A CONSTRUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS SOBRE BRASILEIROS NO FILME
RIO: A QUESTÃO SOCIAL DO CONTRABANDO DE ANIMAIS
Maria Valéria Siqueira MARQUES
Escola Municipal José Paulino de Siqueira
Resumo: O objetivo deste trabalho é identificar estereótipos presentes no filme Rio
por meio de atividades sobre o tema principal “contrabando de animais” fazendo
uma comparação com atividades encontradas em site da internet. Para tanto, autores
como, BAKHTIN (2004; 2006); FARIA e SILVA (2013), que tratam da questão
dialógica da linguagem; RASIA (2011); BRITO e CUSTÓDIO (2012); SILVA
(2014); GREGORIN FILHO (2012) estes discutem a questão do conceito de
estereótipos e os Parâmetros Curriculares de Língua Estrangeira – PCN-LE,
BRASIL (1998), tratam acerca do engajamento discursivo e temas de interesse
social, dentre outros, que serviram como fundamentação teórica. Sobre a
metodologia de pesquisa é qualitativa realizada na Escola Municipal José Paulino de
Siqueira, município de Santa Terezinha- PE foi feito questionário seguido de
atividades didáticas sobre o filme Rio e foi comparado com atividades encontradas
em site da internet para verificar a consciência crítica sobre o tema trabalhado
(contrabando de animais), participaram 27 alunos do nono ano do Ensino
Fundamental. Os resultados, em andamento, apontam que os participantes fizeram
referência aos estereótipos encontrados no filme Rio afirmando que brasileiros são
vistos como desorganizados e gostam de carnaval, de futebol e de funk, pois são
marcas que os referenciam na atualidade, no entanto, torna-se necessário considerar
a diversidade cultural brasileira como danças e músicas. A conclusão parcial que
chegamos foi que atividades encontradas na internet sobre o tema “contrabando de
animais” não discutiram sobre estereótipos e nem fizeram questionamentos sobre
ideologias presentes no filme, porém nas atividades de sala de aula, os participantes
se envolveram criando um clima de interação e discussão sobre o tema
desenvolvendo o senso crítico em aulas de inglês.
Palavras-chave: Filme. Estereótipos. Inglês. Interação.
Introdução
O artigo é motivado pelo filme de animação Rio estadunidense, lançado em
2011 produzido pela Blue Sky Studios e dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha. Este
foi lançado nos cinemas brasileiros em 27 de março de 2014. Uma semana depois foi
lançado no Reino Unido e com lançamento em outros mercados a partir de 11 de abril
de 2014. O filme mostra uma questão temática a ser trabalhada em sala de aula que é o
contrabando de animais, além disso, pode se perceber implicitamente alguns
estereótipos relacionados ao Brasil, mesmo não sendo intenção do autor do filme, por
exemplo, as favelas, ao samba, ao modo de comportamento, etc.
Pesquisas realizadas em Silva (2005); Scheyrl e Siqueira (2008); Gregorin Filho
(2011); Paganotti (2011); Silva (2014); Brasil (2012); Brito e Custódio (2012); entre
outros apontam para um conjunto de crenças definidas como simplificações da realidade
feitas por esquemas mentais que distorcem e generalizam características (que podem ser
negativas, positivas ou neutras) de determinados grupos de pessoas ou objetos, como
interpretações errôneas. Os Parâmetros Nacionais Curriculares de Língua Estrangeira –
PCN-LE (BRASIL,1998), propõe que docentes tratem de temas de interesse social em
aulas de línguas estrangeiras, pois “o ensino de línguas oferece um modo singular para
tratar das relações entre a linguagem e o mundo social, já que é o próprio discurso que
constrói mundo social” (BRASIL,1998, p.43). Para tanto, o filme aborda o tema
contrabando de animais como uma forma de engajar discursivamente os alunos em
aulas de inglês.
O objetivo principal deste trabalho é identificar estereótipos presentes no filme
Rio por meio de atividades sobre o tema principal “contrabando de animais” fazendo
uma comparação com uma atividade encontrada em site da internet. Cabe, aqui, deixar
claro a noção de estereótipos, pois muito se discute sobre o assunto em diferentes
âmbitos das áreas de estudo consolidando diferentes teorias.
