Informativo do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Pará - Ano II N0 19 - 01 de agosto de 2007 - www.sintseppa.org.br
FILIADO ÀCONDSEF
ON LINE
O governo Lula, pelo visto, não reconhece a ques-tão dos intoxicados da FU-NASA como acidente de tra-balho, portanto conclui sua resposta afirmando textual-mente que não tem como atender às solicitações dos servidores. Citamos neste texto três reivindicações com as respectivas respos-tas do governo em sua Nota Técnica de nº 57/2007.
Reivindicações dos intoxicados: Realização de exames médicos e labora-toriais nos servidores da Ex-SUCAM, atual FUNASA, que atuaram com campanhas de saúde pública utilizando DDT e Malathion, e que não realizaram tal exame; Provi-dências para que a FUNASA realize exames médicos e laboratoriais nos familiares dos seus servidores ativos,
jurídicoIntoxicados e Precatórios
Em resposta à Carta-Resolução do II Encontro Nacional de Intoxicados da Funasa/PA, enviada pelo Sintsep-PA ao governo Lula, a Presidência da República, via Ministério da Saúde, negou o
atendimento das reivindicações contidas na car-ta dos delegados.
Presidência nega atendimento das reivindicações de intoxicados da Funasa
aposentados e falecidos, que atuaram com campanhas de saúde pública utilizando-se de DDT e Malathion. Para essas duas reivindicações dos intoxicados o governo respondeu: “Os perfis dos inseticidas citados não evi-denciam necessidade de tais exames, não existindo na literatura atual, fatos que comprovem as evidên-cias relatadas no âmbito da comunidade de servi-dores citadas. Os exames realizados pela FUNASA em 2001 e estabelecidos por protocolo específico, salvo melhor juízo, dirimi-ram as dúvidas sobre essa questão” (grifo nosso). Ou seja, o governo entende que não há mais necessidade dos exames, haja vista que exa-mes anteriormente realiza-dos, já encerraram quaisquer
dúvidas sobre a intoxicação.Outra reivindicação foi:
Providências de V. Exa. Para determinar a realização de tratamento de descontami-nação e os serviços que se fi-zerem necessários para a ga-rantia de saúde dos servido-res. Lula respondeu: “Confor-me relatado anteriormente, não existe na prática médi-ca procedimentos valida-dos cientificamente visan-do a descontaminação do DDT. A literatura especiali-zada tem mostrado que até o momento, não existem evidências sobre a saúde humana e que os níveis de DDT da população têm de-caído dentro dos padrões esperados, uma vez que a sua utilização mundial tem decrescido drasticamente nas três últimas décadas” (grifo nosso).
Nessa resposta em par-ticular, há duas questões a destacar: a primeira que, para Lula, resta apenas es-perar o tempo passar que os níveis de DDT no sangue caiam naturalmente; segun-da, Lula considera a exposi-ção dos servidores intoxica-dos igual ao da população normal que apenas recebeu a aplicação do veneno em sua residência, isto é, não considerou os fatos que os
servidores trabalharam com o veneno há mais de dez anos, dormiam no mesmo local onde eram armazena-dos, diluíram o veneno sem qualquer tipo de proteção, entre outros depoimentos. Dito de outra forma: não re-conhece o fato como aci-dente de trabalho.O que fazer diante dO descasO dO gOvernO?
Isso dá conta que de-vemos ampliar nosso arco de aliança com outros ser-vidores que vivem a mesma situação, portanto, há uma necessidade de unificar a luta de todos os servidores em nível nacional. Segundo, é necessário intensificar a luta política desses servido-res. Nesse sentido, deve-se buscar o apoio em cada sin-dicato geral e na CONDSEF, visando dar visibilidade nes-sa luta, inclusive recorrendo à Organização Internacional do Trabalho – OIT.
O Sintsep-PA enviou a nota técnica do governo para a Dra. Heloísa Pacheco Ferreira e equipe do IESC, a fim de que ela possa nos balizar cientificamente para responder ao governo.
Nossa palavra de ordem é a luta, é a mobilização para conquistar as reivindicações dos intoxicados da FUNASA.Dra. Heloisa Pacheco fala à Plenária do II Encontro Regional de Intoxicados.
Servidor intoxicado de Conceição do Araguaia
exibe a quantidade de re-médios que tem que tomar
para controlar os efeitos da intoxicação.
