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Page 1: Capa - Feira do Livro 2008

Porto Alegre, quarta-feira, 5 de novembro de 2008

jcjc

Fernando Lucchese está lançando duas obras nesta edição da Feira do Livro

A tristeza A tristeza também também matamata

Foi quando leu num relatório da Organização Mundial da Saú-de (OMS) que 50% dos infartados eram deprimidos ou tiveram um quadro dessa doença que o cardio-logista Fernando Lucchese resol-veu dedicar-se ao estudodo mal e à publicação dolivro Desembarcando aTristeza, que autografahoje na 54ª Feira do Li-vro de Porto Alegre. �Jáestava preocupado como número de pacientesdeprimidos que chegavaao meu consultório e estainformação divulgadapela OMS fez com queme decidisse pela publicação do livro�, conta o médico.

O título foi escolhido com o mesmo objetivo da forma - pas-sar pequenos conselhos de lei-tura agradável e fácil. Também

existe o fato de que a tristeza, se-gundo o cardiologista, é um pesoque as pessoas carregam sobreos ombros. Por isso, ele seguiu alinha de seus opúsculos anterio-res: Desembarcando o Colesterol,

Desembarcandoo Diabetes, De-sembarcando aObesidade, De-sembarcando oSedentarismo.O lançamentodesta obra tota-liza o 12º livrona mesma linhapublicado pelaL&PM.

Lucchese explica que o livrofoi construído em três blocos deidéias. �O primeiro é sobre atristeza, a melancolia, o lado atépoético da tristeza. O segundotrata do estado agudo, a depres-

são, que é o aprofundamento do problema. O terceiro é a supera-ção, transformando a tristeza em felicidade�. O médico lembra que o psicanalista Sigmund Freud já mostrava que o luto e a tristeza

são processos normais na vida das pessoas, mas devem ter uma duração limitada. �Um luto maior do que nove meses é do-entio�. E conta o caso de um pai que havia perdi-do um filho num acidente e um ano e meio depois continuava visitando o túmulo dele diariamen-te. O cardiologista diz

que não existe um �tristezôme-tro�, mas um profissional deve saber avaliar quando alguém atravessa a linha da melancolia e chega à depressão, �pois isso pode matar�, conclui Lucchese.

A comunicação entre mé-dicos e pacientes preocupa o cardiologista gaúcho. Por isso, depois de ter publicado três livros de medicina, en-veredou pela popularização dos temas e está chegando ao décimo terceiro lança-mento. O mais recente, tam-bém com autógrafos nesta Feira do Livro, foi escrito em parceria com o professor Paulo Flávio Ledur. Seu título é Comunicação médi-co-paciente.

Nesta obra, o professor Ledur descreve as experiên-cias do ponto de vista do pa-ciente e Lucchese coloca as informações do médico. Ele diz que a mesma coisa pode ser comunicada de formas diferentes e que é importan-

te a objetividade nestas con-versas entre o especialista eo doente. E alerta: �O médicopode errar um diagnóstico seo paciente explicar mal umsintoma e também se podecriar um estado pessimistaque dificulta a recuperaçãodo paciente�.

Lucchese explica: �Possodizer a um paciente, antesde uma cirurgia cardíaca,que ele tem 5% de risco demorte neste procedimento.Isso, sem dúvida, o deixaráapavorado. No entanto, seeu disser que ele tem 95%de chances de sobrevivência,ficará animado. É a mesma

,

situação, descrita de formasdiferentes�. E justifica aobra feita em parceria comPaulo Flávio Ledur.

Comunicação

GILMAR LUÍS/JC

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