1.Conceito de estereótipo
Para Silva (2014), estereótipo pode ser entendido como uma imagem ou opinião
aceita sem reflexão por pessoa ou grupo e exprime um julgamento simplificado, não
verificável e às vezes falso sobre tal grupo ou sobre algum acontecimento. Além disso,
uma pesquisa indica que os estereótipos brasileiros no exterior advêm principalmente da
indústria do turismo e do noticiário da imprensa internacional.
A primeira propaga o que autor chama de estereótipo positivo fazendo alusão
ao Brasil como terra do carnaval, da sensualidade, das mulheres, do samba, do futebol e da natureza tropical. Já os noticiários são os responsáveis por reproduzirem o estereótipo negativo do país, representando-o como o lugar da violência, da criminalidade, da miséria e do descaso com a natureza. (SILVA, 2014, p. 56)
Nos filmes, os estereótipos se apresentam constantemente de forma velada,
muitas vezes nem cristalizam sentimentos de repulsa. Porém, mesmo que veladas às
representações, quando notadas, podem estar ligadas, no caso do estereótipo, ao
sentimento que se equipara ao preconceito, conforme envolvem os estudos de Marcus
Lima e Marcos Pereira em (RASIA, 2011). Para Lippmann (2005) apud Brito e Bona
(2014, p. 17), o estereótipo é então uma impressão que marca determinantemente as
relações sociais. Eles podem e devem, porém, ser reavalidados e remodulados, pois
sofrem alterações de acordo com o contexto e com a intensão de quem o cria ou que
dele se apropria. Brito e Custódio (2015), traz a origem da palavra “stereó + typos” que
significa (molde sólido), estereótipos são idéias fixas e duradouras, pois se apresentam
como verdades indiscutíveis. E, acrescenta que
[...] o estereótipo é considerado a componente cognitiva: pensamos que
todos os pedintes são pessoas marginalizadas, que só querem dinheiro para
drogas, etc.; O preconceito é caracterizado como a componente afetiva:
sentimos nojo, repulsão, pena, perante os pedintes; E a discriminação é
definida como sendo a componente comportamental: ao vermos um pedinte
gozamos com ele, passamos para o outro lado da rua, insultamo-lo,
agredimo-lo. (BRITO E CUSTÓDIO, 2015, p.23).
Entendemos que estereótipos estão relacionados ao preconceito e a
discriminação são marcas que criam uma expectativa falsa sobre determinadas pessoas
impostas pela sociedade no processo de socialização. De acordo com Brito e Bona
(2014), uma definição completa de estereótipo é obviamente algo difícil de fazer. É
importante lembrar que além de abranger os usos e os desdobramentos, para além do
surgimento, que os estereótipos podem vir a ter, é preciso levar em consideração a
contribuição dos estudos da linguagem para sua análise.
2. O ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: o filme como um material autêntico
na sala de aula
Concordamos com Leffa (2011), ao assinalar que o domínio de uma língua
estrangeira não é uma competência que possa ser disfarçada. Podemos fingir
sentimentos que não temos e até fazer de conta que compreendemos o que nos dizem,
mas ninguém pode fingir que fala inglês ou espanhol. A expressão natural do enunciado
na língua estrangeira pressupõe anos de estudo e dedicação, resultado de um
conhecimento autêntico que não se adquire de um dia para o outro, ao contrário disso
corremos um risco do fracasso especialmente na escola pública. Segundo este estudioso
já mencionado,
Apontar um culpado é uma tarefa que exige muito poder de argumentação
para que possamos persuadir o interlocutor de que não estamos encobrindo
nossa própria incompetência. Às vezes é mais fácil obter diretamente o
sucesso do que desenvolver um intrincado raciocínio para justificar de modo
convincente o próprio fracasso. (LEFFA, 2011, p.18).
Para alcançar melhores objetivos no ensino de língua inglesa em escolas
públicas torna-se necessário abandonar as práticas tradicionais feitas somente pela
decodificação e assumir uma prática dialógica e discursiva da linguagem por meio não
somente do livro didático como também por materiais autênticos: filme, jornal, revista,
podcast, radio, TV, games, youtube, propaganda, anúncios, reportagens, notícias,
artigos de divulgação científica, etc. Ou seja, materiais reais encontrados nas práticas
sociais com um propósito comunicativo.
