OS LIMITES DE OS LIMITES DE BELO HORIZONTE:BELO HORIZONTE:ENTRE O CHOQUE E ENTRE O CHOQUE E O ENCONTRO DAS O ENCONTRO DAS
CIDADESCIDADES
Belo Horizonte e seus limites
• Belo Horizonte: 2.452.617 habitantes (IBGE)
Região Metropolitana de BH: 5.044.532 habitantes (3ª. maior aglomeração populacional brasileira).
• Municípios que fazem fronteira urbanizada com Belo Horizonte: Contagem, Ribeirão das Neves, Vespasiano, Santa Luzia, Sabará, Nova Lima e Ibirité.
Belo Horizonte (Regionais)
VN – Venda Nova; N – Norte; Ne – Nordeste; L – Leste; CS – Centro-Sul; B – Barreiro (incluindo a Oeste); NO – Noroeste; P – Pampulha
Cidades vizinhas conurbadas:
V – Vespasiano; SL – Santa Luzia; S – Sabará; NL – Nova Lima; I – Ibirité; C – Contagem; RN – Ribeirão das Neves
• Região do limite: 103 quilômetros lineares de extensão; 200 m de largura
Tabela 1
Número de domicílios por região do limite e porcentagem com relação ao total
Região Número de domicílios
Percentual do total
Venda Nova 2866 13,2Pampulha 1854 8,54Norte 1048 4,82Nordeste 2510 11,56Leste [1] 2914 13,42Barreiro [2]
7724 35,58
Centro-Sul 150 0,69Noroeste 2638 12,15Total 21704 1001. Inclui favela do Taquaril/Castanheiras.
2. Inclui regional Oeste.
A problemática dos limites
• Dificuldade dos moradores em determinar onde moram: 10% dos entrevistados.
• Problemas sócio-econômicos, políticos, culturais e simbólicos.
• Problemas específicos: disparidade na oferta de serviços públicos; problemas de identidade; exclusão social.
A problemática dos limites• Fatores: expansão urbana desocontrolada e
falhas nas políticas de planejamento conjunto: - movimento de “extensão indefinida” da cidade - para a maior parte das pessoas, é impossível
pagar pelo acesso a toda infra-estrutura já instalada pelo poder público: à população de baixa renda resta ocupar terras periféricas
- de uma forma geral, o investimento em infra-estrutura não tem atraído a população, pelo contrário vem expulsando-a. Valorização imobiliária x permanência dos moradores
A problemática dos limites• No entanto, a situação na região de limites é,
pressupostamente, pior que a situação comumente descrita para as periferias da cidade, uma vez que essas comunidades são atingidas por um duplo fenômeno de exclusão:
- a exclusão comum a toda e qualquer periferia;- e sofrem, ainda, de problemas específicos,
relacionados com habitar uma região de limite entre dois ou mais municípios.
Habitar o limite é um problema?• Os municípios tendem a ver o cidadão do outro
lado como um ônus; não desejam que seus recursos sejam gastos com cidadãos de outras comunidades, gerando, pois, um conflito de natureza político-econômica entre as administrações públicas.
• “Terra de ninguém”: essas regiões se tornam locais que recebem uma assistência dúbia e falha dos poderes públicos.
Habitar o limite é um problema?• A questão espacial específica envolvida no problema
dos limites incide diretamente na condição sócio-política de seus cidadãos, no que se refere ao seu grau de centralidade política (Reis e Mata-Machado):
- os cidadãos dos limites ocupam os locais mais distantes possíveis do centro da capital, bem como dos respectivos núcleos urbanos;
- assim, estão mais distantes dos núcleos decisórios e capacitores da sociedade;
- menos complexas são suas teias de relações sociais;- mais difícil é o reconhecimento dessas populações pelos
agentes políticos.
Habitar o limite é um problema?• Não ocupam um espaço nem “rural” nem
“urbano”: - não apresentam mais uma cultura
socioeconômica ligada à terra, mas ao trabalho na cidade;
- no entanto, ao mesmo tempo, não fazem parte da malha econômica e produtiva dos núcleos da cidade, nem mesmo desfrutam da infra-estrutura instalada na metrópole.
