Arquivo Público do Estado de São Paulo
Núcleo de Ação Educativa
Oficina
“O(s) Uso(s) de Documentos de Arquivo na Sala de Aula”
Censura e Liberdade Durante a Ditadura Civil-Militar Brasileira
(1964-1985)
Professor Luis Armando Tavares de Lacerda
1º Semestre - 2013
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Introdução:
A proposta de formulação de uma Sequência Didática, promovida pela oficina
pedagógica: O(s) Uso(s) de Documentos de Arquivo na Sala de Aula realizada pelo
Núcleo de Ação Educativa do Arquivo Público do Estado de São Paulo, não só
possibilitou uma necessária reflexão sobre algumas práticas pedagógicas
desenvolvidas por mim ao longo dos anos, como também, através das intensas
discussões e práticas realizadas durante as aulas da oficina, promoveu o devido
aprofundamento teórico-metodológico, imprescindível para a elaboração da presente
sequência. Sob essa perspectiva, aliar esse instrumento de avaliação às minhas
práticas docentes, além de conveniente, é uma forma efetiva para compartilhar e
aprimorar experiências exitosas que venho aplicando na construção do
conhecimento histórico escolar por meio do uso de fontes documentais no ensino de
História. Nesse sentido, e focado em pesquisas sobre o cancioneiro popular
nacional, desde 2008 desenvolvo o projeto A Trilha para um Golpe (TG), que
sinteticamente objetiva traçar um panorama musical brasileiro, e estimular os alunos
a explorar suas habilidades na busca por significados incutidos nas canções e outras
fontes do universo musical, e dessa forma problematizar o debate sobre elementos,
políticos, econômicos, sociais, culturais da formação histórica brasileira.
Tema: Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985)
Justificativa:
Um importante tema a ser debatido junto aos alunos é a questão da regulação
midiática que vem ocorrendo na América Latina, após aprovação da Ley de Medios
na Argentina, e a sinalização de um projeto de lei similar no Uruguai, chegamos à
constatação de que o Brasil caminha em direção oposta aos países “hermanos”. Tal
fato se comprova pela omissão do Governo Federal em tirar de pauta a discussão
do anteprojeto do ex-Ministro Franklin Martins, e isso ocorreu devido ao alarde
histérico propalado pelas grandes mídias durante o final do governo Lula, apelando
para a suposta volta da censura, e fim da liberdade de imprensa com a aprovação
do famigerado anteprojeto que regulamentaria o setor no país. Analisar tal situação
no contexto histórico recente permite aos alunos compreender as organizações e
relações de poder midiático na contemporaneidade, bem como, discutir a conquista
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dos direitos e liberdades garantidos da Constituição de 1988 ante a realidade vivida
durante o Regime Civil Militar.
Para iniciar essa discussão, temos que ter em mente que a liberdade de
expressão, é a primeira e mais importante de nossas liberdades civis, posto que do
respeito a ela, temos a origem de todos os outros direitos. Nesse sentido, a
liberdade de expressão manifestada pela imprensa, deve ser vista como portadora
do poder de regular e controlar governos transitórios durante períodos democráticos,
o que resulta no enfrentamento entre os governos e alguns órgãos da imprensa, que
por sua vez defendem interesses privados e ou partidários. Esse conflito histórico é
ainda mais evidente nos pleitos eleitorais em que disputariam candidatos com
governos de grande aprovação popular, como o de Getúlio Vargas (1951-1953), de
João Goulart (1961-1964), e de Lula (2002-2010) seus governos populares
atentaram aos interesses ideológicos e econômicos dos setores tradicionais da
sociedade brasileira, que reagiram prontamente contra os citados presidentes.
Paralela a esse confronto, a liberdade expressa nas diversas manifestações
culturais, sobretudo nas músicas populares, carregam o espírito de transformação,
sendo retratos das épocas em que foram produzidas, onde compositores
expressavam suas opiniões e críticas, as canções tornaram-se um instrumento de
poder com ampla capacidade de disseminação entre as camadas populares. Por
serem importantes mecanismos de comunicação e poder, tanto a imprensa como a
música, foram alvo da censura durante o regime militar. No caso da música a
censura era feita pelo Departamento de Censura das Diversões Públicas, órgão
criado nos tempos de Getúlio Vargas, que era incumbido pela guarda e zêlo dos
bons costumes brasileiros, através da censura prévia dos divertimentos públicos
gerais, como: filmes, músicas, peças, e etc. O DCDP teve atuação mais ativa
durante o período militar, promovendo o controle de toda a produção cultural de
forma pública e direta.
Já a imprensa era censurada de forma indireta e clandestina e através da
intimidação, como a imposta aos jornais de oposição como, Última Hora e o Jornal
do Brasil após o AI – 5, promovida pelo Serviço de Informação do Gabinete (SIGAB),
esse órgão tinha atribuições diferentes do DCDP, pois era encarregado da censura
de cunho político e não moral, mas para a sociedade civil era imperceptível a
dissociação entre os órgãos, pois o SIGAB agia às sombras dos porões, e o DCDP
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de forma “onipresente” e “onipotente”, e devido a isso, a ele era atribuído todo tipo
de censura, inclusive a de imprensa, porém sua atuação não tinha essa
competência, e muitas vezes o DCDP era contestado abertamente em noticias e
charges, que não eram censuradas pois não atentavam diretamente aos interesses
da censura política.
