) o processo de melhoria do entendimento humano e seus objetivos

convergem para a formação e aperfeiçoamento do homem, sob todos

os aspectos no decorrer de toda a sua vida.(p.1)

Para Moulin (1975, p.24), a educação no novo estado foi caracterizada

como um processo global e permanente: a formação do homem integral só

poderia concebida dentro de um processo educativo global, em que múltiplas

agências seriam utilizadas e no qual a comunidade se tornaria e agente e sujeito

do processo, vindo, então, a instituir-se numa “comunidade educativa”. O aspecto

de continuidade, isto é, a educação que acompanha o indivíduo no decorrer de

toda a sua vida, dá ao processo o caráter de “educação permanente”.

E qual seria o papel da escola nesse cenário? No documento oficial da

Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, intitulado “O

processo de regionalização na área de educação e cultura” (1975, p.13), a escola

deveria fazer parte integrante e integradora de uma “comunidade educativa”, que

iria além dos seus rumos, possibilitando um verdadeiro intercâmbio para, de fato,

atingir todos os homens e o homem todo. Nesse sentido, tal objetivo só seria

atingido por uma escola viva, na qual interagissem todos os setores da

comunidade.

A existência de Centros Regionais de Educação, Cultura e Trabalho e

Page 16: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

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Núcleos Comunitários pretendeu dar viabilidade ao projeto de cidade educativa,

abrindo perspectivas para a solução integrada dos problemas que desafiavam a

operosidade e a imaginação dos setores responsáveis pelo empreendimento

educativo (Lima1979).

Nesse empreendimento, a Supervisão Educacional teve papel importante,

uma vez que o supervisor foi o único técnico da Secretaria de Educação ter

acesso sistemático aos níveis regional (núcleo) e local (escola), levando as

diretrizes emanadas da Secretaria Estadual de Educação, bem como trazendo os

problemas encontrados nos núcleos e nas escolas para que fossem

solucionados, colaborando, dessa forma, para a manutenção de um fluxo de

informações efetivo.

Na estrutura da nova Secretaria de Educação, a Supervisão Educacional

foi organizada como uma das Assessorias do Departamento de Educação e logo

depois transformada em Coordenação de Supervisão Educacional-Ecsupe

(Souza1978).

Assim, o Sistema de Supervisão Educacional foi estruturado em três

níveis: central, regional e local (Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de

Educação,1981), atendendo ao processo de regionalização do governo pós-

fusão.

No cenário nacional, a supervisão escolar tornou-se uma “função meio”,

que garantiria “(...) a eficiência da tarefa educativa, através do controle da

produtividade do trabalho docente” (Lacerda1983, p.75).

Nessa perspectiva, pretendia-se que a supervisão configurasse um serviço

técnico, independente de qualquer opção política e ideológica, ou seja, um

serviço “neutro”.

No entanto, para Romanelli: esta pretensa neutralidade técnica é uma

força que busca camuflar, com a racionalidade das decisões técnicas, o

fortalecimento de uma determinada estrutura de poder que procura, sob várias

formas, substituir a participação social pela decisão de poucos. (1984, p.231)

Nessa visão, infere-se que a supervisão foi imposta à educação brasileira

como necessidade de “modernização”, a fim de garantir a “qualidade do ensino”,

mas também, para assegurar a hegemonia da classe dominante entendida como:

(...) capacidade de direção cultural e ideológica que é apropriada por uma

classe exercida sobre o conjunto da sociedade civil, articulando, de tal forma,

Page 17: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

17

seus interesses particulares com os das demais classes, de modo que eles

venham a se constituir em interesse geral. (Cury1985. p.53)

Como caráter, a supervisão escolar desenvolveu uma prática voltada para

os aspectos tecnoburocráticos do ensino, em que o controle era a principal

estratégia que iria assegurar seu papel reprodutor na sociedade capitalista

brasileira.

Confirmando essa tese, a formação do supervisor se dá voltada para o

desenvolvimento de uma concepção de supervisão escolar funcionalista,

concepção que percebe a escola de modo passivo, na qual qualquer mudança é

vista com um desequilíbrio no estado homeostático, negando-se, portanto, o

caráter dinâmico e evolutivo da instituição da escola e da sociedade

(Medeiros1985, p.24).

A visão funcionalista enfatizava a necessidade e a importância da definição

de papeis a seres desempenhados pelos elementos que integravam a instituição.

Assim, (...) um papel é compreendido como uma cristalização de uma relação de

forças, tendo por efeito o reconhecimento de que uma sequência de práticas

deve ser estruturada de certa maneira e não de outra. (Silva 1981, p.9)

O tipo de formação baseada na concepção funcionalista da supervisão

tem, entre outros indicadores:

o A ênfase no processo de “como fazer”, ou seja, nos meios, sem a

percepção dos fins, de quem está a serviço:

o O controle da ação pedagógica do docente, como meio de garantir

a “qualidade do ensino”;

o A inculcação e a defesa da ideologia dominante, através de meios

considerados neutros, tais como: livros didáticos, métodos e

técnicas de ensino (Medeiros 1985, p.25).

Na década de 80, a crise socioeconômica e a Nova Republica dão início a

uma nova fase. A luta operária ganha força e os professores lutam pela

reconquistas do direito de participar da definição da política educacional e da luta

pela recuperação da escola pública.

A primeira Conferência brasileira de Educação constitui um espaço para

discussão e disseminação da concepção crítica da educação e a Pedagogia

Crítica ganham espaço no cenário educacional

A crítica ao “funcionalismo” na supervisão e, de modo geral, nas

Page 18: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

18

especialidades pedagógicas (administração e orientação educacional)

radicalizou-se no Brasil nos anos 80, a ponto de acentuarem-se posições em

favor de eliminá-los das escolas.

