ANÁLISE DE CONCEPÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NO ENSINO SUPERIOR
Ana Isabel Leite-Oliveira
Universidade do Estado da Bahia – UNEB
1INTRODUÇÃO
Tanto no campo da produção do conhecimento científico, como no campo da
mediação deste conhecimento nos espaços formais de ensino, transformações fizeram-se
necessárias para atender a necessidade de compreensão das complexas estruturas
ambientais, bem como das consequências de natureza antropogênica, buscando-se o
retorno para um “equilíbrio” hoje almejado para a garantia da própria manutenção da
vida.
Partamos assim da ideia de que o relógio moderno, após ter sido dado corda e
trabalhando linearmente no tempo, deu lugar a um tempo virtual, no qual até mesmo os
espaços ganharam “imaterialidade”. O desmontar e montar de peças tornou-se tarefa de
especialistas, que cada vez mais precisam dominar mais peças e se perdem em um
emaranhado de pedaços, que sem significados não permitem mais ver as horas.
Estamos falando dos paradigmas clássicos da ciência, que tecnificou o
conhecimento, dividiu o espaço geográfico em esferas hierárquicas de poder,
descaracterizou o homem enquanto natureza e em conjunto com a lógica de produção
capitalista o transformou também em recursos, privilegiado porque se apropria de
recursos “menos nobres” que eles. Eis o modelo da sociedade atual no uso dos recursos
naturais, herdado das revoluções técnicas e científicas dos séculos XVI e XVII. E o
processo é dialético: o fluxo de ideias do mundo ocidental fundamentou o como fazer
ciência e a ciência, por sua vez, instrumentaliza a sociedade para reprodução deste fluxo
de ideias.
Mas, o relógio adiantado das inovações tecnológicas imprimiu na sociedade um
ritmo de tal modo acelerado que a própria sociedade se viu forçada a refletir sobre si
mesma. Apropriando-nos das reflexões de Camargo (2005), uma cisão epistemológica
se faz necessária. Como historicamente tratamos o ambiente reflete nas mazelas da
sociedade atual. E a ação é derivada de concepções. Perceber que somos um todo,
sistemicamente interligados, originando novas combinações que obedecem a uma
dinâmica em constante evolução. O sistema Terra visto como uma “teia” na qual o
ambiente é fruto da articulação entre os elementos constituintes de uma totalidade.
Assim, com a finalidade de investigar as concepções de alunos do nível superior
de ensino sobre ambiente, interdisciplinaridade, sustentabilidade e Educação Ambiental,
foram aplicadas questões abertas, no intuito de realizar uma análise comparativa e traçar
um diagnóstico dos elementos fundadores da construção destes conceitos em sua
formação, antes de cursarem o componente curricular Educação Ambiental. Enfatiza-se
o fato destes estudantes estarem vinculados a um curso de Licenciatura em Geografia,
possibilitando a reunião, em sua trajetória, de elementos de caráter pedagógico e
ambiental, o que a priori ofereceria um leque satisfatório de abordagens teóricas e
práticas para a construção de tais definições.
3 CONCEITOS CHAVE PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O pensar sobre a Educação Ambiental se iniciou há mais de 40 anos.
Exatamente quando a preocupação com a manutenção do ambiente emergiu. Como tais
questões ganham dimensão global, também a Educação Ambiental foi tema de
discussões e elaboração de diplomas internacionais. O que ocorreu não porque de
repente o homem se percebeu parte da natureza e se sentiu ameaçado com a degradação.
Mas, sobretudo, porque a ameaça principal se deu sobre a manutenção do modo de
produção capitalista.
Como manter o lucro sem a matéria-prima para sustentar a produção?
Relembremos que o petróleo, motor deste sistema, neste período entrara em crise, assim
como o próprio capitalismo, emergindo do ambientalismo um discurso favorável aos
interesses do capital. Assim, em 1970, quando na Conferência de Estocolmo propôs
uma reavaliação do modelo de “desenvolvimento” até então adotado, instituindo
historicamente o marco das políticas ambientais a nível internacional, questionamos:
qual a concepção de ambiente que guiou os planos de ação mundial? A visão
fragmentada do real sustent
“desenvolvimento”? Como a Educação Ambiental est
Destas questões insurgem os conceito
permear as discussões que têm como núcleo a Educação Ambiental (Figura 1)
duas Conferências específicas, ainda na década de 1970: Conferência de Belgrado
(1975) e Conferência de Tbilisi (1977), como bem
uma interconexão, indissociável,
socialmente organizado, do qual emana
ações concretas, diretrizes políticas, objetivam a realidade.
