Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
ANAIS
III Amostra de Pesquisas em Educação
____________________________
Junho – 2009
____________________________
Organizador: Prof.ª Dr.ª Silvia Regina Ricco Lucato - PET Pedagogia
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
Vice-Diretor: Prof. Dr Luis Antonio Amaral
Tutora: Prof.ª Dr.ªSilvia Regina Ricco Lucato Sigolo
Programa de Educação Tutorial
Comissão Organizadora:
Adriele Gonçalves da Silva
Ariane Gonçalves da Silva
Bruna Mendes Gerotti
Caroline dos Santos Rodrigues
Cíntia Lins Rocha
Daniel Viana Torelli
Erica Zavanella Navarro
Felipe Augusto dos Santos Ferrari
Flávia Leme dos Santos Leite
Izac Trindade Coelho
Jefferson Santos de Araújo
Mara Rúbia dos Santos Antonio
Mariana de Cássia Assumpção
Marina Sabaine Cippola
Silvia Oliveira Santos
Comissão Editorial:
Adriele Gonçalves da Silva
Cíntia Lins Rocha
Daniel Viana Torelli
Felipe Augusto dos Santos Ferrari
Izac Trindade Coelho
Jefferson Santos de Araujo
Mara Rúbia dos Santos Antonio
Mariana de Cássia Assumpção
Auridiana Helena Laguna de Oliveira
Carlos Samuel Rossi
Caroline Aparecida Henriquez Dametto
Flavia Maria Uehara
Jáina Vitória da Silva Oliveira
Juliana Nespolo Ferreira Pó
Laís Cassanho Silva
Luana Maria de Oliveira
Maria Talita Baltieri da Costa
Rafaela de Katia Soares
Silvia Cristina Barbosa da Silva
Thainá Portela Rego Ribeiro
Thaís Rocha Baribieri Vatanabe
Thaíse Fernanda Mendes Soares
Apoio:
MEC/Secretária do Ensino Superior
Departamentos:
Ciências da Educação
Psicologia
Didática
SAEPE - Seção de Apoio ao Ensino
Pesquisa e Extensão
Gráfica FCL
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências e Letras - Câmpus de Araraquara
Rodovia Araraquara-Jaú, km 1
14800-901 – Araraquara – SP
Amostra de Pesquisas em Educação (3. : 2009 : Araraquara, SP)
Amostra de Pesquisas em Educação / III Amostra de Pesquisas em Educação;
Araraquara, 2009 (Brasil). – Documento eletrônico. - Araraquara : FCL - UNESP, 2009. –
Modo de acesso: < http://www.fclar.unesp.br/Home/Graduacao/Espacodoaluno/PET-
ProgramadeEducacaoTutorial/Pedagogia/anais_2009_.pdf >.
ISBN 978-85-87361-80-6
1. Educação. I. Amostra de Pesquisas em Educação (3. : 2009 : Araraquara, SP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP.
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
APRESENTAÇÃO
É com imensa satisfação que apresentamos os anais da III Amostra em Pesquisa em Educação
promovida pelo PET Pedagogia, em junho de 2009. Nesta edição da Amostra contamos com a
participação da Profª Drª Miriam Jorge Warde que proferiu a conferência de abertura,
desenvolvendo o tema – Pesquisa educacional: algumas aproximações às cenas nacional e
internacional. Com base em extensa experiência como pesquisadora, a Profª Miriam procurou situar
o contexto nacional de formação de pesquisadores de diferentes níveis, seja de iniciação científica,
seja pós-graduado; os mecanismos de indução de critérios quantitativos de avaliação de agências de
fomento científico e o cenário internacional como uma força motriz para os destinos da produção
científica brasileira.
Este volume traz um contingente significativo de trabalhos distribuídos nas áreas de Educação
Especial, Educação Infantil, Ensino em Ciências Exatas e Biológicas, Ensino em Ciências
Humanas, Filosofia da Educação, História da Educação, Política Educacional, Psicologia da
Educação e Trabalho Docente, o que amplia nosso escopo de ação envolvendo interessados em
questões educacionais e com interfaces com diversos campos do conhecimento. Para o momento de
apresentação das pesquisas foram convidados os professores pesquisadores: Carlos Roberto
Monarcha; Fátima Neves do Amaral Costa; José Vaidergorn, Maria Cristina de Senzi Zancul; Maria
Júlia Canazza Dall’Acqua; Marilda da Silva; Mauro Carlos Romanatto, Paula Ramos de Oliveira e
Walter José Martins Migliorini, vinculados aos Departamentos de Ciências da Educação, Didática e
Psicologia da Educação para a coordenação e debate das investigações, conferindo aos autores um
momento privilegiado para aprimoramento do trabalho cientifico.
Indubitavelmente, esta publicação vem consolidar a Amostra em Pesquisa em Educação, organizada
pelo PET Pedagogia, como um evento representativo da produção científica de graduandos e pós-
graduandos da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, com a participação de outras unidades
da UNESP e demais universidades.
Esperamos com esta iniciativa atender a alguns dos objetivos do Programa de Educação Tutorial
como o dialogo estreito com os demais graduandos do curso ao qual pertence, o estímulo à pesquisa
desde o início da graduação e o intercâmbio entre graduandos e pós-graduandos, sem desconsiderar
a orientação para a indissociabilidade ensino – pesquisa e extensão.
Gostaria de registrar também que a realização dos anais só foi viabilizada com a contribuição
efetiva de profissionais da FCL, aos quais o grupo PET – Pedagogia tece um agradecimento
especial.
Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo
Tutora PET Pedagogia
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
Sumário
SEÇÃO A - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
O CIDADÃO AUTÔNOMO: DESAFIOS PARA O BRASIL E EM ESPECIAL ÀS
INSTITUTIÇÕES EDUCATIVA BRASILEIRAS ............................................................................ 10
A ANSIEDADE GERADA A PARTIR DA VIVÊNCIA DE UMA EDUCAÇÃO SEXUAL
REPRESSORA .................................................................................................................................. 11
DESEMPENHO ESCOLAR E RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: O QUE AS PESQUISAS
APONTAM? ...................................................................................................................................... 13
RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR .......................... 14
UM ESTUDO PSICANALÍTICO SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL E A SEXUALIDADE NA
CONTEMPORANEIDADE .............................................................................................................. 15
SEÇÃO B – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
PROJETO EEBA: HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO EM ARARAQUARA:
LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O ENSINO PRIMÁRIO NA ESCOLA
ESTADUAL BENTO DE ABREU (1950-1970) ............................................................................... 17
IMPRENSA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NO INTERIOR PAULISTA: RIBEIRÃO
PRETO (1946-1963) .......................................................................................................................... 19
PROJETO EEBA: HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO NORMAL EM ARARAQUARA:
ANÁLISE DA GRADE CURRICULAR A PARTIR DA LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE
SÃO PAULO ...................................................................................................................................... 21
RETRATOS DO AMBIENTE ESCOLAR: PRÉDIOS, MOBÍLIAS E MATERIAIS:
ALGUNS APONTAMENTOS? ......................................................................................................... 23
HISTÓRIA E MEMÓRIA DA ESCOLA RURAL DE TUTÓIA/ARARAQUARA - SP (1950-
1970) .................................................................................................................................................. 25
O GOSTO MUSICAL DA JUVENTUDE: UMA ANÁLISE NO AMBIENTE ESCOLAR. .......... 26
PÁGINAS PUERIS DE INTENÇÕES BEM ADULTAS: LITERATURA INFANTIL
DURANTE A JOVEM REPÚBLICA (1889-1930) ........................................................................... 28
TURMA 79: TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E DE ESCOLARIZAÇÃO DAS
FORMANDAS DA HABILITAÇÃO ESPECÍFICA PARA O MAGISTÉRIO DA ESCOLA
ESTADUAL BENTO DE ABREU. ................................................................................................... 30
IDENTIFICAÇÃO DE IMAGENS FOTOGRÁFICAS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A
HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR .............................................................................................. 32
MUSEU PEDAGÓGICO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA NORMAL DE
SÃO CARLOS: DA RECUPERAÇÃO À PRESERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL
E BIBLIOGRÁFICO COMO FONTE DE PESQUISA PARA A HISTÓRIA .................................. 34
O (DES)CONHECIMENTO SOBRE A PEDAGOGIA TRADICIONAL: DA
REPRESENTAÇÃO E DIFUSÃO DAS CONCEPÇÕES DE ENSINO REALIZADA PELA
ESCOLA NOVA ................................................................................................................................ 36
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
ESCOLA ESTADUAL BENTO DE ABREU: APONTAMENTOS SOBRE O ESTUDO DAS
REPRESENTAÇÕES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NA DÉCADA DE 1970 ................ 38
ESCOLA BENTO DE ABREU: CAMINHOS E DESCAMINHOS DA INSTRUÇÃO
PÚBLICA EM ARARAQUARA ....................................................................................................... 40
ESTUDO HISTÓRICO DE UMA ESCOLA RURAL: RECONSTRUINDO A CULTURA
ESCOLAR A PARTIR DE FONTES DOCUMENTAIS ................................................................... 42
REFORMA EDUCACIONAL DE 1971: UM ESTUDO DOS DEBATES EDUCACIONAIS
VEICULADOS NA IMPRENSA PAULISTA ................................................................................... 43
A CULTURA POÉTICA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ............................................ 45
SEÇÃO C - ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS
O CONHECIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO: O JOGO E A REPRESENTAÇÃO DO
NÚMERO .......................................................................................................................................... 46
OS FENÔMENOS NUCLEARES E O ENSINO DE QUÍMICA: CONCEPÇÕES PRÉVIAS
DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO .............................................................................................. 48
INVESTIGANDO AS HISTÓRIAS DE ESCOLARIZAÇÃO E A RELAÇÃO COM O
SABER DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ............................................................. 50
OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES ............................................................................................... 52
EDUCAÇÃO AMBIENTAL ENFOCANDO ÁREAS DE PRESERVAÇÃO: ESTUDO
SOBRE A MICROBACIA CÓRREGO DOS CORREIAS - ENGENHEIRO COELHO- SP .......... 54
SEÇÃO D – O ENSINO EM CIÊNCIAS HUMANAS
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ...................................................... 55
APRENDIZADO DE LEITURA E ESCRITA E OS EDUCANDOS DO PEJA: DA
NECESSIDADE DE LER E ESCREVER À APROPRIAÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA
COMO INSTRUMENTO PARA COMPREENDER E ATUAR NO MUNDO ................................ 57
ATIVIDADES DE LINGUAGEM NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: O
TRABALHO COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA .............................................................. 59
WILLIAN H. KILPATRICK: INFLUÊNCIAS E ADAPTAÇÕES DE SEU IDEÁRIO
EDUCACIONAL PRESENTES NA CONCEPÇÃO DE ENSINO E EDUCAÇÃO DOS
PCNs DE CIÊNCIAS NATURAIS .................................................................................................... 61
OLHANDO PARA TRÁS: UM ESTUDO DOS DIFERENTES VALORES CONCEBIDOS
AOS PRETÉRITOS INDEFINIDO E PERFEITO EM LÍNGUA ESPANHOLA ............................ 63
ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA ATRAVÉS DAS MÍDIAS .................................................... 65
HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRO-DESCENDENTES: UM RELATO DE PESQUISA
AÇÃO EM SALA DE AULA ............................................................................................................ 66
LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A
FORMAÇÃO DOCENTE: ALGUMAS REFLEXÕES .................................................................... 67
A PRODUÇÃO DE TEXTOS ESPONTÂNEOS NA ALFABETIZAÇÃO ...................................... 69
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
ENSINO-APRENDIZAGEM DOS FALSOS AMIGOS DO ESPANHOL PARA
BRASILEIROS: CRIAÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA AUTO-APRENDIZAGEM ON-LINE ...... 71
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA SOB UMA PRESPECTIVA
EPILINGUISTA ................................................................................................................................. 72
APRESENTANDO SÃO CARLOS: ALGUNS PONTOS CULTURAIS ......................................... 73
O IMPACTO DAS PESQUISAS SOBRE A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA NA
ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS CARTILHAS ........................................... 74
SEÇÃO E – TRABALHO DOCENTE
PRÁTICAS BEM-SUCEDIDAS DE UMA PROFESSORA ALFABETIZADORA ........................ 75
CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO DE ESTUDOS E PROPOSTAS SOBRE A FORMAÇÃO
DO EDUCADOR CONTEMPORÂNEO PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DE
PROFESSORES................................................................................................................................. 76
INVESTIGAÇÕES PRÉVIAS SOBRE O LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES
FORMATIVAS DOS PROFESSORES ............................................................................................. 78
PROBLEMÁTICA E CONTRIBUIÇÕES DA ANALISE DE NECESSIDADES EM
PRÁTICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ............................................ 80
A PRÁTICA DOCENTE NO INÍCIO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL........................................ 82
A AQUISIÇÃO DE CAPITAL CULTURAL: REFERÊNCIA INDELÉVEL E EFETIVAÇÃO
DA AÇÃO DOCENTE ...................................................................................................................... 84
MUSICALIZAÇÃO E ALFABETIZAÇÃO: RELAÇÕES ESTRUTURAIS ENTRE A
FORMA SONATA COM A PALAVRA ............................................................................................. 85
FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: NECESSIDADES
DA PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................... 86
FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE E AS PRÁTICAS DE LEITURA NA REDE
PÚBLICA ESTADUAL DE SÃO PAULO: O PROJETO SÃO PAULO FAZ ESCOLA ................. 88
TRABALHANDO COM UMA ALUNA DA EJA EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ........ 90
DOCÊNCIA: EDUCAÇÃO E TRABALHO .................................................................................... 91
SEÇÃO F - POLÍTICA EDUCACIONAL
TRAJETÓRIA DO CONSTRUTIVISMO NA REDE ESTADUAL DE ENSINO PAULISTA:
ANÁLISE CRÍTICA.......................................................................................................................... 92
RAÇA, ETNIA E A ESCOLA: POSSIBILIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DA LEI
10.639/03............................................................................................................................................ 93
O PROCESSO DE BOLONHA E AS MUDANÇAS NA UNIVERSIDADE BRASILEIRA .......... 94
SEÇÃO G - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
AS IMPOSIÇÕES DA INDÚSTRIA CULTURAL NO AMBINENTE ESCOLAR:
FORMAÇÃO, SEMIFORMAÇÃO E EMANCIPAÇÃO ................................................................. 96
ESTUDO SOBRE O DESAPARECIMENTO DA INFÂNCIA ........................................................ 97
ASPECTOS FILOSÓFICOS NO TEATRO INFANTIL ................................................................... 98
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
ENSINO DE FILOSOFIA E A CONQUISTA DA AUTONOMIA ................................................... 99
FILOSOFIA PARA CRIANÇAS NA ESCOLA DE DANÇA IRACEMA NOGUEIRA ................ 100
VERDADE, VALOR E CULTURA ESCOLAR:ELEMENTOS PARA O DIÁLOGO COM
NIETZSCHE .................................................................................................................................... 101
SEÇÃO H - EDUCAÇÃO ESPECIAL
FAMILIARES, PROFESSORES E CRIANÇA NO CONTEXTO DE FISSURA
LABIOPALATINA .......................................................................................................................... 102
TRAJETÓRIA ESCOLAR E INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO: UM ESTUDO
SOBRE PERCEPÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIAS EM SÃO CARLOS – SP ............... 104
INCLUSÃO E ALFABETIZAÇÃO DE SURDOS: UMA ANÁLISE DA
PRÁTICADOCENTE ...................................................................................................................... 106
INDICATIVOS SOBRE INCLUSÃO A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS DE ALUNOS
JOVENS E ADULTOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ........................ 108
FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: UMA PERSPECTIVA DIANTE DA
INCLUSÃO ..................................................................................................................................... 109
A INTERNET COMO CANAL DE INFORMAÇÃO FAVORECENDO OS PROCESSOS DE
INCLUSÃO ..................................................................................................................................... 110
A PRÁTICA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR: MODIFICANDO SITUAÇÕES E
ATITUDES JUNTO ÀS CRIANÇAS INTERNADAS ................................................................... 112
SEÇÃO I - EDUCAÇÃO INFANTIL
APRENDENDO A PRESERVAR BRINCANDO ........................................................................... 113
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ABORDAGEM DAS
CONDUTAS EXPLICATIVAS ....................................................................................................... 114
(RE) PENSANDO A CRIANÇA NA CONTEMPORANEIDADE ................................................ 116
O INGRESSO DA CRIANÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
OLHARES TEÓRICOS E EMPÍRICOS ......................................................................................... 117
O PAPEL DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS CONDUTUAIS .................. 118
EDUCAÇÃO INFANTIL: ELEGENDO E ANALISANDO CRITÉRIOS PARA SE
INVESTIR NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO .................................................................... 120
A GESTÃO EM CRECHES NA CIDADE DE BAURU: CUIDADO OU EDUCAÇÃO? ............ 122
INFÂNCIA, LUDICIDADE E ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO CONTEXTO
HOSPITALAR ................................................................................................................................. 123
DESCOBRINDO A INFÂNCIA, COMPREENDENDO A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E
BRINCADEIRAS ............................................................................................................................ 124
SIGNIFICADOS E EXPECTATIVAS DE CRIANÇAS DAS CAMADAS POPULARES EM
RELAÇÃO A ESCOLARIZAÇÃO ................................................................................................. 125
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES E
POSICIONAMENTOS .................................................................................................................... 126
Anais da III Amostra de Pesquisas em Educação
O "ERRO" NA LINGUAGEM DA CRIANÇA: FONTE DE DADOS PARA OS ESTUDOS
EM AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM ............................................................................................. 128
A FAMÍLIA COMO AUXILIADORA NA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO AUXÍLIO NAS TAREFAS ............................ 130
(RE) PENSANDO A INFÂNCIA: CONTINUIDADES E RUPTURAS NA TRANSMISSÃO
INTERGERACIONAL .................................................................................................................... 132
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
10
SEÇÃO A- PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
O CIDADÃO AUTÔNOMO: DESAFIOS PARA O BRASIL E EM ESPECIAL ÀS
INSTITUTIÇÕES EDUCATIVAS BRASILEIRAS
Autor: Edson Renato Nardi ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Leite Camargo
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Esta pesquisa buscou inicialmente analisar os conceitos de cidadania e autonomia por intermédio de
um resgate histórico e filosófico de ambos os elementos. Logo a seguir, mediante uma análise de
como se deram a manifestação e implementação destes conceitos no Brasil, concluímos que, dadas
as suas especificidades, sobretudo vinculadas ao implemento dos direitos sociais em detrimento dos
direitos políticos e também, dado a pouca ênfase no exercício dos direitos civis, estas não
favoreceram a plena realização da autonomia e cidadania, tais como aconteceram em outras
sociedades. Diante destes elementos, eliciamos a importância da necessidade de se estabelecer uma
ação educativa eficaz para que estes elementos possam ser exercitados e desenvolvidos plenamente.
Além disso, aventamos a possibilidade de que as concepções e práticas que os profissionais da
educação possuem e exercitam adotam posicionamento inverso ao que se espera em relação a estes
temas.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
11
A ANSIEDADE GERADA A PARTIR DA VIVÊNCIA DE UMA EDUCAÇÃO SEXUAL
REPRESSORA
Autora: Karla Cristina Vicentini de Araújo ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
O objetivo deste trabalho é apresentar e analisar a ansiedade enquanto estado psicológico com
reações psicossomáticas, gerada a partir de medos, conflitos não resolvidos e experiências
estressantes. A ansiedade em sua essência significa a preservação da vida, tanto que precisamos do
mecanismo da ansiedade para sobreviver. No entanto, pode ser negativa e prejudicial quando
funciona como um mecanismo neurótico, visando defender a pessoa do seu medo de ser
abandonada e morrer. Como outros estados estressantes pode provocar várias alterações na vida do
indivíduo, inclusive afetar de maneira acentuada o comportamento sexual e a libido. Por outro lado,
conflitos inconscientes não resolvidos, inclusive os de natureza sexual, também são responsáveis
pela instalação da ansiedade. Ou seja, a sexualidade tanto pode ser afetada pela ansiedade quanto
responsável pela sua instalação. Em ambos os casos a psicoterapia pode ajudar na diminuição dos
sintomas psicossomáticos, no alívio do desconforto causado pelo estado ansiógino e na resolução
dos conflitos inconscientes eliciadores da ansiedade, favorecendo melhora na qualidade da vida
sexual, que se estende para todos os âmbitos da vida pessoal. Se considerarmos que a educação
sexual refere-se aos processos culturais por que passam os indivíduos desde o nascimento,
dependendo das interferências mais ou menos repressoras, dos conflitos psicológicos gerados por
esta repressão e da introjeção da culpa, os indivíduos poderão estar sujeitos a estados de ansiedade.
A cultura favorece a repressão sexual quando estabelece um sistema de normas, regras, leis e
valores que tanto controlam e coíbem as atitudes e comportamentos sexuais quanto instigam a
transgressão dos componentes deste sistema, já que biologicamente todos têm necessidade de dar
vazão à energia sexual. Regras, normas, leis e valores definidos explicita ou implicitamente pela
religião, pela moral, pelo direito e pela ciência levam à contenção de desejos, a punições por causa
das transgressões, a atitudes de omissão e silêncio em relação a certas práticas sexuais, ou seja, uma
educação sexual repressora favorece que o indivíduo vivencie estados de ansiedade, e estes estados
são responsáveis por um desempenho sexual insatisfatório em que o desejo é afetado, o orgasmo
prejudicado e a vida sexual comprometida. Partindo destas reflexões, então, podemos sugerir que
investir em programas de orientação sexual na escola com profissionais formados e capacitados
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
12
para este trabalho, que proporcionem espaços de reflexão e crítica, de questionamento e debate
quanto à existência, origem e erradicação de preconceitos, crenças e estereótipos pode ser fator
importante de transformação pessoal e social.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
13
DESEMPENHO ESCOLAR E RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: O QUE AS PESQUISAS
APONTAM?
Autora: Luciana Ponce Bellido([email protected] )
Apoio: CNPq
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Pode-se dizer que há um consenso entre as pesquisas ao afirmar que dentre muitas influências
existentes nos diferenciados quadros de desempenho escolar, tem-se as concepções e expectativas
que professores, familiares e alunos elaboram. Pensando nisso, objetivou-se realizar uma busca nas
produções científicas sobre a influência da relação família-escola no desempenho escolar. A partir
de uma procura na literatura realizada na base de dados da Capes, a partir do ano de 2003 até 2007,
optou-se por analisar os resumos centrados no Ensino Fundamental I (antiga 1° a 4° série) e que em
sua abordagem apontasse a relação entre a família-escola e o desempenho escolar, representando o
que pesquisas assinalam sobre o assunto. Foram selecionadas cinco dissertações e uma tese, sendo
possível se apropriar dos principais resultados: 1) os sentimentos e as práticas educativas na família
e na escola oscilam em relação às necessidades emergidas da vida social em que estão inseridos,
mas em geral as famílias percebem a escola como algo importante, vista muitas vezes como um
meio de ascensão social; 2) a educação escolar é sequencial e mais próxima da educação familiar na
medida em que oferece prosseguimento à formação do indivíduo. Já há diferenciações relacionadas
à própria finalidade dessas instituições; 3) é importante haver um trabalho em conjunto entre a
família e a escola, o que nem sempre ocorre na prática diária; 4) faz-se valioso e necessário
considerar a história de vida das pessoas; 5) o desempenho escolar está, também, associado a
práticas docentes anteriores, esforço e interesse dos alunos, capacidade intelectual, relação
interpessoal entre aluno e professor, sendo que para os alunos, em especial, há influência para
estudar resultante de elogios e reconhecimento. Conclui-se então que há dois eixos principais que
podem ser destacados quando se pensa em trabalhos sobre desempenho escolar e relação família-
escola: 1) que relacionam desempenho escolar com contexto sócio-econômico e/ou cultural e; 2)
que apresentam o desempenho escolar centrado nas práticas das pessoas como membros específicos
do processo de escolarização. Inclusive foi possível notar que as pesquisas que apontam o tema sob
a perspectiva do conceito de sucesso e fracasso escolar, não ponderaram o desempenho escolar
mediano dos alunos.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
14
RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR
Autora: Maria Rita Lerri ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Keila Hellen Barbato Marcondes
IES: Instituto Taquaritinguense de Ensino Superior
Departamento: Psicologia e Educação
O presente estudo tem como objetivo analisar as concepções sobre a relação família-escola e a
percepção dos sujeitos inseridos no contexto escolar sobre a atuação do psicólogo escolar e seu
papel nesta interconexão. Concebe-se que a família e a escola possuem funções diferenciadas, no
entanto, ambas objetivam a preparação dos membros mais jovens para sua inserção futura na
sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social. Para esse
estudo adota-se como referencial teórico a perspectiva bioecológica de Bronfenbrenner, focando as
relações estabelecidas no que o autor denomina Mesossistema, ou seja, as interconexões entre dois
ou mais ambientes, nos quais o indivíduo tem participação ativa; sendo esse o caso da relação
família-escola. A pesquisa utiliza-se ainda o conceito de resiliência que se refere a uma habilidade
de superar adversidades, sem, contudo, significar que o indivíduo saia da crise ileso. A coleta dos
dados ocorreu em uma escola particular do interior do Estado de São Paulo, nos meses de maio e
junho de 2008. Os sujeitos pesquisados foram 05 professores, 05 alunos, 05 pais e o coordenador
pedagógico da escola. O instrumento de coleta de dado foram entrevistas semi-estruturadas. Os
resultados preliminares indicam que todos os sujeitos pesquisados percebem a relação escola-
família como sendo necessária para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, mas que esta
tem apresentado de forma ineficaz. Há uma mútua culpabilização entre os sujeitos dos dois
ambientes quanto às dificuldades de aprendizagem e de comportamento dos alunos. A escola e as
famílias indicam que seria relevante existir um trabalho que possibilitasse um maior contato entre
essas duas instituições, diminuindo distâncias e melhorando a comunicação. Quanto à concepção do
trabalho do psicólogo escolar, os sujeitos indicaram a urgência do trabalho destes profissionais na
escola, contudo não concebem esse profissional dentro do novo paradigma de formação e atuação,
remetendo ainda a um olhar clínico e medicalizante da psicologia. Os sujeitos não percebem que o
psicólogo escolar poderia ser um importante profissional que diminuiria a tensão entre os dois
ambientes. Contudo, é importante ressaltar que o psicólogo escolar é indicado como um recurso
(indicador de proteção) nas situações adversas referentes à escola e à família.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
15
UM ESTUDO PSICANALÍTICO SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL E A SEXUALIDADE NA
CONTEMPORANEIDADE
Autora: Viviane Oliveira Augusto ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Reconhecemos no texto de A Interpretação de Sonhos o discurso do desejo. Em Os três ensaios
encontramos o discurso da pulsão, no qual Freud afirma que “os sintomas são a prática sexual dos
doentes”. Esta pesquisa, ao examinar os sintomas do homem e da mulher da atualidade, pretende
discutir os destinos da sexualidade e da educação sexual a partir de figuras características da
contemporaneidade, tendo em vista sua incidência no laço social e nas formas do sofrimento
psíquico. Para isso analisaremos certas exigências como o apelo simultâneo à diferenciação e
homogeneidade, a exigência do papel feminino com a repressão da sexualidade da mulher e
afirmação da masculinidade do homem, levando a incorporação de um padrão de educação sexual
que vai de encontro com a perspectiva da sociedade. Tais contradições subjazem às variações do
narcisismo e do sentimento de si em situações onde a relação de desejo, objeto e pulsão organizam
o laço com o outro, principalmente nas relações entre a paixão em ser um objeto para o outro e seu
efeito no quadro de certas formações de angústia, de inibição e de sintoma. A discussão dos destinos
pulsionais da sexualidade na contemporaneidade pressupõe que os destinos das pulsões tenham uma
natureza histórica. Examinará, portanto, as mudanças recentes em nossa sociedade relativa à
educação sexual e a expressão da sexualidade. A sexualidade ultrapassa as barreiras biológicas,
ancoradas no conceito de perpetuação da espécie, pois o ser humano faz uso da razão e está inserido
em uma cultura, o que nos leva a um conceito mais amplo do termo sexualidade, partindo das
manifestações sexuais resultadas do impulso sexual ou energia sexual mais conhecida como Libido.