Dado o contexto das diferentes censuras durante o regime militar, é
fundamental refletir sobre o papel de todas as formas de liberdade de expressão,
como instrumento resistência crítica e oposição civil, no contexto do final dos anos
de 1960 e dos anos de 1970, períodos marcados respectivamente pela tensão para
manutenção do golpe e pela distensão com a proposta de abertura política na
agenda dos militares, esses dois contextos são marcados pela enorme
efervescência cultural, tanto nas músicas quanto nas charges de humor são
evidentes as criticas ao governo. Ao observar atentamente essas manifestações, o
arrocho e afrouxamento das censuras são notáveis, o que até então era censurado
na imprensa e na cultura, passa a ser protagonista privilegiado junto a sociedade,
como porta-vozes dos anseios das classes opostas e críticas ao militarismo. Com o
aprofundamento teórico sobre essas manifestações e o uso de fontes documentais
diversas como recursos didáticos, é possível fazer com que os alunos reconheçam
os diferentes tipos de linguagens e representações como registros da vida cotidiana
de um dado momento histórico, e assim incentivar questionamentos sobre o tema, e
possibilitar o confronto entre o passado e presente no debate sobre uma futura
regulamentação dos meios de comunicação no Brasil.
Objetivos
A presente Sequência Didática, objetiva problematizar as relações entre as
liberdades de expressão das artes e da imprensa com os mecanismos de censura
no contexto do período militar, e com o uso de músicas, charges e documentos da
época adentrar no universo de atuação da Divisão de Censuras de Diversões
Púbicas (DCDP) e chegar aos porões do Serviço de Informação do Gabinete
(SIGAB).
Também propõe um aprofundamento crítico no universo cultural brasileiro, e
por meio dele estimular os alunos no desenvolvimento de suas habilidades e
competências na leitura e interpretação dos documentos para a compreensão dos
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mecanismos de controle social e resistência civil durante o período militar e assim
reconheçam a importância das liberdades democráticas de 1988, eixo fundamental
para a formação das consciências política e histórica de todo cidadão.
Componente Curricular: Regime Civil-Militar Brasileiro (1964 – 1985)
Ano: 9º Ano do Ensino Fundamental II / 3º Ano do Ensino Médio (requer adaptação
das atividades)
Tempo Previsto: 8 aulas
Desenvolvimento:
Aula 1
Na primeira aula fazer as devidas considerações sobre a proposta da
presente SD e entregar todos os anexos devidamente grampeados aos alunos.
Alerte-os para a importância desse material para o desenvolvimento das atividades
das próximas aulas.
Convide os alunos a fazer a leitura no anexo 1, os Artigos 5º e 220º da
Constituição de 1988, para iniciar o debate sobre as garantias democráticas de
liberdade, igualdade, segurança e propriedade no país.
Após a leitura dos artigos, convide os alunos a destacar os principais
elementos contidos em cada artigo, e assim iniciar a discussão sobre o papel dessa
legislação na atualidade. Questione sobre sua validade e se ela é cumprida
integralmente, se existe formas de censura ou repressão as liberdades civis e de
imprensa.
Proponha a realização a Atividade 1 do Anexo 1, instrua os allunos a
registrarem exemplos em que reconheçam o cumprimento ou descumprimento da
lei, e relacionar seu exemplo com algum parágrafo dos artigos.
Ex: repressão policial nos atos do Movimento Passe Livre – Art 5º P. IV;
divulgação de fotos da atriz Carolina Dickman – Art. 5º P X; legendas etárias e fácil
acesso à conteúdos com restrição etária na televisão ou Internet– Art. 220º P § 3º;
propagandas de cerveja e cigarro – Art 220º P. 4º; e etc.
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.Selecione alguns alunos para compartilharem suas respostas, e caso
nenhum aluno aponte para um exemplo relacionado com o Art. 220º P. § 5º, reserve
destaque a ele após esclarecimento de eventuais dúvidas sobre o o documento e os
exemplos levantados por eles..
Com base no conteúdo do Art. 220º P. § 5º, convide os alunos a realizar a
Atividade 2 do Anexo 2 em casa. Finalizar a aula questionando sobre: Quais são os
tipos de meios de comunicação? Como estão organizados esses meios de
comunicação? Os meios são livres de monopólios? Quem são seus donos? Qual o
papel da internet, da televisão, do rádio no cotidiano? Ainda existem mecanismos de
censura? Existem limites para a liberdade de expressão de indivíduos e imprensa?
Qual a importância da regulamentação dos meios de comunicação?
Aula 2
Na segunda aula, encerrados os devidos apontamentos sobre as conquistas
das liberdades democráticas e a reflexão sobre a regulamentação dos meios de
comunicação na atualidade.