Figura 1. Conceitos chave para a Educação Ambiental.
Tais ações são guiadas por visões de mundo, seja
qual encontra-se imerso, seja nas relações com ele estabelecidas, refletidas em uma
visão dicotômica, recursista ou sistêmica. Tais conceitos
impregnados do momento histórico, fatores culturais, econômicos
conscientemente imbricado na construção dessa relação. Vejamos a seguir, de forma
sucinta, com a intensão
interesses do capital. Assim, em 1970, quando na Conferência de Estocolmo propôs
uma reavaliação do modelo de “desenvolvimento” até então adotado, instituindo
historicamente o marco das políticas ambientais a nível internacional, questionamos:
qual a concepção de ambiente que guiou os planos de ação mundial? A visão
fragmentada do real sustentou essa reflexão? Como se pensou a continuidade do
Como a Educação Ambiental estava sendo pensada?
Destas questões insurgem os conceitos chave que acreditamos sustentar e
permear as discussões que têm como núcleo a Educação Ambiental (Figura 1)
duas Conferências específicas, ainda na década de 1970: Conferência de Belgrado
(1975) e Conferência de Tbilisi (1977), como bem destaca Pedrini (2011).
uma interconexão, indissociável, da relação natureza e sociedade deriva o ambiente
socialmente organizado, do qual emana do homem toda consciência social que guia as
ações concretas, diretrizes políticas, objetivam a realidade.
have para a Educação Ambiental.
Tais ações são guiadas por visões de mundo, sejam sobre o próprio ambiente no
se imerso, seja nas relações com ele estabelecidas, refletidas em uma
visão dicotômica, recursista ou sistêmica. Tais conceitos encontram
dos do momento histórico, fatores culturais, econômicos e todo tipo de elo
conscientemente imbricado na construção dessa relação. Vejamos a seguir, de forma
a intensão de despertar uma reflexão, os conceitos ambiente,
interesses do capital. Assim, em 1970, quando na Conferência de Estocolmo propôs-se
uma reavaliação do modelo de “desenvolvimento” até então adotado, instituindo
historicamente o marco das políticas ambientais a nível internacional, questionamos:
qual a concepção de ambiente que guiou os planos de ação mundial? A visão
essa reflexão? Como se pensou a continuidade do
sendo pensada?
s chave que acreditamos sustentar e
permear as discussões que têm como núcleo a Educação Ambiental (Figura 1), tema de
duas Conferências específicas, ainda na década de 1970: Conferência de Belgrado
Pedrini (2011).Mantendo
da relação natureza e sociedade deriva o ambiente
toda consciência social que guia as
sobre o próprio ambiente no
se imerso, seja nas relações com ele estabelecidas, refletidas em uma
encontram-se, assim,
e todo tipo de elo
conscientemente imbricado na construção dessa relação. Vejamos a seguir, de forma
, os conceitos ambiente,
interdisciplinaridade e sustentabilidade. Aqui tratados como base triangular da
Educação Ambiental, cuja gênese se assenta na interconexão natureza e sociedade.
3.1 Ambiente, Interdisciplinaridade e Sustentabilidade
As questões sociais e ambientais tradicionalmente são discutidas como distintas.
Áreas naturais vistas como sinônimo de ambiente, que devem ser
preservados/conservados, representando estoque de recursos para atender às
necessidades da sociedade. Enquanto que esta, em uma visão reducionista, trata os
aspectos derivados do homem socialmente organizado, como um ente externo à
natureza.
Negligencia-se o fato do homem também ser natureza. Distanciamo-nos tanto do
ambiente que nos vemos externos à ele, no entanto, um não existe sem o outro. Ao
mesmo tempo em que natureza e sociedade são autônomas, também são dependentes,
insurgindo desta relação um único ambiente, dialeticamente produzido (GOMES,
1990). Pensar, pois, o ambiente é pensar uma totalidade. Nesta perspectiva, desmorona
a racionalidade moderna, pois a fragmentação precisa ser superada.