Entretanto, os próprios fatos da realidade “falam mais altos”, mostrando

que o serviço supervisor tem na sua especificidade, uma atuação necessária à

organização e ao encaminhamento do trabalho pedagógico.

E chega-se aos 90 reconhecendo-se que a supervisão pode fazer uso da

técnica, sem a conotação de “tecnicismo”.

Trata-se, portanto, de uma função que, contextualizada, insere-se nos

fundamentos e nos processos pedagógicos, auxiliando e promovendo a

coordenação das atividades desse processo e sua atualização, pelo estudo e

pelas práticas da Supervisão Educacional.

Page 19: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

19

CAPÍTULO II

O VERDADEIRO PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR

“Supervisor” o que procura a “visão sobre”, no interesse da função coordenadora e articuladora de ações é também quem estimula oportunidades de discussão coletiva, crítica e contextualizada do trabalho. Mary Rangel

No projeto de Lei n° 290/2003 do Deputado Nelson Härter vemos a

regulamentação da profissão de supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, e

dá outras providências.

Art. 1°- A profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar,

regula-se por esta lei.

Art. 2°- O Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, tem como

objetivo de trabalho articular crítica e construtivamente o processo educacional

motivando a discussão coletiva da Comunidade Escolar acerca da inovação da

prática educativa a fim de garantir o ingresso, a permanência e o sucesso dos

alunos, através de currículos que atendam às reais necessidades da clientela

escolar, atuando no âmbito dos sistemas educacionais Federal, Estadual e

Municipal, em seus diferentes níveis e modalidades de ensino e em instituições

públicas e privadas.

Art. 3°- O exercício da profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor

Escolar, é exclusivo dos portadores de diploma de curso superior, devidamente

registrado pela Universidade formadora e/ou por Universidade indicada pelo

Conselho Nacional de Educação, nas seguintes modalidades;

I – de licenciatura plena em Pedagogia, habilitação em Supervisão

Page 20: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

20

Educacional, ou Supervisão Escolar;

II – de pós-graduação em Supervisão Educacional, ou Supervisão Escolar;

III – emitido por instituições estrangeiras de ensino superior, congêneres,

devidamente revalidados e registrados como equivalente ao diploma mencionado

nos incisos I e II, na forma de legislação em vigor.

Art. 4° - São atribuições do Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar,

a coordenação do processo de construção coletiva e execução da Proposta

Pedagógica, dos planos de Estudo e dos Regimentos Escolares, além das

seguintes:

I – investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar o currículo em

integração com outros profissionais da Educação e integrantes da Comunidade;

II – supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula

estabelecidos legalmente;

III – velar pelo cumprimento do plano de trabalho dos docentes nos

estabelecimentos de ensino;

IV – assegurar o processo de avaliação da aprendizagem escolar e a

recuperação dos alunos com menor rendimento, em colaboração com todos os

segmentos da Comunidade Escolar, objetivando a definição de prioridades e a

melhoria da qualidade de ensino;

V – promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional,

estimulando o espírito de investigação e a criatividade dos profissionais da

educação;

VI – emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;

VII – planejar e coordenar atividades de atualização no campo

educacional;

VIII - propiciar condições para a formação permanente dos educadores

com as famílias e a comunidade, criando processos de integração com a escola;

IX - promover ações que objetivem a articulação dos educadores com as

famílias e a comunidade, criando processos de integração com a escola;

X- assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e privadas

nos aspectos concernentes à ação pedagógica.

Art. 5°- É direito dos Supervisores Educacionais se organizarem em

entidades de classe.

Art. 6° - Os sistemas de ensino que congreguem em seus quadros, o

Page 21: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

21

Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar, devem regulamentar, em

documento específico, a carreira desse profissional, definindo as condições de

ingress0o, os critérios de progressão e a remuneração.

Art. 7°- Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

(PROJETO DE LEI N° 290/2003)

(Deputado Nelson Härter)

2.1- O perfil de um Supervisor Escolar

“Supervisão” encaminha o sentido de “visão-sobre”, necessária à

percepção ampla dos aspectos e dos componentes das atividades

supervisionadas.

Tratando-se das atividades escolares e da supervisão pedagógica (aqui

entendida como supervisão que, na escola, se faz no âmbito do processo de

ensino-aprendizagem), a “visão-sobre” alcança os fatores inerentes às relações

entre alunos, professores, conteúdos, métodos e contexto do ensino.

O supervisor é o articulador do Projeto Político-Pedagógico, da instituição,

com os campos administrativos e comunitários, deve circular entre os elementos

do processo educacional cabendo-lhe a sistematização e integração do trabalho

no conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade.

O foco da atenção do supervisor no trabalho de formação é tanto individual

quanto coletivo, para contribuir com o aperfeiçoamento profissional de cada

professor e ao mesmo tempo ajudar a constituí-los enquanto grupos.

O papel do Supervisor é mediar à relação professor/aluno no processo de

ensino-aprendizagem, acolher o professor em sua realidade, criticar os

acontecimentos, instigando a compreensão própria de participação do professor

em questões educacionais.

A ação supervisora deve estar fundamentada em três dimensões básicas:

atitudinal, procedimental e conceitual. A dimensão atitudinal está ligada a um

valor, a ética, a moral, a todos os valores de uma prática.

Page 22: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

22

As relações que se estabelecem no processo de ensino-aprendizagem

convocam a atenção dos educadores, pela importância social do conhecimento-

objeto desse processo e dos sujeitos a quem esse conhecimento se destina.

