A LEITURA DE HAMLET, MACBETH, OTHELLO E KING LEAR DE WILLIAM SHAKESPEARE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Valdomiro Polidório1
1. Introdução
A escola deve ser um local onde a literatura tenha seu espaço constante. Não
devemos considerar a literatura como um simples conteúdo a ser trabalhado. Para que a
literatura nas escolas realmente apresente resultados interessantes, há a necessidade de
utilizarmos mecanismos metodológicos que possam despertar o interesse dos alunos
para a leitura. A literatura denominada “literatura com ‘l’ minúsculo” deve ser
respeitada no momento em que o aluno traz essa leitura para a escola, oriunda de sua
casa, do contato com os amigos, ou da divulgação da mídia, contudo, cabe ao professor
trabalhar com a denominada “literatura com ‘L’ maiúsculo”, ou a literatura de
qualidade. Mesmo a literatura de qualidade deve ser trabalhada respeitando o nível de
leitura e de conhecimento dos alunos. O professor deve também preparar o caminho
para que o aluno possa entender o texto literário que será trabalhado. O trabalho com a
leitura tem que ser cuidadoso no sentido de respeitar toda a sua riqueza. O professor não
deve trabalhar o texto literário como se estivesse trabalhando um texto informativo. A
quantidade de leitura não pode estar à frente da qualidade no trabalho com essas
leituras. Sabemos que o mundo contemporâneo exige mais a quantidade do que a
qualidade, contudo, trabalhar um texto literário de uma forma rápida e superficial, é
como se esse texto não tivesse sido trabalhado. O imaginário do aluno não será
despertado se o professor simplesmente fizer de conta que está trabalhando a leitura de
literatura. Um grande escritor de um texto de qualidade não escreveu a sua obra em um
dia e depois a publicou. Se o grande escritor de literatura de qualidade levou muito
tempo elaborando a sua obra, nós não podemos desmerecê-la fazendo uma leitura rápida
e perguntando quem foi o autor, quando ele nasceu e quando ele morreu, que ano que
foi publicada a obra e depois fazer o resumo do enredo da obra. Há, sim, a necessidade
1 Professor Mestre de Literaturas de Língua Inglesa da UNIOESTE – Campus de Cascavel – PR.
do respeito ao texto literário de qualidade, e isso se torna possível na escola, e é papel
do professor respeitar a obra literária de qualidade no momento de sua leitura em sala de
aula. A literatura de qualidade traz muito conhecimento e muita magia também, porém,
sem o despertar do imaginário do aluno, ela permanece somente palavras:
A memorização mecânica da descrição do objeto não se constitui em conhecimento do objeto. Por isso é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um objeto e feita no sentido de memorizá-la, nem é real leitura, nem dela, portanto, resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala. (FREIRE, 1987, p. 18)
William Shakespeare é sem dúvida um escritor muito conhecido, seja através de
suas obras, de filmes baseados nelas, ou de curiosidades sobre sua vida. Mesmo que
suas peças não tenham sido escritas para serem lidas como literatura, e sim encenadas,
desde sua publicação, em 1623, elas atraem a atenção de um público cada vez mais
variado. Seus textos são riquíssimos no que se refere a seus aspectos polissêmicos,
atemporais e verossímeis. Nosso bardo influenciou, influencia e influenciará outros
escritores que sabem aceitar a influência do grande mestre da literatura universal. Sendo
assim, nada melhor do que o professor que atua nos anos iniciais do ensino fundamental
utilizar as obras shakespeareanas.