Essa energia que busca vazão gera o desejo que elege o objeto sexual e vai em busca dele, assim é
feita a representação desse desejo e a elaboração mental da possibilidade de realizá-lo. Essa
possibilidade é construída através da elaboração psíquica associada à influência da cultura, da
moral, dos valores, da crença religiosa e da sociedade que o indivíduo está inserido. Nesse sentido,
a educação sexual reflete padrões que são construídos através de manifestações psíquicas associadas
aos padrões culturais, que diferem de cada grupo e o cotidiano de seus indivíduos. As manifestações
que encontramos em nossa sociedade contemporânea sobre sexualidade e educação sexual são, em
sua grande maioria, alicerçadas às normas e padrões repressores e negativistas implantados
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
16
historicamente, que são passados para os indivíduos diariamente através da família, escola, meios
de comunicação entre outros. Essa educação sexual e sexualidade sofrem diferenciação entre
homens e mulheres devido à constituição psíquica de ambos e seu grupo cultural. Partindo dessas
reflexões essa pesquisa poderá sugerir uma contribuição para uma educação sexual emancipatória,
que considere a sexualidade e suas expressões na contemporaneidade, sendo, portanto menos
repressora e mais flexível.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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SEÇÃO B – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
PROJETO EEBA: HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO EM ARARAQUARA:
LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O ENSINO PRIMÁRIO NA ESCOLA ESTADUAL
BENTO DE ABREU
(1950-1965)
Autora: Ana Beatriz de Oliveira ([email protected])
Apoio: CNPq/PIBIC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vera Teresa Valdemarin
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O “Projeto EEBA: história e memória do ensino secundário em Araraquara” vem sendo
desenvolvido desde 2004 pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Cultura e Educação (GEPCE) da
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara/UNESP e tem entre seus objetivos gerais contribuir
para a preservação da memória da escola pública paulista; organizar o acervo documental de valor
histórico, probatório e informativo do EEBA de Araraquara; racionalizar o acesso à consulta do
acervo escolar; criar instrumentos de pesquisa e capacitar alunos de graduação e de pós-graduação
para manuseio, organização, digitalização e acondicionamento de documentos. Após a etapa de
organização, acondicionamento e digitalização da documentação foram iniciados os trabalhos de
levantamento de dados sobre temas específicos, sendo um deles a presente comunicação, referente
aos dados sobre o ensino primário. A análise de toda a documentação disponível possibilitou a
construção de um quadro contendo os seguintes dados referentes ao período de 1950 a 1970:
direção, corpo docente, número de alunos por classe e por série. Esses dados foram obtidos a partir
dos Livros Ponto, Livros de Matricula, Boletins de Freqüência, Termos de Exames e Mapas de
Movimentação. A composição das classes por gênero era um dado de interesse e foi preciso realizar
levantamento em outros documentos como: Mapas de Movimentação, Boletins de Freqüências e
Termos de Exames. Quanto aos Mapas de Movimentação, esses dos anos de 1951, 1954 1955,
1956, 1967 e1970, além de oferecerem números de alunos também proporcionaram nomes de
professores. Os Boletins de Freqüências continham dados dos anos de 1954 a 1957. Forneceram
informações sobre o número de alunos separados por sexos e série, períodos de aula, freqüência e
permanência. No entanto, foi possível caracterizar o aumento do número de alunos ao longo do
tempo e, conseqüente, do número de classes e de professores na instituição. De 124 alunos em
1950, chega-se a 324 alunos em 1970 matriculados no Curso Primário. O número de professores, no
mesmo período vai de 04 para 11, exemplificando a expansão ocorrida. A grande dificuldade
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
18
encontrada foi a não existência de séries documentais e as informações precisam ser coletadas em
diferentes tipos de registros, realizados, provavelmente, de acordo com instruções de órgãos
superiores. No entanto, as informações obtidas permitiram reconstruir com bases quantitativas, um
período nesta escola para conhecer sua estrutura, a variação do número de alunos ao longo do
tempo e a divisão por sexo. Tais dados são de suma importância para a reflexão e para futuras
pesquisas. Conhecer a estrutura do corpo docente, o número de alunos a organização das classes e
período facilita a compreensão de determinadas ações da organização escolar. Esses elementos se
entrelaçam uns com os outros fornecendo subsídios para entender o passado e suas heranças que
permanecem até os dias atuais.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
19
IMPRENSA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE NO INTERIOR PAULISTA: RIBEIRÃO
PRETO (1946 – 1963).
Autora: Andréa Márcia Sant`Ana ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este estudo busca recuperar parcialmente o modo pelo qual a educação foi retratada na imprensa
paulista em meados do século XX. A investigação objetiva: reconstituir a história da educação em
Ribeirão Preto, por meio da imprensa local; verificar como jornais de diferentes matrizes político-
ideológicas debateram e elaboraram propostas para a educação; investigar até que ponto o discurso
pedagógico divulgado nos periódicos refletiam as discussões em torno das políticas educacionais e
seu papel no desenvolvimento do país. A abordagem teórica privilegia a história cultural. Dentro
desta vertente, o trabalho foi norteado pelos conceitos de classe, cultura e experiência,
desenvolvidos pelo historiador E. P. Thompson. A pesquisa utiliza esta concepção teórico-
metodológica, buscando investigar o entrelaçamento entre cultura e experiência na constituição da
história da educação. Além disso, se pauta no conceito de ideologia, desenvolvido na obra do
pensador italiano, Antônio Gramsci. O trabalho está sendo realizado em três etapas: a) estudo de
revisão teórico-metodológica bibliográfica. b) coleta de dados nos jornais no Arquivo Público e
Histórico de Ribeirão Preto. c) análise, sistematização e interpretação dos dados, tendo em vista as
categorias com base no referencial escolhido. Foram selecionados três periódicos como fontes para
a pesquisa, a partir dos seguintes critérios: a) quantitativo - eram os jornais com maiores tiragens na
época; b) conteúdo - todos apresentavam editoriais, colunas e artigos direcionados especificamente
à área da educação; c) diversidade ideológica e cultural - enquanto os periódicos, “O Diário da
Manhã” e “A Cidade”, apresentavam os princípios do liberalismo, o “Diário de Notícias”, que era
mantido pela Arquidiocese, era instrumento de divulgação dos dogmas e filosofia da igreja católica.
A analise das fontes tem revelado a complexidade dos debates sobre educação nas décadas de 40,
50 e 60 do século XX, que abarcavam políticas educacionais implementadas através da legislação,
interesses econômicos atrelando a educação as estratégias de industrialização e modernização, e,
portanto, subserviente ao modo de produção capitalista. No plano social e político, a escola é
colocada a serviço da construção da identidade nacional. Na esfera ideológica e cultural, os debates
giraram em torno dos objetivos da escola: formar cidadãos cientes de seus direitos e deveres, ou
educar o espírito, através de fundamentos morais e religiosos. Temáticas como: salários de
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
20
professores, faltas de vagas no ensino primário, falta de professores nas escolas rurais, necessidade
da gratuidade no ensino ginasial, menores abandonados filhos de operários excluídos do sistema
educacional, após a conclusão do primário, a necessidade de mais escolas vocacionais e cursos
profissionalizantes e o aumento das escolas privadas, revelam como a educação esteve presente nos
debates feitos pela imprensa trazendo a tona o cotidiano da cidade.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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PROJETO EEBA: HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO NORMAL EM ARARAQUARA:
ANÁLISE DA GRADE CURRICULAR A PARTIR DA LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE
SÃO PAULO
Autora: Ângela Daiane da Silva
Apoio: CNPq
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vera Teresa Valdemarin
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O projeto EEBA, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Cultura Instituições
Educativas-GEPCIE, vem por meio das atividades de restauração e levantamento de dados dos
arquivos da Escola Estadual Bento de Abreu, conservar os documentos históricos desta escola que
no século passado foi detentora de um grande prestígio social na cidade de Araraquara, assim como
também proporcionar meios para que sua história seja estudada mais profundamente através de
projetos de pesquisas. Como um dos desdobramentos das atividades de pesquisa realizadas nesta
instituição, o projeto aqui apresentado, tem como tema o antigo curso de formação de professores
primários – o Curso Normal – compreendendo o ano de sua implantação em 1950 até o ano de
1971, quando foi transformado em Habilitação Específica para o Magistério através da lei nº.
5.692/71. Esta atual parcela da pesquisa tem o objetivo de compreender os programas utilizados
para a formação dos professores primários – o que foi suscitado pela análise anterior dos horários
(grade curricular) encontrados na instituição – usando para tanto, a Coleção de Leis e Decretos do
Estado do São Paulo. O primeiro currículo (horário) encontrado corresponde ao ano 1950 e, quando
comparado com o Decreto 19.525-A, que dispunha sobre o regimento das Escolas Normais neste
mesmo ano, se apresenta relativamente igual ao que era proposto pelo estado, destoando-se apenas
em duas disciplinas quanto às suas carga horária. Neste mesmo decreto, encontramos também, as
diretrizes didáticas que essencialmente propunham que o ensino deveria ser ministrado de maneira a
enfatizar a técnica, a prática do aluno-professor. Os seguintes currículos encontrados continuaram
fiéis ao que foi proposto no Decreto 19.525-A de 1950, protelando a primeira mudança somente
para 1955 quando é inserido o ensino religioso no currículo, provavelmente regulamentado pelo
Decreto nº. 24.713 que afirmava que este deveria ser regido e organizado por uma comissão
religiosa independente do estado. É importante ressaltar que após 1955 apareceram outras
disciplinas no currículo, assim como também a nomenclatura de algumas disciplinas foram
alteradas. Um outro momento importante na configuração dos currículos ocorre em 1957 com a
promulgação da Lei nº 3.739 que regulamentava o regimento das Escolas Normais. A partir deste
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
22
momento o curso normal foi contemplado com um ano a mais de duração, sendo o curso pré-normal
extinto. Relativo à configuração dos programas de ensino, encontramos apenas o Decreto nº. 35.100
de 17 de Junho de 1959, que assegurava em seu artigo 15 que os programas de ensino das
disciplinas e atividades educativas deveriam ser flexíveis, devendo indicar, para cada uma delas, o
sumário da matéria e as diretrizes essenciais, afirmando em seu parágrafo único que os programas,
deveriam ser organizados por uma comissão geral e por subcomissões especializadas, designadas
pelo Diretor Geral do Departamento de Educação de Educação, que os expediria.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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RETRATOS DO AMBIENTE ESCOLAR: PRÉDIOS, MOBÍLIAS E.
MATERIAIS: ALGUNS APONTAMENTOS?
Autora: Camila José Galindo ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar
Há tempos temos assistido a deterioração dos prédios escolares, especialmente os de
responsabilidade estadual. A municipalização do ensino corroborou para evidenciar a discrepância
de cuidado, zelo e manutenção entre os prédios municipais e estaduais de ensino, especialmente nos
municípios de pequeno porte, as escolas de Ensino Fundamental. Em uma pesquisa recente que
temos desenvolvido em um município na região do Vale do Ribeira-SP detectamos, dentre outras
mazelas, que as condições dos prédios estaduais têm-se mostrado muito precárias quando
comparadas às unidades de âmbito municipal. Nossa percepção acerca das condições dos prédios
escolares nos impulsionou ao registro fotográfico realizado por meio de visita em todas as unidades
de âmbito municipal e estadual, rurais e urbanas, que atendem as séries iniciais do Ensino
Fundamental. O objetivo que nos colocávamos era o de apontar a situação de zelo, cuidado e
manutenção dos prédios escolares no período de férias, há uma semana anterior ao início o período
letivo de 2009. Isso porque supostamente espera-se que nesse período as escolas estejam preparadas
para o recebimento dos alunos. Com a permissão da gestora municipal de educação, adentramos as
escolas no intuito de registrarmos os cenários: salas de aula, diretoria, sala dos professores,
secretaria, corredores, banheiros, pátio, cozinha, dispensa, área de serviço, área externa, prédio
escolar externo, quadra de esportes e dispensa. O critério para a escolha dos cenários se deu pela
orientação de documentação legal brasileira referente às condições mínimas de qualidade de prédios
escolares. Os registros foram organizados por escola, o que favoreceu a criação de categorias de
análise a partir de regularidades, discrepâncias e carências entre os ambientes. A técnica de
observação seguida de análise da imagem nos permitiu detectar que apesar da tendência à
modernização arquitetônica dos prédios municipais, traços do estilo tradicional são perceptíveis nas
cores opacas na pintura das paredes e na disposição e organização dos espaços internos e dos
materiais. A condição de higiene se mostrou em nível crítico em todas as escolas, com destaque às
cozinhas e banheiros, bem como as mobílias das salas de aula e bebedouros. Porém nos prédios
estaduais, esses ambientes apresentam-se agravados devido ao funcionamento precário, a existência
de itens quebrados ou em mau estado de funcionamento. A organização e o planejamento dos
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
24
ambientes também se mostraram desejosos de melhoria em todas as escolas, especialmente nos
ambientes: diretoria, secretaria, espaço destinado à leitura, salas de aula, quadras esportivas. O
estado de precarização da condição dos prédios se dá devido a um longo período de investimento à
expansão de unidades escolares em meados do século XX. De um modo geral, os dados inferidos
apontam um descaso da gestão da educação nos diversos níveis em que ela ocorre.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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HISTÓRIA E MEMÓRIA DA ESCOLA RURAL DE TUTÓIA/ARARAQUARA - SP (1950-
1970)
Autora: Érica Zavanella Navarro ([email protected])
Apoio: PIBIC/PIBITI/CNPq/UNESP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Inserindo-se em um universo de investigações que propõem um novo olhar acerca da Educação
Rural no Estado de São Paulo a pesquisa “História e Memória da Escola Rural de
Tutóia/Araraquara - SP (1950-1970) visa reconstruir a história de uma escola primária situada na
região rural de Araraquara, mais precisamente na Estação de Tutóia, localizada entre a cidade de
Araraquara e a cidade de Américo Brasiliense. A escola elementar pública no Estado de São Paulo,
desde a década de 1930, foi a que mais cresceu no país, levando a escola primária aos mais distantes
locais do Estado e aos bairros mais afastados da capital. A pesquisa busca investigar as
contribuições que as escolas rurais trouxeram para a expansão do ensino primário e a importância
que tais instituições tiveram na vida da população rural. Para este estudo delimitamos o período de
1950 a 1970 que corresponde ao maior número de fontes documentais encontradas na própria escola
e a disponibilidade de depoentes que poderão ser entrevistados. Parte da documentação já foi
identificada, constando os seguintes documentos: livro de matrícula, livros de chamada e alguns
diários de classe. Partindo de dados empíricos busca-se observar o quanto à escola foi importante
para a população rural da região ao qual Tutóia está localizada, pois mesmo estando distante dos
ideais prescritos, as escolas isoladas eram um dos únicos meios que estas populações tinham de
acesso à educação.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
26
O GOSTO MUSICAL DA JUVENTUDE: UMA ANÁLISE NO AMBIENTE ESCOLAR
Autor: Lucas Gabem Cearem ([email protected])
Apoio: PET – CAPES
Orientador: Prof. Dr. Denis Domeneghetti Badia
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O trabalho é parte de um projeto maior, ainda em desenvolvimento, e procura contribuir com os
estudos sobre o gosto musical dos jovens, fazendo uma comparação entre o gosto dos jovens da
escola pública e privada na cidade de Araraquara. Num primeiro momento, debruçamo-nos sobre o
tema da Educação, a partir do referencial bourdieusiano, pois ele nos permite tratar de maneira
pertinente à reprodução sócio-cultural e o papel da escola no processo de formação do habitus de
classe. Tal conceito é base para o estudo sobre o gosto e suas relações com o capital cultural. O
estudo acerca do gosto do jovem trouxe-nos a necessidade de uma nova compreensão da formação
do Abdus. Assim, buscamos na obra de Bernard Lahire uma amplitude maior ao conceito de habitus
bourdieusiano. Tal autor traz um complemento à teoria de Bourdieu ao falar da flexibilização do
conceito de habitus. Os produtos culturais na contemporaneidade não se acomodam distintamente
em compartimentos estanques, hermeticamente fechados, mas transita fluidamente pelas classes
sociais por diversas vias modernas, sendo a mais potente delas a via tecnológica, a internet.
Bernard Lahire, avançando a teoria de habitus, desvenda a existência de uma dissonância
cultural, ou seja, variações significativas nas práticas culturais dos indivíduos. Essa característica
dá-se pelo caráter transitório das diversas relações no mundo contemporâneo, permitindo uma
liberdade maior de ação dos indivíduos e a “multissocialização” permanente, constituindo, dessa
maneira, um novo habitus. Após essa primeira discussão, entramos na complexa e ampla seara da
música, com o objetivo de mostrar a importância e as possibilidades de compreensão da sociedade a
partir dos estudos sobre a música. Dando prosseguimento, buscamos entender a categoria de
juventude rastreando o conceito nas suas modulações sócio-históricas ao longo do tempo,
retomando a Grécia Antiga e Idade Média, até chegarmos a atual paisagem contemporânea regida
pelo signo da globalização. Tentamos compreender o papel da música neste processo, pois se trata
de uma relação de mão dupla: a música globalizou-se, mas o processo de globalização também se
utilizou das vias musicais para o encurtamento das distâncias. Por fim, iniciamos a exposição e
análise de nossa pesquisa exploratória, que constitui na aplicação de questionários e também na
coleta de músicas dos aparelhos mp3 de estudantes da rede privada e pública. São muitos os limites
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
27
desse trabalho, contudo, ele permitiu-nos até então, destacar a importância da música e o papel da
Educação no acesso aos bens culturais, bem como a formação do hábitus do sujeito. Já podemos,
de maneira parcial, apontar as diferenças entre o gosto musical dos jovens da escola pública e
escola privada.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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PÁGINAS PUERIS DE INTENÇÕES BEM ADULTAS: LITERATURA INFANTIL
DURANTE A JOVEM REPÚBLICA (1889-1930)
Autora: Lúcia de Rezende Jayme ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Junto às carteiras e livros, ginásios e grupos escolares entraram na cena educacional a literatura
infantil. Foi durante a jovem República que surgiram condições favoráveis à formação da literatura
para pequenos leitores. Uma das circunstâncias se deu no meio urbano, fruto dos lucros e ações da
economia cafeeira, nascente entre finais do século XIX e primeiras décadas do XX, e às pessoas que
nele habitavam e iniciaram a consumir não apenas os mais diversos produtos industrializados, mas
também os livros para meninos e meninas. Concomitante ao desenvolvimento das cidades houve a
gradual substanciação de grupos que realizam atividades ligadas à vida citadina, que não
constituíam nem a fidalga elite rural, nem miseráveis trabalhadores rurais ou recentes escravos
libertos. Logo, o consumo da literatura infantil por esses novos atores sociais possuiu o sentido de,
através de uma suposta erudição, se comparar às camadas nobres e, ao mesmo tempo, se
distanciarem da massa ignorante, pertencente aos núcleos humildes que porventura provieram. Tal
massa era considerada povo inculto e atrasado, julgado culpado pelo lento caminhar do Brasil na
estrada da modernização. Esta afirmação pode ser encontrada nos iniciais escritos de Monteiro
Lobato, escritor de imensa relevância para a época, por ser primeiro autor constante de livros
infantis. Urgia a transformação daquela miserável sociedade nas palavras dos escritores. A
literatura infantil serviu de objeto pedagógico de doutrinação, por veicular e enraizar as normas e
conceitos de classes dominantes. Os livros infantis constituíam um meio para que poucos pudessem
adquirir a educação pessoal, ao qualificar e elevar o indivíduo pelo intelecto, pela cultura que o
diferenciava dos demais, conferindo a este um garbo inquestionável. Proposições de civilidade a
todo custo, se tornam deveras sérias ao refletirmos que uma adolescente elite era incutida destes
pensamentos. Era esta a construção de noções de respeito às alteridades e ao povo. A escola
transmitia incisivamente aos pupilos que estes eram distintos, pertenciam a uma classe social
“superior”, e que havia um inimigo do lado de fora dos muros escolares, a ignorância. Além de
Monteiro Lobato, outro intelectual de destaque pela produção bibliográfica infantil da época foi
Olavo Bilac, envolvido também com a produção de material didático. O poeta parnasiano é
exemplo de figurão nacional que utilizou de seus escritos para difundir padrões e valores de
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
29
nacionalismo e civismo, que julgava ser necessário incutir no povo brasileiro e, nada mais eficaz
que o fosse feito logo cedo, desde as primeiras letras e sentimentos. Ainda, outros escritores
julgaram-se mensageiros dos novos tempos. Das mãos de intelectuais, jornalistas e professores
surgiram palavras e histórias direcionadas às ainda franzinas corpo discente brasileiro, com o intuito
de tornar real o ideal de um Brasil moderno.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
30
TURMA 79: TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E DE ESCOLARIZAÇÃO DAS
FORMANDAS DA HABILITAÇÃO ESPECÍFICA PARA O MAGISTÉRIO DA ESCOLA
ESTADUAL BENTO DE ABREU
Autora: Mara Rúbia dos Santos Antônio ([email protected])
Apoio: PET – SESu/MEC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza.