No caso dos educadores-supervisores, pela especificidade de seu

trabalho, solicita-se uma atenção especial às oportunidades de estudo (de

reflexão téorico-prática) e de coordenação (organização comum do trabalho), no

interesse em que as decisões e as ações referidas ao ato de ensinar e aprender

se façam de modo fundamentado e articulado.

Com referência a esta pesquisa bibliográfica, o supervisor apresenta-se,

então, como um líder (reconhecido pela competência, pela identificação com os

interesses coletivos) que mobiliza que dinamiza encontros para discussão e

atualização teórica das práticas.

E entre os vários objetivos desta “mobilização” ao estudo, destacam-se

novamente, a consciência do propósito das ações e a ampliação (político-social)

dos princípios e dos conceitos que as orientam.

Desse modo, evitam-se a rotinização e a mecanização das ações,

entendendo-se que o processo de ensino-aprendizagem é contextualizado e

socialmente comprometido. Assim, ao se “estudar” este processo, observam-se

as suas implicações, os seus porquês e para quem.

E porque a prática social se impõe como origem e finalidade da prática

pedagógica, o estudo (as oportunidades de encontros, neste sentido,

coordenados e mobilizados pelo supervisor) encaminha-se na direção de

compreender e praticar o ensino, no interesse de assegurar a aprendizagem do

conhecimento crítico-social.

O estudo do ato de ensinar e aprender (mobilizado, dinamizado, liderado

pelo educador-supervisor) leva, então, em conta o compromisso de garantir o

alcance do conhecimento pelo aluno (e também pelo professor), entendendo-se a

importância desse conhecimento para a prática social.

O supervisor constitui-se em um agente de mudanças, no sentido de

dinamizar o trabalho de equipe e para tal é preciso ser um líder funcional, que

motive lideranças em todos os grupos de atuação do processo educacional.

A Supervisão educacional pode atuar como participação da construção da

sociedade quando reconhece o seu papel como ator social e exercer a sua

função política com consciência e comprometimento.

Page 23: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

23

Na sociedade moderna, não existe o técnico isolado. O processo

educacional, nos seus vários momentos-planejamento, implementação e

avaliação - deve ser fruto da contribuição de uma equipe. Antes de tudo, o

supervisor pedagógico é membro de uma equipe.

2.2- Responsabilidades de um Supervisor Escolar

Segundo “Carvalho, (I.M.)” O líder que obtém os melhores resultados é

aquele que desempenha bem vários papéis: que se dedica mais a planejar e a

providenciar os meios necessários à ação do que a controlar a atuação de cada

membro do grupo e o desenvolvimento de cada fase do trabalho; que sabe

delegar; que prefere estimular e apoiar a criticar; que consegue unir o grupo,

criando atmosfera cooperativa; que desenvolve a lealdade dos membros para

com o grupo; (...)

A educação é vista, hoje, como processo orientado para a realização

individual e social do educando, sujeito desse processo. Visa o desenvolvimento

da pessoa humana em sua integridade, a fim de ampliar a sua capacidade de

modificar o meio em que vive, satisfazendo, assim, as suas necessidades.

A educação não se processa de forma individualizada, porém num

contexto social, organizado de forma mais abrangente e ambiciosa, em condições

previamente estabelecidas, tomando um caráter bastante formal, restringindo ou

dificultando os propósitos iniciais.

Assim considerada a questão, tanto o conceito de educação vigente como

a maneira de conceber a escola e sua função social determinarão o sentido

prevalecente da supervisão, o aperfeiçoamento do trabalho educativo e definição

das bases mais seguras para se atingir os objetivos estabelecidos.

(ALONSO, 1992, p. 168).

A “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dá respaldo para a

função de Supervisor, no artigo 64-” A formação de profissionais de educação

para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional

Page 24: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

24

pra a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em

nível de pós-graduação a critério da instituição de ensino garantida nesta

formação, a base comum nacional.

Os aspectos socioeconômicos e políticos influenciaram a ção supervisora

por toda a história educacional brasileira.

O Supervisor educacional é então um profissional especialista em

educação e como função política, reflexiva, crítica, assumida, inovadora,

decisória, transformadora, libertadora e criativa em todas as situações.

Acredito que o Supervisor, por meio das atividades baseadas na pesquisa

do trabalho realizado no dia a dia da escola, identifica os espaços que pode

ocupar ao problematizar o trabalho do professor regente de classe.

Por ser o trabalho do professor o que dá sentido ao trabalho do Supervisor,

este não pode ser predeterminado ou preanunciado como sendo necessário. O

trabalho do Supervisor está tramado na ação do professor.

Como as escolas não são iguais- são unidades diferentes ligadas a um

mesmo sistema de ensino -, a forma que o supervisor utiliza para investigar seu

espaço não pode ser a mesma. Cada escola possui especificidade em termos de

comunidade, alunos, professores e administração.

Cada escola tem sua própria forma de encaminhar o trabalho do

Supervisor, considerando suas necessidades, seus desejos e os projetos de

desenvolvimento como unidade de sistema de ensino.

A sensibilidade é uma das grandes virtudes da função supervisora, a

capacidade de perceber o outro, reconhecer seu potencial, valor, características e

evitar generalizações, dar leveza ao trabalho da formação, além disso, passar

confiança, conquistar a confiança de todos não se utilizando de autoritarismo,

mas buscando construir um relacionamento baseado na confiança, através de

atitudes concretas no cotidiano de trabalho.

