Cadeias de valor
globais
Brasília, 10/08/2016
Encontro dos Gerentes da Indústria dos
Sebrae UFs e Nacional
Renato da Fonseca
Roteiro
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1. Fragmentação da produção
2. Cadeia de valor global
3. Serviços na cadeia de valor global
4. Brasil nas cadeias de valor globais
5. Fatores determinantes da decisão de globalizar
6. Fatores de sucesso para entrar em uma cadeia de valor global
Fragmentação da produção: um pouco de história
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Comércio interindústria
de bens
Comércio intraindústria
de bens
Comércio intraindústria de insumos,
partes e peças
Comércio de serviços
Cadeia Global de
Valor
IDE: a fábrica se move Especialização vertical no comércio
Especialização vertical em FDI Redes de inovação
Cadeia de valor
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A cadeia de valor descreve todas as atividades necessárias para trazer
um produto ou serviço, desde sua concepção, através das diferentes fases
de produção, à sua entrega aos consumidores finais e descarte após o uso.
(Park, Nayyar & Low. Supply chain perspectives and Issues: a
literature review. WTO/Fung Global. 2013)
P&D
Design
Desenvolvimento do produto
Insumos Produção
Marketing
Venda
Distribuição
Pós-venda
(manutenção, reparo, etc.)
Descarte
Reciclagem
Reúso
Fragmentação da produção: conceito
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Intrafirma integral
Intrafirma modular
Interfirmas modular
Cadeia
de Valor
Global
Fonte: Tim Sturgeon.
Modularização da produção permite a pulverização
Cadeia de valor global
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Como a cadeia de valor pode estar localizada em uma única localização
geográfica ou ligada entre múltiplas localizações, inclusive em diferentes
países, é apropriado o uso do termo global para compreendermos todas as
possibilidades.
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico
externo ao grupo
Fornecedor international
externo ao grupo
Quatro opções de
fornecimento
Cadeia de valor global
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P&D
Design
Desenvolvimento do produto
Insumos Produção
Marketing
Venda
Distribuição
Pós-venda
(manutenção, reparo, etc.)
Descarte
Reciclagem
Reúso
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico externo ao
grupo
Fornecedor international externo ao
grupo
Quatro opções de
fornecimento
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico externo ao
grupo
Fornecedor international externo ao
grupo
Quatro opções de
fornecimento
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico externo ao
grupo
Fornecedor international externo ao
grupo
Quatro opções de
fornecimento
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico externo ao
grupo
Fornecedor international externo ao
grupo
Quatro opções de
fornecimento
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico externo ao
grupo
Fornecedor international externo ao
grupo
Quatro opções de
fornecimento
Fornecedor doméstico intragrupo
Fornecedor internacional
intragrupo
Fornecedor doméstico externo ao
grupo
Fornecedor international externo ao
grupo
Quatro opções de
fornecimento
Fonte: Park, Nayyar & Low. Supply chain perspectives and Issues: a literature review. WTO/Fung Global. 2013.
Serviços na cadeia de valor global
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• Serviços são críticos, mas muitas vezes são pouco reconhecidos como
parte do fenômeno de crescimento da globalização
• Os avanços nos serviços de transportes e sobretudo de comunicação e da
tecnologia da informação são indispensáveis para a globalização das
cadeias de bens e serviços
• Os serviços são responsáveis pela ligação das diferentes atividades de
uma cadeia de valor. As vezes chamados de cola que mantém a cadeia
unida e funcionando.
• Note-se que os serviços sempre estiveram presentes, mas a pulverização
das cadeias os tem tornado cada vez mais aparentes.
• O grande desafio é mensurar os serviços
Papel dos serviços na cadeia de valor
9 Fonte: Park, Nayyar & Low. Supply chain perspectives and Issues: a literature review. WTO/Fung Global. 2013. p. 130.
Serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC)
• Tem a características de condutor de serviços. De permitir que alguns
serviços sejam oferecidos à distância e que partes da produção sejam
realizadas em outros locais.
Serviços potencialmente conduzidos por TIC
• São serviços que podem ser providos por meio de redes de TIC
(Telecomunicações, serviços de informática, marketing e venda, serviços
de informação, serviços financeiro e de seguros, contabilidade e gestão,
serviços de licenças, engenharia, serviços técnicos e P&D, educação.
