Ação declaratória de inexistência de débito c/c repetição de indébito c/c danos moraisSalvar • 0 comentários • Imprimir • Reportar
Publicado por Jovelino Delgado e mais 1 usuário - 2 anos atrás
64EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA
COMARCA DE SOLÂNEA - ESTADO DA PARAÍBA
(10 linhas)
URGENTE – PEDIDO DE LIMINAR
VALDOMIRO PEDRO DA SILVA, brasileiro, casado, portador da cédula de
identidade nº 1.138.569 – SSP/PB, inscrito no CPF sob o nº 518.151.414-68,
residente e domiciliado na Rua Belísio Pessoa, 09, Centro, Solânea/PB, por
intermédio dos seus advogados legalmente constituídos, conforme instrumento
procuratório em anexo (doc.01), vem à presença de Vossa Excelência com
fundamentos nos arts. 4º doCódigo de Processo Civil, art. 6.º VI, VII, VIII do Código
de Defesa do Consumidor, arts. 186 e 927 do Código Civil e Resoluções 456/200 e
90/01 da ANEEL, propor...
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CANCELAMENTO DE ÔNUS c/c DANOS MORAIS c/c
REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM PEDIDO DE LIMINAR
em face da ENERGISA S/A – COMPANHIA DE FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA DA PARAIBA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o
nº 09.095.183/0001-40, sito a BR-230, Km 25, Cristo Redentor João Pessoa/PB, CEP:
58.071-680, pelos motivos de fato e direito a seguir delineados.
I.DO PEDIDO DE GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o Promovente declara para os
devidos fins e sob as penas da lei, ser pobre na forma da lei, não tendo como arcar
com o pagamento de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, pelo o que requer desde já, os benefícios da
justiça gratuita.
II. DOS FATOS
O promovente é usuário da unidade consumidora devidamente inscrita no CDC n.º
5/1097393-1, conforme depreende-se dos documentos acostados (doc.02), tendo
sempre quitado de forma tempestiva seus débitos.
Ademais, ressalte-se que o autor jamais se envolveu em qualquer espécie de
conflito com os seus credores, tendo em vista que sempre se pautou segundo os
ditames preceituados pelo ordenamento jurídico vigente.
Ocorre Excelência, que no dia 16 de Fevereiro de 2011, o promovente veio a sofrer
enorme constrangimento e exposição em decorrência de atitude provocada pela
promovida, que enviou funcionários ao imóvel de sua propriedade, com o objetivo
de proceder à averiguação no medidor de energia, sem efetuarem nenhuma
comunicação a respeito da visita técnica.
Os funcionários da empresa promovida adentraram ao imóvel de propriedade do
autor, dirigindo-se de imediato ao contador de energia. Douto Julgador, data vênia,
os representantes da promovida deveriam ter efetuado a comunicação da visita
com antecedência, mas não, acharam por bem insistir e averiguar, suposta perda
de energia na residência.
Ora Excelência, qual a validade legal de uma afirmativa decorrente de atitude
unilateral da promovida? Porque a mesma não aguardou, e na presença do autor,
procedeu com a referida averiguação?
Ademais, passado pouco mais de 02 (dois) meses, o promovente novamente fora
surpreendido pela promovida, ao receber na sua residência uma absurda fatura que
lhe cobrara a quantia de R$ 3.587,71 (três mil quinhentos e oitenta e sete reais e
setenta e um centavos), referente ao consumo pelo autor no período de 03/2008 a
02/2011 (doc.03), o que se consubstancia uma gritante ilegalidade, haja vista ser
de valor praticamente 20 (vinte) vezes superior à média de consumo mensal do
autor.
Sendo assim, em se aproximando a data do vencimento da fatura enviada
pela promovida para pagamento pelo autor, este não teve outra
alternativa, senão, realizar uma confissão de dívida nos termos cobrados e
acordados na carta ao cliente, sendo esta dividida em 72 (setenta e dois)
parcelas mensais, conforme se constata dos documentos em anexos
(doc.04).
Desta feita, analisando-se que não há qualquer fundamentação fática ou jurídica a
embasar tal cobrança pela concessionária de energia elétrica, de modo que a
mesma se evidencia como totalmente ilegal, não restou outra alternativa ao autor,
senão recorrer aos auspícios do Poder Judiciário, de forma a ver tutelado todo o
direito que embasa a presente peça postulatória, e desse modo ser ressarcido por
todos os danos suportados, quer seja material, quer seja moral, com a evidente e
notória exposição e humilhação do promovente perante seus vizinhos e familiares.
III. DA COAÇÃO SOFRIDA PELO PROMOVENTE PARA ASSINAR O TERMO DE
CONFISSÃO DE DÍVIDA
Embora o contrato seja lei entre as partes, dentro da teoria civilista é cediço que
esta empresta sua força para ratificar os acordos de vontade celebrados pelas
partes. Os requisitos de validade do negócio impõe ser lícito às partes esperar que
do contrato decorram os efeitos previstos, ou seja, que a vontade expressa seja
respeitada – se assim não ocorrer – confia-se na lei e no Estado para ver cumprido
forçosamente o pactuado. Esta regra atende, um reclamo de segurança nas
relações jurídicas da sociedade.
