Plano de Gesto Integrada de
Resduos Slidos de
So Caetano do Sul Abril de 2013
Questo de Conscincia Limpa
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 2
Ficha tcnica
Prefeito Municipal Paulo Nunes Pinheiro
Vice-prefeita Lucia Dal Mas
Coordenao DAE-SCS
Diretor do Departamento de gua e Esgoto Welington Kalil
Diviso de Resduos DAE-SCS Maria Vitria Garcia Molina
Comit Diretor 2013
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade Alan Rosendo
Departamento de gua e Esgoto Andreia Rey Inocencio
Centro Integrado de Vigilncia Sade Oswaldo Cipullo Danilo Sigolo Roberto
Secretaria de Desenvolvimento Econmico Deolinda Aparecida Parra
Secretaria de Obras e Habitao Enio Moro Jnior
Secretaria de Comunicao Fernanda Ravena
Departamento de gua e Esgoto Fernando Arago
Secretaria de Planejamento Karina A. M. de Medeiros Motta
Secretaria de Servios Urbanos Marcos Antonio Gonalves Braga
Secretaria de Governo Marco Antonio Santos Silva
Departamento de gua e Esgoto Maria Vitria Garcia Molina
Secretaria de Assistncia e Incluso Social Morgana Brendler Reis
Secretaria de Assuntos Jurdicos Nelson Santander
Secretaria de Educao Renata Hioni
Secretaria da Fazenda Rodrigo Milanez Tuzini
Secretaria de Sade Viviane Cristina Torres
Comit Diretor 2012
Departamento de gua e Esgoto Maria Vitria Garcia Molina
Departamento de gua e Esgoto Jos Eduardo A Tavares Soares Secretaria de Sade Amanda R. P. Amorim Secretaria de Comunicao Joo Paulo Pastore Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade Juliana Gulart Rohrbacher Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade Karina Andreia M M Mota Secretaria de Assistncia e Incluso Social Maurcio De Da Secretaria de Educao Pedro Luiz Soda Secretaria de Governo Tuany Cavalcante Secretaria de Servios Urbanos Vitorio Cesar Dalberto Vigilncia Sanitria Neusa Galindo Vigilncia Sanitria Simoni Kosaka
I&T Gesto de Resduos
Urbanista Tarcsio de Paula Pinto (Diretor tcnico)
Arquiteto Urbanista Luiz Alexandre Lara (Coordenador do projeto)
Tecnlogo Wanderley Macedo dos Anjos (Gerente do projeto)
Gegrafa Julia Moreno Lara
Gegrafo Piero Pucci Falgetano
Engenheiro Civil Jos Antonio Ribeiro de Lima
Administrao - Marisa Vieira de Jesus
Prefeitura Municipal de So Caetano do Sul Avenida Fernando Simonsen, 566 - Bairro Cermica CEP: 09540-230 - So Caetano do Sul - Tel.: 4233-7373
Departamento de gua e Esgoto Av. Fernando Simonsen, 303 - Bairro Cermica So Caetano do Sul - SP - 09540-230 - Tel.: (11) 2181 1800
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 3
Sumrio
1 Introduo .............................................................................................................. 8 2 Marco Legal e Normativo ..................................................................................... 17
2.1 Lei Nacional de Saneamento Bsico ............................................................. 17
2.2 Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) ............................................. 19
2.3 Legislao Estadual ...................................................................................... 22
2.4 Legislao Municipal especfica .................................................................... 23
2.5 Lei Orgnica do Municpio De 04 de Abril de 1990 ..................................... 23
2.6 Plano Diretor Estratgico Municipal............................................................... 24
2.7 Diretrizes ambientais ..................................................................................... 24
2.8 Diretrizes sociais e econmicas .................................................................... 25
2.9 Diretrizes fsicas e territoriais ........................................................................ 26
2.10 Desenvolvimento urbano e resduos slidos ................................................. 26
2.11 Leis, normas e posturas municipais a serem construdas. ............................ 27
3 Objetivos do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos ............................ 28 4 Metodologia ......................................................................................................... 30 5 Diretrizes Gerais .................................................................................................. 34
5.1 Orientaes para Recuperao de Resduos e Minimizao dos Rejeitos na
Destinao Final Ambientalmente Adequada: ............................................... 35
5.2 Estratgias de implantao de Redes de reas de manejo local ou regional 35
5.2.1 Instalaes para o Manejo Diferenciado e Integrado, Regulado e Normatizado ............................................................................................. 36
5.2.2 Rede de instalaes ................................................................................. 37 5.2.3 Agentes de Sade .................................................................................... 39 5.2.4 Estratgia de coleta .................................................................................. 40 5.2.5 Estratgias de recuperao e valorizao ................................................ 41 5.2.6 Captura e aproveitamento de GEE ........................................................... 41 5.2.7 Estrutura gerencial.................................................................................... 42 5.2.8 Custos de gesto e manejo ...................................................................... 42
6 Metas quantitativas e prazos ............................................................................... 43 7 Programas e aes - agentes envolvidos e parcerias .......................................... 45 8 Resduos Slidos Domiciliares Indiferenciados .................................................... 46
8.1 Diretrizes ....................................................................................................... 49
8.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 50
8.2.1 Legais (normas e procedimentos) ............................................................. 50 8.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 50 8.2.3 Instalaes ............................................................................................... 51 8.2.4 Equipamentos ........................................................................................... 51 8.2.5 Comunicao............................................................................................ 52
8.3 Metas e prazos ............................................................................................. 52
8.4 Programas e aes ....................................................................................... 53
8.4.1 Agentes Pblicos ...................................................................................... 53 8.4.2 Agentes Privados ..................................................................................... 53
9 Resduos Slidos Domiciliares Secos .................................................................. 54 9.1 Descrio do centro de triagem com detalhamento das atividades ............... 55
9.2 Diretrizes ....................................................................................................... 55
9.3 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 57
9.3.1 Legais (normas e procedimentos) ............................................................. 57
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 4
9.3.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 57 9.3.3 Instalaes ............................................................................................... 58 9.3.4 Equipamentos ........................................................................................... 59 9.3.5 Comunicao............................................................................................ 59
9.4 Metas e prazos ............................................................................................. 59
9.5 Programas e aes ....................................................................................... 60
9.5.1 Agentes pblicos ...................................................................................... 60 9.5.2 Agentes privados ...................................................................................... 61
10 Resduos Slidos Domiciliares midos ................................................................ 62 10.1 Diretrizes ....................................................................................................... 68
10.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 70
10.2.1 Legais (normas e procedimentos) ............................................................. 70 10.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 70 10.2.3 Instalaes ............................................................................................... 71 10.2.4 Equipamentos ........................................................................................... 72 10.2.5 Comunicao............................................................................................ 72
10.3 Metas e prazos ............................................................................................. 72
10.4 Programas e aes ....................................................................................... 73
10.4.1 Agente pblico (gerador pblico) .............................................................. 73 10.4.2 Agente privado (gerador privado) ............................................................. 74
11 Resduos de Servios de Limpeza Pblica .......................................................... 75 11.1 Diretrizes ....................................................................................................... 75
11.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 76
11.2.1 Legal (normas e procedimentos) .............................................................. 76 11.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 77 11.2.3 Instalaes ............................................................................................... 77 11.2.4 Equipamentos ........................................................................................... 77 11.2.5 Comunicao............................................................................................ 77
11.3 Programas e aes ....................................................................................... 77
11.3.1 Agentes Pblicos ...................................................................................... 77 11.3.2 Agentes Privados ..................................................................................... 78
12 Resduos da Construo Civil e Volumosos ........................................................ 78 12.1 Diretrizes ....................................................................................................... 80
12.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 81
12.2.1 Legal (normas e procedimentos) .............................................................. 81 12.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 82 12.2.3 Instalaes ............................................................................................... 83 12.2.4 Equipamentos ........................................................................................... 83 12.2.5 Comunicao............................................................................................ 83
12.3 Metas ............................................................................................................ 84
12.4 Programas e aes ....................................................................................... 84
12.4.1 Agente pblico .......................................................................................... 84 12.4.2 Agente Privado ......................................................................................... 85
13 Resduos de Servios de Sade .......................................................................... 86 13.1 Diretrizes ....................................................................................................... 88
13.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 89
13.2.1 Legais (normas e procedimentos) ............................................................. 89 13.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 90 13.2.3 Instalaes ............................................................................................... 90 13.2.4 Equipamentos ........................................................................................... 90
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 5
13.2.5 Comunicao............................................................................................ 91 13.3 Metas ............................................................................................................ 92
13.4 Programas e aes ....................................................................................... 92
13.4.1 Agente pblico (gerador pblico) .............................................................. 92 13.4.2 Agente Privado (gerador privado) ............................................................. 93
14 Resduos Slidos Industriais ................................................................................ 94 14.1 Diretrizes ....................................................................................................... 95
14.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ........................................................... 96