O filme como material autêntico em sala de aula, conforme Prizotto (2016),
pode fazer uso de uma das mais fascinantes manifestações culturais no sentido de
permitir um momento reflexivo abordando temas transversais e conteúdos referentes ao
filme e ao cotidiano social e escolar dos alunos. Um filme, documental ou ficcional, não
é somente o roteiro ou o texto verbal (diálogos, narrações em off, legendas), mas pode
gerar debates articulados ao um tema selecionado pelo professor.
Assim, não podemos deixar de comentar, aqui, sobre a política dos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira – PCN-LE (BRASIL,1998), que defende
um ensino articulado aos temas de interesse social que envolva os alunos numa
discussão, isto é, num engajamento discursivo, por isso estes documentos seguem a
linha de pesquisa sociointeracional de linguagem.
O uso da linguagem (tanto verbal quanto visual) é essencialmente
determinado pela sua natureza sociointeracional, pois quem a usa considera
aquele a quem se dirige ou quem produziu um enunciado. Todo significado é
dialógico, isto é, é construído pelos participantes do discurso. Além disso,
todo encontro interacional é crucialmente marcado pelo mundo social que o
envolve: pela instituição, pela cultura e pela história. Isso quer dizer que os
eventos interacionais não ocorrem em um vácuo social. Ao contrário, ao se
envolverem em uma interação tanto escrita quanto oral, as pessoas o fazem
para agirem no mundo social em um determinado momento e espaço, em
relação a quem se dirigem ou a quem se dirigiu a elas. É nesse sentido que a
construção do significado é social. (BRASIL, 1998, p. 27).
Em comunhão com Bakhtin (2006), “todos os campos da atividade humana
estão ligados ao uso da linguagem. Compreendemos perfeitamente que o caráter e as
formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana.”
(p.261). O uso da linguagem é uma forma autêntica, real que as pessoas utilizam no
mundo social em que vivem para resolverem suas vidas denominadas na visão
bakhtiniana de gêneros do discurso1.
Com isso, o filme além de fazer parte dos usos da língua é um material autêntico
que pode promover à discussão em sala de aula de inglês por meio de um tema de
interesse social, por exemplo, o (contrabando de animais), fazendo menção à linha
sociointeracional da linguagem. Sendo assim várias pesquisas vem sendo decorridas em
congressos e revistas acadêmicas sobre o uso de material autêntico em aulas de inglês.
3. Metodologia
A metodologia de pesquisa qualitativa, de acordo com Bortoni-Ricardo (2008), é
o desvelamento do que está dentro da caixa preta no dia-a-dia dos ambientes escolares,
identificando processos que, por serem rotineiros, tornam-se invisíveis para os atores
que deles participam. Foi utilizado somente um instrumento de coleta de dados –
questionário – contendo 11 perguntas abertas respondidas por escrito pelos participantes
do nono ano A, ao todo, 27 alunos envolvidos da Escola Municipal José Paulino de
Siqueira no turno vespertino em oito aulas. Esta atividade foi comparada com outra
encontrada em site da internet para verificar a consciência crítica sobre o tema
trabalhado.
ANTES DO FILME:
1. O que vocês acham que o filme trata a partir do título?
2. O que sabe sobre contrabando de animais? Você acha que o filme vai mostrar algum
tipo de preconceito, ou seja, de estereótipos?
3. O que você entende por estereótipos?
DEPOIS DO FILME:
4. Quais os estereótipos que vocês imaginam que os estrangeiros têm nossos? Eles devem
ser mantidos ou não? Por quê?
5. Quais estereótipos vocês têm de outros países? Qual o porquê de vocês pensarem
assim?
6. O que você entende sobre o contrabando de animais. Comente.
1 Grifo nosso
7. Qual o porquê do contrabando de animais no Brasil? Como o assunto é tratado no
Filme? Benéfico ou não?
8. Quais as consequências do contrabando de animais? E que aves estão em extinção no
filme?