Reproduzir a música Canção do Subdesenvolvimento de Carlos Lyra e
Francisco de Assis, e sugerir o acompanhamento da letra contida no Anexo 2, e
após a reprodução atentar para análise de seu conteúdo, e utiliza-lo como subsidio
para contextualizar o período anterior a 1964, ressaltando as transformações gerais
do período, sem deixar de destacar o desenvolvimento histórico da Música Popular
Brasileira e a realização dos primeiros Festivais.
Música disponível: <http://www.4shared.com/mp3/CSr20qFw/01_-
_Cano_do_Subdesenvolviment.html?> (Acesso: 25/06/2013); Duração: 5m28s
Promovido o debate sobre a Canção do Subdesenvolvimento, exibir na
íntegra com o recurso multimídia o vídeo TG parte 1, apresentação que conta com a
música Berimbau/Consolação de Vinicius de Moraes e Baden Powell, interpretada
pelo próprio Vinicius e Toquinho em 1970 na Argentina.
Vídeo disponível: <https://www.youtube.com/watch?v=DawVkLJNiMk> (Acesso:
25/06/2013); Duração: 2m48s
Atentar os alunos para elementos sociais contidos na letra, afim de
problematizar o contexto dos governos de Jânio Quadros e João Goulart, que foram
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marcados pelo impedimento de atuação, acompanhados por uma intensa
mobilização das camadas populares para a promoção das reformas base, que eram
opostas aos interesses dos setores conservadores em relação a redução das
desigualdades no país.
Ex: “O dinheiro de quem Não dá! /É o trabalho de quem Não tem!”.
Ao final da aula propor aos alunos a realização da Atividade 1 do Anexo 2 em
casa com base no exposto na aula sobre o governo de João Goulart.
Aula 3
Na terceira aula iniciar fazendo apontamentos sobre as tensões e fragilidades
do governo de Jango, fazendo uma breve sondagem das respostas obtidas pelos
alunos na Atividade 1 do Anexo 2, e assim contextualizar o conteúdo da charge de
Lan, onde Jango é representado caminhando na corda bamba, a ponto de ser
derrubado tanto pela esquerda, quanto por militares.
Exibir parcialmente com recurso multimídia o vídeo TG parte 2 (até 1m:56s)
atentando os alunos sobre a importância do discurso da Central do Brasil e sua
relação com a deflagração do golpe de 1964, e assim poder aprofundar a análise da
charge presente no Anexo 2.
Vídeo disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=E5Z47WBjPkg> (Acesso:
25/06/2013); Duração: 4m35s
Concluída a discussão sobre os motivadores do golpe, terminar de exibir o
vídeo TG parte 2 (após 1m:56s) e expor no quadro ou powerpoint os principais
elementos do governo de Jango e a instalação da Ditadura Civil-Militar, atentando
para a participação de amplos setores da sociedade civil brasileira na legitimação do
golpe.
Convém ressaltar ao inicio ou final da explicação, a contextualização da
música Arrastão de Edu Lobo e Vinicius de Moraes interpretada por Elis Regina no
1º Festival de Música Popular Brasileira de 1965, como alegoria do caráter social da
música popular.
Propor a divisão dos alunos em grupos de cinco e propor a leitura do
documento e a realização da Atividade 1 do Anexo 3 em sala, tirando eventuais
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duvidas sobre a realização de uma análise documental. Após a correção da
atividade 1 propor a realização individual da Atividade 2 do Anexo 3 em casa.
Aula 4
Na quarta aula iniciar um breve debate partindo de algumas respostas obtidas
pelos alunos na Atividade 2 do Anexo 3, e fazer algumas considerações sobre as
manifestações de oposição aos militares, bem como a relativa liberdade expressão
experimentadas durante o governo de Castello Branco.
Exibir na íntegra com o recurso multimídia o vídeo TG parte 3 e expor no
quadro ou powerpoint os principais elementos da transição de poder aos militares
com a imposição dos Atos Institucionais I e II (cassação e suspensão de direito
políticos, extinção de partidos e imposição de eleições indiretas), sem deixar de
destacar o apoio dos setores tradicionais da sociedade brasileira aos golpistas e a
oposição das camadas populares, intelectuais e políticas.
Vídeo disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=AzesM88QPOQ> (Acesso:
25/06/2013); Duração: 8m37s
Convém atentar e contextualizar que a apresentação conta com as duas
músicas vencedoras do 2º Festival da Música Brasileira de 1966. Disparada de
autoria Geraldo Vandré e Théo de Barros e interpretada originalmente no Festival
por Jair Rodrigues, e A Banda de autoria de Chico Buarque e Interpretada por Chico
e Nara Leão.
Exibir parcialmente com recurso multimídia o vídeo TG parte 4 (até 3m:06s),
e expor no quadro ou powerpoint as características dos Atos Institucionais III e IV
(instituição do bipartidarismo, eleições indiretas e aprovação de uma nova
Constituição) e dar destaque também ao inicio da resistência armada e a
promulgação de Lei de Segurança Nacional e Lei de Imprensa.
Vídeo disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=7RFx51LrIME> (Acesso:
25/13/2013); Duração: 6m10s
É interessante atentar que a apresentação conta com a música: Charles Anjo
45 de Jorge Ben Jor de 1969 feita em homenagem ao 2º Tenente Reformado da
Marinha Avelino Capitani, companheiro do Cabo Anselmo do Santos no motim dos
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marinheiros do dia 25 de março 1964 e também líder da Guerrilha do Carapaó em
1966.