14.2.1 Legais (normas e procedimentos) ............................................................. 96 14.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) .......................... 96 14.2.3 Instalaes ............................................................................................... 97 14.2.4 Equipamentos ........................................................................................... 97 14.2.5 Comunicao............................................................................................ 97
14.3 Metas ............................................................................................................ 98
14.4 Programas e aes ....................................................................................... 98
14.4.1 Agente pblico (gerador pblico) .............................................................. 98 14.4.2 Agente Privado (gerador privado) ............................................................. 99
15 Resduos de Logstica Reversa ........................................................................... 99 15.1 Diretrizes ..................................................................................................... 101
15.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ......................................................... 102
15.2.1 Legal ...................................................................................................... 102 15.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle ............................................. 102 15.2.3 Instalaes ............................................................................................. 102 15.2.4 Comunicao.......................................................................................... 103
15.3 Metas .......................................................................................................... 103
15.4 Programas e aes ..................................................................................... 103
15.4.1 Agente pblico ........................................................................................ 103 15.4.2 Agente privado ....................................................................................... 104 15.4.3 Terceiro setor ......................................................................................... 104
16 Resduos de Servios Pblicos de Saneamento Bsico .................................... 105 16.1 Diretrizes ..................................................................................................... 107
16.2 Estratgias (instrumentos de gesto) .......................................................... 107
16.2.1 Legal (normas e procedimentos) ............................................................ 107 16.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) ........................ 108 16.2.3 Comunicao.......................................................................................... 108
16.3 Metas .......................................................................................................... 109
16.4 Programas e aes ..................................................................................... 109
16.4.1 Agente pblico ........................................................................................ 109 17 Resduos Verdes ............................................................................................... 109
17.1 Diretrizes ..................................................................................................... 110
17.2 Estratgias (instrumentos de gesto) .......................................................... 111
17.2.1 Legal (normas e procedimentos) ............................................................ 111 17.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) ........................ 111 17.2.3 Instalaes ............................................................................................. 111 17.2.4 Equipamentos ......................................................................................... 111 17.2.5 Comunicao.......................................................................................... 111
17.3 Metas .......................................................................................................... 111
17.4 Programas e aes ..................................................................................... 112
17.4.1 Agente pblico ........................................................................................ 112 17.4.2 Agente Privado ....................................................................................... 112
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 6
18 Resduos Slidos Cemiteriais ............................................................................ 112 18.1 Diretrizes ..................................................................................................... 113
18.2 Estratgias (instrumentos de gesto) .......................................................... 113
18.2.1 Legal (normas e procedimentos) ............................................................ 113 18.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) ........................ 113 18.2.3 Instalaes ............................................................................................. 114
18.3 Metas .......................................................................................................... 114
18.4 Programas e aes ..................................................................................... 114
18.4.1 Agente pblico (gerador pblico) ............................................................ 114 18.4.2 Agente Privado (gerador privado) ........................................................... 114
19 Servios de Transporte (Terminais Rodovirio, Ferrovirio e de Cargas) .......... 114 19.1 Diretrizes ..................................................................................................... 115
19.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ......................................................... 116
19.2.1 Legal (normas e procedimentos) ............................................................ 116 19.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) ........................ 116 19.2.3 Instalaes ............................................................................................. 116 19.2.4 Equipamentos ......................................................................................... 116 19.2.5 Comunicao.......................................................................................... 117
19.3 Metas .......................................................................................................... 117
19.4 Programas e aes ..................................................................................... 117
19.4.1 Agente pblico ........................................................................................ 117 19.4.2 Agente Privado ....................................................................................... 117
20 Educao Ambiental .......................................................................................... 118 20.1 Diretrizes ..................................................................................................... 119
20.2 Estratgias (instrumentos de gesto) .......................................................... 120
20.2.1 Legal (normas e procedimentos) ............................................................ 120 20.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) ........................ 120 20.2.3 Instalaes ............................................................................................. 120 20.2.4 Comunicao.......................................................................................... 120
20.3 Metas .......................................................................................................... 121
20.4 Programas e aes ..................................................................................... 121
20.4.1 Agente pblico ........................................................................................ 121 20.4.2 Agente Privado ....................................................................................... 121
21 Plano de Comunicao ...................................................................................... 121 21.1 Diretrizes ..................................................................................................... 122
21.2 Estratgias (instrumentos de gesto da informao) ................................... 122
21.3 Metas .......................................................................................................... 123
21.4 Programas e aes ..................................................................................... 123
21.4.1 Agente pblico: ....................................................................................... 123 21.4.2 Agente econmico: ................................................................................. 124 21.4.3 Agente social: ......................................................................................... 124 21.4.4 Agente poltico: ....................................................................................... 124
22 Sistema de Informaes (Banco de Dados) ....................................................... 124 22.1 Diretrizes ..................................................................................................... 128
22.2 Estratgias (Instrumentos de Gesto) ......................................................... 128
22.2.1 Legal (normas e procedimentos) ............................................................ 128 22.2.2 Mecanismos de monitoramento e controle (fiscalizao) ........................ 128 22.2.3 Instalaes ............................................................................................. 129 22.2.4 Equipamentos ......................................................................................... 129 22.2.5 Comunicao.......................................................................................... 129
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 7
22.3 Metas .......................................................................................................... 130
22.4 Programas e aes ..................................................................................... 130
22.4.1 Agente pblico ........................................................................................ 130 23 Agenda Ambiental na Administrao Pblica A3P .......................................... 131
23.1 Diretrizes ..................................................................................................... 132
23.2 Estratgias .................................................................................................. 132
24 Agendas de Continuidade .................................................................................. 133 Referncias Bibliogrficas ........................................................................................ 135 Artigos e Textos Tcnicos ......................................................................................... 135 Legislao ................................................................................................................ 137 ANEXO DIAGNSTICO ....................................................................................... 141 ANEXO CENRIOS FUTUROS ............................................................................. 285
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 8
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de
So Caetano do Sul
1 Introduo O Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul
resultado de um processo participativo de discusso envolvendo
representantes de rgos municipais e representantes das diversas atividades
produtivas que atuam no municpio.
O Plano complementa as obrigaes no que se refere s polticas pblicas
desenvolvidas no municpio para o Saneamento Bsico depois da publicao
de legislao para o abastecimento de gua potvel e o esgotamento sanitrio
compondo o conjunto de planos das modalidades do saneamento exigidos pela
Lei Federal 11.445/2007.
Alm disso, o municpio de So Caetano do Sul, ao publicar este Plano, passa
a atender integralmente a exigncia estabelecida na Poltica Nacional de
Resduos Slidos - PNRS para que todos os municpios desenvolvam seus
Planos Municipais de Gesto Integrada de Resduos Slidos.
Alm das diretrizes nacionais do saneamento bsico e da PNRS, o Plano
atende os compromissos descritos na Poltica Nacional sobre Mudanas do
Clima na busca da ampliao significativa dos ndices de reciclagem e nas
solues rigorosas de manejo dos resduos slidos que reduzam
significativamente as emisses de gases de efeito estufa GEE.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 9
O municpio de So Caetano do Sul tem como cidades limtrofes: ao norte, So
Paulo; ao sul, Santo Andr e So Bernardo do Campo; a leste, Santo Andr e a
oeste, So Paulo e So Bernardo do Campo.
Figura 1 - Localizao do municpio de So Caetano do Sul com os que lhe so fronteirios na Regio Metropolitana de So Paulo
Essas cidades vizinhas possuem elevado desenvolvimento socioeconmico e
so dotadas de toda a infraestrutura nas reas de sade, educao,
saneamento, energia eltrica, segurana, lazer e transporte.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 10
A cidade de So Caetano do Sul foi fundada em 28 de julho de 1877 e adquiriu
sua emancipao em 24 de outubro de 1948; de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia Estatstica (IBGE) o municpio possui cerca de 15,36
km2 e populao de 149.263 habitantes (Censo/2010), o que resulta numa
densidade demogrfica de 9,9 hab./km.
um dos 39 municpios da Regio Metropolitana de So Paulo e est situado
a uma altitude de 744 metros do nvel do mar.