É necessário que o Supervisor veja que para se concretizar um processo é

necessário assumir responsabilidades por seus atos, querer o bem, não

prejudicar o outro, ter ética e transparência entre os membros do grupo para que

não faça naufragar as tentativas de mudanças do processo educacional.

Cabe ao Supervisor coordenar o planejamento, a implementação e o

controle do processo ensino-aprendizagem, prestar assistência técnico-

pedagógico a todos os elementos envolvidos no processo ensino-aprendizagem

Page 25: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

25

e é responsável pelo fluxo das informações, no seu campo de ação, dentro do

processo ensino-aprendizagem.

Na função básica de coordenar o planejamento, a implementação e o

controle do processo ensino aprendizagem, cabe ao Supervisor garantir a

eficiência do processo e a eficácia do produto, consonância com a filosofia

educacional da escola e com as orientações e determinações da LDB.

Somente o microcurrículo tornará significativo as diretrizes oriundas da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois somente ele pode equacionar

a problemática inerente a cada escola, permitindo uma ção engajada na

realidade que, sofrendo o impacto do que foi planejado, será mantida ou

modificada.

Uma vez que, “em um a sociedade moderna, complexa e em rápida

mudança, a Educação só será adequada se o professor conhecer o mundo social

de que provêm seus discípulos, para o qual têm de ser preparados, e se ele for

capaz de avaliar a maior parte do que fazer em termos de resultados sociais.”

(Mannheim, K..)

Na sua função básica de assistir técnica e pedagogicamente aos

elementos envolvidos no processo, sempre em estreita relação com o orientador

educacional, o Supervisor será menos um elemento de gabinete e mais de ação.

Na unidade escolar, o aperfeiçoamento e a atualização do pessoal

envolvido no processo ensino-aprendizagem é atribuição do Supervisor que, de

forma criadora, observando as condições existentes, deve utilizar a formação

continuada em suas múltiplas possibilidades e formas.

“É preciso não esquecer que, se o aluno é o centro de toda a atividade

educacional, o professor é instrumento dessa dinamização, que necessita de

constante e continuada assistência. Só o professor que se sente apoiado por uma

estrutura tecnicamente forte e segura, poderá colaborar, efetiva e

conscientemente, para a consecução dos objetivos educacionais e operacionais

da escola”. (Wenzel, m. de L.)

A personalidade do Supervisor dentro da escola, atuando com pessoas,

recria atividades, métodos e técnicas. Dentre as inúmeras atividades da

Supervisão pedagógica, apontamos algumas consideradas básicas para a

dinamização da equipe pedagógica.

O Supervisor precisa manter o corpo docente atualizado quanto à:

Page 26: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

26

elaboração dos planos, legislação de ensino, métodos e técnicas de ensino, a

problemática da educação em nosso tempo e a bibliografia em educação.

É preciso orientar o corpo docente quanto aos sistemas de avaliação e

recuperação, a adaptação e complementação de programas, ao preenchimento

de atas, formulários, diários de classe, fichas de planejamento e avaliação.

E em ação conjunta com a O.E., os professores no sentido de atenderem seus

alunos em suas características, visando a uma formação holística do sujeito,

considerando a dimensão pessoal, profissional e cidadã de cada um.

A função do supervisor no contexto histórico brasileiro é

fundamentalmente político e não técnico como se difunde. Para não contribuir

para esse reforçamento o supervisor deve mudar de atitude, assumindo seu

papel político explicitamente.

Antes de qualquer coisa o supervisor é educador e precisa está

comprometido com a mudança, não somente ter a habilitação em Pedagogia, não

ser somente um pré-requisito, mas ser consciente de seu papel no processo

histórico e do seu lugar dentro da escola e fora dela.

Segundo Saviani, a Supervisão em educação é entendida como uma

função educativa, como tal, tem a característica técnica-política de

instrumentalizar o povo para determinados fins de participação social.

Ele necessita compreender e ultrapassar a percepção da escola brasileira

na sociedade capitalista buscando a transformação, tendo clareza das suas

posições políticas e educativo sendo sujeito ativo desse processo histórico dele e

dos atores para que se procedam as mudanças requeridas no momento atual.

Page 27: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

27

CAPÍTULO III

A DIFERENÇA QUE O SUPERVISOR ESCOLAR FAZ NO

ÂMBITO ESCOLAR

A educação é uma manifestação de atividade social. Apesar de

esquematizar a educação partindo da posição que o homem precisa ser moldado

pela sociedade, a relação estabelecida entre o indivíduo e a sociedade através da

educação, está fundamentada nas suas origens.

A educação não é efetiva numa realidade isolada a radicalização do

processo capitalista associado é uma opção acelerada de modernização. Com o

objetivo de alcançar o modelo implantado atingindo a acumulação do capital, se

faz necessário a formação de certo profissional, daí as implicações do modelo

econômico na educação: qualificar profissionais técnicos para atender as

necessidades do mercado de trabalho.

De acordo com esta ideologia a contribuição da educação é dupla, trata-se

de uma educação técnica, reduzida aos aspectos técnicos que deturpa o sentido

da verdadeira ação educativa e global.

O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia,

cria situações próprias para seu exercício, produz os métodos, estabelece regras

e tempos e constitui executores especializados. É quando surgem escola,

professor, diretor e supervisor.

Segundo Nogueira, a categoria ao se posicionar por ser agente de

transformação da realidade social vigente, por uma nova política nacional de

supervisão educacional e pelo comprometimento com a concepção de educação

e de escola que atenda aos anseios da sociedade brasileira numa perspectiva

democrática e democratizadora.