Assim, que também na década de 1970, além de ambiente e Educação
Ambiental, discute-se sobre interdisciplinaridade(GONZÁLEZ-GAUDIANO, 2005). A
visão de conjunto não cabe nas práticas pedagógicas tradicionais.A
interdisciplinaridade, embora ganhe definições diversas, aqui é compreendida como
“uma proposta epistemológica que tende a superar a excessiva especialização disciplinar
surgida da racionalidade científica moderna” (GONZÁLEZ-GAUDIANO, 2005, p.
123). O que sugere nova forma de produção do conhecimento, pautada na interconexão,
visão de conjunto, na indissociação dos elementos componentes do ambiente, ou seja,
do natural e do social. E é partindo da compreensão de um ambiente como totalidade,
guiada pela visão interdisciplinar que poderemos fazer referência a sustentabilidade.
Alvo de críticas, o termo sustentabilidade, assim como desenvolvimento
sustentável, guarda acirramentos políticos, econômicos e ambientais. Sustentável para
quê e para quem? No contexto capitalista, a busca constante é pela produção de bens
materiais, para a qual a natureza assume o papel de recurso e o homem de proprietários
dos meios de produção ou da força de trabalho, em uma relação desigual. Neste
contexto, aprofunda-se a dicotomia natureza e sociedade, dissolve-se o ambiente.
Assim, coadunamos com Gadoti (2009), quando este afirma existir entre
sustentabilidade e capitalismo “incompatibilidade de princípios”. O capitalismo vê o
lucro na natureza e para obtê-lo degrada o ambiente (leia-se natural/social), ou discursa
pela sua proteção/conservação, para a manutenção da sua (re)produção. No entanto,
como positivamente declara este mesmo autor, sustentabilidade é uma “ideia-força”. É
preciso partir de algum ponto, e pensá-la como possibilidade futura é começar a planejar
a necessária transformação.
Tal transformação advém da própria sociedade. Em sua marcha no espaço e no
tempo, o homem está em permanente construção. Interagindo com outros homens,
sabendo-se inacabado, imbuído de esperança e criatividade é potencialmente um agente
transformador da sociedade e cabe à educação esse despertar (FREIRE, 1997). Quão
complexo se coloca educar, e mais ainda educar ambientalmente!
Isto porque, à Educação Ambiental cabe transcender. O ambiental qualifica a
educação para a percepção da totalidade natureza e sociedade, e mesmo parecendo
redundante, reforça a necessidade da interdisciplinaridade no processo de ensino-
aprendizagem, da visão interconectada dos elementos do mundo, da causa-efeito das
escolhas, das ações sobre o ambiente. Educação Ambiental assume o papel de formar
para a cidadania, pois vê, sobretudo, no respeito a si e ao outro (quadro biofísico
planetário), a possibilidade de um maior equilíbrio, harmonia e qualidade de vida, esta
última no sentido de ter autonomia, como entendido por Gadoti (2009).
4 REFLETINDO DEFINIÇÕES NO ENSINO SUPERIOR
Antes de iniciarmos as aulas de Educação Ambiental objetivou-se conhecer a
construção prévia das definições sobre ambiente, interdisciplinaridade, sustentabilidade
e Educação Ambiental dos graduandos de um curso de Licenciatura em Geografia. Para
tanto realizou-setabulação das respostas, categorizando
identificação dos elementos chave que as norteavam, seguindo
comparativa com as definições adotadas.
No gráfico 1percebe
interdisciplinaridade encontra
sendo necessário unir, relacionar ou dialogar com diferentes disciplinas ou ár
da abordagem de determinado conteúdo. Esta visão não supera a especialidade do
conhecimento, a qual propõe uma integração disciplinar, como apontado por 29% dos
discentes.
Gráfico 1. A concepção de interdisciplinaridade entre os graduandos.