Foto: Francisco LopesFo
to: A
sses
soria
de
Com
unic
ação
do
Sin
tsep
-PA
A eterna espera pelos precatórios
O Fato A catástrofe ocorrida
com o Vôo 3054 da TAM no Aeroporto de Congonhas, São Paulo, no qual morreram quase duzentas pessoas, re-sultado das sucessivas polí-ticas neoliberais de redução de investimento no setor, trouxe a baila um tema mui-to familiar a milhares de ser-vidores públicos federais, in-clusive filiados ao Sintsep-PA: a questão dos precatórios. É que entre as vítimas estava um grupo de aposentadas conhecidas como as “trico-teiras do precatório”, filiadas ao Sindicato de Aposenta-dos e Pensionistas do Estado do Rio Grande do Sul.
O movimento surgiu como uma forma de protes-tar contra a demora do go-verno Estadual em reconhe-cer e pagar a dívida com os trabalhadores. Em discurso indignado, um dos integran-tes do grupo, numa reunião com a governadora do Esta-do Yeda Cruzius (PSDB-RS) afirmou que se não fosse a demora em pagar os preca-tórios as senhoras não teriam morrido e responsabilizou o Governo do Estado pela morte das aposentadas.
A Nossa Realidade
A demora sentida pelos aposentados e pensio-nistas do estado do Rio Gran-de do Sul em nada diferente da demora angustiante pela qual passam os milhares de
jurídicoIntoxicados e Precatórios
filiados do Sintsep-Pa. Os processos se arrastam por mais de 10 anos, sem que haja, por parte do governo, qualquer interesse em vê-los resolvidos. Talvez, por isso, uma das maiores cobranças dos filiados do Sintsep-PA à Direção da entidade seja por informações sobre processos judiciais.
Talvez seja por causa da falta de entendimento sobre como eles funcionam que muitos emitem opini-ões que não correspondem à realidade e acham que a responsabilidade pela de-mora seja unicamente da entidade.
O Que é Precatório?
Tecnicamente, preca-tório é uma requisição feita pelo juiz para que seja exe-cutada, ou seja, cumprida a decisão irrecorrível contra a Fazenda Pública, federal ou estadual ou municipal, para que as dívidas acima de um certo valor (na União é aci-ma de 60 salários mínimos) sejam pagas aos respectivos credores. Pela Constituição Federal (Art 100), após julga-do o processo, o Juízo tem até o dia 1º de julho de cada ano para encaminhar ao Po-der Executivo (Municipal, Es-tadual ou Federal) a relação dos processos julgados e os respectivos valores para que este inclua no Orçamento Geral do ano seguinte, para que sejam pagos. Ou seja, dependemos dos prazos da
Justiça (até 1º/07) e de von-tade do Executivo (Incluir ou não no Orçamento), sem considerar que pode ou não ser aprovado no Legislativo, que é quem aprova, emen-da, ajusta, corta e altera o Projeto de Lei Orçamentária. Mas tudo isso pode ou não ocorrer no mesmo ano.
Por que a demora?
Em primeiro lugar, é bom destacar que só no Judiciário, em função dos problemas comuns enfrenta-dos por todo o serviço públi-co sucateado, perde-se pelo menos de 10 a 15 anos para que seja julgado o mérito (se o trabalhador tem ou não ra-zão) e o valor (quanto que a União lhe deve). Soma-se a isso os inúmeros recursos in-terpostos pelos advogados
Constituição Federal:Art. 100. À exceção dos créditos
de natureza alimentícia, os pagamen-tos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclu-sivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à con-ta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.Código de Processo Civil
Seção III Da Execução Contra a Fazenda Pública
do governo (AGU) que visam apenas retardar a decisão fi-nal. Por fim, depois de deci-dido, enfrenta-se o ritual da inclusão do valor da dívida no Orçamento, que depende dos três poderes. Daí pode-se concluir que o cumprimento da decisão judicial, chamada Precatório não é tão simples e rápida. E está longe depen-der da vontade exclusiva dos sindicatos e sues advogados. E isso as senhoras tricoteiras entendiam perfeitamente.
Para se evitar injustiças, decisões precipitadas, julga-mentos sem fundamento, é importante que todos sai-bam mais sobre o que é e como funciona a tramitação dos processos judiciais e os chamados precatórios. Por isso, vai aí uma recomenda-ção de alguns artigos e leis que podem ajudar no enten-dimento.
VEJA O QUE PRECONIZA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1998 E O CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL SOBRE PRECATÓRIOS:Art. 730. Na execução por
quantia certa contra a Fazenda Pú-blica, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, obser-var-se-ão as seguintes regras:
I - o juiz requisitará o paga-mento por intermédio do presidente do tribunal competente;
II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.
Para maiores informações, su-gerimos consultar as leis ordinárias nº 9.494, de 10/09/1997 e nº 9.995, de 25/07/2000.
A tragédia do vôo 3054 da TAM trouxe à tona a questão dos precatórios.