Será no interior de uma escola democrática, destinada à formação das

potencialidades dos indivíduos onde a supervisão poderá tornar-se uma ação

coletiva dos agentes educativos apropriadores do mundo objetivo, autônomos e

Page 28: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

28

conscientes.

A história do profissional, do grupo e da instituição nos ajudará a perceber

o que acontece no presente, possibilitando uma aproximação mais adequada á

realidade.

Segundo Mary Rangel, a competência a ser construída pelos supervisores,

em qualquer nível que atuem, deve se revelar primeiro na sua capacidade de

visualizar claramente qual pode e deve ser o papel da supervisão exercida por

um educador.

Essa competência compartilhada precisa, em cada momento e espaço,

assumir, na ação, a dimensão técnica e o compromisso político do saber-fazer. O

compromisso com a mudança, para nós, define o olhar voltado para os fins da

educação, para o ensino, para o aluno e não a “fidelidade” ao sistema.

A coerência com esse compromisso impulsiona a ação para a vivência de

valores que rompem efetivamente com o vínculo de submissão, com a relação

estabelecida com função reguladora e normativa, que impõe um saber vindo de

fora, em vez de auxiliar a construção de um saber coletivamente refletido e

autoconstruído.

Os valores dessa ordem, vivenciados na prática, colocarão os supervisores

ao lado dos professores para, juntos, montarem um projeto de escola que

possibilite ao aluno, qualquer que seja ele, a compreensão do significado dos

saber construído pela humanidade.

É preciso que o compromisso político do educador-supervisor faça uso do

discurso e dos espaços instituídos, fazendo uma reinterpretação crítica da

burocracia imperante no sistema, a fim de colocá-la a serviço da finalidade

educativa da escola.

Provocando a reflexão sobre sua prática, tendo em vista a qualidade do

ensino a ser oferecido à grande massa da população brasileira, o supervisor terá

a oportunidade de redefinir seu papel, revertendo o fluxo, colocando o sistema a

serviço da escola, impedindo que ela continue tarefeira do sistema, desviando-se

cada vez mais de sua função social.

Na relação entre educação e sociedade é preciso notar não só os

compromissos da educação (com o conhecimento e a sua finalidade crítico-

social), como também os compromisso do Estado com a educação. É este mais

um sentido, uma direção, um motivo de liderança do Supervisor.

Page 29: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

29

Daquele que se propõe conceitualmente à visão-sobre, à coordenação

(“ordenação” comum, coletiva, do trabalho, observando as articulações das

diversas atividades e a consciência dos seu fins) espera-se, também, que lidere

as reivindicações do direito da educação e dos educadores ao dever (que se

realiza no apoio, nos recursos, nas prioridades) da escola.

A qualificação do trabalho educativo e dos profissionais que o realizam

inclui-se, então, como meta e motivação da liderança que o supervisor assume

na especificidade e na competência e no compromisso de seu papel.

Confirmam-se então a ideia, o princípio de que o supervisor não é um

técnico encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos, um controlador de

produção, sua função e seu papel assumem uma posição social e politicamente

maior, de líder, de coordenador, que estimula o grupo à compreensão-

contextualizada e crítica- de suas ações e, também de seus direitos.

Nesse processo, professor e supervisor têm seu projeto próprio de

trabalho: o primeiro, o que o aluno produz; e o segundo, o que o professor

produz.

No diálogo do professor com o supervisor surgem as formas para

encaminhar o acompanhamento da aprendizagem dos alunos.

Assim, o supervisor torna-se um parceiro político-pedagógico do professor

que contribui para integrar e desintegrar, organizar e desorganizar o pensamento

do professor num movimento de participação continuada, no qual os saberes e os

conhecimentos se confrontam.

É também indispensável que se entenda que o espaço ocupado pelo

supervisor na escola não lhe garante privilégios, pelo fato de não estar regendo

classe; ao contrário, atribui-lhe um trabalho amplo na escola, envolvendo a ação

dos professores, o anseio da comunidade e o desejo dos alunos.

Essa ação requer do supervisor habilidades e conhecimentos para

participar. Ao mesmo tempo, é interessante que o supervisor observe o que se

desenvolve no dia a dia da escola, sempre recomeçado, registre as falas que

ouve, os gestos que revelam os pensamentos necessários para o refletir da ação

vivida pelos professores que como homens e mulheres trabalhadores(as),

carregam o fardo da sociedade capitalista.

Esta sociedade tem uma forma própria de organizar suas instituições

sociais, forma esta na qual se enquadra a escola, encarregada de desenvolver

Page 30: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

30

ensino e educação.

O eixo central do trabalho do Supervisor é a qualificação do processo de

ensino como forma de possibilitar a efetiva aprendizagem por parte de todos,

então, algumas práticas empíricas que objetivam renovar a prática educativa

podem ser utilizadas como estratégias complementares de trabalho entre elas

podemos citar a interação com os docentes, a visão estratégica e atualizada e a

redução do caráter burocrático ao mínimo.

O Supervisor pode se valer de oportunidades para conseguir o seu objetivo

máximo: melhorar a situação ensino-aprendizagem através de aperfeiçoamento

do professor. Seriam ocasiões possíveis, criadas e utilizadas pelo Supervisor

para realizar a sua tarefa.

As reuniões de pais e mestres são uma dessas oportunidades, elas

devem constituir oportunidade de crescimento pessoal e de todas as pessoas

envolvidas devem ser participantes ativos, serve para o estudo conjunto das

responsabilidades de todos os atores educacionais, pelos resultados obtidos,

precisa ser planejada para atender aos objetivos previstos.

Os supervisores precisam ser bem preparados, atualizados, dinâmicos e

preocupados com o destino dos alunos e com as responsabilidades da escola

para com a comunidade.