9. Com essa questão afeta a criação de estereótipos sobre o Brasil no exterior?
10. Como se sentiu Linda ao ver seu pássaro roubado no Brasil?
11. Como se sentiu Blue ao voltar às origens tendo adquirido uma nova cultura nos
Estados Unidos da América com sua família adotiva? Que estereótipos a arara sofreu
ao chegar a sua própria terra?
As duas primeiras aulas os alunos assistiram ao filme e as demais foram para
discussão e atividades. Depois, solicitamos algumas atividades dando continuidade tais
como:
12.Pesquise sobre o contrabando de animais no Brasil em inglês e explique sua visão a
partir das leituras feitas e debatidas em sala de aula.
13. Elabore em inglês uma interpretação do filme que enfatiza o problema criando
idéias sobre o que você aprendeu do sentido de estereótipos.
14. Forme grupos para apresentar as músicas do filme em inglês.
15.Confeccionem imagens, falas, problematizando a questão do contrabando de
animais no Brasil.
Esta será comparada com uma atividade encontrada em site da internet para
verificar a consciência crítica sobre o tema trabalhado “contrabando de animais”, desta
feita, participaram vinte e sete alunos do nono ano do Ensino Fundamental.
4. Análise e discussão
Dividiremos esta análise em categorias em duas partes, de um lado as atividades
trabalhadas em sala de aula, de outro uma atividade encontrada na internet, então, nós
faremos um contraponto. Os participantes, aqui, serão referidos a P1, P2, P3, (...),
sucessivamente:
4.1 Estereótipos
“O contrabando de animais é um dos fatores que influenciou muito a imagem
do Brasil no filme Rio para o lado negativo, pobre culturalmente, esse
estereótipo não deve ser mantido”. (P2).
Como já era esperado, os participantes fizeram referência aos estereótipos
encontrados no filme Rio muito comentado em outras pesquisas sobre a imagem do
Brasil e dos brasileiros no exterior. E, P2, apresenta em sua fala que um ponto negativo
e não deve ser mantido, pois somos um país cultural.
“São generalizações que as pessoas têm de outras, sobre o comportamento ou
características”. (P2).
“O contrabando de animais muitas vezes é praticado por pessoas que querem
ganhar dinheiro falso, sujo e isso não é benéfico” (P3).
“O traficante deve ser preso porque as araras azuis estão em extinção”. (P10).
“Sobre o que seja estereótipo, em minha opinião, é preconceito discriminação
por raça, cor, etnia ou religião”. (P 11).
“Sobre as imagens do Brasil e de brasileiros no país estrangeiro
contrabandear animais e um ato criminoso e negativo e quando Blue foi
roubado a personagem Linda ficou triste e arrependida de ter vindo ao
Brasil”.(P11).
“Estereótipos são tipos de preconceito eles não são verdadeiros, são falsos”
(P 15).
Concordamos com Oliveira (2014), quando afirma que o professor precisa ter o
cuidado de não subestimar os aprendizes de inglês, pois eles trazem para sala de aula
conhecimentos linguísticos, textuais provenientes do seu aprendizado em língua
portuguesa. Isso é comprovado nas falas dos alunos acima quando eles apresentam uma
leitura ativa crítica sobre o filme Rio legendado em inglês tornando-se responsáveis
pelo seu próprio conhecimento. Ao falar sobre o contrabando de animais os
participantes afirmaram que:
“Sei que os contrabandistas ganham muito dinheiro com essas espécies de
animais exóticas que podem estar em extinção, pois não apreciadores da
nossa cultura”. (P 11).
“Isto é crime é preciso conscientizar as pessoas sobre a extinção das espécies
exóticas”. (P 12).
“O Brasil é um país onde centra-se a beleza da fauna e da flora de modo
aumenta o contrabando de animais”. (P13).
“Porque no Brasil há muitas espécies raras e bonitas bem complexo, pois é
real no filme e lá apenas mostra um exemplo de um tipo de contrabando mas,
existem vários outros, não somente porque acaba com os animais bem como
a cadeia alimentar”. (P 14).