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este estudo inicial visa uma investigação histórica sobre a trajetória de escolarização e o destino
profissional das formandas da primeira turma, da escola Estadual Bento de Abreu, sob a vigência da
Lei 5692/71. O trabalho está vinculado ao “Projeto EEBA: história e memória do ensino secundário
em Araraquara” desenvolvido junto ao Núcleo de Documentação e Memória do Centro Cultural
Professor Waldemar Saffioti – Unesp/Araraquara. O Projeto EEBA, coordenado pelas professoras
Rosa Fátima de Souza e Vera Tereza Valdemarin objetiva construir a história da Escola Estadual
Bento de Abreu de Araraquara, primeiro colégio de ensino secundário da cidade cujos primórdios
remontam a 1914 com a fundação do Araraquara College. Esta instituição recebeu várias
denominações e migrou da instância particular, municipal a estadual. E ao longo de sua história
pode-se destacar também o seu envolvimento com a difusão do curso normal. A realização deste
estudo contempla dois procedimentos metodológicos. O primeiro consiste na elaboração de
entrevistas qualitativas por meio da rede de sociabilidade, a fim de obtermos aspectos sobre a vida
pessoal, profissional e estudantil destas mulheres. Como primeira etapa desta metodologia foi
realizada uma entrevista exploratória, o que possibilitou ter acesso a um documento histórico sobre
está turma de professoras, o convite de formatura. A partir destes dois instrumentos da história da
educação foi possível identificar os agentes educativos (alunos, professore e diretores) e também
dados sobre o curso de formação de professores. A segunda metodologia empregada caracteriza-se
pela revisão bibliográfica de estudos de gênero e a história da formação de professores nos períodos
de 1960 á 1970. O magistério enquanto especificidade da história da educação ao longo de seu
desenvolvimento social explicita se como uma oportunidade de ascensão para o sexo feminino no
que diz respeito à conquista de um atuar no espaço público. Tanto por meio de uma educação
especializada como no desempenho de um trabalho assalariado. Esta educação especializada
decorre de uma instituição que atinge seu momento de glória através do investimento dos
republicanos na formação de professores. E se constitui enquanto um campo de saberes
pedagógicos através de princípios escolanovistas o que permitiu certa organização para o curso
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
31
normal adotada por vários estados até a Lei 5692/71. Esta última no âmbito do ensino normal
programou a habilitação especifica para o magistério de 1° e 2° grau, explicitando a
descaracterização do modelo de formação de professores primários. Como parte deste cenário
destacaremos, no estado de São Paulo, na cidade de Araraquara, a Escola Estadual de 2° Grau Bento
de Abreu que através desta substituição do curso normal pela HEM permite elaborar um estudo
sobre as contribuições desta formação para a trajetória profissional de uma determinada geração de
mulheres.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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IDENTIFICAÇÃO DE IMAGENS FOTOGRÁFICAS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A
HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR
Autora: Marília Duarte Bernardino ([email protected])
Apoio: FAPESP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O projeto de pesquisa de Iniciação Cientifica “Faculdade de Ciências e Letras
(UNESP/Araraquara): uma história em imagens” faz parte do Projeto Integrado “História da
Ciência e da Universidade no Interior Paulista”, coordenado pela Professora Rosa Fátima de Souza
e desenvolvido junto ao Núcleo de Documentação e Memória do Centro Cultural Professor
Waldemar Saffioti (NDM- CCPWS), pertencente à Universidade Estadual Paulista - UNESP,
Campus de Araraquara. Este projeto tem como objetivo contribuir na organização do acervo
fotográfico da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Araraquara referente ao período de
1959 a 2000, procedendo ao estudo do contexto de produção do acervo e a identificação das
imagens produzindo legendas e resumos descritivos. A coleção de fotografias da Faculdade de
Ciências e Letras da UNESP de Araraquara possuem poucos registros acerca das pessoas e fatos
retratados. Entre as 2.196 fotografias, 836 fotos avulsas encontram-se parcialmente danificadas. A
coleção compreende ainda 53 álbuns fotográficos, correspondendo a 1360 fotos; 93 slides; 01 pôster
e 03 cartões postais. A pesquisa está sendo desenvolvida considerando três etapas: a) o estudo do
contexto de produção do arquivo fotográfico da FCL/UNESP/Araraquara; b) a identificação das
imagens; c) a indexação das imagens mediante o preenchimento de formulários de descrição dos
documentos. Para a realização dessas etapas foi necessário elaborar o plano de classificação, a
digitalização das fotografias e entrevistas com funcionários da FCL/UNESP para identificação das
fotografias. Após as entrevistas, teve início o processo de preenchimento das fichas de identificação
das fotografias. Essas fichas contêm informações acerca da numeração, assunto, tamanho, estado de
conservação, número do negativo, dados doação/compra/permuta, visualização e legenda. A etapa
seguinte de organização do acervo consiste em higienizar, acondicionar e indexar as fichas de
identificação do acervo no Banco de Dados do Núcleo de Documentação e Memória do Centro
Cultural Professor Waldemar Saffioti – UNESP/Araraquara. Sobretudo o trabalho de indexação no
Banco de Dados necessita de cuidados e rigor atentando para a descrição tendo em vista a
normalização gramatical, as sinonímias e o uso do Tesauro. Além dessas atividades realizarei um
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
33
estudo aprofundado sobre uma das três categorias que compõem o plano de classificação do acervo:
Infra-Estrutura, Paisagem e Eventos (Acadêmicos, Esportivos e Confraternização) relacionando os
estudos sobre leitura de imagens com a história da Universidade. O objetivo desta investigação é
explorar de maneira mais aprofundada o acervo fotográfico contribuindo com os estudos de
reconstituição da história da UNESP. Por último, pretendemos elaborar um instrumento de pesquisa
sobre a coleção de fotografias da FCL.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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MUSEU PEDAGÓGICO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA ESCOLA NORMAL DE
SÃO CARLOS: DA RECUPERAÇÃO À PRESERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL E
BIBLIOGRÁFICO COMO FONTE DE PESQUISA PARA A HISTÓRIA
Autora: Merilin Baldan ([email protected])
Apoio: FAPESP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alessandra Arce
IES: UFSCar e UNESP
Departamento: Ciências da Educação
O presente trabalho se insere no Projeto “Idéias Pedagógicas em Movimento na Formação de
Professores na Escola Estadual Dr. Álvaro Guião (1930-1969): Uma Análise de seu Acervo
Bibliográfico e Documental” sob a orientação da Professora Doutora Alessandra Arce, financiada
pela FAPESP, e em parceria entre a Escola Estadual Álvaro Guião e a UFSCar, por meio da
Unidade de Educação, Informação e Memória (UEM) do Centro de Educação e Ciências Humanas
(CECH). A metodologia para a recuperação do acervo se baseia nos princípios da arquivistica e da
ciência da informação. A metodologia para as pesquisas desenvolvidas no âmbito do acervo insere-
se no campo da história das idéias pedagógicas pautando-se no caráter teórico-bibliográfico,
investigado mediante o estudo das seguintes categorias propugnadas por Saviani (2007): o princípio
de caráter concreto (as relações dos aspectos da realidade investigada), a perspectiva de longa
duração (captação dos movimentos orgânico-estruturais), o olhar analítico-sintético (levantamento
das fontes e análise das informações), a articulação entre o singular e o universal (as relações de
reciprocidade, determinação e subordinação entre a esfera local, nacional e internacional) e, por
fim, a atualidade da pesquisa histórica (a necessidade intencional da investigação histórica). Os
objetivos visam ressaltar a importância da recuperação, conservação e organização do material
presente no Museu Pedagógico da Instituição, para o qual trazemos alguns dados importantes;
apontar a importância do projeto no âmbito da pesquisa em História da Educação e na História das
Idéias Pedagógicas a partir da corrente da História das Instituições Escolares; e, também,
demonstrar a vinculação do projeto com pesquisas de Trabalho de Conclusão de Curso, Iniciação
Científica e Pós-Graduação a partir do acervo da escola. Na recuperação, preservação e organização
do acervo do Museu Pedagógico foram encontradas obras raras, muitas que só apresentam exemplar
na Biblioteca Nacional; já foram catalogados 3200 livros, 20 periódicos – alguns dos quais com
mais de 40 fascículos, e, ainda, uma série de documentos oficiais. Após a catalogação estes dados
tem sido implementado na base de dados e podem ser visualizados no site desenvolvido para
comportá-los, com a finalidade de consulta rápida, principalmente por parte da população
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
35
interessada e pesquisadores da área. Algumas pesquisas que tiveram o acervo como fonte de
pesquisa em história e historiografia da educação e história das idéias pedagógicas são frutos do
Trabalho de Conclusão de Curso, Projeto de Iniciação Científica e de Projeto de Mestrado. O
presente trabalho vem reforçar o projeto como amplo campo para as pesquisas, com a finalidade de
recuperar a história local, estadual e nacional, bem como permite compreender as grandes
tendências do movimento das idéias pedagógicas nas quais as escolas normais serviram de difusão,
propaganda, aplicação de ideais pedagógicas e princípios políticos de formação.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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O (DES)CONHECIMENTO SOBRE A PEDAGOGIA TRADICIONAL: DA
REPRESENTAÇÃO E DIFUSÃO DAS CONCEPÇÕES DE ENSINO REALIZADA PELA
ESCOLA NOVA
Autora: Merilin Baldan ([email protected])
Apoio: FAPESP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alessandra Arce
IES: UFSCar e UNESP
Departamento: Ciências da Educação
Este trabalho, em andamento, tem como objetos de pesquisa a Pedagogia Tradicional e a Escola
Nova, vinculados à pesquisa “O Ato de Ensinar: Continuidades e Rupturas da Concepção de Ensino
na Pedagogia Tradicional, na Psicologia Histórico-Cultural e na Pedagogia Histórico-Crítica”. O
desenvolvimento surgiu devido à necessidade de compreender as concepções ipis literis do Ato de
Ensinar da Pedagogia Tradicional ao invés das representações cunhadas pela crítica realizada pela
Escola Nova para denominá-la. A pesquisa insere-se no campo da história das idéias pedagógicas de
caráter teórico-bibliográfico, a partir das seguintes categorias propugnadas por Saviani (2007): o
princípio de caráter concreto (as relações dos aspectos da realidade investigada), a perspectiva de
longa duração (captação dos movimentos orgânico-estruturais), o olhar analítico-sintético
(levantamento das fontes e análise das informações), a articulação entre o singular e o universal (as
relações de reciprocidade, determinação e subordinação entre a esfera local, nacional e
internacional) e, por último, a atualidade da pesquisa histórica (a necessidade intencional da
investigação histórica). O referencial teórico para este trabalho apoiou-se nas obras que versam
sobre a História, História e Filosofia da Educação, além de obras e artigos que versam sobre a
Pedagogia Tradicional e a Escola Nova. O trabalho de investigação das idéias pedagógicas permite
compreender as aproximações e rupturas, na história da educação, entre os teóricos que constituem
períodos educativos: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova, Psicologia Histórico-Cultural e
Pedagogia Histórico-Crítica; e a filosofia e concepções de homem, de sociedade e de educação
inerentes em cada uma delas. Através deste estudo, poder-se-á dar continuidade a pesquisa de
mestrado, demonstrando a filosofia própria da Pedagogia Tradicional e, assim, permitir a
investigação da aproximação e ruptura na concepção do ato de ensinar entre ela e a Psicologia
Histórico-Cultural e a Pedagogia Histórico-Crítica. O interesse em tal investigação se deve ao fato
de que muitas vezes elas são tratadas como se partissem dos mesmos pressupostos, ou pela
representação escolanovista crítica ao “ensino tradicional” que vem, na história contemporânea,
criticado a defesa ao ato de ensinar. E, nesse sentido, retomar o que é próprio ao ensino,
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
37
demarcando a evolução das idéias pedagógicas que defendem o ato de ensinar, e o principal
objetivo das pesquisas por nós desenvolvidas. Somente através da educação poder-se-á garantir o
desenvolvimento pleno dos homens, cuja atividade de ensino interfere no desenvolvimento do
psiquismo humano, além de promover os instrumentos sociais (conhecimentos) necessários para a
transformação social em uma ordem em que não haja o dualismo pedagógico nem o antagonismo
social.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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ESCOLA ESTADUAL BENTO DE ABREU: APONTAMENTOS SOBRE O ESTUDO DAS
REPRESENTAÇÕES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NA DÉCADA DE 1970
Autora: Muriel Carmo Lameira Ancelmo ([email protected])
Apoio: CAPES - DS
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Como uma área temática na qual a representação social encontra importante destaque, as
instituições escolares, assim como as pessoas, são portadoras de memórias, uma memória gerada
por contraposição com outras memórias, que corre ao ritmo do tempo, das pessoas e das gerações.
Tendo por finalidade compreender como a sociedade araraquarense construiu representações sobre
a Escola Estadual Bento de Abreu, objetivamos investigar como a escola aparece nas representações
dos ex-alunos, ex-professores e representantes educacionais no que diz respeito à concepção de
escola de “boa qualidade”. O estudo incide sobre o ensino secundário ministrado nessa escola na
década de 1970, momento da implementação da Lei Federal 5.692/71 que fixou as Diretrizes e
Bases para o ensino de 1º e 2º graus no país impactando profundamente o funcionamento das
escolas e a organização didática pedagógica do ensino básico brasileiro, contribuindo para a
intensificação do processo de democratização desse ramo de ensino. A partir da implantação desta
nova medida, este estabelecimento educacional passou a oferecer em 1976, somente ensino de
segundo grau, atendendo ao nome de Instituto de Educação Estadual de 2º Grau Bento de Abreu.
No caso das instituições escolares, a apreensão do discurso predominante por meio do exame das
falas particulares, e muito importantes, uma vez que nas escolas mais antigas, grande parte da
documentação manuscrita e impressa perdeu-se. Desse modo, este estudo incide sobre a
representação dos alunos de uma turma/série que vivenciaram esse período de transição analisando
sua trajetória dentro da instituição no período de 1976 (ano em que a Lei 5.692/71 foi implementada
na escola) até 1978, completando o período de três anos de duração do curso de 2º grau. Com esse
resgate estima-se compreender e aprofundar o estudo sobre a história dessa instituição educativa,
contribuindo para a compreensão da educação secundária no Estado de São Paulo na década de
1970. Vale ainda salientar que o trabalho maior do historiador é o de compreender a relação do
singular com o geral, já que nenhuma Instituição Escolar tem o sentido da sua singularidade
explicitado, se tomada apenas em si mesma. Uma instituição escolar avança, projeta-se para dentro
de um grupo social, ela produz memórias ou imaginários, ou seja, é muito mais do que um prédio
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
39
que agrupa sujeitos para trabalharem, ensinarem, aprenderem etc. O movimento inverso também
ocorre, pois a instituição é objeto de interesses contraditórios de ordem econômica, política,
ideológica, religiosa e cultural, dentre outros. É preciso, portanto, ressaltar que a história das
instituições escolares é a história da própria educação - e não uma mera subdivisão dela. Como toda
parte se relaciona com o todo, ao compreendermos uma instituição, amplia-se a possibilidade de
compreensão da Educação.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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ESCOLA BENTO DE ABREU: CAMINHOS E DESCAMINHOS DA INSTRUÇÃO
PÚBLICA EM ARARAQUARA
Autora: Neliane Ruys Ferreira ([email protected])
Apoio: CNPq
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este trabalho apresenta resultados finais de pesquisa cujo objetivo foi reconstituir os primórdios da
história da “Escola Estadual Bento de Abreu” de Araraquara no período em que esse
estabelecimento de ensino secundário funcionou como escola particular e municipal, isto é, entre
1913 e 1932. A presente investigação integra o projeto temático “Projeto EEBA: história e memória
do ensino secundário em Araraquara”. Para a realização desse estudo foram utilizadas várias fontes
de pesquisa, a saber: as Atas da Câmara Municipal de Araraquara, jornais da época e fontes
documentais existentes no Arquivo Histórico Rodolpho Tellaroli. A pesquisa foi iniciada pela
consulta as Atas da Câmara Municipal de Araraquara a partir de 1909 quando aparecem as
primeiras discussões dos vereadores sobre a relevância de se criar uma instituição de ensino
secundário na cidade. Procedemos à leitura de todas as atas correspondentes ao período de 1909 a
1935. A leitura das atas possibilitou acompanhar a atuação do poder público municipal em relação à
educação secundária no município. Em 1911, os vereadores votaram pela construção de um edifício
para abrigar o ginásio devendo o mesmo ser entregue a pessoa idônea para a sua administração. Nos
anos de 1912 e 1913 o poder municipal arcou com as despesas de construção de um amplo e
imponente edifício no centro da cidade para abrigar a escola. Em 1913, a Câmara recebeu proposta
de interesse de dois ingleses – os irmãos L. J. Lane e Rufus Lane ligados ao Colégio Mackenzie de
São Paulo que arrendaram o prédio. Desse modo, em 1914 ocorreu a instalação e o início das
atividades do então denominado Araraquara College que passou a oferecer ensino primário e
secundário para ambos os sexos em regime de internato e externato. Entre 1914 e 1918 o colégio
funcionou como estabelecimento particular e pago atendendo as elites locais. Porém, em 1918, os
irmãos Lane pediram concordata alegando dificuldades financeiras para a manutenção da escola. A
rescisão do contrato com os Lane implicou no fechamento da escola no ano de 1919. Mas o
interesse em manter um colégio secundário no município levou os vereadores a discutirem
alternativas para a reabertura e manutenção da escola. Desse modo, em 1920, o estabelecimento
voltou a funcionar com o nome de Colégio Mackenzie de Araraquara mantido por uma sociedade
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
41
civil formada por políticos e fazendeiros da cidade – a Associação Mackenzie de Araraquara. Em
1929, descobrimos que a administração passa para o poder municipal, que cria a “Associação do
Gymnasio Municipal Mackenzie de Araraquara, associação sem fins lucrativos, visando apenas o
bom funcionamento da instrução dada à mocidade”. Os dados colhidos revelam que a história do
primeiro ginásio de ensino secundário em Araraquara esteve vinculada a atuação do poder público
municipal e das elites econômicas da cidade que contribuíram para a construção do prédio e
apoiaram o funcionamento da instituição. Visando assim seus interesses.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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ESTUDO HISTÓRICO DE UMA ESCOLA RURAL: RECONSTRUINDO A CULTURA
ESCOLAR A PARTIR DE FONTES DOCUMENTAIS
Autor: Reginaldo Anselmo Teixeira ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
A presente pesquisa verifica qual a bibliografia acadêmica existente sobre o tema a que pertence
este estudo, ou seja, a história das instituições educativas dentro do contexto de uma história
cultural, assim como realiza um levantamento documental, no arquivo escolar da instituição de
ensino “Grupo Escolar Comendador Pedro Morganti”, no sentido de tentar reconstruir sua cultura
escolar mosaicamente construída a partir de sua fundação em 1942 até os idos de 1989. Este
trabalho de pesquisa parte das orientações teóricas oriundas do contexto da História Cultural, no
sentido de entender a história como interessada na dimensão cultural do fazer cotidiano, uma
história construída a partir de uma abordagem ampliada, que estabelece uma nova percepção dos
documentos e fontes como pistas reconstrutoras da cultura escolar. A presente pesquisa trilha os
caminhos que possibilitam alguma reconstrução histórica da referida instituição a partir da cultura
escolar como categoria de análise, Vinão (1995). O que realizamos com este trabalho e a
reconstrução da cultura escolar da instituição a partir da leitura e interpretação de fontes
documentais.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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REFORMA EDUCACIONAL DE 1971: UM ESTUDO DOS DEBATES EDUCACIONAIS
VEICULADOS NA IMPRENSA PAULISTA
Autora: Ritta Minozzi Frattini ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
A educação brasileira foi marcada, ao longo dos anos, por inúmeras leis e reformas do ensino. A
Reforma Educacional 5.692/71 teve como objetivos, para o ensino de 1º e 2º graus, uma formação
técnica-profissionalizante, visando à auto-realização, a qualificação para o trabalho e a preparação
ao exercício consciente da cidadania, associando a perspectiva meritocrática com os fins do projeto
político e econômico do Estado. Em relação à estrutura do ensino, a principal mudança introduzida
pela Lei dizia respeito à unificação do ensino primário com o ensino ginasial – constituindo o
primeiro grau –, o que significou o prolongamento da escola única, comum e continua de oito
séries. Souza (2008) afirma que a então denominada escola de 1º grau foi uma das mais
significativas mudanças no período repercutindo na organização da rede de ensino, na
profissionalização do magistério e nas representações sociais sobre a educação escolar, uma vez que
a lei previa a máxima racionalização dos recursos materiais, humanos e físicos das escolas. A
integração do primário com o ginásio implicava ainda instituir uma nova concepção de escola
fundamental destinada à educação de crianças e adolescentes em um mesmo espaço físico. Essa
escola reuniria, como menciona Tanuri (2000), culturas profissionais historicamente diferenciadas –
os professores primários e os professores secundaristas – com diversos níveis de formação e
salários, status e modos próprios de exercícios do magistério. Demanda, por sua vez, a articulação
do currículo, a adaptação do espaço a clientela escolar e adequação da estrutura administrativa e
pedagógica da escola para o atendimento de um grande número de alunos. Com isso, a reforma
refletiu em mudanças políticas, estruturais e organizacionais profundas no ensino, ocasionando uma
série de mobilizações de alunos, professores e escolas, documentadas nos jornais em circulação no
período. O presente projeto de pesquisa se propõe: a) investigar os debates e discussões sobre a
Reforma do Ensino de 1º e 2º Graus de 1971 veiculados na imprensa paulista no período de 1971 a
1982 analisando as práticas discursivas de políticos, intelectuais, educadores e grupos da sociedade
civil sobre a Reforma; b) Analisar a repercussão do projeto de redistribuição da rede física
implantado no estado de São Paulo a partir de 1975; c) Verificar as repercussões sociais da reforma
curricular do ensino de 1º Grau; d) Examinar os problemas e debates em torno do ensino de 2º
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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Grau; e) Explicitar os enfrentamentos da rede estadual de ensino face a reorganização das escolas de
1º e 2º Graus. Para essa pesquisa, serão utilizadas as notícias jornalísticas de São Paulo.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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A CULTURA POÉTICA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Autora: Rosely Hourneaux de Almeida ([email protected])
Apoio: PIBIC/CNPq
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
A investigação que vem sendo desenvolvida preocupa-se com a presença da poesia nos livros
didáticos de Língua Portuguesa utilizados no Ensino Secundário paulista, mais precisamente um
estudo para compreender aspectos da cultura humanística predominante na educação secundária
brasileira, desde o século XIX até meados do século XX. Por meio do currículo humanista, a poesia
teve um papel importante na formação desses jovens estudantes, pois eles tiveram um contato
significante com textos desse gênero e, inclusive, produziam seus próprios poemas para declamá-
los. Nos anos de 1960 e 1970 do século XX, o poema deixou de ser enfatizado no ensino ginasial. A
investigação em desenvolvimento objetiva perceber como e por que se deu a mudança de objetivos
no currículo modificando a prática escolar. Até o momento estamos realizando estudos em dois
livros didáticos: Tempo de Comunicação da 5ª e 7ª séries (antigas 1ª e 3ª ginasial), ensino de 1º grau
e Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa, publicada em 1973, por Ada Natal Rodrigues e
Arlette Azevedo de Paul. Das mesmas autoras, os Manuais do professor acompanham o livro
didático e permitiram uma orientação pedagógica que funcionavam como um apoio para que o
professor ministrasse suas aulas com qualidade. Para a obtenção de melhores resultados para a
pesquisa, estamos realizando uma análise mais detalhada em outros livros didáticos, acerca de como
se esperavam que os professores da época do ensino secundário deveriam trabalhar o poema e qual
a relevância para a formação do estudante de ensino secundário bem como uma comparação dos
objetivos propostos.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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SEÇÃO C – ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS
O CONHECIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO: O JOGO E A REPRESENTAÇÃO DO
NÚMERO
Autora: Bruna Mendes Gerotti ([email protected])
Apoio: PET – SESu/MEC
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Leite Camargo
IES: USP- Piracicaba (ESALQ)
Departamento: Economia, Administração e Sociologia
Atualmente, muitas críticas já apresentadas à teoria piagetiana são reeditadas e dentre estas
destacam as que se centram em sinalizar que Piaget, ao pressupor a universalidade do
desenvolvimento estaria atribuindo pouco valor às diferenças culturais, o que levaria como
conseqüência natural a um esvaziamento do esforço em dispor ao sujeito os bens culturais. Embora
não desconsideremos que historicamente Piaget e seus colaboradores já tenham rebatido tal crítica,
entendemos que seria oportuno verificarmos se após tantos anos de pesquisa os mesmos dados
ainda estão presentes. Este é um grande empreendimento e como tal poderia compor um estudo com
alguns anos de duração. Considerando assim, temos uma opção um pouco mais modesta: verificar
se os dados encontrados por pesquisas mais recentes como as realizadas por Kamii, teriam a
referida consistência de se manterem intactas ao tempo e espaço. Temos então como um recorte
desta investigação mais ampla, veiculada aos dados encontrados pelo próprio Piaget e
colaboradores, os estudos realizados por Constance Kamii relacionados aos conteúdos matemáticos.
Os estudos de Kamii vincularam-se não somente à lógica, mas à matemática que por sua vez
pressupõe a presença das estruturas lógicas embora não possa ser reduzida a estas. Entende-se que o
conhecimento social presente na construção dos conhecimentos matemáticos e nos processos de
ensino figura como elementos “coroadores” do pensamento e não como os elementos que “eliciam”
o raciocínio e ou conhecimento matemático. Em outras palavras, elementos como os “sinais” (ou
signos) próprios da representação convencional são significativos do ponto de vista do sujeito
somente quando expressam uma construção internamente realizada ou em vias de conclusão.
Frente a tais considerações, entendemos que é plausível empreendermos uma investigação que vise
certificar da validação ou não dos dados encontrados por Kamii. Para tal, optou-se pela realização
simultânea dos estudos relacionados ás diferentes noções pesquisadas e pela aplicação de provas
relativas às mesmas. Após a aplicação de tais provas, dirigimos nossa pesquisa para o estudo dos
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
47
jogos no ensino da matemática. Dentre as várias razões para a defesa do uso dos jogos e o
reconhecimento da superioridade deles em relação às folhas de exercícios, temos que: nos jogos as
crianças estão intrinsecamente motivadas; o feedback é imediato em jogos; a criança têm mais
probabilidade de construir uma rede de relações numéricas, diferente de problemas separados e
independentes; nos jogos as crianças têm de interagir com outras, tomar decisões juntas e aprender a
resolver conflitos, o que favorece o desenvolvimento de sua autonomia.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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OS FENÔMENOS NUCLEARES E O ENSINO DE QUÍMICA: CONCEPÇÕES PRÉVIAS
DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Autora: Gisela Garcia Martins ([email protected])
Apoio: Secretaria da Educação SP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosebelly Nunes Marques
IES: UFSCar/FCLAr
Departamento: Química/Didática
Objetivo básico do ensino de química é contribuir para a formação do cidadão e nesta perspectiva a
abordagem de informações químicas fundamentais deve permitir a participação efetiva do indivíduo
na sociedade, tomando decisões com consciência de suas conseqüências. Para compreender
plenamente essas informações são necessárias certas capacidades e o desenvolvimento do
pensamento crítico, que são possíveis de serem despertados por meio do incentivo à leitura, à
pesquisa e à discussão. Para um trabalho docente mais significativo é necessário, então, conhecer as
concepções prévias dos alunos e identificar tanto aspectos positivos como equívocos ao
interpretarem textos abrangendo assuntos científicos. Com base no conhecimento dos conceitos
relacionados pelo próprio aluno ou a partir de sua interpretação de um texto ou tema podem-se
gerar, então, discussões posteriores que levem a um conhecimento aprimorado e com algum sentido
para suas vidas. Foram sujeitos da pesquisa, 28 alunos do período noturno, pertencentes à turma do
Ensino de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual “Prof. Conde do Pinhal”, do município de
São Carlos - SP. Para conhecer e levantar questões sobre a temática nuclear aplicou-se um
questionário para estes alunos com a finalidade de conhecer as concepções prévias sobre
esta forma de energia, e suas aplicações no cotidiano. A faixa etária dos sujeitos compreende
50% entre 18 a 22 anos e 50% acima de 27 anos. A partir da análise dos dados, identificaram-se
pontos recorrentes nas respostas que puderam ser analisados pelas categorias: a) simbologia; b)
materiais radioativos; c) aplicações. Ressalta-se que há a necessidade de desenvolvimento de
materiais didáticos que auxiliem o professor no processo de ensino e aprendizagem do conteúdo de
radioatividade, os conceitos e simbologia químicos envolvidos, pois se trata de um assunto que
apresenta limites para ser ensinado com aulas práticas em laboratório. Assim, esse assunto é pouco
explorado e compreendido no ensino médio, sendo difícil para o professor elaborar alguma
atividade diferenciada para dar suporte a seu ensino. Grande parte dos alunos e da sociedade em
geral desconhece as aplicações pacíficas dos radioisótopos na indústria; na agricultura e na
medicina, no diagnóstico de doenças, e com isso tem apenas idéias negativas do seu uso, associando
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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o tema tão somente com aplicações bélicas. A análise das concepções prévias também possibilitou o
levantamento de questões para serem discutidas, trazendo uma melhor compreensão de informações
e conceitos químicos e um aprimoramento envolvendo a cidadania.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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INVESTIGANDO AS HISTÓRIAS DE ESCOLARIZAÇÃO E A RELAÇÃO COM SABER
DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Autora: Luciana Massi ([email protected])
Apoio: CAPES
Orientador: Prof. Dr. Alberto Villani
IES: Instituto de Física - Universidade de São Paulo
Departamento: Física Aplicada
Este trabalho procurará analisar as histórias de escolarização de vinte e quatro alunos do curso de
Química do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (UNESP), nas
modalidades Bacharel, Bacharel em Química Tecnológica e Licenciatura, objetivando examinar os
percursos escolares percorridos pelos estudantes e as estratégias colocadas em prática pelas famílias
e por eles próprios no decorrer do itinerário escolar. A pesquisa estará fundamentada em dois
referenciais: os estudos de Pierre Bourdieu (1974, 1983, 1998) e de Bernard Charlot (2000, 2005).
De um lado os estudos bourdieunianos, que nos permitem identificar, por meio das categorias de
análise habitus, capital cultural, capital social, capital econômico e estratégias, os mecanismos
objetivos que influenciam as práticas, os comportamentos, as expectativas e os estilos dos agentes
em relação ao universo escolar. De outro lado, o referencial de Charlot, que foca a relação dos
sujeitos com o saber e permite incorporar informações individuais, complementando a abrangência
do trabalho. Dessa forma, ao somar os referenciais temos como objetivo analisar a relação com o
saber que um sujeito singular inscreve em um espaço social. A análise das histórias de escolarização
será baseada em depoimentos fornecidos pelos alunos das diferentes modalidades do curso de
graduação investigado. Serão feitos quadros de análise onde serão agrupados os depoimentos dos
estudantes oriundos das diferentes camadas visando identificar aspectos relevantes da pesquisa.