Por outro lado, existe previsão de anulação e nulidade do negócio jurídico, diante da
vontade inquinada, quando a manifestação não é expressa de modo espontâneo ou
o é, porém de modo turvado, decorrência de circunstâncias internas ou externas
que orbitam o negócio; ou ainda quando – a despeito da pudica manifestação – ela
ocorre em flagrante prejuízo de direito alheio, o ordenamento lhes atribui a alcunha
de negócios nulos ou anuláveis, dependendo da gravidade desta circunstância,
estamos a falar de fundamento dos defeitos do negócio e sua consequente
nulidade.
Segundo o grande Clóvis Beviláqua, é o emprego de um artifício astucioso para
induzir alguém a pratica de um ato negocial que prejudica e aproveita ao autor do
dolo ou terceiro . (RT, 161: 276, 187:60, 444:112, 245:547, 522:232 e 602:58.
RJTJSP. 137:39).
Assim, constata-se que o promovente ao assinar o termo de confissão de
dívida, este o fez, sob forte coação, haja vista que para dá continuidade
ao fornecimento do serviço essencial de energia elétrica, teria que efetuar
o pagamento e via de consequência assumir os efeitos da irregular
inspeção.
Não tendo outra alternativa a ser feita, o ora promovente assumiu a dívida
no montante de R$ 3.587,71 (três mil quinhentos e oitenta e sete reais e
setenta e um centavos), a qual foi dividida em 72 (setenta e dois) parcelas
mensais de R$ 49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três centavos).
Ressalte-se pois, que a energia elétrica é um serviço de grande
importância, sendo considerado até mesmo indispensável a sociedade,
mediante esses preceitos e sob forte coação moral, o promovente
necessitando de tal fornecimento, teve que confessar em todos os seus
termos a confissão de dívida, o que via de regra, demonstra total
IRREGULARIDADE.
Segundo Maria Helena Diniz, o dolus malus, de que cuida o art 145, é defeito
de negócio jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade, dado que tal
artifício consegue ludibriar pessoas sensatas e atentas. “Dolus causam
dans” ou dolo principal . O dolo principal ou essencial é aquele que dá causa ao
negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído , acarretando a anulação
daquele ato negocial (RT , 226:395 e 254:547)”.
Assim, a coação seria qualquer pressão física ou moral exercida sobre pessoa ,
bens ou a honra de um contratante para obrigá-lo a efetivar certo ato negocial.
(RT, 705:97,619:74. 622:74, 634:107, 557:128. JTACSP, JM, 111:179), caso este dos
autos.
Logo, comprova-se que se o autor não assinasse o termo de confissão de dívida,
este não poderia em hipótese alguma utilizar os serviços da promovida, ou seja,
houve coação para a assinatura do referido termo.
IV. DO TERMO DE OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO
Douto Julgador, faz-se necessário aduzirmos neste tópico que o termo de ocorrência
e inspeção que fora lavrado pelos representantes da promovida quando da prática
de todo o ato abusivo e ilegal ora debatido.
De início, é importante deixar evidenciado a Vossa Excelência que o medidor de
energia que se encontrava em uso na residência do promovente tinha sido
instalado pela própria promovida, haja vista que o mesmo fora posto na longínqua
década de 90, tendo permanecido intacto durante todo esse tempo, sem que
ocorresse qualquer espécie de violação por parte da autora.
Ora Excelência, em primeiro lugar, ressalte-se que a promovida se limitou a afirmar
que o medidor estava danificado ou destruído, todavia não realizou qualquer
espécie de inspeção mais apurada no mesmo, nem permitiu ao autor analisar e
participar da perícia que afirma a promovida, todavia não comprova, ter realizado.
Por outro lado, saliente-se que, se realmente ocorrera perda de energia ou algum
outro dano, o que não se restou demonstrado nos presentes autos, tal fato não
decorreu de qualquer atitude, comissiva ou omissiva, do promovente, mas sim da
própria promovida, haja vista que decorreu lapso temporal considerável para
realizar aferição ou troca de medidor na residência da autora.
Agora, de forma totalmente abusiva, sem falar de ilegal, vem a promovida no
imóvel do autor e realiza a mudança do medidor de energia do mesmo, levando-o
consigo e, após, envia uma absurda conta de energia, em valor totalmente
inimaginável para um cidadão comum, afirmando tão somente que, mesmo sem
ter havido violação ou qualquer espécie de danificação ou desvio de
energia, houve perda de energia. Como? E se houve, de quem é a culpa?
Como resposta, repita-se: não há qualquer meio legal a comprovar que realmente
houve perda de energia, bem como se ocorrera, o que não se encontra
demonstrado, decorreu por culpa única e exclusiva do promovido.
Ainda, é importante também salientar que de acordo com o termo de ocorrência e
inspeção que segue em anexo, no seu item, a consumidora não requereu a
realização de perícia.
V. DA MEDIDA LIMINAR PARA SUSPENDER A COBRANÇA ORA DEBATIDA
ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA PRESENTE LIDE
Nobre Julgador, para que seja deferida uma medida liminar se faz necessário o
preenchimento de dois requisitos fundamentais pelo requerente, ou seja, a fumaça
do bom direito e o perigo da demora.