Serviços que não podem ser conduzidos por TIC
• Transporte e serviços de viagem e outros que precisam ser prestados
pessoalmente ou em local específico:
Há diferentes tipos de empresas líderes
EMPRESA LÍDER DO PRODUTO
GLOBAL BUYER
Ford,
Unilever,
Apple,
Embraer,
Petrobras
illy café,
Nike, Zara
VAREJISTA
Walmart
EMPRESA LÍDER DO
PRODUTO VAREJISTA
Empresas líderes
• Seleção de fornecedores e organização da CVG
• Empresas multinacionais (escolha de locais para redução de custo, acesso
a mercados).
• Movimentos recentes: multinacionais de países emergentes, pequena
empresa global e start-ups que nascem global; P&D global.
Há diferentes tipos de empresas líderes
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LÍDER DE PLATAFORMA TECNOLÓGICA
GLOBAL SUPPLIERS
Intel, Apple,
Microsoft,
Qualcomm, SAP,
Google, TOTVS
Flextronics,
Foxconn,
Halliburton, Lear,
WEG, Embraco
LÍDER DE PLATAFORMA
TECNOLÓGICA
Fornecedores globais
• Consolidação de poucas e grandes
empresas fornecedoras
• Múltiplos clientes
• Algum envolvimento em design de
produto e P&D
Líderes de plataforma
• Hardware e software
• Padrões mundiais
• Plataformas para desenvolvimento de
produtos, integradoras
Cadeia de valor global do iPod da Apple
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Desenhado
em
Cupertino,
CA
Montado na
China
Caso emblemático 1: baixo custo de montagem e produção globalmente fragmentada (30 GB, US$300)
Fonte: Sturgeon, T. Global Value Chains In Latin America: Experiences and Challenges, Apresentação BID e INTAL, 2012
Com partes e
componentes de vários
países
Vendido no mundo
todo
Cadeia de valor global
13 Fonte: Sturgeon, T. Global Value Chains In Latin America: Experiences and Challenges, Apresentação BID e INTAL, 2012
Cadeia de vestuário regional - Europa
Cadeia de vestuário – Europa e Ásia
Atividades terceirizadas internacionalmente
14 Fonte: Statistics Denmark.
19
26
4
15
30
15
0
15
Total
Manufatura, extrativa e SIUP
Construção
Comércio e transporte
Informática e comunicação
Financeiro e seguros
Imóveis
Outros serviços
Percentual das empresas dinamarquesas que terceirizam internacionalmente
por setor de atividade
2009 - 2011
Atividades terceirizadas internacionalmente
15* Fonte: Statistics Denmark.
8
15
17
18
30
32
54
Outras funções
Marketing, vendas e pós-vendas
Distribuição e logística
P&D e engenharia
Administração e gestão
Serviços de TIC
Atividade primária da empresa*
Tipo de atividades terceirizadas internacionalmente pelas empresas dinamarquesas
Percentual das empresas que terceirizam internacionalmente
2009 - 2011
Funções de apoio
* Produção de bens ou serviços finais. Definida como core business function na sondagem.
Smile Curve
16 Fonte: World Economic Forum. The Shifting Geography of Global Value Chains: Implications for Developing Countries and Trade Policy. 2012
Stan Shih’s Smile Curve A interpretação dessa
curva merece cuidado.
O eixo vertical não mostra
a participação de cada
atividade no valor
adicionado do produto
final
Falsa dicotomia:
manufatura X serviço.
Não há serviços sem a
manufatura e não haverá
manufatura sem serviços.
São todos etapas da
cadeia de valor
Divisão do valor do produto
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Os serviços respondem por uma fatia considerável do preço final de um
produto
Fonte: Park, Nayyar & Low. Supply chain perspectives and Issues: a literature review. WTO/Fung Global. 2013.
Cadeia de valor global: mensuração
18 Fonte: WTO. World Trade Report. 2013.
Exportações mundiais de manufaturados
26% Partes e componentes
Outros manufaturados
Participação da CVG no
comércio
“Em 2011, quase metade do
comércio mundial de bens e
serviços (49%) se deu dentro
das cadeias de valor globais,
percentual que era 36% em
1995.”
WTO, International Trade Statistics, 2015
Indícios de crescimento das CVG
US$ bilhões
Cadeia de valor global
19 Source: Blyde, J. (ed.). Synchronized Factories: Latin America and the Caribbean in the Era of Global Value Chains. IBD. 2014, p. 25.