So Caetano do Sul no possui rea rural, sendo composto por uma populao
100% urbana.
O Pas tem evoludo, considerando a questo de gnero, no sentido de que as
mulheres perfazem a maioria da populao brasileira, mormente nos centros
urbanos e no caso de So Caetano isso fica bem evidenciado.
sabido, por meio de pesquisas realizadas por diversas instituies, por
exemplo, o Instituto Ethos Empresas e Responsabilidade Social; que as
decises de compra so tomadas por mulheres em 82% dos ncleos
familiares.
Populao residente 149.263 (%)
Homens 68.853 46
Mulheres 80.410 54
Tabela 1: Homens e mulheres residentes em So Caetano do Sul Fonte: IBGE, 2010
Considerando esse ndice populacional apresentado por So Caetano (54% de
mulheres e 46% de homens), pode-se concluir sobre a relevncia da opinio e
da participao das mulheres nas polticas pblicas que envolvam as atitudes
de consumo sustentvel e consequentemente nas posturas com relao
gerao de resduos slidos.
O Consumo Consciente caminha na direo da sustentabilidade do planeta
como um todo e figura hoje em todas as agendas e disposies sobre como se
portar diante dos produtos, suas embalagens, como so produzidos do ponto
de vista da responsabilidade social e ambiental e em todas as atividades
humanas.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 11
Esses ndices, aliados ao fato das mulheres serem as maiores responsveis
pelas decises de compra, independente de quem responsvel
economicamente pela unidade domstica, colocam as mulheres num patamar
de grande importncia no enfrentamento da questo ambiental como um todo e
particularmente na temtica envolvendo os resduos slidos.
As mudanas de hbitos e as novas atitudes de consumo podem ter na poro
feminina da populao, um elemento sensibilizador, visando as novas posturas
e comportamentos para com os resduos slidos urbanos; no trabalho ou na
famlia, o comportamento da mulher poder torn-la a grande formadora de
opinio num processo de reeducao para o consumo consciente e sustentvel
e uma reeducadora e a grande multiplicadora desses novos hbitos.
O municpio de So Caetano do Sul faz parte do conjunto de cidades que
formam o Grande ABC, de destaque no Pas devido ao seu desenvolvimento
industrial, marcado principalmente por ser o primeiro centro da indstria
automobilstica brasileira, com montadoras como Mercedes-Benz, Ford,
Volkswagen e General Motors.
Fazem parte do Grande ABC os municpios de Santo Andr, So Bernardo do
Campo, Diadema, So Caetano do Sul, Mau, Ribeiro Pires e Rio Grande da
Serra. Algumas dessas cidades apresentam importantes subdistritos, como so
o caso de Santo Andr (Utinga e Paranapiacaba), So Bernardo do Campo
(Riacho Grande e Rudge Ramos), Diadema (Piraporinha) e Ribeiro Pires
(Ouro Fino Paulista e Santa Luzia). Essa regio soma uma extenso de 842
km.
A regio ainda fortemente impactada, do ponto de vista da integrao
regional, com as construes do Rodoanel e futuramente do tramo sul do Anel
Ferrovirio.
A regio do ABC tem localizao privilegiada pela proximidade com o municpio
de So Paulo, o Aeroporto Internacional de Guarulhos e o Porto de Santos,
servidos por ferrovias e rodovias. Nessa regio encontram-se grandes
aglomeraes industriais, como o Polo Petroqumico de Capuava, localizado
entre Santo Andr e Mau, e o Polo Industrial do Sertozinho, em Mau. Os
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 12
municpios que compem o ABC paulista so economicamente dinmicos e a
estrutura da indstria da regio do ABC tem expressiva presena do setor de
bens de capital.
Figura 2: Municpios que integram a Regio e o Consrcio Intermunicipal do Grande ABC.
O Consrcio Intermunicipal do Grande ABC uma entidade que est
aparelhada para ser envolvida na elaborao e execuo de polticas pblicas
de cunho regional no tocante aos resduos slidos; ela rene os sete
municpios do Grande ABC Santo Andr, So Bernardo do Campo, So
Caetano do Sul, Diadema, Mau, Ribeiro Pires e Rio Grande da Serra para
o planejamento, a articulao e definio de aes de carter regional.
Foi criado em 1990 e desde oito de fevereiro de 2010 a entidade passou a ser
um consrcio multisetorial de direito pblico e natureza autrquica. O
Consrcio foi transformado em rgo pblico para se adequar Lei n 11.107
de 2005. A mudana foi precedida por um Protocolo de Intenes assinado por
todos os chefes de Executivo e aprovado pelas sete Cmaras Municipais.
A nova constituio jurdica deu poder de execuo para a autarquia firmar
acordos entre as administraes municipais e abrir processos de licitao para
obras em prol dos sete municpios; receber recursos oriundos das esferas,
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 13
federal e estadual bem como de organismos internacionais, para dar vida aos
projetos regionais gestados nos Grupos de Trabalho do Consrcio.
Assim como os Resduos Slidos Urbanos formaram um dos alicerces da
constituio do Consrcio, ainda como ente privado no ano de 1997, o eixo
Desenvolvimento Urbano e Gesto Ambiental do Consrcio abriga o Grupo de
Trabalho de Resduos Slidos e que no Planejamento Estratgico do Consrcio
esto contemplados programas e projetos que buscam atender Poltica
Nacional dos Resduos Slidos.
Em So Caetano na sua indstria, destacam-se a produo automobilstica e
de autopeas, de mquinas e equipamentos, de produtos de borracha e
plstico, de produtos de metal e metalurgia bsica, de produtos qumicos e
petroqumicos, de embalagens, de edio, impresso e reproduo de
gravaes, produtos da indstria extrativa de pedras, areia, cal e caulim,
confeces de artigos de vesturio e acessrios, calados, artigos de
mobilirio, metalurgia bsica, papel, papelo liso, cartolina e carto, itens de
perfumaria, cosmticos, higiene e limpeza, porcelana e eletrnicos que formam
um importante arranjo produtivo local. A indstria regional engloba, ainda, a
produo de refratrios, tratores, vidro, cristais e farmacuticos.
A atividade comercial regional supre, em grande parte, as necessidades de
consumo da regio e a elevao da renda da populao, que se tornou forte,
nos ltimos anos, alimentou a presena de hipermercados e shoppings centers.
O variado setor de servios inclui instituies financeiras, escolas e faculdades,
centros de aperfeioamento, hospitais e clnicas, empresas de transporte, de
construo civil e imobiliria, centros de estticas, clubes, assessorias
empresariais, consultorias, empresas de segurana, planos de sade, alm de
todos os servios de apoio s indstrias, com especializao de recursos
humanos nas reas tcnicas e tecnolgicas.
Na descrio do IBGE, o PIB representa o total dos bens e servios produzidos
pelas unidades produtoras, ou seja, a soma dos valores adicionados pelos
diversos setores acrescida dos impostos, dividido pela populao do municpio.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 14
Fonte: IBGE e Fundao SEADE.
O grfico do IBGE/SEADE mostra o PIB per Capita de So Caetano do Sul
0como quase duas vezes o da Regio Metropolitana de So Paulo e do PIB
Estadual. O que demonstra a condio econmica do municpio que detm a
49 posio entre os municpios com maior PIB no Brasil. (IBGE/2010).
A quase totalidade dos resduos slidos urbanos gerados no municpio
encaminhada para o aterro sanitrio do municpio de Mau, sem que haja uma
sistemtica de medir as fraes de cada resduo, seu gerador pequeno,
mdio ou grande seu volume e potencial de reaproveitamento ou reciclagem.
Os resduos sinalizados no diagrama so os considerados de maior relevncia
no processo do PGIRS.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 15
Figura 3: Diagrama dos resduos prioritrios em So Caetano do Sul Fonte: I&T Gesto de Resduos
A Prefeitura de So Caetano no dispe de uma caracterizao gravimtrica
dos resduos slidos domiciliares gerados em seu territrio, portanto
altamente recomendado que se produza este estudo buscando identificar as
fraes percentuais dos diferentes tipos de resduos urbanos domiciliares na
coleta de resduos midos e secos; assim como identificar as fraes
percentuais dos diferentes tipos de resduos conforme a tipologia; grau de
responsabilizao na separao e destinao adequada e perfil do gerador
distribudo no territrio.