Conforme se restou plenamente demonstrado no discorrer do presente petitório,
não há qualquer dúvida sobre o lídimo direito que embasa a presente peça
postulatória, quer seja porque não se restou demonstrado no presente feito a real
perda de faturamento de consumo de energia elétrica na unidade consumidora do
promovente, quer seja porque não lhe fora assegurado o direito em participar de
perícia que afirma a promovida ter sido realizada, ou ainda porque não houve
qualquer atitude comissiva ou omissiva do promovente perante o medidor
de energia retirado, de modo que o mesmo não se encontrava adulterado,
violado, com religação ou qualquer outro meio de desvio de energia, o que,
na verdade, é relatado no próprio termo de ocorrência e inspeção lavrado pelo
promovido.
Por outro lado, o perigo da demora, do mesmo modo, é clarividente no presente
caso, tendo em vista que o autor vem regularmente efetuando seus pagamentos
conforme se constata na documentação acostada ao presente petitório.
Com efeito Excelência, o autor, por se tratar de um cidadão que sempre se pautou
na mais estrita obediência ao ordenamento jurídico vigente, de forma que sempre
quitou tempestivamente suas obrigações, se encontra em um dilema, ou seja,
pagar um valor que não é devido ou sentir a humilhação de ver o seu nome inscrito
nos órgãos de proteção ao crédito em virtude de inadimplência com a conta de
energia.
Para qualquer cidadão que sempre trilhou no limiar da legalidade, é por demais
humilhante e vexatório ver o seu nome no cadastro de inadimplentes, e
principalmente, em virtude de um suposto débito, que na verdade não é devido.
Ademais, a nossa jurisprudência é uníssona no tocante a impossibilidade do corte
no fornecimento de energia elétrica ou inclusão do nome do titular da unidade
consumidora nos órgãos de proteção ao crédito, por valores cobrados em fatura e
não pagos pelo suposto devedor, enquanto perdurar ação judicial que vise cancelar
a mencionada cobrança, vejamos:
TJRN - Agravo de Instrumento com Suspensividade: AI
67908 RN 2010.006790-8
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE
DÉBITO. DESVIO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. PEDIDO LIMINAR DE
SUSPENSÃO DA COBRANÇA DOS VALORES REFERENTES À ENERGIA CONSUMIDA E
NÃO MEDIDA E O RESTABELECIMENTO DO FORNECIMENTO DO SERVIÇO.
CARACTERIZAÇÃO DE DÉBITO PRETÉRITO.CORTE NO FORNECIMENTO DE ENERGIA
INDEVIDO.DISCUSSÃO JUDICIAL ACERCA DA EXIGIBILIDADE DO DÉBITO. SUSPENSÃO
DA COBRANÇA DOS VALORES E RESTABELECIMENTO DO SERVIÇO. CONHECIMENTO
E PROVIMENTO DO RECURSO. É correta a suspensão da cobrança da dívida
enquanto pendente discussão judicial acerca da exigibilidade do débito oriundo do
consumo de energia elétrica não medida.- A cobrança de débitos pretéritos não
autoriza a suspensão no fornecimento da energia elétrica. Precedentes desta Corte
e do STJ.
Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÕES DE CONHECIMNETO E CAUTELAR. SUSPENSÃO
DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. DÉBITO EM DISCUSSÃO JUDICIAL. AÇÃO
PRINCIPAL. REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL. Não merece ser conhecido
recurso cujas razões são completamente dissociadas do teor da decisão atacada.
AÇÃO CAUTELAR. Vedado o corte do fornecimento de energia elétrica quando o
débito está em discussão judicial, conforme jurisprudência deste Tribunal e do STJ.
APELAÇÃO DA AÇÃO PRINCIPAL NÃO CONHECIDA. APELAÇÃO DA AÇÃO CAUTELAR
DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70042525709, Segunda Câmara.
Desse modo, e em virtude de todo o exposto, é que se REQUER a Vossa
Excelência, o deferimento da presente medida liminar, para que seja
cancelado o termo de confissão de dívida, onde o autor acordou o
pagamento da suposta dívida em 72 (setenta e dois) parcelas mensais de
49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três centavos), por ser questão de
direito e de justiça para com a promovente.
VI. DO DIREITO
A Constituição Federal de 1988 assim dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
Estabelece o art. 186 do Código Civil Brasileiro:
“ Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.”
E a consequência de cometer ato ilícito está estipulada no art. 927 do Código
CivilBrasileiro:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”
Ora, o débito debatido do promovente para com o promovido jamais existiu, de
modo que se consubstanciam como totalmente ilegais todas as condutas praticadas
pelo mesmo.
Na verdade, como dito, o autor jamais procedeu com qualquer ato invasivo do
contador de energia do seu imóvel, o que, inclusive, fora atestado pelos
funcionários do promovido, de modo que se ocorrera qualquer espécie de perda de
consumo, o que não se restou demonstrado nos presentes autos, fora por
culpa exclusiva da concessionária de energia elétrica, e não do promovente, não
podendo este arcar com atitude culposa da mesma.
