HELMINTOS
CESTÓIDES
O parasita é aquele que tem como profissão viver às custas de seu vizinho, e cujo trabalho consiste em explorá-lo com economia, sem colocar a sua vida em risco. É um pobre que tem necessidade de socorro para não morrer na rua, mas que tem como política não matar a galinha para conseguir os ovos. Vemos que ele se distingue do comensal que é simplesmente um companheiro de refeição. O carnívoro mata a sua presa para se alimentar; o parasita não a mata, ele se aproveita de todas as vantagens que o hospedeiro lhe oferece.
Impacto das doenças parasitárias:
Infecções por parasita intestinal:
mais de 3,5 bilhões de pessoas (OMS)
Transmissão:
Oral-fecal e alimentos
Taxonomia dos helmintos (vermes)
REINO ANIMALIA
SUB-REINO METAZOA
-FILO PLATYHELMINTHES
CLASSE DIGENA
CLASSE CESTODARIA
-FILO NEMATHELMINTHES
CLASSE NEMATODA
FILO PLATYHELMINTHES
CLASSE DIGENA Schistosoma, Fasciola
CLASSE CESTODARIA Taenia, Echinococcus, Hymenolepis
CESTÓIDES
-Distribuição e importância para saúde pública
-Adaptações extremas ao parasitismo
-Estratégias para “dispersão”
-Hospedeiro definitivo x acidental
-Controle: formas ideais x formas mais fáceis
VERMES CHATOS (Tapeworms)
Vermes achatados dorso-ventralmente
Adultos no trato intestinal de vertebrados
Sem sistemas digestivo e circulatório
Alimentação por absorção de nutrientes
Sistema reprodutor muito desenvolvido
Hermafroditas: auto-fertilização ou cruzada
CARACTERÍSTICAS GERAIS
(colo) zona de crescimento
T. solium T. saginata
Escólex de Taenia solium e Taenia saginata
Cabeça ou órgão de fixação?
25-50 acúleos
Tamanho das proglótides
Taenia solium: 5mm larg x 11mm comp
Taenia saginata: 5mm larg x 11mm comp, móveis
Diphyllobothrium latum: 11mm larg x 3mm comp
Diphyllobothrium caninum: 8mm larg x 23mm comp, móveis
Muitos têm orifício para postura de ovos (D.latum)
Liberação dos ovos antes ou depois da proglótide soltar
Estrutura das proglótides
ovário
Tegumento
mitocôndria (poucas cristas- anaeróbio)
musculatura
musculatura
musculatura
lipídios
glicogênio (reserva)
vilosidades (absorção)
glicocálice (proteção enz dig)
Musculatura: subtegumentar, escólex, ventosas, órgãos
reprodutores
T.saginata: proglótides têm movimento- obstrução vias
biliares e apêndice
Nutrição e Metabolismo
Ambiente anaeróbio, usam CO2 e O2 se disponível
Absorção nutrientes: pinocitose, difusão, transporte ativo
Carboidratos: metabolismo fermentativo, reservas (glicogênio)
Lipídios: absorção (reservas)
Aminoácidos: transporte ativo, intensa síntese de proteínas Excreção:
amônia, uréia, ácido úrico
Bases nitrogenadas (ácidos nucléicos): transportadores específicos
Vitaminas: sistemas de absorção (D. latum: B12)
Calcário em grânulos: reserva ou resíduo?
Embrionados (parcialmente desenvolvidos)
Infectam imediatamente hospedeiro seguinte
Digestão do envoltório pelas enzimas do hospedeiro
H. diminuta: hospedeiro artrópode (pulga) rompe por
mastigação
Taenia: rompimento por pepsina, tripsina e bile
Larva “ativada” move-se e rompe a membrana interna
Não-embrionados
Desenvolvimento e eclosão na água
D.latum: luz ativa enzima
Larva com cílios- coracídio
OVOS
Principais formas larvárias dos
cestóides que infectam o homem
Taenia Echinococcus Hymenolepis
Homem é hospedeiro intermediário acidental ou definitivo
Definitivo: D. latum, T. saginata
Intermediário: Echinococcus spp, Spirometra mansonoides
(esparganose), T. multiceps (coenurose)
Definitivo + Intermediário: T. solium (25% infecção
dupla)
Único: H. nana
LARVA ou VERME ADULTO
Principais cestóides que parasitam o
homem no Brasil:
Taenia saginata e T. solium
Echinococcus granulosus (Sul)
e E. vogeli (Amazônia)
Hymenolepis nana e H. diminuta
Diphyllobothrium latum
No mundo:
70 milhões infectados com T. saginata
5 milhões infectados com T. solium
20 milhões infectados com H. nana
Ciclo vital de Taenia solium e T. saginata
• T. solium: 800-1000 proglótides
(2-4m, até 8m)
Até 25 anos!
Hospedeiro intermediário: porco.
• T. saginata: 1000-2000
proglótides (4-6m, até 12m)
Até 30 anos!