O diálogo disciplinar na perspectiva apontada é uma das práticas mais
recorrentes na educação. Na tentativa de
são elaborados projetos pedagógicos que propõem um tema a ser abordado por todas as
disciplinas letivas, culminando com a sua socialização para a comunidade interna e
externa à escola. Claramente evidencia
abordagem. Cada disciplina, individualmente, contribui para o estudo do tema. Fica à
cargo do aluno conseguir, ou não, estabelecer as relações necessárias para uma
compreensão integrada.
Quanto a concepção de ambiente, mais da metade dos discentes, o que
correspondeu a 67%, conservam a ideia de ambiente enquanto natureza. De modo
explícito vinculam ambiente com os elementos naturais, e não fazem menção ao homem
como integrante desta natureza. Em menor proporção, cerca de 14%, vê
INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR
JUNÇÃO/DIÁLOGO/RELAÇÃO ENTRE DISCIPLINAS OU ÁREAS
tabulação das respostas, categorizando-as de acordo com a
identificação dos elementos chave que as norteavam, seguindo
com as definições adotadas.
percebe-se que, predominantemente, a noção de
interdisciplinaridade encontra-se pautada na manutenção do conhecimento disciplinar,
sendo necessário unir, relacionar ou dialogar com diferentes disciplinas ou ár
da abordagem de determinado conteúdo. Esta visão não supera a especialidade do
conhecimento, a qual propõe uma integração disciplinar, como apontado por 29% dos
A concepção de interdisciplinaridade entre os graduandos.
O diálogo disciplinar na perspectiva apontada é uma das práticas mais
recorrentes na educação. Na tentativa de implementara interdisciplinaridade comumente
são elaborados projetos pedagógicos que propõem um tema a ser abordado por todas as
vas, culminando com a sua socialização para a comunidade interna e
externa à escola. Claramente evidencia-se o equívoco, pois unifica-se o tema, mas não a
abordagem. Cada disciplina, individualmente, contribui para o estudo do tema. Fica à
onseguir, ou não, estabelecer as relações necessárias para uma
Quanto a concepção de ambiente, mais da metade dos discentes, o que
correspondeu a 67%, conservam a ideia de ambiente enquanto natureza. De modo
te com os elementos naturais, e não fazem menção ao homem
como integrante desta natureza. Em menor proporção, cerca de 14%, vê
29%
71%
INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR
JUNÇÃO/DIÁLOGO/RELAÇÃO ENTRE DISCIPLINAS OU ÁREAS
as de acordo com a
identificação dos elementos chave que as norteavam, seguindo-se da análise
se que, predominantemente, a noção de
se pautada na manutenção do conhecimento disciplinar,
sendo necessário unir, relacionar ou dialogar com diferentes disciplinas ou áreas quando
da abordagem de determinado conteúdo. Esta visão não supera a especialidade do
conhecimento, a qual propõe uma integração disciplinar, como apontado por 29% dos
O diálogo disciplinar na perspectiva apontada é uma das práticas mais
a interdisciplinaridade comumente
são elaborados projetos pedagógicos que propõem um tema a ser abordado por todas as
vas, culminando com a sua socialização para a comunidade interna e
se o tema, mas não a
abordagem. Cada disciplina, individualmente, contribui para o estudo do tema. Fica à
onseguir, ou não, estabelecer as relações necessárias para uma
Quanto a concepção de ambiente, mais da metade dos discentes, o que
correspondeu a 67%, conservam a ideia de ambiente enquanto natureza. De modo
te com os elementos naturais, e não fazem menção ao homem
como integrante desta natureza. Em menor proporção, cerca de 14%, vê-se que
compreendem o ambiente como fonte de recursos para atendimento das necessidades
humanas e, em igual percentual, 14% dos gr
categorizamos como indefinido, por utilizarem do próprio termo para elaborar a
definição ou misturam vários elementos.
Apenas 5% destes
aspectos naturais e sociai
racionalidade moderna ainda predomina nessas construções. O alto percentual de
respostas indefinidas mostra claramente o momento de transição pelo qual estão
passando. Atribuindo características de uma
a dar um salto qualitativo nesta
Gráfico 2. A concepção de ambiente entre os graduandos.