Douto Julgador, é patente o direito do autor, quer seja no tocante a inexistência do
débito impugnado, quer seja em virtude do clarividente dano moral sofrido, com a
exposição do seu nome perante os vizinhos e a sociedade solanense, quer seja
com a entrada dos representantes da energisa em seu imóvel, ou pela
permanência do carro da empresa em frente ao imóvel do promovente, de
modo que expôs, indubitavelmente, o autor ao ridículo.
a) DA PLENA APLICABILIDADE DO CDC AO PRESENTE CASO
O Código de Defesa do Consumidor, diploma plenamente aplicável a espécie, nos
ensina no seu art. 22 que as concessionárias de serviço público deverão prestar os
serviços de forma adequada, eficiente e seguro, vejamos:
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.
Do mesmo modo, o art. 23 do mesmo diploma legal é taxativo ao dispor que a
ignorância do fornecedor sobre a qualidade do serviço prestado não o exime de
responsabilidade, IN VERBIS:
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação
dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Nobre Julgador, diante dos ensinamentos advindos dos artigos mencionados,
podemos aquilatar o entendimento de que o promovido deveria ter prestado o
serviço de forma adequada, eficiente e segura. Todavia, se isto não ocorrera, como
relata o próprio laudo de inspeção e ocorrência, ao afirmar a perda no consumo de
energia, sem no entanto comprovar, a responsabilidade é exclusiva do mesmo,
mesmo se este não tivesse o conhecimento do suposto vício que inquinava o
contador de energia.
Nobre Julgador, a promovida realiza inspeção no imóvel, troca o medidor de
energia e afirma, de forma unilateral, que os lacres foram rompidos,
possibilitando o acesso ao interior do medidor, plaqueta de identificação
solta no interior do medidor, disco descentralizado e preso, assim como o
mancal inferior deslocado, e após, de forma totalmente ilegal e abusiva,
envia fatura de energia no enorme valor já delineado na presente.
Ora Excelência, há única prova que existe nos autos, e que advêm da própria
promovida, é que o autor não procedeu com qualquer conduta comissiva ou
omissiva no contador de energia da sua residência, de modo que se resta
demonstrado nos autos que se ocorrera danificação na unidade
consumidora (fato não demonstrado), fora por culpa exclusiva do
promovido, que deverá arcar inteiramente com suas responsabilidades, e não vir
de forma totalmente ilegal e abusiva expor a promovente ao ridículo perante seus
vizinhos e familiares, como realmente o fez.
O art. 6º do CDC nos ensina que são direitos básicos dos consumidores, entre
outros, a efetiva reparação de danos sofridos, quer sejam materiais, quer sejam
morais, bem como o acesso aos órgãos judiciários com o objetivo de resguardar os
danos mencionados:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
A inversão do ônus da prova, também é direito do consumidor:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
É patente o direito no qual se fundamenta o pedido do autor, que deverá ser
ressarcido por todo o dissabor sofrido e os anseios amargados, que representam a
essência do conceito de dano moral, que não deverá jamais ser esquecido pelo
aplicador da lei, e sim concedido, sem esquecer a sua quantificação.
Nas palavras do Professor Arnoldo Wald, o dano é a lesão sofrida por uma pessoa
no seu patrimônio ou na sua integridade física:
Nas palavras do Professor Arnoldo Wald, "Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no
seu patrimônio ou na sua integridade física, constituindo, pois, uma lesão causada a
um bem jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o causado a
alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo possível à cumulação da
responsabilidade pelo dano material e pelo dano moral" (Curso de Direito Civil
Brasileiro, Editora Revista dos Tribunais, SP, 1989, p. 407).
Diante de todo exposto e por realmente configurar um lídimo direito do
promovente, é que se requer a procedência total do presente petitório, para que
ocorra o devido ressarcimento ao autor, conforme demonstrado, principalmente por
toda a dor sofrida e os anseios amargados pelo mesmo, que decerto são muitos e
mais gravosos em pessoas de poucos conhecimentos.
No presente, o dano moral deve ser quantificado com a precisão peculiar aos
grandes Julgadores, tendo em vista que o mesmo possui um duplo condão, ou seja,
o de ressarcimento do promovente e o de punição do promovido, de modo que este
se sinta coibido de incorrer novamente em prática iguais ou semelhantes a ora
debatida, o que evidentemente se transformará em uma garantia para toda a
sociedade.
b) DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO
A repetição de indébito é um instituto promulgado pelo legislador com intuito de
ressarcir o consumidor dos ônus causados pela situação adversa que a cobrança
ilícita lhe gerou. Quanto a temática, disciplina o artigo 42, parágrafo único do CDC:
“Art. 42.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo de engano justificável.”
Diante de tamanha irregularidade da Promovida expondo cláusulas que contrariam
o Código de Defesa ao Consumidor e os constrangimentos gerados ao Promovente,
resta-lhe requerer a restituição dos valores indevidamente cobrados, em DOBRO,
corrigidos e acrescidos dos juros legais, conforme preceitua o dispositivo legal
acima elencado.
Emérito julgador, conforme se constata dos documentos em anexos, resta
clarividente que o promovente efetuou o pagamento de 19 (dezenove)
parcelas mensais, sendo estas no valor de R$ 49,83 (quarenta e nove reais
e oitenta e três centavos) cada, totalizando o montante de R$ 946,77
(novecentos e quarenta e seis reais e setenta e sete centavos).