A caracterizao gravimtrica consiste na determinao das fraes
percentuais de diferentes tipos de resduos obtidos por meio de amostragens
das coletas realizadas para resduos secos e midos distintamente.
Na falta de um estudo de caracterizao gravimtrica dos resduos slidos
urbanos domiciliares de So Caetano foram utilizados os dados da mdia
nacional da composio gravimtrica publicada no Plano Nacional de Resduos
Slidos.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 16
Fonte: Plano Nacional de Resduos Slidos
O grfico acima apresenta a mdia nacional da composio gravimtrica dos
resduos gerados, cujos dados devem ser tratados como uma estimativa para o
que gerado no Municpio de So Caetano.
De maneira sinttica pode-se descrever o estudo iniciando pelo
estabelecimento da amostragem no territrio municipal, o estudo dever
considerar os setores que determinam os roteiros dos circuitos de coleta;
envolvendo um ou mais bairros; o nmero de viagens por setor e como as
caractersticas demogrficas e geogrficas determinam roteiros, setores etc.
importante estabelecer comparao entre as informaes de estudos
gravimtricos de perodos diferentes (podero ser definidos no Plano de
Gesto sua periodicidade, conforme o atendimento de metas de reduo) o
que poder oferecer informaes para anlise dos resduos e da mudana no
comportamento do gerador em relao s polticas pblicas da coleta seletiva
de secos e de midos e graus de separao, por exemplo.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 17
2 Marco Legal e Normativo 2.1 Lei Nacional de Saneamento Bsico
De modo geral, a Lei 11.445, de 5 de janeiro de 20071, estabelece os pilares
para a gesto de servios de saneamento indicando alternativas de arranjos
institucionais para os servios pblicos de abastecimento de gua,
esgotamento sanitrio, drenagem das guas pluviais, manejo de resduos
slidos e limpeza urbana. A lei aponta para a necessidade de reformas
institucionais, envolvendo governos, prestadores de servio e sociedade.
Um primeiro ponto importante estabelecido pela lei o compromisso com a
universalizao do saneamento bsico, entendido como direito humano
fundamental.
Outros princpios so a integralidade, isto , tem de ser considerado o conjunto
dos servios; e o controle social, como parte integrante do planejamento e
gesto das polticas pblicas no setor.
A lei atribui ao Governo Federal, sob a coordenao do Ministrio das Cidades,
a responsabilidade de elaborao do Plano Nacional de Saneamento Bsico
PLANSAB, como principal instrumento para efetivao da Poltica Nacional de
Saneamento Bsico e como orientador dos planos municipais.
A Lei 11.445/2007 reconhece implicitamente o Municpio como titular dos
servios de saneamento bsico. E para garantir a sustentabilidade econmica
e financeira, os servios de saneamento devem ser cobrados (artigos 29 e
30). A forma estipulada para a limpeza urbana e manejo dos resduos slidos
de taxas ou tarifas e outros preos pblicos, em conformidade com o regime
de prestao do servio ou de suas atividades.
A Lei (Art. 3, inciso I, alnea (c)) considera limpeza urbana e manejo de
resduos slidos como: conjunto de atividades, infraestruturas e instalaes
operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e disposio final do
1 Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento bsico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei n 6.528, de 11 de maio de 1978; e d outras providncias.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 18
lixo domstico e do lixo originrio da varrio e limpeza de logradouros e vias
pblicas. Assim, os resduos industriais perigosos, os resduos de sade e os
resduos da construo civil e demolio so de responsabilidade do gerador,
de acordo com legislao especfica.
Entretanto, pelo artigo 6, h flexibilidade para o poder pblico considerar os
resduos originrios de atividades comerciais, industriais e de servios como
resduos slidos urbano e, portanto, de responsabilidade pblica.
As atividades que compem a limpeza urbana, o manejo de resduos slidos,
esto elencadas no artigo 7 e so limitadas quelas no artigo 3: coleta,
transbordo, transporte e triagem para fins de reuso ou reciclagem, tratamento e
destinao, alm da varrio, capina e poda de rvores em vias e logradouros
pblicos.
No que concerne aos resduos slidos, um artigo relevante o 57 que altera a
Lei 8.666/93, permitindo que o poder pblico contrate com dispensa de licitao
associaes e cooperativas de catadores para a coleta, processamento e
comercializao de resduos slidos urbanos reciclveis ou reutilizveis. A lei
facilita a incluso social dos catadores pelo reconhecimento contratual do
trabalho dos catadores pelas administraes municipais.
Outra contribuio importante a criao do Sistema Nacional de Informaes
em Saneamento Bsico (SINISA), institucionalizando o SNIS e ao mesmo
tempo dando a ele maior abrangncia e escopo.
A poltica de Saneamento Bsico vista como uma poltica social orientada pela
universalizao do acesso aos servios e pelo objetivo de contribuir para a
reduo das desigualdades regionais, gerao de renda e incluso social,
demanda um conjunto de aes estatais orientadas pela promoo do
desenvolvimento social e econmico. Atendendo isso tem-se a retomada dos
investimentos pblicos em saneamento bsico que est sendo consolidada por
meio do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), que ampliou os
recursos disponveis para os investimentos em saneamento.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 19
2.2 Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS)
Em 10 de agosto de 2010 foi aprovado no plenrio da Cmara dos Deputados
um substitutivo ao Projeto de Lei 203/91, do Senado Federal, que institui a
Poltica Nacional de Resduos Slidos, uma iniciativa do Ministrio do Meio
Ambiente, dispondo sobre seus princpios, objetivos e instrumentos, bem como
sobre as diretrizes relativas gesto integrada e ao gerenciamento de resduos
slidos, includos os perigosos, s responsabilidades dos geradores e do Poder
Pblico, e aos instrumentos econmicos aplicveis; o Pas tem enfim uma base
legal para a gesto dos resduos slidos.
A Lei estende a responsabilidade sobre a destinao de resduos slidos para
todos os geradores, como indstrias, empresas de construo civil, hospitais,
portos e aeroportos. A poltica trata da responsabilidade ambiental sobre os
resduos e estabelece ao gerador a responsabilidade pela disposio final. A
poltica pblica define obrigaes e deveres de cada setor e cada cidado.
A lei proporciona avanos para a ampliao da reciclagem e cria instrumentos
para remediar e eliminar os lixes. Com ela h outros responsveis pela coleta
de resduos slidos alm das Prefeituras de municpios e dos catadores.
O que chama ateno, como se pode ver no art. 1, 1, a obrigao de
observncia dos termos da Lei por parte das pessoas fsicas:
Esto sujeitas observncia desta Lei as pessoas fsicas ou jurdicas, de direito
pblico ou privado, responsveis direta ou indiretamente pela gerao de
resduos slidos e as que desenvolvam aes relacionadas gesto integrada
ou ao gerenciamento dos resduos slidos. (grifo nosso)
Faz parte da Poltica o Plano Nacional de Resduos Slidos os planos
estaduais de resduos slidos; os planos microrregionais de resduos slidos e
os planos de resduos slidos de regies metropolitanas ou aglomeraes
urbanas; os planos intermunicipais de resduos slidos; os planos municipais
de gesto integrada de resduos slidos e os planos de gerenciamento de
resduos slidos.
Tais instrumentos, alm de ser condio para acesso a recursos da Unio,
devem possuir contedos mnimos (arts. 15, 17, 19 e 21), tais como:
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 20
diagnstico da situao atual dos resduos slidos; proposio de cenrios;
metas de reduo, reutilizao e reciclagem; metas para a eliminao e
recuperao de lixes, associadas incluso social; normas e condicionantes
para o acesso a recursos federais e estaduais; identificao de possibilidades
de implantao de solues consorciadas ou compartilhadas; mecanismos
para a criao de fontes de negcios, emprego e renda, mediante a valorizao
dos resduos slidos.