Qualquer aprendizagem exige um pouco de maturidade de determinadas
funções, segundo, Oliveira (2014), ao falar sobre o tema principal do filme Rio, os
participantes expuseram suas opiniões, isso indica o desenvolvimento da criticidade do
qual os PCN-LE defendem “isso é o que foi chamado de engajamento discursivo por
meio de leitura em língua estrangeira” (p.21).
Sobre estereótipos que os participantes imaginam que os estrangeiros têm
nossos? Eles devem ser mantidos ou não? Por quê?
“Que somos diferentes em tudo, somos desorganizados” (P15);
“Por conta do nosso jeito alegre de ser, os preconceitos não devem mantidos,
assim respeito mútuo” (P 16);
“Eu vi em uma pesquisa da internet que falava os americanos acham que
brasileiros se preocupam e são obcecados por limpeza, sabemos que nós
temos uma higiene em tudo, essa qualidade deve ser mantida e não
estereotipada como uma obsessão” (P 18);
“Que no Brasil só tem futebol e carnaval deve ser quebrado, somos um país
com diversidade cultural” (P 22);
“Que brasileiro só dança funk e não deve ser mantido”. (P1);
Observamos que os participantes além de sua visão de mundo, eles pesquisaram
em suas leituras na internet como demonstra P18, ao falar da imagem de estrangeiros
sobre brasileiros enfatizando questão da limpeza como estereótipo da obsessão.
Enquanto outros falaram sobre estereótipos referentes à desorganização funk, pois estes
não devem ser mantidos como sendo negativos, fazem parte da cultura brasileira.
Sendo assim, um termo muito usado na língua estrangeira, segundo, Oliveira
(2014), é o termo proficiência significa que o aprendiz será capaz de usar a língua em
uma gama de modos culturalmente apropriados e terá competência comunicativa para se
comunicar em situações sociais diversas, por exemplo, explicar um filme, compreender
um texto, fazer uma análise de um cartoon, etc. Trazendo para este contexto, os
participantes demonstram proficiência sobre entendimento do filme assistido na língua
estrangeira e por eles já terem assistido em sua língua materna, ajudou-os na interação
em sala de aula.
4.2 Atividade encontrada em site da internet sobre o filme Rio
Sobre a atividade (1) retirada do site e mencionada nesta nota abaixo trata-se de
uma atividade pouco discursiva, apenas para pintar a localização no mapa de origem de
Blue no Brasil.
Atividade de interpretação do filme Rio2
Esta é uma atividade que pode ser usada por professores como complemento
às aulas de compreensão de texto e também de ecologia. Por meio do filme
Rio, o aluno pode ser levado a pensar sobre ecologia e preservação da
natureza, focos do filme que foi um sucesso. Por meio de atividades
escolares, os alunos poderão desenvolver mais e melhor os assuntos tratados
em sala de aula.
1- Pinte o estado no mapa que representa a origem da arara Blue.
2- O filme aborda um assunto muito polêmico, um crime, assinale a
alternativa que corresponde a este crime:
a) ( ) Tráfico de drogas b) ( ) Assaltos c) ( ) Tráfico de animais
3- O filme mostra imagens de festejos de uma festa típica do Brasil, que festa
é essa?
a) ( ) Festa Junina b) ( ) Carnaval c) ( ) Natal.
4- O nome da ararinha era Blue, que inglês significa uma cor, assinale a
alternativa que corresponda a essa cor:
a) ( ) Verde-claro b) ( ) Azul c) ( ) Amarelo
5- Por que Blue voltou para o Brasil?
a) ( ) Sentiu saudades de sua terra natal.
b) ( ) Queria conhecer pássaros de sua região.
c) ( ) Para acasalar com uma fêmea e preservar sua espécie.
6- Qual era o maior defeito de Blue?
a)( ) Tinha uma asa menor.
b)( ) Era egoísta e maldoso.
c)( ) Não sabia voar. 7- Por que Blue não sabia voar? a) ( ) Porque foi criada como uma ave doméstica e por isso não aprendeu a voar. b) ( ) Porque sua dona tinha medo que ele caísse e machucasse por isso nunca aprendeu a voar. c) ( ) Porque uma de suas asas era menor que a outra e não dava estabilidade durante o voo. 8- Qual a profissão de Túlio? a)( ) Cientista b) ( ) Professor c) ( ) Veterinário 9- Quem sequestrou Jade e Blue? E por quê? a)( ) Colecionadores de aves exóticas. E eles só sequestraram os pássaros porque faltavam aves azuis em sua coleção. b)( )Contrabandistas. Eles queriam vender as aves porque eram muito valiosas. c) ( ) Cientistas. Eles queriam engaiolar as aves para que essa espécie não fossem extintas.