Como levar Shakespeare às escolas? Esta é uma pergunta que nós professores de
literatura, e mesmo de línguas, devemos tentar responder. Trabalhando com o fato de
que William Shakespeare foi um grande conhecedor da natureza humana podemos
explorar alguns elementos que compõem suas mais importantes tragédias como Hamlet,
Othello, Macbeth e King Lear:
O conhecimento da natureza humana de Shakespeare impressiona. Ele aborda os conflitos do ser humano que sempre existiram, como ódio, amor, usurpação do poder, traição, vingança, o belo, o feio, a tirania, a angústia, a melancolia, a ambição etc. Todas essas características compõem a nossa natureza. (POLIDÓRIO, 2009, p. 08)
Atualmente, trabalhamos à sombra da revolução tecnológica, a qual pode ser útil
desde que o nosso aluno saiba fazer uso dela. Cenas das quatro grandes tragédias
abordadas neste trabalho podem ser encontradas no YouTube. Conhecedores desses
recursos tecnológicos, podemos aproximar nosso aluno do maior dramaturgo de todos
os tempos. Podemos fazer uso das várias adaptações para o cinema de Hamlet, Othello,
Macbeth e Rei Lear, pois o acesso que os alunos, como a maioria das pessoas têm a
filmes é maior do que o acesso a peças de teatro. Ao utilizar o filme poderemos tentar
despertar o interesse de nossos alunos para a leitura das tragédias. Isso não é uma
garantia de que os alunos terão o interesse pela leitura despertado, porém, no contexto
contemporâneo, onde os alunos não têm o hábito da leitura, há a necessidade de
aproveitar todos os mecanismos possíveis para motivá-los a ler: “When interviewing
students it was possible to realize that they were more interested in watching films and
in listening to songs than reading a literary text.” (POLIDÓRIO, 2004, p. 11). Partindo
de pressupostos como este, no qual o pesquisador foi para o campo, neste caso, à escola,
para fazer sua coleta de dados, podemos ter uma noção da realidade dos interesses de
nossos alunos.
As quatro grandes tragédias de William Shakespeare Hamlet, Othello, Macbeth
e Rei Lear tem o poder de abordar questões que podem ser debatidas em sala de aula.
Poderíamos dizer que qualquer texto literário de qualidade tem esse poder, contudo, o
que as difere é justamente a possibilidade das realizações de encenações de trechos.
Podemos explorar/canalizar a energia de nossos alunos através da encenação de parte de
uma cena das peças. A seleção da cena é muito importante. Devemos primeiro conhecer
um pouco nossos alunos. Isso pode levar um semestre. O trabalho com o filme para
mostrar como grandes atores encenam peças de Shakespeare é essencial. Perceber como
o texto é vivo, e que quando é encenado, sentimos ainda mais essa vida que pulsa
intensamente; isso pode atrair a atenção dos alunos.
O trabalho com o imaginário de nossos alunos deve ser um ponto primordial.
Não há como explorar bem um texto literário de qualidade se nossos alunos não tiverem
seu imaginário despertado.
2. A Leitura em Sala de Aula e as Quatro Grandes Tragédias de William
Shakespeare
Abordaremos aqui alguns aspectos importantes da leitura e como ela deve ser
trabalhada em sala de aula nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Devemos considerar que “[...] o complexo ato de compreender começa a ser
compreensível apenas se aceitamos o caráter multi-facetado, multi-dimensional desse
processo que envolve apenas percepção, processamento, memória, inferências,
dedução.” (KLEIMAN, 1996, p.07). Partindo desse pressuposto, devemos explorar a
leitura com todo o cuidado, pois simplesmente dar um livro para o aluno ler não
significa que estamos trabalhando a leitura. Devemos tornar esse livro acessível ao
aluno. Esse tornar acessível significa fazer com que o aluno compreenda o texto e tudo
o que o permeia. Não posso, por exemplo, trabalhar com um texto de William
Shakespeare sem trabalhar o contexto histórico de sua composição e o contexto
histórico da obra. Trabalhar com a peça Macbeth sem explicar para o aluno que ela foi
escrita, provavelmente, em 1606 e que o contexto histórico da obra é o século XI, na
Escócia, dificultará a compreensão da obra, principalmente, no que se refere a uma
leitura mais demorada. É claro que a obra não pode ficar simplesmente na época em que
foi escrita, ou na época do contexto histórico do enredo, há a necessidade de o professor
fazer relações da obra com a contemporaneidade, pois a verossimilhança de obras de
cânones, como William Shakespeare, é clara. Segundo BAKHTIN (2003), o escritor é
como se fosse um prisioneiro da época em que viveu, e que cabe às pessoas que vêm
depois dele, libertá-lo através do estudo de sua obra.