Figura 4: Ordem de prioridade no tratamento dos resduos slidos. Fonte: Poltica Nacional de Resduos Slidos
Programas e aes de educao ambiental que promovam a no gerao,
reduo, reutilizao e reciclagem de resduos slidos; descrio do
empreendimento ou atividade; diagnstico dos resduos slidos gerados ou
administrados, contendo a origem, o volume e a caracterizao dos resduos,
incluindo os passivos ambientais a eles relacionados; aes preventivas e
corretivas a serem executadas em situaes de gerenciamento incorreto ou
acidentes etc.
O plano de gerenciamento de resduos slidos dever ser elaborado pelos
geradores de resduos dos servios de saneamento bsico, das indstrias, dos
servios de sade, de minerao, da construo civil, de terminais porturios e
aeroporturios e outras instalaes ligadas aos servios de transporte,
estabelecimentos comerciais e de prestao de servios que gerem resduos
perigosos e de atividades agrosilvopastoris.
So conceitos importantes deste instituto legal a responsabilidade
compartilhada e a logstica reversa.
O primeiro estabelece o conceito de responsabilidade compartilhada em
relao destinao de resduos. um conjunto de atribuies, onde cada
integrante da cadeia produtiva, de forma individualizada e encadeada, os
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 21
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores
ficaro responsveis, junto com os titulares dos servios pblicos de limpeza
urbana e manejo dos resduos slidos pelo ciclo de vida dos produtos desde a
matria-prima, passando pelo processo produtivo e pelo consumo at a
disposio final.
Busca a minimizao do volume de resduos slidos e rejeitos gerados, bem
como a reduo dos impactos causados sade humana e qualidade
ambiental decorrentes do processo.
A lei prev que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem
investir no desenvolvimento, na fabricao e na colocao no mercado de
produtos que possam ser reciclados e cuja fabricao e uso gerem a menor
quantidade possvel de resduos slidos.
O segundo conceito um instrumento de desenvolvimento econmico e social,
caracterizado por um conjunto de aes, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituio dos resduos slidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinao final ambientalmente adequada. A lei estabelece a estruturao de
sistema de logstica reversa para agrotxicos, seus resduos e embalagens, e
outros produtos cuja embalagem, aps o uso, seja considerada resduo
perigoso. Medidas para que os resduos de um produto colocado no mercado
faam um caminho de volta aps seu uso.
Ficam obrigados a pratic-la, alm dos fabricantes, importadores, distribuidores
e comerciantes de agrotxicos (seus resduos e suas embalagens), os
fabricantes de pilhas e baterias, pneus, leos lubrificantes (seus resduos e
suas embalagens), lmpadas fluorescentes, de vapor de sdio e mercrio e de
luz mista, produtos eletroeletrnicos e seus componentes e produtos
comercializados em embalagens plsticas, metlicas ou de vidro.
Por fim, no art. 44, abre-se a possibilidade de concesso de incentivos fiscais,
financeiros e creditcios para empresas e entidades dedicadas limpeza
urbana e atividades a ela relacionadas e para projetos relacionados
responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 22
2.3 Legislao Estadual
A Lei Estadual n 12.300, de 16 de maro de 2006 institui a Poltica Estadual
de Resduos Slidos e define princpios e diretrizes, objetivos, instrumentos
para a gesto integrada e compartilhada de resduos slidos, com vista
preveno e ao controle da poluio, proteo e recuperao da qualidade
do meio ambiente, e promoo da sade pblica, assegurando o uso
adequado dos recursos ambientais estaduais.
Alguns instrumentos da Poltica, de acordo com art. 4, so: o planejamento
integrado e compartilhado do gerenciamento dos resduos slidos; os Planos
Estaduais e Regionais de Gerenciamento de Resduos Slidos; os Planos dos
Geradores; o Inventrio Estadual de Resduos Slidos; o Sistema Declaratrio
Anual de Resduos Slidos; o aporte de recursos oramentrios e outros,
destinados prioritariamente s prticas de preveno da poluio,
minimizao dos resduos gerados, recuperao de reas degradadas e
remediao de reas contaminadas por resduos slidos; os incentivos fiscais,
tributrios e creditcios que estimulem as prticas de preveno da poluio e
de minimizao dos resduos gerados e a recuperao de reas degradadas e
remediao de reas contaminadas por resduos slidos; a educao
ambiental; etc.
A Lei imputa obrigatoriedade de Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos
ao gerenciador dos resduos como parte integrante do processo de
licenciamento das atividades e deve contemplar os aspectos referentes
gerao, segregao, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte,
tratamento e disposio final, bem como a eliminao dos riscos, a proteo
sade e ao meio ambiente.
O instituto legal responsabiliza os municpios pelo planejamento e execuo
com regularidade e continuidade, dos servios de limpeza, exercendo a
titularidade dos servios em seus respectivos territrios. Como critrio de
mensurao, com vistas sustentabilidade de tais servios, o art. 26 possibilita
a cobrana de taxa de limpeza urbana.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 23
J, conforme art. 31 e 32, o gerenciamento dos resduos industriais,
especialmente os perigosos, desde a gerao at a destinao final, ser feito
de forma a atender os requisitos de proteo ambiental e de sade pblica e
compete aos geradores: a separao e coleta interna dos resduos, de acordo
com suas classes e caractersticas; o acondicionamento, identificao e
transporte interno, quando for o caso; a manuteno de reas para a sua
operao e armazenagem; a apresentao dos resduos coleta externa,
quando cabvel, de acordo com as normas pertinentes e na forma exigida pelas
autoridades competentes; o transporte, tratamento e destinao dos resduos.
2.4 Legislao Municipal especfica
Os municpios possuem vrios instrumentos legais que podem regular os
servios de limpeza urbana como a Lei Orgnica Municipal, as Leis
especficas, plano Diretor de Desenvolvimento Urbano etc. A seguir sero
comentados alguns aspectos destes textos em So Caetano, ressaltando os
aspectos ligados aos resduos slidos.
A Lei n 4.966 de 15 de dezembro de 2010 dispe sobre o imposto predial e
territorial Urbano e sobre a taxa de coleta, remoo e destinao do lixo para o
exerccio de 2011 com a qual o municpio recolhe quase a totalidade dos
recursos necessrios para o trabalho envolvendo os resduos slidos, cerca de
R$ 23.003.134,15 (vinte e trs milhes de reais).
Importante ressaltar que o municpio no tem, em seu acervo jurdico
institucional local, um Cdigo de Posturas nem um Cdigo de Edificaes ou
de Obras.
2.5 Lei Orgnica do Municpio De 04 de Abril de 1990
Seo V - Do Saneamento Bsico
Artigo 202 O Municpio, para o desenvolvimento dos servios de saneamento bsico,
contar com a assistncia tcnica e financeira do Estado.
VII prover sobre a limpeza das vias e logradouros pblicos, organizando a remoo
e o destino do lixo domiciliar e de outros resduos de qualquer natureza;
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 24
Com 23 anos de promulgada, evidencia-se no inciso VII, a condio, apontada
ao Poder Pblico Local, de totalmente responsvel por prover sobre os
resduos de qualquer natureza. E no tratada a relao especifica com os
resduos slidos.
A atualizao da Lei Orgnica do Municpio de So Caetano do Sul dever
acontecer o mais breve possvel, visando ajust-la s Diretrizes Nacionais para
o Saneamento Bsico; Poltica Nacional de Resduos Slidos, alm da
Poltica Nacional para Mudana do Clima. A reviso da Lei Orgnica ter o
papel de estabelecer as diretrizes para colocar o Poder Municipal na condio
de Autoridade Ambiental Local, aquela mais prxima dos problemas atinentes
ao territrio, assim como sinalizar as responsabilidades dos agentes privados
alm das dos pblicos.
2.6 Plano Diretor Estratgico Municipal
Mesmo considerando a pequena disponibilidade de reas no territrio do
municpio, os objetivos gerais descritos no Plano Diretor Estratgico de So
Caetano definem algumas diretrizes importantes, que apontam para potenciais
oportunidades, fazendo cruzar algumas delas com a questo especfica dos
resduos slidos. Em seu artigo 3, o Plano Diretor descreve as diretrizes no
mbito do desenvolvimento socioambiental e cultural que devem atuar como
vetores para posicionarmos essas temticas em relao s dos resduos
slidos, do ponto de vista do desenvolvimento urbano e ambiental.
2.7 Diretrizes ambientais
As diretrizes ambientais propem monitorar, proteger e preservar a qualidade
do ar, do solo e das guas, considerando sua localizao num dos maiores
aglomerados urbanos do planeta, a Regio Metropolitana de So Paulo, com
sua grande conurbao.
