FILOSOFIAS AFRICANAS UBUNTU E A GLOBALIZAÇÃO
Universidade Federal de GoiásMestrado em Educação em Ciências e MatemáticaMesa Redonda 1: Zara Hoffmann
FILOSOFANDO A GLOBALIZAÇÃO
Era uma vez.......
Terá sido esta mudança de paradigma a inauguração histórica e intelectual da globalização?
Crença e conhecimento: ambas tem caráter filosófico – são construções humanas
NO LIMITE DO PARADOXO DA GLOBALIZAÇÃO
A globalização como filosofia é coincidência e tensão entre
crença e conhecimento.
No limite, podemos dizer que a globalização é o paradoxo de
estabelecer e demolir fronteiras, simultaneamente.
MAS O QUE É UMA FRONTEIRA?
Conceito ligado a duas reivindicações:
1. A posse ou propriedade exclusiva2. Ao direito e competência para decidir
e exercer controle sobre uma área circunscritaPor trás destas reivindicações estão:
a. Absolutismob. Dogmatismo
FUNDAMENTO DA GLOBALIZAÇÃO
Impulso para ampliar o comércio e expandir a religião e as fronteiras
numa perspectiva da história eurocêntrica do mundo
Importância da religião e do comércio no contexto de uma cultura em particular, servem como veículos para a expansão das fronteiras político-ideológicas.
RAÍZES DA GLOBALIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Advento da Revolução Industrial (séc. XVIII)
Concepção de fronteira Advento da Revolução Tecnológica
(séc. XIX) Conceito de “Abolição” das
fronteiras dos Estados-Nação = globalização
Desregulamentação sobre as operações financeiras
ARGUMENTO E JUSTIFICATIVA IMPLICITOS
A humanidade deve viver sob uma única verdade (científica, econômica, política e até mesmo
religiosa) sustentada no conhecimento ocidental como sendo o único conhecimento
verdadeiro e válido.
CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO
No encontro dos sistemas divergentes há uma relação de
dominância e subserviência entre populações
Dominância epistemológica empenhada em suprimir a busca de reconhecimento
mútuo e igualdade em busca de benefícios próprios
Características do raciocínio circunscrito imposto pelo
ocidente ao mundo • Universalização dos Direitos Humanos• Democratização• Globalização• Desregulamentação• Exploração dos Recursos Naturais• Obtenção de lucro
CONEXÕES E RETROALIMENTAÇÃO
Sistema econômico
Família composta por casal e filhos
Homem – direitos
políticos e econômicos
Mulher – produzir força
de trabalho (no lar e ter
filhos)
Filhos – força de trabalho
Movimento
Feminista
GLOBALIZAÇÃO=INTERNACIONALIZAÇÃO=UNIVERSALIZAÇÃO
1. Tornar-se global em objetivo e realização
2. Internacionalização – penetrar nos Estados-Nação (Nações Unidas e Direitos Humanos)
3. Universalização - tornar uma ideia ou um estilo de vida aplicável e funcional em todo o mundo.
4. Objetivo: “mono-culturizar” o globo5. Obter lucros a qualquer preço
“MONO-CULTURALIZAÇÃO “DO GLOBO
Na melhor das hipóteses
Desmantelamento das fronteiras
Enfraquecimento dos direitos dos poder da soberania de exercer
controle sobre a atividade econômica
COLONIZAÇÃO - DESCOLONIZAÇÃO
Sustenta o direito a novos-territórios – através do direito de conquista
Aboliu a maior parte das fronteiras pré-existentes fora da Europa - mas fez outras
Extinguiu, de fato, a soberania das populações conquistadas
Na descolonização os povos conquistados tiveram a restituição de uma soberania “defeituosa”
ENFRAQUECIMENTO DAS SOBERANIAS
O trânsito do capital sempre atravessa as fronteiras para fugir do
controle do Estado soberano
Há enfraquecimento do controle, mas não extinção da soberania bem como não há derrubada de fronteiras
Mas o que poderia extinguir a soberania?
A LEGITIMAÇÃO PELA RACIONALIDADE
Com o fim da Guerra Fria é firmado o Acordo de não proliferação e armamentos
nucleares = Lei auto imposta da racionalidade
A globalização capitalista provavelmente irá obedecerá esta lei
A globalização está circunscrita pelos imperativos da racionalidade mesmo que se recuse a reconhecê-los – significa submissão ao controle soberano
SOBERANIA E RACIOCÍNIO CIRCUNSCRITO Conceito de soberania – Dado pelo Tratado de
Westfália em 1648 direito de estabelecer fronteiras
direito de exercer autoridade e controle exclusivo na área delimitada pelas fronteiras
Esta é a essência do raciocínio circunscrito do conceito de fronteira, não modificado em nossos dias
portanto A globalização = estado sem fronteira é
inacessível e intangível, pois o fim da soberania estatal é improvável.