A mobilização de todos os elementos responsáveis pelo processo

pedagógico e a organização funcional e flexível da estrutura exigirá uma perfeita

definição das varias atribuições e atividades, bem como de normas de trabalho

claras e precisas por parte do Supervisor.

Medina, 1995, diz que o “Supervisor moderno deve ser uma pessoa capaz,

preparada sob o ponto de vista educacional e psicológico, especialista no

processo democrático do grupo”.

O trabalho dos profissionais da educação em especial da Supervisão

educacional é traduzir o novo processo pedagógico em curso na sociedade

mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com base nas

condições concretas dadas, promover articulações necessárias para construir

alternativas que ponham a educação a serviço do desenvolvimento de relações

verdadeiramente democráticas.

Page 31: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

31

3.1- Os desafios de um Supervisor Escolar no âmbito educacional

Para desenvolver o trabalho idealizado por Ferreira, o Supervisor precisa

ser um constante pesquisador, é necessário que ele antecipe conhecimentos

para o grupo de professores, leia muito, não só conteúdos específicos, mas

também livros, jornais e revistas diferentes.

Entre as tarefas do Supervisor estão ajudar a elaborar e aplicar o projeto

da escola, dar orientação em questões pedagógicas e principalmente, atuar na

formação contínua dos professores.

O Supervisor faz a transposição da teoria para a prática escolar, reflete

sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa teorias para fundamentar o fazer

e o pensar dos docentes.

Um bom supervisor deve apresentar em seu perfil as seguintes

características como já foi pesquisado neste trabalho: auxiliador, orientador,

acessível, eficiente, capaz, produtivo, colaborador, atencioso e estar acima de

tudo aberto a mudanças.

A Supervisão Escolar passa então a ser uma ferramenta de atuação tem

como principio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o modificar e para isto

é necessário que esteja firmado em nossa essência o querer moldar pessoas.

Cunha, diz o seguinte: “É imperioso que o profissional de educação

contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a

resolução de problemas e enfrentamentos de desafios na escola.” (2006.p.271)

Apontado o primeiro passo, que é o querer, passemos para outro, o fazer.

Para se construir sociedades humanas é preciso interessar-se em pessoas, já

que pessoas são mais importantes que coisas, precisamos criar uma cultura do

fazer, do preocupar-se, do incomodar-se com este sistema que hoje se faz

presente.

A diferença está em aceitar as crianças como vêm, mas não deixá-las sair

da mesma forma que entraram. É preciso estar num processo de simbiose onde

passemos a sentir o que nossos pequeninos sentem e compreendem como

podemos ser instrumentos de ajuste social no contexto que se apresenta na

escola.

Isto só é possível se estivermos imbuídos de um espírito de altruísmo, já

Page 32: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

32

que nem sempre a supervisão escolar terá a seu dispor a estrutura necessária

para desenvolver seus projetos e suas metas.

Logo chegamos ao entendimento que precisamos ser realmente ser

apaixonados por gente, amar as pessoas verdadeiramente, onde todo professor,

educador, supervisor, gestor, etc. precisa dessas características.

O segredo do sucesso está em ouvir os educandos em suas dificuldades e

necessidades, buscar estabelecer entre educandos e educadores um canal de

comunicação que vise dar a eles a condição de serem ouvidos.

A escola pode ajudar muito neste sentido, desde que todos os envolvidos

contribuam com sua parcela de ajuda comprometendo-se com o desenvolvimento

social, educacional e familiar de todos os educandos.

Segundo Ferreira (2003, p.10) “O papel da escola hoje é formar pessoas

fortalecidas por seu conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente

corretas, capazes de autocrítica, solidárias com o mundo exterior e capacitadas

tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização profissional”.

O desafio para o profissional da Supervisão Escolar é enorme, ele terá que

muitas vezes ser um visionário, já que o reflexo de suas ações poderá acontecer

talvez no futuro e a construção do educando só será sentida no decorrer dos

anos, já que o trabalho de supervisores e professores é feito coletivamente.

Não podemos vislumbrar como as nossas ações afetarão aqueles que nos

são confiados, ou de que forma afetarão todos que rodeiam ou que sonham com

a escola mais justa e mais humana. O que podemos ter certeza é que o futuro

não será o mesmo.

Existe muita negatividade dentro das escolas e como pedagogos, em

nossa prática docente sempre nos encontramos com estas soluções e

poderemos até vivenciar esta desesperança que às vezes se abate sobre nossos

próprios ombros. Sem dúvida construindo bases sólidas de conhecimento,

relacionamento e respeito poderão mudar este estado de coisas que hoje se

abate no sistema educacional brasileiro.

Cabe então ao Supervisor criar, portanto condições próprias para este

grande projeto de vida e construir grandes valores no espaço da escola criando

uma onda de relacionamento com as famílias, comunidade, escola e governo.

Os desafios são enormes, falta de estrutura, recursos escassos, má

vontade dos educadores, dos alunos, dos funcionários, enfim uma série de coisas

Page 33: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

33

que dificultam o trabalho do Supervisor, mas não o impede que o mesmo possa

criar em sua atividade profissional meios de mudar esta realidade e fazer com

que esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara e se transforme na

escola dos nossos sonhos.

O Supervisor escolar deve ser uma ponte de acesso entre todos,

possibilitando um maior conhecimento entre os participantes desta grande

aventura que é a formação de pessoas para a sociedade.

Somente sendo um profissional antenado com estas características e com

as necessidades de todos os envolvidos tendo um forte senso de

responsabilidade e de iniciativa não esperando por quem não vem é que seremos

profissionais de sucesso e cidadãos realizados.