O controle da poluio visual teve enfrentamento decisivo de parte da
municipalidade, por intermdio de uma poltica pblica exitosa: o programa
Cidade Limpa. Sua aplicao no aconteceu de forma tranquila, mas foi
acatada e obteve o reconhecimento da sociedade pelo seu resultado, aps sua
implantao.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 25
O esforo ajudou a cumprir com outra diretriz do Plano Diretor: a de proteger e
valorizar reas de valor paisagstico, ambiental e urbano da cidade, o que
certamente valorizou a iniciativa diante da opinio pblica.
Outra diretriz do Plano Diretor que est sendo perseguida pela administrao
a implantao da coleta seletiva de resduos slidos secos, com reciclagem e
comercializao dos materiais; a busca da universalizao do programa est
no horizonte deste Plano de Gesto. H ainda uma grande defasagem entre o
que se coleta e o que, de fato, triado e encaminhado reciclagem, fator que
dever ser devidamente corrigido por intermdio de solues consistentes no
mbito da gesto e fortalecimento das aes de parcerias, incluindo aes
regionais.
No item que aponta para a garantia da disposio final do lixo em aterros
sanitrios regulares dever envolver, no Plano de Gesto, uma redefinio de
metas considerando a Poltica Nacional de Resduos Slidos e as Diretrizes
Nacionais para o Saneamento Bsico, as quais oferecem alternativas
tecnolgicas de gerao energtica a partir dos resduos midos e coloca o
aterro sanitrio no papel de receber apenas os rejeitos, aqueles que no tm
outra soluo tcnica ou econmica de reaproveitamento, esse sim tendo que
ser encaminhado ao aterro.
Essas diretrizes incluem manter sistemas adequados para transporte e
destinao de resduos perigosos e hospitalares, alm de incentivar o
desenvolvimento da conscincia ecolgica da populao de So Caetano.
2.8 Diretrizes sociais e econmicas
As diretrizes socioeconmicas propem incentivar a permanncia do parque
produtivo municipal local e a implantao de servios e atividades de alta
tecnologia; percebe-se nisso a busca de manuteno dos patamares de
desenvolvimento atuais, para um perodo longevo; e promover o
desenvolvimento de atividades educacionais como sustentculo do
desenvolvimento tecnolgico, buscando excelncia no atendimento Sade.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 26
Fazem parte desse rol de diretrizes para o desenvolvimento incentivar tambm
a excelncia nos esportes olmpicos por meio de equipamentos e instalaes
que propiciem atividades esportivas de alto desempenho.
Dentro dos objetivos est referenciar o municpio como plo de atrao e
desenvolvimento de atividades culturais qualificadas, para as quais haver de
se determinar as responsabilidades de quais agentes relacionadas gesto de
resduos gerados por tais atividades.
2.9 Diretrizes fsicas e territoriais
No que se refere s diretrizes Fsico-Territoriais no Plano Diretor Estratgico,
esto pautadas a requalificao do centro da cidade e dos bairros, por
intermdio de processos de melhorias urbanas em diversos sistemas virios;
com implantao da hierarquizao de vias, criando um sistema de anis
virios radi- ais e principais que permitam maior fluidez do trnsito intraurbano
e garantam facilidades de acesso ao sistema virio regional; adensar as reas
centrais e seu entorno; melhorar as condies do sistema de micro e
macrodrenagem atravs de aes integradas com os municpios da regio;
alm de aprimorar a oferta e os padres de equipamentos e servios urbanos,
considerando as necessidades da populao com garantia de acessibilidade
universal a essas inovaes e benfeitorias.
2.10 Desenvolvimento urbano e resduos slidos
Para cada um dos conjuntos de diretrizes do Plano Diretor Estratgico haver
de se construir normas e procedimentos (regulamentando esse captulo do
PDE) que abordem processos de valorizao dos resduos slidos gerados em
cada atividade econmica e social, considerando seu perfil, volume gerado,
capacidade de reaproveitamento e reciclagem, aplicando o conjunto de
diretrizes bsicas institudo pela Poltica Nacional de Resduos Slidos: no
gerao; reduo; reutilizao; reciclagem; tratamento e disposio final
adequada dos rejeitos.
importante frisar que o DAE-SCS j aplica essa determinao em suas obras
de saneamento, com a utilizao de materiais reciclados e reaproveitados na
restaurao de vias e na base de assentamento de redes; se faz necessrio
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 27
estender o procedimento a todas as atividades pblicas e privadas, no mbito
do territrio municipal.
Como diretriz esse procedimento poder instruir captulo especfico do Cdigo
de Obras assim como o de Posturas, posicionando as aes de rgos
pblicos tambm os empreendimentos pertinentes, realizados pela ao
privada.
2.11 Leis, normas e posturas municipais a serem construdas.
A inexistncia de um Cdigo de Edificaes no municpio, por exemplo, coloca
algumas questes num vazio normativo acarretando srias dificuldades quando
da exigncia do cumprimento das responsabilidades pblicas e privadas e
mesmo dos cidados comuns quanto uma srie de protocolos.
A Lei Orgnica do Municpio definindo total responsabilidade da Administrao
Pblica com todos os resduos slidos gerados no Municpio se contrape s
diretrizes da Poltica Nacional de Resduos Slidos no que se refere
responsabilidade compartilhada, o que exigir mudanas na legislao local.
A Lei n 4.966 de 2010 que dispe sobre o imposto predial e territorial Urbano e
sobre a taxa de coleta, remoo e destinao dos resduos slidos no se
refere s quantidades e volumes de gerao de cada setor de atividade, nem
estabelece referncia entre pequenos, mdios e grandes geradores.
As frequncias e horrios da coleta domiciliar; as responsabilidades dos rgos
pblicos e seus limites; as regras do manejo para cada tipologia; a recuperao
de custos pblicos para eventos culturais e esportivos entre outras questes
devero estar firmados em normas, regras e procedimentos compatveis com
as metas e responsabilidades definidas no Plano de Gesto Integrada de
Resduos Slidos de So Caetano do Sul.
Essas e outras questes discutidas e descritas no processo de elaborao do
Plano devero formar um todo coeso e bem estruturado de disposies legais,
essenciais para o monitoramento e controle das atividades geradoras e
daquelas que participam do manejo de todas as tipologias de resduos slidos
em So Caetano do Sul.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 28
Exigncia de espaos fsicos adequados para armazenar resduos das mais
diversas procedncias e nveis de periculosidade e setor de atividade;
Dimensionamento e propores de reas exigveis para ventilao e
iluminao desses espaos;
Definio de exigncias para usos de materiais adequados higiene para
esses espaos.
Atividades geradoras que tero de promover essas instalaes para
armazenamento temporrio dos resduos que geram;
Como as normas e posturas devam definir os equipamentos de proteo
individual para quem maneja diretamente os resduos;
Definio legal para pequenos, mdios e grandes geradores;
Suas responsabilidades quanto a procedimentos de manejo; controle de
destinao, processamento e disposio final adequada;
Definio das condutas de monitoramento, fiscalizao e controle.
3 Objetivos do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos A tarefa de desenvolver o Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos ,
por um lado, resposta s exigncias legais de cunho municipal ou federal e de
outro, o atendimento a demandas que se avolumam em decorrncia da
complexidade de uma cidade que v crescer sua densidade demogrfica, sua
indstria de construo civil se expandir, o setor servio transformar o perfil
econmico e social da economia local e o PIB per capita continuar a exibir
ndices elevados.
As exigncias legais para o planejamento da gesto de resduos slidos vm
tanto da Lei Federal de Saneamento Bsico (Lei 11.445/2007) quanto da Lei
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 29
que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos (Lei 12.305/2010) e da lei
municipal que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
Para alm das exigncias legais, a percepo dos rgos municipais com
relao capacitao sobre o tema ir exigir a necessidade de traar as
diretrizes norteadoras para o processo de gesto dos resduos slidos, pelo
caminho do planejamento.