Aula 5
Na quinta aula exibir parcialmente com recurso multimídia o vídeo TG parte 4
(após 3m:06s) e expor no quadro ou powerpoint as principais características do
governo para Costa e Silva, dando destaque a falsa esperança de abertura política e
o aumento das mobilizações e manifestações de oposição e resistência. Convém
atentar que a apresentação conta com a música Ponteio de Edu Lobo, vencedora do
3º Festival da Música Brasileira do ano 1967.
Propor aos alunos a leitura e interpretação das 3 charges contidas no Anexo
4, e através delas contextualizar e aprofundar o debate sobre a Lei de Imprensa; Lei
Segurança Nacional; e Constituição de 1967.
Reproduzir na íntegra o vídeo TG parte 5, propondo aos alunos acompanhar
a letra da música Calabouço de Sergio Ricardo, feita em homenagem ao estudante
Edson Luis, assassinado no Restaurante Calabouço em 1968 no Rio de Janeiro o
que levou a deflagração de uma série de manifestações civis a favor de
democratização e intensificação das tensões e da violência repressiva tanto de
militares, quanto de seus apoiadores.
Vídeo disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=MjB87Uw3wuI> (Acesso:
25/13/2013); Duração: 5m07s
Proponha a análise dos versos da canção, a fim de identificar às críticas que
o cantor faz ao governo militar. É Importante destacar aos alunos o papel das
músicas de protesto no período posterior ao do Ato Institucional – 5.
Aula 6
Iniciar a sexta aula de forma expositiva no quadro ou powerpoint sobre o AI -
5, fazendo apontamentos sobre suas disposições, como: fechar o Congresso
Nacional, cassar mandatos, suspender por dez anos os direitos políticos de
cidadãos, intervir em Estados e Municípios, decretar confisco de bens por
enriquecimento ilícito e suspender o direito de habeas corpus para crimes políticos,
exílio e etc.
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Reproduzir o áudio Depoimento Chico 1 - Intro, para subsidiar e incentivar o
debate sobre a censura prévia e intensa repressão e perseguição aos setores de
oposição aos militares. Após uma breve discussão sobre o depoimento, reproduzir o
áudio Depoimento Chico 2 - Apesar de Você e ao seu final convidar seus alunos a
cantar a letra da música Apesar de Você contida no Anexo 5, para finalmente propor
a realização da atividade de interpretação textual e iconográfica presente no Anexo.
Áudio Disponível: <http://www.4shared.com/mp3/JCnK1TQM/04_-
_Depoimento_Chico_1_-_Intr.html?> ( Acesso 25/06/2013); Duração: 2m53s
Áudio Disponível: <http://www.4shared.com/mp3/6HskQs0Z/05_-
Depoimento_Chico_2_Apesar_.html?> ( Acesso 25/06/2013); Duração: 2m43s
Reproduzir áudio Depoimento Chico 3 - Vai Passar após promover uma breve
discussão sobre as censuras promovidas pelo DCPH e SIGAB. Esclareça eventuais
dúvidas sobre distinção dos dois órgãos e seus mecanismos de censura,
enfatizando os variados artifícios utilizados por artistas e jornalistas para driblar a
censura prévia.
Áudio Disponível:< http://www.4shared.com/mp3/2ub63naN/06_-
_Depoimento_Chico_3_-_Vai_.html? > ( Acesso 25/06/2013); Duração: 5m53s
Aula 7
Iniciar a sétima aula de forma expositiva no quadro ou powerpoint sobre o
governo do general Garastazu Médici. Atentar para intensificação da violência e
vigilância do SNI; as perseguições, os desaparecimentos, as guerrilhas; o aumento
das propagandas institucionais; o “Milagre Brasileiro” e Copa do Mundo de 1970; e
etc.
Após breve apontamento sobre os principais eventos do governo Médici,
exibir com o recurso multimídia o vídeo da música Cálice do Festival Phono 73,
show que contou com um elenco de celebres músicos, mas seu momento mais
emblemático foi a apresentação de Chico Buarque e Gilberto Gil, que contou com a
evidente participação especial da censura. Questionar os alunos sobre os possíveis
motivos da censura da música, e qual artifício a artística usou para disfarçar a
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música. Ressaltar o evidente caráter dúbio da palavra Cálice, e o uso da alegoria
religiosa como disfarce do conteúdo crítico dos versos.
Vídeo Disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=z8Jo_DVubBA> (Acesso
25/06/2013); Duração: 3m59s
Finalizar a aula com a reprodução do áudio Depoimento Chico Buarque 4 –
Jorge Maravilha, para expor no quadro ou powerpoint sobre os principais elementos
dos governos do general Ernesto Geisel e Figueiredo como: Obras Faraônicas; Lei
Falcão, Pacotes de Abril; Crescimento da Divida Externa; Distensão; Linha Dura;
Crise do Petróleo; Proibição de Greves; Revogação do AI – 5; Anistia, Fim do
Bipartidarismo; Diretas Já e etc.