Esperamos que a partir dos dados coletados e analisados na referida pesquisa tenhamos condições
de responder inicialmente nossa principal questão de análise, que seria desvelar a relação entre o
patrimônio dos alunos (capital cultural, social e econômico) e o sucesso ou fracasso no curso, que
apontaria para algumas relações entre os saberes e a herança cultural e social dos agentes. A partir
do segundo referencial adotado – no sentido de complementar os resultados analisados sob um
enfoque social – pretendemos desvelar a relação dos alunos com o saber, por meio de uma
sociologia do sujeito, como proposta por Charlot que traz a Psicologia, em especial a Psicanálise,
para a análise. Essa inserção de um segundo referencial teórico surge no sentido de complementar a
análise ao ampliar os limites da teoria de Bourdieu. Acreditamos que o estudo das histórias de
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
51
escolarização permitirá identificar as práticas, as estratégias culturais, os anseios e as expectativas
que marcam as histórias de escolarização desses alunos, oriundos de diferentes camadas,
correlacionando esses dados a um perfil mais geral dos graduandos em Química e apontando para
fatores que justifiquem observações referentes ao êxito ou fracasso nas diferentes disciplinas e à
evasão do curso.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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OFICINA DE JOGOS MATEMÁTICOS E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES
Autora: Rosebelly Nunes Marques ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sonia Maria Duarte Grego
IES: Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara/UNESP
Departamento: Didática
Os cursos de educação continuada para profissionais da educação constituem-se atualmente em um
ponto central das políticas educacionais. Um de seus objetivos básicos é atualizar professores da
rede pública e assim possibilitar a melhoria de suas ações na escola, com reflexos profissionais e
pessoais. Devem também favorecer a formação de professores em atividade a ampliar seus recursos
e aprimoramento de novas técnicas pedagógicas. Neste sentido, é importante que o professor tenha
contato com novos recursos, não apenas de forma superficial, mas que tenha a oportunidade de
vivenciar e adaptar estes recursos à sua prática e a seu público-alvo. Como esse enfoque, as oficinas
didáticas se constituem, então, em um modelo de ação com esta finalidade, motivando e fazendo
novas atividades que possam ajudar o professor nos seus trabalhos em sala de aula. O tema
escolhido para esta oficina foi o de Jogos Didáticos, elaborada para professores da área de Ciências
Naturais, Matemáticas e Suas Tecnologias do Programa de Formação Continuada “Teia do Saber”,
da Diretoria Regional do município de Registro-SP. A idéia de utilizar jogos didáticos foi de inserí-
los como um recurso facilitador no processo de ensino e aprendizagem, de forma significativa, pois
se destaca ao despertar nos alunos o interesse pelo assunto abordado e proporcionar através do
trabalho em grupo, a interação social, porém valorizando a construção do conhecimento e não
somente a diversão. A pesquisa é fundamentada na linha de pesquisa-ação-crítica, pois durante todo
o processo, houve valorização cognitiva da experiência coletiva dos professores, em que estes
participam diretamente dos problemas relacionados a eles. O desenvolvimento do trabalho envolveu
as etapas de planejamento, ação e reflexão, envolvendo os professores do curso em explorar a
potencialidade dos jogos didáticos adaptando-os à realidade de sua sala de aula. Assim, organizou-
se um espaço para conhecimento e contato com alguns jogos, e posteriormente houve momentos em
que os professores utilizaram estes jogos entre si, avaliando a dinâmica, conteúdo, tempo de
aplicação, e assim, puderam discutir as vantagens e limitações da proposta, expressando suas
opiniões críticas, com o objetivo de melhorar as condições dos jogos (material, conteúdo, regras).
Observou-se em todo trabalho o empenho e o espírito de cooperação do grupo pela expressão de
suas experiências bem sucedidas, assim como para criação e implementação de alternativas
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
53
metodológicas. Pelos resultados desta investigação, os jogos didáticos, ainda pouco difundidos
entre os professores da educação básica, foi uma metodologia bem aceita e posteriormente utilizada
pelos professores. Ressalta-se que a realização da Oficina Didática entre os professores foi
fundamental para o conhecimento e avaliação dos jogos, considerando o dia-a-dia das salas de aula
em que atuam, trazendo maior prazer em ministrar suas aulas.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL ENFOCANDO ÁREAS DE PRESERVAÇÃO: ESTUDO
SOBRE A MICROBACIA CÓRREGO DOS CORREIAS - ENGENHEIRO COELHO- SP
Autora: Francisca Pinheiro da Silveira Costa ([email protected])
Co-Autor: Ederson Diego Cardoso
Orientadora: Francisca Pinheiro da Silveira Costa
IES: Centro Universitário Adventista de São Paulo
Departamento: Coordenação de Pesquisa
A educação tem sido uma fonte de transformação para as mudanças sociais. Mais uma vez a
sociedade espera deste importante setor orientações para as questões relativas ao meio ambiente. O
foco deste trabalho foi o estudo da Área de Proteção Permanente (APP) namicrobacia Córrego dos
Correias, pertencente à Bacia do rio Piracicaba, situada no município de Engenheiro Coelho – SP.
Esta microbacia tem um perímetro de 25.780,99m, com uma área de 2.283,53ha e totalizando 91
propriedades. É uma microbacia que apresenta uma significativa rede hidrográfica, com um divisor
de água marcante dentro da própria microbacia. Existe uma rede intensa de pequenos rios, afluentes
do Córrego dos Correias e do Ribeirão do Taperão. A educação ambiental junto aos proprietários,
visando informações sobre como preservar a APP e adequar as áreas de RL foi o principal objetivo
deste trabalho, que não só identificou as áreas de preservação permanente em cada propriedade com
também elaborou sugestões para a manutenção dessas áreas. Conhecer o ambiente e diagnosticar
a realidade presente é uma forma de evidenciar as urgências e buscar soluções. Este trabalho
procurou fazer este levantamento com a intenção de provocar nos proprietários rurais e no poder
público municipal o desejo de ação, pois os locais já foram indicados. O projeto de reflorestamento
para cada área foi calculado e a parceria com escolas do município já foi considerada. O que se
espera então é uma ação com a participação, sobretudo dos estudantes do município. Apesar do
crescente conhecimento e dos esforços que muitos empreendem o que vemos é um aumento dos
problemas ambientais. Sair da teoria e estimular a prática resultará em mudanças mais rápidas.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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SEÇÃO D - O ENSINO EM CIÊNCIAS HUMANAS
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Autora: Cinthia Yuri Galelli ([email protected]).
Apoio: PIBIC/CNPq
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ucy Soto
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Letras Modernas
Pensando na complexidade de se diagnosticar o desempenho de um indivíduo em qualquer área do
conhecimento, no caso, língua estrangeira – espanhol para falantes do português – e na singular
relação estabelecida entre essas duas línguas, nosso trabalho se resume em: Analisar provas as
provas de espanhol disponíveis em ambiente on-line em relação à estrutura física da prova (tipos de
questões), e em relação ao conteúdo das questões que foram classificadas da seguinte maneira: -
Compreensão escrita em nível frasal, compreensão de leitura em nível textual e compreensão
auditiva; - A compreensão escrita foi analisada em termos da competência comunicativa que avalia
segundo o modelo de Celce-Murcia, Dorney e Thrurrel (1995): linguística, discursiva, pragmática,
estratégica, sociolinguística; A competência comunicativa linguística foi analisada, por sua vez, em
níveis gramaticais: morfológico, semântico, sintático e lexical. Analisados esses tópicos nos testes
encontrados, escolhemos um deles para verificarmos na prática os resultados de sua aplicação com
estudantes brasileiros. Os 51 estudantes que fizeram parte da pesquisa são do primeiro ano do curso
de Letras - habilitação em espanhol da FCLAr. Consideramos primeiramente o tempo que o aluno
estudou língua espanhola em relação ao nível informado pela prova. Observamos que os alunos que
estudaram espanhol por mais de dois anos (até cinco anos), naturalmente, obtiveram níveis elevados
como Avançado e Avançado. Porém os alunos que nunca haviam tido contato com a língua
espanhola também obtiveram níveis elevados, em sua maioria Intermediário chegando a níveis
como Avançado. Como explicar esses resultados inesperados? De acordo com a nossa análise, as
provas encontradas, por serem desenvolvidas para um público internacional, não dão conta de medir
as reais habilidades de um aluno brasileiro. Privilegiam em alta quantidade a compreensão escrita
em nível frasal, à competência linguística – em âmbito normativo, e os níveis lexicais (simples
conhecimento de vocabulários) e morfológico, principalmente a morfologia verbal que é
praticamente a mesma na estrutura dos dois idiomas. Dessa maneira, o aluno brasileiro opta pela
resposta quase sempre correta por essas provas possibilitarem o acerto por transferência da língua
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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materna para a língua alvo. Outra problemática desse tipo de prova é o fato delas serem on-line.
Para dar conta da quantidade de usuários realizando o teste, para tornar seu resultado (o nível)
instantâneo e preciso, as provas são corrigidas por máquinas. Dessa maneira, são eleitos itens de
respostas fechadas e de tipo múltipla escolha, tornando o processo avaliativo receptivo-reflexivo e
não produtivo, oferecendo outra vantagem ao aluno brasileiro: suas capacidades receptivas são
desenvolvidas com mais facilidade que um falante de qualquer outra língua, principalmente as não
neolatinas.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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APRENDIZADO DE LEITURA E ESCRITA E OS EDUCANDOS DO PEJA: DA
NECESSIDADE DE LER E ESCREVER À APROPRIAÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA
COMO INSTRUMENTO PARA COMPREENDER E ATUAR NO MUNDO
Autora: Fernanda Taveres da Silva ([email protected])
Apoio: PROGRAD (Núcleo de Ensino)
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Julia Canazza Dall'Acqua
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Este trabalho apresenta os resultados iniciais de um ano de ação educativa (2008) realizada em três
salas de alfabetização do primeiro segmento do ensino fundamental, que o Programa de Educação
de Jovens e Adultos - PEJA em Araraquara, projeto de extensão universitária da UNESP destinado a
atender jovens e adultos acima de 15 anos, mantém em locais considerados relevantes por estarem
localizados em pontos cruciais da periferia da cidade. A problemática central da pesquisa foi
verificar e caracterizar os impactos deste processo educativo tanto no cotidiano dos educandos
participantes do projeto, e nas práticas que envolvem esta esfera de suas vidas, como nas
concepções manifestas por eles sobre a função dessa aquisição sobre si próprios. Para isto,
elaborou-se um roteiro de entrevista contendo questões acerca das percepções e concepções dos
participantes, 11 educandos matriculados no PEJA, com o objetivo de caracterizar o perfil dos
mesmos, bem como suas expectativas em relação à aquisição da leitura e da escrita, processo no
qual passaram a estar envolvidos. Foram realizados dois momentos de entrevistas, um antes do
início e o outro ao final do ano letivo. As entrevistas foram analisadas, estabelecendo-se
posteriormente um confronto, uma comparação entre os dados acerca das percepções e concepções
iniciais e posteriores, buscando identificar e compreender as implicações da frequência a um
programa de educação de jovens e adultos. Os resultados, embora preliminares, indicam uma
tendência de avaliação do programa como sendo de significativa relevância para a vida pessoal dos
educandos. Indicam também que ao final do ano letivo a percepção sobre o valor da aprendizagem
de leitura escrita tende a se acentuar, enfatizando as contribuições da alfabetização em nossa
sociedade, a despeito do momento em que ela possa ocorrer. A concepção acerca da função social
da linguagem escrita consolida-se e passa de uma visão idealizada, para uma avaliação ancorada em
percepções reais. Estando na década da Alfabetização (2003-2012), proclamada pelas Nações
Unidas (DI PIERRO, 2008), verificando que os educandos analisados já conseguem usufruir de
algum beneficio da cultura letrada, fortalecendo suas identidades socioculturais, bem como
melhorando suas condições de vida e a participação social, fica o incentivo para que as ações
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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empreendidas nessa direção consolidem-se progressiva e continuamente na mesma proporção em
que a formação inicial dos educadores também se aperfeiçoa em consonância com a dos educandos.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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ATIVIDADES DE LINGUAGEM NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: O
TRABALHO COM A ORALIDADE E COM A ESCRITA
Autor: Jefferson Santos de Araújo ([email protected])
Apoio: PET/MEC/Sesu
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Sílvia Cintra Martins
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Letras
Pretendemos desenvolver pesquisa de campo voltada à práticas de linguagem oral e escrita em sala
de aula de 1º ano do Ensino Fundamental em sua atual configuração com duração de nove anos.
Baseamo-nos nos seguintes pressupostos: 1) de que cabe à escola a tarefa de proporcionar o acesso
às formas mais complexas de linguagem (Cf. Brasil, 1997); 2) de que é essencial investigar como e
em que condições está sendo feito esse trabalho no primeiro ano, neste momento em que se espera
que as crianças se apropriem da linguagem escrita de forma sistemática em faixa etária mais
precoce. Nosso projeto, que busca trazer subsídios para a Frente “Letramentos” do Projeto
“Proposição de diretrizes para políticas públicas em Economia Solidária como condição para
desenvolvimento de território urbano: caso dos Jardins Gonzaga e Monte Carlo – São Carlos-SP”
(FAPESP 2007/55393-6), vincula-se aos Grupos de Pesquisa “Ethos, linguagem e construção da
identidade” e “Letramento do Professor” (CNPq) e procura também contribuir de modo geral para a
reflexão que se faz necessária sobre a forma mais adequada de se conduzir o trabalho pedagógico
com a oralidade. O referencial temático que adotamos em busca de esclarecimentos a respeito dos
processos ontogenéticos de apropriação da linguagem se caracteriza por recorrer, por um lado, à
Psicologia Histórico-Cultural – com especial atenção aos conceitos de atividade e atividade
principal (Elkonin, 1971; Vigotski, 2001; Leontiev, 2001) –, e por outro, no que concerne à questões
da linguagem, buscar o aprofundamento na compreensão da teorização de Bakhtin (1997) e de
Schneuwly (2004) com relação aos gêneros primários (simples) e secundários (complexos) do
discurso. Consideramos que o professor ocupa e deve ocupar uma posição preferencial no que
concerne ao trabalho escolar de transmissão do conhecimento elaborado, das formas de gêneros do
discurso mais complexas, portanto, nos alinhamos com a posição de Saviani (1995:17) sobre o fato
de que “o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo
singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. A
metodologia de nosso trabalho é de viés qualitativo, com estudo de caso de uma sala de aula de
escola de bairro periférico da cidade de São Carlos, envolvendo observações e entrevistas.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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Pretendemos, por um lado, observar como se dá o trabalho pedagógico nesse contexto no que
concerne à linguagem oral e averiguar, com base em entrevistas semi-estruturadas, as concepções
dos docentes a esse respeito. Por outro lado, observaremos as práticas escritas das mesmas crianças
no decorrer de um período de sete meses.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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WILLIAN H. KILPATRICK: INFLUÊNCIAS E ADAPTAÇÕES DE SEU IDEÁRIO
EDUCACIONAL PRESENTES NA CONCEPÇÃO DE ENSINO E EDUCAÇÃO DOS PCNs
DE CIÊNCIAS NATURAIS
Autora: Larissa Regina Capeloto ([email protected])
Apoio: FAPESP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Cristina de Senzi Zancul
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este trabalho é fruto da disciplina, "História da Educação: Clássicos do Pensamento Pedagógico",
ministrada pela Profª. Dra. Alessandra Arce, no segundo semestre de 2008, no Programa de Pós-
Graduação em Educação Escolar, na UNESP/Araraquara. William Heard Kilpatrick (1871-1965) foi
um dos teóricos da Escola Nova e seguidor dos estudos de John Dewey (1859-1952). Para este
autor, a sociedade moderna muda rapidamente e, a cada geração que surge, encontra um mundo
diferente. Desta forma, Kilpatrick (1967) afirma que o indivíduo precisa estar cada vez mais
preparado. E para que este indivíduo se prepare para as mudanças, o pensamento baseado na
experimentação, é um fator determinante, segundo este autor. O desenvolvimento do pensamento
baseado na experimentação, assim como, o de suas aplicações às atividades humanas correspondem
a dois efeitos correlatos da mesma causa e que, segundo Kilpatrick (1967, p.19), foi graças a isso
que o mundo se tornou moderno. Observamos, então que, para este autor, o pensamento baseado na
experimentação apresenta-se mais do que uma aplicação aos problemas práticos da vida, com ele
pretende-se influir uma nova concepção de vida. Ao considerarmos o princípio do pensamento
experimental de Kilpatrick, o mundo em constante mudança e a educação como fundamental para
adaptar o indivíduo a esta mudança, é que, em síntese, nos comprometemos a analisar e comparar as
influências deste teórico da Escola Nova com a concepção de cidadania, democracia,
experimentação, ciência e trabalho por projetos, presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais,
em especial, o de Ciências Naturais. Antes, porém, observamos que após trinta anos da publicação
da terceira edição do livro "Educação para uma civilização em mudança" de Kilpatrick, em 1967, e
a implementação dos PCN, em 1997, há influências desse livro que se apresentam de forma atual ao
nosso tempo. Por fim, ao estudarmos estas influências observamos as semelhanças nos ideais de
Kilpatrick para educação que estão presentes nos objetivos dos PCN de Ciências Naturais.
Concluímos também que o "Método de Projetos" desenvolvido por Kilpatrick, em 1918, foi
aperfeiçoado pelos Parâmetros como uma das orientações didáticas aos professores, desenvolvendo
assim, o trabalho por Projetos. Em suma, o movimento da Escola Nova no Brasil ainda nos remete a
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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mais estudos, em específico, sobre autores que também influenciaram o desenvolvimento da
educação brasileira. Assim como, a necessidade de tradução de mais obras destes autores.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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OLHANDO PARA TRÁS: UM ESTUDO DOS DIFERENTES VALORES CONCEBIDOS
AOS PRETÉRITOS INDEFINIDO E PERFEITO EM LÍNGUA ESPANHOLA
Autor: Leandro Silveira de Araújo ([email protected])
Apoio: PIBIC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Mônica F. Mayrink O’Kuinghttons
Co-orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosane Berlinck
IES: Universidade de São Paulo
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Lingüística
O objetivo deste trabalho é proceder ao estudo do uso dos tempos verbais Pretérito Indefinido de
Indicativo e Pretérito Perfecto de Indicativo, em língua espanhola. Esse tema foi escolhido em razão
das dificuldades que esses tempos verbais – em especial o Pretérito Perfecto – costumam apresentar
durante o processo de aprendizagem de língua espanhola por estudantes brasileiros devido à
distância que parece haver entre os usos descritos pelas gramáticas e pelo uso real desses tempos
verbais por falantes nativos de espanhol. Partindo da análise da descrição feita pelas gramáticas e da
perspectiva de uso dos passados conforme sua manifestação na língua falada por falantes nativos de
espanhol, o estudo pretende contribuir para a elaboração de um material explicativo que aborde o
tema em questão, conciliando as duas referências acima expostas. Desta maneira, as seguintes
perguntas orientam a pesquisa: a) Que descrição as gramáticas fazem do uso do Pretérito Indefinido
de Indicativo e no Pretérito Perfecto de Indicativo, em espanhol? b) Que percepção tem falantes
nativos (professores) de língua espanhola a respeito do uso do Pretérito Indefinido de Indicativo e
do Pretérito Perfecto de Indicativo, na língua falada? O primeiro questionamento obteve sua
resposta do levantamento sistemático de usos apresentados por três gramáticas de língua espanhola,
a saber: Gramática de la lengua espanhola (ALARCOS, 2005), Gramática de la lengua Castellana
(BELLO, 1954) e Gramática didática del espanhol (TORREGO, 2002). Verificamos que as obras
analisadas são unânimes em apontar que o Pretérito Indefinido assume uma perspectiva de passado
apresentando as ações como ocorridas em um segmento temporal anterior ao momento da
enunciação, e que o Pretérito Perfecto coloca a ação terminativa em um segmento temporal que
também abarca o momento de enunciação. Contudo, a partir deste uso fundamental, cada gramático
propõe também outros usos para estes tempos, usos estes que surgem a partir da perspectiva adotada
pelo falante. Para responder a segunda pergunta de pesquisa, nos apoiaremos em dados coletados
por meio de entrevistas a falantes nativos que se dedicam ao ensino da língua castelhana a
brasileiros, pois, acreditamos que eles podem contribuir, também, com informações relevantes
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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provenientes de sua prática reflexiva sobre a língua. Para a elaboração da entrevista, nos apoiamos
nas orientações de SZYMANSKI (2002). Nesta apresentação, destacaremos os objetivos da
pesquisa, a sistematização das descrições feitas pelas gramáticas selecionadas para o estudo, o
instrumento de entrevista usado para a coleta de dados sobre o uso desses tempos por falantes
nativos de língua espanhola, os resultados iniciais dos dados provenientes dessas entrevistas e um
questionamento do valor dado à gramática normativa em nossa sociedade.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA ATRAVÉS DAS MÍDIAS
Autores: Levi Henrique Merenciano / Márcio Millani ([email protected]/
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eva Ucy Miranda Sá Soto
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Letras Modernas
Com base no tema sugerido “eu, meu mundo e as mídias”, pretende-se desenvolver um método de
aprendizagem em língua espanhola para alunos do terceiro ciclo do ensino público estadual, através
da história das mídias. Nesse caso, dever-se-á trabalhar no contexto não só das novas mídias, mas
no das antigas também. Por isso, o fundamento dessa proposta compreende as mídias como
ferramentas de lazer, cultura e aprendizado, que vão dos tempos mais antigos (como as mídias eram
empregadas no início do século XX, por exemplo), bem como a forma como as pessoas tinham
acesso ao lazer, à cultura e ao aprendizado através das mídias da sua época, bem como o uso dessas
ferramentas de comunicação em nossa era da informação. Traçamos três épocas que podem servir
de base para a elaboração dos temas relacionados à novas mídias, que compreendem meados do
século XIX (1850), entendendo como marco a Revolução Industrial, meados do século XX (1968),
época do surgimento da televisão no Brasil) e a contemporaneidade (2008), época das tecnologia da
informação e das novas mídias. Devemos tomar cuidado com relação à interpretação dada às novas
mídias. Ao nosso ver, ao trabalharmos com essa idéia, podemos entender que as mídias
compreendem diversos processos de comunicação (linguagens), sejam de origem verbal ou não
verbal, ou as semióticas sincréticas (cinema, por exemplo, que é uma combinação de linguagem
verbal – texto da legenda – e não verbal – audiovisual). Entram nessa classificação conversa pessoal
ou net, rádio, músicas, livros, jornais e revistas virtuais, bate papo, chats, sites tipo Orkut, myspace,
pinturas, youtube, etc. No que diz respeito ao conteúdo gramatical, o "Marco Común Europeo de
Referencia" serve de base para estabelecer um ensino voltado para o nível A1.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRO-DESCENDENTES: UM RELATO DE PESQUISA
AÇÃO EM SALA DE AULA
Autora: Maria do Rosário de Sousa G. de Campos ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Silvia Elisabeth Moraes
IES: Centro Universitário Central Paulista – UNICEP
Departamento: Educação
A pesquisa que ora se apresenta objetivou estimular em uma classe de sexta série de uma escola da
rede particular de ensino da cidade paulista de São Carlos uma reflexão crítica sobre a importância
da cultura africana no Brasil e no mundo. Nesse sentido, tratou-se de um projeto de abordagem
qualitativa alicerçado na organização curricular por projetos de trabalho pedagógico nos limites da
pesquisa-ação. Ou seja, a partir da intervenção docente no lócus da pesquisa foram obtidos os dados
perscrutados nessa investigação. Isso se deu por meio do ensino interdisciplinar que contemplou
aspectos estéticos, históricos, antropológicos e geopolíticos relacionados ao tema no decorrer dos
anos letivos de 2005 e 2006. Os procedimentos didáticos utilizados para a efetivação da proposta
foram aulas expositivas, seminários, debates, exibição de filmes de longa e curta-metragem,
execução de músicas africanas e afro-brasileiras, análise de obras literárias, jornais e revistas, além
de palestras com integrantes de organizações políticas de afro-descendentes. A análise de
manifestações orais e escritas dos educandos evidenciou uma tomada de consciência acerca da
importância do negro na sociedade brasileira, assim como a “autocontextualização” dos alunos
como membros de uma sociedade cosmopolita e multirracial, independentemente da etnia de cada
sujeito envolvido nessa investigação. Dessa forma, educandos - e educadores - quebraram
estereótipos sobre diferenças étnicas, o que acarretou a valorização da cultura africana e afro-
brasileira em confluência com uma construção identitária assentada no reconhecimento de que cada
ser humano carrega em si um pouco de outrem.
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LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A
FORMAÇÃO DOCENTE: ALGUMAS REFLEXÕES
Autora: Nara Devi Dasi Almeida ([email protected])
Co-autoras: Cristiane Moraes Escudeiro; Sara Regina Françoso; Suzelei Adriana Freire
Padovane; Tatiane de Lima Pereira
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Julia Canazza Dall'Acqua
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
O relatório sobre a situação da educação no mundo, divulgado pela Organização das Nações Unidas
para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), situa o Brasil em 72º lugar num conjunto de 127
países. Entre os brasileiros com idades que variam de 15 a 64 anos, apenas 37% lêem frases e
enunciados curtos, 30% se limitam a localizar informações simples em uma única frase e 8% são
totalmente analfabetos, segundo o Instituto Paulo Montenegro, do Ibope, citado por LINDOSO
(2004). Nesse contexto, procuramos caracterizar a situação específica da cidade de Araraquara na
qual atua esta unidade do PEJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos), programa de
extensão universitária da UNESP. De acordo com o último levantamento do SBA 2007 (Sistema do
Brasil Alfabetizado), coordenado pelo MEC (Ministério da Educação), o referido município possui
cerca de sete mil pessoas analfabetas, o que corresponde a 4,9 % de sua população total. Diante de
tais estatísticas, que nos oferecem uma visão do grande desafio que se coloca ao país, o PEJA tem
como objetivo oferecer a esta parcela da comunidade o acesso à educação escolar, considerando os
motivos pelos quais os alunos não a frequentaram na idade devida ou precisaram abandoná-la,
assim como sua trajetória de vida. Além disso, este projeto de extensão busca apresentar uma
possibilidade diferenciada de formação inicial aos alunos dos cursos de licenciaturas, propiciando
um “processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma
indissociável, viabilizando a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade”
(UNESP/PROEX, 2007). Porém, os professores do programa têm se deparado com diversas
dificuldades que, acreditamos, devam permear também o trabalho em outras salas de aula de EJA
(Educação de Jovens e Adultos). Para efeito de identificar a natureza de tais dificuldades, foram
realizadas investigações junto aos alunos que resultaram na detecção dos seguintes entraves ao
trabalho: a mudança constante no número de alunos nas salas de aula, cansaço por conta do
trabalho, problemas familiares e de saúde, a tentativa de conciliar a visão de educação do aluno com
a visão do professor, espaços inadequados para a instalação das salas de aulas, tentativa de abranger
os diferentes níveis de conhecimento escolar, organização do tempo das aulas, falta de parâmetros
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
68
curriculares para a EJA e de material didático específico. Mesmo considerando as dificuldades
referidas a participação dos alunos de licenciaturas neste processo interessante de formação inicial
propicia uma reflexão histórico-crítica sobre sua futura atuação profissional e a realidade que o
cerca.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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A PRODUÇÃO DE TEXTOS ESPONTÂNEOS NA ALFABETIZAÇÃO
Autora: Rosely Hourneaux de Almeida ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Cagliari
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Lingüística
Aprender a ler e a escrever, no início da alfabetização não significa para Cagliari (1999), saber tudo
sobre a produção da leitura e da escrita, tampouco saber de cor a forma ortográfica de todas as
palavras. O professor que deseja realmente alfabetizar deve trabalhar, sempre que possível, com
textos significativos e possibilitar o envolvimento com a problemática da linguagem, analisando-a
dentro de um contexto real de uso, ou dentro da própria linguagem, como é o caso do estudo das
relações entre letras e sons. Como atividade de escrita, é essencial que os alunos aprendam primeiro
a escrita e ponham-se a escrever como eles acham que deve ser. Não basta dizer ao aluno que ele
errou, que seu texto está todo desarticulado. À medida que os alunos forem escrevendo e sendo
instruídos a respeito da ortografia, procurarão escrever cada vez mais corretamente, chegando em
pouco tempo a ter poucos erros de grafia, mesmo na primeira versão dos textos que escreveram.