Muitas vezes, ouvimos pessoas dizendo que não gostam de algo; esse não gostar
se dá pelo fato de não entenderem ou nunca terem experimentado aquilo. Isso também
acontece com as obras shakespereanas. O desconhecido, geralmente, assusta. É difícil
alguém dizer que gosta, realmente, de algo, sem ter conhecimento daquilo a que se
refere. Com relação à leitura em sala de aula, o professor deve fazer com que o aluno
entenda o texto, pois [...] ninguém gosta de continuar fazendo aquilo que é difícil
demais, que está além de sua capacidade.” KLEIMAN (1996, p.07). A complexidade do
ato de ler deve ser considerada pelo professor. O professor não pode esquecer que o
texto literário é um meio de comunicação, e que assim sendo, há necessidade de
explorar todos os seus aspectos comunicativos:
O ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial de singular do homem: a sua capacidade simbólica de interação com o outro pela mediação da palavra. (BRANDÃO & MICHELETTI, 1997, p. 17)
Nesse sentido, Hamlet, Othello, Macbeth e King Lear podem realmente fazer com que o
aluno/leitor interaja “com o outro pela mediação da palavra”, pois os personagens destas
peças parecem estar falando diretamente para seu público leitor. Devemos ressaltar aqui
como ler uma peça de teatro shakespeareana pode ser mais interessante do que ler um
poema, um conto ou um romance, já que ela é constituída somente por diálogos fazendo
com que os personagens se aproximem do leitor. A proximidade do leitor com o texto
literário é primordial no processo de interação.
Outro aspecto a se considerar é que o texto literário a ser trabalhado em sala de
aula deve ser considerado “vivo”. Não há como um professor trabalhar com um texto de
William Shakespeare sem considerá-lo, percebê-lo “vivo”. A atemporalidade dos textos
shakespereanos se deve justamente à sua imortalidade, e sua imortalidade à sua
verossimilhança, polissemia e exploração de aspectos inerentes à natureza humana:
Se um texto é marcado por sua incompletude e só se completa no ato da leitura; se o leitor é aquele que vai fazer “funcionar” o texto, na medida em que o opera através da leitura, o ato de ler não pode se caracterizar como uma atividade passiva. Ao contrário, para essa concepção de leitura, o leitor é um elemento ativo no processo. (BRANDÃO & MICHELETTI, 1997, p. 18)
Se o leitor tem seu papel estabelecido como essencial, já “que vai fazer o texto
funcionar”, não há como um professor trabalhar esse texto de uma maneira a se explorar
somente informações superficiais dele. Há, sim, a necessidade de o professor fazer com
que o aluno possa entender o texto com uma profundidade maior do que mero
decodificar das palavras.
Muitas vezes, os alunos têm “medo” da literatura de qualidade. Esse “medo”
pode estar relacionado ao fato de que os textos literários de qualidade são trabalhados
como se fossem textos informativos. Há necessidade de os professores situarem seus
alunos em relação ao texto. A preparação para a leitura de um texto literário deve ser
bem elaborada:
É necessário que ao se trabalhar com textos literários, se trabalhe também com o contexto onde este texto foi produzido. Mostrar aos alunos o contexto histórico de um texto literário, alguns aspectos da vida do autor e o poder verossímil desse texto podem fazer com que esses alunos tenham uma visão diferente em relação à literatura. (POLIDÓRIO, 2006, p. 02)
Ler literatura deve ser um ato de apreciação, em primeiro lugar, porém, essa
apreciação deve preceder à análise do texto. O professor deve mostrar ao aluno que um
texto literário pode trazer entretenimento, mas não deve se esquecer de também discutir
esse texto com os alunos. Essa discussão deve ser de cunho analítico, ou seja, o
professor que trabalha com um texto literário no ensino nos anos iniciais do ensino
fundamental deve ter a ciência de que a discussão de cunho analítico tem seus limites.