Áudio Disponível: <http://www.4shared.com/mp3/nYQn6h1h/07_-
_Depoimento_Chico_4__Jorge.html?> (Acesso 25/06/2013); Duração: 4m03s
Proponha a realização das Atividades 1 e 2 do Anexo 6 a serem feitas em
casa, explique os procedimentos e esclareça eventuais dúvidas.
Aula 8
Iniciar a oitava aula com a reprodução do áudio Depoimento Chico Buarque 5
- Tanto Mar e propor aos alunos acompanharem a letra da música Tanto Mar contida
no Anexo 7, se possível instiga-los a canta-la.
Áudio Disponível: <http://www.4shared.com/mp3/KsmXb8Tj/08_-
_Depoimento_Chico_5_Tanto_.html? > (Acesso 25/06/2013); Duração: 3m04s
Após a reprodução, questiona-los sobre os possíveis motivos que levaram a
música ser censurada. Divida a sala e grupos e proponha a realização das
Atividades 1 e 2 do Anexo 7. Finalizar a SD recolhendo todos os anexos.
Avaliação Final
Durante programação das 8 aulas foram realizadas diversas atividades
contidas nos anexos, corrigir todas as atividades e avaliar o desempenho individual
de cada aluno seguindo seus próprios critérios e experiências para compor um
conceito de avaliação.
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Referências
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Aula de História. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 67, p. 309-317, set./dez. 2005.
Disponível:< http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v25n67/a04v2567.pdf > (Acesso:
25/06/2013)
DOBERSTEIN, Juliano Martins. As Duas Censuras do Regime Militar Brasileiro: O
Controla das Diversões Públicas e da Imprensa entre 1964 e 1978. Porto Alegre,
2007.
Disponível:<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13815/000651661.pdf?
sequence=1> (Acesso: 25/06/2013)
GASPARI, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
MELLO, Zuza Homem de. A Era dos Festivais: Uma Parabola. São Paulo: Ed. 34,
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MORAES, José Geraldo Vinci de. História e Música: Canção Popular e
Conhecimento Histórico. Rev. bras. Hist. vol. 20 n. 39: São Paulo, 2000. Disponível:
< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
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NAPOLITANO, Marcos. O Regime Militar Brasileiro: 1964-1985. Coleção Discutindo
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___________________. História e música - História Cultural da Música Popular.
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
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___________________. A MPB sob suspeita: a censura musical vista pela ótica dos
serviços de vigilância política 1968-1981. Rev. Bras. Hist. vol. 24 n. 47: São Paulo,
2004
Disponível:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
01882004000100005> (Acesso: 25/06/2013)
SANTOS, Dilcéia Boaventura dos. Música como Documento em Sala de Aula -
Música Popular Brasileira no Ensino de História do Brasil.
Disponível:< http://monografias.brasilescola.com/historia/musica-como-
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13
SOARES, Gláucio Ary Dillon. A censura durante o regime autoritário. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 4, n. 10, p. 21-43, jun. 1989.
Disponível:<http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_10/rbcs10_02.htm
> (Acesso: 25/06/2013)
Referências Anexos
1 –
Documento: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 05 jan. 1988. p. 1, anexo.
Disponível:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>(Ace
sso: 25/06/2013)
2 –
Música: LYRA, Carlos; ASSIS, Francisco de. Canção do Subdesenvolvimento. In:
Conjunto CPC da UNE, O Povo Canta. Rio de Janeiro: Centro Popular de Cultura,
1963. (música digitalizada e disponibilizada na web)
Disponível: <http://letras.mus.br/carlos-lyra/576927/>(Acesso: 25/06/2013)
Charge: LAN. Jornal do Brasil, Junho de 1963. Disponível no APESP
3 –
Charge: FRITZ. Jornal Última Hora, Dezembro de 1964. Disponível no APESP
Artigo: ALVIN, Thereza Cesário. Jornal Última Hora, Dezembro de 1964. Disponível
no APESP
4 –
Charge: JAGUAR. Jornal Última Hora, Rio de Janeiro, 15/03/1967. Disponível no
APESP
Charge: JAGUAR. Jornal Última Hora, Rio de Janeiro: 16/03/1967. Disponível no
APESP
Charge: JAGUAR. Jornal Última Hora, Rio de Janeiro: 17/03/1967. Disponível no
APESP
Música: RICARDO, Sérgio. Calabouço. In: Sérgio Ricardo (1973). São Paulo:
Continental, 1973. (música digitalizada e disponibilizada na web)
Disponível: <http://letras.mus.br/sergio-ricardo/481467/>(Acesso: 25/06/2013)
14
5 –
Música: HOLLANDA, Chico Buarque de. Apesar de Você, In: Chico Buarque
(1978). Rio de Janeiro: Polygram/Philips, 1970. (música digitalizada e disponibilizada
na web)
Disponível: < http://letras.mus.br/chico-buarque/7582/>(Acesso: 25/06/2013)
Documento: WERNECK, Humberto. Chico Buarque Letra e Música, Cia da Letras,
1989.