Para Cagliari (1999), uma análise com produção de textos espontâneos com crianças em fase de
alfabetização, os professores e alunos puderam perceber que era preciso ensinar como lidar com a
ortografia e a tomar consciência de que todas as palavras têm apenas uma forma de escrita, e que
essa forma deve ser usada por todos. Os textos livres feitos espontaneamente pelos alunos revelam o
que realmente sabem e como operam com esses conhecimentos. Analisando o que os alunos
elaboram, o professor acaba descobrindo, como os linguistas, quais as hipóteses que regem o
comportamento linguístico das crianças e quais as regras que utilizaram na sua produção. O erro é
mais revelador do que o acerto, já que este pode ser fruto do acaso, mas o erro é sempre fruto de
uma reflexão, de um uso indevido de algum conhecimento. Para Massini-Cagliari (2001), quando as
crianças entram na escola para aprender a ler e a escrever, o primeiro modelo de texto escrito que
recebem para copiar é a cartilha. Para uma análise dos textos das cartilhas, em termos de sua
coerência e coesão, fica bastante claro porque essas mesmas crianças apresentam problemas sérios
nas suas produções futuras, pois esses problemas são encontrados nos textos de cartilhas. Daí a
necessidade de se apresentar à criança em início de alfabetização, textos de qualidade e que tenham
sentido para ela. Crianças expostas unicamente à cartilha produzem textos semelhantes ao modelo
de textos escritos que lhes foi passado pela cartilha. Na alfabetização o mais importante é cuidar da
ortografia e é importante os alunos terem dúvidas ortográficas. Esses textos são mais um pretexto
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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para a escrita do que uma produção para ser lida pelos outros, mas os alunos devem ter em mente
possíveis leitores o que só se consegue redigindo textos para finalidades específicas. A análise
realizada é importante para se repensar a aprendizagem da leitura e da escrita na alfabetização, sem
dúvida.
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ENSINO-APRENDIZAGEM DOS FALSOS AMIGOS DO ESPANHOL PARA
BRASILEIROS: CRIAÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA AUTOAPRENDIZAGEM ON-LINE
Autora: Samanta de Pádua Neves ([email protected])
Apoio: PIBIC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ucy Soto
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Letras Modernas
Sendo muitas vezes considerado como algo "simples" ou "fácil", o estudo da língua espanhola por
brasileiros vem marcado por muitas ambiguidades (CELADA y GONZチ LES, 2001), entre elas a
crença de que a maior dificuldade que existe na aprendizagem do espanhol por parte dos brasileiros
está na grande quantidade de falsos cognatos, mais comumente conhecido como falsos amigos, que
existem nessas línguas. Pela semelhança existente entre os dois idiomas, deparamo-nos, sim, com
uma dificuldade relacionada aos falsos cognatos. No entanto, a questão não é uma simples
substituição de um determinado item lexical por outro, como aparece na maioria das vezes, de
forma caricaturada, em propagandas. Segundo Humblé (s/d), o problema dos falsos cognatos está
não apenas na diferença de sentido das palavras semelhantes na forma, mas no uso e em sua
aplicação. Certos itens lexicais podem gerar inadequação na comunicação, mesmo que haja
compreensão por parte dos falantes. Uma inadequação que, na maior parte das vezes, passa
despercebida pelo falante que a produziu. A proposta desta pesquisa de Iniciação Científica é
analisar esta questão dos falsos cognatos entre português e espanhol para, a partir de considerações
fundamentadas na descrição do problema e sua melhor compreensão, formular exercícios on-line
que abordem este importante aspecto do ensino-aprendizagem de um idioma estrangeiro, neste caso,
do espanhol. Para tal utilizaremos o programa Hot Potatoes, desenvolvido pela University of
Victoria (Vancouver, Canadá, que possibilita a criação de testes e exercícios rápidos, que podem ser
disponibilizados na internet. O fato de poderem ser facilmente colocados na web permite, por um
lado, um meio barato de divulgação e circulação e, por outro, quando bem formulados, um formato
que pode contribuir para uma maior interação e autonomia do aluno. Nesse tipo de exercício on line
o aluno acompanha o resultado de seu estudo na medida em que desenvolve suas atividades. Além
de serem utilizadas como exercício de auto aprendizagem, estas atividades didáticas apresentam
uma segunda vantagem: podem ser realizadas em sala de aula, com acompanhamento de um
professor - que passa a dispor de uma ferramenta para ampliar pedagogicamente sua criatividade de
ensino (Antunes, 2006) -, em casa ou outros lugares que disponibilizem acesso ao mundo virtual.
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ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA SOB UMA PRESPECTIVA
EPILINGUISTA
Autora: Suzana Maria Lucas Santos ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Gladis Massini-Cagliari
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Lingüística
As constantes crônicas às práticas pedagógicas baseadas em exercícios mecânicos de memorização
e reconhecimento de meras estruturas linguísticas têm impelido o professor de língua estrangeira a
abandonar o modelo de ensino tradicional e se empenhar na busca por outro mais adequado e
condizente com as necessidades dos indivíduos. Para tanto, torna-se necessário conceber a
linguagem como ferramenta de interação entre as pessoas por meio da qual interlocutores
constituem-se como sujeitos ativos de um processo em que os participantes realizam trocas verbais,
constroem sentidos e influenciam-se mutuamente. Nessa perspectiva, a Teoria das Operações
Enunciativas (TOE), de Antoine Culioli (1990), objetiva explorar a linguagem em suas diferentes
possibilidades de realização, tendo em vista a inserção do sujeito como elemento capaz de se
construir a partir do discurso. Ao contemplar aspectos cognitivos e afetivos do processo ensino-
aprendizagem a TOE propõe atividades epilinguísticas de cunho reflexivo que contemplam
domínios sócio-psicológicos de um lado e linguísticos de outro, favorecendo maior interação
professor ↔ aluno ↔ aluno, propiciando ao aprendiz total liberdade de criar, transformar, montar e
desmontar, substituir ou mesmo silenciar, conduzindo-o, consequentemente, à reflexão para
construção da língua(gem). Trabalhando a metalinguagem de forma inconsciente, as atividades
propostas por Culioli oferecem ao usuário da língua a oportunidade para pensar sobre os recursos
expressivos de que faz uso ao falar ou escrever. Norteado pelos pressupostos teóricos da TOE, o
presente trabalho propõe o desenvolvimento de atividades epilinguísticas voltadas ao ensino-
aprendizagem da língua inglesa. Optou-se por utilizar uma unidade de ensino do livro "New
Headway Intermediate", material didático ainda hoje adotado por algumas instituições de ensino
superior. Abordando o texto de forma diferenciada da sugerida no livro em questão, tentou-se
demonstrar que um mesmo conteúdo pode ser trabalhado de forma mais significativa, despertando
nos educandos atitudes favoráveis ao estudo da língua-alvo. Espera-se, com as idéias aqui expostas,
poder de algum modo contribuir na formação do professor de inglês, em particular, principalmente
no sentido de conscientizá-lo da importância do seu papel enquanto linguista e, acima de tudo,
enquanto educador ativo e transformador na sociedade.
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APRESENTANDO SÃO CARLOS: ALGUNS PONTOS CULTURAIS
Autora: Talita Caroline de Oliveira ([email protected]; [email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Telma Luzia Pegorelli Olivieri
Co-orientadora: Prof.ª Livia Dotto Martucci
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Artes e Comunicação
Através de aulas educativas, expositivas, criativas e dinâmicas, pretende-se transmitir aos alunos
com este projeto, um prévio conhecimento acerca dos patrimônios históricos e culturais da cidade
de São Carlos utilizando os mesmos como fonte de recurso para a criatividade. Demonstrando
assim o potencial de cada aluno através de seu processo cognitivo e criativo o que de importante
pôde ser absorvido através de aulas teórico-práticas, na qual possibilita gerar além dos
conhecimentos adquiridos, a conclusão de uma exposição de acordo com as identificações
patrimoniais. Baseando-se em alguns grandes teóricos como Grandi, Barbosa, Feuerstein e sites
educativos acerca dos patrimônios espera-se oferecer a acessibilidade aos conhecimentos históricos
e culturais de alguns patrimônios da cidade. Podendo também contribuir para a formação intelectual
dos alunos que pretenderem continuar neste ramo, além de futuramente através de formações mais
especializadas agirem no campo de trabalho relacionado ao turismo, aos campos históricos,
culturais e patrimoniais oferecendo uma aproximação dos alunos com os patrimônios públicos e a
criatividade perante estes patrimônios. Assim, este projeto terá como objetivo ampliar os
conhecimentos culturais e históricos de cada aluno, analisando de maneira diversificada e criativa
alguns patrimônios históricos e públicos da cidade de São Carlos, ampliando e identificando as
possíveis maneiras que os alunos terão em manifestar o que há de arte dentro de cada um deles,
juntamente com um olhar sócio-histórico envolvendo os pontos culturais da cidade.
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O IMPACTO DAS PESQUISAS SOBRE A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA NA
ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS CARTILHAS
Autora: Silvia Oliveira Santos ([email protected])
Apoio: PET/MEC/Sesu
Orientador: Prof. Dr. Francisco Mazzeu
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
Historicamente a questão dos métodos no ensino da leitura tem sido fortemente influenciada por
estudos e pesquisas no campo da Psicologia. Um exemplo pode ser apontado já no início do século
XX, com a introdução do conceito de interesse, trazido pelos representantes da Escola Nova que
propunham a chamada “Revolução Coperniciana” na Educação e no ensino da leitura (o aluno
como centro do processo de ensino-aprendizagem). Os métodos considerados como de coação (em
sua maioria de marcha sintética: alfabético e fonético), recuam, frente às duras críticas recebidas
dos partidários dos chamados métodos inovadores (os métodos de marcha analítica e o método
global). O médico e psicólogo Ovídio Decroly foi quem fundamentou teoricamente o método global
e também quem mais se ocupou do conceito psicológico de interesse. Tal conceito voltou-se contra
a “monotonia insuportável do método alfabético”, e apesar de várias adaptações, passa a orientar os
métodos de ensino da leitura ao longo do século (Braslavsk, 1971). Contudo no final do século XX,
mas especificamente na década de 1980, começam a circular entre os educadores, os resultados de
pesquisas que davam conta de uma mudança na forma de compreender o processo de alfabetização.
Tais trabalhos, em especial o da Psicogênese da Língua escrita, deslocavam a ênfase do “como se
ensina” para o “como se aprende”, provocando assim forte impacto no entendimento que se tinha do
processo de aprendizagem da leitura e da escrita, e, além disso, forçando uma extensa revisão das
práticas de alfabetização. As pesquisas sobre a Psicogênese da Língua escrita também apresentam
uma ruptura com as formas tradicionais de alfabetização (o uso de cartilhas, por exemplo), e
propõem a partir do deslocamento das questões do ensino para as questões da aprendizagem, uma
mudança radical nos métodos de ensino da leitura e, consequentemente, no material didático.
Considerando tais constatações pretende-se com este trabalho investigar o impacto dessas pesquisas
no ensino de alfabetização a partir de análise comparativa entre cartilhas produzidas até a década de
1980 e aquelas elaboradas posteriormente sob a influência dessas idéias, a fim de compreender, de
que forma essas pesquisas, se transformam em orientações práticas no ensino de alfabetização e
levantar quais os elementos mais significativos de continuidade e de ruptura em relação aos
métodos usuais de alfabetização.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
75
SEÇÃO E - TRABALHO DOCENTE
PRÁTICAS BEM-SUCEDIDAS DE UMA PROFESSORA ALFABETIZADORA
Autora: Aline Juliana Oja ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Maévi Anabel Nono
IES: Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Programa de Pós- graduação em Educação
As questões educacionais no Brasil encontram-se em um período crítico, já que a realidade aponta
que os sistemas públicos de ensino apresentam-se fragilizados e inadequados para atender aos
alunos de maneira eficiente (FRANCO, 2000; PARO, 2001). Essa problemática é refletida,
inevitavelmente, no trabalho docente, pois o professor passa a enfrentar inúmeros desafios e, dessa
forma merece, dentre outros elementos, espaços para reflexões sobre o seu trabalho. As mudanças
sociais ao longo dos anos transformaram profundamente o trabalho do professor, sua imagem social
e, principalmente, o valor que a sociedade atribui à educação (ESTEVE, 1999). Porém, esse quadro
problemático não está condenado ao insucesso generalizado, já que oferece oportunidades
significativas para uma investigação sobre os desafios que essa realidade propõe principalmente ao
professor. Neste contexto, o objetivo deste trabalho, em fase de levantamento teórico e início da
coleta de dados, consiste em estudar o professor e sua prática. Assim, a partir de uma investigação
teórica acerca do trabalho docente podemos destacar estudos que apontam para o crescente
fortalecimento de um pensamento negativo sobre o professor (DIAS–DA– SILVA, 1994; MARIN,
1998; ESTEVE, 1999; PARO, 2001) já que, muitas vezes, a partir das novas exigências do ensino,
esse profissional acaba por ser considerado responsável pelos resultados insatisfatórios na
aprendizagem dos alunos. Propomos, assim, a realização de um estudo de caso com uma professora
alfabetizadora considerada bem-sucedida, visando descrever e analisar a construção dessa prática
cotidiana. Essa investigação será orientada pelos princípios da pesquisa qualitativa e terá como
técnica de coleta de dados a observação participante e a entrevista semi-estruturada. A pesquisa será
realizada em uma escola pública de um município do interior paulista em uma classe de
alfabetização de crianças com seis anos de idade do Ensino Fundamental. Pretende-se, assim,
desenvolver um estudo que tenha como foco uma experiência docente bem sucedida, com o
objetivo de compreendê-la e sinalizar possibilidades para o enfrentamento das dificuldades, já que o
desvendamento da prática através da investigação da realidade pode contribuir com uma
transformação positiva do trabalho docente.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
76
CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO DE ESTUDOS E PROPOSTAS SOBRE A FORMAÇÃO
DO EDUCADOR CONTEMPORÂNEO PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DE
PROFESSORES
Autor: Antônio Netto Júnior ([email protected])
Co-autores: Camila José Galindo; Adriana Marques Guimarães Dias; Celso Aparecido Cerqueira
Barreiro; Edson do Carmo Inforsato
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
Co-orientador: Prof. Dr. Mauro Carlos Romanatto
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
A formação continuada talvez seja a expressão máxima de uma sociedade que instituiu a mudança
como norma, a despeito das contradições dos termos. O conhecimento obtido pelos processos de
averiguação de base científica não cessam de introduzir novos artefatos, novos modos de se ver e de
se perceber e, conseqüentemente, novos modos de relação de uns com os outros e também de todos
com a natureza. Neste sentido, formar-se e ser formado é um processo continuo de se preparar para
a vida. Os professores, por premissa, são os que formam e para eles essa situação de formar-se
torna-se ainda mais complexa. Este é um aspecto muito importante de investigação de nosso grupo:
como se formar numa sociedade que não se estabiliza? Outro aspecto, este o mais crucial para nos,
refere-se ao seguinte: como sair das estruturas de programas formativos para estratégias formativas?
E ainda: como buscar as estratégias formativas para os docentes, isto é: como inverter a situação de
formação baseada na oferta para uma situação de formação baseada na demanda? Todas essas
questões têm sido discutidas por nosso Grupo por meio de leituras de várias fontes, filosóficas,
sociológicas, epistemológicas e pedagógicas. Atualmente temos nos concentrado na formação
continuada de professores e após vários trabalhos (dissertações, teses e trabalhos de iniciação
científica) em que realizamos estudos sobre levantamento de necessidades formativas, por meio de
surveys e de trabalhos mais localizados, partimos para a nova etapa da nossa investigação que por
meio da pesquisa-ação pretende construir estratégias formativas que dê referências importantes para
a formação continuada. Estamos investigando, há quase um (1) ano, uma Escola Municipal de
Ensino Fundamental localizada em um bairro do município de Araraquara. Optamos trabalhar com
a metodologia da Pesquisa- Ação para nos auxiliar nas abordagens, observações e vivencia dentro
do ambiente escolar. Nesse trabalho trazemos a contribuição da técnica do Planejamento Estratégico
Situacional como ferramenta que auxilia o desenvolvimento de uma Formação Continuada na
escola. Esta possibilita a definição de atores relevantes, atores principais, concepções de formação,
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
77
concepções de pesquisa, demandas da escola, condições de trabalho, identificação de princípios e
objetivos da escola. A potencialidade do Planejamento Estratégico no projeto de Formação na
escola e a de propiciar a reflexão da equipe escolar nos quesitos: organização e planejamento, do
trabalho que esses profissionais realizam no seu cotidiano. Especificamente o uso dessa técnica foi
utilizada no Planejamento Escolar no início do ano letivo de 2009 e algumas reuniões entre os
pesquisadores do GEPFEC e a equipe gestora da escola.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
78
INVESTIGAÇÕES PRÉVIAS SOBRE O LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES
FORMATIVAS DOS PROFESSORES
Autora: Ariana Cestari Panagassi ([email protected])
Co-autoras: Júlia Graciela de Brito; Flávia Graziela Moreira
Apoio: Núcleo de Apoio UNESP
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
Co-orientadores: Prof.ª Dr.ª Rosebelly Nunes Marques; Prof. Dr. Mauro Carlos Romanatto
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
A formação de professores é um tema de grande importância e tem se intensificado como uma das
maiores preocupações dos sistemas educativos, tanto a formação inicial quanto a formação
continuada. Quanto a esta última, deve-se ter em vista as interferências das mudanças sociais que
geram inúmeras necessidades na carreira do professor. Nesse sentido, sua eficácia se torna maior se
ela se ativer a essas necessidades. Por essa perspectiva e adotando a metodologia da nova pesquisa-
ação, o presente trabalho visa levantar as necessidades dos docentes a partir da realidade do seu
ambiente de trabalho, em uma escola municipal do ensino fundamental da cidade de Araraquara,
para a construção de apoios para a superação de algumas delas. Na fase inicial, elaboraram-se
entrevistas com professores e coordenadores da escola para se construir um quadro preliminar que
pudesse indicar ações e intervenções. Realizaram-se as entrevistas individualmente, seguindo um
roteiro previamente elaborado. Da análise dos dados dessas entrevistas identificaram-se quatro
categorias principais: a) identidade profissional, b) métodos de ensino (material didático), c)
dificuldades no cotidiano escolar e d) necessidades formativas. Entre as respostas dos entrevistados
as mais freqüentes foram as queixas em relação a falta de tempo para a preparação e execução das
atividades e a falta de materiais e de conhecimento apropriado e direcionado para ensinar os alunos
que apresentam maior dificuldade na aprendizagem. Os professores ressaltaram também a
importância de estimular a aprendizagem através de músicas, seminários e peças teatrais. As
atividades desenvolvidas por nós em auxilio aos professores atendem às suas necessidades em
relação a falta de atenção e concentração dos alunos em sala de aula e nas dificuldades dos mesmos
na leitura e escrita. Pautados pela pesquisa-ação, e importante destacar que todas as atividades
propostas foram pensadas e construídas em parceria com os professores. Os resultados obtidos até o
momento revelaram que as necessidades formativas dos professores estão relacionadas com as
dificuldades que eles têm no enfrentamento das atividades no cotidiano escolar, sendo que a maior
necessidade é como trabalhar, ao mesmo tempo, na sala de aula com alunos que apresentam
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
79
dificuldades na aprendizagem e com aqueles que não apresentam.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
80
PROBLEMÁTICA E CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DE NECESSIDADES EM
PRÁTICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES
Autora: Camila José Galindo ([email protected])
Apoio: CAPES
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
Analisar necessidades pode parecer algo simples pela conotação um pouco desvalorizada do termo.
No entanto, trata-se de processos meticulosos para uma compreensão acerca do contexto de atuação
do professor na escola e das dificuldades que apresentam em prática. A análise de necessidades
pode ser entendida, em seu potencial, como forma de compreensão ou desvelamento de imbricações
de dificuldades em contextos de atuação profissional durante ou anterior a processos de formação.
Os processos de análise de necessidades, em geral, não se debruçam em um conhecimento
endêmico do contexto de trabalho que vivenciam os professores; mesmo em países onde a análise
de necessidades e uma prática formalizada, legal e institucional, arraigadas a centros de formação,
institutos superiores de ensino ou órgãos governamentais. Um dos impasses que parece ser um
agravante para a descaracterização da análise de necessidades na formação de professores recai
sobre os processos rotineiros e burocratizantes, que se distanciam muito das práticas em contexto,
das diferenças e particularidades dos sujeitos, instituições e tempos, e da forma como as
problemáticas são anunciadas, vivenciadas e percebidas pelas equipes. Outro agravante parece
apontar para os processos metodológicos de análise de necessidades, ainda que utilizados
conjuntamente. Nossa percepção para uma contribuição a análise de necessidades de formação de
professores e alavancar os processos de desenvolvimento profissional de equipe de educadores para
que sejam verdadeiramente autônomos em sua formação e mais conscientes de seus impasses e
expectativas de/em formação. Essa tarefa não se apresenta com muita facilidade, tendo em vista o
caráter dinâmico e evolutivo das necessidades, sejam elas individuais, coletivas ou institucionais.