Assim sendo, deve o Promovente ser restituído em dobro e com as devidas
correções, o valor de R$ 1.893,54 (mil oitocentos e noventa e três reais e
cinquenta e quatro centavos), conforme o parágrafo único do
art. 42 do CDC prevê, haja vista a cobrança ser totalmente ilegal e arbitrária, como
claramente comprovados nos argumentos anteriormente mencionados.
V- DOS PEDIDOS
Ante o exposto, considerando que a pretensão do autor encontra arrimo nas
disposições legais já mencionadas, requer a Vossa Excelência:
1) Que seja recebida a presente Peça Postulatória, e em seguida devidamente
processada e julgada;
2) Que seja deferido os benefícios da justiça gratuita nos termos disciplinados
pela Lei nº 1.060/50, conforme demonstrado;
3) Que seja concedida a inversão do ônus da prova, conforme preconiza
o Código de Defesa do Consumidor;
4) Que seja deferida a medida liminar, inaudita altera pars , de forma a
determinar a imediata suspensão do termo de confissão de dívida, onde o
autor acordou o pagamento da suposta dívida em 72 (setenta e dois)
parcelas mensais de 49,83 (quarenta e nove reais e oitenta e três
centavos), parcelas estas cobradas na conta de energia com CDC de nº
5/1097393-1, sendo a medida liminar deferida, em ato contínuo aplique-se
multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), em caso de
descumprimento.
5) Que seja determinada a citação do promovido, para comparecer a Audiência a
ser designada por este Juízo, e apresentar CONTESTAÇÃO aos fatos, sob pena de
serdecretada a revelia, tendo assim por verdadeiros todos os fatos narrados na
presente exordial;
6) Ao final, que seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, nos
seguintes moldes:
a) Declarando a inexistência do débito de que trata o presente feito, do autor
para com a promovida;
b) Condenando a promovida ao pagamento de R$ 20.000,00(vinte mil reais),
a título de dano moral.
c) Condenando a promovida em 1.893,54 (mil oitocentos e noventa e três
reais e cinquenta e quatro centavos), a título de repetição de indébito;
entretanto, em caso de decisão posterior ao valor pago até o
protocolamento da presente, sejam os referidos valores corrigidos e
pagos, a título de repetição de indébito;
7) A Condenação em honorários sucumbências a serem fixados na proporção de
20% sobre o valor da causa em caso de eventual recurso.
Por fim, pugna que todas as publicações sejam feitas em nome do Advogado
Jovelino Carolino Delgado Neto – OAB/PB 17.281, sob pena de nulidade.
Protesta provar por todos os meios probatórios em direito admitidos.
Atribui-se a presente causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), para
efeitos meramente fiscais.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Solânea, 07 de dezembro de 2012
JOVELINO CAROLINO DELGADO NETO
OAB/PB 17.281
Ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por dano moralSalvar • 0 comentários • Imprimir • Reportar
Publicado por Vilson Vargas - 6 meses atrás
4EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ______________.
xxxxx, classificação e endereço completos, vêm, perante Vossa Excelência,
por intermédio de seu advogado abaixo constituído (procuração em anexo),
com escritório profissional localizado (no endereço completo), com base no
artigo 186 e 927, ambos do Código Civil, e demais dispositivos aplicáveis ao
caso propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL
Em face de Sky Brasil Serviços LTDA, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ nº 72.820.822/0027-69, com endereço localizado na
Avenida Marcos Penteado de Ulhoa Rodrigues, 1.000, Resid. Três, Tamboré,
na Cidade de Santana de Parnaíba/SP, CEP 06543-900, pelos seguintes fatos
e fundamentos:
DOS FATOS:
A autora é usuária de um dos combos de pacotes TV por assinatura
fornecidos pela empresa SKY do Brasil, com valor mensal de R$ 453,80
(quatrocentos e cinquenta e três reais e oitenta centavos), com vencimento
sempre datado para o dia 05 de cada mês.
Na data de 10 de fevereiro de 2015, a autora realizou o pagamento da
fatura referente ao uso do mês de fevereiro, no valor de R$ 457,88. No
entanto, a empresa não reconheceu o adimplemento da fatura quitada pelo
sistema financeiro através de boleto e iniciou a cobrança de uma dívida
inexistente.
Com o objetivo de comprovar o pagamento da referida fatura, a autora
entrou em contato com a empresa SKY, onde foi orientada a remeter por e-
mail cópia do comprovante de pagamento. Assim sendo, no dia 21 de
fevereiro a autora enviou a documentação exigida para a baixa do débito e
reativação do sinal de tv, pois nessa data o sinal já estava suspenso.
Na data de 23 de fevereiro, a autora recebeu em seu e-mail a confirmação
do recebimento do comprovante de pagamento por parte da empresa,
tendo sido informada que no prazo máximo de 4 dias a baixa do débito seria
efetivada. Tal informação foi repassado pelo atendente XXXX através do
protocolo de atendimento online nº XXXXX.