Compreende-se que não é fácil reconstruir concepções. Trata
um processo formativo imbuído
“melhor entende-lo” e acaba por distanciar a percepção do seu conjunto. Como esperar
que rapidamente a forma de se relacionar com o mundo seja transformada? Pois,
conceber o ambiente a partir de uma visão de
distanciar-se para aproximar
Diferente dos outros dois conceitos, sustentabilidade apresentou uma concepção
unanime. Fez-se referência à definição
sem comprometer sua disponibilidade e qualidade para as atuais e futuras gerações.
Quão forte é a popularização das ques
elaborados a partir de Estocolmo
o referido termo.
INDEFINIDO
compreendem o ambiente como fonte de recursos para atendimento das necessidades
humanas e, em igual percentual, 14% dos graduandos mostraram-se confusos,
categorizamos como indefinido, por utilizarem do próprio termo para elaborar a
definição ou misturam vários elementos.
destes fez referência ao ambiente enquanto sistema, integrando
s. O que demonstra que a visão fragmentada advinda da
racionalidade moderna ainda predomina nessas construções. O alto percentual de
respostas indefinidas mostra claramente o momento de transição pelo qual estão
passando. Atribuindo características de uma e de outra concepção, encontram
a dar um salto qualitativo nesta definição.
Gráfico 2. A concepção de ambiente entre os graduandos.
se que não é fácil reconstruir concepções. Trata-se do histórico de
um processo formativo imbuído de uma visão tradicional, que divide o real para
lo” e acaba por distanciar a percepção do seu conjunto. Como esperar
que rapidamente a forma de se relacionar com o mundo seja transformada? Pois,
conceber o ambiente a partir de uma visão de totalidade requer vê-lo sob outro ângulo,
se para aproximar-se.
Diferente dos outros dois conceitos, sustentabilidade apresentou uma concepção
se referência à definição de desenvolvimento sustentável: u
er sua disponibilidade e qualidade para as atuais e futuras gerações.
Quão forte é a popularização das questões ambientais sob o viés de
elaborados a partir de Estocolmo, a exemplo do Relatório Brundtland, o qual oficializou
14%
67%
14%5%
NATRUALISATA ANTROPOCÊNTRICO SITÊMICO
compreendem o ambiente como fonte de recursos para atendimento das necessidades
se confusos, o que
categorizamos como indefinido, por utilizarem do próprio termo para elaborar a
fez referência ao ambiente enquanto sistema, integrando
O que demonstra que a visão fragmentada advinda da
racionalidade moderna ainda predomina nessas construções. O alto percentual de
respostas indefinidas mostra claramente o momento de transição pelo qual estão
e de outra concepção, encontram-se prestar
se do histórico de
de uma visão tradicional, que divide o real para
lo” e acaba por distanciar a percepção do seu conjunto. Como esperar
que rapidamente a forma de se relacionar com o mundo seja transformada? Pois,
lo sob outro ângulo,
Diferente dos outros dois conceitos, sustentabilidade apresentou uma concepção
de desenvolvimento sustentável: usar os recursos
er sua disponibilidade e qualidade para as atuais e futuras gerações.
diplomas legais
, a exemplo do Relatório Brundtland, o qual oficializou
SITÊMICO
Pensar em um desenvolvimento capaz de garantir as necessidades do presente
sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações (Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991)é continuar imbuído da lógica
desenvolvimentista, que vê o ambiente enquanto natureza para ser explorada e
transformada em mercadoria. Sendo que é necessário manter esses elementos
disponíveis para a continuidade do processo. Onde está evidente esta constatação? No
“atendimento às necessidades humanas”. Ora, está se fazendo referência a uma
humanidade externa e superior as demais dimensões do ambiente.
Tais necessidades no modo de produção capitalista, para serem atendidas
prescindem da manutenção das desigualdades e contradições sociais. A fragmentação
do ambiente continua latente, os problemas sociais não são o foco desta discussão,
apenas as questões de um ambiente visto unicamente enquanto natureza. Não há
proposta de mudanças estruturais em relação ao desenvolvimento, predominantemente
econômico, mas das condições favoráveis à reprodução do capital. E neste contexto a
Educação Ambiental é um elo chave, pois favorece a “educação” da sociedade para o
atendimento deste objetivo.