Os limites são justamente os níveis de conhecimento dos alunos. Não há a possibilidade
de uma discussão sobre um texto literário nos anos iniciais do ensino fundamental ter a
mesma profundidade de uma discussão analítica do Ensino Superior: “Reading
literature as part of the programme of study is not the same as reading literature purely
for enjoyment – although hopefully enjoyment will play a major role in your reading.”
(GORING et al, 2001, p. 20). Considerando essa observação de GORING et al (2001),
poderíamos dizer que a apreciação de literatura deve ser primordial no ensino de
literatura nos anos iniciais do ensino fundamental. Não há como deixar de lado a
importância de se formar leitor, e a formação de leitor passa diretamente pela apreciação
de um texto literário. Sem apreciação, não há formação de leitor. Gostar de ler é
essencial para que possamos chegar à formação de um leitor independente, o que seria o
ideal, mas isso pode levar anos. De qualquer maneira, insistimos na importância do
papel do professor na seleção e no preparo dos textos a serem trabalhados em sala de
aula.
A leitura tem que ser trabalhada considerando as experiências dos leitores. O que
William Shakespeare faz em suas tragédias é justamente abordar questões que
compõem o ser humano. Assim, os professores que se propõem a trabalhar com as
quatro grandes tragédias shakespeareanas devem ter a ciência de que deverão trazê-los
para a realidade dos alunos, e isso significa explorar os traços de verossimilhança que
aparecem nessas peças. Sabemos que mesmo o aluno que ainda é muito jovem tem
experiências de mundo que devem ser consideradas na leitura de uma obra literária:
“[...] a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a
continuidade da leitura daquele.” (FREIRE, 1981, p. 22)
Um texto literário das literaturas de qualidade, ou as literaturas com L
maiúsculo, deve ser trabalhado considerando todas as suas possibilidades de análises. A
literatura de William Shakespeare está carregada de uma dinamicidade incrível, o que a
torna muito interessante para os anos iniciais do ensino fundamental: “Sabemos que os
textos literários, por natureza, são dinâmicos e interessantes; porém, existe a
necessidade de que essa dinamicidade e interesse sejam explorados.” (POLIDÓRIO
2007, p. 77). Sendo assim, devemos escrutinar peças como Hamlet, Macbeth, Othello e
King Lear, pois há uma infinidade de análises em suas diferentes temáticas. Contudo,
sem o auxílio dos professores, os alunos não terão um bom aproveitamento dessas obras
de Shakespeare: “Teachers must give students support to read a literary text. This
support is about the text and about all the contexts that permeate the text that is going to
be worked […]”(POLIDÓRIO, 2004, p. 41)
Para que o trabalho de aproximação do aluno do texto literário realmente
funcione, é muito importante que o professor também saiba escolher esse texto. Aqui
devemos considerar a possibilidade do uso das quatro grandes tragédias de Shakespeare
nos anos iniciais do ensino fundamental:
[...] cada turma possui um grau de desenvolvimento, e os comentários do professor devem considerar dois aspectos: um determinado patamar como início de seu trabalho e um objetivo (possível) a ser atingido. (GEBARA, 1997, p. 143)
Temos dois aspectos relevantes na observação da autora o “patamar” e “objetivo”. Esses
dois aspectos são essenciais na escolha do texto, ou seja, o nível de leitura que os alunos
se encontram e o que o professor deseja com o trabalho com o texto selecionado.