Três cadeias de valor globais:
1) Europa;
2) Asia
3) América do Norte
Integração vertical entre matriz e filial internacional
O Brasil nas cadeias de valor globais
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Brasil está praticamente isolado das CVGs
• Foco no mercado • Restrições a importações e o aumento
• Multinacionais vieram para atender o mercado doméstico
• Poucas empresas brasileiras internacionalizadas
• Política econômica e industrial voltada para dentro • Busca por industrialização verticalmente integrada (setores ao invés de
etapas da produção)
• Exportar é bom, mas importar é ruim
• Investimento brasileiro direto no exterior ainda visto como ruim
• Custo Brasil • Elevado custo de transação (burocracia elevada, infraestrutura
ineficiente, insegurança jurídica)
• Baixa qualidade da educação (baixa qualidade da mão de obra e gerencial)
Brasil: cadeia aeronáutica
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• Graúna Aerospace: pequena empresas de ex-funcionários da Embraer
que produz componentes (pequenas peças metálicas usinadas de
precisão). Conhecimento veio com os sócios.
• Consórcio de exportação HTA (Apex) => certificações, escala.
• Dificuldades de atuar como consórcio => fusão com duas outras
empresas (apoio do BNDES): escala e desenvolvimento de competência
• Passa a fornecer para empresas para outras empresas do mundo
• Queda da demanda no mundo => crise, demissões, ?
Graúna e a CGV da Embraer
Fonte: Cafaggi et all. “Accessing the global value chain in a changing institutional environment: comparing aeronautics and coffe”. BID. 2012. citado em Blyde, J.S. (coord) Fábricas sincronizadas: A América Latina e o Caribe na era das cadeias globais de valor. BID. 2014. Sturgeon et all. A Indústria Brasileira e as Cadeias Globais de Valor: uma análise com base nas indústrias aeronáutica, de eletrônicos e de dispositivos médicos. Elsevier. CNI. 2014.
Brasil: café
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• Brasil: café é um commodity. Alta qualidade do café, mas baixa
qualidade no manuseio, processamento.
• A marca italiana illycafè vem buscar grãos no Brasil e cria um concurso
para selecionar os melhores.
• Consegue seus grãos, mas não transfere tecnologia
• Associação Brasileira de Cafés Especiais => capacitação e certificação
• Daterra se interessa e investe em qualidade e sustentabilidade
• Parceria com a illycaffè: pesquisa e desenvolvimento
• Inicia venda para a illy, mas hoje exporta quase toda a produção e
vende apenas 2% para a illycaffè
Daterra e a CGV da illycaffè
Fonte: Cafaggi et all. “Accessing the global value chain in a changing institutional environment: comparing aeronautics and coffe”. BID. 2012. citado em Blyde, J.S. (coord) Fábricas sincronizadas: A América Latina e o Caribe na era das cadeias globais de valor. BID. 2014.
Fatores determinantes da decisão de globalizar
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Fatores que afetam a decisão de terceirização em outros países
• Modularização da atividade (padronização, codificação)
• Tipo de atividade (core, crítica e commodity)
• Custo do trabalho
• Oferta de capital humano
• Tamanho do mercado potencial do país receptor do investimento
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Fatores que afetam a decisão de terceirização em outros países
• Legislação e normas (segurança jurídica, burocracia, protecionismo e
políticas de conteúdo local, tributação, certificação)
• Ferramentas de tecnologia da informação e comunicação
(TIC)disponível
• Infraestrutura
• Estabilidade política e econômica (volatilidade da taxa de câmbio)
Fatores determinantes da decisão de globalizar
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Regularidades empíricas (estudos de caso, BID)
• Exposição prévia a práticas e/ou mercados internacionais
• Escolha dos segmentos-alvos do mercado com base em alguma forma
de vantagem comparativa
• Acumulação meticulosa de competências e uso de certificações
como prova de proficiência
• Associativismo: as empresas alavancaram recursos e colaboraram com
os seus pares para enfrentar desafios comuns
• Aprendizado continuado: continuar a aprender e melhorar as
capacidades mesmo após entrar em uma CGV
Fatores de sucesso para entrar nas cadeias
Source: Blyde, J. (ed.). Synchronized Factories: Latin America and the Caribbean in the Era of Global Value Chains. IBD. 2014, p. 25.
Renato da Fonseca [email protected]