Diante das diferentes e diversificadas funções do Supervisor escolar,

podemos citar como a de maior relevância a de coordenador, onde a organização

do trabalho é comum, onde a unificação dos alunos, professores, equipe

pedagógica e direção de escola.

Ferreira diz “que ressignificar e revalorizar a supervisão, reconceitua-se, de

modo a compreendê-la na sua ação de natureza educativa e, portanto

sociopedagógica, no campo didático e curricular do seu trabalho, no seu

encaminhamento de coordenador.”

Na verdade não deveríamos ser chamados de Supervisores escolares,

mas sim de administradores de vidas, pois muitas delas dependerão de nossas

decisões e de como elas afetaram a vida de nossos alunos.

Segundo Libâneo (2005, p.33): “O pedagogo é o profissional que atua em

várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligada à

organização e aos processos de transformação e assimilação de saberes e

modos de ação, tendo em vista objetos de formação humana previamente

definida em sua contextualização histórica. “(2005, p.33)

A LDB diz que no Art.64. A formação de profissionais de educação para

administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para

a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em

nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino garantida, nesta

formação, a base comum nacional.

Portanto o pedagogo é o único profissional habilitado por lei e formação a

preparar, a administrar e avaliar currículos, orçamentos e programas escolares

Page 34: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

34

além de poder atuar em atividades de pesquisa.

O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um

profissional qualificado para atuar em vários campos de trabalho educativos para

atender as demandas sócio-educativas de tipo formal e não-formal, decorrentes

das novas realidades, novas tecnologias, novos atores sociais e mudanças

profissionais.

Configura-se então uma realidade desafiadora, e, consequentemente, a

necessidade de uma revisão de papéis, de uma ressignificação da ação

Supervisora no sentido de conquistar autoridade através do conhecimento e da

contribuição com a aprendizagem dos professores.

Como ‘líder’ dos professores, ‘líder em potencial’, o Supervisor Escolar,

segundo Freitas (2003, p. 16):

“Precisa-se empenhar “em desenvolver habilidades

da equipe, identificar e comunicar valor e o

potencial de cada um, possibilitando, desta forma

uma motivação permanente”.

São muitos os desafios a serem vencidos pelos supervisores escolares

dentro de seu local de trabalho, mas é emergente que eles se afirmem enquanto

profissionais de educação para recuperarem o seu espaço que é de fato e de

direito.

“Sua carreira é o que você faz em sua vida. Gosto

do exemplo do designer, que junta seus trabalhos

num portfólio e os apresenta às empresas. Cada

projeto precisa ter uma explicação, uma lógica, uma

história. É a sua assinatura. No caso do profissional,

não importa necessariamente o cargo nem o

trabalho, mas os projetos dos quais participou e

como contribuiu. Cabe a você tornar cada projeto

uma grande experiência”.

(TOM PETERS, Revista VOCÊ S/A.2003: ed.65)

Nossa proposta para reflexão é a de que o Supervisor, apesar de todas as

atribuições inerentes à função e da atual desvalorização profissional, assuma o

Page 35: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

35

papel de co-agente na construção de uma prática empreendedora na gestão

pedagógica.

Ao professor compete adotar uma postura de parceria e, como mediador,

propor situações de aprendizagem desafiadoras, tornando a sala de aula num

espaço prazeroso de transformação, de pesquisa, de investigação, que permita

ser o aluno o construtor de um novo saber, tornando-o capaz de interagir de

forma crítica, ética e inovadora na sociedade.

3.2- O sentido de ser um Supervisor Escolar

O ato de supervisionar deve buscar uma relação entre a objetividade e a

subjetividade das relações que se estabelecem no interior da instituição escolar e

não perder de vista o sentido de uma educação de qualidade.

O trabalho do Supervisor na escola requer um olhar atento, que perceba

as nuances que esteja disposto a instigar mudanças, que respeite diferenças e

que busque no processo do ensino a interdisciplinaridade e a

transdisciplinaridade.

O Supervisor escolar deve contribuir para uma educação de qualidade,

baseada no ensino de que tenha significado dentro do processo pedagógico e

atuar com responsabilidade pensando na função social da escola no que se

refere na formação de sujeitos de direitos e deveres.

O Supervisor deve procurar ter consciência clara dos conceitos e crenças

que determinam sua maneira de agir, dos fins que pretende atingir e dos meios a

utilizar. Isto corresponde à filosofia que baseia sua pratica supervisora.

Então o Supervisor moderno deve ser uma pessoa capaz, preparada sob o

ponto de vista educacional e psicológico, especialista no processo democrático

do grupo. (Medina,1995).

Os princípios do Supervisor escolar é ter consciência das articulações e

implicações entre pedagogia, educação, didática, informação, conhecimento e

sociedade.

Page 36: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

36

A atuação do Supervisor escolar deve contribuir para o efetivo

aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem, seus efeitos e perspectivas.

É preciso acompanhar a prática de sala de aula dos professores, promover

a formação continuada dos professores. Acompanhar e coordenar as reuniões de

planejamento (plano de ação-reflexão-ação) e realizar encontros entre alunos e

professores, organizar sessões de estudo da proposta pedagógica.

O Supervisor escolar deve sugerir e viabilizar cursos, palestras,

seminários, estudo orientado, etc. Deve criar espaços de elaboração–retomada-

aplicação-execução e avaliação do plano envolvendo a escola.

Nossa proposta para reflexão é a de que o Supervisor, apesar de todas as

atribuições inerentes à função e da atual desvalorização profissional, assuma o

papel do co-agente na construção de uma prática, empreendedora na gestão

pedagógica.