Hospedeiro intermediário: boi
Homem é único hosp definitivo
Verme adulto: 5-12 (T.solium) ou 10-12 (T.saginata)
semanas após infecção
Geralmente 1 tênia/ind, aderida à mucosa do jejuno
(2-12% múltiplas)- imunidade concomitante
Proglotes grávidas de Taenia
7-13 ramos dendríticos 15-20 ramos dicotômicos
Taenia solium Taenia saginata
Proglotes destacam-se periodicamente do estróbilo
T.solium: grupos de 5-6 durante evacuação
30.000-50.000 ovos/progl, 150.000-300.000ovos/dia
T.saginata: individualmente independente da evacuação, 8-9
por dia
80.000 ovos/progl., 700.000 ovos/dia
Ovos saem após ruptura/esmagamento das proglótides antes
ou depois destas se soltarem
Proglótides de Taenia
Ovos de Taenia
30 - 40 micrômetros
TENÍASE
T.saginata
África, América Latina, Mediterrâneo (França),
Cáucaso, Ásia Central
-Alta endemicidade: acima de 10%
-Brasil: média endemicidade (0,1-10%)
Indivíduos 20-40 anos
Ovos resistem a esgotos
Ordenha: transmissão a bezerros
T.solium
Cosmopolita
Especialmente África, América Latina, SE Asiático
Brasil: média endemicidade
TENÍASE
Geralmente assintomática
(pouca lesão, pouca inflamação)
Dor abdominal, náusea, fraqueza,
Perda/aumento de apetite
Eosinofilia
Cisticercose (larvas de Taenia solium)
Em 2 meses oncosfera
perde ganchos, adquire
forma vesicular e converte-
se em cisticerco
Cisticercose humana
Geralmente muitos cistos, risco aumenta com idade,
consumo de porco e baixa higiene
Localização: musculatura esquelética, diafragma,
coração, pleura, peritônio, tecido subcutâneo, SNC
Sintomas sérios: coração e SNC, fora destes
geralmente assintomática
CISTICERCOSE
Contaminação com ovos:
Por heteroinfecção (mais comum), pela ingestão de
comida ou água contaminada Poucos cisticercos
Por auto-infecção exógena, oro-fecal (crianças e
doentes mentais)
Por auto-infecção endógena (anti-peristalt. e vômitos)
Muitos cisticercos
Cisticercos: ~5mm, vivem ~1 ano e degeneram
gerando nódulos calcificados
Neurocisticercose humana (NCC)
Infecção parasitária mais comum do SNC
Qualquer parte do SNC
Geralmente 7-10 cistos/indivíduo
Sintomas dependem do local:
Convulsões (50% das NCCs)
Déficits motores
Distúrbios visuais
Cefaléia e náuseas
Depressão
Causa de 26.3% a 53.8% das epilepsias em
países em desenvolvimento
Neurocisticercose humana
Neurocisticercose humana
Áreas rurais de países em desenvolvimento- Ásia,
África, América Latina e Europa Central
Prevalências de 0.1 a 4.0%
América latina (subestimada): México e Brazil
No Brazil maior prevalência nas regiões sudeste e sul
Mais frequente em adultos entre 30 e 40 anos
Almeida 2010
Ramirez-Zamora 2010
Diagnóstico e tratamento
Teníase:
Diagnóstico:
Ovos nas fezes
Fita adesiva (90% para T.saginata)
Proglotes grávidas (T. saginata)
Tratamento:
Praziquantel dose única (10-20mg/kg)
Niclosamida dose única mastigável (2g-1,5g-1g)
Cisticercose:
Diagnóstico:
Imagem- TC e RNM
Sorológico- ELISA e WB (soro e líquor)
Tratamento:
Remoção cirúrgica
Albendazol ou praziquantel (corticóide+albendazol)
Anti-epilépticos
PRAZIQUANTEL, NICLOSAMIDA E
ALBENDAZOL
Interação com
fosfolípides e
proteínas
afetando
transporte de
íons (cálcio).
Contrações da
musculatura e
vacuolização
do tegumento.
Inibe polimerização
de tubulina nos
microtúbulos.
Diminui captação de
glicose em larvas e
adultos e portanto
produção de energia:
imobilização e morte
Afinidd maior pela
tubulina dos vermes
Inibe fosforilação
oxidativa e causa
paralisia levando ao
desprendimento e
desintegração do
verme
(purgante)
Niclosamida
Michelet et al., 2012
Evolução Taenia x hospedeiros
Homem como hospedeiro intermediário acidental
Brasil, RS: 5/100.000 hab
Echinococcus granulosus
Echinococcus granulosus
• E. granulosus adulto: 9 mm- menor cestóide de interesse médico
3 proglótides, a última grávida
Habita o intestino delgado de canídeos
• Vive cinco meses, 1000 ovos /2 sem nas fezes
30-36
Ciclo vital de E. granulosus e E. vogeli
Hospedeiros
intermediários de E.
granulosus: ovinos e
bovinos.