Disponível:<http://www.chicobuarque.com.br/letras/notas/n_apesarde.htm>
(Acesso: 25/06/2013)
Charge: Charge: NEYESTANI, Mana. Awareness, 2012.
Disponivel:<http://whendotheyservethewine.files.wordpress.com/2012/05/mana-
neyestani.jpg> (Acesso: 25/06/2013)
6 –
Charge: FERNANDES, Millôr. Jornal do Pasquim nº 46, Rio de Janeiro: 13/05/1970.
Disponível no APESP
Charge: JAGUAR. Jornal o Pasquim nº 72, Rio de Janeiro: 04/10/1970. Disponível
no APESP
Entrevista: JAGUAR. Jornal da Associação Brasileira de Imprensa nº 399, Osasco:
março de 2009.
Disponivel:<http://www.abi.org.br/jornaldaabi/Mar%C3%A7o-2009.pdf> (Acesso:
25/06/2013)
7 –
Música: HOLLANDA, Chico Buarque de. Tanto Mar, In: Chico Buarque (1978). Rio
de Janeiro: Polygram/Philips, 1978. (música digitalizada e disponibilizada na web)
Disponivel:< http://letras.mus.br/chico-buarque/45178/> (Acesso: 25/06/2013)
Documento: DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL. Parecer do Serviço de
Censura das Diversões Públicas da Música Tanto Mar de Chico Buarque, Rio de
Janeiro: 1975.
Disponivel:<http://www.censuramusical.com.br/documentos.php?inicio=29>
(Acesso: 25/06/2013)
15
Anexo 1
TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais.
CAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres Individuais e coletivos
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
TÍTULO VIII - Da Ordem Social
CAPÍTULO V – Da Comunicação Social.
Art. 220º . A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
§ 3º - Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
§ 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
§ 6º - A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.
Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm (Acesso: 25/06/2013)
Atividade 1
1 - O conteúdo dessa legislação é cumprido integralmente na atualidade? ( )Sim ( )Não
2 - Exemplifique:
Atividade 2
Reflexão Somos livres de pensar e agir? Quais são os limites da liberdade? Temos livre acesso a informação?
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Anexo 2
Canção do Subdesenvolvido / Autor:Carlos Lyra e Francisco de Assis/1962
Intérpretes: CPC da UNE
“O Brasil é uma terra de amores, Alcatifada de flores, Onde a brisa fala amores, Nas lindas tardes de abril. Correi pras bandas do Sul. Debaixo de um céu de anil, Encontrareis um gigante deitado: Santa Cruz, hoje o Brasil. Mas um dia o gigante despertou (ooaahhh!). Deixou de ser gigante adormecido. E dele um anão se levantou. Era um país subdesenvolvido Subdesenvolvido, (bis). E passado o período colonial, O país passou a ser um bom quintal. E depois de dada a conta a Portugal Instalou-se o latifúndio nacional .. (Ai) Subdesenvolvido, (bis). Então o bravo brasileiro (iehéé), Em perigos e guerras esforçados (iehéé), Mais que prometia a força humana Plantou couve, colheu banana. Bravo esforço do povo brasileiro Mandou vir capital lá do estrangeiro. Subdesenvolvido, (bis). As nações do mundo para cá mandaram Seus capitais tão desinteressados. As nações coitadas só queriam ajudar, não é? Aquela ilha velha não roubou ninguém, País de poucas terras só nos fez um bem Um Big Bem Um big ben , bom, bem, bom Nos deu luz (ahhh) Tirou ouro (ohhh) Nos deu trem (ahhh) Mas levou o nosso tesouro Subdesenvolvido, (bis). Mas data houve em que se acabaram os tempos duros e sofridos Porque um dia aqui chegaram os capitais dos países amigos. País amigo, desenvolvido, País amigo, país amigo, Amigo do subdesenvolvido País amigo, país amigo. E os nossos amigos americanos Com muita fé, com muita fé, Nos deram dinheiro e nos plantamos Só café, só café. É uma terra em que se plantando tudo dá. Pode-se plantar tudo que quiser Mas eles resolveram que nos devíamos plantar Só café, só café Bento que bento o frade, frade. Na boca do forno, forno. Tirai um bolo, bolo
Fareis tudo que seu mestre mandar? Faremos todos, faremos todos, faremos todos. Começaram a nos vender e nos comprar. Comprar borracha, vender pneu. Comprar minério, vender navio. Pra nossa vela, vender pavio. Só mandaram o que sobrou de lá: Matéria plástica, que entusiástica, Que coisa elástica, que coisa drástica, Rock balada, filme de mocinho, Ar refrigerado e chiclete de bola (pop) E coca cola. Subdesenvolvido (bis). O povo brasileiro tem personalidade. Não se impressiona com facilidade Embora pense como americano “Uuuuuuu, I’m going to kill that indian before he kills me Embora dance como americano Ta-ta-ta-ta, ta-ta-ta-ta Embora cante como americano Eh boi, lá, lá, lá, Eh roçado bão, lá, lá, lá, O melhor do meu sertão, lá, lá, lá Comeram o boi. O povo brasileiro, embora pense, cante e dance como americano Não come como americano, Não bebe como americano, Vive menos, sofre mais Isso é muito importante Muito mais do que importante Pois difere o brasileiro dos demais Personalidade, personalidade, personalidade sem igual, Porém, Subdesenvolvida, subdesenvolvida, Essa é que é a vida nacional.”