GLOBALIZAÇÃO COMO PROCESSO
Economia global – não é para todos
Economia de subsistência - marginalização
Um mundo de pobre-e-ricos
Tem suas bases na legalização dos Direitos Humanos
PRESSUPOSTOS DOS DIREITOS HUMANOS
Direito à vida Direito à alimentação
Direito ao trabalho e a propriedade
Direito à posseUtilização dos
recursos naturais para subsistência
O Estado como promotor dos Direitos Humanos
ESTABELECIMENTO DAS CONTRADIÇÕES
A globalização não derruba as fronteiras
A globalização não derruba a soberania
A globalização não defende os DH
MERCADO X DIREITO À VIDA
DH tem seus fundamentos abalados Produção de lucro a qualquer custo Economia de subsistência Sustenta a desigualdade Valor do ser-humano substituído pelo
valor do dinheiro Estabelecimento de novas fronteiras
(físicas, artificiais, morais, financeiras)
ACUMULAÇÃO DE LUCROS X SOBERANIA
Soberania de Estado
Soberania
Econômica
As Fronteiras do Mercado Econômico
Mercado
Financeiro
Mercado de
Trabalho
Mercado de Artes
Mercado
Imobiliário
LEI DE OFERTA E PROCURAO produtor vende seus
bens e aceita
qualquer preço que o
mercado impõe
O produtor estabelece seu preço
mas só vende o que o mercado
exige
VALOR DO SER-HUMANO X VALOR DO MERCADO
Emprego Desemprego
Mercado é o
único
comprador
Homem como
produtor de
serviços e
mercadorias
Trabalho
Necessidade
estrutural do
sistema
Sempre
existirá
GOVERNANÇA E JUSTIÇA SOCIAL
A governabilidade do sistema econômico tem apenas fins de lucros a
qualquer custo
Inexistência da Justiça Social
FUNDAMENTALISMO ECONÔMICO
Competição• Exclusão do
outro
Lucratividade• A qualquer
custo
Substituição do Direito à Vida• Sobrevivência individual em primeiro lugar
FILOSOFIA AFRICANA UBUNTU
Fundamentalismo Econômico Dogmático
Filosofia Ubuntu
Alienígena
Filosofia Capitali
staIntrínseco
Filosofia Ubuntu de Direitos Humanos• Compartilhamento e cuidado mútuo
• Relação entre as pessoas guiada pela harmonia cósmica
• Religião, política e direitos humanos
UBUNTU E RACIOCÍNIO CIRCUNSCRITO
Fronteira Ubuntu
Os povos que falam Banto precisam fortalecer seus vínculos de solidariedade
entre eles mesmos, em face à globalização
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO UBUNTU
MOTHO KE MOTHO KA BATHO Ser humano é afirmar a própria
humanidade através do reconhecimento da humanidade do outro e estabelecer
vínculos respeitosos com ele Desrespeitar o outro é desrespeitar a si
mesmo se a pessoa se aceita como merecedor de respeito
Ser-humano tem valor intrínseco em si mesmo
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO UBUNTU
FETHA KGOMO O TSWARE MOTHO Quando e se uma pessoa enfrenta
uma escolha entre a riqueza e a preservação da vida de outra
pessoa, deve escolher a preservação da vida
Princípio do Direito Humano à vida Não existe competição
DIFERENÇAS CONCEITUAIS
Filosofia Ocidentalser humano fragmentado, sobre o
qual os DH são agregados de maneira indeterminada, incerta,
relativa e eventual
Filosofia AfricanaSer-humano como uma totalidade com direitos humanos assegurados
naturalmente como tal
ÁFRICA À NOITE – HERANÇA DA COLONIZAÇÃO
ÁFRICA ETNIAS
África línguas
ÁFRICA EM 1660
ÁFRICA EM 1829
África em 1914
África Atual
“Uma pessoa com Ubuntu está aberta e disponível aos outros, não preocupada em julgar os outros
como bons ou maus,tem consciência de que faz parte de algo
maior e que é tão diminuída
quanto seus semelhantes que são diminuídos, humilhados, torturados ou
oprimidos". (Arcebispo Desmond Tutu)
REFERÊNCIAS
MAZRUI,A.A. e ADE AJAYI,J.F. Tendências da Filosofia e da Ciência na África. In: Coleção História Geral da África, v.8: África desde 1935 . Brasília: UNESCO, 2010, cap.21.
NOGUERA, R. Ubuntu como modo de existir: Elementos gerais para uma ética afroperspectivista. Revista da ABPN. v. 3, n. 6, nov. 2011 , fev. 2012, p. 147-150.
RAMOSE, M. B. Sobre a Legitimidade e o Estudo da Filosofia Africana.Ensaios Filosóficos. v. IV, out.2011 .
RAMOSE, M. B. Ubuntu e Globalização, in: Epistemologia do Sul. SANTOS, B. e MENESES, M.P. Coimbra: Almeidina, 2009. Cap.4