Devemos entender o texto literário como um meio de comunicação usado pelo
escritor. O texto literário é/está vivo, e sendo assim é muito importante que o professor
o utilize da maneira mais adequada, ou seja, preparando os alunos para a sua leitura. No
que se refere às quatro grandes tragédia de William Shakespeare Hamlet, Macbeth,
Othello e King Lear, a preparação dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental
deve ser cuidadosa. O professor deve preparar atividades prévias que envolvem
perguntas das possíveis temáticas das obras sem que os alunos saibam que essas
perguntas se referem às obras que serão trabalhadas, trabalhar com o contexto histórico
dos períodos que as obras foram escritas, com a biografia de William Shakespeare e
usar filmes que foram produzidos a partir das obras. Acreditamos que ao desenvolver
essas atividades, o professor poderá preparar o aluno para a leitura da obra. Ao terminar
a leitura, é muito importante que o professor a discuta com os alunos. Para isso, ele deve
preparar atividades posteriores. As atividades posteriores podem ser elaboradas apenas
com perguntas sobre o entendimento que os alunos tiveram da obra e sobre as possíveis
temáticas da obra. O professor deve ter em mente que o aluno/leitor deve ser auxiliado
no sentido de não ter um texto simplesmente “jogado” para ele ler, como se o texto
tivesse caído do céu sem ter sido escrito por alguém e sem nenhuma intenção. Se o
professor considerar os aspectos importantes na elaboração de um texto literário de
qualidade, ele poderá fazer com que o aluno possa entender o que está lendo com uma
profundidade maior. Como posso entender um texto literário de qualidade, se não tiver
uma preparação prévia para minha leitura e se, depois de ter concluído a leitura, não
tiver atividades de “checagem” do meu nível de compreensão desse texto? Não, não há
como gostar de algo que continuará estranho para mim. Sabemos da importância da
literatura nos anos iniciais do ensino fundamental, porém, o professor não deve somente
trabalhar com os textos literários que vem nos livros didáticos, é necessário que ele
saiba ir além, e para ir além, ele tem que gostar de ler literatura. Se o professor não
gostar de ler literatura nunca vai conseguir trabalhar um texto literário de uma maneira
interessante, talvez, nunca consiga nem sequer trabalhar um texto literário.
Considerações Finais
O presente estudo nos ajudou a refletir sobre as possibilidade de leitura das
quatro grandes tragédias Hamlet, Macbeth, Othello e King Lear de William
Shakespeare nos anos iniciais do ensino fundamental. Consideramos de fundamental
importância a leitura de literatura nas escolas, independentemente do nível de
conhecimento do aluno. Acreditamos, também, que a leitura de literatura pode fazer
com que os alunos possam ter um melhor aproveitamento em outras disciplinas.
Deixamos a reflexão sobre a importância do papel do professor como promotor da
leitura de literatura, o que compreende a escolha coerente do texto literário de acordo
com o nível de conhecimento dos alunos e o aumento do nível desse texto para, desse
modo, não somente criar gosto pela leitura e formar leitores, mas também contribuir
para quem sabe no futuro termos mais leitores independentes. Hamlet, Macbeth,
Othello e King Lear abordam questões interessantes e relevantes para serem discutidas
em sala de aula. Cabe ao professor a exploração de toda a riqueza dessas obras. O
estudo das obras supracitadas deve ser cuidadoso por parte do professor, pois elas
devem ser aproximadas dos alunos. A aproximação que nos referimos é justamente o
trabalho de preparação dos alunos para a leitura dessas obras. Enfatizamos, novamente,
quão importante é fazer com que o aluno entenda, realmente, as diversas possibilidades
de leitura de textos literários consagrados como os abordados neste estudo. Não tem
relevância o fato de que William Shakespeare viveu entre o final do século XVI e início
do século XVII, ou que era inglês, o que interessa realmente é que em qualquer parte do
mundo onde suas obras são lidas, os leitores conseguem se identificar com elas, pois
tratam de questões que permeiam a vida de todos os seres humanos, independente de
sua cultura. Salientamos, também, que o gênero drama, na literatura, é muito dinâmico
para o trabalho em sala de aula. Porém, o professor não deve simplesmente usá-lo como