Foco da pesquisa
• Quem são os habitantes dos limites?• Qual sua percepção sobre a problemática
dos limites?• Quais as condições de vida dos
moradores dos limites, a partir de seu ponto de vista.
Serviços estaduais
• Os serviços citados são de responsabilidade / fornecimento do Estado de Minas Gerais, e são providos / gerenciados por empresas estatais.
• Por isso, não se esperava haver diferença na oferta desses serviços quando se comparam os dois lados do limite.
Serviços municipais
• Devido à ausência de coordenação entre os municípios, esperava-se observar uma grande disparidade na oferta desses serviços ao se comparar um e outro lado do limite, como se comprovou ao analisar o serviço de coleta de lixo e atendimento médico.
• Esses serviços apresentaram uma avaliação melhor por parte habitantes do limite que moram na capital.
Avaliação do serviço de coleta de lixo, por lado do limite
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
bom mais oumenos
ruim não háatendimento
BH
Outro lado
Total
BH 82,50% 9,50% 4,80% 3,20%
Outro lado 86,20% 7,10% 4,70% 2,00%
Total 84,40% 8,30% 4,80% 2,60%
bom mais ou menos ruimnão há
atendimento
Porcentagem de pessoas que apontam problemas na coleta de lixo, por lado do
limite
0,00%
50,00%
100,00%
BH
Não BH
Total
BH 82,70% 17,30%
Não BH 85,60% 14,40%
Total 84,20% 15,80%
não sim
Avaliação do atendimento médico, por lado do limite
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
BH
NãoBH
TotalBH 40,50% 20,90% 37,20% 1,40%
Não BH 21,80% 28,70% 46,80% 2,80%
Total 31,10% 24,80% 42,00% 2,10%
bommais ou menos
ruimnão há
atendimento
Porcentagem de pessoas que apontam problemas no atendimento médico, por lado
do limite
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
BH
Outro lado
Total
BH 41,90% 58,10%
Outrolado
30,60% 69,40%
Total 36,30% 63,70%
não sim
O uso de comprovantes de endereço emprestados
Nos locais onde os serviços públicos fundamentais são muito precários, os moradores dos limites tentam burlar a lei, na busca de uma política pública que julguem de melhor qualidade:
• 14% dos moradores afirmam usar comprovante de endereço emprestado,
• 21% conhecem pessoas do bairro que se utilizam da mesma estratégia.
O uso de comprovantes de endereço emprestados
• Quanto pior avaliados, maior é o número de pessoas que se utiliza de comprovante de endereço de vizinho para acessar o serviço onde acreditam ser de melhor qualidade.
A identificação dos limites com a capital
• A maior parte dos moradores dos limites tem como referência com o município de Belo Horizonte.
• O lado do limite pertencente a Belo Horizonte é visto como “superior”.
A identificação dos limites com a capital
• Quando perguntada se gostaria de morar em BH, 32% dos moradores dos municípios limítrofes responde afirmativamente.
• Limite de Venda Nova, situado em Ribeirão das Neves e Vespasiano: 61,5%.
• Região Centro-Sul: único local em que 100% dos entrevistados estão satisfeitos com o lugar onde moram.
• Exceção: limite com Contagem.
Local de votação dos residentes dos limites
• 70% dos moradores do limite em Sabará votam em Belo Horizonte.
• 50% para os moradores do limite em Nova Lima votam em Belo Horizonte.
• 30% dos moradores da faixa do limite situada em Vespasiano e Ribeirão das Neves (região de Venda Nova) votam em Belo Horizonte.
• Exceção: limite com Contagem.
Os limites como regiões de exclusão social reforçada
• A renda per capita média dos limites, R$323,42, é inferior à renda per capita da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que é de R$ 623,00 (PNUD-2008).
• A grande maioria das residências situadas nos limites é modesta ou pobre (80% do total).
Muito obrigado!• Bruno Moreno – • 55 31 9816-5011
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