No entanto, o débito não foi baixado e a cobrança continuou de forma diária
através de mensagens SMS no celular pessoal da autora, bem como
cobranças e ofertas para quitação da dívida via email. Como se isso não
bastasse, a empresa SKY também importunava a autora via contato
telefônico. Não havia horário fixo para as cobranças acontecerem. Tal
infortúnio acontecia vezes pela manhã, outras vezes pela tarde e à noite.
A fim de dirimir eventuais dúvidas, para se certificar que realmente o
pagamento fora efetivado, XXX entrou em contato com a empresa
responsável pelo repasse de valores de pagamentos de boletos recebidos
no estabelecimento da autora. Nesse interim, no dia 18 de março de 2015 a
empresa Y repassou o referido comprovante, o qual demonstrou o correto
repasse dos valores ao cedente do boleto da fatura de fevereiro de 2015,
com pagamento efetivado em 10 de fevereiro de 2015 no valor de R$
457,88.
Conforme se demonstram nos autos, várias foram as tentativas por via
administrativa para solucionar o problema. Destacamos abaixo os
protocolos de atendimento, onde todos não lograram êxito em resolver a
presente situação:
Protocolo nº XXX – atendente XXX
Protocolo nº XXX – atendente XXX
Protocolo nº XXX – atendente XXX
Protocolo nº XXX
Protocolo nº XXX
Protocolo nº XXX
Protocolo nº XXX
Protocolo nº XXX
Protocolo nº XXX
Protocolo nº XXX.
Veja-se que foram 10 tentativas de contato, todas infrutíferas.
DOS FUNDAMENTOS:
Num primeiro momento, claro está que o caso envolve situação de
consumo, razão pela qual devemos aplicar os dispositivos contidos
no Código de Defesa do Consumidor, além das regras contidas no Código
Civil.
I – Da inversão do ônus da prova:
Nos moldes do Código de Processo Civil, em seu artigo 333, inciso I, o ônus
da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito. No
entanto, como trata-se de relação de consumo entre as partes, o Código de
Defesa do Consumidor através do artigo 6º, inciso VIII, possibilita a inversão
do ônus da prova quando presentes a hipossuficiência do consumidor ou
verossimilhança das alegações.
Ambos os requisitos estão presentes no caso em tela discutido. A
verossimilhança das alegações resta comprovada através dos documentos
em anexo, os quais demonstram a quitação do débito, e a hipossuficiência
do consumidor resta demonstrada diante da relação entre consumidor e
fornecedor de serviços, onde a autora está em posição de inferioridade na
relação de consumo, ou seja, está em desvantagem em relação à empresa
SKY.
II – Da inexistência do débito:
Ficou amplamente demonstrado através das cópias de comprovantes de
pagamento, bem como através dos e-mails remetidos a ré com os devidos
comprovantes que o débito foi adimplido na data de 10 de fevereiro de
2015. Nesse sentido, por ser incontroverso o fato de não haver dívida a ser
quitada, a declaração de inexistência de débito é a medida plausível a ser
implementada.
III – Do Dano Moral:
Para a configuração do dano moral é necessária a existência da ligação
entre o nexo de causalidade e o evento danoso.
Entende-se por nexo de causalidade a relação de causa e efeito entre a
conduta do agente e o dano. No caso em tela restou demonstrado que a
prática abusiva da empresa SKY gerou a ocorrência de dano moral passível
de reparação.
De acordo com o artigo 6, VI, do CDC, é direito do consumidor a efetiva
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Entende-se por dano moral aquele que afeta a paz interior da pessoa
lesada; atinge seu sentimento, o decoro, o ego, a honra, enfim, tudo aquilo
que não tem valor econômico mas causa dor e sofrimento.
A incidência do dano moral resta configurada diante da excessiva
insistência por parte da ré em cobrar uma dívida que já fora adimplida. Tal
conduta demonstra falha na prestação dos serviços por parte da ré, uma
vez que a empresa SKY é obrigada a fornecer serviços de qualidade aos
seus clientes. Observa-se que estamos diante de um vício na prestação de
serviços. Entende-se por tal expressão:
“Vício do serviço é expressão que, preliminarmente, versa sobre atividades
desempenhadas a um ou mais consumidores cuja finalidade de satisfação
por parte destes não se consolide, quer seja pelo mau desempenho do
prestador da atividade ou mesmo pela impossibilidade de seu cumprimento,
sem culpa do consumidor”.
Assim, configurado está o vício de qualidade na prestação do serviço, fato
disciplinado no artigo 20 do CDC, razão pela qual a ré deve ser
responsabilizada nos termos do referido dispositivo.
Ademais, conforme demonstram os documentos em anexo, a empresa Y,
responsável pelo envio dos pagamentos de boletos recebidos no
estabelecimento da autora, informou que foi repassado a empresa SKY na
data de 10 de fevereiro o valor correto do boleto, ou seja, R$ 457,88. Nesse
sentido, a autora não pode ser responsabilizada pelo fato da empresa SKY
apresentar falha em seu sistema eletrônico de cobranças.
Veja-se que apesar dos contatos realizados pela autora informando o
pagamento da dívida e repassado os devidos comprovantes, diariamente a
ré remetia ao e-mail da autora propostas para saldar uma dívida
inexistente. A própria ré informou em atendimento online que a dívida seria
baixada em até 4 dias, o que de fato não ocorreu.
