Até aos 6 meses a alimentação do bebé deverá ser exclusivamente de leite materno e só nesse
momento se deverá iniciar a introdução de novos alimentos. Quando possível, estes novos alimentos
deverão ser acompanhados pelo aleitamento materno até aos 2 anos de idade.
Claro que muitas mães não conseguem fazer aleitamento materno até aos 6 meses e muito menos até
aos 2 anos de idade. Por vezes, mesmo desde o início do nascimento, o aleitamento tem de ser
artificial, a conselho do médico. Nestes casos a introdução de novos alimentos deverá ser feita após
os 4 meses e o aleitamento deverá ser feito com leite artificial receitado pelo médico até aos 12
meses.
Repare-se que nesta matéria da introdução de novos alimentos tem de existir flexibilidade porque os
bebés são todos diferentes e nem sempre há verdades científicas absolutas. Por isso, embora se
recomende respeitar as regras que se seguem, também se recomenda aos pais alguma flexibilidade,
de acordo com o seu bom senso.
Assim, consideramos que a introdução de novos alimentos deverá iniciar-se pela sopa de legumes
entre o 4º e o 6º mês (ao 4º mês se o seu bebé teve apenas aleitamento artificial, e entre o 5º e o 6º
mês quando o aleitamento é materno). Passados cerca de 15 dias poderá introduzir também uma
papa de cereais e a fruta.
A Sopa de Legumes:
• No início, a sopa de legumes poderá ter apenas a cenoura, abóbora, cebola, arroz ou batata, com
um fio de azeite no fim, e sem sal.
• Deverá ser dada de preferência à hora do almoço, com uma consistência grossa e macia
(recomenda-se utilizar a varinha mágica).
• Primeiro começar só por algumas colheres e o resto da refeição deve ser complementado com o
leite habitual.
• Cerca de 3 dias depois já poderá fazer uma refeição completa de sopa (ou seja, uma concha de
sopa), e poderá adicionar outros legumes (alface, alho francês, xuxu, beringela, curgete, feijão-
verde), sempre um de cada vez, até eventualmente poder misturar 3 a 4 legumes diferentes.
• Passado cerca de 4-5 dias depois da primeira sopa, poderá começar a introduzir as carnes brancas
bem trituradas, preferivelmente o frango, mas também poderá ser o peru ou borrego. Nos primeiros 3
dias eventualmente só um pouco de carne para dar sabor e depois poderá ser cerca de 25 a 50gr/dia.
• Passado cerca de 2 meses (ou seja, aos 6 meses de idade quando iniciou a introdução da sopa aos 4
meses, e aos 7-8 meses de idade quando o bebé iniciou aos 6 meses) pode já comer duas sopas (ao
almoço e ao jantar).
• Aos 7 meses pode adicionar o peixe, preferivelmente o branco (ex: linguado, pescada, dourada), e
depois o azul, tendo o cuidado de retirar as espinhas…
• Por volta dos 11 meses a sopa já pode conter leguminosas (ervilhas, feijão, grão de bico, lentilhas,
etc.) sem a pele que recobre o grão.
• Para facilitar a vida doméstica, pode-se cozinhar uma dose suficiente de sopa para 3 a 5 dias que se
congela em recipientes separados de vidro. Para descongelar recomenda-se retirar do congelador e
colocar no frigorífico no dia anterior e antes da refeição aquecer em banho de maria.
A papa de cereais:
• Já referimos que a papa poderá ser iniciada cerca de 15 dias depois da primeira sopa.
• Antes dos 6 meses de idade, a papa deverá ser isenta de glúten (ex: de milho ou arroz), mas depois
dos 6 meses já poderá ter glúten (ex: trigo, cevada, centeio ou aveia).
• Se o bebé ainda está a ter aleitamento materno, esta papa poderá ser não láctea e reconstituída com
leite materno. Caso contrário, poderá ser uma papa láctea a reconstituir com água fervida.
Teoricamente a papa láctea reconstituída com água é igual à papa não láctea reconstituída com leite
(no entanto, alguns pediatras preferem sempre esta última opção porque consideram que as papas
lácteas existentes no mercado não são tão boas como as papas não lácteas reconstituídas com leite).
• As papas muito doces e com frutas ou chocolate devem ser evitadas.
A fruta:
• Cerca de uma semana depois da introdução da primeira sopa (ou seja, pouco depois dos 4 meses de
idade quando a iniciou logo aos 4 meses, ou mais tarde, nos outros casos) pode também dar ao bebé,
após a sopa ou a papa, uma sobremesa de fruta natural como a pêra, maçã ou a banana. No início
esta fruta deve ter a consistência de papa. Deverá oferecer-se só um tipo de fruta sempre igual
durante cerca de 3 dias, após o que pode oferecer outra qualidade.
• Aos 6-7 meses de idade pode iniciar laranja, tangerina, melão, uva e manga. O morango, amora,
kiwi e maracujá deverão ser consumidos apenas depois dos 12 meses.
• A fruta deve ser preferencialmente natural (não cozida nem em boiões), madura e recém-preparada
(não guardar para a refeição seguinte…).
Outros alimentos:
• Aos 6 meses de idade poderá iniciar iogurte próprio para bebés e, depois dos 9 meses, pode iniciar
o iogurte natural (preferivelmente sem açúcar).
• Aos 6 meses também poderá iniciar bolachas próprias para bebé e pão.
• Aos 9 meses, pode iniciar a gema de ovo. Comece por meia-gema por refeição e apenas 1 ou 2
vezes por semana. A clara do ovo só deverá ser consumida após os 10 meses.
• O nabo, a beterraba e a couve-flôr aconselha-se dar só depois do primeiro ano de idade, e a carne
de porco só depois do 2 º ano.
Os novos alimentos devem ser oferecidos um de cada vez, repetindo o mesmo alimento durante
cerca de 3 dias seguidos, para que caso haja intolerância/alergia se possa identificar o alimento
responsável.
Devemos respeitar a rejeição de um ou outro alimento se reconhecemos que a criança não gosta.
Não se adiciona sal à comida da criança pequena, porque os seus rins têm dificuldade em eliminar os
excessos, e porque o sal está associada a hipertensão.
Recomenda-se que o leite materno se mantenha até aos dois anos ou mais mas, quando isso não é
possível, a criança deverá fazer leite artificial para lactentes até aos 12 meses. Depois pode começar
a beber o leite de vaca “gordo”.
Com um ano de vida a criança deve ter 5 a 6 refeições, duas a três refeições lácteas (cerca de 500ml
de leite), pelo menos uma refeição com carne ou peixe, duas com legumes (2 sopas) e uma de
cereais. Genericamente, nesta idade a alimentação do bebé pode ser a da família embora se deva ter
sempre algum cuidado com os refogados, picantes, fritos, doces e salgados.
Não esquecer que a alimentação com o excesso de açúcar, sal e gordura determina que a obesidade e
a hipertensão infantil sejam cada vez mais frequentes e precoces.
Fonte:
Dra Maria Alfaro (pediatra)
Dr. António Pina (médico saúde pública)
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