Disponível: http://letras.mus.br/carlos-lyra/576927/ (Acesso: 25/06/2013)
Atividade - 1.
Charge: Lan, Jornal do Brasil, Junho de 1963. APESP
Com base no contexto das tensões do governo de João Goulart, faça uma analise sobre o conteúdo da charge.
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Anexo 3
Atividade 2
1 – Qual a posição da jornalista sobre a eleição do presidente Castello Branco?
2 – Como é vista a figura e o governo do citado presidente?
3 – Como é vista a sua relação com o povo e com a imprensa?
4 – Aponte 2 críticas da jornalista sobre os “atos inequívocos” do presidente e os explique.
5– Existe relação entre a charge e o texto da jornalista? Explique
Atividade 1 - FICHA DE ÁNALISE DOCUMENTAL:
-TIPO DE DOCUMENTO:
-QUALIDADES FÍSICAS DO DOCUMENTO:
-DATA DO DOCUMENTO:
-AUTOR DO DOCUMENTO:
- PARA QUEM FOI ESCRITO:
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Anexo 4
“Dois cidadãos comemorando a saída de Castello depois da
decretação da Lei de Segurança.” Charge: Jaguar, Jornal Última Hora, 15 /03/ 1967. APESP
“ A Lei de Imprensa e sua guarda-costas, a Lei de Segurança Nacional. A direita vemos um perigoso jornalista.” Charge: Jaguar, Jornal Última Hora. 16/03/1967. APESP
“Decreto, decreto, decreto...”
Charge: Jaguar. Jornal Última Hora, 17/03/1967. APESP
Calabouço
Autor e Intérprete : Sérgio Ricardo/ 1973
Olho aberto ouvido atento / E a cabeça no lugar Cala a boca moço,(2x) Do canto da boca escorre / Metade do meu cantar Cala a boca moço, (2x) Eis o lixo do meu canto / Que é permitido escutar Cala a boca moço. Fala!
Olha o vazio nas almas / Olha um violeiro de alma vazia
Cerradas portas do mundo / Cala a boca moço E decepada a canção / Cala a boca moço Metade com sete chaves / Cala a boca moço Nas grades do meu porão / Cala a boca moço A outra se gangrenando / Cala a boca moço Na chaga do meu refrão / Cala a boca moço Cala o peito, cala o beiço / Calabouço, calabouço
Olha o vazio nas almas / Olha um violeiro de alma vazia
Mulata mula mulambo / Milícia morte e mourão Cala a boca moço,(2x) Onde amarro a meia espera / Cercada de assombração Cala a boca moço,(2x) Seu meio corpo apoiado / Na muleta da canção Cala a boca moço. Fala!
Olha o vazio nas almas / Olha um violeiro de alma vazia
Meia dor, meia alegria / Cala a boca moço Nem rosa nem flor, botão / Cala a boca moço Meio pavor, meia euforia / Cala a boca moço Meia cama, meio caixão / Cala a boca moço Da cana caiana eu canto / Cala a boca moço Só o bagaço da canção / Cala a boca moço Cala o peito, cala o beiço / Calabouço, calabouço
Olha o vazio nas almas / Olha um violeiro de alma vazia
As paredes de um inseto / Me vestem como a um cabide Cala a boca moço. (2x) E na lama de seu corpo / Vou por onde ele decide Cala a boca moço, (2x) Metade se esverdeando / No limbo do meu revide Cala o boca moço. Fala! Olha o vazio nas almas / Olha um violeiro de alma vazia Quem canta traz um motivo / Cala a boca moço Que se explica no cantar / Cala a boca moço Meu canto é filho de Aquiles / Cala a boca moço Também tem seu calcanhar / Cala a boca moço Por isso o verso é a bílis / Cala a boca moço Do que eu queria explicar / Cala a boca moço Cala o peito, cala o beiço / Calabouço, calabouço
Olha o vazio nas almas / Olha um brasileiro de alma vazia.
Disponível: http://letras.mus.br/sergio-ricardo/481467/ (Acesso: 25/06/2013)
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Anexo 5 – Aula 5
Apesar de Você Autor e intérprete: Chico Buarque / 1970 Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão Apesar de você Amanhã há de ser / Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora, tenha a fineza De desinventar Você vai pagar e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar Apesar de você Amanhã há de ser / Outro dia Inda pago pra ver O jardim florescer Qual você não queria Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença E eu vou morrer de rir Que esse dia há de vir Antes do que você pensa Apesar de você Amanhã há de ser / Outro dia Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia Como vai se explicar Vendo o céu clarear De repente, impunemente Como vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente Apesar de você Amanhã há de ser outro dia Você vai se dar mal Etc. e tal.