Além disso, a autora era notificada diariamente, sendo certo que caso não
realizasse o pagamento, a mesma seria positivada no sistema de proteção
ao crédito – SPC. Observa-se nos documentos em anexo que no dia 7 de
março de 2015, via mensagem SMS encaminhada ao celular da autora, a
empresa informou que o nome de XXX seria restringido no SPC e Serasa na
data de 09 de março de 2015. Tal conduta acarretou grande abalo moral,
uma vez que a autora é proprietária de uma livraria na Cidade, razão pela
qual não poderia ter seu nome restrito nos referidos cadastros.
No presente caso não há a possibilidade de se cogitar a produção de prova
desse constrangimento, pois trata-se de abalo moral, de cunho subjetivo.
Vejamos o entendimento do STF acerca do assunto:
“O STF tem proclamado que “a indenização”, a título de dano moral, não
exige comprovação de prejuízo” (RT 614/236), por ser este uma
consequência irrecusável do fato e um "direito subjetivo da pessoa
ofendida" (RT 124/299). “As decisões partem do princípio de que a prova do
dano (moral) está no próprio fato, ” não sendo correto desacreditar na
existência de prejuízo diante de situações potencialmente capazes de infligir
dor moral. Esta não é passível de prova, pois está ligada aos sentimentos
íntimos da pessoa. Assim, é correto admitir-se a responsabilidade civil, p.
Ex., na maioria dos casos de ofensa à honra, à imagem ou ao conceito da
pessoa, pois se subentendem feridos seus íntimos sentimentos de auto-
estima (CRJEC, 3ª Turma, Rec. 228/98, rel. Juiz Demócrito Reinaldo Filho, j.
20.08.98, DJ 21.08.98). Como já proclamava José de Aguiar Dias, nesses
casos "acreditar na presença de dano é tudo quanto há de mais natural" (Da
Responsabilidade Civil, vol. II, p. 368).
A indenização por dano moral tem função dúplice. De um lado, compensar a
vítima. Do outro, punir o agressor. É a chamada função punitiva ou
pedagógica do dano moral. Assim, a indenização pode funcionar como
desestímulo a práticas semelhantes “ademais, a reparação deve ter fim
também pedagógico, de modo a desestimular a prática de outros ilícitos
similares, sem que sirva, entretanto, a condenação de contributo a
enriquecimento injustificáveis” (STJ, REsp. 355.392, Rel. Min. Nancy
Andrighi, 3ª T., j. 26/03/02, p. DJ 16/06/02).
Ademais, durante o período de cobranças, a autora teve o sinal de TV
suspenso por falta de pagamento. Diante das provas acostadas aos autos,
tal ilicitude também configura falha na prestação do serviço, que acarretaria
a incidência de dano imaterial. Vejamos:
RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. SKY LIVRE.
BLOQUEIO INDEVIDO. PROVA DO ALEGADO PELO CONSUMIDOR, CONFORME
VÁRIAS FOTOS JUNTADAS AOS AUTOS. AUSÊNCIA DE PROVA EM SENTIDO
CONTRÁRIO POR PARTE DA RÉ, QUE SE LIMITA A SUSTENTAR A AUSÊNCIA
DE BLOQUEIO. DANO MORAL CARACTERIZADO. VALOR FIXADO EM - TRÊS
MIL REAIS - PATAMAR ADEQUADO. SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Recurso
Cível Nº 71004880167, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 12/08/2014).
CONSUMIDOR. TV POR ASSINATURA. SKY. FALHA NA PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO. COBRANÇA EM DESACORDO A OFERTA INDISPONIBILIDADE DO
SERVIÇO CONTRATADO SEM JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL. DESÍDIA PERANTE O
CONSUMIDOR. MAU ATENDIMENTO. PRETENSÃO RESISTIDA. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM FIXADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DA
TURMA EM CASOS ANÁLOGOS. (...) RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71004045563, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Lucas Maltez Kachny, Julgado em 06/08/2013).
Conforme narrado anteriormente, a autora trabalha como comerciante na
Cidade de Palmeira das Missões. Diante da insistência da ré em cobrá-la, a
autora precisou realizar diversos contatos com a empresa em horário
comercial, restando prejudicado seu tempo em horário de trabalho. Nesses
moldes, o Tribunal de Justiça já demonstrou posicionamento favorável ao
consumidor:
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. TV A CABO. SKY. COBRANÇA APÓS O
CANCELAMENTO DO SERVIÇO. AGRAVAMENTO DA CONDIÇÃO DE
VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR. "DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR" PELO TEMPO DESPERDIÇADO NA TENTATIVA DE RESOLVER O
PROBLEMA. DANO EXTRA REM. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
FIXADO MINORADO. 1. Caso em que o autor cancelou os serviços de TV a
cabo, sendo que a requerida continuou emitindo cobranças nas faturas de
cartão de crédito do autor. A documentação acostada aos autos comprova
claramente toda a narrativa da inicial, comprovado que débitos continuaram
sendo lançados após o término do contrato, situação que ocorreu mais de
uma vez, totalizando o valor de R$ 714,10, que deverá ser restituído em
dobro ao autor, uma vez que o serviço já não estava mais disponível,
tratando-se, assim, de valores pagos indevidamente. 2. A recorrente
limitou-se a alegar a existência de erro no sistema. 3. Dano extrapatrimonial
reconhecido, ante os abalos sofridos pela parte autora, em face da cobrança
de serviço após o cancelamento, evidenciando o descaso e o desrespeito da
ré para com o consumidor. Ainda, em razão da não resolução do problema
dentro do prazo previsto em lei, obrigando o consumidor a dispor de seu
tempo na tentativa de resolução da questão, gerando o agravamento da
condição de vulnerabilidade. 4. Quantum indenizatório reduzido para se
adequar aos parâmetros recentemente adotados pelas Turmas Recursais
para casos análogos. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível Nº
71004406427, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Fabio Vieira Heerdt, Julgado em 12/12/2013).