2 http://maiseducativo.com.br/atividade-de-interpretacao-filme-rio/
10- Por que Fernando ajudou os contrabandistas? a)( )Porque era menino de rua, e por ser rejeitado cometia crimes para mostrar como era revoltado. b)( ) Porque era contrabandistas. c)( ) Porque precisava de dinheiro para sobreviver. 11- O filme teve um final feliz e emocionante. Escreva resumidamente o final.
De uma forma geral, as atividades não contemplam as questões sobre
estereótipos e ideologias presentes no filme e debatidas anteriormente, somente a última
questão que alunos envolvidos numa sala de aula teriam espaço para discutir escrevendo
resumidamente o final, mas não há espaço nas atividades para uma leitura crítica do
filme, ou seja, o engajamento discursivo visto nos PCN-LE, Brasil (1998). No ensino
de línguas estrangeiras, de acordo com, Oliveira (2014), é preciso levar em
consideração o uso linguístico e, consequentemente, o sujeito usuário da língua e a
variação linguística provocada pela existência de sujeitos diferentes inseridos em
contextos sociais, históricos, culturais e geográficos diferentes. Isso significa que as
atividades não exploraram, nem a variedade linguística, nem mesmo trouxeram
questionamentos sobre ideologias e estereótipos encontrados no filme pelos
participantes em sala de aula.
Considerações Finais
A conclusão que chegamos foi que atividades encontradas na internet sobre o
tema “contrabando de animais” não discutiram sobre estereótipos e nem fazem
questionamentos sobre ideologias presentes no filme, porém nas atividades de sala de
aula, os participantes se envolveram criando um clima de interação e discussão sobre o
tema em aulas de inglês desenvolvendo o senso crítico e ativo nas discussões em sala.
Percebemos ainda na atividade encontrada na internet uma concepção que se
distancia da perspectiva interacionista, pragmática de língua, pois “muitas escolas
brasileiras ainda prefere manter o nível do ensino das sentenças isoladas,
descontextualizadas sem levarem em conta as razões pelas quais os brasileiros estudam
inglês”. (OLIVEIRA, p.39). Assim, é preciso ressaltar a língua vista enquanto
comunicação, interação social que marca as posições sociais e ideológicas entre os
interlocutores.
O filme tornou-se nesta atividade um propulsor de ideologias a serem discutidas
em sala de aula em que o semiótico aparece por meio das imagens que emergem durante
o processo de interação entre a arara Blue e a personagem Linda, quando a Blue foi
capturada pelo traficante vendido e levado para os Estados Unidos lá, por ser um filhote
ele sofreu um processo de aculturamento ele recebeu a cultura americana como
(comportamento, comidas, estilo de vida), ele também sofreu estereótipos das outras
aves por não saber voar, esse foi um processo de adequação para o personagem de
animação Blue porque ele foi deslocado do seu habitat natural, de sua origem materna –
a selva brasileira para conviver num espaço fechado como se fosse uma pessoa humana
com uma ética polida.
Para Gregorin Filho (2012), Blue não reconhece mais sua nacionalidade quando
descobre que sua espécie corre riscos de ser extinta, deseja voltar para salvá-la dos
traficantes e ao encontrar aqueles dois pássaros com tampa de lata de cerveja na cabeça
ele não consegue interagir com aquela imagem, a própria imagem do brasileiro
estereotipada com a malandragem, a esperteza, o roubo, o desrespeito. Ele aprendeu
uma nova ética estadunidense e agora acontece uma disparidade com os atores do seu
espaço de origem. E essa imagem é transmitida através do filme o belo (as selvas, as
praias, o Rio de Janeiro, o carnaval), o feio (as favelas, o roubo, o tráfico, a desordem
do país, a desonestidade das pessoas, o afro-descendente), que problematizam o objeto
empírico das representações identitárias brasileiras.