uma maneira de fazer encenações, que é o que geralmente os alunos gostam de fazer. O
professor deve, sim, explorar todos os aspectos de contexto histórico da elaboração das
obras, aspectos culturais, linguísticos (mesmo se tratando de uma tradução, e quando
possível, mostrar para os alunos as curiosidades do inglês shakespeareano; devemos
lembrar que os trabalhos com as quatro grandes tragédias de William Shakespeare pode
ser feito tanto nas aulas de língua inglesa, como de língua portuguesa, para isso, temos
as versões simplificadas em vários níveis), e as várias possibilidades de análise,
trazendo o texto para o contemporâneo do aluno. O professor deve então procurar
verificar qual versão poderia ser usada com seus alunos. O interesse pela leitura de
literatura deve primeiro acontecer no professor. Se o professor não gostar de ler
literatura, ele não poderá despertar o interesse dos alunos pela leitura. Para que os
alunos tenham interesse pela leitura de literatura, é necessário que o professor consiga
trabalhar com uma metodologia dinâmica. Isso significa dizer que o professor deve
procurar sempre fazer com que seus alunos tenham um gosto genuíno pela leitura de
literatura e não simplesmente pelas notas que receberão depois do trabalho com a
leitura. Os alunos podem aprender a gostar de ler, mas isso passa também pela
metodologia que é utilizada. Não podemos tentar encontrar culpados no ensino, mas
sim, tentar encontrar possibilidades de melhorar os meios com que tentamos chegar a
nossos alunos no que se refere à motivação de nossos alunos. Se não tivermos
motivação no que fazemos, não conseguiremos aproximar o texto literário de nossos
alunos. A literatura exige a sua leitura para tornar-se viva, e se nossos leitores não
valorizarem isso, não gostarão de ler literatura. Lembramos que o que tentamos fazer
aqui foi trabalhar com sugestões metodológicas para o ensino de literatura. Sempre
refletimos sobre a necessidade de pesquisarmos novos caminhos para o trabalho com a
leitura nas escolas. Sabemos das dificuldades do trabalho com a motivação dos alunos,
por isso mesmo devemos, mesmo sabendo que vivemos em um mundo que oferece
diversas atrações a nossos alunos, fazendo com que eles se distanciem mais ainda,
procurar procedimentos metodológicos que façam com que nossos alunos possam, um
dia, vir a gostar de ler. Acreditamos que podemos fazer uso de alguns recursos
tecnológicos para realmente nos aproximarmos de nossos alunos no que diz respeito ao
ensino. As quatro grandes tragédias de William Shakespeare devem ser o ponto de
referencia no que diz respeito a. Esperamos que estas breves reflexões possam, de
alguma forma, auxiliar em estudos futuros sobre o assunto abordado para que possamos
resgatar a importância de alguns valores que. Esperamos também que quem sabe um dia
teremos leitores independentes.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. [Tradução de MariaErmantina Galvão]. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRANDÃO, H. & MICHELETTI, G. Teoria e prática da leitura. Aprender e ensinar com textos didáticos e paradidáticos. Coord. Geral: Ligia Chiappini. Coordenadoras: Helena Brandão e Guaraciaba Micheletti. Vol. 02. São Paulo: Cortez Editora, 1997.
FREIRE, P. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. 20ª edição. São Paulo: Cortez Editora, 1987.
GEBARA, A. E. L. O poema, um texto marginalizado. Aprender e ensinar com textos didáticos e paradidáticos. Coord. Geral: Ligia Chiappini. Coordenadoras: Helena Brandão e Guaraciaba Micheletti. Vol. 02. São Paulo: Cortez Editora, 1997.
GORING, P.; JEREMY, H.; & MITCHELL, D. Studying literature, the essential companion. London: Arnold, 2001
KLEIMAN, A. Leitura, ensino e pesquisa. 2ª edição. Campinas – SP.: Pontes Editores, 1996.
POLIDORIO, V. The use of literature in the English teaching.Cascavel – PR.: Editora Coluna do Saber, 2004.
POLIDÓRIO. V. Textos literários no ensino de língua inglesa. Anais do III Seminário em Estudos da Linguagem: Leituras. Cascavel – PR.: Edunioeste, 2006.
POLIDÓRIO. V. Textos literários no ensino de língua inglesa no ensino fundamental. Revista Educere et Educare. Vol. 02, n. 03. Cascavel – PR.: Edunioeste, 2006.
POLIDORIO, V. A representação da natureza humana em Hamlet de William Shakespeare. Revista Travessias, n. 02. Cascavel – PR.: Edunioeste, 2009.