"No início de 1970 Chico volta ao Brasil em meio a um estardalhaço (organizado por recomendação de Vinícius), que incluía especial para a Globo, show no Sucata e o lançamento do LP Chico Buarque Vol 4. Mas o Brasil não era aquele descrito nas cartas de André Midani. A tortura e desaparecimento de pessoas contrárias ao regime do general Médici eram uma constante. O ufanismo do ditador ("Ninguém segura este país") aderia aos carros ("Brasil, ame-o ou deixe-o", quando não "Ame-o, ou morra!"), e a algumas canções populares ("Ninguém segura a juventude do Brasil"), tudo isso no ano que a seleção canarinho conquistaria o tricampeonato mundial. Chico fez "com os nervos mesmo" Apesar de você e enviou para a censura certo de que não passaria. Passou. O compacto com Desalento e Apesar de você atingia a marca de 100 mil cópias quando um jornal insinuou que a música era uma homenagem ao presidente Médici. A gravadora foi invadida, as cópias destruídas. Num interrogatório quiseram saber de Chico quem era o VOCÊ. "É uma mulher muito mandona, muito autoritária", respondeu. “A canção só foi regravada no LP Chico Buarque 1978.” WERNECK , 1989.
“ Consciência” Awareness - Mana Neyestani/ 2012
Disponivel:http://whendotheyservethewine.files.wordpress.com/2012/05/mana-neyestani.jpg (Acesso: 25/06/2013)
1 – Ao constatar a duplicidade da letra de Apesar de Você, qual artifício usado pelo artista para driblar o censor? Explique com suas palavras.
2 – Faça relação da letra e contexto da música com a charge acima, e identifique se algum trecho da letra se relaciona com a imagem. Grife o trecho na letra.
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Anexo 6 –Frente
Tirinha: Jaguar, Jornal Última Hora, 29/12/ 1969.
“Censura lendo o material do Pasquim.” Charge: Millôr Fernandes, Jornal do Pasquim n º 46 ,13/05/1970.
“Eu quero Mocotó” Charge: Jaguar, Jornal o Pasquim n 72º , 04/10/1970. *
Disponível no APESP * Fragmento Entrevista Jaguar. Jornal da Associação Brasileira de Imprensa, março de 2009.
Disponivel:<http://www.abi.org.br/jornaldaabi/Mar%C3%A7o-2009.pdf> (Acesso: 25/06/2013)
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Anexo 6 –Verso
Atividade - 1 De acordo com o conteúdo estudado sobre os tipos de censura, responda as seguintes questões sobre a charge de Millôr Fernandes.
Espera-se que o aluno reconheça a ação da censura prévia na imprensa e sua relação peculiar com o Jornal do Pasquim.
1 – Que tipo de censura você pode relacionar com a charge de?
2 – Como era a relação entre os editores do Jornal do Pasquim com seus censores?
3 – Qual era o conteúdo do Jornal o Pasquim?
Atividade – 2 De acordo com leitura e interpretação da charge e depoimento de Jaguar, responda.
1 – A tirinha “Eu quero Mocotó”, foi o motivo que levou a prisão de todos os editores do Pasquim por 2 meses, ao analisar a imagem, você conseguiria supor qual foi a justificativa dada pelos militares para a realização da prisão?
2 – Leia o fragmento da entrevista feita com Jaguar, onde relata a experiência com a prisão e responda. Por que Dom Pedro está dizendo a frase Eu quero Mocotó? Qual a relação da frase com a música “Eu também quero Mocotó” de Erlon Chaves?
3 – Pesquise brevemente a biografia de Erlon Chaves, Flávio Cavalcanti, Leila Diniz, Paulo Francis, Sérgio Cabral, Flávio Rangel. Feita a pesquisa, destaque a profissão e algum fato curioso da vida de cada um.
FICHA DE ÁNALISE DOCUMENTAL DAS CHARGES DE MILLOR E JAGUAR:
-TIPO DE DOCUMENTO:
-QUALIDADES FÍSICAS DO DOCUMENTO:
-DATA DO DOCUMENTO:
-AUTOR DO DOCUMENTO:
- PARA QUEM FOI ESCRITO:
- RECURSO UTILIZADO PARA COMPOSIÇÃO DO DOCUMENTO:
Anexo 7 – Atividade
1 – Quais os argumentos utilizados pelo censor para vetar a música
Tanto Mar de Chico Buarque no primeiro parecer?
2 - Quais os argumentos utilizados pelo censor para libe
música no segundo parecer?
3 – Qual é o tema e o ritmo da música?
Tanto Mar - Chico Buarque - 1978
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
Disponivel: http://letras.mus.br/chico-
buarque/45178/ (Acesso: 25/06/2013) 22
Quais os argumentos utilizados pelo censor para vetar a música
Tanto Mar de Chico Buarque no primeiro parecer?
Quais os argumentos utilizados pelo censor para liberar a mesma
Qual é o tema e o ritmo da música?
Ficha de análise Documental:
-TIPO DE DOCUMENTO:
-QUALIDADES FÍSICAS DO
DOCUMENTO:
-DATA DO DOCUMENTO:
-AUTOR(ES) DO DOCUMENTO:
- PARA QUEM FOI ESCRITO:
Disponivel:<http://www.censuramusical.com.br/documentos.php?inicio=29> (Acesso: 25/06/2013)
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