Hospedeiros
intermediários de E.
vogeli: paca e pequenos
roedores silvestres.
Homem ingere ovos: hosp
intermediário acidental-
cistos hidáticos
Hidátide de Echinococcus granulosus
Vesícula unilocular cheia de líquido
Cistos secundários por brotamento
(mucopolissacarídeos, prots,
colesterol, ác graxos)
Cápsulas + escólex
HIDATIDOSE (bolha d´água)
Cistos hidáticos geralmente no fígado (74%, lobo dir), pulmão
(10%), 5-10% musc. esquelética, tec.conjuntivo, cérebro, ossos
Crescem 1-5cm por ano, até 20cm (tumor lento)
Fígado: dor abdominal, cistos rompem formando muitos cistos
secundários
Pulmão: certa dispnéia, quando rompem geram dor, tosse,
reações alérgicas
30% cistos múltiplos
Hidátide de Echinococcus granulosus: aspecto
radiológico e anátomo-patológico
Hidátide no fígado
Tomografia comp
Ultrassom
HIDATIDOSE:
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Diagnóstico:
Imagem: ultrassom ou TC do abdômem, RX do tórax
Confirmação por sorologia (ELISA, WB, hemaglutinação)
Reação hipersensibilidade intradérmica
Não se recomenda punção (infecção, disseminação)
Tratamento:
-Cistos menores que 7-10cm: albendazol
10-15mg/kg por dia, 3 ciclos de 30 dias (60-80% sucesso)
neutropenia, hepatotoxicidade
-Cistos maiores: cirurgia
HIDÁTIDE FÍGADO
RX
Sorologia
Reação Intradérmica
Cirurgia
HIDÁTIDE CÉREBRO
Cisto hidático é recoberto por membrana. De 36 receptores que reconhecem carboidratos,
apenas um receptor de célula de Kupfer reconheceu componentes dessa membrana. Papel
na tolerância ao cisto?
CONTROLE- EXEMPLO HISTÓRICO
Islândia, 1900
25% indivíduos e 28% cães infectados com E.granulosus
Controle e tratamento (ind e cães): 0% em 1960
BRASIL- RS
1977 1987
gado bovino 28% 33%
gado ovino 26% 17%
Hymenolepis nana
H. nana adulto tem 200 proglótides e 20 mm
Habita o íleo humano
1-milhares de vermes
Ciclo vital de Hymenolepis nana
•H. nana não tem hospedeiro
intermediário
Pode ocorrer autoinfecção
interna.
•Cada proglótide:100-200
ovos
Oviposição 30 dias após
infecção
Todo o ciclo: 1 mês
4 dias
Rompem vilos,
caem na luz
10-12 dias: verme
10 dias no meio ext
Hymenolepis nana
HIMENOLEPÍASE
Geralmente asssintomática
Muitos parasitas:
Perda de apetite, dor abdominal, diarréia em crianças,
que têm maior número de vermes do que adultos
Diagnóstico:
Ovos nas fezes
Tratamento:
Dose única de praziquantel (15mg/kg) ou niclosamida
Hymenolepis diminuta
Parasita do intestino delgado de ratos e camundongos
30-60mm, vive 5-7 semanas, semelhante a H.nana
Hosp. Intermediário: pulgas (larva cisticercóide)
Eventualmente infecta humanos (200 casos), por
ingestão de alimentos contaminados com pulgas
Infecção assintomática, cura em 5-7 semanas
Modelo experimental de infecção cestóide
Diphyllobothrium lattum
Maior cestóide
parasita humano
3-10m (15m!)
1mi ovos/dia
20 anos
Origem: Europa
2004-2005
Estado de SP: 45 casos
Ciclo de vida Diphyllobothrium lattum
5-6 sem:
verme
2sem
3 hospedeiros
intermediários
Maioria das infecções: assintomática
Sintomas (10 dias após consumo do peixe):
distensão abdominal, flatulência, dor epigástrica,
anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza, perda de
peso, eosinofilia e diarréia
Anemia principalmente em geneticamente
susceptíveis (escandinavos) por depleção de vitB12
TRATAMENTO
Praziquantel, niclosamida, vitB12
SINTOMAS
Mecanismos de evasão (Taeniidae):
1. Ambiente intestinal
2. Mimetismo molecular ou inativação da resposta imune efetora (ex:
inibição do complemento)
Infecções crônicas- modulação da RI, ambiente Th2 e regulador
3. Uso de moléculas do hospedeiro:
-Uso de citocinas como fatores de crescimento
-Aproveitamento do microambiente hormonal: estruturas semelhantes
aos receptores de hormônios esteróides e outros (camundongos machos
feminilizados!)
Escobedo G. et al., 2009
Wilson & Maizels 2004
CESTÓIDES e SISTEMA IMUNE
CONTROLE DE CESTÓIDES
Educação sanitária
Inspeção da carne (bovina, suína, peixe)
Tratamento dos doentes
Tratamento dos cães com echinococose
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_dta.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/guia_bolso_7_edicao_web.pdf