Por fim, observamos que adaptação do imigrante ao país estrangeiro é um
processo de aculturamento que passa a esquecer sua origem e viver uma nova
identidade, uma ética diferente e polida naquele país estrangeiro. O preconceito, a
discriminação pode estar relacionada à ideologia de que o país foi sempre constituído de
uma história de escravidão onde a civilização brasileira é considerada inferior em
relação ao mundo europeu.
Referências Bibliográficas
BAKHTIN, M. Marxismo e a filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2004.
______.Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BORTONI-RICARDO, S. M. O professor pesquisador. Introdução à pesquisa
qualitativa. São Paulo: Parábola, 2008.
BRASIL, A. A construção da imagem do Brasil no exterior: um estudo sobre as rotinas
profissionais dos correspondentes internacionais. Professor do Programa de Pós-
Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina – (UFSC).
Revista Famecos mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre, v. 19, n. 3, pp. 775-794,
setembro/dezembro 2012.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira: 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998.
BRITO, L.; BONA, F. D. Sobre a noção de estereótipo e as imagens do Brasil no
exterior. UFPB/PPGL | ISSN 1516-1536. 15 Revista Graphos, vol. 16, n° 2, 2014.
BRITO, D.; CUSTÓDIO, J. Estereótipos, preconceito e discriminação. Instituto
educativo do Juncal. Psicologia B. Leira, Portugal, 2012.
FARIA e SILVA, A. P. P. de. Bakhtin. In: OLIVEIRA, Luciano Amaral Estudos do
Discurso. Perspectivas teóricas. 1ªed. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.
GREGORIN FILHO, J. N. O olhar polêmico do narrador no filme Rio. Universidade de
São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Brasil: Liter Artes, 2012.
LEFFA, V. J. Criação de bodes, carnavalização e cumplicidade. Considerações sobre o
fracasso da LE na escola. IN: LIMA, Diógenes Cândido de [org.]. Inglês em escolas
públicas não funciona: uma questão, múltiplos olhares. São Paulo: Parábola Editorial,
2011.
MEIHY, J. C. S. B. Brasil fora de si: experiências de brasileiros em Nova York. São
Paulo: Parábola Editorial, 2004.
OLIVEIRA, L. A. Estudos do Discurso. Perspectivas teóricas. 1ªed. São Paulo:
Parábola Editorial, 2013.
______. Métodos de ensino de inglês. Teorias, práticas, ideologias.1ª ed.São
Paulo:Parábola Editorial, 2014.
PAGANOTTI, I. Imagens e estereótipos do Brasil em reportagens de correspondentes
internacionais. USP, 2011.
PRIZOTO, F. S. A. O filme como recurso tecnológico educacional nas aulas de língua
inglesa. Mestranda do curso de Linguística Aplicada da Universidade de Taubaté, SP.
UNITAU, 2016.
SCHEYERL, D.; SIQUEIRA, S. O Brasil pelo olhar do outro: representações de
estrangeiros sobre os brasileiros de hoje. Trab. Ling. Aplic., Campinas, 47(2): 375-391,
Jul./Dez. 2008.
SILVA, L. A representação do Brasil nos seriados televisivos norte-americanos.
Universidade Federal De Santa Catarina. Florianópolis- SC. Revista Analítica
Guarapuava, Paraná v.12 n. 1 p. 49 - 70 jan./jun. 2011/2014.
SILVA, R. S. As representações do Brasil e dos brasileiros na internet: a construção da
brasilidade nos sites estrangeiros. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, 2005.
Sites
http://maiseducativo.com.br/atividade-de-interpretacao-filme-rio/ Atividade com Filme
Rio acesso em janeiro 2017
RASIA, Régis Orlando. E quando o“outro somos nós”?O estereótipo do Brasil e do
brasileiro no audiovisual. In: Rua revista universitária do audiovisual. Postado em 15
de novembro de 2011. http://www.rua.ufscar.br/e-quando-o-outro-somos-nos-o-
estereotipo-do-brasil-e-do-brasileiro-no-audiovisual/ acesso em junho de 2016.