CONSUMIDOR. SKY. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C REPARAÇÃO DE
DANOS MORAIS. ILEGITIMIDADE ATIVA DA AUTORA, MANTIDA. ALTERAÇÃO
DE PLANO COM DÉBITO EM DUPLICIDADE NOS CARTÕES DE CRÉDITO DO
AUTOR. COBRANÇAS EM DESACORDO COM O PLANO CONTRATADO.
INEXITOSAS TODAS TENTATIVAS PARA CANCELAR PLANO E EVITAR
COBRANÇA EM DUPLICIDADE. AGIR DA RÉ QUE LEVOU O AUTOR A
CANCELAR UM DOS CARTÕES DE CRÉDITO. PERMANECE A RÉ DEBITANDO
MENSALIDADE APÓS A RESCISÃO CONTRATUAL (05/01/2014). DEVOLUÇÃO
DOS VALORES PAGOS, DE FORMA SIMPLES. CONFIGURADA A EXISTÊNCIA DE
DANO MORAL, EXCEPCIONALMENTE, NO CASO CONCRETO. Diversas
tentativas de cancelamento do plano, conforme protocolos, sem que fosse
atendido o autor. À ré incumbia juntar as gravações dos protocolos
elencados nos autos para desconstituir, modificar ou extinguir o direito
pleiteado. Nenhum elemento de prova foi realizado pela ré, neste sentido.
Restituição dos valores cobrados após o cancelamento dos serviços,
considerado realizado em 05/01/2014. Quanto ao dano moral, entendo que
a situação vivenciada pelo autor e demonstrada nos autos ultrapassou o
mero dissabor da vida cotidiana. Foi um tormento sem solução na via
administrativa e perdurou mesmo após a prolação da sentença na origem.
Deve ser condenada a ré ao ressarcimento dos danos, não só garantir ao
autor a recomposição do dano em face da lesão experimentada, mas para
servir de reprimenda à conduta reprovável, de tal forma que o impacto se
mostre hábil a dissuadi-lo da repetição de procedimento análogo. Quantum
indenizatório fixado em R$ 1.500,00, conforme paradigmas adotados por
este Colegiado em situações similares. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71005015920, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 18/12/2014)
Conclui-se, portanto, que vários foram os dissabores sofridos pela autora: I –
falta de informação adequada; II – angústia em ter seu nome negativado a
qualquer momento; III – cobrança de fatura paga; etc. Assim sendo, os
dissabores experimentados pela autora devem ser indenizados pela ré, uma
vez reconhecida a responsabilidade desta pelo dano moral. Isto com base
nos artigos 5º, incisos V e X da Constituição Federal; artigos 186 e 927,
ambos do Código Civil; e artigos 6 e 7 do Código de Defesa do Consumidor.
DO PEDIDO:
Em face do exposto, requer a autora:
a) A total procedência do pedido, com a declaração de inexistência de
débito, bem como a condenação da ré ao pagamento de indenização pelos
transtornos, dissabores e inconvenientes sofridos (danos morais), em
quantia não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou outra que Vossa
Excelência entender conveniente
b) A citação da Sky, na forma do art. 19, da Lei nº 9.099/95, para
comparecer à audiência pré-designada, a fim de responder à proposta de
conciliação ou querendo e podendo, conteste a presente peça exordial, sob
pena de revelia e de confissão quanto à matéria de fato, de acordo com o
art. 20 da Lei 9.099/95
c) Seja determinado à Sky a imediata cessação de quaisquer tipo de
manifestação abusiva no relacionamento com o cliente, seja na forma de
mensagens impróprias no vídeo ou através de telefonemas insistentes,
subvertidos na cobranças abusivas, seja no tel. Fixo do cliente e no seu
celular e de seus familiares.
d) Nos pontos os quais não puderem ser comprovados com os documentos
acostados a esta exordial seja declarada a inversão do ônus da prova,
devido à hipossuficiência da autora, nos termos do artigo 6,
inciso VIII do CDC
e) Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas admitidos em
direito, especialmente a prova documental e o depoimento pessoal das
partes e tudo o mais que se fizer necessário ao deslinde do presente feito, a
serem oportunamente especificados.
Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Nesses termos,
Pede deferimento.
Palmeira das Missões, 15 de abril de 2015.
Vilson Machado Vargas,
OAB/RS 91.414.