É só retomarmos o fato do desenvolvimento sustentável, da Educação
Ambiental, da interdisciplinaridade fazerem parte de um mesmo contexto histórico de
discussão. A visão interdisciplinar confere à compreensão da totalidade necessária para
abordar as questões ambientais na dimensão educacional e dar suporte para ações que
partem das diretrizes internacionais rumo à resolução dos problemas do ambiente. Pois,
esta é a principal finalidade da Educação Ambiental traçada no relatório de Tbilisi,
La contribución de laeducación a laindispensablemejora de
lagestión de esepatrimoniocomún que es latierratiene una
importancia capital. Enefecto, puede sensibilizar a todas las
capas de lapoblaciónrespecto de los problemas
prioritariospendientes. Puedeintroduciruncierto número de
conceptos y de ideas para percibir tales problemas y destacar
losintereses o los valores que intervienenen cada situación.
Sobre todo, puede transmitir y desarrollarlosconocimientos
teóricos y prácticos y lavoluntad que sonnecessar
resolver una serie de problem
p. 21)
Entre os graduandos a concepção de Educação Ambiental guarda em maior
proporção, cerda de 38%, uma visão
do ambiente. Conscientizar
indivíduo, fruto de suas experiências,
convicções. Entende-se que se p
neste a necessidade de agir segundo determinados princípios.
Outro aspecto diz respeito às questões políticas e econômicas vinculadas à
conservação ambiental, ou seja, a manutenção das reservas naturais de recursos.
mesma forma, ensinar a cuidar e usar o
concepções limitantes para a E
perguntar: para quê e para quem cuidamos do ambiente? Quais as informações são
veiculadas sobre o ambiente? Como são veiculadas? Sofrem manipulação de
Gráfico 2. Concepção de Educação Ambiental entre os graduandos.
CONSTRUÇÃO DE VALORES/CONHECIMENTOS PARA A CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE
INFORMAR SOBRE O AMBIENTE
ENSINAR A CUIDADE/USAR O AMBIENTE
CONSCIENTIZAÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE
CIÊNCIA QUE ESTUDA VARIADOS AMBIENTES
ABSTENÇÃO
Sobre todo, puede transmitir y desarrollarlosconocimientos
teóricos y prácticos y lavoluntad que sonnecessar
resolver una serie de problemas ambientales (UNESCO, 1980,
p. 21)
Entre os graduandos a concepção de Educação Ambiental guarda em maior
38%, uma visão de promoçãoda conscientização para a conservação
onscientizar quer dizer dar consciência e, consciência é algo inerente ao
indivíduo, fruto de suas experiências, do seu agir e pensar sobre o mundo, d
se que se pode sensibilizar o outro e a partir de então despertar
gir segundo determinados princípios.
Outro aspecto diz respeito às questões políticas e econômicas vinculadas à
conservação ambiental, ou seja, a manutenção das reservas naturais de recursos.
mesma forma, ensinar a cuidar e usar o ambiente, informar sobre o ambiente sã
concepções limitantes para a Educação Ambiental. Além do que, devemos sempre nos
perguntar: para quê e para quem cuidamos do ambiente? Quais as informações são
veiculadas sobre o ambiente? Como são veiculadas? Sofrem manipulação de
Concepção de Educação Ambiental entre os graduandos.
5%
14%
33%38%
5%5%
CONSTRUÇÃO DE VALORES/CONHECIMENTOS PARA A CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE
INFORMAR SOBRE O AMBIENTE
ENSINAR A CUIDADE/USAR O AMBIENTE
CONSCIENTIZAÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE
CIÊNCIA QUE ESTUDA VARIADOS AMBIENTES
Sobre todo, puede transmitir y desarrollarlosconocimientos
teóricos y prácticos y lavoluntad que sonnecessarios para
(UNESCO, 1980,
Entre os graduandos a concepção de Educação Ambiental guarda em maior
a conscientização para a conservação
é algo inerente ao
agir e pensar sobre o mundo, das suas
ode sensibilizar o outro e a partir de então despertar
Outro aspecto diz respeito às questões políticas e econômicas vinculadas à
conservação ambiental, ou seja, a manutenção das reservas naturais de recursos. Pois, da
mar sobre o ambiente são
mbiental. Além do que, devemos sempre nos
perguntar: para quê e para quem cuidamos do ambiente? Quais as informações são
veiculadas sobre o ambiente? Como são veiculadas? Sofrem manipulação de intenções?