Assim induzidos por estes fatores coloca-se como objetivos para o Plano de
Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul:
Definir estratgia para a superao de problemas reconhecidos na gesto
dos resduos slidos e que foram caracterizados no processo de
Diagnstico;
Definir aes preventivas aos problemas advindos do crescimento do
volume de resduos, caracterizado no Prognstico;
Estabelecer mecanismos para a preservao dos avanos que foram
conquistados, notadamente na coleta seletiva de secos;
Definir estratgias, iniciativas e solues para todos os resduos de
responsabilidade pblica ou privada, refletindo no mbito municipal as
diretrizes fixadas pela legislao federal do saneamento e de gesto de
resduos;
Implementar o compartilhamento de responsabilidades e os processos de
logstica reversa previstos na Poltica Nacional de Resduos Slidos;
Incorporar novas alternativas de destinao de resduos, que permitam a
presena formal de agentes j envolvidos no processo e permitam a adoo
de novas tecnologias de processamento;
Potencializar parcerias com agentes sociais e econmicos envolvidos no
ciclo de vida dos materiais, da gerao coleta, do processamento
disposio final;
Priorizar a incluso social e a emancipao econmica dos catadores de
materiais reciclveis;
Modernizar o instrumental de gesto das equipes gerenciadoras quer pela
formao de equipes adequadas aos novos desafios, quer pela incorporao
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 30
de novas tecnologias para monitoramento e controle, tarefas tpicas da
gesto pblica;
Definir estratgias para a contnua informao e educao ambiental dos
agentes, bem como para a capacitao tcnica dos responsveis pelas
operaes dos setores pblico e privado;
Ampliar os processos e espaos de participao e controle social sobre o
planejamento e a gesto dos resduos, quer na promoo de eventos que
deem transparncia aos processos, quer na estruturao de ncleos de
gesto alm do envolvimento dos diversos conselhos municipais no debate
da temtica.
O desenvolvimento do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos
incorpora as diretrizes do artigo 19 da Lei Nacional de Saneamento Bsico,
abordando a necessidade de preparo de diagnstico, objetivos e metas,
programas e projetos, mecanismos e procedimentos para a avaliao das
aes.
H tambm a preocupao com a ordem de prioridade na gesto e
gerenciamento de resduos definida no artigo 9 da Poltica Nacional. As aes
planejadas buscam prioritariamente a no gerao e reduo, priorizando aps
a reutilizao, reciclagem, tratamento e, por fim, a disposio final
ambientalmente adequada dos rejeitos.
Paralelamente a essa, est estabelecida a preocupao com as diretrizes da
Poltica Nacional sobre Mudanas do Clima, particularmente no tocante
ampliao dos ndices de reciclagem e reduo das emisses de Gases de
Efeito Estufa GEE.
4 Metodologia A metodologia adotada para o desenvolvimento do Plano de Gesto, j descrita
pormenorizadamente no Diagnstico, apoiou-se no processo participativo, na
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 31
tomada de decises coletivas e na sistematizao contnua dos resultados das
diversas etapas.
Os trabalhos foram estruturados por fases, desenvolvendo-se o Diagnstico e o
Prognstico preliminarmente. O desenvolvimento do Plano de Gesto,
propriamente dito, ressaltou o planejamento das aes para os resduos que
tm presena mais significativa nas cidades em geral, e tambm em So
Caetano do Sul: os resduos da construo civil (estimativamente 41% do
total), os resduos domiciliares midos (12% do total) e os resduos domiciliares
secos (9% do total).
As fases do Plano de Trabalho suscitaram primeiramente a formao de dois
fruns organizativos de representao atendendo a diretriz da Poltica Nacional
de se construir um processo participativo para elaborao do PGIRS:
1- Comit Diretor: formado por representantes dos rgos e secretarias da
administrao municipal com o papel executivo do processo participativo de
elaborao do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos;
2- Grupo de Sustentao: formado por representantes dos diversos setores de
atividade da sociedade, o econmico, social, poltico e pblico, articulados a
partir de contatos feitos pelos participantes do Comit Diretor.
Formados os dois fruns de representao passaram-se ao preenchimento
de Formulrios Temticos para cada tipo de resduo, distribudos entre os
representantes do Comit Diretor conforme suas reas de atuao, para que
fossem preenchidos com dados e informaes pertinentes a cada resduo.
Os Formulrios formaram a base de discusso das Reunies Temticas que
evoluram em duas fazes:
1- Outubro 2012: Reunies Temticas que serviram para subsidiar a
elaborao do Diagnstico e tambm como base de dados para
apresentao dos resultados para a 1 Conferncia de Resduos Slidos de
So Caetano do Sul Diagnstico.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 32
2- Fevereiro 2013: Reunies Temticas de cada tipologia de resduo slido
visando formar a base de elaborao do Planejamento das Aes para o
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos.
A segunda rodada de Reunies Temticas (fevereiro 2013) teve como mtodo
provocador do debate a elaborao coletiva para o Planejamento das Aes.
Foram organizadas com o preenchimento coletivo de um quadro de referncia
para o lanamento e sistematizao das propostas nos Formulrios Temticos
e decises debatidas com o Comit Diretor e o Grupo de Sustentao em
Reunies Temticas para cada uma das tipologias de resduo slido definido
para o Plano de Gesto.
Esse quadro, seguindo uma lgica investigativa, apresenta um roteiro de
questes que orientaram a formulao das polticas locais:
Diretrizes (O QUE?) quais so as diretrizes especficas que devero
ser atendidas pelo plano?
Estratgias (COMO?) quais so as estratgias de implementao
legais; instalaes; equipamentos, mecanismos de monitoramento e controle
necessrios para cumprimento do plano?
Metas (QUANTO e QUANDO?) quais so os resultados e prazos a
serem perseguidos pelas aes planejadas?
Programas e aes (COM QUEM?) quais so os agentes pblicos e
privados envolvidos nas aes para efetivao da poltica de gesto integrada?
Tipos de Resduos e Abordagens Sugeridas
O QUE ? COMO ? QUANTO ? QUANDO ?
COM QUEM ?
Diretrizes Estratgias Metas Quantitativas
Programas e Aes
Domiciliares RSD - Secos
Domiciliares RSD - midos
Limpeza Pblica
Construo Civil - RCC
Resduos Volumosos
Verdes
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 33
Servios de Sade
Equipamentos Eletroeletrnicos
Pilhas e Baterias
Lmpadas
Pneus
leos Lubrificantes e suas Embalagens
Agrotxicos e suas Embalagens
Resduos Slidos Cemiteriais
Servios Pb. de Saneamento Bsico
leos Comestveis
Industriais
Servios de Transportes
Educao Ambiental
Plano de Comunicao
Centro de Informaes
Os debates suscitados pelas trs questes propostas geraram uma srie de
abordagens em torno de cada formulrio temtico, apondo novas questes ou
contradizendo outras, formando um conjunto de argumentos que fazem parte
da estruturao do Diagnstico para oferecer uma radiografia sobre os
resduos slidos em So Caetano do Sul, que pode ser visto ao final do
diagnstico de cada resduo.
As fases anunciadas para o trabalho e com o processo participativo de sua
elaborao, os procedimentos metodolgicos foram aplicados ou
desenvolvidos durante a elaborao do Plano de Gesto Integrada:
Desenvolvimento de diagnstico e prognstico participativos;
Estabelecimento de processo coletivo para discusso e tomada de
decises na equipe tcnica;
Construo das metas;
Fortalecimento da abordagem multidisciplinar entre os rgos da
administrao;
Desenvolvimento de procedimentos para orientao da ao dos agentes
pblicos;
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 34
Estabelecimento de agendas de implementao para o dilogo com os
agentes, pblicos e privados, envolvidos com o manejo de cada tipo de
resduo slido.
A elaborao coletiva do Plano de Gesto constituiu-se em processo de
construo da capacidade gerencial para as equipes dos rgos municipais. O
conjunto amplo de profissionais das diversas reas envolveu-se e contribuiu
com o preenchimento de Formulrios Temticos organizados por tipologia de
resduo, com um detalhamento envolvendo dados quantitativos e observaes
qualitativas dos envolvidos em cada setor de atividade.
Ao cabo do processo de elaborao do Plano de Gesto, ele foi disponibilizado
no portal digital do DAE-SCS e da Prefeitura de So Caetano, com a finalidade
de receber contribuies pela rede social, de forma a consolidar o seu
contedo.
5 Diretrizes Gerais A Poltica Nacional de Resduos Slidos introduz a diretriz para a no gerao
e a reduo dos resduos, para que seja maximizada a reutilizao e a
reciclagem, de maneira a adotar tratamentos apenas quando necessrios e,
por final, promover a disposio adequada dos rejeitos. Essa ordem de
precedncia passou a ser obrigatria.