Em que pese tal desafio, nos parece promissor pensar em novas formas de indução, inferência e
percepção de necessidades, por meio de análise em contexto. Tal convicção nos levou ao
desenvolvimento de uma pesquisa-ação em uma escola pública municipal de Araraquara-SP, junto a
professores e gestores com o intuito de contribuir para o desenvolvimento profissional da equipe
escolar. Essa modalidade de pesquisa tem-se mostrado promissora para uma compreensão mais
profícua de processos formativos de docentes baseados em análise de necessidades, ainda que os
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
81
desafios e as condições de concretização sejam muitas, nossa percepção caminha para necessidade
de se otimizar processos formativos centrados na escola e nas demandas que ela apresenta a equipe
de profissionais.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
82
A PRÁTICA DOCENTE NO INÍCIO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Autora: Elizabeth Keiko Yoshizawa ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: Faculdade de Ciências da UNESP/Bauru
Departamento: Educação
O presente estudo buscou discutir o início da atuação profissional docente e as atuais condições de
trabalho dos docentes de escolas públicas brasileiras, tendo como referência resultados de pesquisas
empíricas e revisão bibliográfica. Parte-se da premissa de que com a reestruturação produtiva
assistida de forma mais ostensiva nas duas últimas décadas, novas demandas têm sido apresentadas
a educação escolar com relação aos seus objetivos, refletindo em mudanças nas formas de gestão e
organização do trabalho na escola. Tais mudanças trazidas pelas reformas educacionais mais
recentes tem resultado em intensificação do trabalho docente, ampliação do seu raio de ação e,
conseqüentemente, em maiores desgastes e insatisfação por parte desses trabalhadores, já em suas
primeiras experiências profissionais. Metodologia: A revisão teórica privilegiou um minucioso
levantamento e análise de recentes estudos nas áreas da Educação, Sociologia, Psicologia, Política
Educacional, direcionado por três categorias: a) história profissional na docência e b) dificuldades e
desafios na prática docente; c) início da atuação docente. Dentre os principais resultados podemos
destacar a proximidade de dificuldades e desafios denunciados nos estudos científicos enfrentados
no início da atuação docente: 1) rigidez e restrição nos procedimentos e recursos didáticos; 2)
dificuldade dos professores em relacionar-se conscientemente com os pressupostos etico-politicos,
epistemológicos, didáticos, psicológicos, lingüísticos subjacentes a prática pedagógica; 3)
insuficiência de domínio dos conteúdos escolares pelos professores; 4) dificuldades enfrentadas
pelos professores no trabalho com e produção de textos; 5) dificuldades na utilização da linguagem
oral enquanto expressão do conteúdo de ensino e como instrumento de melhoria de habilidades de
pensamento; 6) ausência de trabalho coletivo na escola; 7) inadequação da avaliação do rendimento
escolar; 8) defasagem de conteúdo e baixos níveis de aproveitamento escolar dos alunos; 9)
indisciplina na sala de aula; 10) dificuldades no processo de reflexão e raciocínio dos professores
para a concretização das práticas educativa. Em suma, concluímos que é importante considerar que
as dificuldades e desafios na formação e atuação docente tem como limites os próprios interesses e
valores que orientam os docentes e que presidem a cultura das escolas. Os dados aqui expostos
indicam a gravidade da situação atual de crise e o delineamento das dificuldades e desafios na
prática docente. O estudo conclui a relação de desvalorização da atuação docente e a relativização
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
83
do conhecimento escolar que se articula ao desmonte da escola pública e acompanha o movimento
de desvalorização das pessoas que usam a escola e fazem dela seu posto de trabalho.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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A AQUISIÇÃO DE CAPITAL CULTURAL: REFERÊNCIA INDELÉVEL E EFETIVAÇÃO
DA AÇÃO DOCENTE
Autora: Eva Poliana Carlindo ([email protected])
Apoio: CAPES
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marilda da Silva
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
Este estudo foi realizado com o propósito de detectar as facetas constituintes do habitus profissional
de quatro professoras atuantes na ultima serie do primeiro ciclo do ensino fundamental de uma
escola municipal situada no interior paulista. Neste caso, partimos do princípio de que o habitus
profissional adquirido está diretamente relacionado ao habitus de classe e, conseqüentemente, a
estrutura do habitus familiar, o qual influencia a aquisição e disposição para amealhar capital
cultural dada a importância que se atribui a esse tipo de capital. Tendo em vista o objetivo aqui
pretendido, optamos por realizar entrevistas semi-estruturadas de caráter autobiográfico, as quais
versaram a respeito da origem social, das experiências vivenciadas na infância, em ambientes
escolares e não-escolares bem como sobre o início e permanência na profissão docente. Sendo
assim, a análise dos dados coletados permite-nos afirmarmos, preliminarmente, a partir da teoria
sociológica bourdieusiana, que a instituição escolar assume posição de destaque entre aqueles que
buscam ascensão por meio da educação escolar e da diplomação ao passo que esta instituição é tida
como responsável pela angariação e elevação do capital cultural dos agentes sociais que freqüentam
esse espaço, o que, de certa forma, impele-nos a acreditarmos na influência dessa instituição sobre a
aquisição do habitus profissional do professor uma vez que o professor passa muito tempo imerso
em seu futuro ambiente de trabalho. Além disso, tornar-se professor(a) implica elevar o capital
cultural adquirido até então e, conseqüentemente, distinguir-se de outros agentes sociais de sua
classe social de origem. Finalmente, defendemos que as experiências formativas vivenciadas pelo
sujeito-professor em diferentes contextos são referências indeléveis ao entendimento e análise da
ação docente efetivada cotidianamente em sala de aula.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
85
MUSICALIZAÇÃO E ALFABETIZAÇÃO: RELAÇÕES ESTRUTURAIS ENTRE A
FORMA SONATA COM A PALAVRA
Autor: José Luiz de Oliveira Coutinho ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: UNESP – Campus de Bauru
Departamento: Educação
O presente trabalho estudou a importância da música no desenvolvimento infantil, tendo como foco
principal verificar a influencia da prática dos elementos rítmicos e melódicos na compreensão da
leitura e constituição de um texto. Utilizou-se procedimentos construtivistas, para obtenção de
dados que mostrassem que a aprendizagem e o gosto da leitura desenvolvidos pela experimentação,
em ambiente musical, possibilitariam a construção do processo de leitura e de musicalização. A
metodologia da pesquisa utilizada foi a pesquisa-ação (em andamento) e os fundamentos teóricos se
basearam em alguns pesquisadores da área de investigação dos efeitos da musica. Observou-se e
analisou-se a relação entre música, texto e escrita em duas experiências: a primeira com a
apresentação de música erudita para alunos de licenciaturas, a segunda, a utilização de instrumentos
musicais em crianças da educação infantil. Em ambas experiências buscou-se a sensibilização da
escrita e leitura por meio da vivencia musical. Da analise preliminar destes, observou-se a
aprendizagem significativa e a sensibilização dos grupos na relação entre a musicalização e o
processo de alfabetização. Finalmente, concluiu-se que a musica, bem como seus elementos,
promove o estímulo a valorização e a aprendizagem da escrita e leitura.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: NECESSIDADES DA
PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Autora: Luciana Aparecida Ferrarezi ([email protected]; [email protected])
Co-autores: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato; Prof. Dr. Mauro Carlos Romanatto
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
Co-orientador: Prof. Dr. Mauro Carlos Romanatto
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
A formação continuada de professores tem assumido uma importância cada vez maior na nossa
sociedade, posto que são os professores os responsáveis pela mediação entre o aluno e o
conhecimento necessário para incluí-lo na sociedade contemporânea como cidadão. É fato que a
formação continuada, no Brasil, ocorre de maneira pouco sintonizada com as mudanças da relação
que se está estabelecendo entre o homem, sociedade e conhecimento. Os professores atualmente se
deparam com múltiplas e complexas situações, que estão além de referenciais teóricos, científicos e
técnicos, tendo que optar por outras formas de agir, construída a partir de suas reflexões, suas
crenças, seus valores, saberes próprios e de suas experiências de vida. Assim, as propostas de
formação devem estar articuladas com as necessidades do professor e do sistema educacional para
que possam ser veiculadas a sua prática profissional. Essa pesquisa justifica-se, portanto, pela
importância da busca de estruturação do processo de formação condizente com as necessidades
formativas, que consideramos relevante para o preparo dos professores da educação básica. Com
efeito, a participação dos professores no processo de formação continuada, a forma com que os
professores reagem, enquanto profissionais, diante da oferta dos programas de formação, deve-se à
compreensão de que, tanto a natureza do programa, em termos de sua proposta, de sua fonte e de
seus recursos, quanto o alcance da mesma, pelo número de participantes atingidos, poderia
proporcionar uma base adequada a nossos propósitos de investigação. A prática docente e o ponto
de partida para as problematizações realizadas, pois tem como objetivo possibilitar aos professores
uma oportunidade de refletirem sobre suas ações educativas, numa dinâmica que se caracteriza pela
ação-reflexão-ação. Na tentativa de compreender as exigências da formação de professores de
Matemática, discutimos questões que possam contribuir para uma melhor conscientização das suas
necessidades práticas e teóricas. O enfoque que propomos e importante por oferecer uma resposta
para esse desafio, apresentando as necessidades apontadas pelos professores, contribuindo para a
aproximação entre as propostas de formação continuada e a apropriação pelos professores no
cotidiano da sala de aula. Com relação ao exposto, a direção da investigação da pesquisa aponta
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
87
para o levantamento de necessidades formativas a partir do Programa de Educação Continuada Teia
do Saber, na tentativa de influenciar a estruturação de programas de formação continuada, que
contribuam de forma eficaz para o aprimoramento profissional dos professores e do sistema
educacional. Participar de uma investigação, respondendo sobre suas necessidades de formação,
aproxima o professor da reflexão consciente sobre as condições identificadas por meio de sua
própria trajetória profissional e de vida.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE E AS PRÁTICAS DE LEITURA NA REDE
PÚBLICA ESTADUAL DE SÃO PAULO: O PROJETO SÃO PAULO FAZ ESCOLA
Autora: Luciana Franco ([email protected])
Apoio: SEE/SP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Irene Jeanete Lemos Gilberto
IES: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-graduação em Educação
O presente trabalho tem como tema o Projeto São Paulo Faz Escola, desenvolvido pela Secretaria
Estadual de Educação a partir de dezembro de 2007, que privilegiava ações voltadas para as praticas
de leitura nos diferentes componentes curriculares, tendo em vista os resultados obtidos em
avaliações externas, os quais foram considerados pouco satisfatórios. De acordo com os dados do
Saresp de 2005, o índice de alunos que terminava a primeira série do ensino fundamental sem saber
ler girava em torno de 70%. Segundo a Cenp, em relatório sobre a referida avaliação, o quadro era
ainda mais preocupante, uma vez que os discentes tendiam a manter o mesmo indice ao final da
quarta serie do ensino fundamental. Assim, com base em tais dados, a SEE implementou o São
Paulo az Escola, que funcionaria como um programa abrangente, o qual teria por base os princípios
orientadores necessários para que a escola fosse capaz de promover as competências indispensáveis
ao enfrentamento dos desafios sociais, culturais e profissionais do mundo contemporâneo. A
primeira ação foi sistematizada uma recuperação intensiva, ocorrida entre os meses de fevereiro e
marco de 2008 e, para tal, alguns professores passaram por um processo formativo prévio, a fim de
intermediar as atividades que foram desenvolvidas em suas unidades de ensino durante o
planejamento inicial, no qual teriam por função auxiliar na formação dos docentes de outras
disciplinas no desenvolvimento das atividades propostas pela SEE, voltadas as praticas de leitura e
letramento. Num segundo momento, a SEE propôs uma nova matriz curricular, baseada nos
princípios de uma educação de qualidade, fundamentando-se, principalmente, na leitura e no
letramento como elementos indissociáveis da formação discente. Segundo Soares (2003) e Kleiman
(1995) o letramento, conceituado no plural pelas duas autoras, são as práticas sociais de leitura e
escrita e os eventos em que essas práticas são postas em ação, bem como as conseqüências delas
sobre a sociedade. Para Freire (1996), a leitura insere o sujeito na sociedade e o confere a condição
de cidadão. Além de Freire, Kleiman e Soares, serão utilizados como referenciais teóricos os
estudos de Abdalla (2006), Alarcao (1998) e Santos (1998), que estudaram questões relacionadas à
formação docente, bem como Tardif e Lessard (2005). Este estudo, de cunho qualitativo e ainda em
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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fase de desenvolvimento, foi realizado por meio de questionários e entrevistas semi-estruturadas
com os professores que participaram da fase inicial do projeto em uma escola estadual de São
Vicente. Os resultados parciais indicam que os professores de outras disciplinas apontavam os
professores de língua portuguesa como os únicos responsáveis pelas atividades de leitura.
Entretanto, algumas vozes destacam a necessidade da integração dos diferentes componentes
curriculares nas práticas que envolvam o letramento, haja vista as perspectivas sociais que
envolvem o exercício da leitura.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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TRABALHANDO COM UMA ALUNA DA EJA EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Autora: Mônica Pereira ([email protected])
Apoio: CAPES
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ester Buffa
IES: Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Departamento: Educação
O presente trabalho constitui-se em uma pesquisa de campo realizada com uma aluna em processo
de alfabetização de uma sala de Educação de Jovens e Adultos na cidade de Araraquara. A aluna
possui 62 anos de idade e é dona de casa. O principal objetivo era o de contribuir para o processo de
aprendizagem da aluna realizando planejamentos e intervenções que auxiliassem na superação das
dificuldades da aluna em questão. As intervenções foram realizadas em 10 encontros semanais com
duas horas de duração cada. Nesses encontros planejei atividades de leitura e escrita trabalhando
com diferentes gêneros textuais. Foram base teórica do trabalho autores como Paulo Freire (1987;
1996; 2006), Marlene Carvalho (2007) e Miriam Lemle (2008). Elaborei um diário de anotações e
análises das intervenções em que pude perceber que a aluna apresentava muita insegurança na hora
de escrever e algumas vezes não tentava escrever por medo de errar. A aluna parecia não acreditar
na sua capacidade de aprendizado. Com isso, na tentativa de auxiliar a estudante, procurei
apresentar temas e discussões sobre assuntos de seu cotidiano, temas do conhecimento da aluna,
valorizando a sua fala e opinião. Como resultado do trabalho, pude observar que a aluna obteve um
melhor desenvolvimento na leitura, possuindo fluência e compreendendo os assuntos tratados nos
textos. Com relação à escrita a aluna se manteve no mesmo estagio de escrita silábico-alfabético,
mas posso ressaltar que a estudante passou a escrever com mais segurança, o que considero um
progresso. Nessa experiência pude me deparar com as dificuldades enfrentadas pelos professores no
processo de ensino e aprendizagem e também conhecer a realidade da EJA o que considero de
grande valor para a minha experiência e conhecimento profissional.
Anais da III Amostra de Pesquisa em Educação
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DOCÊNCIA: EDUCAÇÃO E TRABALHO
Autor: Daniel Viana Torelli ([email protected])
Co-autores: PET-Pedagogia. Integrantes do ano de 2008: Cléder Aparecido Santa-Fé; Loranth
Hingredi dos Santos Corsi; Saulo Fantato Moscardini; Bruna Mendes Gerotti; Jefferson Santos de
Araujo; Mara Rúbia dos Santos Antônio; Márcia Aparecida Gilliotti dos Santos; Silvia de Oliveira
Santos; Caroline dos Santos Rodrigues; Cintia Lins Rocha; Daniel Viana Torelli; Elisangela Cristina
Vieira Melo; Érica Zavanella Navarro; Felipe Augusto dos Santos Ferrari; Marina Sabaine Cippola;
Tamires Aparecida do Amaral.
Apoio: Sesu/MEC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
No cenário atual torna-se cada vez mais intensa a influência da lógica capitalista no trabalho
docente. Desta forma se faz necessário aprofundarmos a reflexão acerca de suas nuances,
implicações e limitações práticas. Para tanto, nos reportamos a autores de fundamentação teórica
crítica, de referenciais marxistas, que nos permitiram analisar os acontecimentos presentes na
realidade dos profissionais da educação, desde a precarização de sua profissão, até as políticas
educacionais, que cada vez mais restringem sua ação e autonomia. Com base teórica alicerçada, a
partir das leituras e revisão bibliográfica, o grupo PET-Pedagogia direcionou-se à investigação
empírica, cuja primeira etapa consistiu na elaboração de um questionário a ser aplicado aos egressos
do curso de Pedagogia. Tal questionário visa uma análise mais sistemática das possibilidades e
limites da formação oferecida pela graduação em Pedagogia da FCL. O instrumento de pesquisa
aborda os temas que embasaram nossas reflexões a partir das leituras realizadas, a saber: as políticas
educacionais, a organização do curso - eixos de formação e trabalho docente, no caso do egresso
estar desenvolvendo a função de professor na rede de ensino. Atualmente a pesquisa se encontra na
fase de identificação dos egressos e encaminhamento dos roteiros para a coleta de dados. Ao final,
os dados serão compilados e analisados a partir de categorias analíticas construídas a partir do
conjunto de informações obtidas.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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SEÇÃO F - POLÍTICA EDUCACIONAL
TRAJETÓRIA DO CONSTRUTIVISMO NA REDE ESTADUAL DE ENSINO PAULISTA:
ANÁLISE CRÍTICA
Autora: Ana Carolina Galvão Marsiglia ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Newton Duarte
IES: Faculdade de Ciências e Letras UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Esta pesquisa trata da trajetória do construtivismo como discurso pedagógico oficial da Secretaria
de Estado da Educação de São Paulo nos últimos vinte e cinco anos. O referencial teórico e o
materialismo histórico-dialético e a metodologia consiste na análise crítico-dialética de programas e
documentos da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) e da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação (FDE) no período mencionado, buscando-se a contextualização
histórica desse material, sua articulação com os processos sociais e ideológicos próprios da
sociedade capitalista do final do século XX e início do século XXI, bem como as contradições entre
os objetivos proclamados e os objetivos reais. O material a ser analisado já foi coletado e
selecionado. As análises até aqui realizadas apontam para a existência de uma estreita relação entre
a adoção do construtivismo como discurso pedagógico oficial da rede estadual de ensino e as
injunções neoliberais e pós-modernas que se fazem presentes na política educacional paulista nesse
período de vinte e cinco anos.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
93
RAÇA, ETNIA E A ESCOLA: POSSIBILIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DA LEI
10.639/03
Autora: Ana Cecília Porto Cunha Coutinho (anacecilia21@hotmail)
Co-autoras: Dayse Kelly Barreiros; Gabriella Pizzolante da Silva; Giulianna Carla Stoppa;
Renata Gonçalves; Vânia Aparecida de Melo
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Viviane Patrícia Colloca Araújo
IES: Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Departamento: Metodologia de Ensino
O artigo apresenta uma discussão sobre a implementação da Lei 10.639/03 e de suas Diretrizes
Curriculares, as quais tornaram obrigatório o ensino de História e Cultura Afro- Brasileira nas
escolas de todo o país. A argumentação parte do reconhecimento da importância dessa legislação
como uma oportunidade de superação das desigualdades históricas vividas por grupos étnico-raciais
não hegemônicos. Dessa forma, a discussão é orientada pela seguinte estrutura: primeiramente,
apresenta uma discussão acerca da nova legislação sobre questões étnico-raciais e suas implicações
para a prática escolar. Em seguida, discute as implicações legais para o currículo escolar e, por fim,
descreve os principais pontos abordados em entrevista com uma professora de educação infantil que
apresenta pistas de como implementar no currículo escolar as indicações da Lei 10.639/03. Essa
legislação específica, por si só, não garante uma mudança na educação, mas representa um primeiro
passo para que isso aconteça.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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O PROCESSO DE BOLONHA E AS MUDANÇAS NA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
Autora: Cíntia Lins Rocha ([email protected])
Apoio: PET/MEC/Sesu
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
A Universidade é um lugar privilegiado para conhecer a cultura universal e as várias ciências, para
criar e divulgar o saber. Tem por finalidade básica a tríade ensino, pesquisa e extensão e desde sua
criação busca uma adequação às realidades nacionais. No caso em pauta, as universidades européias
foram alicerçadas com referência ao modelo de sociedade vigente. A partir 1980 emergem novos
modos de governo e regulação da educação superior. A presente pesquisa tem a finalidade analisar o
chamado Processo de Bolonha, uma política educacional universitária comum aos estados membros
da União Européia e outros, que somam atualmente 45 países, com o intuito de construir um espaço
de educação superior coerente, compatível e atrativo para seus estudantes e de outros continentes.
Baseia-se numa estrutura de ensino superior em três ciclos: o primeiro, licenciatura, com duração de
três anos; o segundo, mestrado, com duração de dois anos; e o terceiro ciclo, doutoramento, com
duração de três anos. Algumas áreas terão uma estrutura de estudos diferente, mas esta é a duração
mais freqüente. Segundo LIMA, AZEVEDO e CATANI( 2007), o Processo de Bolonha objetiva
harmonizar os sistemas universitários nacionais, de modo a equiparar graus, diplomas, títulos
universitários, currículos acadêmicos e adotar programas de formação continua reconhecíveis por
todos os seus Estados membros. A partir desta análise, busca-se identificar a possível influência dos
mecanismos de unificação dos sistemas universitários do Processo de Bolonha em países membros
do Mercosul. Atualmente temos vigente no Brasil o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que tem por objetivo "criar condições para a
ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível de graduação, pelo melhor
aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes na universidade" (BRASIL,
2007, Art.1°). Em linhas gerais, e um conjunto de condições para estimular a concorrência entre as
universidades federais. Há também o Grupo Montevideo, consórcio de 20 universidades sul-
americanas. Há indícios da influência de Bolonha no Brasil, pois em 2008 o Governo Federal
divulgou a intenção de desenvolver uma política educacional de natureza supranacional com a
criação de três universidades públicas federais, comprometidas com a promoção da inclusão social e
da integração regional por meio do conhecimento e da cooperação solidária. São elas: Universidade
Federal da Integração Latino-americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu (Paraná);
Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (UNILAB), sediada em Redenção
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
95
(Ceará),e a Universidade Federal da Integração da Amazônia Continental (UNIAM), localizada em
Santarém (Para). As três tem em comum a responsabilidade de propor, implementar e acompanhar
acordos, convênios e programas de cooperação internacional, visando a integração universitária
com países da América latina e de língua portuguesa.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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SEÇÃO G - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
AS IMPOSIÇÕES DA INDÚSTRIA CULTURAL NO AMBINENTE ESCOLAR:
FORMAÇÃO, SEMIFORMAÇÃO E EMANCIPAÇÃO
Autor: Alessandro Eleuterio de Oliveira ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Antônio Álvares Soares Zuin
IES:Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Departamento: Ciências da Educação
Esse estudo de doutorado objetiva a captação e o entendimento das características das imposições
da Indústria Cultural no processo formativo de educandos e educadores que serão apreendidas a
partir da analise de suas manifestações orais em duas salas de aula de terceiro ano do Ensino Médio
em uma escola publica paulista. Uma delas será do tipo regular e a outra do tipo supletivo. Para
tanto, utilizaremos o referencial teórico obtido a partir de idéias dos filósofos frankfurtinianos
Theodor Adorno e Walter Benjamin correlacionado com uma metodologia de abordagem
qualitativa. Por essa razão, usaremos os conceitos de Erfarhung, que diz respeito a experiência
humana construída pela tradição nas sociedades artesanais, e que era transmitida por meio das
narrativas orais associadas ao modo de produção pré-capitalista, o de Bildung, se refere a formação
cultural plena que pode conferir aos sujeitos autonomia, criticidade e historicidade, o de Erlebnis,
que e a experiência humana moldada pela Industria Cultural e pelo modo de produção capitalista e o
de Halbbildung, que por sua vez e a formação danificada – semi-formação - que reifica a existência
humana de acordo com os ditames do capital. A partir dessa premissa teórica, observaremos aulas
das disciplinas de Língua Portuguesa e Historia alem de entrevistarmos professores e alunos das
classes supramencionadas para entendermos como esses sujeitos percebem a ação da Indústria
Cultural em seu processo formativo de modo que sejamos capazes de abarcar as maneiras como as
pessoas entendem e reproduzem as relações sociais, culturais e econômicas que regem a
contemporaneidade. Assim, buscaremos responder a seguinte questão: em que medida a escola e um
mero espaço de fortalecimento do processo formativo - o que degrada a própria dimensão da
educação escolar – e em que medida ha nela possibilidades reais para a construção de uma práxis
pedagógica emancipatória?
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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ESTUDO SOBRE O DESAPARECIMENTO DA INFÂNCIA
Autora: Caroline dos Santos Rodrigues ([email protected])
Apoio: PET-Sesu/MEC
Orientador: Prof. Dr. Denis Domeneghetti Badia
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O objetivo desta pesquisa e verificar através de um estudo teórico o sentido histórico da infância
construída e imaginada e a questão do seu desaparecimento. Para tanto e necessário partir de um
resumo da sócio-antropologia da infância e levantar as molduras da infância imaginada e suas
representações coletivas, tanto na rede relacional quanto nos instrumentos de educação e também de
lazer. Este estudo esta sendo realizado com base em um levantamento de dados concernentes ao
significado de infância. O primeiro livro que merece ser destacado nessa pesquisa e Historia Social
da criança e da Família, de Phillippe Àries, no qual, o autor trata das primeiras sensibilidades
adultas sobre as crianças, que originou na Renascença, século XVI, e foi construída ate o fim do
século XIX. Em seguida e avaliada a obra de Neil Postman, O desaparecimento da infância, que
apresentam inúmeras provas de que, na sociedade moderna, as diferenças entre adultos e crianças
estão cada vez menos perceptíveis. Com o intuito de problematizar os conceitos ter infância/ser
criança, lançarei mão da pesquisa etnográfica de Clarice Cohn em seu livro, Antropologia da
Criança, visto que, infância e um modo particular de pensar a criança, ou seja, não e universal. Em
diferentes contextos socioculturais a idéia de infância pode ser formulada de diferentes maneiras ou
simplesmente não existir, portanto, fazer uma analise antropologia e fundamental para entender
essas diferenças.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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ASPECTOS FILOSÓFICOS NO TEATRO INFANTIL
Autor: Felipe Augusto dos Santos Ferrari ([email protected])
Apoio: PET-Sesu/MEC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Paula Ramos de Oliveira
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
No cenário da infância o teatro infantil assume um papel importante para a formação da criança,
pois possibilita a ela a capacidade de sonhar, de fantasiar, de abstrair, de ver um mundo de uma
forma diferente, sobretudo através da representação. No caso do teatro de bonecos a viagem se
torna ainda maior, pois alem de um mergulho no universo da representação do ator, ela ainda
trabalha a representação com seres inanimados. Desta forma, se fez necessário o aprofundamento da
reflexão acerca deste teatro incluindo outro aspecto de grande importância para a condução ao
pensamento: a Filosofia. Para tanto, a pesquisa realiza-se apoiada em duas pretensões: a primeira se
da na analise do aspecto filosófico contido em algumas Dramaturgias da Cia. de Teatro de Bonecos
Polichinelo. Através de uma leitura critica - fundamentada em alguns autores como LIPMAN e
KOHAN - procuraremos investigar nestes textos a presença de uma abertura para um encontro entre
arte e filosofia; a segunda pretensão refere-se a investigação da capacidade deste mesmo Teatro,
através de sua representação, trazer a possibilidade de gerar uma atitude filosófica na criança
espectadora. Em relação a esse ponto, pretendemos realizar um levantamento de dados a partir de
bate-papo com crianças que assistiram a determinado espetáculo. Assim, a referente pesquisa
sustenta-se em torno da importância da arte e da Filosofia, ao trabalharem a atividade do
pensamento na criança, fornecendo a ela uma importante ferramenta para a formulação de um
pensamento critico, da construção de uma visão de mundo capaz de verificar a mesma realidade
através de diferentes olhares, e para própria formação de conceitos e de sua personalidade.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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ENSINO DE FILOSOFIA E A CONQUISTA DA AUTONOMIA
Autora: Katherine Cortiana Fagundes ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Paula Ramos de Oliveira
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Os alunos das 1ª e 2ª séries do ensino fundamental da EMEF Waldemar Saffiotti, localizada no
município de Araraquara, tem a oportunidade de desfrutarem de aulas de Filosofia e Xadrez, as
quais são monitoradas por alguns dos alunos que fazem parte do Grupo de Estudos e Pesquisas de
Filosofia para Crianças (GEPFC), coordenado pela Profª. Drª. Paula Ramos de Oliveira. O projeto
nesta escola acontece desde 1998, mas eu estou atuando como monitora das aulas de Filosofia e
Xadrez desde 2006. As aulas são semanais e alternadas entre Filosofia e Xadrez. Em geral, as aulas
de filosofia iniciam-se com a leitura de histórias produzidas pelos participantes do Grupo de
Estudos ou com poesias, letras de musica e literatura infantil a partir de uma perspectiva filosófica.
Nos primeiros dias de aula e comum que os alunos sintam uma mescla de medo e vergonha, o que
os impedem de participarem do dialogo filosófico, mas aos poucos eles vão soltando as amarras, se
sentido livres para pensar, dialogar, questionar. As aulas de Xadrez iniciam-se com o livro “Historia
do Xadrez”, a qual vai sendo acompanhada de discussões filosóficas englobando os diversos temas
trazidos pela historia. As crianças vão, aos poucos, aprendendo o nome de cada peca do jogo, as
suas disposições no tabuleiro, a movimentação de cada uma e, e claro, as regras do jogo. Com o
fluir das aulas, fica nítido o interesse dos alunos pelo jogo, fazendo com que eles adquiram maior
disciplina, concentração e técnica. Com o andamento das aulas, os alunos vão adquirindo uma nova
experiência – a experiência do filosofar – transformando-se em autores de seus pensamentos, dos
seus diálogos, das suas criticas, enfim, eles se reinventam e passam de seres pensados a seres
pensantes. E indiscutível a contribuição que as aulas de Filosofia e Xadrez trazem para o processo
de aprendizagem dos alunos, ficando eles, mais atentos, críticos, criativos e abertos ao diálogo,
dando início a um processo de conquista da autonomia, elemento este fundamental para construção
de uma sociedade democrática.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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FILOSOFIA PARA CRIANÇAS NA ESCOLA DE DANÇA IRACEMA NOGUEIRA
Autora: Mariana Calvanese Canela ([email protected])
Co-Autora: Elisangela Augusta Mendes
Apoio: PROEX
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Paula Ramos de Oliveira
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
A Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira localiza-se na cidade de Araraquara e atende seus
alunos em períodos opostos ao da escola regular. Tais alunos começam a freqüentá-la aos 8 ou 9
anos e seguem seis anos (coincidindo com o termino da 8a serie) na escola com um currículo que
passa pelos diversos campos da arte, tais como: Dança Contemporânea; Capoeira; Bale; Artes
Marciais; Musica; Sapateado; Teatro; Artes plásticas; Criação e Improvisação; Contato
improvisação; Cultura Afro. Ao lado dessas disciplinas, figuram ainda no currículo outras
disciplinas, entre as quais a filosofia. O projeto de extensão universitária “Filosofia na Escola
Municipal de Dança Iracema Nogueira” neste ano de 2009 está responsável por duas atividades:
Café filosófico bimestral e oficinas filosóficas mensais oferecidas para crianças de três turmas, com
idades entre 7 e 11 anos. Estas oficinas são ministradas por membros do Grupo de Estudos e
Pesquisas Filosofia para Crianças (GEPFC). A discussão filosófica ocorre a partir de contos infantis,
muitas vezes confeccionados no GEPFC. Ao contarmos as historias deixamos que as crianças façam
comentários e perguntas, a fim de proporcionar um debate sobre o mesmo e/ou sobre questões
estimuladas por ele. Este processo conta assim com dois momentos: um de problematizarão da
temática e outro de construção do conceito.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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VERDADE, VALOR E CULTURA ESCOLAR:ELEMENTOS PARA O DIÁLOGO COM
NIETZSCHE
Autora: Thabata Franco de Oliveira ([email protected])
Apoio: FAPESP
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vera Teresa Valdemarin
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Considerando que na atualidade a instituição escolar tem apresentado progressiva descaracterização
quanto a sua legitimidade e a sua função social, propomos, a partir da perspectiva da cultura escolar,
uma análise das categorias verdade e valor no âmbito das instituições educativas contemporâneas.