Ao professor compete adotar uma postura de parceria e, como mediador,

propor situações de aprendizagem desafiadoras, tornando a sala de aula num

espaço prazeroso de transformação, de pesquisa, de investigação, que permita

ser o aluno o construtor de um novo saber, tornando-o capaz de interagir de

forma crítica, ética e inovadora na sociedade.

Sendo sua ação pautada pela ética, responsabilidade, sensibilidade,

transparência e trabalhando em equipe, tendo perseverança, comprometimento e

cumplicidade, estaremos em constante busca da qualidade do ensino e, dessa

forma nós tornaremos “parceiros-políticos-pedagógicos”, do professor, pois é o

trabalho do professor regente de classe que dá sentido ao trabalho do Supervisor

no interior da escola.

O trabalho do professor abre espaço e indica o objeto de ação/reflexão, ou

de reflexão/ação para o desenvolvimento da ação supervisora” nos orienta

Medina.

E para que essa parceria pedagógica seja consistente e compartilhada por

todos e crie condições favoráveis ao desenvolvimento de habilidades que levem

“a aprender”, a aprender a ser, a tornar-se, a criar-se, a participar, a transformar o

ambiente em que vivem.

Há necessidade de que o Supervisor seja um profissional competente para

Page 37: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

37

enfrentar todas as adversidades e tenhamos consciência, enquanto gestores

educacionais, que novas competências, neste século XXI, são necessárias para o

nosso fazer tendo em vista que a sociedade da informação deve ser encarada

como um fenômeno irreversível e o conhecimento como fator essencial de

competitividade.

Nesse sentido enquanto articuladores do processo do professor, nosso

grande desafio, numa sociedade de informação, temos que fazer diferente.

E o que é fazer diferente? É sermos inovadores, estarmos ligados no

momento, mergulharmos no desconhecido, vivenciarmos experiências

enriquecedoras, ter a cultura do trabalho em equipe e nesse sentido, vale

ressaltar que uma das nossas funções.

Segundo Medina, “É preciso reinventar o nosso fazer, repensar novas

estratégias, façamos diferente, pois existe espaço para a ação supervisora e este

espaço pode ser ocupado por aqueles supervisores que desejarem problematizar,

responder e duvidar, refletir, reagir e agir a respeito do seu próprio trabalho, cujo

objeto é a produção do professor e do aluno no ato de ensinar e aprender.”

Desta forma seremos co-agentes na formação integral dos alunos que

deve ser entendida como saber essencial, isto é, aquela que proporciona ao ser

humano, o saber inovar, saber sentir, saber fazer, saber refletir, saber ser

crítico,saber ser ético e principalmente saber atuar com competência para

analisar o cenário e as tendências do mercado de trabalho, lembrando que a

educação por si só não faz milagres.

A educação tem de fazer parte de um projeto integral de sociedade,

portanto façamos nossa parte enquanto educadores agentes de supervisão e

defensores da qualidade de ensino.

Page 38: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

38

CONCLUSÃO

Neste trabalho monográfico foi concluído que o Supervisor teve sua função

mudada de inspetor ou aquele que só tinha a função de controle para a função de

auxiliador, orientador, dinâmico, acessível, eficaz, capaz, apoiador, colaborador,

facilitador, atualizado e criativo.

A Supervisão escolar passa a ser então uma ferramenta de atuação e tem

como principio o fazer, o agir, o movimentar-se, é imperioso que este profissional

contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a

resolução de problemas e enfrentamentos de desafios no dia a dia.

O Supervisor escolar na atualidade deve ser capaz de pensar e agir com

inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores esses que requerem

habilidades para exercerem suas atividades de forma responsável e

comprometida. É visto como um instrumento necessário para a mudança das

escolas.

Com este trabalho monográfico visamos identificar e explicitar a

transformação que houve desta profissão, o que de fato é ser um supervisor

escolar, seu perfil, responsabilidades e desafios enfrentados por ele.

Com tudo isso, tentamos propiciar uma visão geral e abrangente do

Supervisor no Âmbito escolar e a forma de que ele é capaz de superar e

transformar os desafios vividos pela sua profissão.

Page 39: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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www.portalsaofrancisco.com.br

www.athena.biblioteca.unesp.br

www.webartigos.com

www.portal.mec.gov.br

www.escolanova.com.br

Page 42: A Atuação do Supervisor Educacional no Âmbito Escolar

42

ÍNDICE

Folha De Rosto...............................................................................................2

Agradecimentos..............................................................................................3

Dedicatória......................................................................................................4

Resumo...........................................................................................................5

Metodologia.....................................................................................................6

Sumário...........................................................................................................7

Introdução.......................................................................................................8

CAPÍTULO I

O Supervisor E Sua História...........................................................................10

1.1 – O Supervisor e sua verdadeira função na história.................................12

1.2 – O Supervisor e seu crescimento na história..........................................14

CAPÍTULO II

O Verdadeiro Papel Do Supervisor Escolar....................................................19

2.1 – O perfil de um Supervisor escolar..........................................................21

2.2 – Responsabilidades de um Supervisor Escolar.......................................23

CAPÍTULO III

A Diferença Que O Supervisor Escolar Faz No Âmbito Escolar.......................27

3.1 - Os desafios de um Supervisor Escolar no âmbito educacional................31

3.2 - O sentido de ser um Supervisor Escolar ................................................35

CONCLUSÃO................................................................................................... 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.........................................................................39

BIBLIOGRAFIA CITADA....................................................................................40

WEBGRAFIA.....................................................................................................41

ÍNDICE...............................................................................................................42