Os tratamentos de resduos sem diferenciao so considerados ilegais:
eliminam a logstica reversa e a responsabilidade compartilhada pela gesto,
peas centrais da Poltica Nacional de Resduos Slidos.
O PGIRS-SCS toma como diretriz a mxima recuperao de resduos e a
minimizao da quantidade de rejeitos levados disposio final
ambientalmente adequada do que couber respectivamente aos agentes
pblicos e aos agentes privados. Assim, tomando como referencia formulaes
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 35
do Ministrio do Meio Ambiente, so adotadas neste PGIRS as orientaes,
estratgias e definies apresentadas nos prximos itens.
5.1 Orientaes para Recuperao de Resduos e Minimizao dos
Rejeitos na Destinao Final Ambientalmente Adequada:
Separao rigorosa dos resduos domiciliares reciclveis na fonte de
gerao (resduos secos e midos);
Assim, tomando como referncia formulao do Ministrio do Meio
Ambiente, so adotaedas neste PGIRS as orientaes, estratgias e
definies apresentadas nos prxomos itens;
Incentivo implantao de empreendimentos transformadores de resduos
secos valorizados;
Compostagem da parcela orgnica dos RSD e gerao de energia por meio
do aproveitamento dos gases provenientes da biodigesto em instalaes
para tratamento de resduos indiferenciados;
Segregao dos Resduos da Construo e Demolio com reutilizao ou
reciclagem dos resduos de Classe A (triturveis) e Classe B (madeiras,
plsticos, papel, metais, gesso e outros);
Segregao dos Resduos Volumosos (mveis, inservveis e outros) para
reutilizao ou reciclagem;
Segregao rigorosa, na origem, dos Resduos de Servios de Sade
(considerando que 75% deles so resduos comuns);
Incentivo implantao da logstica reversa, envolvendo redes de revenda e
importadores, com o retorno indstria dos materiais ps-consumo
(eletroeletrnicos, embalagens, pneus, lmpadas fluorescentes, pilhas e
outros).
5.2 Estratgias de implantao de Redes de reas de manejo local ou
regional
A Poltica Nacional de Resduos Slidos incisiva na definio das
responsabilidades dos diversos agentes e melhorias significativas precisam ser
imagem do folder Modelo Tecnolgico e
de Gesto
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 36
buscadas para soluo dos desafios colocados como, por exemplo, o salto
tecnolgico que precisa ser dado para que se atinjam as metas da poltica.
O Ministrio do Meio Ambiente incentiva a implantao de um Modelo
Tecnolgico que privilegia o manejo diferenciado e a gesto integrada dos
resduos slidos, com incluso social e compartilhamento de responsabilidades
com os diversos agentes.
Esse modelo pressupe um planejamento do territrio, com a definio do uso
compartilhado de rede de instalaes (Ecopontos) para o manejo de diversos
resduos e com a definio de uma logstica de transporte adequada para que
se obtenha baixo custo.
evidente a escassez de reas disponveis em So Caetano do Sul, um
municpio que soma 15 km em todo o seu territrio. Ser necessrio haver por
parte do gestor pblico e gestor dos resduos slidos, um esforo de se investir
na identificao de potenciais espaos para servirem ao propsito da formao
de uma rede de recebimento.
Devero ser consideradas reas pblicas, mas tambm reas privadas que
sirvam a esse interesse estratgico, visando a implantao adequada de uma
rede de instalaes que oferea suporte para uma Poltica Pblica Municipal
eficiente de Resduos Slidos.
5.2.1 Instalaes para o Manejo Diferenciado e Integrado, Regulado e
Normatizado
As instalaes consideradas neste PGIRS so aquelas compatveis com as
diretrizes da Lei 12.305/2010 e normatizadas pelo ente nacional com esta
competncia, a Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT.
Instalaes no normatizadas necessariamente devero ser reguladas pelo
ente gestor ou ente regulador local.
Ecopontos em rede pontos de entrega voluntria para acumulao
temporria de resduos da construo e demolio, de resduos volumosos,
da coleta seletiva e resduos com logstica reversa (NBR 15.112);
Rede de Instalaes
Figura exemplo
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 37
LEVs Locais de Entrega Voluntria de Resduos Reciclveis conteineres,
bags ou outros dispositivos instalados em espaos pblicos ou privados, em
parceria, obrigatoriamente monitorados, para recebimento de reciclveis
secos;
Unidades de triagem de reciclveis secos, com normas operacionais
definidas em regulamento (galpes com processos manuais e unidades
automatizadas);
Unidades de valorizao de orgnicos (compostagem/biodigesto em
processos anaerbios ou aerbios);
ATTs reas de Triagem e Transbordo de resduos da construo civil e
demolio, resduos volumosos e resduos com logstica reversa (NBR
15.112);
reas de Reciclagem de resduos da construo civil (NBR 15.114);
Aterros Sanitrios com recuperao do biogs gerado (NBR 13.896);
Aterros de Resduos da Construo Civil Classe A (NBR 15.113);
Aterros de Resduos Perigosos (NBR 10.157:1987).
O Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos dever ser traduzido em um
conjunto de instalaes que contemple a totalidade do territrio urbano. Estas
instalaes so, na prtica, a oferta de endereos fsicos para a atrao e
concentrao de diversas tipologias de resduos, sem os quais o processo
indisciplinado de descarte aleatrio de resduos acaba se impondo.
5.2.2 Rede de instalaes
O planejamento para a definio da rede de instalaes essencial. O PGIRS
deve ser seguido de uma setorizao dos espaos urbanos, formando bacias
de captao de resduos para cada Ecoponto, a partir dos grandes indutores ou
dificultadores de trfego. Estas bacias ou setores devem coincidir, tanto quanto
possvel, com os setores censitrios do municpio de forma que o conjunto das
suas informaes influa no planejamento das aes.
Croquis PEV (Ecoponto)
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 38
Os Ecopontos so os pontos iniciais da rede que precisam ser definidos
alocados nos bairros, a partir de diversos critrios como o de densidade
populacional que permitam transformar resduos difusos em resduos
concentrados, propiciando a partir disso uma logstica de transporte adequada,
com equipamentos adequados e custos suportveis.
Os Ecopontos devem ter seu uso compartilhado entre os diversos resduos que
precisam ser concentrados atrairo dos resduos da construo aos resduos
volumosos, os domiciliares secos e os resduos com logstica reversa.
J as reas de Triagem e Transbordo, e Galpes de Triagem, so de
propores maiores e devem servir de pulmo para organizar a logstica de
destinao de cada tipo de material. Alm de unidades no prprio municpio,
devero ser consideradas as opes regionais.
O galpo de triagem de resduos domiciliares secos atualmente em operao
dever ter sua estrutura de gesto renovada, resgatando-se seu potencial
produtivo, de forma que os fluxos de gerao sejam assimilados e os resduos
triados na velocidade e rigor compatveis com as metas iniciais.
Outra rea pblica estratgica dever ser designada, entre algumas
disponveis no municpio (e na ausncia destas, alguma de outra natureza,
situada na regio), para a concentrao de operaes com diversos resduos
Ecopontos
O mapa esquemtico do Municpio de
SCS, ao lado, mostra uma distribuio
hipottica dos ecopontos (a ser
estudada) pelo territrio, que devero
considerar os critrios de localizao
visando atender a demanda de
pequenos geradores, com esses pontos
de entrega voluntria para acumulao
temporria de resduos da construo e
demolio, de resduos volumosos, da
coleta seletiva, resduos com logstica
reversa e outros.
Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos de So Caetano do Sul SP 39
de responsabilidade pblica (resduos de construo, resduos domiciliares
indiferenciados, midos e secos, resduos de servios de sade, resduos de
logstica reversa, resduos verdes e outros), visando o recebimento temporrio,
triagem mecanizada, processamento quando possvel e encaminhamento
destinao atendendo as diretrizes de reduo, reaproveitamento, reciclagem
e disposio final adequada da Poltica Nacional de Resduos Slidos.
Esta definio da Rede de Instalaes de manejo de resduos slidos em So
Caetano do Sul visa criar as condies, tanto para o cumprimento das
diretrizes da PNRS quanto determinao da valorizao dos resduos
manejados, quanto possibilitar que o Municpio estabelea uma condio de
gesto os seus prprios resduos, tornando-se