Para tanto, tomamos como referência as proposições de Nietzsche, articulando seu pensamento ao
de autores de diferentes áreas do conhecimento, tendo em vista a discussão de suas idéias com
questões que permeiam o universo social, político e cultural da atualidade. O estudo dos processos
de construção – e desconstrução - do sentido possibilitam a compreensão de como se constitui e se
operacionaliza hoje a atribuição de significados e de valores as instituições, sobretudo a escolar, que
e carregada de representações simbólicas das quais derivam uma serie de dispositivos que se inter-
relacionam com a sociedade. Ao pensar a escola no contexto da “crise da modernidade”, ou sob a
égide da verdade posta como um valor, buscamos situá-la enquanto difusora de práticas e saberes
que, apesar de serem altamente questionados, permanecem e insistem em subsidiar nosso repertório
social e cultural. Para o desenvolvimento desta investigação utilizaremos enquanto categorias
operatórias as noções de representação, legitimidade e produção de sentido.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
102
SEÇÃO H- EDUCAÇÃO ESPECIAL
FAMILIARES, PROFESSORES E CRIANÇA NO CONTEXTO DE FISSURA
LABIOPALATINA
Autora: Antares Juliana da Costa Gomes ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marcia Cristina Argenti Perez
IES: Universidade Estadual Paulista/Bauru
Departamento: Educação
Na cidade de Bauru, está localizado o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais,
também conhecido como Centrinho, que é um dos maiores centros de referência da América do Sul
no tratamento de anomalias craniofaciais congênitas, sendo que a principal especificidade do
Centrinho é o tratamento de pessoas portadoras de fissura labiopalatina (ou labiopalatal).
Considerando o fato de que o tratamento desta anomalia deve iniciar-se nos primeiros meses de
vida, e que muitas vezes exige anos de tratamento, sabe-se que muitas famílias acabam se mudando
para a cidade de Bauru e que consequentemente estas crianças são matriculadas na rede de ensino
da cidade. Pensando nesta realidade da cidade, a presente pesquisa visa abordar a triangulação do
relacionamento família, escola e criança por meio de um mapeamento de estudos científicos, além
de um estudo de caso, no qual os dados estão sendo coletados. A fissura labiopalatal é uma má
formação congênita também popularmente nomeada de “lábio leporino” (para os casos de fissura
labial e labiopalatal) ou “goela de lobo” (para os casos de fissura palatal e labiopalatal). Trata-se se
uma anomalia congênita, entretanto não é tida como uma deficiência, ou seja, o portador de fissura
poderá ou não apresentará necessidades especiais educacionais, sendo que se tais necessidades
existirem, são consideradas conseqüências secundárias à anomalia. Devido a tais complicações, as
crianças que possuem fissura palatal ou labiopalatal, normalmente apresentam dificuldades (mas
geralmente não impedimento) para serem amamentadas, sendo este um dos principais motivos para
que o tratamento destas crianças se inicie nos primeiros dias de vida. Quando a família se depara
com a chegada de uma criança tida como “não normal”, como é o caso do sujeito com fissura
labiopalatal, o núcleo familiar provavelmente se deparará com um processo de complicado
enfrentamento desta situação que poderá envolver sentimentos de confusão, raiva, estresse, culpa,
ansiedade e depressão. Todo este processo pode ou não ter já sido superado quando esta criança for
inserida no processo educativo escolar. Na escola, esta criança terá a possibilidade de enfrentar
outras dificuldades como o bullying, em decorrência de sua aparência física distinta dos padrões de
normalidade e de suas possíveis dificuldades na fala, relacionadas geralmente a uma voz fanhosa.
Conclui-se que este tema apresenta uma grande relevância por se apresentar já amplamente
abordado nas áreas de saúde, entretanto ainda infimamente explorado no campo educacional,
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
103
podendo, portanto apresentar uma importante contribuição ao ramo científico e também a
educadores que deparam-se com um contexto de fissura labiopalatina em sua sala de aula.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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TRAJETÓRIA ESCOLAR E INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO: UM ESTUDO
SOBRE PERCEPÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIAS EM SÃO CARLOS – SP.
Autor: Carlos Eduardo Candido Pereira ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Júlia Canazza Dall’Acqua
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação.
O presente estudo, inicialmente, teve como base o mapeamento de trabalhos acadêmicos
cadastrados no Banco de Teses da Capes e em revistas especializadas sobre Educação Especial.
Houve ainda o contato com diversas legislações destinadas às pessoas com deficiência. Tais
procedimentos permitiram identificar algumas lacunas no que diz respeito a estudos dedicados a
analisar o processo de inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho, bem como na
relação entre a escola e o processo de escolarização e o acesso ao mercado de trabalho, que passou a
se constituir no propósito de investigação que aqui se apresenta. Assim, o objetivo deste estudo
procura identificar, descrever e analisar a percepção de pessoas com deficiência acerca de sua
trajetória escolar e o processo de inclusão no mercado de trabalho do segundo setor, o das
indústrias, na cidade de São Carlos – SP, município que detém grandes distritos industriais. Desse
modo, com vistas a responder especificamente como as pessoas com deficiência percebem e
avaliam suas trajetórias escolares e a inclusão no mercado de trabalho, foram selecionados dois
procedimentos metodológicos: questionário, entrevista. O questionário, com base em Minayo
(1994) e Nogueira (1975) oferece a possibilidade de quantificar aspectos tais como a idade, os tipos
de deficiência, dentre outros. Entretanto, essa quantificação não significa ser necessariamente
numérica, mas sim condicionada às respostas dadas pelos sujeitos por meio de questões pré-
determinadas. Do questionário foram contemplados os seguintes tópicos: inclusão, trajetória
escolar e mercado de trabalho. A entrevista, de caráter qualitativo, com base em Bogdan e Biklen
(1994) e Ludke e André (1986) é um instrumento de coleta de dados capaz de possibilitar ao
investigador apreender e compreender as percepções das pessoas com deficiência acerca da sua
trajetória escolar e suas vivências no mundo do trabalho. Da entrevista passaram a constar os
seguintes temas: trajetória escolar e mercado de trabalho. A análise de dados, de acordo com
Triviños (1987) permitirá a transcrição de registros que serão ponderados segundo o modelo de
Análise de Conteúdo de Bardin (1977) que considera três importantes fases neste momento: a pré-
analise, a descrição analítica e a interpretação do referencial. Como o trabalho encontra-se em
andamento, até o momento foram definidos e elaborados os instrumentos de coleta de dados, foram
realizados contatos com as indústrias do segundo setor na cidade de São Carlos, após ser definido
como sendo esse o recorte a ser realizado na pesquisa. Foram enviados 28 ofícios explicativos
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
105
solicitando autorização para desenvolver os passos inciais da pesquisa, mas dentre todas as
consultas retornaram três deles. O estado atual do estudo exibe resultados de ações preliminares
que auxiliarão na definição dos participantes para a continuidade da pesquisa, bem como, a
elaboração de procedimentos éticos e aplicação dos procedimentos metodológicos.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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INCLUSÃO E ALFABETIZAÇÃO DE SURDOS: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA
DOCENTE.
Autora: Daiane Natália Schiavon ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eliana Marques Zanata
IES: UNESP/Bauru
Departamento: Educação
A inclusão educacional requer uma completa reestruturação nas ações de gestão e nas ações
educacionais de todo o sistema, o qual deve garantir todo o suporte necessário às condições de cada
aluno, assegurando uma resposta educacional adequada às necessidades individuais. Para tanto, em
certas situações é preciso fazer adaptações necessárias e não simplesmente padronizar os sistemas
educacionais. Firma-se por meio da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994, p.6) que “As escolas
inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando
tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a
todos por meio de currículo apropriado (...)”. Há em nosso país um grande número de pessoas com
distúrbios relacionados à audição. A principal conseqüência da surdez reside em sua repercussão no
desenvolvimento da linguagem e da fala, o que, por conseguinte, irá interferir em todo o processo
de aprendizagem. Segundo Marchesi (1995, p. 231), “a educação satisfatória para a maioria dos
surdos deve prepará-los para conviver e se relacionarem socialmente em duas realidades distintas: a
realidade da sociedade ouvinte e a realidade da comunidade surda”. O trabalho tem por objetivo
analisar o processo de educação de surdos, no período inicial de alfabetização, objetivando
identificar se há barreiras comunicativas em sala de aula no que se refere à relação do professor
com o aluno surdo e descrever as práticas pedagógicas desses professores no que diz respeito a esse
processo de educação do surdo. A pesquisa será realizada em três escolas de Ensino Fundamental da
Rede Municipal de uma cidade de pequeno porte do estado de São Paulo, se constituindo por três
díades professor/aluno. A coleta de dados será realizada num período de três meses por meio de
observações. Também fora aplicado com os docentes, um questionário constituído por reflexões
acerca de sua própria prática pedagógica. A coleta de dados da pesquisa ainda está em curso, os
resultados estão sendo analisados mediante classificação por categorias determinadas tendo-se em
vista os itens apontados no protocolo de observação. Os resultados preliminares apontam que há
problemas sérios no que diz respeito à questão do estabelecimento de um canal de comunicação
efetivo entre a professora e o aluno surdo, contudo, apontam também que há empenho e esforço
tanto por parte do aluno quanto da professora pra que este obstáculo ao processo de aprendizagem
seja superado, reforçando a idéia de que cabe aos educadores estarem mais próximos ao
desenvolvimento dos alunos, fazendo adaptações do currículo e estruturando estratégias
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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comunicativas e pedagógicas para cada um. Por meio desta pesquisa espera-se que os resultados
possam servir de instrumento de análise e proposição para a implantação de práticas pedagógicas
específicas para com o aluno surdo que freqüenta classe comum.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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INDICATIVOS SOBRE INCLUSÃO A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS DE ALUNOS
JOVENS E ADULTOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.
Autora: Denise Cristina da Costa França dos Santos ([email protected])
Co-autora: Christiane Aparecida Baldonado de Freitas
Apoio: Núcleo de Ensino
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Roseli A. Parizzi
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
Dados recentemente publicados no documento sobre a Política Nacional da Educação Inclusiva
(2007) demonstram que no sistema educacional, entre os anos de 1998 – 2006 houve um aumento
do número de alunos incluídos em classes comuns do ensino regular, passando de 43.923 alunos em
1998, para 325.316 em 2006, crescendo 640%, demonstrando que a educação inclusiva está se
efetivando no sistema educacional brasileiro. Os dados referentes à educação de jovens e adultos
demonstram um crescimento de 8,3%, podendo sugerir que os alunos que freqüentaram o ensino
inclusivo, ao término do ensino fundamental, estão sendo encaminhados, majoritariamente, para
essa modalidade. Acreditamos que a ênfase, nesse período de implementação da inclusão, tenha
recaído na preocupação de implementação de ações organizacionais voltadas mais à estrutura
educacional, objetivando um salto numérico e ampliando estatisticamente os dados relativos a
população de alunos com necessidades educacionais especiais. Assim, no que se refere ao trabalho
docente e aprendizagem dos alunos, estes ficaram relegados para um momento posterior. Isso pode
ter refletido no processo de aprendizagem, tanto dos conteúdos formais oferecidos pela escola,
quanto de habilidades que poderiam favorecer a inserção desses alunos em ambientes sociais. Nossa
intenção no presente trabalho é avaliar a situação atual dos alunos que hoje freqüentam a Educação
de Jovens e Adultos (EJA) e que passaram pela experiência do ensino inclusivo nas escolas
regulares do município de São Carlos nos últimos dez anos. Procuraremos identificar esses alunos e
avaliar o nível de leitura, escrita e cálculo alcançado, bem como, identificar as atividades sociais
que desenvolvem cotidianamente. Para tanto, realizaremos visitas nas escolas e aplicaremos
individualmente questionários e instrumentos de avaliação pedagógica. Dessa forma, pretendemos
obter os dados necessários para realização da análise final de nosso trabalho.
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FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: UMA PERSPECTIVA DIANTE DA
INCLUSÃO.
Autora: Flávia Graziela Moreira ([email protected])
Co-autoras: Julia Graciela de Brito; Ariana Cestari Panagassi
Apoio: PIBIC/CNPq
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
Co-orientadores: Prof. Dr. Mauro C. Romanatto; Prof.ª Dr.ª Rosebelly N. Marques
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
O presente trabalho, que está em andamento e faz parte de uma pesquisa de iniciação cientifica de
caráter formativo, visa, através do trabalho colaborativo, estratégias para superar os dilemas
encontrados no cotidiano escolar, provenientes da inclusão de alunos com necessidades educativas
especiais em salas do ensino regular. O processo de inclusão é parte das políticas públicas de uma
educação para todos, condizentes com a igualdade de direitos e oportunidades. As transformações
sociais sucedidas a partir da década de 90, as reformas no ensino e a resposta à diversidade das
necessidades dos alunos, repercutiram diretamente no papel do professor e em sua formação e
exigiram novas aptidões. Questões como a maneira como os professores recebem os alunos
especiais em suas salas, a visão antecedente sobre a deficiência e dificuldades da criança, a criação
de contextos favoráveis à aprendizagem, a forma como operam e ensinam o conteúdo curricular,
são investigadas de forma a assistir e instrumentalizar os professores. O processo de formação
docente deve ser de forma continua e permanente, buscando conhecimentos que envolvam diversos
cenários que abarcam a prática. Para atender as exigências da contemporaneidade, esse estudo visa
à formação continuada em serviço, tendo como guia metodológico a pesquisa-ação, pois entre
outros fatores está associada à ação coletiva, favorecendo as discussões e a construção cooperativa
dos conhecimentos, permitindo a reflexão de forma a proporcionar a autonomia do professor em
relação ao cotidiano da sala de aula. Na pesquisa-ação o docente é um intelectual, que possui
saberes e esse aspecto da metodologia é decisivo para superação dos dilemas do trabalho com a
inclusão. O referencial teórico é amplamente discutido em trabalhos que abordam o conceito de
formação em serviço, os processos colaborativos, a inclusão e segue analisando as contribuições da
pesquisa-ação pela vertente das tendências que, atualmente, imperam nessa linha através de
diferentes autores.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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A INTERNET COMO CANAL DE INFORMAÇÃO FAVORECENDO OS PROCESSOS DE
INCLUSÃO.
Autora: Ketilin Mayra Pedro ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eliana Marques Zanata
IES:UNESP/Bauru
Departamento: Educação
A atual lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional garante indistintamente a todos o direito á
escola, incluindo as crianças com deficiências, lembrando que esse atendimento deve ser oferecido
preferencialmente no ensino regular. Este trabalho teve como objetivo a criação de um espaço
virtual que oferece aos seus usuários soluções práticas para melhor acolher e promover as
adaptações necessárias para garantir a permanência dos alunos com deficiências na rede regular de
ensino. Também foi objetivo deste trabalho avaliar a utilização e implementação das atividades e
conteúdos propostos no site em escolas reais. O objeto de estudo constituiu-se em três escolas de
Ensino Fundamental, sendo duas da rede pública e outra da rede privada de ensino de um município
de médio porte do interior do estado de São Paulo. Optamos por escolher duas escolas públicas e
outra particular, já que muito se fala na obrigação do Poder Público em assegurar a matrícula de
todos os alunos com deficiência, preferencialmente em classes comuns. Também nos preocupamos
em analisar uma escola da rede privada um vez que nem sempre as escolas particulares são citadas
nesse processo. Para coleta de dados foram elaborados protocolos de registro das ações bem como
entrevistas com os diretores, professores e demais envolvidos no processo versando sobre o site e a
viabilidade de aplicação do mesmo na construção de ambientes inclusivos educacionais
acolhedores. Ao longo da pesquisa, observamos que o site, contribui umuito para o
desenvolvimento do trabalho das escolas envolvidas. Os textos foram utilizados em reuniões de
professores, as atividades foram aplicadas em sala de aula, as atividades realizadas no pátio
ganharam uma atenção especial, procurando sempre incluir os alunos com deficiências. Porém
muitos professores não criam novas atividades, ficam sempre esperando algo pronto, não procuram
conhecer as reais potencialidades e dificuldades que o aluno com deficiência apresenta. Essa não
deveria ser a postura de um professor que busca melhorar o desenvolvimento do seu trabalho. Foi
possível também proporcionar aos usuários do site, uma interação com profissionais de diferentes
localidades, cada um relatando suas experiências profissionais, suas principais dificuldades e as
contribuições do site em sua prática profissional. Desta forma, percebemos segundo os resultados
do presente estudo, que ainda falta muito para que as escolas consigam acolher e desenvolver um
trabalho de qualidade com alunos com deficiência, os professores necessitam de ajuda e apoio para
desenvolver suas atividades em sala de aula, além de uma formação continuada que traga
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
111
contribuições para os professores em como trabalhar com a diversidade de alunos dentro de sua sala
de aula, porém com dedicação e envolvimento de toda uma comunidade escolar (pais, professores,
alunos, diretores) é possível proporcionar uma educação de qualidade para todos os alunos.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
112
A PRÁTICA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR: MODIFICANDO SITUAÇÕES E
ATITUDES JUNTO ÀS CRIANÇAS INTERNADAS.
Autora: Marina Sabaine Cippola ([email protected])
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Fátima Dennari
IES: Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Departamento: Psicologia
A prática da Pedagogia Hospitalar busca modificar situações e atitudes junto às
crianças/adolescentes internados, envolvendo-os em ambiente de modalidade de intervenção e ação;
com programas adaptados às capacidades e disponibilidades de cada interno. Nesse sentido, a
presente pesquisa pretende, por meio de um estudo de caso e práticas modificadoras, possibilitar os
direitos educativos e de cidadania, onde se inclui a escolarização do indivíduo. Assim, destacam-se
duas formas de acompanhamento pedagógico: a criança com internações eventuais e com
internações recorrentes e/ou extensas. O caso estudado se coloca na segunda interação citada. É
preciso que o professor conheça a realidade com o qual o aluno está apto a lidar, qual o desempenho
que o aluno é capaz de apresentar ao realizar as atividades que o professor venha propor. A pesquisa
se justifica porque seus achados possibilitarão aos professores da classe hospitalar do HC – Ribeirão
Preto circunstanciar sua prática pedagógica e a respectiva filiação teórica, de modo que possam
refleti-la criticamente e não apenas reproduzir modelos prévia e arbitrariamente orientados. Alguns
objetivos se colocam relevantes na presente pesquisa; tais como impedir a interrupção do processo
de aprendizagem da criança, para que futuramente esta possa ser reintegrada a sala de aula; produzir
conhecimento que instrumentalize no contexto da Classe Hospitalar a tomada de decisões para um
empreendimento mais adequado das práticas de ensino em alfabetização e letramento de crianças
hospitalizadas ou doentes crônicos; contribuir para a educação da criança e lhe atribuir
responsabilidades educacionais; conscientizar o paciente e a família quanto à necessidade dos
estudos após hospitalização nos casos possíveis. O trabalho em relação à conscientização da família
e do paciente/aluno está satisfatoriamente em atuação. A família não tem resistência a novas idéias e
sugestões, contribuindo de forma relevante para a concretização do trabalho aplicado. O processo
de aprendizagem da criança está contínuo, de forma que não a prejudique na volta à escola regular
em um possível futuro.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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SEÇÃO I - EDUCAÇÃO INFANTIL
APRENDENDO A PRESERVAR BRINCANDO
Autora: Alessandra de Carvalho Faria
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Fátima Neves do Amaral Costa
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
O projeto “Aprendendo a Preservar Brincando” foi desenvolvido no CER Padre Bernardo Plate do
município de Araraquara, decorrente da disciplina de estágio curricular supervisionado educação
infantil: pré-escola, do curso de pedagogia da UNESP/FCLAR, com crianças de 4 a 6 anos,
explorando o tema meio ambiente, o qual foi dividido em subtemas como céu, terra e mar. O projeto
contou com a utilização de materiais recicláveis para a construção de brinquedos, bem como com
estórias, produção de desenhos e músicas relacionadas ao assunto, como fontes de estimulação ao
cuidado com o meio ambiente, além de colaborarem no desenvolvimento pleno da criança de 4 a 6
anos. O nosso projeto tem como objetivo de colaborar na formação da criança, enquanto uma
cidadã de uma sociedade que deve preservar e cuidar do seu meio ambiente por meio de atitudes e
valores, utilizando materiais recicláveis, e demonstrando que através deste material é possível criar
brinquedos novos, de modo a valorizar a função da atividade lúdica no desenvolvimento pleno da
criança. Acreditamos que nossa participação no CER contribuiu bastante para que as agentes
educacionais mudassem a maneira de pensar e ver o dia-a-dia da pré-escola, assim como nos que
estamos aprendendo em sala de aula, e com isso refletirem para possíveis mudanças em suas
atitudes enquanto educadoras. Sabemos que muita coisa ainda é preciso ser feita, mas também
sabemos que a mudança e iniciativa devem partir de cada individuo para conseguirmos uma
transformação na educação.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
114
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ABORDAGEM DAS
CONDUTAS EXPLICATIVAS
Autora: Alessandra Jacqueline Vieira
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alessandra Del Ré
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Lingüística
O presente trabalho tem como objetivo tratar das diferentes linguagens utilizadas no âmbito familiar
pela criança (em especial as condutas explicativas), que contribuem efetivamente para sua formação
como individuo social, analisando as fases que antecedem seu ingresso no contexto escolar, na
tentativa de demonstrar como ocorre o desenvolvimento dessas condutas e como elas serão
fundamentais para o futuro escolar da criança. No que se refere ao ato da explicação, é importante
observar a circunstância interacional na qual a fala da criança esta envolvida. Para analisar o
discurso explicativo, partiremos da noção de Veneziano (2003: 42) que considera o ato da
explicação como um fenômeno interacional, “do qual o locutor: identifica um explanandum, isto é,
a presença de um acontecimento a propósito do qual é preciso explicar o “porquê” a seu interlocutor
que pede ou que se supõe precisar dessa explicação; e dá um explanans, isto é, a causa ou a
justificação desse acontecimento/ação”. Para a autora, é possível determinar a presença de uma
conduta explicativa a partir de três critérios: 1) a criança faz referência ao explanans e ao
explanandum; 2) a fala é dirigida a outros e comporta seu espaço próprio; 3) O acontecimento e
considerado como algo que pede para ser explicado (Ibid: 43). Partimos da idéia de que a criança
constrói progressivamente sua identidade e adquire gradativamente consciência de si mesma, e que,
desde muito cedo, consegue estabelecer relações e fornecer explicações aos seus interlocutores.
Buscaremos confirmar nossa hipótese de que a criança aprimora cada vez mais seu desempenho na
comunicação conforme a relação estabelecida entre ela e seu interlocutor. Clermont et al (2003)
afirma que é preciso que a criança depreenda de maneira “correta” (isto e em congruência com a
expectativa do adulto) a natureza de seu papel na interação e na natureza da prestação [por exemplo,
uma explicação] que deve fornecer. Entendemos que esse conhecimento contribui efetivamente para
seu desenvolvimento lingüístico e cognitivo e para a ampliação de seu pensamento crítico.
Acreditamos que à medida que a criança adquire a capacidade de explicar, ela obtém, também, cada
vez mais consciência das situações e da realidade que a rodeia, além de descobrir gradualmente sua
própria individualidade. Como afirma Melo (2003), esta competência estaria relacionada, dentre
outros fatores, a um saber-fazer pragmático, marcado pelo saber adaptar as condutas explicativas a
determinada situação de interação verbal. É por meio dessa consciência de si e da realidade que a
criança consegue ampliar seu léxico e compreender determinados conteúdos, como aqueles que
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
115
serão trabalhados no âmbito escolar. Nesse sentido, podemos afirmar que o desenvolvimento
intelectual da criança durante o período de aquisição da linguagem é fundamental para sua entrada
no contexto escolar, contribuindo efetivamente para sua formação.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
116
(RE) PENSANDO A CRIANÇA NA CONTEMPORANEIDADE
Autora: Ariela Vanessa Sartori
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: UNESP/Bauru
Departamento: Educação
O objetivo do presente estudo é investigar os significados, conceitos e práticas educativas
relacionadas à infância na atualidade. A metodologia do estudo é o levantamento e análise de
estudos no campo da Sociologia da infância, a partir de um referencial histórico-cultural. Dentre os
principais resultados podemos apresentar as seguintes constatações: 1) as pesquisas sobre a infância
vêm evidenciar a necessidade de analisar-se a concepção de infância como categoria histórica e não
somente como categoria biológica; 2) os estudos destacam a necessidade de um olhar especial para
a criança na contemporaneidade, analisando sua presença no uso da tecnologia, no mercado de
trabalho, na família, na sua relação com o adulto, na sua forma de pensar, sentir, agir, diante do
mundo que o cerca; 3) os estudos na área da Sociologia da infância destacam a necessidade das
pesquisas e práticas educativas considerarem como as crianças negociam, compartilham e criam
culturas com os adultos e com seus pares. Tecendo algumas conclusões gerais poderíamos ressaltar
que este estudo busca aprofundar e elucidar as questões da infância e as suas transformações,
principalmente no que diz respeito à criança concreta que ocupa um lugar na história por meio de
relações sociais que se estruturam na família e na escola. A pesquisa aponta para a discussão das
diferentes concepções histórico-culturais, defendendo que a infância não está desaparecendo, visto
que ela apenas se configura socialmente de forma diferenciada diante de cada momento histórico.