CONSTRUÇÃO DE VALORES/CONHECIMENTOS PARA A CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE
Dentre as respostas também encontramos equívocos, quando definida como
“ciência que estuda vários ambientes”. Consideremos que a Educação Ambiental não é
uma ciência, mas um campo prático da sociedade e o estudo sobre o ambiente assume
apenas um aspecto desta, o de viés acadêmico, voltado para a produção de
conhecimento que favoreça melhor compreender as situações complexas do ambiente e
sugerir metodologias para intervenções, quando necessário.
As abstenções demonstram a dificuldade de compreender a Educação
Ambiental. Este é um campo complexo, multifacetado e atravessado por ideologias. A
educação por si só já apresenta grande complexidade, seu papel, função, metodologia,
ganham diferentes matizes, atendem a interesses diversos. Junte-se a isto a questão
ambiental, conceito em construção. Embora, em sua raiz, a educação já devesse
completar estas questões, o termo ambiental, consideramos reforçar a intenção de não
secundarizar sua importância no processo formativo.
Concordamos com Gadoti (2009), e enfatizamos que dificilmente haverá
compatibilização, harmonia, solução dos problemas ambientais, com a manutenção do
atendimento dos interesses do capital como prioritários. O lucro estará acima do
humano, as desigualdades precisarão coexistir para alimentar o sistema. Preparar
indivíduos para agirem autonomamente e coletivamente, percebendo-se enquanto atores
do espaço que produzem responsáveis pelas consequências das suas escolhas e
conscientes para fazê-las. Evitando resolver problemas, porque preparados para não
gerá-los.
CONSIDERAÇÕES
Para educar ambientalmente torna-se latente a necessidade de superar a visão
disciplinar de conhecimento, de compreender o ambiente como resultante da relação
natureza e sociedade, a qual se faz de forma dialética e interconectada, de buscar um
contexto ambiental sustentável, ou seja, socialmente justo e qualitativamente acessível.
Constatou-se nesta análise que ainda encontra-se fortemente arraigada nas
concepções do grupo de alunos do nível superior em estudo a separação sociedade e
natureza, com predominância desta última como fonte de recursos naturais, recaindo na
visão de conservação do ambiente para atender as necessidades humanas, embora haja o
entendimento da necessidade de integrar as diversas áreas do saber, para a promoção de
uma compreensão holística da realidade.
É na sala de aula que a sensibilização para essas questões ganham amplo espaço.
Os graduandos de hoje serão os professores de amanhã. E como em uma “bola de neve”
sua visão é formadora de outras, aumentando em quantidade e força um bloco de
concepções que conduzem à intervenção no espaço geográfico. Se tradicional essa
disseminação reforçará, nada mais, do que os interesses vigentes e os fará descer a
encosta alimentando o poder de degradação. Se crítico começará a haver possibilidade
de converter a força mantenedora das estruturas atuais em força reconstrutora, que
prezará pela cidadania e direito de escolha e ação.
Referências
CAMARGO, Luís Henrique Ramos de. A Ruptura do Meio Ambiente: conhecendo as mudanças ambientais do planeta através de uma nova percepção da ciência: a geografia da complexidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2005.
PEDRINI, A. de G. Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
GOMES, Horiestes. A produção do espaço geográfico no capitalismo. São Paulo: contexto, 1990.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da terra. 6. ed. São Paulo: Fundação Peirópolis, 2009.
GONZÁLES-GAUDIANO, Edgar. Interdisciplinaridade e Educação Ambiental: explorando novos territórios epistêmicos. In.: SATO, M.; CARVALHO, I. C. M. (Org.). Educação Ambiental. Porto Alegre: Artmed, 2005.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. RJ: Paz e Terra, 1997.
UNESCO, Organización de lasNacionesUnidades para laEcucación, la Ciência y la Cultura. La educación ambiental: las grandes orientaciones de la Conferencia de Tbilisi.Universitaires de France, Verdôme: ImprimeriedesPresses, 1980. Disponível em: <http://dev.ideaar.info/index.php?option= com_k2&view=item&id=70:la-