Em suma concluímos que entender as crianças enquanto indivíduos que se expressam criativamente
e criticamente, que reproduzem e criam cultura, que interpretam as coisas do mundo de maneira
própria e que isto não lhes deixa em posição inferior ao adulto.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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O INGRESSO DA CRIANÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
OLHARES TEÓRICOS E EMPÍRICOS
Autora: Daniele Cecília Ramos Dotti do Prado
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: UNESP/ Bauru
Departamento: Educação
O presente estudo investiga a infância a partir do ingresso das crianças de seis anos no ensino
fundamental, destacando a análise das discussões em torno da adequação dos conteúdos e práticas
pedagógicas às especificidades dos educandos. O projeto objetiva concretizar a temática enfocando
a análise das recentes publicações de órgãos oficiais e de estudos acadêmico-científicos e pelo
estudo empírico em uma sala dos anos iniciais do ensino fundamental (coleta esta sendo realizada
de forma concomitante a atuação da pesquisadora no projeto Ler e Escrever – Universidade na
Alfabetização da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) na cidade de Bauru. Dentre os
resultados preliminares podemos mencionar as seguintes constatações: 1) os documentos de órgãos
oficiais apresentam a orientação da necessidade de construção de uma proposta pedagógica coerente
às especificidades da segunda infância e que atenda, também, às necessidades de desenvolvimento
da adolescência, não se tratando, portanto de compilar conteúdos em duas etapas da educação
básica; 2) as ações pedagógicas na escola enfatizam a necessidade da valorização das culturas
infantis, visto que a nova política educacional precisa considerar que muitas crianças trazem na sua
história a experiência na instituição de educação infantil e no ensino fundamental terão a
oportunidade de novas aprendizagens, que não devem se resumir a uma repetição da pré-escola,
nem na transferência dos conteúdos e do trabalho pedagógico desenvolvido na primeira série do
ensino fundamental de oito anos; 3) a análise documental e de dados coletados na escola (em
andamento) sinalizam outras demandas, tais como, a necessidade de recursos humanos –
professores, gestores e demais profissionais da educação e a adequação do espaço escolar – os
materiais didáticos, o mobiliário e os equipamentos para atender as crianças com essa nova faixa
etária de ingresso no ensino fundamental. Em suma concluímos que é necessário que haja, de forma
criteriosa, com base em fundamentos, estudos e debates, a reorganização das propostas pedagógicas
das secretarias de educação e dos projetos políticos-pedagógicos das escolas, de modo que
assegurem efetivamente o pleno desenvolvimento das crianças em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual, social e cognitivo, tendo em vista alcançar os objetivos do ensino fundamental, sem
restringir a aprendizagem das crianças de seis anos de idade à exclusividade da alfabetização no
primeiro ano do ensino fundamental de nove anos, mas sim ampliando as possibilidades de
aprendizagem.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
118
O PAPEL DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS CONDUTUAIS
Autora: Débora Regina Tomazi
Orientador: Prof. Dr. Antônio Francisco Marques
IES: UNESP/Bauru
Departamento: Educação
A conduta humana é constituída através de experiências sócio-históricas. O individuo é capaz de
adquirir não só conhecimentos, mas também seu modo de interagir em grupo, suas condutas sociais.
Karl Marx defende que o homem nasce inserido em uma cultura a qual precisa ser apropriada. Seu
processo de desenvolvimento não depende como nos animais, apenas de sua maturação orgânica,
mas os indivíduos modificam e criam suas próprias condições de desenvolvimento dentro de uma
determinada sociedade. Vigotsky acredita que as aprendizagens se dão em forma de processos que
incluem aquele que aprende, aquele que ensina e as relações entre pessoas, não ocorrendo
desenvolvimento sem situações que propiciem aprendizado. O individuo necessita de modelos,
apoio e mediação para aquisição e desenvolvimento de capacidades humanas. O modo de ver o
mundo, de se comportar, as atitudes com o meio e com as pessoas, são construídos neste processo
de interação social. Segundo Leontiev, no jogo a criança de idade pré-escolar se aproxima das
funções sociais e das normas de comportamento que correspondem a certas pessoas. E na educação
infantil que a criança ingressa no mundo social, tendo contato com pessoas que não pertencem ao
seu circulo familiar. Os jogos nesta fase são um importante meio de se detectar a percepção que a
criança tem de outras pessoas, seus sentimentos, experiências e ponto de vista, contribuindo
inclusive para consolidar tais experiências. Tenho como objeto de pesquisa os jogos na educação
infantil enquanto instrumentos de desenvolvimento de conduta e sua utilização nas escolas. A
metodologia utilizada é estudo bibliográfico e pesquisa em escolas de educação infantil. Os jogos
podem ser de vários tipos: cooperativos, intelectuais, motores, competitivos e dramáticos, mas não é
seu caráter espontâneo que o torna importante para o desenvolvimento social da criança, mas sim a
relação que existe entre exercitar no plano imaginativo situações do cotidiano, dando um caráter
social às situações lúdicas, conteúdos e regras. Será para a criança a principal fonte de
interiorização das condutas, servindo de base na apreensão de regras e normas estabelecidas para as
relações sociais. Partindo do principio de mediação de Vigotsky, o educador deve usar o jogo como
instrumento de interação, não o encarando apenas como “passatempo”. Deve traçar objetivos
concretos, não sendo um momento “solto” em sala de aula. Assim, como os homens participam da
dinâmica social e constroem a sociedade através de suas atividades, a criança através de suas
atividades apropria-se das condutas socialmente estabelecidas e desenvolvem-se na sociedade. Os
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
119
resultados parciais obtidos neste estudo confirmam que os jogos são instrumentos essenciais para o
desenvolvimento social da criança, pois promovem interação entre indivíduos, tornam a
aprendizagem mais prazerosa e facilitam sua interiorização. Daí sua importância enquanto
ferramenta de aprendizagem social na educação infantil.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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EDUCAÇÃO INFANTIL: ELEGENDO E ANALISANDO CRITÉRIOS PARA SE
INVESTIR NA QUALIDADE DO ATENDIMENTO
Autora: Giovanna Angélica Ciloni
Co-Autoras: Marcela Buosi Ambrósio; Graziela Trevisan
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maristela Angotti
IES: Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara
Departamento: Didática
O grupo de Pesquisa "Educação Infantil: aprendizagem e desenvolvimento profissional em contexto
integrados" coordenado pela Profa Dra Maristela Angotti atua a partir da perspectiva de defesa e de
busca pela qualidade na Educação Infantil por entender que este é um direito constitucional a ser
oferecido ao filho ou criança sob a responsabilidade de trabalhadores rurais/urbanos, bem como da
própria criança, sujeito de direitos. O atual projeto de pesquisa intitulado Educação Infantil:
elegendo e analisando critérios para se investir na qualidade do atendimento vem sendo realizado
desde 2007 (a constituição da equipe data de 2001). O grupo é composto por uma rica e heterogênea
formação de pesquisadores e por doze estagiárias, diversidade interessante e necessária para a
formação dos integrantes e para a produção de conhecimento para a área. Partindo de questão de
extrema importância para o desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade, o projeto de pesquisa visa à qualidade através do investimento na formação de
professores de Educação Infantil por acreditar através de estudos, pesquisas que este é fundamental
para se pensar em qualidade na educação e de seu atendimento; não desconsiderando outras
perspectivas e critérios como: políticas públicas integradas de atendimento à infância,
financiamento, condições básicas de infra-estrutura entre outros. A pesquisa em andamento utilizou
o instrumental da abordagem qualitativa, sem desprezar as contribuições da quantitativa, por meio
da aplicação de formulário elaborado, validado e aplicado pelo grupo de pesquisa, tendo por sujeito
setenta e nove participantes de uma amostra composta inicialmente por cento e dois professores que
atuam em creches, pré-escola e como diretores dos CERs de Araraquara afim de oferecer voz,
expressão das posições de profissionais para que haja o levantamento de elementos que possam
colaborar na melhoria da qualidade do atendimento pedagógico à primeira infância. Segundo
ANGOTTI (2006) Ouvir as vozes, dar espaço e condições de participação por si só não constituem
qualidade no critério de participação de professores, pais e da comunidade; é importante ouvi-las,
analisá-las e oferecer a esses interlocutores validos da área formação, orientação, contribuições,
outros fundamentos que possam desencadear novas perspectivas, conceitos e aplicabilidade de
práticas mais condizentes e pertinentes para atingir as finalidades educacionais com qualidade
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
121
menos questionável que as ainda hoje existentes(p.21). Assim, é preciso diagnosticar e implementar
critérios cruciais para o progresso da qualidade do atendimento à infância.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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A GESTÃO EM CRECHES NA CIDADE DE BAURU: CUIDADO OU EDUCAÇÃO?
Autora: Márcia Miranda Silveira Bello
Orientadora: Prof.ª Me. Gina Sanchez
IES: UNESP / Bauru
Departamento: Educação
A creche é uma instituição mergulhada em transformações referentes a sua estrutura de
funcionamento e sua função social, buscando ainda afirmar sua identidade de instituição
educacional. Atualmente coexistem algumas concepções a cerca da função social que a creche
desempenha, e destacaremos aqui duas principais, que chamaremos de concepção assistencialista,
que é aquela que visa exclusivamente o cuidado e não tem uma preocupação pedagógica com o
desenvolvimento e aprendizagem da criança, e concepção educativa que é aquela que busca integrar
educação e cuidado. De acordo com alguns autores da área de Serviço Social (FIDELIS, 2005;
ALAYON, 1995) o assistencialismo é uma prática social implementada pelas classes dominantes
que visa dar ao pobre aquilo que lhe é de direito como se fosse um favor, mantendo assim sua
condição de submissão e servindo como forma de amenizar os conflitos de classe. Portanto, de
acordo com Kuhlmann (1998), as creches públicas voltadas para as crianças oriundas das classes
trabalhadoras quando são norteadas por uma concepção assistencialista e não assumem seu papel
educativo, servem ao propósito de conformar essas classes por meio das crianças a permanecer no
patamar social onde se encontram e em sua condição de submissão às classes mais altas. De acordo
com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/96, em seu artigo 29 a finalidade
da educação infantil, é “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.” (BRASIL, 1996, p. 18). O presente trabalho pretende investigar qual a concepção de
creche adotada pela equipe gestora de algumas creches em Bauru e que norteia as práticas gestoras
dessas instituições. A metodologia adotada consiste na análise qualitativa de um questionário
fechado sobre a estrutura de funcionamento da creche e de uma entrevista composta por questões
abertas realizada com as profissionais que fazem parte da equipe gestora. Em seguida, a partir das
respostas dos entrevistados será feita a análise dos conteúdos de suas falas. Para isso será utilizado
como referencial teórico o livro Análise de Conteúdos de Laurence Bardin (2000). Assim,
baseando-se na análise de conteúdos de Bardin (2000), será possível fazer inferências a partir das
falas das entrevistadas que nos permitirão responder o que conduziu um determinado enunciado e
quais as conseqüências que poderão advir deste. Como a pesquisa está em andamento ainda não é
possível visualizar resultados em maior escala.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
123
INFÂNCIA, LUDICIDADE E ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO CONTEXTO
HOSPITALAR
Autora: Maria Carolina Canale Sanches
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: UNESP / Bauru
Departamento: Educação
O presente estudo investiga a infância e a ludicidade a partir do contexto hospitalar, bem como
analisa as implicações da atuação do Pedagogo em contexto não-escolar. O projeto objetiva
concretizar a temática enfocando a análise da literatura recente que explicita discussão acerca das
especificidades da infância, ludicidade e do posicionamento da Pedagogia no contexto hospitalar.
Além disso, o estudo realiza um mapeamento das temáticas do estudo em algumas experiências de
intervenção universitária e prevê uma investigação/intervenção em uma brinquedoteca hospitalar,
no qual o Pedagogo ainda não compõe o quadro de profissionais. Dentre os principais resultados e
discussões preliminares podemos mencionar que a bibliografia nacional e internacional sobre as
práticas educativas na instituição hospitalar permite averiguar que o trabalho pedagógico em
hospitais apresenta diversas interfaces de atuação: intervenção, estimulação, escolarização,
pesquisa, além do voluntariado. As experiências de intervenção retratam o quanto o hospital é um
ambiente privilegiado dos profissionais de saúde em geral. Todavia, associado ao movimento de
humanização a presença do pedagogo nesse contexto é vista como um co-participante desse
processo, pois muitas vezes a atuação dentro do hospital é confundida como entretenimento e
recreação. Contudo, experiências bem sucedidas, ressaltam a emergência da intervenção pedagógica
nos hospitais para a promoção da integração entre a criança, a família, a escola e o hospital,
amenizando os traumas da internação, preservando a ludicidade e a interação social. Além do
fortalecimento do fazer pedagógico na prática educacional dos ambientes hospitalares; como
garantia do acesso a educação e a preservação da ludicidade na infância em situações de
vulnerabilidade.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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DESCOBRINDO A INFÂNCIA, COMPREENDENDO A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E
BRINCADEIRAS
Autora: Nathália Fernanda da Silva
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: UNESP / Bauru
Departamento: Educação
O objetivo do presente estudo é investigar a relação entre a compreensão da infância e a
importância dos jogos e brincadeiras em recentes pesquisas educacionais. A metodologia do
trabalho envolve o levantamento e análise de estudos científicos na área da Educação e da
Sociologia da Infância. Dentre os principais resultados podemos evidenciar que: 1) estudos com
ênfase na questão histórica destacam que antes do seculo XVI as crianças eram consideradas
adultos em miniatura e os jogos e as brincadeiras estavam inseridas nas práticas do universo dos
adultos; 2) estudos contemporâneos mostram que o significado das brincadeiras e dos jogos estão
diretamente vinculados ao contexto sócio-político-econômico e cultural em que a criança esta
inserida, assim temos os jogos e as brincadeiras refletindo as diferentes concepções e vivências de
infância; 3) pesquisas no campo da Sociologia da infância tem defendido a necessidade de
enfrentamentos e posicionamentos nas práticas educativas quanto ao entendimento das culturas
produzidas para as crianças e as culturas produzidas pelas crianças. Em suma, concluímos que faz-
se necessário uma análise a respeito da importância dos jogos e das brincadeiras desenvolvidas nas
práticas educativas e sua relação com a compreensão das especificidades das diferentes infâncias.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
125
SIGNIFICADOS E EXPECTATIVAS DE CRIANÇAS DAS CAMADAS POPULARES EM
RELAÇÃO A ESCOLARIZAÇÃO
Autora: Patrícia Juliana Ferreira
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES:UNESP / Bauru
Departamento: Educação
O objetivo do presente estudo é o de desenvolver uma análise teórica em relação ao universo dos
significados e das expectativas de crianças das camadas populares no tocante a escolarização. A
metodologia adotada, o levantamento e análise bibliográfica nas áreas de Educação, Sociologia e
Psicologia, a partir do referencial histórico-cultural. Dentre os principais resultados podemos
afirmar que o quanto o ambiente de diferenciação na escola é perceptível aos alunos, pois estes
introjetam representações das professoras acerca de seu desempenho. Os estudos científicos
mostram que as crianças cristalizam uma imagem positiva da escola quando o discurso e a postura
da instituição valorizam e incentivam a aprendizagem, contudo estas são desafiadas a apresentar
melhores resultados para poder participar de atividades extra-curriculares, das quais são excluídas
geralmente em função de indisciplina ou dificuldades de aprendizagem. O significado da
escolarização é muito influenciado pelo desempenho dos alunos e também pela postura dos
educadores na família e na escola. A revisão teórica destaca que quando os alunos apresentam um
bom rendimento, o mérito e atribuído ao esforço e a facilidade que possuem para a aquisição dos
conteúdos escolares. Já os alunos com dificuldade ou com defasagem de conteúdo explicam que os
problemas escolares advém da falta de capacidade e de potencial para a aquisição de aprendizagens
compatíveis com a faixa etária, definindo assim a escolarização como algo necessário para a
formação, mas que e inacessível em suas historias de vida.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES E
POSICIONAMENTOS
Autora: Raquel Morato do Amaral Costa
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES:UNESP / Bauru
Departamento: Educação
A presente pesquisa situa-se na preocupação da preservação dos direitos da criança assegurados
pela nossa Constituição de 1988, e mais amplamente especificados e defendidos no Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei Federal nº 8.069/1990), amparados pelo Conselho Tutelar. Desde
então, a Família, o Estado e a Sociedade partilham deveres para garantir os direitos instituídos, e
para isso, devem denunciar e notificar situações de violência suspeitada e/ou comprovada aos
órgãos públicos competentes. A violência intra-familiar/doméstica é considerada um problema de
saúde pública, que embora sub notificado, apresenta índices bastante significativos. As violações
cometidas em nome da prática educativa, como maneira de disciplinar e/ou educar, ainda é muito
grande. Estudos apontam sérios danos ao desenvolvimento do indivíduo agredido, desde sua saúde
mental, sua adaptação e inserção sociais, até a repetição do modelo aprendido (violência
transgeracional e multigeracional), numa dinâmica complexa entre os atores envolvidos. Por
considerarmos essa pratica como uma das faces mais cruéis da violência e, pelo fato de estudos
demonstrarem que a escola participa com um percentual muito baixo nas notificações, nosso
objetivo é levantar dados sobre a percepção dos profissionais da educação infantil acerca da
violência intrafamiliar. Sabe-se que os maus tratos contra crianças e adolescentes, embora
conhecidos desde a Antiguidade, somente nos últimos anos e que se tornaram objeto de estudo,
assim realizamos, uma revisão dos estudos bibliográficos sobre o tema. A metodologia atual do
trabalho envolve um minucioso estudo teórico nas áreas de Sociologia, Antropologia, Psicologia,
Legislação e numa fase posterior, buscaremos mapear a concepção, a percepção e encaminhamento
feitos pelos profissionais da educação na Educação Infantil, acerca dos casos de maus tratos,
suspeitados e/ou comprovados, em seus alunos, visando conhecer como tal fenômeno e
(re)conhecido, (re)construído e (re)produzido nas relações sociais, para num último momento,
programarmos, em conjunto com o publico envolvido (educadores, cuidadores), intervenções que os
auxiliem e apóiem, de forma a garantir os direitos da criança. A análise de estudos científicos
ressalta que a escola e, portanto, os professores são co-responsáveis pela integridade das crianças,
sendo obrigados por lei (art.245, ECA) a denunciar casos suspeitos e/ou comprovados de violência,
mas os dados estatísticos demonstram que isso não vem acontecendo, valendo ressaltar a baixa
participação da escola (aparecendo entre 4% e 10% no conjunto de notificantes). Concluímos que
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
127
os estudos destacam a tese de que a maioria dos casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes
que chegam às instituições de saúde e das escolas não é reportada, a não ser quando a severidade da
agressão beira a extremos.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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O "ERRO" NA LINGUAGEM DA CRIANÇA: FONTE DE DADOS PARA OS ESTUDOS
EM AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM
Autora: Rosângela Nogarini Hilario
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alessandra Del Ré
IES: UNESP / Bauru
Departamento: Educação
O erro na linguagem da criança tem chamado a atenção dos pesquisadores na área de Aquisição de
Linguagem. Antes visto como sinal do que a criança ainda não sabe, atualmente tem sido um grande
aliado na busca pela compreensão dos processos através dos quais a criança adquire a linguagem.
Certos tipos de erros foram bastante explorados por autores da área, como, por exemplo, a produção
de formas desviantes de conjugação em verbos irregulares e classes gramaticais formadas por
prefixos e sufixos como des- e – oso, analisados por Figueira (1996). Nesta pesquisa, propomos a
análise de um tipo de erro observado com alguma freqüência na fala de crianças pequenas (entre 2 e
3 anos), a saber, a ausência do morfema de plural {-s} no artigo e sua respectiva marcação no
substantivo, em um sintagma nominal (Ex. “a bolas”). Nossa primeira impressão é que os critérios
para aceitabilidade desses enunciados, tidos como agramaticais para os adultos, são diferentes para
a criança neste período de aquisição. A incidência de erros deste tipo, ao contrário de muitos fatos
lingüísticos que se explicam pelo input dos pais e outros adultos, parece distanciar a produção
lingüística das crianças do que comumente escutam na fala dos adultos em geral, que tendem a
marcar o plural no artigo e não no substantivo (Ex. As bola). No entanto, a emissão desses
enunciados parece-nos perfeitamente justificável se pensarmos que a relação das crianças pequenas
com o mundo exterior e intensa e, dessa forma, relaciona sua fala aos objetos que manipula e as
situações comunicativas em que se envolve resgatarmos. Vygotsky (2005) teoriza que a criança
parte da fala oral para a fala interior, como se organizasse o pensamento primeiro em voz alta para
então desenvolver a habilidade de pensar em silêncio. Sendo assim, quando a criança vê varias
bolas ao seu redor, ao expressar verbalmente esta situação parece-nos compreensível que manifeste
em palavras o que observa concretamente, isto e, o objeto no plural. Para analise de corpus, uma
coleta longitudinal com duas crianças entre 20 e 36 meses foi iniciada, com sessões quinzenais de
60 minutos cada, em contexto familiar. Partindo de uma concepção sociointeracionista, que
considera a interação dialógica como fator determinante para a aquisição da linguagem (Vygosty,
2005, Bruner, 2004, Bakhtin, 1997) analisaremos os enunciados infantis no intuito de conhecer
melhor os fatos que regem suas produções lingüísticas e confirmar algumas impressões acerca desta
produção, distinguindo, na fala da criança, erros que sejam decorrentes de generalizações ou
analogias da fala do adulto de erros onde não há equivalência. Ao profissional da Educação é de
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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extrema importância conhecer o desenvolvimento infantil, seja ele motor, cognitivo ou lingüístico.
Desta forma, os estudos em Aquisição de Linguagem se tornam imprescindíveis na formação do
educador. O presente estudo pretende contribuir também para esta formação.
Revista da Amostra de Pesquisa em Educação
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A FAMÍLIA COMO AUXILIADORA NA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO AUXÍLIO NAS TAREFAS
Autora: Thaísa Batista Ribeiro
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia Bastos Zuquieri
IES: UNESP / Bauru
Departamento: Educação
Todo estudo realizado no contexto da educação infantil necessita que haja uma analise da história
da infância e de como a criança era vista em alguns séculos atrás, isso se concretiza necessário uma
vez que a concepção de educação infantil que temos atualmente foi construída ao longo do tempo e
da própria historia da infância. Na Europa antiga a criança era vista como um adulto em miniatura
que era educada apenas com os recursos necessários para aprender e realizar atividades que eram
designadas pelos adultos. Vestia-se, comportava-se e falava como um adulto e só era percebida em
meio a eles na vida em sociedade. Segundo Aries, os sinais de desenvolvimento da descoberta da
infância só se tornaram significativos a partir do século XVI e durante o século XVII. Ao longo da
historia, foi sendo cultivado o sentimento pela infância, a aproximação de pais e filhos e o cuidado
que consistia em poupá-los do sofrimento pela sua perda, pela morte de crianças pequenas. No
século XX surgem no Brasil as primeiras instituições pré-escolares com objetivos assistencialistas
que vinham de encontro a necessidade da legalização do trabalho feminino, segundo Kuhlmann, e
com a preocupação do Estado com a infância em si. Segundo Kramer, a criança e um sujeito ativo
na construção de seus conhecimentos, usando para tal, os esquemas mentas necessários e próprios
de cada etapa de seu desenvolvimento, favorecendo assim, sua interação ativa com o meio exterior,
e neste contexto da a importância necessária a educação infantil como sendo a pioneira para este
processo na vida das crianças. Ressalta também, a importância de um real dialogo entre escola e
família para que se possa traçar metas e propostas para enfrentar contradições em prol das crianças.
Tenho como objetivo analisar a importância do auxilio da família no processo de aprendizagem de
crianças no contexto da educação infantil através das tarefas escolares. A metodologia utilizada e
pesquisa de campo através de questionários para as famílias, análises de tarefas e observações. A
tarefa escolar neste contexto proporciona uma grande abertura para que a família intervenha e
auxilie no processo de aquisição do conhecimento e assimilação de conteúdos pela criança.
Professores e pais devem possuir um canal de comunicação muito aberto para discussão desse e
outros assuntos de importância para vida acadêmica das crianças. Os resultados parciais desta
pesquisa revelam que o auxílio e influência da família nas atividades escolares ou qualquer outro
tipo de atividade realizada pela criança durante o período da educação infantil são fundamentais
uma vez que a presença de um adulto durante esse processo da criança uma sensação de segurança e
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conforto, estimulando assim a capacidade de se desenvolver de forma plena e constante em busca
de sua autonomia.
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(RE) PENSANDO A INFÂNCIA: CONTINUIDADES E RUPTURAS NA TRANSMISSÃO
INTERGERACIONAL
Autora: Vanessa Bentes Miranda
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Cristina Argenti Perez
IES: UNESP / Bauru
Departamento: Educação
A pesquisa investiga a infância, por meio de um estudo teórico-empírico que objetiva discutir as
práticas educativas na infância na relação intergeracional e suas implicações para o (re) pensar a
infância na atualidade. O projeto objetivou concretizar a temática enfocando a análise das recentes
publicações de órgãos oficiais e de estudos acadêmico-científicos que explicitam discussões acerca
das especificidades da infância e da legitimidade e efetividade das políticas e práticas educativas e
de estudo empírico, focalizando um estudo de caso, envolvendo a avó materna, a mãe e uma
criança. A coleta de dados em andamento envolve contatos informais com os envolvidos e
entrevistas semi estruturadas. Dentre os principais resultados e discussões preliminares constatamos
que na comparação intergeracional fica evidenciado um papel de maior destaque para a mãe na
condução da educação dos filhos, sugerindo que a função da figura materna seja mais sólida e
próxima do que a do pai.. Uma das explicações relevantes sobre estilos e práticas parentais é a de
que os sujeitos da pesquisa tendem a repetir, o modelo aprendido em sua própria família. Sendo
assim o relacionamento da mãe com a avó materna tem um profundo impacto na maneira como se
pensa os cuidados com a criança da pesquisa. Dois aspectos fundamentais para discussão advém
desta pesquisa: fica evidenciada a transmissão intergeracional dos aspectos negativos, como
punição inadequada, modelos inconsistentes, entre outras variáveis; no entanto, as mudanças
ocorridas nos casos de não transmissão, foram para positivas em relação a maior comunicação e
proximidade entre a mãe e o filho. Podemos destacar que a relação intergeracional legitima o
desafio de revelar muito mais sobre a infância, do que efetivamente se consegue fazer por ela, já
que as condições impostas à infância nas gerações, em diferentes lugares, classes sociais e
momentos históricos, destacam que não é possível viver uma infância idealizada, pretendida e
legitimada, vive-se a infância possível, pois a criança está imersa na cultura e participa ativamente
dela.